Buscar

Introdução ao Estudo do Direito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 636 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 636 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 636 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Conteúdo
NOÇÃO	1
Direito	1
1. A necessidade do Direito no mundo social	2
2. As diversas ordens sociais normativas	3
3. Característica das normas jurídicas	5
4. As fontes do Direito no sistema jurídico Português	9
A ordem jurídica é uma realidade histórica cujo conteúdo são as normas jurídicas. Importa saber como e onde nascem essas normas e como se formam e se revelam aos particulares	9
5. São fontes de direito neste sentido as seguintes quatro:	10
6. Hierarquia das leis	13
6. Pessoas singulares	25
6.2.	Pessoas colectivas	26
a.	Capacidade de exercício das pessoas colectivas	27
9. Princípio geral, na Secção Responsabilidade civil e pelo risco	28
Responsabilidade por factos ilícitos	28
Art. 6 do CC. Ignorância ou ma interpretação da lei: A ignorância ou ma interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecidas	28
Art. 485 do CC. Conselho, recomendações ou informações: 1. Os simples conselhos, recomendações não responsabilizam quem os dá, ainda que haja negligência da sua parte. 2 A obrigação de indemnizar existe, quando se tenha assumido a responsabilidade pelos danos, quando havia o dever jurídico de dar o conselho, recomendação ou informação e se tenha procedido com negligência ou intenção de prejudicar, ou quando o procedimento do agente constitua facto punível.	28
Art. 486 do CC. Omissões As simples omissões dão lugar á obrigação de reparar os danos, quando, independentemente dos outros requisitos legais, havia por força da lei ou de negócio jurídico, o dever de praticar o acto omitido	28
 (
alcidioleao@gmail.com
N.B:
 
