Buscar

APG 16 - SOFRIMENTO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Objetivos 
1- Caracterizar o câncer; 
2- Discutir sobre a epidemiologia, etiologia e fatores 
de risco do câncer de pulmão; 
3- Debater sobre a classificação, fisiopatologia e 
manifestações clínicas do câncer de pulmão; 
4- Descrever como é realizado o diagnóstico do 
câncer de pulmão. 
Câncer 
↠ O câncer é uma doença que resulta de alterações nos 
processos de diferenciação e crescimento celulares. O 
processo resultante é chamado de neoplasia, que significa 
crescimento novo (PORTH, 10ª ed.). 
↠ Neoplasia significa “novo crescimento”, e um novo 
crescimento é denominado de neoplasma. O termo 
tumor foi originalmente aplicado ao edema causado pela 
inflamação, mas o uso não neoplásico de tumor 
praticamente desapareceu; portanto, o termo atualmente 
se iguala a neoplasia (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
Oncologia (do grego oncos = tumor) é o estudo dos tumores ou 
neoplasmas (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Nos tempos modernos, uma neoplasia pode ser 
definida como um distúrbio do crescimento celular que é 
desencadeado por uma série de mutações adquiridas que 
afetam uma única célula e sua progênie clonal (ROBBINS 
& COTRAN, 9ª ed.). 
OBS.: Ao contrário de alterações no crescimento do tecido ocorridas 
em processos como hipertrofia e hiperplasia, o crescimento de uma 
neoplasia tende a ser desorganizado e relativamente autônomo 
porque não há controle regulador normal do crescimento e da divisão 
celulares (PORTH, 10ª ed.). 
PROLIFERAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR 
↠ A renovação e o reparo do tecido normal envolvem 
dois componentes: proliferação e diferenciação celular 
(PORTH, 10ª ed.). 
➢ Proliferação, ou processo de divisão celular, é 
um processo adaptativo para o crescimento de 
novas células que substituirão células 
envelhecidas ou quando é necessária a 
formação de células adicionais. 
➢ Diferenciação descreve o mecanismo pelo qual 
as células se tornam cada vez mais 
especializadas a cada divisão mitótica. 
OBS.: A apoptose é uma forma de morte celular programada, que 
elimina células senescentes, células com DNA (ácido 
desoxirribonucleico) danificado ou células indesejadas (PORTH, 10ª ed.). 
CICLO CELULAR 
O ciclo celular é uma sequência ordenada de eventos que ocorrem à 
medida que uma célula duplica o seu conteúdo e se divide. Durante o 
ciclo celular a informação genética é duplicada, e os cromossomos 
duplicados são devidamente alinhados para distribuição entre duas 
células-filhas geneticamente idênticas (PORTH, 10ª ed.). 
O ciclo celular é dividido em quatro fases, conhecidas como G1, S, G2 
e M (PORTH, 10ª ed.). 
➢ A fase 1 (G1, de gap 1, em inglês) vem depois da fase pós-
mitótica, quando a síntese de DNA é interrompida e se inicia 
a síntese de RNA (ácido ribonucleico) e proteínas, quando 
começa o crescimento celular. 
➢ Durante a fase S (síntese), ocorre a síntese de DNA, 
quando se formam dois conjuntos separados de 
cromossomos, um para cada célula-filha. 
➢ A fase 2 (G2) representa a fase pré-mitótica e é 
semelhante à G1, no sentido em que interrompe a síntese 
de DNA, porém mantém a síntese de RNA e de proteínas. 
As fases G1, S e G2 são chamadas de interfase. 
➢ A fase M (mitose) é a fase de divisão nuclear, ou mitose, 
e divisão do citoplasma. 
 
 
APG 16 – “SOFRIMENTO” 
Ocorre também 
uma fase de 
inatividade (G0), 
durante a qual a 
célula pode deixar o 
ciclo celular (PORTH, 
10ª ed.). 
 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Dentro do ciclo celular, podem ser efetuadas pausas, se eventos 
específicos de cada fase do ciclo celular não tiverem sido completados. 
Estas são oportunidades para verificar a precisão do processo de 
replicação do DNA. Esses pontos de controle de danos ao DNA 
possibilitam a identificação de defeitos e os reparos, garantindo que 
cada célula-filha receba um conjunto completo de informação 
genética, idêntico ao da célula-mãe (PORTH, 10ª ed.). 
Tipos de crescimento celular 
↠ A proliferação celular pode ser controlada ou não 
controlada (INCA, 2011). 
↠ No crescimento controlado, tem-se um aumento 
localizado e autolimitado do número de células de tecidos 
normais que formam o organismo, causado por estímulos 
fisiológicos ou patológicos. Nele, as células são normais ou 
com pequenas alterações na sua forma e função, 
podendo ser iguais ou diferentes do tecido onde se 
instalam. O efeito é reversível após o término dos 
estímulos que o provocaram (INCA, 2011). 
OBS.: A hiperplasia, a metaplasia e a displasia são exemplos desse tipo 
de crescimento celular (INCA, 2011). 
 
