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CRIMINOLOGIA - CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA

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CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA
Destacam-se as seguintes classificações da criminologia apresentadas pela doutrina criminológica:
1. Criminologia científica
É a ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e controle da criminalidade.
2. Criminologia aplicada
Consiste na aplicação pelos operadores do direito dos conhecimentos auferidos pela criminologia científica.
3. Criminologia acadêmica
Trata-se da sistematização do saber criminológico para fins pedagógicos e didáticos.
4. Criminologia analítica
Verifica o cumprimento do papel das ciências criminais e da política criminal.
5. Criminologia crítica, dialética ou radical
Trata-se da criminologia de base marxista, que nega o capitalismo, haja vista implicar em um processo de estigmatização da população marginalizada, em que a classe trabalhadora figura como alvo preferencial do sistema punitivo.
6. Criminologia da reação social
Estuda os processos de criação das normas penais e sociais relacionadas ao comportamento desviante.
7. Criminologia organizacional
Além do processo de criação das leis, compreende a violação a tais normas e as formas de reação.
8. Criminologia clínica ou microcriminologia
A criminologia clínica é tradicionalmente conceituada como "a ciência que, valendo-se dos conceitos, conhecimentos, princípios e métodos de investigação e prevenção médico-psicológicos ocupa-se da pessoa do apenado, para nele investigar a dinâmica de sua conduta criminosa, sua personalidade e seu "estado perigoso" (diagnóstico), as perspectivas de desdobramentos futuros da mesma (prognóstico) e assim propor e perseguir estratégias de intervenção, com vistas à superação, ou contenção de uma possível tendência criminal e a evitar uma recidiva (tratamento)".
Busca conhecer a pessoa do criminoso e compreender os motivos que o levaram a delinquir, voltando-se ao tratamento do preso em sede de execução penal, com o escopo de promover a sua ressocialização.
9. Criminologia verde (green criminology)
Estuda a responsabilidade penal das pessoas jurídicas por crimes ambientais, visando à tutela da biodiversidade, sendo uma das manifestações da heterogênea criminologia crítica, também com influências marxistas.
A criminologia verde propôs a categoria de delitos verdes, que reproduzem muitos dos problemas dos crimes do colarinho branco.
Nesse sentido. Penteado Filho (2o16, p. 113) leciona que essa vertente criminológica ataca as grandes corporações, responsabilizando-as pela prática de lavagem de capitais com a utilização do meio ambiente (greenwashing), que faz com que se apresentem respeitosas e preocupadas com a causa ambiental (por exemplo, realização de campanhas na mídia), quando, em verdade, são extremamente nocivas.
10. Criminologia midiática
Despida de cientificidade e destoada dos estudos acadêmicos, atende a uma criação da realidade, com base em crenças e preconceitos, por meio da informação, sub-informação e desinformação veiculada pela mídia.
A mídia emerge como grande impulsionadora da seletividade penal, aceita pelo senso comum, difundindo a crença da prisão como principal instrumento para o estabelecimento da ordem e da segurança pública.
11. Criminologia fenomenológica
A criminologia fenomenológica, analisando a essência das coisas a partir de sua aparência, procura estudar a realidade objetiva do fenômeno criminal. Em outros termos, visa estudar a realidade fenomenológica do comportamento criminoso em sua realidade fática, isto é, como um fenômeno real.
Afirma-se que a mesma não integra a teoria crítica, pois não analisa os sistemas de controle social e as mudanças legislativas penais e processuais penais.
12. Criminologia cultural
Sob o fundamento de que a cultura está sujeita a constantes transformações, sustenta que o crime e a repressão ao delito são processos culturais.
A criminologia cultural tem seu estudo a partir de um modelo que busca observar o crime sob enfoque da cultura, ou seja, a compreensão sobre o que se define como criminologia cultural deve passar pela análise do crime e do controle social com olhos atentos às interações culturais.
Recebeu influência das teorias críticas e da subcultura delinquente em que se analisa uma cultura dominante versus cultura das minorias (subcultura) e onde a elite impõe sua cultura e criminaliza as minorias usando o direito penal.