Saudações
 
caros
 
ilustres
 
esperamos
 
poder
 
ajudar
 
nas
 
questões
 
colocadas
 
no
 
Universo
 
do
 
Direito
 
Moçambicano
Obra
 
Intitulada
 
Noções
 
De
 
Direito
)
Art. 487 do culpa CC. 1. É ao lesado que incumbe provar a culpa do autor da lesão, salvo presunção legal. 2 A culpa é apreciada, na falta de outro critério legal, pela diligência de um bom pai de família, em face das circunstâncias de cada caso	28
10. Sanções Materiais	42
c.	Antes de prosseguir, convém fazer referência a três conceitos fundamentais	43
6. Direito Constitucional	48
O Direito constitucional em sentido material ou substancial	48
O Direito constitucional em sentido	48
O Direito constitucional em sentido instrumental	49
15.1. Classificação dos tipos constitucionais	49
15.2. Princípios estruturantes da constituição da república de moçambique	50
A intervenção do Estado na sociedade ao abrigo deste princípio, visa	56
Estado de Previdência,	57
Há dois tipos de autarquias locais que concretizam o Poder Local	59
7. A Teoria do controlo da constitucionalidade	65
8. Vigência da Constituição e vicissitudes constitucionais	66
9. Factores que influem na modificação	68
10. Tipologia das principais formas de modificação das Constitucionais	68
Quanto ao modo	70
Direito constitucional II	74
11. Modalidades de fiscalização	88
12. Ciência política	90
18.1. NOÇÃO	90
Objecto	91
O surgimento da ciência politica	91
18.2. Elementos do Estado	96
18.3. O estado unitário. O Estado unitário centralizado e o Estado unitário regional	98
18.4. Os fins do Estado	100
13. Introdução ao Estudo do Direito II	101
b. Interpretação e aplicação das leis	102
c. Noção de base	103
d. Espécies de interpretação pela finalidade	104
e. Elemento da Interpretação	105
f. Elementos complementares	107
g. Espécies de interpretação pelo resultado	108
h. Integração da lei	110
i. Analogia	111
j. Aplicação da lei	111
k. Aplicação das leis no tempo	112
14. Metodologia jurídica	113
20.1. A natureza da metodologia jurídica	114
20.2. Os limites da metodologia jurídica	115
“O Direito não se reduz á metodologia jurídica”. Escreve JEAN-LOUIS BERGEL, isto permite medir os limites da metodologia jurídica	115
15. A distinção da metodologia jurídica das disciplinas científicas afins	115
21.1. Objecto da metodologia jurídica	116
21.2. Interesse da metodologia jurídica	117
21.3. Os objectos do curso	118
16. Finanças públicas e direito financeiro	119
17. Economia política	120
23.2. Política Fiscal	121
23.3. Politica Monetária	121
23.4. Politica Económica Internacional	121
23.5. Política de rendimentos	121
23.6. Noções de oferta e procura agregada	122
18. Teoria Geral do direito civil I	123
1. Os princípios fundamentais de Direito	126
Ainda sobre as pessoas singulares	154
O domicílio das pessoas	154
19. Teoria Geral do Direito Civil II	167
Relação jurídica	167
a.	Sanções jurídicas	219
20. Direito Administrativo	221
27.1. Distinguem-se entre a administração central e a administração local	222
27.2. Caracteres do Direito Administrativo	222
28. O direito administrativo como ramo de direito	228
28.1. Subordinação da Administração Pública ao Direito	228
28.2. Noção de Direito Administrativo	228
28.3. O Direito Administrativo como Direito Público	229
28.4. O poder administrativo e os direitos dos particulares, Conceitos fundamentais: o poder administrativo	229
O Princípio da Separação dos Poderes	229
28.5. O Poder Administrativo	230
28.6. Manifestações do Poder Administrativo	231
28.7. Corolários do Poder Administrativo	233
28.8. Princípios constitucionais sobre o poder administrativo	233
28.9	O Princípio da Prossecução do Interesse Público	234
Controlo do acto discricionário	242
Elementos da administração publica	243
Classificação das pessoas colectivas	243
Regime jurídico	244
Criação e extinção das pessoas colectivas publicas	244
Capacidade jurídica de direito publico e priavado	244
Autonomia administrativa e financeira	245
Direito de celebrar contratos administrativos	245
Bens do domínio publica	245
Pessoal	246
Sujeição ao regime administrativo de responsabilidade civil	246
Sujeito á tutela administrativa	246
Sujeição á fiscalização e controlo externo dos tribunais administrativos	246
Fórum administrativo	246
Atribuições e missões das pessoas colectivas publicas: fins	247
29. Direito Fundamentais	247
Conceito dos Direitos Fundamentais	247
29.7.	Principais diferenças entre os direitos, liberdades e garantias fundamentais nas duas	136
Constituições de Moçambique (1990 e 2004)	136
30. Introdução á Psicologia	141
28.1. Correntes que confluem em uma outra mentalidade – Secs. XIX E XX	141
31. Direito Criminal Geral II	143
29.1. O princípio da Legalidade	144
29.2. Qualificação jurídica	145
29.3. Análise estrutural dos Elementos do tipo legal de crime	147
32. Direito Constitucional Moçambicano	148
32.7. Consciência nacionalista no exterior	150
32.8. Formação e fundação da FRELIMO	152
32.9. Nos Estatutos e programa que então se aprova, cuja cópia se junta em anexo, fixa- se o seguinte	154
32.10. Os Objectivos da FRELIMO são:	155
32.11. Para atingir os seus objectivos a FRELIMO	155
32.12. Quanto à estrutura e organização acha-se consagrado o seguinte	155
32.13. Legitimidade da FRELIMO no plano internacional	162
32.14. Rumo a vitória final sobre o colonialismo português	165
28.9. Há dois aspectos fundamentais a reter nos Acordos de Lusaca que tem relevância para o nosso tema	166
32.15. Acordo de Lusaka	169
32.16. ESTATUTOS	172
32.17. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO	174
32.18. MODIFICAÇÕES E DISSOLUÇÃO	175
28.13. O CONGRESSO	178
33. Direitos das Obrigações I	178
34. Direito de Trabalho	180
Direito Laboral ou de Trabalho	180
35. Ramos principais do direito público	184
33.2. ramo de direito possa considerar-se autónomo	184
36. Direito Reais	185
37.1. Parte geral e especial dos direitos reais	186
37.2. Características do Direito Real	187
37.3. Princípio gerais dos direitos Reais	192
37. Direito da Família	198
Fontes das relações jurídicas familiares	199
Casos Particular	202
38. Direito Internacional Privado	202
39. Direitos Privados Especiais	203
40. Direito constitucional	204
41. Direito Processual Civil	205
Direito Processual Cível I	205
41.7. Ramo do direito público	207
41.8. Direito instrumental ou adjectivo	208
41.9. Aplicação imediata	209
41.10. Fontes e integração de lacunas	211
41.11. Autodefesa e jurisdição	212
41.12. Jurisdição	212
41.13. O direito de acção	214
42. Tipos de jurisdição	216
42.7. Jurisdição contenciosa216
42.8. Jurisdição voluntária	217
43. Tipos e formas do processo	219
43.7. Tipos de ação	219
43.8. As ações declarativas	221
44. As ações constitutivas podem dividir-se em ações constitutivas-constitutivas, Ações 225
45. Formas de processo declarativo	226
45.7.	As ações executivas	228
46. Princípios de processo civil	229
Conceito e relevância	229
46.7. Princípio do dispositivo	230
46.8. Princípio do inquisitório	232
46.9. Princípio do contraditório	233
46.10. O princípio do contraditório	234
46.11. Princípio da igualdade das partes	234
46.12. Princípio da legalidade	236
46.13. Princípio da celeridade processual	236
46.14. Princípio da economia processual	237
46.15. Princípio do juiz natural	238
46.16. Princípio do duplo grau de jurisdição	239
46.17. Princípio da cooperação	240
46.18. Princípios relativos à prova	241
46.18.1. Princípio da aquisição processual	241
46.18.2. Princípio da livre apreciação	241
46.18.3. Princípios relativos à audiência e produção de prova	243
46.18.4. Princípio da imediação	243
46.18.5. Princípio da concentração	244
46.18.6. Princípio da oralidade	244
46.18.7. Princípio da publicidade	245
46.19. fiscalização.	246
46.20. Princípio da submissão ao direito substantivo	246
47. Capítulo II – Pressupostos Processuais	247
47.7. Conceito	247
47.8. Personalidade judiciária ou processual	247
Conceito e medida da personalidade judiciária	247
47.9. Extensão da personalidade judiciária	248
47.10. Consequências da falta de personalidade judiciária	250
48. Capacidade judiciária ou processual	251
48.7. Conceito e medida	251
48.8. Anomalias existentes ao nível do pressuposto da capacidade judiciária	252
48.9. Legitimidade	254
Legitimidade processual singular	254
49. Critérios estabelecidos na lei para se aferir a legitimidade singular das partes	255
49.7. Legitimidade nas relações com pluralidade de interessados	258
49.8. Falhas ao nível dos pressupostos processuais e exceções dilatórias	259
49.9. Patrocínio judiciário	260
49.10. Falta insuficiência e irregularidade do mandato	261
50. Direito Comercial	262
51. Direito de insolvência e recuperação de empresas	264
51.7. O Processo de insolvência	265
51.8. Pressupostos de declaração de insolvência	266
51.9. A fase declarativa do Processo de Insolvência	269
51.10. Os órgãos do Processo de Insolvência	274
51.11. Os créditos sobre a insolvência correspondem aos créditos que se constituíram antes da data da declaração de insolvência69. Estes também se encontram divididos nas seguintes classes	277
52. Medidas a adotar para a recuperação de empresas	284
52.7.	Plano de insolvência	284
53. Direito Bancário I	287
52.1. Tipos de Direitos Bancários	288
52.2. Direito bancário institucional	288
52.3. Sistema Financeiro Nacional	289
52.4. Características do Direito Bancário	289
52.5. Princípios bancários	290
54. Direito do Comercio Internacional	290
55. Direito de Energia e dos Petróleos	292
Noção	292
55.7. Direito de petróleo	293
55.8. Direito de energia	293
55.9. Princípios	293
56. Direito do Consumidor	294
55.1. A historicidade do direito do consumidor	295
55.2. Campo de aplicação da lei do consumidor	296
O que fica de fora do campo de aplicação da Lei da Defesa do Consumidor	297
Direitos básicos do consumidor	298
Direito à proteção contratual	298
57. Direitos dos Valores Mobiliários	303
58. Direito da Propriedades Industrial e dos Autores	303
59. Direito Fiscal e Aduaneiro	305
60.2. Princípios do Direito Fiscal	305
60.3. Características do Direito Fiscal	306
60.4. Princípios Tributários	307
60. Práticas jurídicas	311
Das partes e seus procuradores	311
60.7. Conceito de parte	312
60.8. Direitos e deveres das partes e procuradores	313
60.9. Os direitos e deveres dos advogados se acham elencados no Estatuto da OAB	313
60.10. Responsabilidade das partes por dano processual	313
60.11. Substituição processual e substituição de parte	314
60.12. Capacidade de estar em juízo e capacidade processual	315
60.13. Do advogado	315
60.14. Defensoria Pública	316
60.15. Advocacia-Geral da União	316
60.16. Natureza jurídica da advocacia	317
60.17. Mandato por procuração	317
60.18. Do Ministério Público	318
60.19. Princípios institucionais e constitucionais do ministério público	319
59.15. O Ministério Público e o Poder Judiciário	319
60.20.	Funções institucionais	319
59.16. Garantias	320
59.17. Aos membros individualmente são as seguintes as garantias	320
59.18. Impedimentos	321
59.19. Órgãos do MP da União	321
59.20. Do Juiz	322
61. Requisitos	322
60.1. Garantias	323
60.2. Restrições	323
60.4. Conceito	324
60.5. Classificação	324
61.7. Atos processuais das partes	325
61.8. Dos atos processuais do juiz	325
61.9. Dos atos dos auxiliares da justiça	326
61.10. Princípios	326
60.5. Prazos processuais	327
61.11. Prazo próprio e impróprio	328