↠ No crescimento não controlado, tem-se uma massa 
anormal de tecido, cujo crescimento é quase autônomo, 
persistindo dessa maneira excessiva após o término dos 
estímulos que o provocaram. As neoplasias (câncer in situ 
e câncer invasivo) correspondem a essa forma não 
controlada de crescimento celular e, na prática, são 
denominadas tumores (INCA, 2011). 
Classificação das neoplasias 
Os órgãos do corpo são compostos por dois tipos de tecido: 
parênquima e estroma ou tecido de suporte (PORTH, 10ª ed.). 
As células do parênquima representam os componentes funcionais de 
um órgão. As células do parênquima de uma neoplasia determinam 
seu comportamento e são o componente para o qual a neoplasia é 
nomeada. O tecido de suporte inclui a matriz extracelular e o tecido 
conjuntivo que circunda as células do parênquima. Os vasos linfáticos 
e sanguíneos fornecem alimentação e suporte para as células do 
parênquima (PORTH, 10ª ed.). 
Todos os tumores apresentam dois componentes básicos: (ROBBINS 
& COTRAN, 9ª ed.). 
➢ células neoplásicas clonais que constituem o parênquima 
tumoral; 
➢ estroma reativo feito de tecido conjuntivo, vasos 
sanguíneos e números variáveis de células do sistema 
imune inato e adaptativo. 
A classificação dos tumores e seu comportamento biológico são 
baseados principalmente no componente parenquimatoso, mas seu 
crescimento e disseminação são criticamente dependentes do seu 
estroma (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Neoplasias geralmente são classificadas como benignas 
ou malignas (PORTH, 10ª ed.). 
↠ Neoplasias que contêm células bem diferenciadas 
agrupadas em conjunto em uma massa única são 
consideradas benignas. Essas neoplasias geralmente não 
causam a morte, a menos que sua localização ou seu 
tamanho interfira nas funções vitais (PORTH, 10ª ed.). 
 
↠ Neoplasias malignas, ao contrário, são menos 
diferenciadas e têm a capacidade de se desprender, 
entrar no sistema circulatório ou linfático e formar 
neoplasias malignas secundárias em outros locais no 
organismo (PORTH, 10ª ed.). Os tumores malignos são 
referidos coletivamente como cânceres, um derivado da 
palavra latina caranguejo, pois costumam se aderir a 
qualquer região na qual estejam, de maneira obstinada 
(ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
O termo carcinoma é empregado para designar uma neoplasia maligna 
com origem no tecido epitelial. Neoplasias malignas de origem 
mesenquimal são chamadas sarcomas (PORTH, 10ª ed.). 
 
Câncer in situ e câncer invasivo 
↠ O câncer não invasivo ou carcinoma in situ é o 
primeiro estágio em que o câncer pode ser classificado 
(essa classificação não se aplica aos cânceres do sistema 
sanguíneo). Nesse estágio (in situ), as células cancerosas 
estão somente na camada de tecido na qual se 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
desenvolveram e ainda não se espalharam para outras 
camadas do órgão de origem. A maioria dos cânceres in 
situ é curável se for tratada antes de progredir para a 
fase de câncer invasivo (INCA, 2011). 
↠ No câncer invasivo, as células cancerosas invadem 
outras camadas celulares do órgão, ganham a corrente 
sanguínea ou linfática e têm a capacidade de se 
disseminar para outras partes do corpo. Essa capacidade 
de invasão e disseminação que os tumores malignos 
apresentam de produzir outros tumores, em outras 
partes do corpo, a partir de um já existente,é a principal 
característica do câncer. Esses novos focos de doença 
são chamados de metástases (INCA, 2011). 
 
CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS CANCEROSAS 
↠ As células cancerosas têm duas características 
principais: proliferação rápida e anormal e perda de 
diferenciação. A perda da capacidade de diferenciação 
significa que não apresentam as características e 
propriedades normais de células diferenciadas e, por 
conseguinte, são mais semelhantes às células 
embrionárias (PORTH, 10ª ed.). 
↠ O termo anaplasia descreve a perda da capacidade de 
diferenciação celular do tecido canceroso (PORTH, 10ª ed.). 
O termo anaplasia significa “formar-se para trás”, indicando 
uma reversão da diferenciação para um nível mais 
primitivo (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Alguns tipos de câncer apresentam apenas ligeira 
anaplasia, enquanto outros exibem anaplasia marcante. A 
classificação citológica/histológica de neoplasias se baseia 
no grau de diferenciação e no número de células em 
proliferação e de grau IV, pouco diferenciadas, exibindo 
anaplasia marcante (PORTH, 10ª ed.). 
↠ As características de proliferação e diferenciação 
alteradas estão associadas a uma série de outras 
alterações nas características e funções das células, que 
distinguem células cancerígenas de suas homólogas 
normalmente diferenciadas (PORTH, 10ª ed.). 
➢ Instabilidade genética: As características da instabilidade 
genética incluem aneuploidia, em que o número de 
cromossomos aumenta ou diminui; instabilidade 
intracromossômica, que inclui inserções, exclusões e 
amplificações; instabilidade de microssatélites, que envolve 
pequenas sequências repetitivas de DNA; e mutações 
pontuais. 
➢ Independência do fator de crescimento: capacidade de 
proliferação, mesmo na ausência de fatores de 
crescimento. Algumas células cancerosas podem produzir 
seus próprios fatores de crescimento e secretá-los para o 
meio de cultura, enquanto outras têm receptores ou 
proteínas de sinalização anormais que podem ativar 
inadequadamente as vias de sinalização de crescimento 
celular. 
➢ Inibição celular dependente de densidade: é a interrupção 
do crescimento depois que as células alcançam uma 
densidade específica. Isso, às vezes, é chamado de inibição 
por contato porque frequentemente as células param de 
crescer quando entram em contato umas com as outras. 
Possíveis explicações para que células cancerosas percam 
a capacidade de inibição por contato dependente de 
densidade incluem a independência do fator de 
crescimento, mecanismos oxidativos e alterações nas 
interações entre as vias de sinalização para adesão celular 
e crescimento. 
➢ Dependência de ancoragem: Células cancerosas, no 
entanto, frequentemente permanecem viáveis e se 
multiplicam sem as conexões normais com outras células 
ou com a matriz extracelular. 
➢ Comunicação entre as células: Outra característica das 
células cancerosas é a comunicação defeituosa entre uma 
célula e outra, uma condição que por sua vez contribui 
para outras características dessas células. 
➢ Tempo de vida: Células cancerosas diferem das células 
normais por serem imortais, com um tempo de vida útil 
ilimitado. A maioria das células cancerosas mantém altos 
níveis de telomerase, uma enzima que impede o 
encurtamento dos telômeros. 
➢ Expressão do antígeno: Células cancerosas também 
expressam diversas moléculas de superfície celular ou 
antígenos, que são imunologicamente identificadas como 
estranhas. 
Oncogênese ou carcinogênese 
↠ O processo de formação do câncer é chamado de 
carcinogênese ou oncogênese e, em geral, acontece 
lentamente, podendo levar vários anos para que uma 
célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor 
visível (INCA, 2011). 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ A hipótese é de que o processo pelo qual agentes 
carcinogênicos (causadores de câncer) transformam 
células normais em células cancerosas seja um 
mecanismo de várias etapas, que pode ser dividido em 
três estágios: iniciação, promoção e progressão (PORTH, 
10ª ed.). 
 
