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Macroquestões Ambientais

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29/05/2021 Macroquestões Ambientais
https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=macroquestoes-ambientais&dcp=meio-ambiente-sustentabilidade-eficiencia-energetica-e-energias-sustentaveis&topico=1 1/35
Lição 01
Macroquestões Ambientais
Meio Ambiente, Sustentabilidade, E�ciência Energética e Energias Renováveis
Começar a aula
1. Introdução
A Revolução Industrial ocorrida no final século XVIII remeteu a humanidade, paulatinamente, a
um patamar mais alto em relação à velocidade e eficiência nos processos de produção, pois liberou
o ser humano de seus limites físicos na oferta de energia para realização de trabalho. No início, o
uso da máquina a vapor, e, posteriormente, os motores à combustão interna, estes mais eficientes e
mais potentes na geração de energia e trabalho.
O ser humano experimentou ao longo do tempo, seja por consequências diretas ou indiretas desta
Revolução, uma maior oferta de alimentos dada pela maior capacidade das máquinas agrícolas em
arar, semear e plantar, o aumento da fertilidade dos solos pelo uso de fertilizantes químicos
concentrados, corretivos e também pelo desenvolvimento e uso de defensivos químicos utilizados
no combate às pragas e doenças. Adicionalmente, o desenvolvimento de fármacos, mais potentes e
mais eficientes, principalmente os antibióticos, aliada a maior oferta de alimentos em qualidade e
quantidade, conhecimento dos mecanismos de ação dos microrganismos patogênicos, alguns deles
29/05/2021 Macroquestões Ambientais
https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=macroquestoes-ambientais&dcp=meio-ambiente-sustentabilidade-eficiencia-energetica-e-energias-sustentaveis&topico=1 2/35
originados das más condições de saneamento, e, com isso, resultando em ações na melhoria do
saneamento urbano, tais fatores, em seu conjunto, levou a um crescimento acelerado das
populações e aumento da longevidade humana.
Por outro lado, esse mesmo desenvolvimento, a tecnologia resultante e sua contínua sofisticação
(eletrônica e informática) deram ao ser humano uma surpreendente capacidade de interferir nos
sistemas ecológicos. Não só o aumento da população, mas principalmente pelo crescimento do
consumo per capto por bens e serviços, embora fortemente desigual entre as populações,
satisfazendo a cultura do consumismo como formas, em muitos casos, em se atingir a felicidade e
demonstrar ascensão social, impulsionaram essa capacidade.
O crescimento das cidades, das populações e das atividades industriais, o aumento da renda e do
consumismo resultaram na necessidade de se incorporar mais terras à produção de alimentos,
levando a degradação dos solos e a perda de biodiversidade. Adicionalmente, tais atividades,
levaram à geração demasiada de uma infinidade de resíduos sólidos, líquidos e gasosos lançados
nos rios, mares, solos e atmosfera, afetando negativamente os seres vivos e seus ambientes naturais
por todo o planeta, alterando a dinâmica climática e ultrapassando, em muitos casos, a capacidade
de regeneração da biosfera. Esta realidade nos leva ao estudo das macroquestões ambientais
abordadas no tópico. Leia com atenção, pois as informações estão ligadas, de uma forma ou de
outra, a sua, a nossa realidade.
2. Aquecimento global
Embora a poluição atmosférica originada pela emissão excessiva de diferentes gases e particulados
seja uma realidade, como a destruição da camada de ozônio (afetando principalmente a região
polar), a chuva ácida, e, a emissão de particulados (efeitos locais, em sua maioria), daremos foco
aos gases de efeito estufa devido ao caráter global e supostamente permanente de seus efeitos.
Até a década de 1960 havia um grande ceticismo dos cientistas em relação à existência do
Aquecimento Global (AG), apesar de vários autores já terem relatado a relação do dióxido de
carbono com o clima desde o século XIX, conforme comenta Weart (2008). A ideia estabelecida à
época era de que o CO emitido seria totalmente absorvido pelos oceanos, mas a partir dos estudos
publicados pelo oceanógrafo Revelle e Suess (1957), na década de 1960, onde relata que o oceano
tem capacidade limitada em absorvê-lo e assim, o excedente, poderia alterar a composição da
atmosfera, vários cientistas, desde então, começam a considerar a influência das emissões humanas
de gases estufa sobre o clima. O Painel Intergovernamental para Mudanças Climática (IPCC na
sigla em inglês), órgão criado em 1988 pela Organização das Nações Unidas para o meio ambiente e
pela Organização Meteorológica Mundial devido à relevância do tema, passou a ser um dos órgãos
de referência em tratar destas questões reunindo na forma de relatórios grande parte das
publicações sobre o assunto (VEIGA, 2011).
Foram cinco os relatórios produzidos deste então, sendo o último publicado em 2014 e nos traz
algumas das seguintes constatações sobre os impactos resultantes das alterações climáticas de
origem antrópica e as previsões futuras (IPCC, 2014):
2
29/05/2021 Macroquestões Ambientais
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1. Os sistemas naturais e humanos foram afetados em todo o mundo, tanto em terra como no mar
em maior e ou menor grau sendo mais intenso e amplo nos sistemas naturais.
2. Ampla alteração nos padrões de precipitação, continuidade no derretimento de glaciares e
permafrost (solos congelados) modificando a hidrologia e os recursos hídricos em quantidade e
qualidade.
3. Alterações na abundância, interações, sazonalidade, distribuição geográfica de muitas espécies
terrestres e aquáticas. Se alterações climáticas lentas levaram muitas espécies à extinção nos
últimos milhões de anos, alterações rápidas, como as atuais, podem ensejar a intensificação dos
processos de extinção de espécies.
Impactos generalizados num mundo em mudança. Os símbolos indicam categorias de impactos atribuídos à contribuição
relativa das alterações climáticas (maior ou menor) para o impacto observado e a confiança na atribuição.
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4. De forma geral, concluiu-se que o impacto sobre o rendimento de culturas como milho, soja,
arroz e trigo, foi mais negativo do que positivo, no máximo manteve-se invariável, como no
caso do arroz e soja. Eventos climáticos extremos nas regiões de produção resultaram em
aumento dos preços dos alimentos constatando a sensibilidade dos mercados atuais a esses
eventos.
Taxas médias da alteração na distribuição (km por década) para grupos taxonômicos marinhos com base em observações
entre 1900–2010. O número de respostas analisadas é apresentado entre parênteses para cada categoria.
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5. A instabilidade climática expôs a vulnerabilidade dos alguns sistemas naturais e muitos
sistemas humanos a eventos extremos como incêndios, ondas de calor, secas, furações,
tempestades e inundações aos eventos climáticos extremos, constatando a fragilidade das
populações a atual instabilidade do clima.
6. As populações mais pobres encontram-se mais vulneráveis em consequência das alterações
climáticas potencializarem a escassez de alimentos pela queda no rendimento das culturas e
com isso o aumento do preço. O aumento das chances de destruição das moradias também é
potencializado por essas alterações.
Resumo dos impactos estimados das alterações climáticas observadas relativamente aos rendimentosentre 1960–2013
para quatro grandes culturas em regiões temperadas e tropicais, com o número de pontos de dados analisados
apresentados entre parênteses para cada categoria.
2.1. Formas das pessoas se prevenirem ou
mitigarem, no dia a dia, os efeitos do
Aquecimento Global (AG)
As medidas capazes de mitigar ou mesmo reverter o Aquecimento Global (AG) podem ser divididas
basicamente em duas categorias, aquelas em que nossas ações podem contribuir diretamente e
aquelas mais arrojadas que requerem uma ação mais abrangente e/ou requerem grandes
investimentos em tecnologia. Abaixo são elencadas algumas em que nossas ações individuais
podem contribuir (CNT, 2007; EDENHOFER et al., 2014):
1. Utilize dispositivos eletroeletrônicos de alta eficiência: inicialmente as lâmpadas
incandescentes foram substituídas pelas fluorescentes e agora estão sendo substituídas por
lâmpadas ainda mais eficientes no uso da energia, as de LED. Utilizar dispositivos classificados
com A+++ na climatização de ambientes, no aquecimento das águas e em eletrodomésticos e,
sempre que possível, integrá-los. Da mesma forma os mecanismos de automação e controle,
como medidores de consumo, sensores, contadores inteligentes e de segurança. Mantenha tais
dispositivos em dia com as manutenções, como filtros. Todos esses cuidados resultam em
menor consumo de energia e, com conseguinte, em menores emissões de carbono.
