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220903DPF_CRIMINOLOGIA

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Prévia do material em texto

Capítulos 1 ao 4
DELEGADO DE 
POLÍCIA FEDERAL
Criminologia
Capítulo 1
 
1 
Olá, aluno! 
Bem-vindo ao estudo para os concursos de Delegado de Polícia Federal. Preparamos todo esse 
material para você não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, 
garantindo que você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente. 
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de 
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal, 
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento, 
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo 
sempre! 
Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo completo 
que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a estrutura do PDF 
Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar especificamente os assuntos 
que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada capítulo você tem a oportunidade 
de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto com a leitura de jurisprudência 
selecionada. 
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser 
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou 
comentários, entre em contato através do email pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para 
a gente! 
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se 
de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina. 
Faça bom uso do seu PDF Ad Verum! 
Bons estudos  
 
mailto:pdfadverum@cers.com.br
 
2 
Abordaremos os assuntos da disciplina de Criminologia da seguinte forma: 
CAPÍTULOS 
Capítulo 1 – Introdução e Noções Gerais da Criminologia. Objeto. Método. Funções. 
Interdisciplinaridade. Classificação da Criminologia. 
Capítulo 2 – Modelos Teóricos da Criminologia, parte 1 
Capítulo 3 – Modelos Teóricos da Criminologia, parte 2 
Capítulo 4 – Vitimologia. Prevenção Criminal e Reação Social. 
 
 
3 
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA 
 Como dito, sabemos que estudar de forma direcionada, com base nos assuntos 
objetivamente mais recorrentes nos certames, é essencial! Afinal, uma preparação planejada 
pode fazer toda a diferença. Pensando nisso, através de estudo realizado pelo nosso setor de 
inteligência com base nas últimas provas, trouxemos os temas mais comentados nessa disciplina! 
 
 
 
 
prevenção da 
Infração Penal
50%
Teoria da Anomia
25%
Escola Positivista
12%
Teoria da Reação 
Social
13%
Prevenção da Infração Penal Teoria da Anomia Escola Positivista Teoria da Reação Social
 
4 
SOBRE O CONCURSO 
A disciplina de Criminologia é importante e deve receber atenção de sua parte, aluno 
que pretende prestar concurso para Delegado da Polícia Federal. 
Os editais da carreira dedicam algumas questões aos assuntos relacionados 
Criminologia, considerando que o candidato está pleiteando uma vaga para ingressar na 
Administração Pública e, entre suas tarefas como delegado, desempenha sua função de 
investigação, necessitando ter conhecimento sobre o tema. 
Caro aluno, como você bem deve saber, foram realizados pouquíssimos concurso para 
o cargo de Delegado da Polícia Federal, sendo os mais recentes realizados em 2013 e 2018. No 
decorrer do seu estudo serão comentadas todas as questões mais recentes do concurso (2018), 
e diante a escassez de questões para o seu concurso em específico, estaremos utilizando, 
quando necessário, questões para outros cargos de nível superior para a Polícia Federal, bem 
como de questões para concurso de Delegado de Polícia Estadual e outros cargos da área 
policial de nível superior. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
SUMÁRIO 
CAPÍTULOS ................................................................................................................................................ 2 
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA ............................................................................................................. 3 
SOBRE O CONCURSO .............................................................................................................................. 4 
CRIMINOLOGIA ........................................................................................................................................ 6 
1. Introdução ao estudo da Criminologia ........................................................................................ 6 
1.1 Conceito .......................................................................................................................................................... 6 
1.2 Objetos da Criminologia .................................................................................................................................. 7 
1.2.1 Crime (ou Delito) ............................................................................................................................................. 8 
1.2.2 Criminoso (ou Delinquente) ........................................................................................................................... 11 
1.2.3 A Vítima ........................................................................................................................................................ 12 
1.2.4 Controle social............................................................................................................................................... 13 
1.3 Método ......................................................................................................................................................... 14 
1.4 Funções da Criminologia ................................................................................................................................ 15 
1.5 Interdisciplinaridade ...................................................................................................................................... 16 
1.5.1 Direito Penal ................................................................................................................................................. 17 
1.5.2 Política Criminal ............................................................................................................................................ 18 
1.5.3 Criminalística ................................................................................................................................................. 18 
1.6 Classificação da Criminologia ......................................................................................................................... 18 
QUADROS SINÓTICOS .......................................................................................................................... 20 
QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 23 
GABARITO ............................................................................................................................................... 38 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 39 
 
 
 
6 
CRIMINOLOGIA 
Capítulo 1 
1. Introdução ao estudo da Criminologia 
1.1 Conceito 
 A Criminologia é a ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o 
comportamento da sociedade. Ocupa-se do crime enquanto fato. 
 Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, 
da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de 
subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais 
do crime – contemplando este como problema individual e como problema social -, assim comosobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no 
homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito (HERCULANO, 
2020). 
 A origem do termo Criminologia é atribuída ao jurista e ex-ministro da Corte de 
Apelação de Nápoles, Raffaele Garofalo. 
 Entretanto, vale ressaltar, como lembram Fontes e Hoffmann (2019), a palavra criminologia 
foi criada em 1883 por Paul Topinard, mas difundida internacionalmente por Raffaele Garofalo 
em seu livro Criminologia, no ano de 1885. 
 O termo CRIMINOLOGIA tem origem etimológica híbrida, visto que possui elemento 
proveniente da língua latina, crimino, o qual significa crime, e outro da língua grega, logos, que 
quer dizer estudo. 
 Logo, por meio de uma análise etimológica da expressão, temos o estudo do crime. 
 
7 
 Esse vocábulo, a princípio reservado ao estudo do crime, ascendeu à ciência geral da 
criminalidade, antes denominada Sociologia Criminal ou Antropologia Criminal. 
 
A criminologia é considerada ciência, pois apresenta função, método, e objeto próprios. 
Reúne informações válidas e confiáveis sobre a criminalidade baseadas na observação do 
mundo concreto, real. 
 A Criminologia não se trata de uma ciência exata que traz informações absolutas, de 
certeza evidente, mas sim de uma ciência do ser, de natureza eminentemente humana, 
apresentando informações parciais, fragmentadas, e provisórias, mas compatíveis com a 
realidade. 
 As informações dadas pela criminologia não são neutras, mas contribuem para 
compreensão do delito. 
 A Criminologia observa a infração praticada e essa conduta será analisada enquanto 
fenômeno humano e social, observando a criminalidade como um todo e também encontrar as 
motivações do crime. 
1.2 Objetos da Criminologia 
 Como nos lembra Saló de Carvalho (2015), a criminologia tem como objetos referenciais: 
o crime, o criminoso, a vítima e o sistema criminalizador. 
 Os objetos da criminologia são: o crime (ou delito), suas circunstâncias, o criminoso (ou 
delinquente), sua vítima e o controle social. 
 A Criminologia orienta como a política criminal deve se portar no que diz respeito a 
prevenção especial e direta dos crimes socialmente relevantes, na intervenção relativa às suas 
manifestações e aos seus efeitos graves para determinados indivíduos e famílias. 
 