➢ Iniciação é a primeira etapa e descreve a 
exposição das células a um agente 
carcinogênico, fazendo-as vulneráveis à 
transformação cancerígena. Os agentes 
carcinogênicos podem ser químicos, físicos e 
biológicos ou produzir alterações irreversíveis no 
genoma de uma célula, previamente normal. 
Como os efeitos dos agentes iniciadores são irreversíveis, 
várias doses divididas podem alcançar os mesmos efeitos 
de uma única exposição à mesma dose total ou a 
pequenas quantidades de substâncias altamente 
cancerígenas. As células mais sensíveis a alterações 
mutagênicas são aquelas que estão em síntese 
ativa de DNA. 
➢ Promoção é a segunda etapa, que viabiliza o 
crescimento exponencial de células, 
desencadeado por vários fatores de 
crescimento e químicos. A promoção é 
reversível se a substância promotora for 
removida. Células que foram iniciadas de maneira 
irreversível podem ser promovidas, mesmo 
após longos períodos de latência. O período de 
latência varia com o tipo de agente, dose e 
características das células-alvo. Muitos 
carcinógenos químicos são chamados de 
carcinógenos completos, porque podem iniciar e 
promover a transformação neoplásica. 
➢ Progressão é a última etapa do processo e se 
manifesta quando as células neoplásicas 
adquirem alterações fenotípicas malignas que 
promovem invasão, competência metastática, 
tendência de crescimento autônomo e maior 
instabilidade do cariótipo. 
BASES GENÉTICA E MOLECULAR DO CÂNCER 
Acredita-se que a patogênese molecular da maioria dos cânceres se 
origine a partir de um dano genético ou mutação, com as 
consequentes alterações na fisiologia celular que transformam uma 
célula com funcionamento normal em uma célula cancerosa. Fatores 
epigenéticos que envolvem o silenciamento de um gene ou mais 
genes também podem estar envolvidos na patogênese molecular do 
câncer (PORTH, 10ª ed.). 
GENES ASSOCIADOS AO CÂNCER 
A maioria dos genes associados ao câncer pode ser classificada em 
duas grandes categorias, com base no fato de uma hiperatividade ou 
hipoatividade de um gene aumentar o risco de câncer. A categoria 
associada à hiperatividade do gene envolve proto-oncogenes, que são 
genes normais que se tornam oncogenes causadores de câncer 
quando sofrem mutação. Os proto-oncogenes codificam proteínas 
celulares normais, como fatores de crescimento, receptores de fator 
de crescimento, moléculas de sinalização de fator de crescimento e 
fatores de transcrição que promovem o crescimento celular ou 
incrementam a sinalização dependente de fator de crescimento 
(PORTH, 10ª ed.). 
A categoria associada à hipoatividade do gene inclui os genes 
supressores de neoplasia, que, por serem menos ativos, criam um 
ambiente que promove o desenvolvimento do câncer. Genes 
supressores de neoplasia incluem o gene do retinoblastoma (RB), que 
normalmente impede a divisão celular, e o gene TP53, que 
normalmente se torna ativo em células com DNA danificado para iniciar 
apoptose (PORTH, 10ª ed.). 
A perda de atividade de RB pode acelerar o ciclo celular e conduzir a 
um aumento da proliferação celular, enquanto a inatividade de TP53 
pode aumentar a sobrevivência de células com DNA danificado. O gene 
TP53 tornou-se um indicador confiável do prognóstico. Existem 
diversos eventos genéticos capazes de levar à formação de oncogene 
ou à perda de função do gene supressor de neoplasia (PORTH, 10ª 
ed.). 
MECANISMOS EPIGENÉTICOS 
Envolvem alterações nos padrões de expressão de genes, sem 
alteração no DNA. Os mecanismos epigenéticos podem “silenciar” 
certos genes, como genes supressores de neoplasia, de modo que, 
mesmo que o gene exista, ele não seja expresso, deixando de 
produzir uma proteína supressora de câncer. Um desses mecanismos 
de silenciamento epigenético é a metilação da região promotora do 
gene, que impede uma mudança de transcrição e provoca a 
inatividade do gene(PORTH, 10ª ed.). 
 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Vias molecular e celular 
Existem inúmeros mecanismos moleculares e celulares com uma 
infinidade de vias e genes associados conhecidos ou suspeitos por 
facilitar o desenvolvimento do câncer. Genes que aumentam a 
suscetibilidade ao câncer ou facilitam seu desenvolvimento incluem 
falhas nos mecanismos de reparo do DNA, nas vias de sinalização do 
fator de crescimento, evasão de apoptose, impedimento da 
senescência celular, desenvolvimento de angiogênese sustentada e 
metástase e invasão. Além disso, ocorre o envolvimento de mutações 
genéticas associadas, que viabilizam a invasão e sobrevivência em 
tecidos vizinhos, bem como a evasão da detecção e ataque 
imunológicos (PORTH, 10ª ed.). 
 