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2. Procure instalar dispositivos de geração renováveis de energia: integrar a exploração
de energias renováveis em casas e edifícios como, por exemplo, painéis solares térmicos
(produção de água quente), painéis fotovoltaicos ou minigeradores eólicos (microgeração
elétrica);
3. Use a água de forma racional: procure sempre formas de reduzir o consumo de água.
Banhos mais rápidos, chuveiros de baixo fluxo, reutilização da água de enxague da máquina de
lavar e da água de descarte da lavagem de verduras e frutas na limpeza das áreas comuns, na
irrigação de jardins e vasos de plantas.
4. Boas práticas no uso de eletroeletrônicos: independente de quão eficientes eles são,
desligue os aparelhos eletroeletrônicos que não estiverem em uso e retire-os da tomada.
Utilize-os no modo economia de energia sempre que possível. Ao retirar os dispositivos do
modo stand-by, pode-se chegar a uma economia de até 12% na energia elétrica residencial
consumida (ROSSETO, 2016).
5. Colete seu lixo de forma seletiva: esse procedimento é de fundamental importância para
que os diferentes materiais descartados possam ser reciclados. Além da reciclagem de materiais
de difícil decomposição (metais, plásticos e vidros) exceto o papel (fácil decomposição),
permite que o material orgânico (sobras de papel, restos de alimentos e de plantas como folhas,
galhos e ramos) possam ser compostados.
Utilize lâmpadas de baixo consumo.
Como a economia de água pode contribuir na redução das emissões de gases estufa?
Um menor consumo de água enseja em um menor consumo de energia, não só pela menor
quantidade de água quente, mas também pela redução do consumo de energia elétrica nas
estações de tratamento de água, nas bombas de recalque das adutoras, mas também no recalque
da água para as caixas d’água no alto dos prédios e casas. O menor consumo de energia, seja pelo
uso do gás natural para aquecimento de água, seja na geração de energia elétrica por térmicas a
gás ou a óleo, resulta em menores emissões de gases estufa, como o CO .2
Coleta seletiva.
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6. Avalie e reflita sobre seu consumo de carne vermelha: não se pode negar o quão
saboroso uma picanha bem temperada pode ser, apesar de que algumas pessoas podem
realmente não gostar. No entanto, o consumo de água para se produzir um quilo de carne de
boi, por exemplo, é muito superior ao necessário para se produzir o equivalente em vegetais.
No Brasil, grandes áreas são mobilizadas para a produção de gado de forma extensiva,
estimulando o desmatamento (queimadas) e a baixa eficiência da produção. Outra questão
importante é a produção e emissão de metano gerado pelo trato digestivo dos bovinos. Então
quer dizer que a picanha que eu como emitiu metano?
Mas, afinal, no que a coleta seletiva pode contribuir na redução das emissões de gases
estufa?
Ao permitir a reciclagem, a economia de energia pode chegar a 90% dependendo do material
reciclado e das condições de produção, quando comparado ao produto virgem, razão pela qual
devemos preferir o uso de produtos reciclados. Ao se fazer a compostagem dos materiais orgânicos
e evitar que sejam destinados aos aterros sanitários, evita-se a geração de metano, gás estufa 21
vezes mais potente na promoção do Aquecimento Global.
FIQUE SABENDO!
De acordo com a United States Environmental Protection Agency (USEPA) (2000, apud BERCHIELLI;
MESSANA; CANESIN, 2012, p. 1) quando se refere às emissões de metano por bovinos:
A emissão global de metano de origem entérica [relativo a intestinos] é estimada em 80
milhões de toneladas ao ano, o que corresponde a cerca de 22% das emissões totais de
metano gerada por fontes antrópicas [pelo homem], de modo a representar 3,3% do total
dos gases de efeito estufa. O metano aumenta, a cada ano, numa taxa de 0,9% na atmosfera
[...]
29/05/2021 Macroquestões Ambientais
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Com crescimento do rebanho mundial de bovinos, principalmente no Brasil, cresce também a
participação deste tipo de emissão, e com isso a contribuição destes animais na promoção das
mudanças climáticas.
7. Reveja sua alimentação: os alimentos orgânicos não utilizam insumos químicos e, portanto,
diminuem a pegada de carbono, ou seja, o carbono emitido no ciclo de vida destes insumos (desde a
produção até seu descarte). Outra questão importante é dar preferência aos alimentos produzidos
localmente, pois as emissões ligadas aos transportes serão reduzidas, muitos alimentos são
transportados até de avião. Imaginem a pegada de carbono destes alimentos. A preservação de
alimentos pelo resfriamento ou congelamento foi um grande ganho na capacidade de armazená-los,
mas uma vez congelado deve assim permanecer até o consumo final, o que acarreta em maior gasto
de energia e emissões.
8. Menos embalagens: esse é um problema ligado à poluição dos solos, rios e mares que vem se
agigantando e que nos aprofundaremos posteriormente. O uso excessivo de embalagens plásticas,
produto derivado do petróleo, enseja em emissões de gases estufa na produção, emissões essas que
poderiam ser menores se as embalagens plásticas tivessem um uso mais limitado.
9. Caminhe, pedale, reveze carona ou utilize o transporte público: essas atitudes
reduzem as emissões de gases estufa quando comparadas ao uso de veículo próprio, mas também
melhoram os congestionamentos, é mais saudável e econômico.
10. Mantenha o motor do seu carro regulado: motores mal regulados, situação comum nos
veículos em nossas ruas, implica em maior consumo de combustível e maior produção de gases
nocivos ao meio ambiente;
11. Verifique a pressão dos pneus uma vez por semana: muitas vezes não se dá a devida
atenção à calibragem dos pneus. Pneus vazios aumentam o consumo de combustível e, quando
muito cheios, embora possa aumentar a eficiência no uso de combustíveis, pois reduz o atrito,
aumenta o desgaste e possibilidade de acidente. Esse item é tão importante que algunsautores
alegam que se os motoristas americanos calibrassem os pneus adequadamente, a economia de
combustível, praticamente seria equivalente a toda a emissão de carbono evitada com o programa
de etanol de milho dos EUA (EAVES, J. E; EAVES, S, 2007).
Manter o motor regulado.
Manter em dia a calibragem dos pneus
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29/05/2021 Macroquestões Ambientais
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12. Dê preferência a veículos de menor consumo: esse é um item fundamental a ser levado
em conta. Verifica-se hoje nas cidades, cada vez com mais frequência, os chamados SUVs (do inglês
Sport Utility Vehicle - que significa “veículo utilitário esportivo”), os quais são grandes e pesados,
ineficientes no uso do combustível e, portanto, mais emissores, transportando, na maioria das
vezes, no dia a dia, apenas uma pessoa.
13. Mantenha sempre as pessoas ao seu lado informadas: esse é um ponto dos mais
importantes, pois em geral as pessoas estão muito envolvidas com seus afazeres, trabalho e
problemas do dia a dia. Lembrá-las do consumo consciente, excesso de embalagens, preservação
das florestas, uso de energias mais limpas, é uma iniciativa (comentar e informar) que se cada um
fizer, ao se somarem farão a diferença.
2.2. Formas de prevenção ou mitigação dos
efeitos do AG por empresas e governos
Algumas outras soluções apresentadas na prevenção e/ou mitigação dos efeitos do Aquecimento
Global (AG) vão além da capacidade do cidadão comum em realizá-las, pois estão dentro da alçada
das empresas ou requerem vultosos investimentos seja por empresas ou governos, seja devido ao
gigantismo da proposta ou pela sofisticada tecnologia envolvida, como no caso da geoengenharia a
ser abordada no próximo item. Alguns exemplos de ações pertinentes ao mundo empresarial (CNT,
2007; EDENHOFER et al., 2014):
1. Produzir eletricidade a partir da energia nuclear e de fontes renováveis: ao
contrário do que muitas vezes se pensa a energia nuclear não produz gases de efeito estufa,
embora os resíduos gerados sejam radioativos e potencialmente perigosos para o meio
ambiente. A geração renovável, por sua vez, por meio das fontes eólica (vento), solar (sol),
hidroelétrica (correntes de água em rios e no mar), geotérmica (calor interno da Terra) e
bioenergia (biomassa), são essencialmente limpas.