8 
 Além disso, a Criminologia deve auxiliar a política social na prevenção geral e indireta 
das ações e omissões que, embora não previstas como crimes, merecem a reprovação máxima. 
1.2.1 Crime (ou Delito) 
 O crime (ou delito) é um dos objetos de estudo da Criminologia. Para conceitua-
lo, importante analisar os critérios levados em consideração pela doutrina. Inicialmente, devemos 
entender o conceito de conduta. 
 O conceito clássico de delito foi produto do pensamento jurídico característico do 
positivismo científico (Beling e Binding), que afastava completamente qualquer contribuição das 
valorações filosóficas, psicológicas e sociológicas. 
 Assim, a ação, concebida de forma puramente naturalística, estruturava-se com um 
tipo objetivo-descritivo; a antijuridicidade era puramente objetivo-normativa e a culpabilidade, 
por sua vez, apresentava-se subjetivo-descritiva. 
 Conceito clássico de delito: um movimento corporal (ação), produzindo uma 
modificação no mundo exterior (resultado). 
 Posteriormente, o neokantismo patrocinou a reformulação do velho conceito de 
ação, atribuindo nova função ao tipo penal, além da transformação material da antijuridicidade 
e a redefinição da culpabilidade, sem alterar, no entanto, o conceito de crime, como a ação 
típica, antijurídica e culpável. 
 Para Welzel, ação humana é exercício de atividade final. A ação é, portanto, um 
acontecer ‘final’ e não puramente ‘causal’. 
 A ‘finalidade’ ou o caráter final da ação baseia-se em que o homem, graças a seu 
saber causal, pode prever, dentro de certos limites, as consequências possíveis de sua conduta. 
 No conceito previsto na Exposição de Motivos do Código Penal brasileiro, 
considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer 
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. 
 
9 
 Além disso, ao conceituar o crime, a doutrina aponta uma divisão pelos seguintes 
critérios: 
a) Material; 
b) Legal 
c) Analítico. 
 Segundo o critério material, crime é toda ação ou omissão humana que lesa ou 
expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados. 
 Enquanto isso, conforme o critério legal, crime é aquele fornecido pelo legislado, 
em que há uma pena de reclusão ou de detenção, isolada, alternativa ou cumulativamente com 
a pena de multa. 
 Por fim, o critério mais importante e que levanta mais discussão: o analítico. 
 Conforme nos lembra Cleber Masson (2018), esse critério, também chamado de 
formal ou dogmático, se funda nos elementos que compõem a estrutura do crime. 
 Existem três posições no que diz respeito ao conceito analítico do crime: 
quadripartida, tripartida e bipartida. 
 Basileu Garcia sustentava ser o crime composto por quatro elementos: fato típico, 
ilicitude, culpabilidade e punibilidade. 
 Essa posição quadripartida é claramente minoritária e deve ser afastada, pois, a 
punibilidade não é elemento do crime, mas consequência da sua prática (MASSON, 2018). 
 Nelson Hungria, Aníbal Bruno, Cezar Roberto Bitencourt, entre outros autores 
defendem e adotam em suas obras uma posição tripartida, pela qual seriam elementos do 
crime: fato típico, ilicitude e culpabilidade. 
 Finalmente, existe a posição bipartida, em que autores como René Ariel Dotti, 
Damásio E. de Jesus e Júlio Fabbrini Mirabete entendem o crime como fato típico e ilícito. 
 Para os seguidores da teoria bipartida, a culpabilidade deve ser excluída da 
composição do crime, uma vez que se trata de pressuposto de aplicação da pena. 
 
10 
 Deste modo, para configuração do crime bastam o fato típico e a ilicitude, ao passo 
que a presença ou não da culpabilidade importará na possibilidade ou não de a pena ser 
imposta. 
 Vale ressaltar as ponderações de Eduardo Viana (2019) sobre o fato de a 
Criminologia e o Direito Penal operarem com os mesmos conceitos de delito. 
 Diferente do Direito Penal que tem uma visão individualizada, para a Criminologia 
o delito deve ser encarado como um fenômeno humano e cultural. 
 A Criminologia indaga os motivos pelos quais determinada sociedade resolveu, em 
um determinado momento histórico, criminalizar uma conduta. 
 O conceito jurídico-penal de delito não pode ser decalcado para a Criminologia, 
visto o conceito do Direito Penal é normativo e formal. 
 Sendo a Criminologia uma ciência empírica, o marco normativo não é mais que 
mero ponto de partida, cuja função precípua, sem dúvida, é balizar o campo de investigação de 
disciplina criminológica. 
 Alguns fatos penalmente irrelevantes possuem repercussão e interesse 
criminológico, a exemplo do suicídio, do exercício da prostituição, ou, em alguns casos, do 
aborto. 
 Por outro lado, fatos penalmente relevantes nem sempre são considerados pela 
sociedade como desviados, a exemplo da posse de substância entorpecente para consumo 
pessoal. 
 Em outras palavras, o autor quis deixar claro que, apesar de terem sua devida 
importância, os conceitos de delito trazidos pelos penalistas não são, de toda forma, 
suficientes para compreender esse importante objeto de estudo da Criminologia. 
 Da mesma forma, apresentar um conceito de crime para a Criminologia não parece 
ser uma tarefa simples. 
 Portanto, Eduardo Viana (2019), traz em sua obra parâmetros para identificar 
condutas delitivas. São eles: 
 
11 
a) Incidência massiva; 
b) Incidência aflitiva; 
c) Persistência espaço-temporal; 
d) Inequívoco consenso a respeito da sua etiologia e eficazes técnicas 
de intervenção; 
e) Consciênciageneralizada sobre sua negatividade. 
 O conceito de DELITO para a criminologia é real, fático (empírico, não normativo), 
problema social e comunitário, envolvendo termos como delito natural (infração dos 
sentimentos morais e sociais no cometimento do crime) e conduta desviada, além de se ocupar 
de fatos que o Direito Penal não analisa (ex.: cifra negra, campo social onde está inserido o 
infrator etc.).1 
 Antes, o delinquente era o protagonista da criminologia; hoje, na moderna 
criminologia, divide o protagonismo com a conduta delitiva, vítima e o controle social. 
 Algumas das propostas as quais a Criminologia dispõe-se: estudar e esclarecer o 
impacto real da pena no infrator, analisar os programas de reinserção, expor o dado de que o 
crime é um problema de todos – não apenas do sistema legal. 
1.2.2 Criminoso (ou Delinquente) 
 A Criminologia tem, ainda, como objeto de estudo o sujeito ativo, o protagonista 
do acontecimento que convêm-se nomear de criminoso (ou delinquente). 
 Conforme ficará demonstrado no segundo capítulo, ao longo da história, as Escolas 
Penais foram moldando o conceito de criminoso, bem como, quais pessoas eram consideradas 
como tal. 
 A visão do criminoso evolui muito com o estudo da Criminologia, onde cada escola 
tem sua visão. Era visto como pecador, que opta pela vida criminosa. 
 