Câncer de pulmão 
Epidemiologia 
↠ O câncer de pulmão é a doença maligna mais comum 
em todo o mundo; de todos os novos casos de câncer, 
13% são de câncer de pulmão (ARAUJO et. al., 2018). 
↠ O câncer de pulmão é a causa mais comum da 
principal incidência e mortalidade por câncer no mundo 
no homem, enquanto na mulher é a terceira causa mais 
comum de incidência de câncer e a segunda causa mais 
comum de mortalidade por câncer (BROADDUS, 2017). 
↠ No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou 
em 596.000 o número de novos casos de câncer em 
2016, 28.220 (4.7%) dos quais foram casos de neoplasia 
maligna primária de pulmão. O câncer de pulmão é o 
segundo tipo de câncer de maior incidência em homens 
e o quarto tipo de câncer de maior incidência em 
mulheres no país (ARAUJO et. al., 2018). 
 
↠ Estudos revelam que a epidemiologia do câncer de 
pulmão sofreu mudanças significativas nos últimos anos, 
revelando o aumento na população feminina e declínio 
nos homens (MENDONÇA et. al., 2020). 
↠ Em 90% dos casos diagnosticados, o câncer de 
pulmão está associado ao consumo de derivados de 
tabaco (BREY et. al., 2020). 
Etiologia e Fatores de Risco 
↠ O tabagismo causa mais de 80% dos casos de câncer 
do pulmão. O risco de desenvolvimento desse tipo de 
câncer em tabagistas aumenta com a duração do uso e 
o número de cigarros fumados por dia. Fumantes de 
qualquer idade podem ser beneficiados por parar de 
fumar (PORTH, 10ª ed.). 
Há uma correlação quase linear entre a frequência do câncer de 
pulmão e a quantidade de maços/ano consumida. O risco aumentado 
torna-se 60 vezes maior entre fumantes pesados habituais (dois 
maços ao dia, por 20 anos) comparado com o de não fumantes. 
Contudo, como o câncer de pulmão se desenvolve em apenas 11% 
dos fumantes pesados, há outros fatores que predispõem os indivíduos 
a essa doença mortal (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
Fumar passivamente (proximidade aos fumantes) aumenta o risco de 
desenvolvimento de câncer de pulmão em aproximadamente duas 
vezes, quando comparado com não fumantes. Fumar cachimbo e 
charutos também aumenta o risco, mas de maneira mais modesta 
(ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
CIGARRO CONVENCIONAL X CIGARRO ELETRÔNICO 
O uso do cigarro convencional decorre da queima do tabaco, que além 
da presença de nicotina, libera em sua fumaça uma mistura de gases, 
vapores, partículas líquidas e micropartículas. Esses subprodutos da 
combustão induzem respostas biológicas adversas que levam ao 
desenvolvimento de doenças crônicas, como câncer de pulmão, 
doenças cardíacas e doenças pulmonares obstrutivas crônicas, estando 
esses sintomas respiratórios presentes em indivíduos com graus 
variados de dependências. A partir desse entendimento, buscaram-se, 
nos últimos anos, alternativas que pudessem promover a interrupção 
do uso do cigarro convencional e a redução substancial dos riscos de 
comprometimento à saúde (ARAÚJO et. al., 2022). 
Diante de tal perspectiva e visando suprir tais objetivos, surge o cigarro 
eletrônico (e-cig). Sistema eletrônico de entrega de nicotina, cigarro 
eletrônico, vape ou e-cigarette foi desenvolvido com o intuito de ser 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
uma alternativa mais segura em comparação ao cigarro tradicional, 
sendo composto por três componentes: um elemento de 
aquecimento alimentado por bateria, um cartucho (substituível) ou 
tanque (recarregável) contendo uma solução feita de propilenoglicol, 
glicerina, nicotina, água e aromas, conhecida como e-líquido, e um 
atomizador que vaporiza a solução quando aquecida. Por ter um 
sistema baseado na vaporização do tabaco ao invés da queima e por 
controlar as quantidades de nicotina e outras substâncias, é visto como 
potencial minimizador de doenças e como um forte aliado no processo 
de desintoxicação. Entretanto, ainda são considerados novos e seus 
reais impactos para a saúde ainda não foram totalmente esclarecidos 
(ARAÚJO et. al., 2022). 
Os componentes mais observados no cigarro eletrônico são o 
propilenoglicol e o glicerol. O propilenoglicol é causador de irritação no 
sistema respiratório e tem alta afinidade pelo sistema nervoso e baço, 
resultando em significativas alterações quando utilizado em tempo 
prolongado. Já o glicerol possui alto potencial carcinogênico, além de 
também causar irritação nas vias aéreas. Outras substâncias 
consideradas extremamente tóxicas para os seres humanos 
encontradas nos DEF e relatadas por diversos autores foram propanol, 
formaldeído, acroleína, nitrosaminas e nicotina (SOUTO et. al., 2022). 
↠ Riscos industriais também contribuem para a incidência 
do câncer de pulmão. Um risco reconhecido comumente 
é a exposição ao asbesto. O risco médio de desenvolver 
câncer de pulmão é expressivamente maior nos 
indivíduos que trabalham com asbestos, em comparação 
com a população geral (PORTH, 10ª ed.). 
OBS.: Não é certo se a poluição do ar, por si só, aumenta os riscos de 
câncer no pulmão, mas ela provavelmente aumenta o risco nos 
indivíduos que fumam ou estão expostos a fumaça de tabaco de 
terceiros. Isso se dá por diferentes mecanismos. A exposição crônica 