2. Utilizar tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS - em inglês:
Carbon Capture and Storage). Algumas unidades de geração termoelétrica por combustível
fóssil vêm utilizando métodos de captura de carbono para injeção no subsolo, evitando ou
Energia eólica.
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https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=macroquestoes-ambientais&dcp=meio-ambiente-sustentabilidade-eficiencia-energetica-e-energias-sustentaveis&topico=1 10/35
reduzindo as emissões para a atmosfera. Deve-se utilizar essa tecnologia de captura e
armazenamento de CO , entretanto, mesmo quando se usa bioenergia (fontes de energia a base
de biomassa como o bagaço de cana), pois apesar do carbono emitido ter sido capturado da
atmosfera e não dos estoques minerais como no caso da energia fóssil, ao capturá-lo e estocá-lo
no solo estamos realizando o método chamado Bio CCS, ou seja, não se evita apenas a emissão,
mas a remoção do carbono (CO ) já existente na atmosfera favorecendo o combate ao AG.
3. Substituir combustíveis de elevado teor de carbono por combustíveis de baixo
teor: um bom exemplo é a substituição do uso de carvão mineral pelo uso de gás natural.
Apesar da queima do gás natural ainda gerar emissões de CO , são proporcionalmente menores
e apresentam uma queima mais limpa.
4. Controlar as perdas de metano para a atmosfera na cadeia de extração e
transformação de combustíveis fósseis: como já abordado anteriormente, emissões de
metano são especialmente ruins para as mudanças climáticas, pois são mais efetivas na
promoção do AG.
5. Escolher matérias-primas mais duráveis e energeticamente mais eficientes;
6. Redimensionar e modernizar fornos, caldeiras e turbinas: estas iniciativas os tornam
mais eficientes; instalar motores elétricos e sistemas de controle eletrônico nas máquinas
melhoram o desempenho e eficiência;
7. Redução ou eliminação do desflorestamento e maior sustentabilidade nos
sistemas produtivos agropepecuários: buscar o uso de técnicas sustentáveis de manejo
florestal, reduzindo sua degradação; incentivar o plantio de árvores em novas áreas e
reflorestar as antigas que as perderam. As florestas se constituem em verdadeiros reservatórios
de carbono, tais procedimentos os mantêm e podem aumentar, contribuindo na captura de
carbono e prevenindo o AG; evitar queimadas em pastagens e principalmente em florestas, pois
disponibilizam grandes quantidades de CO para atmosfera rapidamente; incentivar o correto
manejo de solos e a integração como o sistemas agrosilvopastoris, onde agricultura, plantio de
árvores (silvicultura) e pecuária convivem no mesmo espaço, promovendo a captura e
manutenção do carbono no solo, fazendo dos solos, à semelhança das florestas, grandes
estoques de carbono. 
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8. Promover o correto manejo dos dejetos: principalmente em sistemas confinados de
produção animal como granjas de aves e suínos. O uso de biodigestores reduz a carga orgânica
dos dejetos, permitindo a posterior eliminação segura dos efluentes nas coleções de água;
permite a captura do metano gerado neste processo (biogás) e seu uso como combustível em
diversas aplicações como aquecimento e geração elétrica, reduzindo sua forte participação no
AG. 
9. substituir combustíveis fósseis por resíduos agrícolas e florestais: como em centrais
de produção elétrica (termoelétrica a bagaço de cana, palha de arroz, madeira de
reflorestamento, etanol, biodiesel, etc) e usar biocombustíveis nos transportes.
10. Aterros sanitários: produzir eletricidade a partir do biogás resultante da decomposição
anaeróbica (por micro-organismos sem a presença de oxigênio) da matéria orgânica de
resíduos sólidos em aterros sanitários e centros de tratamento de resíduos.
11. Sistemas adequados na coleta e tratamento de esgoto doméstico: quando o esgoto
não é coletado e tratado de forma correta, além de ser vetor para a propagação de uma série de
doenças, a decomposição dos resíduos pode ocorrer de forma anaeróbia, ou seja, gerando,
dentre outros gases, o metano. As estações de tratamento de esgoto, dependendo do processo
utilizado, podem também produzir metano, mas nestas condições, pode ser coletado e
queimado, razão pela qual se deve exigir do poder público a implantação destes sistemas de
tratamento.
FIQUE SABENDO!
Em 2007, deu-se início a construção da chamada “Grande Barreira Verde” de iniciativa dos países
que formam a União Africana. Esta barreira consistirá em um corredor e 15 quilômetros de largura
por cerca de 7.000 quilômetros de comprimento, atravessando todo o continente Africano, de leste
a oeste. Desde total, 15 % já foram concluídos e a previsão é de que se finalize em 2030. Espera-se
que esta barreira venha a conter a desertificação, seja fonte de alimentos paras as populações do
entorno e refúgio aos animais, promova a melhoria das condições ambientais (solo e água) e seja
capaz de reter cerca 250 milhões de toneladas de gás carbônico.
A Grande Barreira Verde na África.
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2.3. Formas de prevenção ou mitigação dos
efeitos do AG por empresas e governos -
Geoengenharia
A geoengenharia é a intervenção deliberada em grande escala nos sistemas naturais da Terra para
combater a mudança climática. Existe uma ampla gama de técnicas de geoengenharia propostas.
Em geral, podem ser agrupadas em duas categorias, o Gerenciamento de Radiação Solar (SRM - do
inglês Solar Radiation Management) ou Geoengenharia Solar e a Remoção de Dióxido de Carbono
(CDR - do inglês Carbon Dioxide Removal) ou geoengenharia de carbono (SHEPHERD, 2009;
THE OXFORD GEOENGINEERING, 2018). Importante salientar que as propostas apresentadas
são teóricas, no máximo em caráter experimental, seja devido aos altos custos envolvidos ou
limitações tecnológicas, seja pelos possíveis efeitos negativos sobre a biosfera.
As técnicas de SRM visam refletir uma pequena proporção da energia do Sol de volta ao espaço,
neutralizando a elevação da temperatura causada pelo aumento dos níveis de gases de efeito estufa
na atmosfera, que absorvem energia e elevam as temperaturas. Algumas técnicas propostas incluem
(SHEPHERD, 2009; THE OXFORD GEOENGINEERING, 2018):
1. Aumento do Albedo: aumentar a refletividade das nuvens ou da superfície da terra para que
mais do calor do Sol seja refletido de volta ao espaço. Para produzir este efeito, sugere-se que
embarcações sejam colocadas permanentemente no mar injetando água salgada na atmosfera,
tornando as nuvens mais brancas e com isso a refletividade. Mesmo efeito pode ser conseguido
pela injeção realizada por lançamentos de aviões ou balões.
2. Refletores espaciais: bloquear uma pequena proporção da luz do sol antes que ela chegue à
Terra pelo uso de grandes espelhos posicionados na órbita do planeta.
Produzir mais nuvens brancas poderia refletir a luz solar antes que ela chegue à Terra.
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29/05/2021 Macroquestões Ambientais
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3. Aerossóis estratosféricos: introduzir pequenas partículas refletoras na atmosfera superior
para refletir parte da luz solar antes de atingir a superfície da Terra.
Já as técnicas de CDR visam remover o dióxido de carbono da atmosfera, combatendo diretamente
o aumento do efeito estufa e a acidificação dos oceanos. Essas técnicas teriam que ser
implementadas em escala global para ter um impacto significativo nos níveis de dióxido de carbono
na atmosfera.
Algumas técnicas propostas incluem (SHEPHERD, 2009; THE OXFORD GEOENGINEERING,
2018):
Reflorestamento: plantio maciço de árvores em um esforço global. Este procedimento permite a
captura do carbono da atmosfera e seu armazenamento sob a forma de folhas, galhos e raízes, por
meio da fotossíntese. A eficiência na captura e armazenamento ocorre principalmente nos estágios
iniciais de crescimento e tende a se reduzir à medida que a árvore atinge maior porte.