61.12. Prazo dilatório e peremptório	329
61.13. Preclusão	329
61. Processo Administrativo contencioso	330
61.2. INÍCIO DO PROCESSO DISCIPLINAR	330
61.3. Se no local não existir um funcionário	331
61.4. Não podem ser indicados como instrutores	331
61.5. A partir da data de conhecimento da prática de infracção, até quando pode instaurar um processo disciplinar?	331
Artigo 80 do EGFAE Só pode se instaurar um processo disciplinar, dentro de 3 anos, a partir da data em que a infracção tiver sido cometida pelo Funcionário ou Agente do Estado.	331
61.6. Registo e início do processo disciplinar	332
61.7. Qual é o prazo da instrução do processo disciplinar?	333
· A instrução do processo disciplinar deve ser finalizada no prazo de 15 dias – artigo 105 nº 1 do EGFAE;	333
62. Direito Processual Penal	342
62.1. Princípios	344
63. Bibliografia	354
· MIRANDA, Jorge, Ciência Politica. Formas de Governo, Lisboa, 1996.	354
Introdução ao Estudo do Direito NOÇÃO
Direito, no sentido central desta palavra, como o sistema de normas de conduta social, assistido de protecção coactiva.
A existência do direito decorre de duas ordens de factos, que podemos exprimir pelas frases seguintes:
O homem é um animal social;
Ubi societas, ibi jus.
O homem é um animal social: é de natureza viver, não isolado, mas em convivência dentro de um grupo organizado: em sociedade1.
Fontes do direito
A expressão fonte do direito é uma expressão que traduz diversos significados, como muitas das que temos vindo encontrado.
Ocupar-nos-emos apenas do sentido técnico-jurídico da expressão, sentido por que se designam os modos de formação ou de revelação das normas jurídicas.
Podemos a expressão fonte do direito fixar cinco acepções ou sentidos principais: Sentido filosófico (ou metafísico)
Fontes de direito, modos de formação ou revelação das normas fundamento da obrigatoriedade da norma jurídica (seja entendido como a vontade do Estado ou a justiça, ou noutra posição júris-filosofia diversa).
Sentido sociológico
(habitualmente chamado) factor que provocou o aparecimento da norma e condicionou o seu conteúdo concreto.
Sentido político
Órgãos de onde e1manam as normas jurídicas. Sentido técnico-jurídico ou formal
1 JOAO CASTRO MENDES, Introdução ao Estudo do Direito, Lisboa p. 11 e ss.
 (
36
)
Modos de formação e de revelação das normas jurídicas. São tradicionalmente reduzidos a quatro: lei, costume, jurisprudência e doutrina. A lei e o costume são primariamente modos de formação (fontes júris essendi), a jurisprudência e a doutrina de revelação (fontes júris cognoscendi) das normas jurídicas.
Sentido material ou instrumental
Textos ou diplomas que contem normas jurídicas.
1. A necessidade do Direito no mundo social
Já na Antiguidade se dizia que onde existe o Homem existe Sociedade (ubi homo, ibi societas). Mas também se dizia que onde houver Sociedade haverá Direito (ubi societas, ibi ius).2
Com efeito, sendo a sociedade indispensável à vida do Homem, a convivência humana em sociedade exige que se defina e prevaleça uma ordem, a que a todos se submetam, isto é, um conjunto de regras gerais e padrões que orientem de forma imperativa o comportamento do Homem e estabeleçam as regras de organização dessa sociedade bem como as instituições que dela fazem parte.Dessa ordem social, destaca-se a ordem jurídica, ou seja o Direito.
A ordem jurídica é, pois, a ordem social regulada ou constituída pelo Direito, ou seja, por um conjunto de normas gerais, abstractas e imperativas, cuja observância pode ser assegurada de forma coerciva pelo Estado.
A sociedade é, ao mesmo tempo, a forma de vida por excelência do Homem e uma realidade ordenada pelo Direito. De facto, o meio social ordenado em que vive o homem (a sociedade) é instituído pelo Direito, através da definição de regras de conduta e padrões de comportamento individual e colectivo e de um sistema organizativo em que se estrutura e funciona a sociedade.
A ordem social, é uma ordem de liberdade, dado que, apesar de as suas normas exprimirem um dever ser e se imporem ao Homem, este pode viola-las, pode rebelar-se contra elas ou pode mesmo altera-las, sendo que a violação destas normas só as atinge na sua eficácia e não na sua validade.
2
 (
2
)
Exemplo: A regra não matar – todos concordam que deve ser acatada, mas isso não significa que ninguém mate. No entanto, mesmo que os homicídios sejam numerosos, a norma não é abolida, pois a sua validade não é afectada.
A ordem Natural é uma ordem de necessidade:
As suas leis não são substituíveis, aplicam-se de forma invariável e constante, independemente da vontade do Homem ou mesmo contra sua vontade. Tais leis não são fruto da vontade do homem, mas sim inerentes a própria natureza das coisas.
Exemplo:
Torna-se evidente que entre a infinidade de astros há uma maravilhosa ordem, que o homem só lentamente vai descobrindo. Se cada um não ocupasse uma posição determinada no conjunto, teríamos o caos.
2. As diversas ordens sociais normativas.
A ordem social é uma ordem complexa, entrando na sua composição várias ordens normativas que pautam aspectos diferentes da vida do Homem em sociedade, das quais se destacam, pela sua importância, as ordens:
· Moral;
· Religiosa;
· De trato social;
· Jurídica.
a) A ordem moral – aponta normas ou regras que tratam de influenciar a consciência e moldar o comportamento do indivíduo em função daquilo que se considera o Bem e o Mal; As normas morais visam o indivíduo e não directamente a organização social em que se integram; a ordem moral tem como sanção a reprovação da formação moral da pessoa ou a má reputação;
· De forma sucinta, podemos fazer a distinção entre a ordem jurídica (Direito) e a ordem moral de acordo com os seguintes critérios:
a) Critério do “mínimo tico”: O Direito só acolhe e imp e as regras morais cuja observância é imprescindível para a subsistência da paz, da liberdade e da justiça em sociedade. O Direito constitui aquele mínimo ético ou moral que resulta da coincidência das suas normas com as regras morais. Isto equivale a dizer que o Direito não se propõe, como seu fim essencial, garantir certa
 (
3
)
concepção ética da sociedade mas tampouco ignora as normas morais; na verdade, o Direito não prescreve condutas imorais;
b) Critério da coercibilidade: As normas morais só têm relevância para a consciência de cada um, enquanto as normas jurídicas se impõem ao indivíduo na medida em que são coercivas, ou seja, podem ser impostas pela força;
c) Critério da exterioridade: Ao Direito, que se preocupa essencialmente com a conduta externa ou visível do homem, basta que o indivíduo cumpra as normas em vigor, enquanto a Moral exige, além disso, uma adesão íntima (interior) aos valores éticos que prescreve.
b) A ordem religiosa – tem por função regular as condutas humanas em relação a Deus, com base na Fé;
c) A ordem de trato social – aponta normas que se destinam a permitir uma convivência agradável entre as pessoas mas que não são propriamente indispensáveis à subsistência da vida em sociedade. Inclui normas sobre a maneira de estar e se comportar em acontecimentos sociais (normas de etiqueta e boas maneiras, de cortesia e urbanidade); normas sobre a forma de vestir (moda), normas típicas de uma profissão (deontologia), normas de uma determinada região (usos e costumes), etc.;
d) A ordem jurídica - é constituída pelas normas mais relevantes da vida em sociedade e, ao contrário, das outras ordens normativas, serve-se da coacção como meio de garantir a observância das suas normas, caso estas não forem acatadas voluntariamente. É, pois, um conjunto de normas que regulam as relações sociais, impondo-se aos homens deforma obrigatória e com recurso à coercibilidade.
Ou seja em contraposição a ordem enumerada, esta ocupa-se dos aspectos mais importantes da convivência social.
É uma ordem normativa intersubjectiva e assistida de coercibilidade material, que visa regular a vida do Homem em sociedade, conciliando os interesses conflito.
Os valores que visa atingir são a Justiça e a Segurança, utilizando como meio as normas jurídicas.
Mas, note-se bem: todas as ordens sociais enunciadas têm em comum o facto de as suas normas (normas morais, religiosas, de trato social e jurídicas) serem	gerais, abstractas e obrigatórias. A generalidade, a abstracção e a imperatividade ou obrigatoriedade são, pois, características comuns às mesmas. No entanto, e como marca diferenciadora, só a ordem jurídica (ou de Direito) se caracteriza pela coercibilidade, assegurada pelo Estado em caso de não cumprimento voluntário das suas normas (normas jurídicas).
 (
4
)
3. Característica das normas jurídicas
Uma definição tradicional da norma jurídica designa-se como um comando geral, abstracto e coercível, emanado da autoridade competente.
Dai as características que a doutrina tradicional lhe atribui normalmente e que são as seguintes:
· Imperatividade;
· Generalidade e abstracção;
· Coercibilidade.
Imperatividade
Na sua forma fundamental ou prototípica, a norma jurídica contem um comando, porque impõe ou ordena certo comportamento.
No entanto, para certos autores é duvidosa caracterização da norma jurídica como imperativo, já que certas normas não ordenam nem proíbem uma conduta, antes atribuem um poder ou faculdade, designadamente as regras permissivas. Deste modo, nem toda a regra jurídica se cifraria num imperativo.
Porem, outra corrente de opinião entende que esse imperativo existe sempre mais ou menos expresso ou encoberto na norma.
Imperatividade: As normas jurídicas são de cumprimento obrigatório
Generalidade e abstracção
A primeira destas características – a generalidade – significa que a norma jurídica se refere a toda uma categoria mais ou menos ampla de pessoas e não destinatárias singularmente determinados.
Uma norma pode ter como destinatário apenas uma determinada pessoa e ser geral. Assim acontece, por exemplo, com as regras constitucionais que definem as
 (
5
)
competências e os deveres do presidente da Republica e que se destinam a uma categoria de pessoas e não a uma pessoa em concreto.
Generalidade: Todos os cidadãos são iguais perante a lei, razão por que a norma jurídica se aplica a todas as pessoas em geral. As normas jurídicas são válidas para todos e a todos obrigam de igual forma;
A generalidade é assim, a abstracção especial dos destinatários.
Quando a segunda característica – a abstracção – significa que a norma respeita a um número indeterminado de casos ou a uma categoria mais ou menos ampla de situações e não situações concretas ou individualizadas.
Abstracção: As normas jurídicas aplicam-se a um número abstracto de situações, a situações hipotéticas em que poderão enquadrar-se as condutas sociais e não a um indivíduo ou facto concreto da vida social;
Coercibilidade
Consiste na susceptibidade de aplicação coactiva de sanções, se a norma for violada.
A coercibilidade não é característica essencial da norma jurídica, mas da Ordem Jurídica estatal globalmente considerada, embora seja elemento desta norma na sua perfeita ou completa.
Tal característica pressupõe a imperatividade da observação da norma, mas vais mais alem, por quando há outras normas imperativas, como as morais, que não são coactivas.