1 Vide questão 7 e 9 
 
12 
 Mas com o avanço dos estudos, o criminoso é visto como aquele ser que é um 
prisioneiro de sua patologia delituosa. 
 Vale ressaltar que o marco científico da Criminologia se dá com a publicação da 
obra “L’Uomo Delinquente”, de Cesare Lombroso, no final do século XIX. 
 Até então, diversas investigações sobre o crime e o criminoso foram conduzidas 
por pseudociências ou ciências ocultas, tais como a Demonologia, a Fisionomia e a Frenologia. 
1.2.3 A Vítima 
 A vítima é mais um dos objetos de estudo da Criminologia. Inicialmente deixada 
de lado no estuda da Criminologia, que a considerava como algo insignificante na existência do 
delito, passou por 03 (três) grandes momentos nos estudos penais. 
 Vítima é a pessoa que tenha sofrido danos, causados por ação ou omissão que 
viole a legislação penal. 
 Com o decorrer do tempo, a vítima perdeu foco no estudo da criminologia, mas 
na década de 50 voltou a ter foco, hoje é estudada dentro da Vitimologia, dado o tamanho da 
importância que ganhou. 
 A idade de ouro, que compreende os primórdios da civilização até o fim da Alta 
Idade Média, onde a vítima possuía papel de destaque, traduzido pela Lei de Talião. 
 O período de neutralização, que surgiu com a Santa Inquisição, passando a vítima 
a perder importância frente ao Poder Público e ao monopólio da jurisdição. 
 Por fim, a revalorização da vítima, que ganhou destaque no Processo Penal com os 
pensamentos da Escola Clássica, sendo objeto de leis como no caso dos Juizados Especiais 
Criminais, que conferiu grande destaque processual à vítima. 
 Vale ressaltar que parte específica desta ciência empírica ocupa-se de estudar o 
ator passivo nas condutas delituosas: a Vitimologia. 
 A Vitimologia pode ser definida como o estudo científico da extensão, natureza e 
causas da vitimização criminal, suas consequências para as pessoas envolvidas e as reações 
 
13 
àquela pela sociedade, em particular pela polícia e pelo sistema de justiça criminal, assim como 
pelos trabalhadores voluntários e colaboradores profissionais. 
 Em capítulo oportuno, a vitimologia será devidamente abordada, bem como toda 
a sua importância para o estudo da Criminologia. 
1.2.4 Controle social 
 O último, mas não menos importante, objeto de estudo da Criminologia é o 
Controle Social. A expressão deriva da sociologia norte-americana, sendo, normalmente, 
associada à capacidade que uma sociedade tem de autorregular socialmente. 
 O controle social é formado por um conjunto de mecanismos e sanções sociais 
que submetem os indivíduos às normas de convivência social. 
 Há dois sistemas de controles que coexistem, o primeiro deles, dito informal, está 
relacionado com a família, religião, escola, profissão, clubes e outros; 
 Enquanto o segundo, chamado de formal, é representado pela Polícia, Ministério 
Público, Forças Armadas e demais órgãos públicos, com caráter nitidamente mais rigoroso e 
com conotação político-criminal. 
 No sistema formal de controle social, exercem papel expressivo no controle social, 
com a principal forma de punir. 
 No controle social será exercido diretamente nas pessoas e poderá ser feito de 
maneira direta ou indireta através das instituições sociais. 
 
 
 
Dentro do Controle Social, merece destaque o Policiamento Comunitário, que consiste na 
associação da prevenção criminal e repressão com a necessária reaproximação do policial 
 
14 
com a comunidade, passando o policial a integrar a esta última, fazendo parte efetiva do 
grupo social. 
1.3 Método 
 O método utilizando pela Criminologia é o empírico, baseado na coleção de uma grande 
quantidade de dados de um fenômeno natural. 
 Da análise dos dados, cria-se uma teoria ou se chega a uma determinada conclusão. Esses 
dados empíricos são coletados por meio da observação sistemática de um fenômeno. 
 Como exemplo, podemos mencionar a TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS: observando 
a realidade, essa teoria chega à conclusão que o Direito Penal deve intervir cada vez mais, pois 
se nós somos tolerantes com comportamentos indesejados, ainda que de menor gravidade, 
estamos contribuindo para o nascimento de comportamentos de maior gravidade. Essa teoria 
chega a essa conclusão observando a realidade. 
 Através do seu método, a Criminologia busca analisar e conhecer o processo através da 
observação, utilizando-se da indução para estabelecer suas regras, ao contrário do Direito Penal 
que se utiliza da dedução. 
 Como será visto no segundo capítulo, a Escola Positiva, que deu origem a fase científica 
da Criminologia, deu início ao uso do método empírico na análise do fenômeno criminal. 
Cumpre ressaltar que o método empírico não é ‘mero achismo’. Trata-se de método árduo de 
análise, observação e indução. 
 A Criminologia parte da observação da realidade para, após análises, retirar dessas 
experiências as suas consequências. 
 Enquanto isso, o Direito Penal vale-se de uma regra geral, dela partindo para o caso 
concreto. 
 A Criminologia não se trata de ciência exata que traz informações absolutas, de certeza 
evidente, mas sim de uma ciência do ser, de natureza eminentemente humana, apresentando 
informações parciais, fragmentadas, e provisórias, mas compatíveis com a realidade. 
 