Biocarbono: estimular as técnicas de manejo do solo com biomassa e enterrá-la de modo que seu
carbono fique preso no solo. Apesar da técnica apresentar algumas limitações, sua obtenção ocorre
pela queima da matéria orgânica em baixa presença de oxigênio. O material apresenta alto teor de
carbono e ao ser enterrado faz do solo um reservatório deste elemento.
Bioenergia com captura e sequestro de carbono: técnica utilizada na captura de gases de
efeito estufa como CO , resultante da queima de biomassa para produção de energia. O CO
capturado é estoca no subsolo.
Refletores espaciais - controle do nível de radiação solar pela colocação de grandes espelhos em órbita no planeta como o
objetivo de aumentar a reflexão da luz solar.
FIQUE SABENDO!
Partículas refletoras e queda na temperatura -  este fenômeno é observado na natureza quando
grandes vulcões explodem como a do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991. Após a erupção, nos
dois anos que se seguiram, verificou-se a queda da temperatura no planeta em torno de 0,5ºC. A
queda se deveu, dentre outros motivos, ao lançamento de partículas de enxofre na atmosfera e sua
dispersão, provocando o aumento da refletividade da luz do sol pelo espelhamento gerado,
enviando a radiação luminosa de volta ao espaço.
2 2
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Captura do carbono presente no ar ambiente: construção de grandes máquinas capazes de
remover o dióxido de carbono diretamente do ar ambiente e armazená-lo em outro lugar.
Fertilização dos oceanos: a técnica consiste em adicionar nutrientes, como o ferro (Fe), em
grandes áreas do oceano, em locais selecionados para aumentar a produção primária (fitoplancton)
que extrai dióxido de carbono da atmosfera. O plâncton ao morrer e afundar no oceano leva para as
profundezas o carbono capturado, acelerando a sua remoção e estocagem.
Intemperismo acelerado: técnicas que permitem o aumento da velocidade de reação de
minerais com o dióxido de carbono na atmosfera, armazenando os compostos resultantes no
oceano ou no solo.
Aumento da alcalinidade do oceano: moagem, dispersão e dissolução de rochas como
calcário, silicatos ou hidróxido de cálcio no oceano para aumentar sua capacidade de armazenar
carbono e melhorar diretamente a acidificação dos oceanos.
Pesquisadores da Carbon Engineering, em Calgary, no Canadá, operam uma planta-piloto de extração de CO diretamente
do ar na Colúmbia Britânica desde 2015.
2
Fertilização dos Oceanos com nutrientes e Fertilização dos Oceanos com Sulfato de Ferro.
3. Contaminação e degradação do solo
O solo é um dos compartimentos da biosfera onde se dá a origem e o destino final de muito do que
precisamos e de muito do que descartamos. Meio onde se cultiva as plantas, fonte de nossa
alimentação e, portanto, submetido a diferentes processos de degradação, suporte de nossas
residências, estradas e, juntamente com os lagos, rios e mares, infelizmente, destino dos resíduos
sólidos que geramos, indo dos domésticos aos industriais. Muitas vezes, entretanto, essa destinação
não é adequada resultando em sua desestabilização e contaminação.
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Neste sentido é importante conhecer algumas características dos solos para uma melhor
compreensão dos processos que os afetam. Pode parecer estranho, mas os solos, no passado, já
foram rocha. É isso mesmo, rocha. As rochas quando expostas às condições de intemperismo
(variações de umidade e temperatura) tendem a se fragmentar e pela ação concomitante das
plantas e microrganismos se desfazem, chegando ao solo que conhecemos (MALAVOLTA, 1989).
Mas esses processos não são uniformes e em função dos diferentes tipos de rocha, chegam-se a
diferentes tipos de solo com diferentes propriedades físicas e químicas (retenção de água,
permeabilidade, porosidade, fertilidade, pH, acidez, etc) e, portanto, interage de forma diferente
com os processos pelos quais os seres humanos os submetem.
Composição e distribuição volumétrica de dois solos típicos. O solo é composto por partículas sólidas: os minerais e
matéria orgânica. E também pelos poros, a parte vazia do solo, que são preenchidos com ar e água. Estas proporções
variam (solo mineral e orgânico) imprimindo interações diferentes com o manejo e os elementos poluentes a eles
submetidos.
3.1. Contaminações por agrotóxicos,
químicos diversos, fertilizantes e descarte
incorreto de lixo
Como vimos o solo apresenta espaçosvazios, chamados poros, que pode conter água e ar. São por
esses poros e pelas suas interconecções (como se fossem tubos) que a água circula por dentro do
solo (solução do solo) e pode carregar consigo desde nutrientes importantes na nutrição das plantas
(RESENDE, CURI, SANTANA 1988; MELLO et all, 1983; KIEHL, 1985; TOMÉ, 1997; RESENDE et
al, 1997) até uma infinidade de outros elementos e substâncias de origem natural ou antrópica
(produzidas pelos humanos) potencialmente capazes de contaminar os solos e provocar danos ao
meio ambiente e ao ser humano, seja de forma imediata, ou em longo prazo (SISINNO; OLIVEIRA-
FILHO, 2013). Dentre eles pode-se destacar os agrotóxicos, fertilizantes, resíduos de origem
industrial (originários da indústria petroquímica, atividades diversas e elementos radioativos) e
resíduos derivados da destinação incorreta do lixo.
3.1.1 Contaminação por agrotóxicos e fertilizantes
Dentre as substâncias que podem contaminar os solos estão os agrotóxicos, também chamados de
defensivos químicos. São utilizados com o objetivo de combater pragas e doenças de forma
preventiva ou curativa em sistemas de produção agropecuários. São inegáveis os ganhos de
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produtividade que promoveram no setor, mas a diversificação na produção de diferentes moléculas,
uso massivo e indiscriminado e muitas vezes carente de rigor técnico levaram a crescente
contaminação do solo, além de danos diretos ao ser humano quando por contato ou ingestão
quando aplicados de forma incorreta. Sisinno e Oliveira-filho (2013) mencionam que embora os
solos possam apresentar mecanismos eficientes na degradação e/ou eliminação de alguns destes
contaminantes, como a biodegradação (promovida pela grande diversidade de microrganismos
presentes no solo), esta capacidade pode ser ultrapassada pela frequência e intensidade de
aplicação.
As aplicações de agrotóxicos em culturas comerciais, principalmente, além de deixar resíduos nas
folhas das plantas, atingem diretamente o solo contaminando-o. O escorrimento provocado pela
incidência de água das chuvas ou de irrigação sobre as folhas com resíduos de agrotóxicos, ao
removê-los, também pode levá-los aos solos e, conforme comenta Sisinno e Oliveira-filho (2013), ao
se infiltrarem e atingirem os lenções freáticos pode levá-los à contaminação. Igualmente
importante é o descarte inadequado dos recipientes que contém resíduos de agrotóxicos, pois o
escorrimento gerado por ação das intempéries como chuvas pode levar a contaminação dos solos.
 Ao se analisar os dados obtidos pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos - PARA - (ANVISA 2015), relativos à distribuição dos resíduos de agrotóxicos
encontrados em 12.051 amostras de alimentos (cereal/Leguminosa, frutas, hortaliça folhosa,
hortaliças não folhosa, raiz, tubérculo e bulbo) conforme figura abaixo, concluiu-se que 58% das
amostras apresentaram algum tipo de resíduo de agrotóxico, seja dentro do Limite
Máximo de Resíduo (LMR), ou acima dele, seja pelo uso de agrotóxicos não autorizados para a
cultura.
Os fertilizantes têm como principal objetivo fornecer nutrientes às plantas e, apesar das plantas
serem capazes de absorvê-los pelas folhas (adubação foliar), o solo é o principal substrato capaz de
nutri-las adequadamente. No início da atividade agrícola, os antigos agricultores observaram que
estercos e cinzas aplicados ao solo melhoravam e/ou ajudavam a recuperar parcialmente a
produtividade perdida das culturas (KHATOUNIAN, 2001). Posteriormente, com o avanço dos
conhecimentos em nutrição vegetal e do uso de fertilizantes originários da indústria química,
Aplicação de pesticidas na cultura da soja.
