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Crimes em espécie 2 Dos crimes contra a dignidade sexual (213 até 234 – A) Marco inicial das mudanças: 2009 Os crimes estão dispostos quanto ao bem violado Mudança Legislativa: 1ª modificação foi o nome. Os crimes sexuais eram chamados de “crimes contra os costumes” e passaram a chamar “Crimes contra a dignidade sexual”. Outra modificação: todos os crimes podem ser praticados por qualquer pessoa (homem/mulher), não tendo distinção Ex: antes de 2009, o crime de estupro não era sofrido por homem Em relação ao crime de estupro, as condutas que hoje compõe o artigo 213, antes estavam em diferentes tipos penais: estupro (art.213) e atentado de violência ao pudor (art.214). Crimes contra a liberdade sexual (artigos 213 a 216-A CP) Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso Ato sexual forçado, podendo ser conjunção carnal ou qualquer outro ato sexual. Conjunção carnal: ralação sexual que envolve penetração. (Até 2009, o crime de estupro era caracterizado apenas pela conjunção carnal forçada). Qualificadora pelo resultado O resultado que qualifica o crime de estupro § 1 (lesão grave), § 2 (morte), são resultados não intencionais, preterdolosos (acidentais) §1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 ou maior de 14 anos. (Vítima de 14 a 17 anos). Pena - reclusão, de 8 a 12 anos. §2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 a 30 anos Ex: Ticio estuprou e matou porque quis: responde por 2 crimes: estupro e homicídio Violência sexual mediante fraude Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Situação não violenta, mas faz com que a vítima pratique relação sexual com o autor porque foi enganada. Consentimento de pessoa enganada não é consentimento. Importunação sexual Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. Não há violência física ou ameaça Revogação do artigo 61 da Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/1941), que tinha o seguinte texto: “Importunação ofensiva de pudor” Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor: Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Assédio sexual Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. §2o A pena é aumentada em até 1/3 se a vítima é menor de 18 anos. Situação que majora a pena deste crime. O crime exige que haja entre o autor e a vítima relação ascendência ou hierarquia. Situação em que uma pessoa se vale do fato de ser superior hierárquico (chefe, patrão), para constranger aquele que é subordinado à pratica sexual. CAPÍTULO I-A DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL Registro não autorizado da intimidade sexual Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. Delito característico da era digital CAPÍTULO II DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL Estupro de Vulnerável 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 1 o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 3 o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4 o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. NÃO EXIGE O USO DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA § 5º Praticar sexo com menor de 14 anos é crime Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. STJ. 3a Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017. Corrupção de menores Art. 218. Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. Crime de concurso necessário Ex: Tício, Cassía e uma criança. Tício faz uma criança satisfazer a lascívia de Cássia. Então, Cássia responde pelo 217 –A, e Tício 218. Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena - reclusão, de 2 a 4 anos. Impor que uma criança presencie o ato Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos* ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 a 10 anos. * TEM QUE SER ALGÚEM MENOR DE 18 ANOS, MAS COM IDADE SUPERIOR A 14 ANOS. SE A CRIANÇA TIVER MENOS DE 14 ANOS, A PESSOA QUE INDUZIR REPONDERÁ POR ESTUPRO DE VULNERÁVEL NA CONDIÇÃO DE PARTÍCIPE. §1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. §2o Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 e maior de 14 anos na situação descrita no caput deste artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. §3o Na hipótese do inciso II do §2º constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. Art 218-C Condutas tipificadas: Divulgação das cenas dos crimes sexuais de estupro (artigo 213 CP) e estupro de vulnerável (artigo 217-A CP). Divulgar imagens que façam apologia à prática de tais delitos, ou cenas de sexo, nudez ou pornografia de forma não autorizada. O § 1º determina uma majorante para a hipótese conhecida como pornografia de vingança. § 2º estabelece excludente de ilicitude da conduta, o que significa que, sendo praticadanestes termos, não consistirá em crime. Capítulo III Do Rapto Disposições gerais Totalmente revogado pela Lei nº1.106/2005 (extintos artigos 219 a 222 CP) Artigo 225 CP: ação penal para os crimes sexuais é de natureza pública incondicionada (modificação decorrente da Lei nº 13.718/2018). Artigo 226 CP: majorantes aplicáveis para os crimes sexuais (modificação decorrente da Lei nº 13.718/2018) A pena é aumentada: I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: Estupro coletivo a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; Estupro corretivo: praticado por um homem em face de uma mulher lésbica. b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. Lenocínio e tráfico de pessoas para fins de exploração sexual Lenocínio: faz referência a comercialização do ato sexual Mediação para servir a lascívia de outrem Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de um a três anos. • § 1º: qualificadora pela idade da vítima (entre 14 e 17 anos) ou pela sua especial relação para com o autor do delito. • § 2º: qualificadora pelo emprego de violência física, grave ameaça ou fraude. • § 3º: qualificadora pelo especial fim de agir (obtenção de lucro). O crime consiste em uma pessoa levar a outra a satisfazer a lascívia de terceiro. Importante ressaltar que este terceiro precisa ser pessoa determinada, pois induzir alguém a satisfazer a lascívia de vítimas indeterminadas configura do crime do artigo 228 do Código Penal. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone • § 1º: qualificadora pela especial relação entre vítima e autor do delito. • § 2º: qualificadora pelo emprego de violência física, grave ameaça ou fraude. • § 3º: qualificadora pelo especial fim de agir (obtenção de lucro). Consiste em uma pessoa levar a outra a exercer a prostituição, ou prejudicar o intuito de quem já a exerce de deixar de exercê-la Art.229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Crime habitual Crítica existente: se prostituição, em si, não é crime, não seria coerente criminalizar a existência de um local para realização de uma conduta lícita Rufianismo Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. • § 1º: qualificadora pela idade da vítima (entre 14 e 17 anos) ou pela sua especial relação para com o autor do delito. • § 2º: qualificadora pelo emprego de violência física, grave ameaça, fraude, ou outro meio que prejudique a livre manifestação de vontade da vítima. Crime habitual, a conduta precisa acontecer com frequência (não admite tentativa) Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual Promoção de migração ilegal Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: A conduta criminosa é de promover a saída ou entrada – ilegal, de um jeito ou de outro de pessoas para dentro ou fora do território brasileiro, com a finalidade criminosa descrita no tipo. Tal cenário está determinado pelo caput e pelo § 1º deste artigo. O § 2º prevê situações que majoram a pena de quem pratica este crime. O § 3º estabelece que o fato de o indivíduo responder por este delito não prejudica eventual condenação por crimes conexos a este pelos quais ele venha a ser condenado. Crítica existente: este crime não tem como elementar a afetação da dignidade sexual da vítima. Então, não deveria estar listado entre os crimes sexuais CAPÍTULO VI DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR Ato obsceno Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. A conduta criminosa consiste em praticar ato obsceno Definição circular, não explica o que é ato obsceno Escrito ou objeto obsceno Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Artigo 234-A CP: majorantes aplicáveis para os crimes sexuais vistos até aqui Artigo 234-B CP: os processos penais que versem sobre algo sexual terão segredo de justiça).
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