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Larissa Mesquita T5 Larissa Mesquita T5 Clínica Médica – Cardiologia Hipertensão arterial sistêmica ou primária: não possui uma causa específica, idiopática. Hipertensão arterial secundária: surge em decorrência de outra patologia. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA • Uma das prioridades da APS; • Importante prevenção, detecção e tratamento; • Acompanhamento longitudinal; • Fator de risco integrante do risco cardiovascular global. É uma condição clínica caracterizada pelos níveis elevados e sustentados da pressão arterial. Os valores se mantêm elevados o tempo todo, ou seja, é uma hipertensão sustentada. Caso a hipertensão tenha uma causa específica, é uma hipertensão secundária (apenas 10% dos casos). Assim, 90% dos casos são de hipertensão essencial ou primária. A HAS é a causa mais comum de uso de medicamentos de forma crônica e está relacionada com um aumento progressivo do risco cardiovascular, sendo o principal fator de risco para doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, dessa forma, estas são as principais causas de mortalidade na população hipertensa. A HAS também está associada frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo como o coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos. EPIDEMIOLOGIA: é uma das doenças mais frequentes no mundo com alta prevalência entre os adultos, considerada um problema de saúde pública no Brasil. • Grande número de pessoas acometidas e com baixas taxas de controle em torno de 19,6% • Mortalidade por doença cardiovascular aumenta progressivamente quando os níveis de PA aumentam a partir de 115/75 mmHg de forma linear, continua e independente • No mundo, a mortalidade anual por HAS é de 9,4 milhões de pessoas sendo responsável por 45% dos IAMs e AVCs • OMS estima 600 milhões de hipertensos no mundo • Sociedade Brasileira de Hipertensão: 25% da população brasileira chegando a 75% nos indivíduos acima de 70 anos. FATORES DE RISCO PARA HAS: idade, obesidade, antecedentes familiares, raça, insuficiência renal, dieta hipersódica, consumo excessivo de álcool, tabagismo, sedentarismo. FISIOPATOLOGIA DA HAS: a patogênese é pouco conhecida, mas, ocorre um aumento do nível de catecolaminas circulantes, aumento do volume intravascular, ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e aumento da resistência vascular periférica. O débito cardíaco ou a RVP deve estar alterada para que ocorra uma hipertensão arterial. PA = DC x RVP MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: é uma das maiores dificuldades no diagnóstico, pois a HAS, geralmente, é uma doença silenciosa, seus portadores permanecem assintomáticos por longos períodos. Porém, pode apresentar cefaleia na nuca (dor pulsátil), sensação de peso na cabeça, sintomas de hipertensão arterial. Complicações da HAS: Cardiovascular: aumento do risco cardiovascular, doença arterial coronariana, infarto agudo do miocárdio, miocardiopatia hipertensiva, arritmias, insuficiência cardíaca, doença vascular periférica. Cerebrovascular: AVE, demência vascular, redução da capacidade cognitiva. Renal: doença renal crônica. Oftálmica: retinopatia hipertensiva. DIAGNÓSTICO: o diagnóstico de HAS é essencialmente clínico, feito pela mediada seriada da PA em ao menos duas ocasiões. PA sistólica ≥ 140 mmHg e/ou PA diastólica ≥ 90 mmHg aferidas em duas situações distintas, com a mensuração adequada e sem uso de anti-hipertensivos. Cuidados: Hipertensão Arterial Larissa Mesquita T5 Larissa Mesquita T5 • Ambos os braços devem ser equivalentes, uma discrepância maior de 15 mmHg pode indicar estenose subclávia ou doença arterial periférica. • Observar hipotensão postural, diferença maior de 20 mmHg na PAS, em idosos, diabéticos, doença de Parkinson ou com clínica suspeita. Classificação PAS PAD PA ótima <120 <80 PA normal 120-129 80-84 Pré-hipertensão 130-139 85-89 HA estágio I 140-159 90-99 HA estágio II 160-179 100-109 HA estágio III ≥180 ≥110 O ideal de