Distribuição das amostras analisadas segundo a presença ou a ausência de resíduos de agrotóxicos e o tipo de
irregularidade. (LMR - limite Máximo de Resíduos). (2015).
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conhecidos como sintéticos, mais concentrados e mais solúveis, a produção de alimentos
presenciou contínuos e significativos aumentos, mas também aumentou a possibilidade da
acumulação ambiental em níveis tóxicos, tanto dos nutrientes essenciais, quanto das impurezas
inerentes a sua fabricação, dentre eles metais pesados, mesmo que em concentrações reduzidas
(BRAGA, 2005). Entre os anos 1961 e 2014, a produção de fertilizantes potássicos, fosfatados e
nitrogenados, aumentou em 32; 42,1 e 100,7 milhões de toneladas por ano, respectivamente, ou
seja, em apenas 53 anos tiveram um crescimento de 441%; 475% e 875%, respectivamente.
O aumento da área produtiva e a busca por maiores produtividades de forma desmedida e
insustentável, entretanto, intensificou não só a exploração de jazidas destes elementos,
aumentando os impactos ambientais nas áreas mineradas e seu entorno, como também o uso de
fertilizantes químicos, provocando impactos negativos sobre os solos em diferentes graus, de forma
direta ou indireta, assim elencados (RESENDE, CURI, SANTANA 1988; MELLO et all, 1983;
KIEHL, 1985; TOMÉ, 1997; RESENDE et al, 1997):
1. aumento da salinização e acidez;
2. redução da matéria orgânica;
3. erosão (perda de solo);
4. lixiviação de nutrientes (perda de nutrientes em profundidade);
5. desequilíbrio nutricional e biológico.
3.1.2 QUÍMICOS DIVERSOS E DESCARTE INCORRETO DO LIXO
Grande parte da energia consumida no mundo hoje é de origem fóssil (80%), provenientes do
carvão mineral, petróleo ou gás natural (BRAGA, 2005). O petróleo pode ser produzido tanto em
terra (onshore) quanto no mar (offshore). Ao ser transportado até as refinarias e passar pelos
processos de refino é transformado em derivados como gasolina, diesel, querosene, dentre outros, e
assim utilizado. O transporte até às refinarias é realizado por oleodutos, caminhões, navios
petroleiros ou pelo modal ferroviário, da mesma forma que seus derivados o são, e estão sujeitos a
Produção mundial de fertilizantes totais por tipo de nutriente (nitrogênio, fosfato e potássio), medida em toneladas por
ano (1961 - 2014).
Uso frequente e intensivo em fertilizantes químicos resulta na perda da Matéria Orgânica (MO) do solo (oxidação da MO).
Em geral, solos mais escuros apresentam maior teor de MO.
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acidentes e derrame nos solos, rios, ou no mar (THOMAS, 2001). Quando nos solos, provocam sua
contaminação, inviabilizando o uso na produção agropecuária, e, da mesma forma que os
agrotóxicos e fertilizantes, podem, ao penetrar nos solos, contaminar os lenções freáticos. Outra
forma, a semelhança dos agrotóxicos, é o descarte incorreto de recipientes, como tambores, que os
continham. O escorrimento do óleo proveniente destes recipientes pode atingir o solo. O
tratamento dos solos contaminados pode ser in situ, ou seja, realizado no próprio local ou ex situ,
onde requer sua retirada do local, tratamento e descarte em aterros industriais, devido à natureza
tóxica de seus componentes (BAIRD; CANN, 2011).
Outra questão de fundamental importância atualmente é a geração, o descarte e destinação
inadequada dos resíduos sólidos. O mundo vive uma crise sem precedentesonde toneladas e
toneladas destes resíduos são produzidas diariamente, originárias, principalmente, das populações
urbanas, mas também da atividade industrial. O aumento da população e o maior acesso ao
consumo vêm gerando uma quantidade sem precedentes de resíduos. Em muitos lugares, a
destinação é completamente inadequada, desde o lançamento de esgoto diretamente sobre o solo
até a formação dos lixões, aterros sanitários mal feitos, descarte de material sólido em rios e mares
ou tendo neles o seu destino final (BRAGA, 2005).
Os resíduos sólidos podem ser destinados basicamente sob três formas (BAIRD; CANN, 2011;
BRAGA, 2005; SCARLATO, 2014. Adaptado):
1. aterros controlados;
2. aterros sanitários.
Nos aterros controlados, o resíduo é enterrado, o que reduz a presença de vetores e a emanação
de maus odores. Mas a formação de chorume e a possibilidade de contaminação do lençol freático
continuam. O aterro sanitário, por sua vez, é uma obra de engenharia onde o solo é compactado
e uma manta impermeável o isola do lixo. Camadas de lixo e terra se alternam até esgotar a
capacidade do aterro. Neste caso, o percolato (chorume) é contido, coletado e tratado para descarte.
A impermeabilização, entretanto, pode se romper e vir a contaminar o solo ou ser resultado de
falha no projeto (BAIRD; CANN, 2011; BRAGA, 2005; SCARLATO, 2014):
Contaminação do solo. Descarte irregular de tambores com resíduos de petróleo em área de Santa Bárbara d“Oeste (SP)
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Já a contaminação dos solos por elementos radioativos ocorre, principalmente, devido à destinação
incorreta destes materiais originários das usinas nucleares ou quando ocorre um acidente que, ao
explodir, espalha este material sobre o solo, como os casos de Chernobyl e Fukushima. Outra fonte
de contaminação é, como no caso do césio 137 de Goiânia, provocada pela destinação incorreta de
materiais radioativos originários de máquinas e equipamentos radioterápicos utilizados em clínicas
e hospitais no tratamento de enfermidades humanas (MAZZILLI; MÁDUAR; CAMPOS, 2011).
FIQUE SABENDO!
A decomposição dos resíduos orgânicos nos aterros sanitários sob condições anaeróbias de
decomposição (ausência de oxigênio), gera metano, gás combustível que pode ser utilizado como
fonte de calor ou eletricidade. Mesmo que não seja assim utilizado deve ser queimado, pois o CO
resultante desta queima é 21 vezes menos efetivo na promoção do AG.
2
Contaminação dos solos pela destinação incorreta do lixo (Lixão).
Perda de lixiviados (chorume) pela falha na contenção em aterros sanitários. O chorume está escorrendo pela parte de
baixo do aterro. Acima estão os resíduos sólidos depositados.
Sacos de lixo com solo contaminado por elementos radioativos retirado da região de Fukushima após desastre em 2011.
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Contaminação por Césio 137 na cidade de Goiânia no ano de 1987.
FIQUE SABENDO!
O acidente com Césio 137 ocorrido na cidade de Goiânia em 1987 teve sua origem no recolhimento
de cápsula de equipamento radioterápico contendo o material por catadores em um hospital
privado abandonado no centro da cidade. Na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (de 1 a 7)
foi classificado como nível 5. É considerado o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do
mundo ocorrido fora das usinas nucleares, com 11 mortes e 600 pessoas contaminadas. O
recolhimento do material contaminado (solo, entulho de construção, brinquedos, roupas, etc)
produziu 13.500 toneladas de lixo atômico, lacrados em caixas e tambores, que permanecerão
perigosos para o meio ambiente por 180 anos.
3.2. Perda da fertilidade e perda por erosão
Vários são os fatores que levam a perda da fertilidade dos solos, dentre eles os sistemas intensivos
de produção, apesar da capacidade de reposição pelas fontes sintéticas de fertilizantes disponíveis,
conforme abordado no item anterior. Tais fontes quando em sistemas intensivos podem levar os
solos a desiquilíbrios nutricionais e químicos, além da perda de matéria orgânica, também
abordados anteriormente. A perda da fertilidade dos solos ocorre, entretanto, por processos
erosivos, em sua maioria, desencadeados pela negligência no uso de práticas sustentáveis de
manejo.
Segundo Braga (2005, p.137), a erosão acelerada provocada pela ação do ser humano sobre o solo,
pode ser assim definida:
As partículas do solo são carreadas pela água à proporção da pluviosidade e da declividade do
terreno e à proporção do tempo de replantio ou rebrota, assim como a rarefação do cultivo de
substituição implantado.