15 
A cientificidade revela que a Criminologia, por meio do seu método, poderá fornecer 
informações dotadas de validade e confiabilidade sobre o delito e sua causa. 
1.4 Funções da Criminologia 
 Os autores modernos, de forma copiosa, escrevem que a função linear da Criminologia é 
informar a sociedade e os poderes públicos sobre o crime, o criminoso, a vítima e o controle 
social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita compreender 
cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo positivo no 
homem criminoso. Busca indicar um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o crime. 
 A Criminologia não é causalista, bem como não é uma fonte de dados de estatísticas. 
Trata-se de ciência prática, com problemas e conflitos concretos. 
 O papel da criminologia no cenário social é a constante luta contra a criminalidade, o 
controle e a prevenção do delito. 
 A função da Criminologia, como ciência interdisciplinar e empírica, é submeter o crime 
a uma análise rígida, eliminando contradições e complementando lacunas. 
 Assim, suas principais funções são: explicar e prevenir o crime, intervir na pessoa do 
infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime.Fontes e Hoffmann (2019), afirmam que constituem funções da Criminologia: 
1) Compreender cientificamente o fenômeno criminal; 
2) Intervir no delinquente (prevenir e reprimir o crime com eficiência); 
3) Valorar os diferentes modelos de resposta ao fenômeno criminal. 
 A criminologia qualifica-se por ser ciência empírica de observação da realidade, que opera 
no mundo do ser, e emprega o método indutivo e experimental. 
 
16 
 Diferentemente do Direito Penal, ciência cultural que atua no plano do dever ser, por 
meio do método dedutivo. 
 Logo, a criminologia investiga as causas do fenômeno da criminalidade segundo o 
método experimental, isto é, analisando o mundo do ser. 
 Sua finalidade, de índole diagnóstica e profilática, é buscar entender o contexto da prática 
delituosa, analisando o modelo social de justiça criminal, a pessoa do delinquente, a vítima, o 
controle social e até mesmo o reflexo da lei penal na sociedade. 
 Empirismo nada mais é do que o conhecimento obtido por meio da experiência. 
Empirismo (que não é mero achismo), é calcado no tripé análise-observação-indução. 
1.5 Interdisciplinaridade 
 Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na realidade) e 
interdisciplinar (que congrega ensinamentos de sociologia, psicologia, filosofia, medicina e 
direito) que possui como objeto de estudo o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento 
social. 
 O incremento da complexidade dos fenômenos criminais, como o aumento da violência 
urbana e o crescimento gradativo da população carcerária e do caos dos estabelecimentos 
penais, são motivos significativos para a ascensão da criminologia, ciência que pode fornecer 
respostas mais pormenorizadas a esses problemas. 
 A criminologia é considerada uma ciência interdisciplinar, pois soma o conhecimento de 
várias ciências. 
 A interdisciplinaridade da Criminologia decorre de sua própria consolidação histórica 
como ciência dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas outras ciências, 
tais como a sociologia, a psicologia, o direito, a medicina legal etc. 
 Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann (2019), lembram que a interdisciplinaridade não 
deve se confundir com multidisciplinaridade. 
 A visão interdisciplinar é mais profunda que a multidisciplinar. 
 Na interdisciplinaridade, os saberes parciais se integram e cooperam entre si. 
 
17 
 De outro lado, na multidisciplinaridade as distintas visões sobre um determinado 
problema são tratadas de maneira compartimentada, ou seja, cada uma delas oferece a sua 
própria visão sem necessariamente levar em consideração a posição das demais. 
 Em outras palavras, a visão interdisciplinar é mais profunda que a multidisciplinar. Assim, 
é possível notar que a interdisciplinaridade é mais ampla e abrangente. 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal Criminologia Política Criminal 
Analisa os fatos 
humanos indesejados, 
define quais devem ser 
rotulados como crime 
ou contravenção, 
anunciando as penas. 
Ciência empírica que 
estuda o crime, a 
vítima e o 
comportamento da 
sociedade. 
Trabalha estratégias e 
meios de controle 
social da criminalidade. 
Ocupa-se do crime 
enquanto norma. 
Ocupa-se do crime 
enquanto fato. 
Ocupa-se do crime 
enquanto valor. 
 
1.5.1 Direito Penal 
 Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como 
crime ou contravenção, anunciando as penas. 
 O direito penal estabelece as normas de conduta e comina sanções para prevenção 
e reprovação das infrações penais (crimes e contravenções). 
 Assim, o legislador ao criar o tipo penal tem em mente a proteção de um bem 
jurídico relevante, cuja lesão possa vir a causar uma desarmonia social. 
 
18 
 A Criminologia pode auxiliar o legislador, pois é a ciência que cuida da causa, da 
etiologia do comportamento criminoso e dos seus meios preventivos. 
1.5.2 Política Criminal 
 Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade. Ocupa-se do 
crime enquanto valor. Há quem acredite que a política criminal é um braço da criminologia. 
 A criminologia deve orientar a política criminal possibilitando a prevenção de 
crimes, e influenciar o Direito Penal na repressão das condutas indesejadas que não foram 
evitadas. 
1.5.3 Criminalística 
 Não se pode e nem se deve confundir a criminologia com a criminalística. 
 Enquanto a criminologia qualifica-se como ciência autônoma que estuda o 
fenômeno criminal de maneira empírica e interdisciplinar, a criminalística consiste em disciplina 
meramente auxiliar das ciências criminais, que objetiva ajudar a persecução criminal 
(investigação e processo) por meio do fornecimento de provas técnicas (perícias). 
 A criminalística, portanto, é o estudo dos vestígios materiais deixados pelo crime. 
Esse conjunto de conhecimentos é materializado pelo perito por meio de um laudo pericial. 
1.6 Classificação da Criminologia 
 A doutrina sedimenta a classificação da Criminologia sob 02 (dois) enfoques, o geral e o 
clínico. 
 Criminologia Geral: Consiste na sistematização, comparação e classificação dos 
resultados obtidos no âmbito das ciências criminais sobre o crime, o criminoso, a vítima, o 
controle social e a criminalidade. 
 Criminologia Clínica: Consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos para o 
tratamento dos criminosos. 
 
19 
 Criminologia Científica: conjunto de conhecimentos, teorias, resultados e métodos que 
se referem à criminalidade como fenômeno individual e social, ao delinquente, à vítima, à 
sociedade e, em certa medida, ao sistema penal; seu conteúdo está determinado pelo enfoque 
que se dê ao termo científico e pelos métodos e técnicas que se utilizem na investigação 
criminal. Consequentemente, a Criminologia científica não se organiza para fins didáticos, senão 
de investigação. O seu conteúdo não é homogêneo, reflete a influência da sociologia, psicologia, 
etc. No geral, a Criminologia científica se manifesta em ensaios, pesquisas e projetos e raramente 
em forma de manuais ou tratados (VIANA, 2019). 
 Criminologia Aplicada: constituída pelas aportações das Criminologias científica e 
empírica; nem sempre ortodoxamente científica, criada por juízes, funcionários, profissionais que 
forma parte do sistema penal. A aplicação pode se dar na formulação de uma nova ou reformada 
política criminal, em um programa ou prática determinados ou em qualquer atividade do sistema 
necessitada de Criminologia. Como aspecto prático da política criminal, a Criminologia Aplicada 
é a mais importante, mas também a que suscita maiores dificuldades para fazê-la de forma 
satisfatória (VIANA, 2019). 
 Criminologia Acadêmica: é essencial, ainda que não exclusivamente descritiva e está 
constituída pela sistematização, ensino ou disseminação do conhecimento da Criminologia em 
geral. Assim, é criminologia didática, a qual se baseia em uma exploração sistemática. A aplicada 
persegue finalidade prática. É exatamente utilizada por juízes, advogados, etc. Essa criminologia 
se manifesta, sobretudo, por meio de monografias, ensaios. O corpo docente de uma faculdade 
de direito ou um departamento de sociologia são os seus protagonistas, em geral. 
 Criminologia Analítica: sua finalidade é determinar se as outras criminologias e a política 
criminal cumprem seu objetivo. Ao fim e ao cabo, ela implica uma série de operações tendentes 
a demonstrar a validade ou invalidade do que se afirma criminologicamente. 
 