a partículas do ar poluído pode causar irritação dos pulmões, 
inflamação e reparo, e você se lembra que as inflamações e reparos 
crônicos aumentam os riscos de vários tipos de câncer. Uma forma 
específica de poluição do ar que contribui para o aumento do risco 
de câncer de pulmão é o gás radônio. O radônio é um gás abundante 
em radioatividade que foi associado epidemiologicamente ao aumento 
do câncer de pulmão em mineradores de urânio, particularmente nos 
fumantes (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Além do tabagismo e dos riscos industriais, também 
há indícios sugestivos de uma predisposição familiar ao 
câncer de pulmão. Isso pode ser atribuído a uma 
predisposição genética, cujo traço é expresso apenas 
quando há algum outro fator predisponente importante – 
no caso, tabagismo (PORTH, 10ª ed.). 
↠ A susceptibilidade genética e comorbidades também 
contribuem para o desenvolvimento da doença. Ademais, 
a carcinogênese é um processo complexo que envolve 
a participação de fatores de risco hereditários e 
ambientais, tais como a alimentação, o hábito de fumar, a 
ocupação e a exposição à radiação e a agentes químicos 
nos ambientes (BREY et. al., 2020). 
FATORES ALIMENTARES: As diferenças na dieta são consideradas como 
uma das razões que explicam a heterogeneidade na ocorrência de 
câncer de pulmão entre pessoas com fatores de risco semelhantes 
(ou seja, tabagismo e outras exposições) para essa doença. Os achados 
em estudos de coorte observacional que sugerem que dietas mais 
altas em frutas e vegetais diminuem o risco de câncer de pulmão não 
foram replicados em ensaios clínicos que examinam a suplementação 
(UPTODATE, 2021). 
Classificação 
↠ O câncer de pulmão geralmente é subdividido em 
quatro grupos principais, com taxas de incidência próprias 
em cada grupo. Isso inclui carcinoma pulmonar 
espinocelular (25 a 40%), adenocarcinomas (20 a 40%), 
carcinoma de pequenas células (20 a 25%) e carcinoma 
de células grandes (10 a 15%) (PORTH, 10ª ed.). 
OBS.: Com as finalidades de estadiamentoe tratamento, os cânceres 
pulmonares geralmente foram subclassificados em cânceres 
pulmonares de pequenas células (CPPC) e cânceres pulmonares de 
células não pequenas (CPCNP). Na verdade, um sistema inteiramente 
novo de classificação dos cânceres de pulmão está em 
desenvolvimento, no qual o carcinoma de células não pequenas é cada 
vez menos usado, e o carcinoma de células grandes tem sido 
substituído pelos carcinomas neuroendócrinos de células grandes 
(PORTH, 10ª ed.). 
IMPORTANTE: O adenocarcinoma é, atualmente, a forma mais comum 
de câncer de pulmão em mulheres e, em muitos estudos, em homens 
também. A base para essa mudança não é clara. Um possível fator é 
o aumento do número de mulheres tabagistas, porém isso apenas 
destaca nossa falta de conhecimento sobre o motivo pelo qual as 
mulheres tendem a desenvolver mais adenocarcinomas. Uma 
possibilidade é que as alterações no tipo de cigarro (pontas dos filtros, 
baixo alcatrão e nicotina) levaram os fumantes a inalar mais 
profundamente e, consequentemente, a expor mais as vias aéreas 
periféricas e as células (com uma predileção pelo adenocarcinoma) a 
carcinógenos (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
CÂNCERES PULMONARES DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS 
↠ Os CPCNP incluem carcinomas espinocelulares, 
adenocarcinomas e carcinomas de células grandes. Como 
também ocorre com os CPPC, esses cânceres podem 
sintetizar produtos bioativos e causar síndromes 
paraneoplásicas (PORTH, 10ª ed.). 
ADENOCARCINOMA 
↠ É um tumor epitelial maligno invasivo com 
diferenciação glandular ou produção de mucina pelas 
células tumorais (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Os adenocarcinomas crescem em vários padrões, 
incluindo acinar, lepídico, papilar, micropapilar, e sólido com 
produção de mucina. Em comparação com os 
carcinomas de células escamosas, as lesões em geral 
7 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
estão localizadas mais perifericamente e tendem a ser 
menores. Variam histologicamente de tumores bem 
diferenciados com elementos glandulares óbvios a lesões 
papilares que lembram outros carcinomas papilares e até 
massas sólidas com glândulas e células produtoras de 
mucina apenas ocasionais (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ O adenocarcinoma de pulmão é mais comum nas 
mulheres e em não fumantes. Os adenocarcinomas 
podem originar-se dos tecidos bronquiolares ou alveolares 
do pulmão. Em alguns casos, estão associados a áreas de 
retração fibrótica. Essas áreas podem ser ocasionadas por 
infartos antigos, corpos estranhos metálicos, feridas e 
infecções granulomatosas, inclusive tuberculose. Em geral, 
os adenocarcinomas têm prognóstico mais desfavorável 
que os carcinomas espinocelulares nos estágios 
correspondentes (PORTH, 10ª ed.). 
↠ A maioria expressa o fator de transcrição da tireoide-
1, identificado primeiramente na tireoide, esse fator é 
necessário para o desenvolvimento normal do pulmão. Na 
periferia do tumor geralmente há um padrão lepídico de 
disseminação, em que as células do tumor “rastejam” 
pelos septos alveolares com aparência normal (ROBBINS 
& COTRAN, 9ª ed.). 
 