Pelo menos hoje em dia (mas nunca pode ter sido essencialmente diverso), o poder tem necessariamente a funçãode garantir a Ordem Jurídica da sociedade, defendendo-a de elementos anti-sociais. Organiza-se, pois todo um sistema de coacção, sendo o monopólio desta praticamente assegurado pelo Estado.
Portanto, a Ordem Jurídica estatal é, hoje em dia, uma ordem coerciva, porque, globalmente tomada, é assistido pela coacção3.
Exemplo:
Quem afirmar um facto capaz de prejudicar o crédito ou o bom nome de qualquer pessoa, singular ou colectiva, responde pelos danos causados.
Esta regra é:
3 Oliveira Ascensao, O Direito – Introducao e Teoria Geral.
 (
6
)
· Imperativa, porque obriga a adoptar uma conduta – não afirmar ou difundir um facto;
· Genérica, porque visa uma pluralidade indefinida de pessoas – quem;
· Abstracta, porque contempla um certo tipo de situação – afirmar ou difundir um facto;
· Susceptível de imposição coactiva de sanções, porque o lesado pode recorrer aos tribunais para obter a reparação do dono causado.
Coercibilidade: As normas jurídicas podem impor-se mediante o emprego de meios coercivos (ou da força) pelos órgãos estaduais competentes, em caso de não cumprimento voluntário.
Estrutura da norma jurídica
A norma jurídica tem uma estrutura interna constituída, amiúde, por três elementos, a saber:
a) Previsão: a norma jurídica regula situações ou casos hipotéticos da vida que se espera venham a acontecer (previsíveis), isto é, contém, em si mesma, a representação da situação futura;
b) Estatuição: a norma jurídica impõe uma conduta a adoptar quando se verifique, no caso concreto, a previsão da norma:
c) Sanção: a norma jurídica dispõe os meios de coacção que fazem parte do sistema jurídico para impor o cumprimento dos seus comandos.
No exemplo apresentado, temos:
· Previsão: “Aquele que, achando exposto em qualquer lugar um recém-nascido ou que, encontrando em lugar ermo um menor de sete anos, abandonado. ”
· Estatuição: ...” o não apresentar à autoridade administrativa mais próxima”...
· Sanção:	” será condenado a prisão de um mês a dois anos”.
De entre os tipos de sanção social, em sentido restrito ou negativo, destacam-se:
a) Sanções morais são aquelas que se traduzem na reprovação da formação moral do transgressor e na condenação do mesmo sob o anátema da má reputação. Aplicam-se em virtude da violação das normas morais que, como já vimos, regulam o comportamento do indivíduo em função daquilo que se considera o Bem e o Mal;
b) Sanções religiosas são aquelas que se aplicam em virtude da violação das normas religiosas que, como as sabe, têm por função regular as condutas humanas com base
 (
7
)
na Fé em Deus. A violação das normas religiosas traduz-se em infracções cuja gravidade é objecto de diversa graduação (que se expressam, nomeadamente, em “pecados veniais”, pecados graves ou “mortais”) e implicam a aplicação das mais diversas sanções religiosas, umas de aplicação terrena (v.g. proibição de benefício de sacramentos, excomunhão, etc.) e outras após a morte (condenação ao purgatório e ao inferno);
c) As sanções jurídicas são aquelas que visam sancionar a violação das normas jurídicas que, como sabemos, são as regras de conduta gerais, abstractas e obrigatórias que regulam os aspectos mais relevantes da vida em sociedade, distinguindo-se das demais normas da ordem social
Manual de Introdução ao Direito (2011) Bartolomeu L. Varela 36
pelo facto de poderem ser aplicadas coercivamente pelo Estado quando não são acatadas de forma voluntária.
Partes integrantes das sanções sociais, as sanções jurídicas apresentam diversas modalidades, destacando-se as seguintes:
· Sanções civis – têm por fim impor o cumprimento das obrigações e ou o ressarcimento de danos morais e materiais causados por quem age em violação das normas a que está obrigado. Traduzem-se, designadamente, na reconstituição do interesse lesado, isto é, na reposição das coisas no estado em que se encontravam antes da prática da ilicitude, mediante o cumprimento forçoso das obrigações em causa (exs: pagamento de uma dívida num contrato de compra e venda, devolução do bem emprestado, etc.)30 e ou na fixação de uma indemnização, destinada a cobrir os prejuízos ou danos causados31;
· Sanções criminais (ou penais)4 – visam responsabilizar o criminoso perante a sociedade em virtude de actos ou omissões que violem normas imperativas de convivência social, podendo as penas revestir-se as mais diversas formas: pena de multa, privação da liberdade (pena de prisão)33, imposição de medidas de segurança, indemnizações (nalguns casos), etc.;
· Sanções disciplinares – traduzem-se na aplicação de sanções a indivíduos pela violação de normas que disciplinam a conduta no seio de organizações a que pertençam esses mesmos indivíduos. As penas disciplinares podem ser de mera censura, pecuniárias (multas), suspensivas (suspensões e inactividade) e expulsivas (aposentação compulsiva e demissão), além da pena acessória de cessação da
4 Manual de Introdução ao Direito (2011) Bartolomeu L. Varela 32.
 (
8
)
comissão de serviço, que pode aplicar-se a funcionários investidos em cargo dirigente ou equiparado.
Nas sanções jurídicas revela-se a coercibilidade que se traduz na associação entre o Direito (Justiça) e a Força. Entretanto, não é imprescindível a utilização da Força em todos os casos para se assegurar o cumprimento das normas jurídicas. Com efeito, na maioria das vezes, o acatamento destas acontece de forma voluntária ou natural, sem a intervenção da Força.
3.5. Sanções Políticas
Uma categoria especial de sanções sociais é constituída pela Sanções Políticas. Efectivamente, com a emergência, a partir das sociedades primárias, da chamada sociedade civil ou política e, com ela, do Poder Político, cujo exercício obedece a regras que, como quaisquer outras, requerem cumprimento obrigatório, mas são, por natureza, igualmente violáveis, torna-se necessária a existência das Sanções Políticas, para “premiar” ou “penalizar” o desempenho dos indivíduos investidos nos mais diversos cargos políticos.
4. As fontes do Direito no sistema jurídico Português
A ordem jurídica é uma realidade histórica cujo conteúdo são as normas jurídicas. Importa saber como e onde nascem essas normas e como se formam e se revelam aos particulares.
Este é o problema das fontes do Direito.
A expressão Fontes do Direito tem sido utilizada pelos diversos autores, em varias sentidos, de entre os quais, salientamos:
· Sentido sociológico-material;
· Sentido histórico-instrumental;
· Sentido-organico;
· Sentido técnico-juridico.
Em sentido sociológico-material são fontes do Direito todos os circunstancialismo saciais que estiverem na origem de determinada norma jurídica.
Em sentido histórico-instrumental, são fontes do Direito os diplomas ou monumentos legislativos que contem normas jurídicas.
Em sentido técnico-juridico, são fontes do Direito os modos de formação e revelação das n normas jurídicas. Evidencia a maneira como é criada e se manifesta socialmente a norma jurídica e é este o sentido que, fundamentalmente, interesse ao nosso estudo.
 (
9
)
5. São fontes de direito neste sentido as seguintes quatro:
· Lei;
· Costume;
· Jurisprudência;
· Doutrina.
Chama-se lei á norma jurídica decidida e imposta por uma autoridade com poder para o fazer, na sociedade politica. A lei é assim uma norma jurídica de criação deliberada – é criada para servir como tal.
Valor como fonte de direito A lei caracteriza-se por ser decidida por um órgão (singular ou colegial, uma ou mais pessoas) dotado de poder legislativo. No estado português, vários são os órgãos com poder legislativo (em sentido lato) e diversos os processos por que as leis são elaboradas.
E agora convém fazer referência a um ponto muito importante entre as várias formas de lei estabelece-se um escalonamento ou hierarquia – hierarquia das leis.
Saliente-se, no entanto, que alguns autores dizem só a jurisprudência de conteúdo normativo cria Direito e outros consideram que nem a jurisprudência nem a doutrina são criadores do Direito.
A posição destes últimos baseia-se numa distinção tradicional entre:
· Fontes imediatasdo Direito, as que tem força vinculativa própria, sendo, contudo, importantes pelo modo de produção do Direito.
· Fontes mediatas do Direito, não tem força vinculativa própria, são, contudo, importantes pelo modo como influenciam o processo de formação e revelação da norma jurídica.
Chama-se costume á forma de criação de normas jurídicas que consiste na repetida e habitual de uma conduta, quando chega a ser encarada como obrigatória pela
 (
10
)
generalidade dos membros. A este entendimento de que a norma é obrigatória dá-se a denominação latina tradicional de opinio júris vel necessitais. Chama-se também costume á norma criada desta maneira.
Valor como fonte de direito O costume resulta da prática repetida, habitual, de determinada conduta, como forma de agir num dado jogo de circunstâncias; mas só atinge o valor de fonte de direito quando essa conduta (estatuição) nessas circunstâncias (previsão) se passa a certa altura a ter como obrigatória. A esta convicção de obrigatoriedade é usual dar-se o nome latino de opinião júris vel necessitatis.
Há assim dois elementos do costume:
Um material, o facto de, em certas condições, estar generalizado o uso ou hábito de se proceder de certo modo5. Outro, elemento psicológico, a opinio júris vel necessitatis.
Qual o valor do costume como fonte de direito? Em tempos antigos, a sociedade regia-se largamente pelo costume. Actualmente, é muito difícil que uma norma não corporizada em textos legais adquira valor jurídico.
Do ponto de vista da lei, o costume pode ser confirmativo ou interpretativo das normas daquela, e então diz-se costume secundum legem (segundo a lei)6; integrativo, regulando hipóteses e aspectos de que a lei não trata, e então fala-se de costume praeter legem (para além da lei); contrario à lei, contra legem. Ora, sempre do ponto de vista da lei, o costume contra legem não valer.
É o que substancialmente estatui o artigo 3°. Do código civil – os usos só são atendíveis quando a lei determine7 e portanto nunca contra a mesma lei8.
Somente, o jurista, para julgar das relações entre costume e lei, deve colocar-se num ponto de vista duma das fontes relacionadas. Nesse ponto de vista imparcial, deve reconhecer que, de facto, o costume pode revogar ou suspender a lei. Se uma norma for considerada por todos – ate os tribunais – como abolida, ela perde realmente a sua vigência9.
5 Ao que se costuma fazer, independentemente da sua obrigatoriedade, chama-se por vezes, uso, usos ou costume, num sentido impróprio desta palavra.
6 Esta necessariamente neste plano a figura dos “bons costumes” Codigo Civil, art° 271, 280°, 334°, n°2, 465°, alínea a), 967°, 1422° n°2, alínea b), 2186°, 2230° e 2245°.
7 Cfr também art.° 737 e 1400° do Código Civil.
8 Cfr também art.° 1401 e 1718° do código civil.
9 Luiz de Almeida Braga, “Reformas de processo”, in “Revista dos Tribunais”, ano 58 (1940), p.51
 (
11
)