 
 
 
 
20 
CONCEITO DE CRIMINOLOGIA
A Criminologia é a ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, 
a vítima e o comportamento da sociedade.
O vocábulo Criminologia foi 'criado' em 1883 por Paul Topinard, mas 
difundida internacionalmente por Raffaele Garofalo em seu livro 
Criminologia, no ano de 1885.
A criminologia é considerada ciência, pois apresenta função, método, e 
objeto próprios. Reúne informações válidas e confiáveis sobre a 
criminalidadebaseadas na observação do mundo concreto, real.
Controle Social
Vítima
Criminoso
Crime
 
 
QUADROS SINÓTICOS 
OBJETOS DA CRIMINOLOGIA 
 
21 
INTERDISCIPLINARIEDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
Direito 
Penal
Criminalística
Psicologia
Política 
Criminal
1) compreender cientificamente o fenômeno criminal; 
2) intervir no delinquente (prevenir e reprimir o crime com eficiência); 
3) valorar os diferentes modelos de resposta ao fenômeno criminal. 
CRIMINOLOGIA 
 
22 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA 
 
 
Criminologia Geral 
 
Consiste na sistematização, comparação e classificação dos 
resultados obtidos no âmbito das ciências criminais sobre o 
crime, o criminoso, a vítima, o controle social e a 
criminalidade. 
 
Criminologia Clínica 
Consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos para o 
tratamento dos criminosos. 
 
Criminologia 
Científica 
 
Conjunto de conhecimentos, teorias, resultados e métodos 
que se referem à criminalidade como fenômeno individual e 
social, ao delinquente, à vítima, à sociedade e, em certa 
medida, ao sistema penal; seu conteúdo está determinado 
pelo enfoque que se dê ao termo científico e pelos métodos 
e técnicas que se utilizem na investigação criminal. 
 
Criminologia 
Aplicada 
 
Constituída pelas aportações das Criminologias científica e 
empírica; nem sempre ortodoxamente científica, criada por 
juízes, funcionários, profissionais que forma parte do sistema 
penal. 
 
Criminologia 
Acadêmica 
 
É essencial, ainda que não exclusivamente descritiva e está 
constituída pela sistematização, ensino ou disseminação do 
conhecimento da Criminologia em geral. 
Criminologia 
Analítica 
Sua finalidade é determinar se as outras criminologias e a 
política criminal cumprem seu objetivo. 
 
 
 
23 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
Questão 1 
(MÉDICO LEGISTA – VUNESP - PCSP) A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal 
 
A) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do segundo. 
B) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao contrário do 
segundo. 
C) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em relação ao 
segundo. 
D) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são emprestados 
do segundo. 
E) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo objeto e são concretizados pelo mesmo 
método de estudo, qual seja, o empírico. 
 
 
Comentário: 
 A Criminologia, como ciência, deve fornecer informações válidas e seguras sobre o 
problema criminal, obtidas através do método empírico de análise e observação da realidade. 
Deve-se entender cientificamente o delito/crime para preveni-lo e intervir com eficácia e de 
modo positivo no delinquente e na vítima. 
 A criminologia tem como objetos: o crime, a vítima, o criminoso e o controle social, 
consequentemente, busca conhecer a realidade de forma mais ampla por meio do método 
empírico. 
 O direito penal, repressivo, faz a proteção dos bens juridicamente tutelados através da 
sanção penal, a qual é aplicado após o cometimento de uma infração penal (crime ou 
 
24 
contravenção). O Direito Penal não faz qualquer juízo de valor sobre as causas que ocasionam 
ou impulsionamento de práticas delituosas. 
 
Questão 2 
(ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCSP – VUNESP) São objetos de estudo da Criminologia moderna 
______________, o criminoso, _____________ e o controle social. 
 
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto. 
 
A) a desigualdade social - o Estado 
B) a conduta - o castigo 
C) o direito - a ressocialização 
D) a sociedade - o bem jurídico 
E) o crime - a vítima 
 
 
Comentário: 
A criminologia possui quatro objetos de estudo: a) o delito; b) o delinquente; c) a 
vítima; d) o controle social. 
Na visão da criminologia, o crime é um fenômeno social, o qual exige uma percepção 
apurada para que seja compreendido em seus diversos sentidos. A relatividade do conceito de 
delito é patente na criminologia, que o observa como um problema social. 
Para responder corretamente à questão, o examinando teria que observar que os objetos 
de estudo da criminologia não mencionados foram: o crime e a vítima. 
 Delito: Entendido como um fenômeno social e comunitário, não existe por si só. 
 Vítima: Objeto de estudo de Mendelsohn e Von Henrig. 
  Vitimologia: Estudo da vítima com finalidade de melhor protegê-la. 
 
25 
  Vitimodogmática: Âmbito de estudo da área penal, previsto no art. 59, do 
 CP. 
Questão 3 
(2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia) A Criminologia adquiriu autonomia e 
status de ciência quando o positivismo generalizou o emprego de seu método. Nesse sentido, 
é correto afirmar que a criminologia é uma ciência. 
A) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em deduções 
lógicas e da opinião tradicional. 
B) empírica e teorética; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado em deduções 
lógicas e opinativas tradicionais. 
C) do “ser”; logo, serve-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e observação da 
realidade. 
D) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e 
observação da realidade. 
E) do “ser”; logo, serve-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em deduções lógicas 
e da opinião tradicional. 
 
 
Comentário: 
 A criminologia qualifica-se por ser ciência empírica de observação da realidade, que opera 
no mundo do ser, e emprega o método indutivo e experimental. 
 Como ciência, deve fornecer informações válidas e seguras sobre o problema criminal, 
obtidas através do método empírico de análise e observação da realidade. 
 É importante observar que o método jurídico da Criminologia é normativo (se preocupa 
com a norma, o “dever-ser”), diferentemente da Criminologia, que se preocupa com a realidade, 
o social, é uma ciência do “ser”. 
 