pressão é 110x70 mmHg, porém, na prática ainda se considera 120x80 mmHg um valor normal. Durante o exercício físico, estresse, a pressão aumenta. Até 140x90, caso seja um caso isolado, pode ser uma síndrome do jaleco branco, por exemplo. Assim, ainda não é considerado hipertensão arterial. !! Sempre se preocupar mais com a pressão diastólica, pois está mais relacionada com o retorno venoso, assim, significa que o paciente pode ter alguma resistência periférica. !! Diferença maior que 50 mmHg entre PA máxima e mínima é preocupante. Com o diagnóstico de HAS confirmado: • Avaliar fatores de risco e lesões de órgão-alvo Lesões de órgãos-alvo: hipertrofia ventricular esquerda, redução da fração de ejeção (IC), AVCi, AVCh, IAM, insuficiência renal. • Reavaliação de rotina no mínimo anualmente (mínimo de 6 em 6 meses se PA não controlada ou com fatores de risco). INVESTIGAÇÃO COMPLEMENTAR: • Glicemia de jejum • Colesterol total e frações • Triglicérides • Creatinina • Sedimento urinário e microalbuminúria • Potássio • ECG de repouso Considerar: ECO e albuminúria. EXAMES COMPLEMENTARES Avaliação laboratorial: • Sumário de urina (urina tipo 1) • Potássio plasmático (série) • Creatinina plasmática e estimativa do ritmo de filtração glomerular • Glicemia de jejum • Colesterol total, HDL, triglicérides plasmáticos • Ácido úrico plasmático • ECG convencional. Avaliação complementar da HAS • Radiografia de tórax Na presença de sinais de Insuficiência Cardíaca. • Ecocardiograma Hipertensos estágios 1 e 2 com dois ou mais fatores de risco. Hipertensos com suspeita de insuficiência cardíaca. • Microalbuminúria Hipertensos diabéticos. Hipertensos com síndrome metabólica. Hipertensos com dois ou mais fatores de risco. USG de carótida • USG de carótida Na presença de sopro carotídeo com sinais de doença cerebrovascular, ou com doença coronariana em pacientes com PA controlada. Muito importante quando há hiperlipidemia, pois é possível observar depósito de gordura e espessamento da carótida. • Teste ergométrico Na suspeita de doença coronariana estável, diabetes ou antecedentes familiares para doença coronariana em pacientes com PA controlada. • Hemoglobina glicada ou teste oral de tolerância a glicose Em pacientes com glicemia de jejum alterada. Quando indicar MAPA? MAPA = Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial. O paciente fica com um medidor automático da pressão arterial em seu braço durante 24 horas, sendo realizadas medidas a cada 20 minutos. O MAPA é indicado nos seguintes casos: • em suspeita de hipertensão periódica (como em feocromocitoma, por exemplo). • Avaliar resposta terapêutica • Avaliar sintomas de hipotensão (principalmente medicamentosa), • Hipertensão resistente • Disfunções autonômicas • Hipertensão do avental branco O paciente apresenta aumento dos valores de PA em consultas médicas, com medidas fora do consultório normais. • Hipertensão mascarada Larissa Mesquita T5 Larissa Mesquita T5 Há pressão elevada em medidas fora do consultório, porém, é normal na medida durante a consulta. A cada consulta, REAVALIAR: • Controle pressórico • Adesão ao tratamento • Lesão de órgãos alvos • Fatores ambientais e estilo de vida • Uso de medicações associadas • Presença de outros fatores de risco cardiovasculares TRATAMENTO: o primeiro passo é conscientizar o paciente de que a HAS é uma doença crônica e, uma vez diagnosticada, o tratamento deve ser feito pela vida toda. Assim, o paciente não deve interromper o tratamento por “não sentir nada”. Tratamento não farmacológico: orientações de mudança do estilo de vida devem ser prescritas a todos os pacientes hipertensão – sejam eles candidatos ou não a terapiafarmacológica. Adotar medidas, como: • Dieta hipossódica • Suplementação de potássio (potássio acaba agregando efeito hipotensor) • Perda de peso • Dieta • Atividade física • Evitar tabagismo • Evitar bebidas alcoólicas Tratamento farmacológico: a decisão de iniciar tratamento farmacológico deve ser individualizada baseada na