Chama-se jurisprudência, num sentido desta palavra, ao conjunto de orientações, que em matéria de determinação e aplicação do direito da lei, decorrem da actividade prática de aplicação do direito dos órgãos da sociedade de tal encarregados. Alguns autores restringem esta noção apenas aos tribunais, a jurisprudência judicial, contudo essas restrições não é de fazer-se. Existe também uma jurisprudência dos notários, conservadores e até dos órgãos administrativos. Em todos estes casos – e outros ainda – a necessidade de aplicar (correctamente) o direito leva á pesquisa e descoberta de normas jurídicas, que de outro modo permaneceriam ocultas e indiferenciadas no sistema.
Valor como fonte de direito a jurisprudência como o conjunto de orientações que, como forma de revelação de normas jurídicas, resultam da sua aplicação ao caso concreto pelos órgãos encarregados de tal. Em nossa opinião, esses órgãos não são só os tribunais, embora a jurisprudência judicial seja de longe a mais importante (basta disser que os tribunais são órgãos encarregados justamente de aplicar o direito em casos concretos de litigiosos), a tal ponto que muitos autores e a linguagem dominante entendem por jurisprudência só a judicial.
Chama-se doutrina á actividade de estudo teórico ou dogmático do direito (e por vezes ao conjunto daqueles que a isso se dedicam). Também esta actividade poe a descoberto normas latentes no sistema jurídico.
A doutrina constitui uma fonte de direito outro modo de revelação das normas jurídicas, que se traduz no estado teorético do direito (não pratico, para sua aplicação aos casos da vida).
No entanto, o conceito de lei só se tornará verdadeiro compreensível se tivermos em conta a distinção entre a lei sentido formal e a lei em sentido material.
· Lei em sentido formal é todo o acto normativo emanando de um órgão com competência legislativa, quer contenha ou não verdadeira regra, exigindo-se que se revista das formalidades relativas a essa competência.
· Lei em sentido material é todo o acto normativo, emanado de um órgão do Estado, mesmo que não incumbido da função legislativa, desde que contenha uma verdadeira regra jurídica.
Lei em sentido formal – uma lei da assembleia da republica que concedesse uma condecoração a um determinado Presidente da Republica.
Lei em sentido material – uma portaria que aprove um Regulamento de exames
 (
12
)
Resta-nos distinguir ainda:
· Lei em sentido amplo – abrange qualquer norma jurídica;
· Lei em sentido restrito – compreende apenas os diplomas emanados pela assembleia da Republica.
6. Hierarquia das leis
I. Em direito português, a hierarquia das leis – que, repita-se tem como principal consequência que a lei de grau inferior não pode dispor contra a norma constante de uma lei de grau superior – estabelece – se do seguinte modo:
· Constituição;
· Direito Internacional geral e convencional (tratados normativos);
· Leis e decretos – leis;
· Decretos legislativos regionais;
· Decretas regulamentares;
· Decretos regulamentares regionais;
· Portarias;
· Despachos;
· Posturas.
Quando os textos normativos empregam a palavra lei, é por interpretação que temos de fixar a extensão do sentido.
I. Há varias categorias de leis, pelo que surgem difíceis problemas quando se trata de aferir o seu valor relativo. É pois necessário estabelecer entre elas uma determinada ordenação ou hierarquia.
Da hierarquia das leis resulta que as leis de hierarquia inferior não podem contrariar as leis de hierarquia superior, antes tem de se conformar com elas; as leis de hierarquia igual ou superior podem contrariar leis de hierarquia igual ou inferior, e então diz-se que a lei mais recente revoga a lei mais antiga.
 (
13
)
A hierarquia das leis depende da hierarquia das fontes em estão contidas e tem de ser analisada em paralelo com a hierarquia dos correspondentes aspectos do poder legislativo.
Para estabelecer esta hierarquia há que distinguir:
· Leis ou normas constitucionais;
· Leis ou normas ordinárias.
Leis ou normas constitucionais
O poder de estabelecer normas constitucionais denomina-se poder constituinte e ocupa o lugar cimeiro ou primeiro do poder legislativo. Pode ser atribuído a certo órgão por forma pré-constitucional ou por forma já constitucional – na medida em que a constituição pode estabelecer a forma de revisão.
Denomina-se constituição a lei fundamental de um Estado, a que fixa os grandes princípios fundamentais da organização politica e da ordem jurídica em geral.
As leis ou normas constitucionais são, assim, aquelas que estão contidas na Constituição e encontram-se no topo da hierarquia das leis.
Leis ou normas ordinárias
As leis ou normas ordinárias reforçadas encontram-se imediatamente abaixo leis constitucionais, não tem a mesma finalidade, e o seu processo de elaboração é mais fácil. São consideradas, nos termos art 112, verdadeiro actos legislativos e provem de órgãos com competências legislativas:
· Assembleia da Republica – Leis;
· Governo – decretos – leis
· Assembleia legislativa regionais – decretos legislativos regionais.
Note-se que as leis e os decretos-lei tem, em principio, o mesmo valor e a mesma forçaobrigatoria geral e, por isso, encontram-se num mesmo nível hierárquico, pelo que um decreto-lei do Governo pode revogar uma lei anterior da assembleia da republica e esta pode revogar um decreto-lei do Governo.
As leis ou normas ordinárias comuns estão subordinadas as leis ordinárias reforçadas e, em consequência, encontram-se nível hierárquico abaixo destas; é o caso dos decretos e dos decretos regulamentares.
 (
14
)
A Assembleia da Republica é considerada o órgão legislativo por excelência e dela provem as leis, mocoes e resoluções (art 166 da crp). Porem, so a lei se destina a estabelecer verdadeira regras jurídicas.
Salienta-se que a Assembleia da Republica pode elaborar as leis, quer no domínio da reserva absoluta da competência legislativa que lhe é atribuída (art. 164 da crp), quer no domínio da reserva relativa da competência legislativa que também lhe é atribuída (art 165 da crp).
O Governo, no exercício das suas funções legislativa, emite decretos-lei. As funções legislativa do Governo resultam:
· Do seu poder legislativo próprio (art 198 n1, aleneas a a c) da crp);
· do uso de autorizações legislativas conferidas pela Assembleia da Republica (art 198 n1 alínea b) da crp).
O Governo, para alem das funções legislativas propriamente ditas, tem ainda competências regulamentar, que exerce através de regulamentos (art 199 da crp), sendo o principal órgão com competências regulamentar.
Refira-se que o regulamento se destina a pormenorizar a lei, de forma a conduzir a sua boa execução. Os regulamentos do Governo podem assumir as seguintes formas:
· decretos regulamentares;
· resoluções do conselho de Ministros;
· portarias;
· despachos normativos e ministeriais;
· instruções;
· circulares.
Os decretos regulamentares são diplomas emanadas pelo Governo e promulgados pelo Presidente da Republica (art 134, b) da CRP). Devem ser referendados pelo Governo ou Ministérios interessados (art 197 a) da CRP).
As resoluções do Conselho de Ministros, como a própria designação sugere, provem do Conselho de Ministerio e não de ser promulgadas pelo Presidente da Republica.
As portarias são ordens do Governo, dadas por um ou mais ministros e que também não tem de ser promulgadas pelo Presidente da Republica.
 (
15
)
O facto de tanto as resoluções como as portarias não terem de ser promulgadas pelo Presidente da Republica confere-lhes um valor inferior aos decretos regulamentares na hierarquia das leis.
Os despachos são diplomas que tem apenas como destinatário os subordinados do ministro ou ministros signatários e valem unicamente dentro do Ministerio respectivo.
As instruções são meros regulamentos internos, contendo ordens dadas pelos ministros aos respectivos funcionários, ou estabelecendo directrizes para melhor aplicação dos diplomas normativos.
Circulares é a designação dada as instruções quando estas são dirigidas a diversas serviços.
Para alem dos decretos regulamentares do Governo, acabados de referir, a forma decreto é ainda utlizada para outros actos que podemos designar por decretos especiais.
Estes decretos podem provir:
· Do presidente da republica, que embora não seja um órgão com função legislativa, intervem no processo legislativo, e assim, é por decreto que o presidente da republica nomeia o primeiro-ministro e os membros do Governo (art 133 f) e h) da CRP).
· Do Governo, pois é por decreto que o Governo aprova os tratados internacionais (art 200 c) da crp).
Existem também órgãos com poder regulamentares local especifico, de entre os quais se destacam as autarquias locais (art 241 da CRP), que, no exercício deste poder, emitem posturas.
Daqui decorrer que as posturas ocupam o lugar mais baixo da hierarquia das leis.
As posturas são regulamentos autónomos, locais, de policia, provindos dos corpos administrativos competentes. Exemplo:
Postura de uma camara Municipal que regulamente o transito dentro de determinadas vilas de conselho.
Postura de uma camara Municipal que disciplina as feiras que se realiza no conselho.
II. A constituição, regra geral, refere-se ao escalão superior das leis ordinárias. Por exemplo, a palavra “lei”, no artigo 77 nº2, só abrange (alem de leis constitucionais), as leis da Assembleia da Republica e os decretos do Governo
 (
16
)
– um simples decreto regulamentar não pode regular as formas de participação as associações de professores, de alunos, de pais, das comunidades e das instituições de caracter cientifico na definição da política de ensino. Já nos artigos 280ºe 294º do Código Civil o termo se deve entender abranger os decretos regulamentares.
7. Inicio e termo de vigência
O legislador baseia-se rigidamente no pressuposto de que a lei é conhecida, e nem sequer admite se prove o seu desconhecimento. É este o sentido do aforismo corrente “a ignorância da lei não aproveita a ninguém, consagrado no artigo 6° do código civil.
Isto significa que a vigência da lei não depende do seu conhecimento efectivo. Contudo, é necessário que se utilize um meio de a tornar conhecida. Este meio é a publicação.
As formas de publicação são diversas, dependendo apenas dos tempos e lugares. Os antigos arautos desempenhavam esta função de publicidade. Hoje, em Portugal é feita no jornal oficial, que é o Direito da Republica.
A falta de publicidade oficial implica ineficácia jurídica do (art 199 cp).
Com a publicação, a lei passa a ser obrigatória, mas não significa que entre de imediato em vigor.
De acordo com o art. 5°, n°2, do Codigo Civil, decorrera um intervalo entre a publicação e a sua entrada em vigor. Este prazo de jacencia de uma lei, denomina- se vacatio legis.
Os prazos de vacatio legis estão fixados na constituição artigo e são os seguintes:
Estes prazos só se aplicam quando o legislador nada disser, pois pode acontecer que ele próprio estabeleça em cada diploma a sua própria vacatio legis.
O processo de elaboração de uma lei
O processo de realizacao dos actos legislativos não é uniforme para todos eles, varia em função de diversos factores: o mesmo é dizer que cada órgão dotado de competência legislativas tem o seu modo próprio de agir na feitura das leis. Importa assim descrever, ainda que a forma sumaria, o formalismo da respectiva actividade.
 (
17
)
Saleintamos a actividade legislatvas da Assembleia da Republica e do Governo.
Processo de formação das leis na Assembleia da Republica