26 
 A criminologia se diferencia das outras ciências por ter a finalidade de encontrar fatores 
que causam a criminalidade, de forma que encontre formas de preveni-la. 
 A criminologia é uma ciência empírica (experimental) e interdisciplinar, portanto é 
considerada uma ciência fática do “SER”; e o direito penal é considerado uma ciência do “DEVER 
SER”, tendo em vista o seu caráter jurídico e dogmático. 
Questão 4 
(VUNESP - PCSP - Papiloscopista Policial) contemporaneamente, a criminologia é conceituada 
como 
A) uma ciência empírica e social que estuda o criminoso, a pena e o controle social. 
B) uma ciência empírica e multidisciplinar que estuda as formas como os crimes são cometidos. 
C) uma ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle 
social. 
D) uma ciência jurídica e interdisciplinar que estuda as formas como os crimes são cometidos. 
E) uma ciência jurídica e multidisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a pena e a vítima. 
 
 
Comentário: 
 Para a Criminologia Científica Moderna, a Criminologia é ciência empírica e 
interdisciplinar, com suas motivações, entre outras; e busca conhecer a realidade para criar 
soluções que venham a prevenir o delito. 
 1) Método experimental: analisa o mundo do ser, utilizando o empirismo (baseia-se na 
experiência). 
 2) Método indutivo: parte de uma característica específica para fixar uma premissa maior. 
Trabalha com casos concretos, específicos, para extrair uma ideia geral. 
 
27 
 Para Antonio García-Pablos de Molina, criminologia é a: "ciência empírica e interdisciplinar 
que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social, do 
comportamento delitivo e que trata de subministrar uma informação válida, sobre a gênese, 
dinâmica e variáveis principais do crime - contemplado este como problema individual e como 
problema social- assim como, sobre programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de 
intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta 
ao delito". 
 
Questão 5 
(AGENTE POLICIAL – 2018 – VUNESP) em relação ao método da criminologia, é correto afirmar 
que: 
A) em razão do volume de dados, a criminologia foca suas análises em metodologias 
quantitativas, reservando às ciências jurídicas as metodologias que têm por base análises 
qualitativas. 
B) o método empírico dominou a fase inicial e pré-científica da criminologia, cedendo espaço 
posteriormente ao método dogmático e descritivo, que melhor se adequa à fase científica e ao 
reconhecimento da criminologia como ciência autônoma. 
C) o método dedutivo é priorizado na criminologia por respeito à cientificidade deste ramo do 
saber. 
D) o método empírico tem protagonismo, por tratar-se a criminologia de uma ciência do ser. 
E) as premissas dogmáticas norteiam as diversas linhas e pensamentos criminológicos de modo 
que se permita a sistematização do conhecimento. 
 
 
Comentário: 
 
28 
 A Moderna Criminologia está se consolidando como um empreendimento interdisciplinar, 
constituído a partir de informações empíricas confiáveis sobre as principais variáveis do delito, 
as suas características específicas (tempo oportuno, espaço físico adequado, vítimas potenciais 
etc.). 
 O método possibilita a aproximação do objeto da ciência. A questão afirma que o método 
qualitativo está reservado as ciências jurídicas. Tal afirmação não é verdadeira. A criminologia 
usa os dois métodos em sua concepção, os estudos podem ser quantitativos (dedutivo, objetivo), 
visando estudar locais com população vasta, ou qualitativos (indutivo, subjetivo), visando estudar 
um caso particular. 
 O método dedutivo foi usado na fase clássica, não é priorizado na criminologia. 
 Criminologia é ciência do ser e seu método é o empírico, indutivo e interdisciplinar. 
Questão 6 
(DESENHISTA TÉCNICO PERICIAL – PCSP – VUNESP) A criminologia é conceituada como uma 
ciência 
A) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) e monodisciplinar. 
B) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar. 
C) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e unidisciplinar. 
D) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar. 
E) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima e unidisciplinar 
 
 
Comentário: 
 A criminologia é a ciência empírica e interdisciplinar, que tem por objetos de análise o 
crime (ou delito), a personalidade do autor do comportamento delitivo (ou 
criminoso/delinquente), da vítima e o controle social das condutas criminosas. 
 
29 
 A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação histórica 
como ciência dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas outras ciências, 
tais como a sociologia, a psicologia, o direito, a medicina legal etc. 
Questão 7 
(FUMARC – 2018 – PC-MG – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A respeito dos objetos da 
Criminologia, analise as assertivas abaixo: 
I. O conceito de delito para a Criminologia é o mesmo para o Direito Penal, razão pela qual tais 
disciplinas se mostram complementares e interdependentes. 
II. Desde os teóricos do pensamento clássico, o centro dos interesses investigativos da primitiva 
Criminologia sempre esteve no estudo do criminoso, prisioneiro de sua própria patologia 
(determinismo biológico), ou de processos causais alheios (determinismo social). 
III. O controle social consiste em um conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem 
submeter o indivíduo aos modelos e às normas comunitários. Para alcançar tais metas, as 
organizações sociais lançam mão de dois sistemas articulados entre si: o controle social informal 
e o controle social formal. 
IV. A particularidade essencial da vitimologia reside em questionar a aparente simplicidade em 
relação à vítima e mostrar, ao mesmo tempo, que o estudo da vítima é complexo, seja na esfera 
do indivíduo, seja na interrelação existente entre autor e vítima. 
São CORRETAS apenas as assertivas: 
A) I, II e III. 
B) II e IV. 
C) II, III e IV. 
D) III e IV. 
Comentário: 
O conceito de DELITO para a criminologia é real, fático (empírico, não normativo), problema 
social e comunitário, envolvendo termos como delito natural (infração dos sentimentos morais 
e sociais no cometimento do crime) e conduta desviada, além de se ocupar de fatos que o 
Direito Penal não analisa (ex.: cifra negra, campo social onde está inserido o infrator etc.). 
Incorreta a assertiva I, portanto. 
 