 
 
↠ Tumores (≤ 3 cm) com um componente invasivo 
pequeno (≤ 5 mm) associado com cicatrizes e padrões 
de crescimento lepídico periférico são chamados de 
adernocarcinomas microinvasivos. Eles apresentam 
prognósticos muito melhores do que carcinomas invasivos 
do mesmo tamanho (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Adernocarcinomas mucinosos tendem a se espalhar 
pelos espaços aéreos, formando tumores satélites. Estes 
podem apresentar-se como nódulos solitários ou 
múltiplos, ou um lobo inteiro pode estar consolidado pelo 
tumor, lembrando uma pneumonia lobar, e, portanto, com 
menor probabilidade de cura por cirurgia (ROBBINS & 
COTRAN, 9ª ed.). 
CARCINOMA ESPINOCELULAR OU CARCINOMA DE CÉLULAS 
ESCAMOSAS 
↠ É diagnosticado mais comumente nos homens e está 
relacionado com a história de tabagismo. Esse tipo de 
carcinoma tende a originar-se dos brônquios centrais, 
como uma proliferação intraluminar e, por isso pode ser 
diagnosticado mais precocemente pelo exame citológico 
do escarro, em comparação aos outros tipos de câncer 
do pulmão (PORTH, 10ª ed.). 
 
 
 
 
↠ As lesões precursoras que originam o carcinoma de 
células escamosas invasivo são bem caracterizadas. Os 
carcinomas de células escamosas frequentemente são 
precedidos por metaplasia escamosa ou displasia do 
epitélio brônquico, que então se transforma em um 
carcinoma in situ, uma fase que pode durar vários anos 
(ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
Nesse momento, células atípicas podem ser identificadas em 
esfregaços citológicos do escarro, lavados broncoalveolares ou 
escovados brônquicos, embora a lesão seja assintomática e não 
detectável em radiografias (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Finalmente, aparece um carcinoma de células 
escamosas invasivo. O tumor pode, então, seguir uma 
variedade de caminhos. Ele pode crescer de forma 
exofítica dentro da luz brônquica, produzindo uma massa 
intraluminal. Com o aumento subsequente, o brônquio fica 
obstruído, causando atelectasia distal e infecções. O tumor 
também pode penetrar nas paredes dos brônquios e 
Variantes histológicas do carcinoma pulmonar. A, Adenocarcinoma formando uma glândula; o detalhe 
mostra a expressão do fator de transcrição da tireoide-1 (TTF-1), conforme detectado pela imuno-
histoquímica. B, Carcinoma de células escamosas bem-diferenciado, mostrando queratinização (setas). C, 
Carcinoma de pequenas células. Há ilhas de pequenas células fortemente basofílicas e áreas de necrose. 
D, Carcinoma de grandes células. As células cancerígenas são pleomórficas e não mostram evidências 
de diferenciação glandular ou escamosa. 
Lesões precursoras do carcinoma de células escamosas. Algumas das alterações mais precoces (“leves”) 
no epitélio respiratório danificado de tabagistas incluem hiperplasia das células calciformes (A), hiperplasia 
das células basais (ou células de reserva) (B) e metaplasia escamosa (C). Alterações mais graves incluem 
o aparecimento de displasia escamosa (D) caracterizada pela presença de epitélio escamoso 
desordenado, com perda de polaridade nuclear, hipercromasia nuclear, pleomorfismo e figuras mitóticas. 
A displasia escamosa pode progredir pelos estágios da displasia leve, moderada e severa. O carcinoma in 
situ (CIS) (E), estágio imediatamente precedente do carcinoma escamoso invasivo (F), por definição não 
ultrapassa a membrana basal e possui características citológicas similares às do carcinoma franco. 
8 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
infiltrar o tecido peribrônquico, atingindo a carina ou o 
mediastino. Em outros casos, o tumor cresce ao longo de 
uma frente ampla para produzir massa 
intraparenquimatosa em forma de couve-flor, que 
empurra a substância pulmonar à sua frente (ROBBINS & 
COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Como em quase todos os tipos de câncer de pulmão, 
o tecido neoplásico é branco-acinzentado e firme a 
endurecido. Especialmente quando os tumores são 
volumosos, as áreas focais de hemorragia ou necrose 
podem parecer produzir um pontilhado vermelho ou 
amarelo-esbranquiçado e ecimento. Algumas vezes, esses 
focos necróticos são cavitados (ROBBINS & COTRAN, 9ª 
ed.). 
 