Este processo inicia-se com a apresentação do texto, sobre o qual se pretende que A.R se pronuncie. Nos termos do art. ° 167 da CRP., esta apresentação pode ser efectuada:
· Pelos Deputados (art. ° 167 da CRP), tomando a designação de Projecto de Lei;
· Pelos Grupos Parlamentares (art. ° 180 n°1,g), tomando a designação de Projecto de Lei;
· Pelo Governo (art° 197 n° 1, d) da CRP), tomando a designação de Projecto de Lei;
· Por grupos de cidadãos eleitores, de acordo com o estipulado no citado art.° 167.
Apresentado o texto á Assembleia da Republica é por esta discutido e votado na generalidade, passando-se depois á discussão na especialidade, isto é, á discussão de cada um dos preceitos nele contido, podendo os deputados apresentar propostas de emenda em relação a cada um deles.
Através de votação na especialidade fixa-se o conteúdo do preceito, optando a Assembleia da Republica pelo texto original ou pelo constante da emenda, procedendo-se posteriormente a uma votação final global, (art 168° n° 2 CRP).
O texto deste modo conseguido é enviado, sob a forma de decreto, para o Presidente da Republica promulgar (art° 134 b) e 136 da CRP). Sendo que a promulgação é o acto pelo qual o Presidente da Republica atesta solenemente a existência da norma e intima á sua observação10.
O presidente da Republica poderá não promulgar o diploma e exercer o direito de veto previsto no art° 168 n 2 da CRP).
A promulgação é uma etapa essencial de todo o processo legislativo, pois, so apos esta, o texto toma a designação de Lei e a falta de promulgação implica a Inexistência Juridica do Acto, (art 137 da CRP).
Apos a promulgação, o diploma é remetido do Governo para referendo ministerial (art.140 da CRP), seguindo-se a publicação no Diario da Republica, 1,ª serie (art° 119 da CRP).
O processo de formação dos decretos-lei pelo Governo
10 Castro Mendes, Introducao ao Estudo do Direito, pág. 154.
 (
18
)
O Governo, na sua tarefa legislativa, pode optar por uma de duas situações:
· Assinatura sucessivas;
· Aprovação em Conselho de Ministros.
Assinaturas sucessivas – neste processo, o texto do diploma é submetido separadamente a assinatura do Primeiro-Ministro e de cada um dos Ministros competentes.
Uma vez obtidas as assinaturas, é o diploma presente ao Presidente da Republica para promulgação (art. 136 n° 4 da CRP).
Aprovação em Conselho de Ministros – o texto do respectivo decreto-lei é apresentado e aprovado em Conselho de Ministros, sendo enviado, para promulgação, para o Presidente da Republica.
6.1. Feituras das leis
Na elaboração das leis – processo legislativo – há a contar com varias fases: Elaboração;
Aprovação;
Promulgação;
Publicidade;
Entrada em vigor.
Elaboração. Antes de mais, há que elaborar o texto da lei.
Na assembleia da Republica, a elaboração e aprovação da lei são reguladas pela constituição e pelo regulamento. Só pode iniciar o processo legislativo quem tenha poder de iniciativa legislativa: “a iniciativa da lei… compete aos deputados, aos grupos parlamentares e ao governo, competindo a iniciativa da lei, no respeitante as regiões autónomas, as respectivas assembleias legislativas regionais” (artigo 170º da Constituição).
A elaboração e votação dos decretos-leis e decretos regulamentos é informal.
 (
19
)
Aprovação. Por maioria na Assembleia da Republica ou em Conselho de Ministros, o acto legislativo é aprovado
Tradicionalmente, chama-se decreto da Assembleia da Republica do texto aprovado por esta, antes da promulgação.
Promulgação. As leis, decretos-leis e decretos regulamentares carecem de promulgação do Presidente da Republica (artigo 137, alínea b), da constituição). ”A falta de promulgação determina a inexistência jurídica do acto” (artigo 140 da constituição).
A promulgação é o acto pela qual o Presidente da Republica atesta solenemente a existência da norma e intima a sua observância.
Publicação. Para poderem ser aplicadas, as normas tem de poder ser conhecidas; para poder ser conhecidas tem de ser públicas.
O artigo 122º da constituição enumera os princípios actos sujeitos a publicação no “Diário da República” e estatui que a falta de publicação desses actos e a de qualquer acto de conteúdo genérico de órgão de soberania, das regiões autónomas e do poder local implica a sua ineficácia jurídica (nº2).
Sobre o ponto também estatui o artigo 5º., nº 1, do Código Civil:
“ A lei só se torna obrigatória depois de publicada no jornal oficial”.
E a Lei nº 6/83, de 29 de Julho (alterada pelo Decreto-Lei nº 1/91, de 2 de Janeiro), sobre a publicação, identificação e formulário dos diplomas, dispõe, no artigo 1º:
“ A eficácia Jurídica de qualquer diploma depende da sua publicação”.
As normas de valor geral são, em regra, publicadas no “Diário da Republicas” (Constituição, artigo 122º, nº1; Lei nº6/83, artigo 3º); quando as de valor local, diz a constituição que “ a lei determina as formas de publicidade dos demais actos e as consequências da sua falta (artigo 122º nº3) ”.
Entrada em vigor. Com a publicação, completam-se todos os requisitos da entrada em vigor do diploma.
Mas o artigo 5º, nº2. Do código Civil, dispõe:
“ Entre a publicação e a vigência da lei decorrera o tempo que a própria lei fixar ou, na
falta de fixação, o que for determinado em legislação especial”.
 (
20
)
E o artigo 2º da Lei n.º6/83, de 29 de Julho:
O diploma entra vigor no dia nele fixado ou, na falta de fixação, no continente no quinto dia apos a publicação, de nos Acores e na Madeira no décimo quinto dia e em Macau e no estrangeiro no trigésimo dia.
O dia da publicação do diploma não se conta.
A este espaço de tempo que medeia entre a publicação e a entrada em vigor dá-se tradicionalmente o nome latino de vacatio legis. Por vezes, é bastante larga: o Código Civil foi publicado em 25 de Novembro de 1966 (aprovado pelo Decreto-Lei n.º47344) para entrar em vigor em 1 de Junho de 1967; o Constituição foi publicado em 10 de Abril de 1976, para entrar em vigor 25 de Abril do mesmo ano. Outras vezes, a lei determina que entra em vigor no dia da sua publicação, ou no dia seguinte.
Por vezes, os diplomas saem com erros de publicação que obrigam á rectificação. Diz, a este respeito, artigo 5ºda Lei n.º6/83:
As rectificações dos erros materiais provenientes de divergências entre o texto original e o texto impresso de qualquer diploma publicado na I.ª serie do “Diario da Republica”, devem ser publicadas nesta serie e provir do órgão de soberania que aprovou texto original.
As rectificações de diplomas publicados na Iª. Série só serão admitidas a tem noventa dias após a publicação do texto rectificado.
As rectificações entrem em vigor na data da sua publicação.
Diário da república
Completamente, convém dizer algo acerca do jornal oficial, hoje chamado Diário da Republica.
Esse periódico oficial começou a publicar-se em 1 de Janeiro de 1835, com o título de Diário do Governo; passou a chama-se Diário de Lisboa, por força-se de decreto de 31 de Outubro de 1859; e voltou a ter Diário do Governo a partir de 1 de Janeiro de 1869 (por determinação do decreto de 11 de Dezembro de 1869).
O Diário da Republica é publicado pela Imprensa Nacional.
 (
21
)
Pelo artigo 1° n°3, da Lei n°6/83, de 29 de Julho, “o Diário da Republica deve ser distribuído no dia correspondente ao da sua data”. Esta disposição (vinda da Lei n° 3/76, de 10 de Setembro, e imposta pela natureza das coisas) não tem sido observada.
Também nas regiões autónomas há jornais oficiais.
Termo da vigência
Passado o período da vacatio legis, se este existir, a lei ficará, em principio, ilimitadamente em vigor. O decurso do tempo, por maior que seja, não é razão suficiente para que a lei cesse a sua vigência.
Como formas de cessação de vigência da lei, o art 7° do Código Civil prevê unicamente a caducidade e a revogação.
8. Cessação da vigência das leis
A lei pode deixar de vigorar por:
Caducidade; Revogação.
a. Caducidade.
A ideia geral da caducidade exprime-se do seguinte modo:
Extinção da vigência e eficácia, dos efeitos, de um acto, em virtude da superveniência dum facto com força bastante para tal.
Para a vigência de uma lei cessar com a superveniência de um facto é preciso que se verifique uma das seguintes circunstâncias:
Ou que esse facto seja tal que, ex. natura, faca perder definitivamente a lei todo o seu campo de aplicação;
Por exemplo, trata-se de uma lei sobre certa categoria concreta de pessoas (combatentes de certa guerra, supondo) e morre a última;
 (
22
)
Qual, sob a epígrafe “cessação da vigência da lei” estatui em quatro números sucessivos:
Quando se não destina a ter vigência temporária, a lei só deixa de vigorar se for revogada por outra lei.
Refere-se aqui o caso mais importante (embora não o único) de caducidade e em seguida a figura da revogação. E negam-se implicitamente outras causas possíveis de cessação da vigência da lei, como seja o desuso, a cessação da razão de ser, etc.
A revogação pode resultar de declaração expressa, da incompatibilidade entre as novas disposições e as regras precedentes ou da circunstância de o nova lei regular toda a matéria da lei anterior.
Prevêem-se aqui as três formas de revogação:
Expressa, tácita e de sistema.
A lei geral não revoga a lei especial, excepto se outra for a intenção inequívoca do legislador.
Chama-se especial à lei cuja previsão se insere na de outra lei – lei geral – como caso particular, para este estabelecendo um regime diferente.
Assim, no Código Civil, temos regras sobre a locação (artigos 1022° e seguintes), mas do Decreto-Lei n° 321-B/90, de 15 de Outubro, constam regras específicas sobre os arrendamentos de prédios urbanos; dentro desta nova categoria, existem regras especiais sobre o arrendamento para comercio ou industria. As regrassobre locação são gerais11 em relação as que visam sobre o arrendamento de prédios urbanos, e estas especiais em relação aquelas, e gerais em relação as que regulam o arrendamento para comercio ou industria.
Ora, quando a lei altera um regime geral, não se presume que altere normas especiais que para casos particulares dispõem de modo diferente. Pelo contrário, a lei especial posterior derroga a lei geral anterior.
“A lei geral nova não revoga necessariamente a lei especial anterior. Para que esta seja revogada é preciso, ou que o legislador expressamente o declare na lei geral nova, ou que a sua intenção nesse sentido de manifeste, já por ter regulado nesta lei, de modo diverso, as mesmas matérias dessa lei especial, já por ter estabelecido principais jurídico-sociais novos, incompatíveis com os princípios que inspiram essa lei especial, já por estar aquela
11 E são especiais em relação as regras gerais dos contratos
 (
23
)
redigida em termos que não admitem excepções alguma, ou só admitem de aceitar a regra absoluta legi special per generalem nom derogatur.
A revogação da lei revogatória não importa o renascimento da lei que esta revogado.
O preceito é claro, mas cede perante a vontade do legislador em contrário. Chama-se lei repristinatória à que repõe em vigor a nova lei revogado.
Ou que esse facto seja previsto na própria lei ou noutra de valor hierárquico igual ou superior.
O facto superveniente pode ser uma data, ou o termo de um prazo (leis temporários).