30 
Os objetos da criminologia são: o crime (ou delito), suas circunstâncias, o criminoso (ou 
delinquente), sua vítima e o controle social. Incorreta também a assertiva II. 
O controle social é formado por um conjunto de mecanismos e sanções sociais que 
submetem os indivíduos às normas de convivência social. Há dois sistemas de controles que 
coexistem, o primeiro deles, dito informal, está relacionado com a família, religião, escola, 
profissão, clubes e outros; Enquanto o segundo, chamado de formal, é representado pela Polícia, 
Ministério Público, Forças Armadas e demais órgãos públicos, com caráter nitidamente mais 
rigoroso e com conotação político-criminal. No sistema formal de controle social, exercem papel 
expressivo no controle social, com a principal forma de punir. No controle social será exercido 
diretamente nas pessoas e poderá ser feito de maneira direta ou indireta através das instituições 
sociais. Correta, portanto, a assertiva III. 
A Vitimologia pode ser definida como o estudo científico da extensão, natureza e causas da 
vitimização criminal, suas consequências para as pessoas envolvidas e as reações àquela pela 
sociedade, em particular pela polícia e pelo sistema de justiça criminal, assim como pelos 
trabalhadores voluntários e colaboradores profissionais. Correta assertiva IV. 
Alternativa correta, portanto, letra D. 
Questão 8 
(FUMARC – 2018 – PC-MG – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) A relação entre Criminologia e 
Direito Penal está evidenciada de forma CORRETA em: 
A) A Criminologia aproxima-se do fenômeno delitivo, sendo prescindível a obtenção de uma 
informação direta desse fenômeno. Já o Direito Penal limita interessadamente a realidade 
criminal, mediante os princípios da fragmentariedade e da seletividade, observando a realidade 
sempre sob o prisma do modelo típico. 
B) A Criminologia e o Direito Penal são disciplinas autônomas e interdependentes, e possuem 
o mesmo objetivo com meios diversos. A Criminologia, na atualidade, erige-se em estudos 
críticos do próprio Direito Penal, o que evita qualquer ideia de subordinação de uma ciência em 
cotejo com a outra. 
 
31 
C) A Criminologia tem natureza formal e normativa. Ela isola um fragmento parcial da realidade, 
a partir de critérios axiológicos. Por outro lado, o Direito Penal reclama do investigador uma 
análise totalizadora do delito, sem mediações formais ou valorativas que relativizem ou 
obstaculizem seu diagnóstico. 
D) A Criminologia versa sobre normas que interpretam em suas conexões internas, 
sistematicamente. Interpretar a norma e aplicá-la ao caso concreto, a partir de seu sistema, são 
os momentos centrais da Criminologia. Por isso, ao contrário do Direito Penal, que é uma ciência 
empírica, a Criminologia tem um método dogmático e seu proceder é dedutivo sistemático. 
Comentário: 
 Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da 
pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de 
subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais 
do crime – contemplando este como problema individual e como problema social -, assim como 
sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervençãopositiva no 
homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito (HERCULANO, 
2020). 
O direito penal analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como 
crime ou contravenção, anunciando as penas. 
O direito penal estabelece as normas de conduta e comina sanções para prevenção e reprovação 
das infrações penais (crimes e contravenções). 
Assim, o legislador ao criar o tipo penal tem em mente a proteção de um bem jurídico relevante, 
cuja lesão possa vir a causar uma desarmonia social. 
A Criminologia pode auxiliar o legislador, pois é a ciência que cuida da causa, da etiologia do 
comportamento criminoso e dos seus meios preventivos. 
Correta, portanto, alternativa B. 
Questão 9 
(CESPE – 2018 – PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA) Texto 1A9-I: Sentença 
 
32 
Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha) 
Processo n.º: XXXXXXX 
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, 
lhe fez ameaça de morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação 
do fato e o pedido de medida protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, 
com isso, faça desmerecido o poder público. Simplesmente decidir que o agressor deve manter 
determinada distância da vítima é um nada. Depois que o sujeito, sentindo só a debilidade do 
poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez, chamar a polícia, a 
qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que fazer. Enfim, 
enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão sem fim — agressão, 
reclamação na polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima defesa, 
muito mais eficaz que qualquer medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP. 
Texto 1A9-II 
No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência 
doméstica contra a mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o 
reconhecimento de conduta criminosa reiterada relacionada à questão de gênero. Mesmo com 
tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as estatísticas nacionais apontam 
para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com dados do 
Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra 
mulheres é superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser 
resultado de uma subnotificação desse tipo de violência. 
Internet: (com adaptações). 
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da 
criminologia. 
Conforme o conceito de delito na criminologia, o feminicídio caracteriza-se como um crime por 
ser um fato típico, ilícito e culpável. 
 
33 
Certo 
Errado 
Comentário: 
Eduardo Viana (2019), traz em sua obra parâmetros para identificar condutas delitivas. São eles: 
a) Incidência massiva; 
b) Incidência aflitiva; 
c) Persistência espaço-temporal; 
d) Inequívoco consenso a respeito da sua etiologia e eficazes técnicas de intervenção; 
e) Consciência generalizada sobre sua negatividade. 
O conceito de DELITO para a criminologia é real, fático (empírico, não normativo), problema 
social e comunitário, envolvendo termos como delito natural (infração dos sentimentos morais 
e sociais no cometimento do crime) e conduta desviada, além de se ocupar de fatos que o 
Direito Penal não analisa (ex.: cifra negra, campo social onde está inserido o infrator etc.). 
Antes, o delinquente era o protagonista da criminologia; hoje, na moderna criminologia, divide 
o protagonismo com a conduta delitiva, vítima e o controle social. 
Desta feita, resta claro que o conceito de delito trazido na assertiva é do Direito penal, não da 
criminologia, incorreta portanto. 
Questão 10 
(CESPE – 2018 – PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca do conceito e das funções da 
criminologia, julgue o item seguinte. 
A criminologia é uma ciência dogmática que se preocupa com o ser e o dever ser e parte do 
fato para analisar suas causas e buscar definir parâmetros de coerção punitiva e preventiva. 
Certo 
 
34 
Errado 
Comentário: 
 A Criminologia é a ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o 
comportamento da sociedade. Ocupa-se do crime enquanto fato. 
Assertiva incorreta. 
 
 
 