↠ O carcinoma espinocelular busca disseminar-se 
centralmente aos brônquios primários e aos linfonodos 
hilares e, nos estágios mais avançados que com os outros 
cânceres broncogênicos, espalha-se para fora do tórax. O 
carcinoma espinocelular está associado às síndromes 
paraneoplásicas que causam hipercalcemia (PORTH, 10ª 
ed.). 
CARCINOMA DE GRANDES CÉLULAS 
↠ É um tumor epitelial maligno indiferenciado sem as 
características citológicas ou outras formas de câncer de 
pulmão. As células tipicamente apresentam núcleos 
grandes, nucléolos proeminentes e quantidade moderada 
de citoplasma (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
↠ Caracteriza-se por células poligonais volumosas. Esses 
tumores constituem um grupo de neoplasias altamenteanaplásicas e difíceis de classificar como carcinomas 
espinocelulares ou adenocarcinomas. Os carcinomas de 
células grandes tendem a ocorrer na periferia dos 
pulmões e invadir brônquios segmentares e vias 
respiratórias mais calibrosas (PORTH, 10ª ed.). 
↠ O carcinoma de grandes células é um diagnóstico de 
exclusão, já que não expressa os marcadores associados 
com o adenocarcinoma (TTF-1, napsina A) e o carcinoma 
de células escamosas. Uma variante histológica é o 
carcinoma neuroendócrino de grandes células, que tem 
características moleculares similares àquelas que 
caracterizam o carcinoma de pequenas células, mas é 
composto por células tumorais de maior tamanho. 
↠ Os tumores desse tipo têm prognóstico desfavorável, 
em razão de sua tendência a produzir focos 
metastásticos distantes em estágios iniciais de sua 
evolução (PORTH, 10ª ed.). 
CÂNCERES PULMONARES DE PEQUENAS CÉLULAS 
↠ Esse tipo de célula está diretamente associado ao 
tabagismo e somente em casos raros é observado em 
indivíduos que nunca fumaram (PORTH, 10ª ed.). 
↠ Os CPPC são altamente malignos, tendem a causar 
infiltrados difusos, disseminam em estágios precoces de 
sua evolução e quase nunca são operáveis (PORTH, 10ª 
ed.). 
↠ Os CPPC caracterizam-se por um tipo celular distintivo, 
isto é, células redondas ou ovais pequenas com tamanho 
semelhante ao de um linfócito. As células proliferam em 
grupos que não demonstram organização glandular ou 
escamosa (PORTH, 10ª ed.). 
↠ Exames de microscopia eletrônica revelam a existência 
de grânulos neurossecretórios em algumas células do 
tumor, que são semelhantes aos encontrados no epitélio 
brônquico do feto ou do recém-nascido. Esses grânulos 
sugerem a possibilidade de que alguns desses tumores 
secretem hormônios polipeptídicos. Marcadores 
neuroendócrinos, como enolase específica dos neurônios, 
peptídio semelhante ao paratormônio e outros produtos 
hormonais ativos, sugerem que esses tumores podem ter 
origem nas células neuroendócrinas do epitélio brônquico 
(PORTH, 10ª ed.). 
↠ Metástases cerebrais são especialmente comuns e 
podem ser as primeiras manifestações do tumor. Esse 
tipo de câncer pulmonar está associado a várias 
síndromes paraneoplásicas, inclusive síndrome de 
secreção inadequada de hormônio antidiurético (SSIADH), 
síndrome de Cushing associada à secreção ectópica de 
hormônio adrenocorticotrófico e síndrome de Eaton-
Lambert (um distúrbio neuromuscular) (PORTH, 10ª ed.). 
Qualquer tipo de carcinoma pulmonar pode se estender à superfície 
pleural e, então, para o interior da cavidade pleural ou pericárdio. As 
9 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
metástases para os linfonodos traqueais, brônquicos e mediastinais 
podem ser encontradas na maioria dos casos. A frequência de 
envolvimento nodal varia discretamente com o padrão histológico, mas 
em média é maior do que 50% (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
A disseminação a distância do carcinoma pulmonar ocorre pelas vias 
linfáticas e hematogênica. Esses tumores muitas vezes se disseminam 
precocemente por todo o corpo, com exceção do carcinoma de 
células escamosas, que metastatiza para fora do tórax tardiamente. A 
metástase pode ser a primeira manifestação de uma lesão pulmonar 
oculta subjacente. Nenhum órgão ou tecido é poupado na 
disseminação dessas lesões, porém as adrenais, por motivos obscuros, 
estão envolvidas em mais da metade dos casos. O fígado (30% a 
50%), o cérebro (20%) e os ossos (20%) são, adicionamente, locais 
preferenciais de metástases (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
Manifestações Clínicas 
↠ As manifestações clínicas do câncer de pulmão são 
divididas em três grupos: (PORTH, 10ª ed.). 
➢ Atribuídas ao envolvimento do pulmão e das 
estruturas adjacentes; 
➢ Efeitos da disseminação local e das metástases; 
➢ Manifestações paraneoplásicas não metastáticas 
envolvendo as funções endócrinas, neurológicas 
e dos tecidos conjuntivos. 
↠ As principais queixas de apresentação são tosse 
(75%), perda de peso (40%), dor torácica (40%) e 
dispneia (20%) (ROBBINS & COTRAN, 9ª ed.). 
 