Iii. A cessação da razão De ser da lei não opera só por si a extinção da vigência desta. Não é valida a máxima, cessante ratione legis, cessant eius dispositivo.
Sacrifica-se aqui a justiça à segurança:
As pessoas devem poder ter a certeza de certa lei estar ou não em vigor. Ora, se há razão ou não para manter a lei em vigor, é um ponto susceptível de várias apreciações subjectivas.
Iv. B) A revogação é o afastamento da lei por outra lei, de valor hierárquico igual ou superior.
Há três espécies de revogação:
Revogação expressa; Revogação tácita; Revogação de sistema.
A revogação expressa verifica-se quando um preceito da nova lei designa uma lei anterior e a declara revogada.
Esta designação pode ser uma individualização, feita de forma concreta – v. Artigo 11° da Lei n°6/83, de 29 de Julho, por exemplo; ou referir-se a um conjunto mais ou menos geral – v. Artigo 3° da lei preambular do código civil.
A revogação tácita verifica-se quando, sem haver revogação expressa, as normas da lei posterior são incompatíveis com as da anterior.
Não podem subsistir as duas, sem o direito perder o seu carácter de sistema, livre de contradições internas. Então cede a mais antiga.
 (
24
)
Um caso particular de incompatibilidade é a repetição:
Se uma norma é idêntica a outra, vigorava só a mais recente.
A revogação de sistema verifica-se quando, embora não haja revogação expressa nem tácita, no entanto a intenção do legislador é que certo diploma passe a ser único e completo texto de regulamento de certa matéria.
Apurada que é essa intenção do legislador, mesmo pormenores das leis antigas, não revogadas expressamente nem incompatíveis em rigor com a lei nova, se devem considerar feridos de uma revogação de sistema.
V. A revogação distingue-se ainda em abrogação e derrogação. Abrogação é a revogação total, derrogação é a revogação parcial. Diz Modestino, no “Digesto” D.50.16.102:
“ A lei derroga-se ou abroga-se; derroga-se quando se suprime uma parte; abroga-se,
quando de todo se suprime”.
6. Pessoas singulares
São pessoas – pessoas singulares – os seres humanos vivos, hoje sem qualquer excepcao, desde que nascem (código civil, artigo 66º nº1,) ate que morrerem (código civil, artigo 68º nº1).
Capacidade de gozo das pessoas singulares
Em regra, o ser humano pode ser titular de quaisquer direitos e adstrito a quaisquer obrigações. E o que se afirma no artigo 67º do código civil.
Capacidade de exercício das pessoas singulares
Em regra também, as pessoas singulares são capazes de exercício – podem exercer os seus direitos e cumprir as suas obrigações por si, pessoal e livremente.
Esta regra tem excepcoes: os incapazes. As principais categorias de1 incapazes previstas no nosso código civil são:
Os menores, ou seja, aqueles que ainda não atingiram a maioridade. A maioridade, segundo do código civil de 1966, atingia-se aos 21 anos (artigo 122). A reforma do código civil de 1977 reportou a maioridade aos 18 anos.
 (
25
)
Os interditos e inabilitados, ou seja, as pessoas a quem uma sentença judicial, provocada pelas condições dos artigos 138º e 152º do código civil, limita a capacidade de exercício.
A menoridade atribui uma situada de incapacidade de exercício rígida – determinada na lei – embora com certo escalonamento, suprida em regra pela representação; a interdição atribui uma incapacidade de exercício de rígida também, e suprida em regra pela representação; a inabilitação atribui uma incapacidade de exercício maleável, determinada pela sentença, e onde desempenha forte papel a assistência.
As pessoas a quem se confia a representação e a assistência destes incapazes atribuem-se muitas vezes outros podores, como o de guarda e custódia pessoal do incapaz. Desenham-se assim situações de que se devem destacar três:
· Poder paternal ou pátrio poder, referente a menores, atribuído por igual ao pai e á mãe (Constituição, artigo 36 nº3; código civil, artigos 124º 1877º e seguintes);
· Tutela, referente a menores não sujeitos a pátrio poder e a interditos;
- Curatela, referente a inabilitados.
6.2. Pessoas colectivas
São pessoas colectivas as organizações destinadas á prossecução de interesses colectivos, a que a ordem jurídicas, atribui personalidade jurídica ou seja, como susceptiveis de serem titulares de direitos e vinculações. A figura vem regulada no código civil, artigos 157º e seguintes.
Entre nos é legal e corrente a designação de pessoas colectivas, por contraposição a pessoas colectivas, por contraposição a pessoas singulares. Em doutrina estrangeira, encontramos as figuras referenciadas com outros nomes: pessoas jurídicas e pessoas físicas, pessoas morais, etc.
II. As organizações de que se trata podem ser organizações de pessoas – grupos organizados, destinados á prossecução de interesses, comuns, como as sociedades comerciais, os clubes desportivos, as associações científicas; ou organizações bens – estruturam patrimoniais organizadas, de modo a prosseguirem interesses especiais. As pessoas colectivas da primeira categoria da-se o nome genérico de associações, á segunda, o de fundações.
 (
26
)
O interesse da associação é o interesse (egoísta ou altruísta) dos associados. Os interesses da fundação tem de ser tembem interesses humanos colectivos – artigo 188º nº1, do código civil
III. Entre as associações destacam-se aqueles cujo fim é a obtenção dum lucro e sua distribuição pelos associados (fim lucrativo, intuito lucrativo). São as sociedades (código Civil, artigos 980 e seguintes).
As restantes associações dizem-se associações em sentido restrito ou pessoas morais. Capacidade de gozo das pessoas colectivas
Ao contrário das pessoas singulares, as pessoas colectivas tem uma capacidade de gozo limitada: limitada aos direitos e vinculações adequados aos interesses que prosseguem; é o que se chama princípio da especialidade.
O artigo 160º do código civil, sob a epígrafe “ capacidade”, estatui:
“ A capacidade das pessoas colectivas abrange todos os direitos e obrigações necessários ou convenientes á prossecução dos seus fins.
Exceptuam-se os direitos e obrigações vedados por lei ou que sejam inseparáveis da personalidade.
E o artigo 12º nº2, da Constituição:
“ As pessoas colectivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com
a sua natureza”.
a. Capacidade de exercício das pessoas colectivas
Acerca da capacidade de exercício das pessoas colectivas, reinam dúvidas na doutrina.
Algumas autores pretendem que as pessoas colectivas, incapazes por natureza, sendo essa capacidade suprida por representação. Os gerentes das sociedades,os directores das associações e das fundações e, de um modo geral, aqueles que actuam pela pessoa colectiva seriam seus representantes. Outra corrente entende que as pessoas colectivas são capazes de exercício: só que essa capacidade não é natural, dota as pessoas colectivas de órgãos, através dos quais a pessoa colectiva actua no mundo do direito, como a pessoa singular o faz pelos seus órgãos naturais.
 (
27
)
Esta segunda corrente parece mais adequada a uma visão jurídica do problema, sendo certo que a lei em parte alguma equipara as pessoas colectivas a incapazes.
9. Princípio geral, na Secção Responsabilidade civil e pelo risco
Responsabilidade por factos ilícitos
Art. 6 do CC. Ignorância ou ma interpretação da lei: A ignorância ou ma interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecidas.
Art. 485 do CC. Conselho, recomendações ou informações: 1. Os simples conselhos, recomendações não responsabilizam quem os dá, ainda que haja negligência da sua parte. 2 A obrigação de indemnizar existe, quando se tenha assumido a responsabilidade pelos danos, quando havia o dever jurídico de dar o conselho, recomendação ou informação e se tenha procedido com negligência ou intenção de prejudicar, ou quando o procedimento do agente constitua facto punível.
Art. 486 do CC. Omissões As simples omissões dão lugar á obrigação de reparar os danos, quando, independentemente dos outros requisitos legais, havia por força da lei ou de negócio jurídico, o dever de praticar o acto omitido.
Art. 487 do culpa CC. 1. É ao lesado que incumbe provar a culpa do autor da lesão, salvo presunção legal. 2 A culpa é apreciada, na falta de outro critério legal, pela diligência de um bom pai de família, em face das circunstâncias de cada caso.
Art. 483º nº 1 do CC- Principio geral: Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios, fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação.
Art. 484ᵒ do CC. Ofensa do crédito ou bom nome: Quem afirmar um facto capaz de prejudicar o crédito ou o bom nome de qualquer pessoa, singular ou colectiva, responde pelos danos causados.
 (
28
)
Art. 488° do CC. Imputabilidade: 1.Não responde pelas consequências do facto danoso quem, no momento em que o facto ocorreu, estava, por qualquer causa, incapacitado de entender ou querer, salvo se o agente se colocou culposamente nesse estado, sendo este transitório. 2. Presume-se falta de imputabilidade nos menores de sete anos e nos interditos por anomalia psíquica.
Art. 489° do CC. Indemnização por pessoa não imputável. 1 Se o acto causador dos danos tiver sido praticado por pessoa não imputável, pode esta, por motivo de equidade, ser condenada, ser condenada a repara-los, total ou parcialmente, desde que não seja possível obter a devida reparação das pessoas a quem incumbe a sua vigilância. 2. A indemnização será, todavia, calculada por forma a não privar a pessoa não imputável dos alimentos necessários, conforme o seu estado e condições, nem dos meios indispensáveis para cumprir os seus deveres legais de alimentos.
Art. 562º do CC Obrigação de indeminização principio geral: Quem estiver obrigado a reparar um dano deve reconstituir a situação que existiria, se não tivesse verificado o evento que obriga á reparação. Art. 566º nº 1 do CC, Obrigação em dinheiro : A indemnização é fixada em dinheiro, sempre que a reconstituição natural não seja possível, não repare integralmente os danos ou seja excessivamente onerosa para o devedor.
Art. 490 do CC. Responsabilidade dos autores, instigadores e auxiliares. Se forem vários os autores, instigadores ou auxiliares do ilícito, todos eles respondem pelos danos que hajam causado.
Art. 492 do CC. Responsabilidade por edifícios ou outras obras. 1, O proprietário ou possuidor de edifício ou outra obra que ruir, no todo ou em parte, parte, por vício de construção ou defeito de conservação, responde pelos danos causados, salvo se provar que não houve culpa da sua parte ou que, mesmo com a diligência devida, se não teriam evitado os danos. 2. A pessoa obrigada, por lei ou negocio jurídico, a conservar o edifício ou obra responde, em lugar do proprietário ou possuidor, quando os danos forem devido exclusivamente a defeito de conservação.
Art. 491 do CC Responsabilidade das pessoas obrigadas a vigilância de outrem. As pessoas que, por lei ou negocio jurídico, forem obrigadas a vigiar outras, por virtude da incapacidade natural destas, são responsáveis pelos danos que elas causarem a terceiros, salvo se mostrarem que cumpriram o seu dever de vigilância ou que os danos se teriam produzido ainda que o tivessem cumprido.
 (
29
)