Por fim, a criminologia cultural procurou ampliar a visão da sociedade incluindo elementos culturais como arte, música, pintura, dança e suas interações como eventuais condutas desviantes.
A criminologia cultural apresenta uma abordagem essencialmente interdisciplinar, valendo-se de um variado instrumental de análise, oriundo da interlocução não apenas entre a Criminologia, a Sociologia e o Direito Penal, mas também com estudos culturais, midiáticos e urbanos, filosofia, teoria crítica pós-moderna, geografia humana e cultural, antropologia, estudos dos movimentos sociais e abordagens de pesquisa ativa.
Para a compreensão do fenômeno criminal e do controle da criminalidade, essa vertente criminológica afirma ser necessária uma consciência crítica da dinâmica cultural das sociedades modernas, buscando entender as formas pelas quais o poder é exercido e resistido entre a interação de criação de regras, violação de regras e representação. Assim, a criminologia cultural não restringe sua análise ao crime e à justiça criminal, abarcando também a representação que o crime apresenta na mídia, desvios não criminalizados de políticos e das elites financeiras, exploração pela mídia de desvios emocionais de vítimas de crimes etc.
13. Criminologia do desenvolvimento
A criminologia do desenvolvimento, defendida por Patterson, Loeber, Le Blanc e Moffitt, consiste no estudo longitudinal e com enfoque dinâmico das variáveis do comportamento criminoso ao longo do desenvolvimento da vida do indivíduo, de acordo com sua idade e fase de crescimento, levando em consideração, dentre outras circunstâncias, suas experiências pessoais e idade em que iniciou a vida criminosa, com escopo precípuo de prevenção da criminalidade.
Reconhece notórias diferenças entre distintos indivíduos, admitindo a influência de fatores biológicos e genéticos na conduta delitiva, a partir da interação com elementos ambientais, de sorte a ensejar reações negativas de determinadas pessoas.
Considera que os fatores relevantes para a criminalidade podem variar conforme a idade das pessoas e a fase da vida em que se encontram, admitindo a existência de múltiplas trajetórias de natureza dinâmica.
Seus defensores sustentam que a criminologia deve se valer de conceitos dinâmicos para a apreensão do desenvolvimento das atividades delitivas, propondo a análise independente de três etapas, a saber:
a) Ativação: Trata-se do processo de desenvolvimento das atividades criminais a partir de seu início, podendo haver a aceleração (aumento da frequência dos delitos), estabilização (continuidade ao longo do tempo) ou diversificação (tendência à prática de distintas atividades delitivas);
b) Agravação: Há o aumento da gravidade dos delitos praticados com o decorrer do tempo;
c) Desistência: Pode se dar pela desaceleração (diminuição da frequência dos delitos praticados), especialização (redução dos tipos de delitos praticados), diminuição (redução da gravidade dos delitos praticados) ou encerramento da carreira delitiva.
Conforme lecionam Luiz Regis Prado e Alfonso Maíllo, a teoria de Moffitt distingue duas categorias de delinquentes, que representam tipos qualitativos distintos de indivíduos cujas condutas criminosas apresentariam explicações etiológicas diversas:
d) Delinquentes cuja atividade delitiva se limita à adolescência: A causa da delinquência é próxima ou específica da adolescência, associando-se a um processo de mimetismo, ou seja, de imitação do comportamento criminoso para a obtenção de uma vantagem e reafirmação da independência pessoal do jovem. Como grande parte dos indivíduosapenas pratica crimes durante sua adolescência, a curva da idade tem seu ápice aos 2o anos e, após, desce vertiginosamente, tendo em vista o abandono do comportamento criminoso com a aquisição da maturidade, que faz com que o indivíduo veja como prejudicial o que outrora julgava vantajoso;
e) Delinquentes persistentes, cuja atividade delitiva perdura ao longo de sua vida: A causa da delinquência situa-se em sua infância, apresentando origem neuropsicológica, isto é, a partir de estruturas anatômicas e processos fisiológicos no sistema nervoso que influenciam nas características psicológicas, como temperamento, desenvolvimento do comportamento e/ou habilidades cognitivas. Destaca-se que, em determinados ambientes, como lares, escolas ou bairros desfavorecidos, as interações podem ser agravadas.
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