↠ Muitas manifestações clínicas dos cânceres de pulmão 
resultam da irritação local e da obstrução das vias 
respiratórias, assim como da invasão do mediastino e do 
espaço pleural (PORTH, 10ª ed.). 
↠ As primeiras queixas são tosse crônica, dispneia e 
sibilos causados por irritação e obstrução das vias 
respiratórias (PORTH, 10ª ed.). 
↠ Hemoptise (i. e., sangue no escarro) acontece quando 
a lesão provoca erosão dos vasos sanguíneos. Os 
receptores de dor do tórax estão limitados a pleura 
parietal, mediastino, grandes vasos sanguíneos e fibras 
vagais aferentes peribrônquicas. Dor retrosternal difusa, 
intermitente e mal localizada é comum com os tumores 
que invadem o mediastino. A dor torna-se persistente, 
localizada e mais grave quando a doença invade a pleura 
(PORTH, 10ª ed.). 
↠ Os tumores que invadem o mediastino podem causar 
rouquidão secundária ao envolvimento do nervo laríngeo 
recorrente e dificuldade de deglutir em consequência da 
compressão do esôfago (PORTH, 10ª ed.). 
↠ Uma complicação rara conhecida como síndrome da 
veia cava superior ocorre em alguns pacientes com 
envolvimento mediastínico. A interrupção do fluxo 
sanguíneo desse vaso geralmente é causada pela 
compressão pelo tumor ou linfonodos afetados. A 
síndrome pode interferir na drenagem venosa da cabeça, 
do pescoço e da parede torácica. O prognóstico é 
determinado pela velocidade com que a síndrome 
desenvolve-se e pela adequação da circulação colateral 
(PORTH, 10ª ed.). 
↠ Tumores adjacentes à pleura visceral geralmente 
causam derrames pleurais insidiosos. Esse derrame pode 
comprimir o pulmão e causar atelectasia e dispneia, mas 
tende menos a causar febre, atrito pleural ou dor, em 
comparação aos derrames pleurais resultantes de outras 
etiologias (PORTH, 10ª ed.). 
OBS.: Assim como outros tipos de câncer, o de pulmão causa sinais e 
sintomas inespecíficos como anorexia e emagrecimento. Uma vez que 
seus sintomas são parecidos com aqueles associados ao tabagismo e 
à bronquite crônica, tais queixas geralmente não são levadas em 
consideração. Muitos pacientes que se apresentam com indícios de 
um câncer de pulmão já têm metástases. Os sítios mais comuns 
dessas metástases são encéfalo, ossos e fígado (PORTH, 10ª ed.). 
Diagnóstico 
↠ O diagnóstico do câncer de pulmão baseia-se na 
história e no exame físico detalhados, bem como em 
outros exames, incluindo radiografias do tórax, 
broncoscopia, exames citológicos do escarro ou lavados 
brônquicos, biopsia dos tecidos pulmonares por agulha 
percutânea e biopsia de linfonodo escalênico (PORTH, 10ª 
ed.). 
↠ A análise do escarro é o método não invasivo, de 
menor custo e alto rendimento, porém tem sido cada vez 
menos utilizado. Para um bom resultado é necessária 
existência de expectoração, boa localização e tamanho 
do tumor e da experiência do citopatologista. Na citologia 
do escarro, para tumores proximais sua sensibilidade é 
10 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
em cerca de 80% e para tumores periféricos e menores 
que 3 cm é menor que 20% (SILVA et. al., 2016). 
↠ O raio-x feito rotineiramente não é um método eficaz 
para rastreamento da doença. Geralmente, os achados 
radiológicos em cada tipo de tumor são: nos 
adenocarcinomas encontramos nódulo solitário (72% dos 
casos), linfoadenomegalia mediastinal e massas hilares; em 
células escamosas pode se achar massas volumosas 
(cavitação em 22% dos casos); na neoplasia de pequenas 
células as massas hilares ou para hilares volumosas (78% 
dos casos), invasão mediastinal precoce com 
linfoadenomegalia mediastinal grosseira; e no de grandes 
células encontramos nódulo periférico (maioria dos casos), 
invasão mediastinal precoce com linfoadenomegalia 
mediastinal grosseira (SILVA et. al., 2016). 
↠ A biopsia pulmonar é um método bastante eficaz para 
confirmação do câncer depulmão. Além disso, é 
importante na classificação do tipo de neoplasia que o 
paciente apresenta (SILVA et. al., 2016). 
↠ TC, RM e ultrassonografia são usadas para localizar as 
lesões e avaliar a extensão da doença. A tomografia por 
emissão de pósitrons (PET) é uma alternativa não invasiva 
para detectar lesões metastáticas do mediastino ou de 
estruturas distantes. Os pacientes com CPPC também 
devem fazer TC ou RM do encéfalo para detectar 
metástases (PORTH, 10ª ed.). 
ESTADIAMENTO 
↠ Quando ocorre o diagnóstico de neoplasia pulmonar, 
o profissional da saúde faz o estadiamento. O método 
baseia-se na avaliação do tamanho e do grau de invasão 
do tumor primário, bem como na identificação da possível 
presença de doença loco-regional ou metastática (SILVA 
et. al., 2016). 
↠ Devido à alta incidência, o estadiamento do câncer de 
pulmão é crucial tanto como preditor da sobrevida quanto 
para as opções de tratamento. O sistema de estadiamento 
do tumor, linfonodo, metástase (TNM) admitido pela 
Associação Internacional para o Estudo do Câncer de 
Pulmão (IASLC) e pelo Comitê Conjunto Americano de 
Câncer (AJCC) é o método uniforme utilizado (SILVA et. 
al., 2021). 
↠ A classificação T indica as características do tumor 
primário, considerando o tamanho, a extensão, o local e 
a presença de focos tumorais separados. A ausência ou 
presença de metástase em linfonodos regionais é avaliada 
pelo descritor N. Enquanto a classificação M informa sobre 
a ausência ou presença de metástase à distância (SILVA 
et. al., 2021). 
 
Referências 
KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & 
Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças, 9ª 
edição. Grupo GEN, 2016. 
NORRIS, Tommie L. Porth – Fisiopatologia, 10ª edição. 
Grupo GEN, 2021. 
BROADDUS, V. Courtney. Murray & Nadel Tratado de 
Medicina Respiratória, 6ª edição. Grupo GEN, 2017. 
ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do 
câncer / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro: 
Inca, 2011. 
ARAUJO et. al. Câncer de pulmão no Brasil. Jornal 
Brasileiro de Pneumologia, v. 44, n. 1, p. 55-64, 2018. 
BREY et. al. Câncer de pulmão relacionado à exposição 
ocupacional: revisão integrativa. Revista Gaúcha de 
Enfermagem, 2020. 
MENDONÇA et. al. Aumento da incidência de câncer de 
pulmão em mulheres. Revista Cadernos de Medicina, v. 2, 
n. 3, 2020. 
ARAÚJO et. al. Cigarros eletrônicos e suas consequências 
histopatológicas relacionadas à doenças pulmonares. 
Arquivos de Ciências de saúde da UNIPAR, 2022. 
SOUTO et. al. Lesão pulmonar associada a produto Vaping 
ou cigarro eletrônico (EVALI) no Brasil: fatores de risco 
associados e conhecimento da população do triângulo 
mineiro Brasilizian Journal of Health Review, 2022. 
MANNINO, D. M. Tabagismo e outros possíveis fatores de 
risco para câncer de pulmão. UPTODATE, 2021. 
SILVA et. al. Diagnóstico do câncer de pulmão: uma 
revisão bibliográfica. Faculdade Atenas, 2016. 
SILVA et. al. O novo 8º sistema TNM de câncer de 
pulmão: um panorama geral das mudanças. Journal UL 
Med., 2021.

Outros materiais