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Em outras palavras, a água da chuva ao atingir o solo sem vegetação (solos arados recentemente,
por exemplo) provoca a desagregação das partículas, facilitando seu carregamento, cuja
intensidade dependerá do volume de chuva, declividade do terreno e o tempo em que solo ficará
desnudo até que a cultura plantada venha a cobrir o solo novamente. Este processo além de
arrastar os nutrientes dos solos, arrasta o próprio solo, contribuindo para a perda da fertilidade. A
quantidade de solos perdidos por processos erosivos no Brasil e no mundo é preocupante, pois
além de afetar a fertilidade do solo, como já mencionado, provoca o assoreamento de rios e
eutrofização das águas, como veremos à frente.
Há vários agentes atmosféricos capazes de gerar erosão, mas no Brasil a erosão hídrica é a forma
predominante e pode ser assim classificada (LEPSCH, 1983):
1. Erosão laminar: é a remoção superficial de uma fina camada uniforme de solo dada pelo
escorrimento superficial da água de forma distribuída nesta superfície; é uma das formas mais
importantes de erosão, justamente pela difícil detecção.
2. Erosão em sulcos: é quando se percebe a abertura de sulcos no solo pela passagem da água
de forma concentrada. Os sulcos abertos podem ser rasos ou profundos, dependendo da
velocidade da enxurrada, tipo de solo e condição que o solo se encontra;
3. Erosão por voçoroca: é o aprofundamento da erosão em sulco, podendo chegar a atingir o
lençol freático.
O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO em inglês) e
o Painel Técnico Intergovernamental sobre Solos (ITPS em inglês) (FAO e ITPS, 2015), intitulado
“Status of the World“s Soil Resource” revela que 33% dos solos do mundo estão degradados.
Erosão, salinização, compactação, acidificação e contaminação estão entre os principais problemas.
Entre outros prejuízos, como impermeabilização dos solos – que agrava as enchentes – e perda de
fertilidade, os solos degradados captam menos carbono da atmosfera, interferindo nas mudanças
climáticas. Por outro lado, quando gerido de forma sustentável, como a utilização do conhecimento
local, tecnologias consolidadas e baseadas em observações da realidade local, o solo pode
Erosão Laminar.
Erosão por Voçoroca.
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desempenhar um papel importante na diminuição das alterações climáticas, por meio do sequestro
de carbono e outros gases de efeito estufa e assim aumentar a oferta de alimentos, promover a
regulação do clima e a proteger os serviços desempenhados pelos ecossistemas.
FIQUE SABENDO!
O mesmo relatório menciona que:
O aumento da salinidade dos solos no mundo (pode reduzir e mesmo eliminar
totalmente a produção) corresponde a uma área maior do que toda a terra arável no
Brasil (o Nordeste brasileiro é a região mais afetada);
Cerca de 30 bilhões de toneladas de solo é perdida por ano em todo o mundo,
reduzindo a fertilidade, conteúdo de água e matéria orgânica e com isso a capacidade
produtiva das culturas;
Até 2050, se medidas para combater a erosão não forem tomadas, estima-se que
poderá haver redução na produção de grãos em cerca de 8 milhões de toneladas por
ano o que equivale durante este período, por exemplo, a toda a terra arável da Índia;
Cerca de metade dos solos da América Latina são afetados por algum tipo de
degradação, e, no Brasil, erosão, acidificação, poluição, salinização, redução da
matéria orgânica e desequilíbrio de nutrientes são os principais problemas
enfrentados;
Os solos mais ácidos do mundo estão na América do Sul, embora a acidez seja um
problema para a produção agropecuária em todo o mundo;
Para atender aos 8,5 bilhões de pessoas previstos para 2030, a produção de alimentos
deverá aumentar em 60%;
As mudanças climáticas como temperaturas mais altas e eventos climáticos extremos
altera a dinâmica do solo, reduzindo a umidade, a fertilidade e aumentando a taxa de
erosão do solo.
4. Redução da biodiversidade
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Segundo Braga (2005) estima-se que existam entre 5 e 30 milhões de espécies diferentes em nosso
planeta, embora todos anos novas espécies são descobertas em todo o mundo. Pelos registros
fósseis, sabe-se da existência de processos que podem tanto levar ao aparecimento de novas
espécies como à extinção. De tempos em tempos, conforme relatam as evidências geológicas, o
planeta Terra passa por eventos naturais extremos de grande poder destrutivo, os quais resultam
em episódios de extinção em massa da vida. São descritos pela ciência cinco episódios de extinção
em massa, ocorridos nos últimos 500 milhões de anos, que tiveram como mola propulsora eventos
extremos de abrangência global, como forte vulcanismo, queda de meteoros, episódios glaciais e
interglaciais alternados e com isso alterações nos níveis de CO atmosférico e de particulados,
níveis de oxigênio e pH dos mares, dentro outros, levando a perdas de 57% a 96% da vida no
planeta (BARNOSKY et al, 2011). Há autores, entretanto, que afirmam que já estamos
vivenciando a Sexta Grande Extinção, gerada, desta vez, pelas atividades humanas
que resultam em mudanças climáticas, aumento da poluição, introdução de espécies
exóticas, caça predatória e desmatamento, as quais, por sua vez, levam a perda dos
ambientes naturais que suportam a biodiversidade (ou diversidade biológica) (WAKE;
VREDENBURG, 2008; WAGLER, 2013; CEBALLOS et al, 2015).
Algumas dessas atividades humanas já foram abordadas nos itens anteriores e vem contribuindo
para levar a uma significativa perda de nossa biodiversidade. Os dados publicados pelo
Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (2010) retratam essa situação onde as
populações de espécies de vertebrados silvestres caíram em média 31% em nível mundial, 59% nos
trópicos e 41% nos ecossistemas de água doce entre 1970 e 2006.
A Convenção da Diversidade Biológica (CDB) de 1992 foi promulgada no Brasil pelo Decreto 2.519,
de 16 de março de 1998. Em seu artigo 2, a CDB define como diversidade biológica (mesmo
que biodiversidade) como sendo a (BRASIL, 1998, n.p):
Variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de
que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de
ecossistemas.
Nos itens posteriores abordaremos de forma sucinta, algumas outras preocupantes contribuições
da humanidade na redução da biodiversidade global.
2
4.1. Desmatamento
Um dos grandes fatores determinantes na manutenção da biodiversidade dos ecossistemas
terrestres são as florestas, pois correspondem a cerca de 30% da superfície do planeta e abriga mais
de 50% dos animais terrestres e espécies de plantas, concentrando-se mais nos trópicos. Apesar do
desmatamento permanecer em patamares elevados, principalmente em regiões tropicais, torna-se
uma notícia animadora a redução significativa da perda líquida de florestas no mundo ocorrida
entre 2000-2010. Essa redução foi capitaneada pelas regiões temperadas, seja pelo plantio, seja
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pela expansão natural das florestas. A má notícia, entretanto, é o ritmo do desmatamento em
regiões tropicais continuar acelerado, principalmente pela sua conversão em áreas agrícolas,
agravado pelo fato destas regiões apresentarem maior biodiversidade (CDB-3, 2010).
Estima-se que uma área de floresta virgem (pouco alterada) correspondente ao Zimbábue tenha
sido perdida no mundo entre 2000 e 2010 conforme comenta a publicação do Secretariado da
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB-3, 2010). Estas mesmas tendências permanecem com
a publicação do Panorama da Biodiversidade Global 4 pelo Secretariado da Convenção sobre
Diversidade Biológica (CDB-4) (2014), onde faz uma avaliação intermediária do progresso rumo à
implementação do Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020.
A Floresta Amazônica detém uma das maiores biodiversidades do planeta além de contribuir com
serviços ambientais em escala global. Infelizmente, para todos nós, cidadãos do mundo, a perda
acumulada da floresta atingiu a marca de 17% da área original em 2009 e estima-se que atingirá
20% em 2020, apesar da significativa redução do desmatamento nos últimos anos (75% em relação
a 2004), conforme se verifica na figura abaixo (CDB-3, 2010; INPE, 2018).