estratificação de risco do paciente. Além disso, essa escolha deve considerar eficácia, contraindicações e efeitos colaterais, além de características individuais. Primeira escolha do tratamento da HAS: 1. Diurético tiazídico (cuidado com potássio), 2. iECA 3. Betabloqueador não seletivo 4. Bloqueador do canal de cálcio. Diurético a longo prazo causa menos efeito colateral. Paciente com problemas renais por exemplo, utilizar iECA. Betabloqueador utilizar mais quando há outros problemas associados. Estratificação de risco: deve ser realizada em todo paciente hipertenso ou pré-hipertenso para auxiliar na decisão terapêutica. A referência nacional (7ª DBHA) recomenda que essa estratificação seja realizada em duas etapas – classificação de risco adicional (ligado ao risco direto de HAS considerando as comorbidades do paciente) e a do risco global de doença aterosclerótica em 10 anos. Assim, o tratamento será baseado nessa estratificação de riscos: • Sem risco adicional: considerar tratamento não medicamentoso isolado • Risco adicional baixo: tratamento não medicamentoso isolado por até 6 meses. Se não atingir a meta, associar tratamento medicamentoso. • Risco adicional médio, alto e muito alto: tratamento não medicamentoso + medicamentoso. Para medidas de CONTROLE do tratamento, utilizar as seguintes metas de pressão arterial: • HAS estagio I e II com risco cardiovascular baixo e médio: < 140/90 mmHg • Hipertensos e PA limítrofe com risco cardiovascular alto e muito alto, ou com 3 ou mais fatores de risco: 130/80 mmHg. • HAS com insuficiência renal e proteinúria > 1,0g/l: 130/80 mmHg. HAS RESISTENTE: é definida como a ausência de controle pressórico com o uso de três ou mais drogas anti- hipertensivas de classes distintas (sendo uma delas diurético) em doses adequadas e excluído hipertensão do jaleco branco. HAS pseudo-resistente: resultado de medicação inadequada, má aderência ao tratamento, terapia anti- hipertensiva sub-ótima, hipertensão do jaleco branco. HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA É definida como um aumento pressórico de causa identificável, potencialmente tratável e/ou curável, e está presente em 10 a 20% dos indivíduos hipertensos. Larissa Mesquita T5 Larissa Mesquita T5 Decorrente de uma causa identificável. Que pode ser tratada com uma intervenção especifica, a qual determina a cura ou a melhora do controle pressórico. Quando investigar hipertensão secundária: !! Atenção a anamnese e exame físico, pois esse conjunto sugere indícios para o diagnóstico. Principais fatores: • Inicio da hipertensão antes dos 30 anos ou após 50 anos • Hipertensão arterial refrataria a terapia • Tríade de feocromocitoma: palpitações, cefaleia e sudorese • Uso de fármacos e drogas que podem elevar a PA • Fácies ou biotipo de doenças: doença renal, hipertireoidismo, acromegalia, Síndrome de Cushing • Presença de sopros abdominais • Assimetria de pulsos femorais • Indícios de apneia obstrutiva do sono • Aumento da creatinina • Hipopotassemia espontânea ou associada ao uso de diuréticos • Alteração em exame de urina: hematúria ou proteinúria PRINCIPAIS CAUSAS: • Medicação • Drogas ilícitas • Nefropatias • Hiperaldosteronismo primário • Hipertensão renovascular • Apneia obstrutiva do sono • Feocromocitoma • Síndrome de Cushing • Outras endocrinopatias: hipotireoidismo, hipertireoidismo, hiperparatireoidismo • Coarctação de aorta INVESTIGAÇÃO DE HAS SECUNDÁRIA: a investigação NÃO é uma recomendação de rotina, pois os testes podem produzir achados falso positivos. A investigação é recomendada apenas nas seguintes apresentações: • Apresentação atípica • Pré-púberes ou menores de 30 anos sem fator de risco • Hipertensão maligna • Hipertensão refratária a tratamento • Sintomas ou sinais que surgiram de doenças de base: sopro abdominal (renovascular), hipopotassemia (hiperaldosteronismo). !! TRATAMENTO: tratar a doença de base, ajuste de anti-hipertensivos conforme condição clínica.
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