Art. 493 do CC Danos causados por coisas, animais ou actividades. 1 Quem tiver em seu poder coisas imóvel , com o dever de vigiar, é bem assim quem tiver assumido o encargo da vigilância de quaisquer animais, responde pelos danos que a coisa ou os animais causarem, salvo se provar que nenhum culpa houve da sua parte ou que os danos se teriam igualmente produzido ainda não houvesse culpa sua. 2 quem causar danos a outrem no exercício de uma actividade, perigosa por sua própria natureza ou pela natureza dos meios utlizados, é obrigado a repara-los, excepto se mostrar que empregou todas as providencias exigidas pelas circunstâncias com o fim de se prevenir.
Art. 494 do CC limite da indemnização no caso de mera culpa. Quando a responsabilidade se fundir na mera culpa, poderá a indemnização ser fixada, equitativamente, em montante inferior ao que corresponderia aos danos causados, o lesado e as demais circunstâncias do caso o justifiquem.
Art. 495. Do CC Indemnização a terceiros em caso de morte ou lesado corporal.
1. No caso de lesão de que proveio a morte, é o responsável obrigado a indemnizar as despesas feitas para salvar o lesado e todas as demais, em exceptuar as do funeral. 2. Neste caso, como em todos os outros de lesão corporal, tem direito de indemnização previsto no artigo 562 e 564 do CC, aqueles que socorrem o lesado, bem como os estabelecimentos hospitalares, médicos ou outros pessoas ou entidades que tenham contributo para o tratamento ou assistência de vítima. 3 t. Tem igualmente direito a indemnização os que podiam exigir alimentos ao lesado ou aqueles a quem o lesado os prestava no cumprimento de uma obrigação natural.
Art. 496 do CC Danos não patrimoniais. 1. Na fixação de indemnização deve atender-se aos danos não patrimoniais que, pela sua gravidade, mereçam a tutela do direito. Artigo 566 n°1. Do CC. 2 Por morte da vitima, o direito á indemnização por danos não patrimoniais cabe, em conjunto, ao cônjuge não separado judicialmente d pessoas e bens e aos filhos ou outros descendentes: na falta destes, aos pais ou outros ascendentes; e por ultimo, aos irmãos ou sobrinhos que os representam conjugado com artigo 495 CC. 3 O montante de indemnização sera fixado equitativamente pelo tribunal tribunal, tendo em atenção, em qualquer caso, as circunstâncias referidas no artigo 494 CC; no caso de morte, podem ser atendidos não so os danos patrimoniais sofridos pela vitima, como os sofridos pelas pessoas com direito a indemnização nos termos do numero 495 do CC.
Art. 497 do CC Responsabilidade solidaria 1. Se forem várias responsáveis pelos danos, é solidaria a sua responsabilidade. 2 O Direito de regresso entre os
 (
30
)
responsáveis existe na medida das respectivas culpas e das consequências que delas advieram, presumindo-se iguais as culpas das pessoas responsáveis.
Art. 498 do CC Prescrição 1. O direito de Indemnização prescreve no prazo de três anos, a contar da data em que o lesado teve conhecimento do direito lhe compete, embora com desconhecimento da pessoa do responsável e da extensão integral dos danos, sem prejuízo da prescrição ordinária se tiver decorrido o respectivo prazo a contar do facto danoso. 2 Prescreve igualmente no prazo de três anos, a contar do cumprimento, o direito de regresso entreos responsáveis. 3 Se o facto constituir crime para o qual a lei estabeleça prescrição sujeita a prazo mais longo, é este o prazo aplicável. 4 A prescrição do direito de indeminização não importa prescrição da acção de reivindicação nem da acção de restituição por enriquecimento sem causa, se houver lugar a uma ou a outra.
Responsabilidade pelo risco
Disposições aplicáveis
Art. 499 do CC.: São extensivas aos casos de responsabilidade pelo risco, na parte aplicável e na falta preceitos legais em contrário, as disposições que regulam a responsabilidade por factos ilícitos.
Art. 500 do CC. Responsabilidade do comitente: 1. Aquele em encarrega outrem de qualquer comissão responde, independentemente de culpa, pelos danos que o comissário causar, desde que sobre este recaia também a obrigação de indemnizar.
2. A responsabilidade do comitente so existe se o facto danoso for praticado pelo comissário, ainda que intencionalmente ou contra as instruções daquele, no exercício da função que lhe foi confiada. 3 O comitente que satisfazer a indeminização tem o direito de exigir do comissário o reembolso de tudo quando haja pago, excepto se houver também culpa da sua parte; neste caso será aplicável o disposto no n°2 do artigo 497 do CC.
Art. 501 do CC. Responsabilidade do Estado e de outras pessoas colectivas publicas: O Estado e demais pessoas colectivas publicas, quando haja anos causados a terceiros pelos seus órgãos, agentes ou representantes no exercício de actividades de gestão privada, respondem civilmente por esses danos nos termos em que os comitentes respondem pelos danos causados pelos seus comissários.
 (
31
)
Art. 502 do CC. Danos causados por animais: quem no seu próprio interesse utilizar quaisquer animais responde pelos danos que eles causarem, desde que os danos resultem do perigo especial que envolve a sua utilização.
Art. 503 do CC. Acidentes causados por veículos: 1 Aquele que tiver a direcção interesse, ainda que por intermediário de comissário, responde pelos danos provenientes dos riscos próprios do veículo, mesmo que este não se encontre em circulação. 2 As pessoas não imputáveis respondem nos termos do artigo 489 do CC. 3 Aquele que conduzir o veiculo por conta de outrem responde pelos danos que causar, salvo se provar que não houve culpa da sua parte; se porem, o conduzir fora do exercício das suas funções de comissário, responde nos termos de n°1.
Art. 504 do CC. Beneficiários da responsabilidade: 1 A responsabilidade pelos danos causados por veículos aproveita a terceiros, bem como as pessoas transportadas em virtude de contrato; mas, neste caso, abrange so os danos que atinjam a própria pessoa e as coisas por ela transportadas. 2 No caso, porem, de transporte gratuito, o transportador responde apenas, nos termos gerais, pelos danos que culposamente causar. 3 São nulas as cláusulas que excluam os limitem a responsabilidade do transportador pelas acidentes que atinjam a pessoa transportadas.
Art. 505 do CC. Exclusão da responsabilidade: Sem prejuízo do disposto no artigo 570 do CC, a responsabilidade fixada pelo n° 1 do 503 do CC, só é excluída quando o acidente for imputável ao próprio lesado ou a terceiro, ou quando resulte de causa de força maior estranha ao funcionamento do veículo.
Art. 506 do CC. Colisão de veículos: 1 Se da colisão entre dois veículos resultarem danos em relação aos dois ou em relação a um deles, e nenhum dos condutores tiver culpa no acidente, a responsabilidade é repartida na proporção em que o risco de cada um dos veículos houver contribuído para os danos; se os danos forem causados somente por um dos veículos, sem culpa de nenhum dos condutores, so a pessoa por eles responsável é obrigado a indemnizar. 2 Em caso de duvida, considera-se igual a medida da contribuição de cada um dos veículos para os danos, bem como a contribuição da culpa de cada um dos condutores.
Art. 507 do CC. Responsabilidade solidaria: 1 Se a responsabilidade pelo risco recair varias pessoas, todas respondem solidariamente pelos danos, mesmo que haja culpa de alguma ou algumas. 2 Nas relações entre os diferentes responsáveis, a obrigação de indemnizar repare-se de harmonia com a interesse de cada um na utilização do veículo; mas, se houver culpa de algum ou alguns, apenas os culpados
 (
32
)
respondem, sendo aplicável quando ao direito de regresso, entre eles, ou em relação a eles, o disposto no n°2 do artigo 497 do CC.
Art. 508 do CC: Limites máximos: A indemnização fundada em acidente de viação, quando não haja do responsável, tem como limites máximos: no caso de morte ou lesão de uma pessoa, duzentos
Art. 509 do CC. Danos causados por instalações de energia eléctrica ou gás. 1 Aquele que tiver a direcção efectiva de instalação destinada á condução ou entrega da energia eléctrica ou gás, e utilizar essa instalação no seu interesse, responde tanto pelo prejuízo que derive da condução ou entrega da electricidade ou do gas, como pelos danos resultantes da própria instalação, excepto se ao tempo do acidente esta estiver de acordo com as regras técnicas em vigor e em perfeito estado de conservação. 2 Não obrigam a reparação os danos devidos a causa de força maior; considera-se de força maior toda a causa exterior independente do funcionamento e utilização da coisa. 3 Os danos causados por utensílios de uso de energia não são reparáveis nos termos desta disposição.
Art. 510 do CC. Limtes da Responsabilidade: 1 A responsabilidade de que trata o artigo precedente, quando não haja culpa do responsável, tem para cada acidente como limite máximo: no caso de morte ou lesão corpórea, duzentos contos….
Enriquecimento sem causa previsto código civil
Principio geral art. 473. 1,Aquele que, sem causa justificativa, enriquecer á custa de outrem é obrigado a restituir aquilo com que injustamente se locupletou. 2. A obrigação de restituir, por enriquecimento sem causa, tem de modo especial por objecto o que for indevidamente recebido, ou o que for recebido por virtude de uma causa que deixou de existir ou em vista de um efeito que não se verificou.
Art. 474 Natureza subsidiária da obrigação – não há lugar á restituição por enriquecimento, quando a lei facultar ao empobrecido outro meio de ser indemnizado ou restituído, negar o direito á restituição ou atribuir outros efeitos ao enriquecimento.
Art. 475 Falta do resultado previsto – também não há lugar á restituição se, ao efectuar a prestação, o autor sabia que o efeito com ela previsto esta impossível, ou se, agindo contra a boa fé, impediu a sua verificação.
 (
33
)
Art. 476 Repetição do indevido 1. Sem prejuízo do disposto acerca das obrigações naturais, o que for prestado com a intenção de cumprir uma obrigação pode ser repetido, se esta não existia no momento da prestação.
2. A prestação feita a terceiro pode ser repetida pelo devedor enquanto não se tornar liberatória nos termos do artigo 770. 3. A prestação feita por erro desculpável antes do vencimento da obrigação só dá lugar a repetição daquilo com que o credor se enriquecer por efeito do cumprimento antecipado.
Art. 477 Cumprimento de obrigação alheia na convicção de que é própria. 1 Aquele que, por erro desculpável, cumprir uma obrigação alheia, julgando-a própria, goza do direito de repetição, excepto se o credor, desconhecendo o erro do autor da prestação, se tiver privado do título ou das garantias do crédito, tiver deixado prescrever ou caducar o seu direito, ou não o tiver exercido contra o devedor ou contra o fiador enquanto solventes.
Art. 478 Cumprimento de obrigação alheia na convicção de estar obrigado a cumpri-la. – Aquele que cumprir obrigação alheia, na convicção errónea de estar obrigado para com o devedor a cumpri-la, não tem o direito de repetição contra o credor, mas apenas o direito de exigir do devedor exonerado aquilo com que este injustamente se locupletou, excepto se o credor conhecia o erro ao receber a prestação.
Art. 479 Objecto da obrigação de restituir 1. A obrigação de restituir fundada no enriquecimento sem causa compreende tudo quanto se tenha

Continue navegando