Desmatamento anual na Amazônia Legal (km ) (a) média entre 1977 e 1988, (b) média entre 1993 e 1994, (e) início do
Plano para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).
2
4.2. Alteração de ecossistemas aquáticos
O ambiente aquático, por sua vez, detém grande importância na manutenção de alta biodiversidade
como os ecossistemas de águas interiores (água doce), os marinhos, com seus habitats costeiros e
os de mar aberto. O Panorama da Biodiversidade Global (CDB-3) (2010) constatou que as áreas
pertinentes aos ecossistemas de água interiores em todo o mundo sofreram forte alteração nas
últimas décadas e estão sendo perdidas em ritmo intenso. O grau de contaminação da água e,
portanto, sua qualidade, manteve ou apresentou piora em regiões mais povoadas e melhora em
algumas outras regiões. Observou-se também o fracionamento, a segmentação de rios por
barragens e reservatórios em termos mundiais em cerca de um terço das bacias hidrográficas
analisadas.
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Da mesma forma, os habitats costeiros apresentaram, nos últimos anos, retração quanto à
extensão, comprometendo serviços ambientais importantes, como a remoção de quantidades
expressivas de CO atmosférico. Os recifes de coral não só apresentaram declínio expressivo na
biodiversidade em nível global, desde a década de 1970,mas mesmo nos locais onde ocorreu
alguma recuperação foi em bases mais uniformes, ou seja, com menos diversificação de espécies
(CDB-3, 2010).
Pelo Índice Lista Vermelha (ILV), segundo o Panorama da Biodiversidade Global (CDB-3) (2010),
os corais apresentaram, na última década, maior taxa de declínio, aproximando-se mais
rapidamente para um risco maior de extinção, enquanto os anfíbios foram o grupo mais afetado, ou
seja, com maior risco de extinção. Mamíferos e aves, embora mais estáveis, também apresentam
tendência de aumento do risco.
FIQUE SABENDO!
Um exemplo de benefícios da recuperação da biodiversidade pela ação do homem, apesar do alto
investimento (US$ 46 milhões), foi o que ocorreu na Dinamarca em 2002, onde, ao reverter áreas de
brejos drenadas 40 anos antes, para fins agrícolas, propiciou o retorno de aves migratórias,
melhoria da pesca do salmão, no sequestro de carbono, na remoção de nutrientes e na recreação.
2
FIQUE SABENDO!
A Grande Barreira de Corais da Austrália vem apresentando evidências de perda de biodiversidade
como a morte dos corais por branqueamento, resultante do aumento da temperatura dos oceanos
e redução da capacidade de calcificação de seus esqueletos pelo aumento da acidez dos mares,
ambos provocados pelas alterações climáticas em curso. Redução expressiva de espécies como
aves marinhas, tubarões, tartarugas e determinadas espécies de corais, bem como o aumento da
frequência de doenças e aumento de espécies invasoras, como determinadas espécies de estrelas-
do-mar, capazes de predar e eliminar a diversidade destes locais, também são identificados na
Grande Barreira.
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Os sistemas oceânicos, da mesma forma, vêm apresentando queda em seus estoques pesqueiros
devido à exploração além da capacidade de regeneração. O Panorama da Biodiversidade Global
(CDB-3) (2010) relata uma redução mundial da biomassa total de peixes da ordem de 11%, havendo
redução do tamanho médio de captura em torno de 22%. Essa redução do tamanho tem como causa
a pesca excessiva de grandes predadores ultrapassando a capacidade de reposição. Importante
evidenciar o aumento da pesca de profundidade, possivelmente estimulada pela queda nos estoques
pesqueiros superficiais de acesso mais fácil, ou de maior regulamentação e pela melhoria da
tecnologia disponível. Em conjunto, os fatores apresentados, inevitavelmente, levarão a
incapacidade destes ecossistemas em atender à demanda das populações humanas.
FIQUE SABENDO!
O Índice Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas é o inventário, elaborado pela União Internacional
para Conservação da Natureza (IUCN em inglês), de maior abrangência sobre o estado de
conservação e diversidade biológica global de espécies de plantas e animais.
Um valor de 1.0 no ILV indica que todas as espécies em um grupo apresentam baixo risco de extinção em futuro próximo.
Já o valor 0 indica que todas as espécies de um grupo foram extintas.
Pesca de arrasto em profundidade. Essa técnica de pesca captura toda a vida que encontra e muitas criaturas acabam
sendo erroneamente capturadas e devolvidas mortas, incluindo peixes em extinção e mesmo corais profundos que
podem viver por centenas de anos.
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4.3. Espécies invasoras exóticas
Espécies invasoras são aquelas provenientes de outros ecossistemas, introduzidas intencionalmente
ou não, e, quando se estabelecem em um determinado ecossistema natural, ameaçam a
biodiversidade nativa, podendo trazer problemas aos sistemas produtivos humanos, como por
exemplo, a disseminação de ervas daninha e insetos que prejudicam as plantações (BRAGA, 2005;
MIHELCIC, 2012; EPA, 2013).
Vários são os exemplos de espécies invasoras exóticas, dentre elas as introduzidas de forma
proposital, como certas espécies de trutas em rios do oeste americano e de forma acidental como as
lampreias do mar pela construção de canais, carpas asiáticas pela fuga de cativeiros, mexilhões
zebra transportados e liberados em águas de lastro. Aberturas de novas estradas e passagem de
veículos foram responsáveis pela disseminação de espécies invasoras, principalmente quando tais
espécies não encontram no novo ambiente predadores capazes de controlar sua população
(MIHELCIC, 2012).
O CDB-3 (2010) mostra que apesar da dificuldade em se obter dados precisos, principalmente em
alguns países, espécies exóticas invasoras continuam sendo uma grande ameaça à biodiversidade
de todos os ecossistemas mundiais. Estima-se que na Europa, onde há melhor registro, o Inventário
das Espécies Exóticas Invasoras na Europa indicou que das 11.000 espécies exóticas na Europa,
1.094 apresentam impactos ecológicos documentados e 1.347 impactos econômicos. Os maiores
impactos são causados pelas plantas e invertebrados terrestres. A partir do modelo de comércio
internacional estabelecido, entende-se que a situação europeia pode estar se repetindo
globalmente, comprometendo a biodiversidade em todo o mundo.
As informações contidas neste item (Redução da Biodiversidade) embora tenham sido amplamente
abordadas, não se esgotam, devido à complexidade e extensão das possíveis causas que podem
comprometer a biodiversidade em nosso planeta, não só a destruição dos ambientes florestais, mas
também dos demais ecossistemas terrestres, as queimadas, a caça e o comércio ilegal de animais
silvestres. Importante o estudante perceber que as atividades humanas, quando em escala,
apresentam potencial, a médio e longo prazo, devido aos fatores ora abordados, em comprometer a
capacidade de sobrevivência dos seres vivos. O próximo item retrata essa situação, em que a
poluição da água representa uma importante macroquestão ambiental a ser considerada.
5. Água em foco
Embora muitos de vocês já tenham estudado o Ciclo da Água, cabem, aqui, algumas pinceladas
sobre o assunto, pois nos ajudarão a entender a importância em se manter não só a qualidade da
água, mas também a oferta em quantidades adequadas.
A água recobre cerca de 70% da superfície terrestre, a maior parte encontra-se no mar (cerca de
97,3%), o restante é água doce em que 2,15% está congelada nos polos e no alto de montanhas. A
água subterrânea atinge a marca de 0,31% (até 0,8 Km de profundidade), aproximadamente,
enquanto 0,01% estão nos rios, lagos e córregos. Já na atmosfera, a água doce encontra-se em torno
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0,001% e o restante em outros compartimentos não considerados, como água subterrânea
profunda. Percebe-se então que a água de fácil acesso (rios, lagos e córregos) consiste em uma
fração muito pequena do total existente (BRAGA, 2005; BOTKIN, 2011).
O sol, nesse ciclo, é responsável pela evaporação da água, posteriormente a água é condensada e
precipitada na forma de chuva ou neve, parte dela se infiltra no solo e parte escorre
superficialmente até verter nos córregos e rios e estes no mar. Parte da água infiltrada é absorvida
pelas plantas, parte fica estocada no subterrâneo e parte, por meio dos lençóis freáticos, acaba nos
córregos e rios, e, por sua vez, também nos mares. A evaporação da água promovida pelo sol faz o
ciclo recomeçar (BRAGA, 2005; BOTKIN, 2011).
PARA REFLETIR
Tudo bem, Prof., mas o que tem a ver tudo isso com a poluição da água? Vou fazer algumas
perguntas e peço que você reflita:
1. O Ciclo da Água, ou Ciclo Hidrológico, permitiria que a poluição da água localse
tornasse global?
2. A água disponível ao nosso uso é tão abundante assim? 
5.1. Poluição da água
Várias são as fontes de contaminação da água e podem ser reunidas em efluentes urbanos
(essencialmente o lançamento de esgotos e escorrimento superficial dos solos dada pelas chuvas),
industriais e agrícolas, também conhecidas como águas residuais. Embora os efluentes
urbanos formados pela presença de resíduos orgânicos (papel, restos de alimentos e dejetos,
principalmente de amimais domésticos), sólidos em suspensão e nutrientes lançados em vias
urbanas sejam fonte de contaminação dos copos d’água provenientes do escorrimento superficial, a
principal fonte de contaminação em zonas urbanas consiste no lançamento de esgoto
doméstico não tratado nos corpos d’água. Já a contaminação por efluentes industriais
pode ser orgânico, como os gerados em indústrias alimentícias, compostos fenólicos, solventes
orgânicos dentre outros, e os não orgânicos como os metais tóxicos. Da mesma forma, nutrientes e
agrotóxicos presentes em efluentes agrícolas produzidos em áreas de cultivo e criações, ao
alcançarem o corpo receptor, podem reduzir a qualidade da água, principalmente se a água destes
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corpos se destinarem ao abastecimento humano (TELLES, 2013). A questão do agrotóxico ou
defensivo agrícola foi abordada quando tratamos da macroquestão ambiental “Poluição e
Degradação dos Solos”. Revise e verifique a relação.
Os principais poluentes aquáticos podem ser assim relacionados (BRAGA, 2005):
1. Poluentes orgânicos biodegradáveis: constitui-se na Matéria Orgânica (MO) capaz de ser
biodegradada, ou seja, degradada pelos organismos decompositores. Nesta categoria está um
dos grandes problemas mundiais e brasileiros que é o lançamento de esgotos não tratados nos
sistemas fluviais (rios e córregos), lagos e mares. Os microrganismos decompositores aeróbios
(consomem oxigênio ao degradar a MO) reduzem a presença de oxigênio na água levando a
eliminação de peixes e outros organismos aeróbios. Os esgotos trazem problemas ao meio
aquático pela queda do oxigênio na água e não pela presença de substâncias tóxicas.
2. Nutrientes: juntamente com a MO biodegradável (a decomposição da MO na água também
gera nutrientes solúveis), a presença excessiva de nutrientes nos esgotos promove a
eutrofização dos copos hídricos. Entende-se por eutrofização o processo de enriquecimento da
água com nutrientes. Outra fonte de eutrofização é pela chegada de águas residuais de origem
agrícola contendo nutrientes provenientes de fertilizantes químicos e orgânicos, notadamente
nitrogênio e fósforo. A eutrofização promove o crescimento exacerbado de algas que
comprometem a qualidade da água.
3. Poluentes Orgânicos Recalcitrantes ou Refratários: são poluentes orgânicos de difícil
degradação pelos microrganismos ou não degradáveis. São eles os defensivos agrícolas ou
agrotóxicos (origem no meio rural), detergentes sintéticos (atividade industrial) e o petróleo
(acidentes ou descarte inadequado).
4. Metais: têm sua origem proveniente de diversas fontes, desde agrícola até industrial. Alguns
apresentam efeito tóxico elevado, como mercúrio, chumbo, cromo, cádmio e arsênio
dependendo da concentração. Outros, como cálcio, magnésio, ferro, manganês, cobre e zinco
podem alterar o sabor, cor e odor da água.
5. Organismos patogênicos, sólidos em suspensão, calor e elementos radioativos
podem comprometer a qualidade da água.
O aumento do aporte de nutrientes vindos de adubações químicas em áreas de plantio do continente, carreados pelos
rios e lançados no mar vem contribuindo para a eutrofização e fez crescer o número de “zonas mortas” em áreas
marítimas costeiras. Nestes locais houve significativa redução nos níveis de  oxigênio ao longo dos anos, afetando a vida
marinha, a pesca e o turismo.
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5.2. Disponibilidade e aumento da demanda
de água
A humanidade encontra-se em uma condição paradoxal em relação a água. Por um lado, a demanda
global de água é crescente, enquanto, por outro, a disponibilidade e qualidade são decrescentes. O
aumento da população, principalmente em áreas urbanas, vem exigindo maiores aportes na
captação e tratamento da água; cerca de 70% da água consumida no mundo destina-se ao setor
agropecuário e tende a aumentar pela necessidade na produção de mais alimentos; da mesma
forma, o consumo de água pelo setor energético tende a aumentar, seja na produção de biomassa
como cana-de-açúcar (etanol) e oleaginosas (biodiesel) para fins energéticos, seja para
arrefecimento (resfriamento) de reatores, turbinas e motores ligados a geração elétrica (WWAP,
2017).
Em relação à disponibilidade da água, a situação não é melhor nem animadora. Segundo o
Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWAP em
inglês) (2017), as simulações climáticas apontam para o agravamento do aquecimento global e
alteração do ciclo hidrológico em todo o planeta, expandindo os períodos de estiagem (redução na
umidade dos solos) e concentrando os períodos de chuvas, aumentando a frequência e intensidade
dos alagamentos. Verificou-se diminuição na disponibilidade da água pela queda em sua qualidade
resultado do aumento no lançamento de escoto cru e efluentes agrícolas e também de efluentes
industriais tratados de forma inadequada. O Relatório alerta para uma piora generalizada na
qualidade da água e agravamento na oferta, principalmente às populações mais carentes e em
regiões que já se apresentam com problemas de disponibilidade.
6. Conclusão
Os estudos apontam para alterações climáticas relevantes até o final do século, agravando o
Aquecimento Global (AG) caso não ocorra a descarbonização (redução nas emissões de gases
estufa, como o dióxido de carbono - CO2) no padrão de consumo das pessoas, nos serviços de
transporte e processos produtivos. Sugestões são apresentadas para prevenção e mitigação dos
efeitos do AG, indo daquelas ao alcance das pessoas até atitudes pertinentes às empresas. As
alternativas pertinentes a geoengenharia, embora a maioria delas esteja no campo teórico e
apresentam-se polêmicas, compõem medidas de combate ao AG. As mudanças climáticas trarão
efeitos negativos na produção das principais culturas agrícolas ensejando aumento da fome no
mundo, afetando principalmente os mais pobres. Intensificação e aumento da frequência de
eventos extremos como tempestades, secas, ondas de calor e furações serão sentidos. Afetará a
sobrevivência e biodiversidade de forma global. A contaminação dos solos vem se agravando com o
aumento na produção de resíduos sólidos (lixo) pelo maior consumo per capito e pelo aumente das
populações, principalmente em ambientes urbanos, e descarte incorreto destes materiais. 
Aplicações de agrotóxicos e fertilizantes químicos em plantações e na pecuária vêm contaminando
os solos e a água assim como o manejo incorreto vêm provocando a perda do solo pelos processos
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erosivos. Descarte incorreto de hidrocarbonetos (petróleo e derivados) e elementos radioativos,
também contribui a contaminação. Desmatamento e destruição de ecossistemas, invasão de
espécies exóticas, poluição da água e do solo e mudanças climáticas vêm afetando negativamente a
capacidade de sobrevivência das espécies e reduzindo a biodiversidade em nível global. A poluição
das águas é uma preocupação universal. Embora,pontualmente, haja melhora da oferta e
qualidade, houve uma piora generalizada na qualidade da água e agravamento na oferta,
principalmente às populações mais carentes e em regiões que já se apresentam com problemas de
disponibilidade. A piora na qualidade se deu predominantemente pelo lançamento de esgoto
doméstico nos corpos d’água.
7. Referências
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TOMÉ JÚNIOR, J. B. Manual

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