35 
QUESTÃO DESAFIO 
O que se entende pela Teoria da Vulnerabilidade Aprendida? 
Aplica-se a todos os tipos de vítima? 
Máximo de 5 linhas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO 
A Teoria da Vulnerabilidade Aprendida visa a explicar por quais razões um indivíduo é 
vítima reiteradas vezes. Em suma, constata-se que o indivíduo desaprende a sair de 
situações de perigo, ainda que evitáveis. Todavia, essa teoria não explica porque alguém se 
torna vítima pela primeira vez. 
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta: 
 A vítima aprende a não evitar o perigo 
Inicialmente, destaca-se que a Teoria da Vulnerabilidade Aprendida é também conhecida por 
Teoria do Desamparo Aprendido e foi desenvolvida por Martin Seligman. 
Segundo essa teoria, uma pessoa se converte em vítima através de um processo de 
aprendizagem. (ELBERT, Carlos Alberto. Novo manual básico de Criminologia. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2009.) 
Em outras palavras, um indivíduo que se encontrava como vítima de crime por reiteradas vezes, 
com o tempo, passa a desaprender os meios de sair dessa situação de vítima até mesmo nas 
hipóteses em que o crime seria evitável. 
Assim, a pessoa desaprende a reagir a situações de perigo e volta a se situar na posição de 
vítima por reiteradas oportunidades. (VIANA, Eduardo. Criminologia. 6. ed. Salvador: Juspodium, 
2018. 443 p.) 
 Porque alguém volta a ser vítima 
Entretanto, destaca-se que essa Teoria da Vulnerabilidade Aprendida (ou do Desamparo 
Aprendido) não se aplica a todos os tipos de vítima. 
Isso porque essa teoria explica apenas os motivos pelos quais determinadas pessoas voltam a 
ser vítimas, de modo que não explica porque algum indivíduo que nunca foi vítima se torna 
vítima primariamente em um determinado caso concreto. (Dias, Jorge de Figueiredo e Andrade, 
Manoel da Costa, Criminologia/O Homem Delinqüente e a Sociedade Criminógena; Portugal: 
Coimbra, 1997.) 
 
37 
Em outras palavras, essa teoria se direciona às pessoas que já foram vítimas de crime, e não 
consegue explicar a razão pela qual uma pessoa é vítima de crime pela primeira vez. (VIANA, 
Eduardo. Criminologia. 6. ed. Salvador: Juspodium, 2018. 443 p.) 
 
 
38 
 
 
GABARITO 
 
Questão 1 - C 
Questão 2 - E 
Questão 3 - C 
Questão 4 - C 
Questão 5 - D 
Questão 6 – B 
Questão 7 - D 
Questão 8 - B 
Questão 9 - Errado 
Questão 10 - Errado 
 
 
 
39 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia / Salo de Carvalho. – 6. ed. rev. e ampl. – São 
Paulo: Saraiva, 2015. 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte geral (arts. 1º ao 120). 10. ed. rev., 
ampl. e atual. – Salvador: JusPODIVM, 2018. 
FONTES, Eduardo e HOFFMANN, Henrique. Carreiras policiais – Criminologia. 2ª Edição. 
Salvador, 2019. Editora JusPodivm. 
HERCULANO, Alexandre. Criminologia: coleção estudo direcionado, 1ª Edição. Salvador, 2020. 
Editora JusPodivm. 
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral – vol. 1 / Cleber Masson – 12 ed. rev., atual. e 
ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: METODO, 2018. 
MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. 4. Ed. São Paulo: RT, 
2002. 
VIANA, Eduardo. Criminologia / Eduardo Viana – 7. Ed. Rev., Atual. e Ampl. – Salvador: 
JusPODIVM, 2019. 
 
 
 
DELEGADO DE 
POLÍCIA FEDERAL
Criminologia
Capítulo 2
 
1 
SUMÁRIO 
CRIMINOLOGIA...................................................................................................................................................................2 
1. Introdução as Teorias Criminológicas .............................................................................................................. 2 
1.1 Teorias baseadas na vertente biológica ........................................................................................................... 2 
1.2 Teorias baseadas na vertente psicológica ........................................................................................................ 4 
1.3 Teorias baseadas na vertente sociológica ........................................................................................................ 5 
2. Teorias do Consenso (Parte 1) ............................................................................................................................ 7 
2.1 Escola de Chicago ............................................................................................................................................ 7 
2.2 Teorias Estrutural-Funcionalistas: Teoria da Anomia ...................................................................................... 11 
2.2.1 Introdução a Teoria da Anomia...................................................................................................................... 11 
2.2.2 Teoria da Anomia para Durkheim .................................................................................................................. 12 
2.2.3 Teoria da Anomia para Merton ...................................................................................................................... 15 
2.2.4 Teoria da Frustração de Agnew ..................................................................................................................... 17 
2.3 Teorias Subculturais ...................................................................................................................................... 18 
2.3.1 A Teoria de Cohen ......................................................................................................................................... 19 
2.3.2 A Teoria de Cloward e Ohlin e a Teoria de Miller ........................................................................................... 21 
2.4 Teoria da Graxa Sobre Rodas ......................................................................................................................... 22 
2.5 Teoria do Vampiro ......................................................................................................................................... 23 
2.6 Teoria das Janelas Quebradas ........................................................................................................................ 23 
2.7 Teoria dos Testículos Despedaçados .............................................................................................................. 25 
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 26 
QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................................................................................ 31 
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 43 
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 46 
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 47 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 48 
 
 
2 
CRIMINOLOGIA 
Capítulo 2 
1. Introdução as Teorias Criminológicas 
1.1 Teorias baseadas na vertente biológica 
Antes do marco científico da Criminologia, de maneira frequente, se apelava a elementos 
espirituais para explicar o comportamento desviante, tais como a demonologia, no entanto, essa 
ideia de possessão foi abandonada quando a Criminologia incorporou às suas propostas teóricas 
apenas variáveis explicativas das delinquências que se encontram no mundo físico. 
Inicialmente, cumpre apresentar teorias baseadas na vertente biológica. Em seguida, 
apresentaremos teorias baseadas na vertente psicológica. 
E por fim, de forma mais densa, dada a sua importância, vamos expor as vertentes 
sociológicas da Criminologia. 
No que diz respeito as teorias baseadas na vertente biológica, vale conhecer, ao menos, o 
conceito de algumas áreas de estudo daquelas. 
Segundo Bandeira (2017), as orientações biológicas buscam alcançar novamente o “homem 
delinquente”, tratando de localizar e identificar em alguma parte de seu corpo – no seu 
funcionamento, em algum de seus sistemas e subsistemas – o fator diferencial que explique a 
conduta delituosa. 
A antropometria é definida como o estudo das medidas de tamanho e proporções do 
corpo humano. 
A antropologia é a ciência que estuda os diversos aspectos da vida social em diferentes 
culturas ou sociedades humanas. Sua principal característica é o interesse pela diversidade de 
modos de viver da humanidade, possuindo um vasto leque de investigação como grupos étnicos 
 
3 
e religiosos, migrações, formação de grupos rurais e urbanos e suas formas de expressão e 
comunicação por meio da arte, de narrativas, do parentesco, de performances, da cultura 
material, dos tipos de moradias e a relação com o meio ambiente1. 
Vale lembrar que um nome importante da antropologia criminal é Cesare Lombroso, o 
qual já devidamente estudado nos capítulos anteriores. 
A Biotipologia é a ciência do tipo humano poliédrico, concebido como unidade vital 
(biotipo), com várias facetas: morfologia, fisiologia e psicologia, segundo a definição de 
LAVASTIGNE (BANDEIRA, 2017). 
Para os estudiosos da biotipologia, há a crença de que exista uma ligação entre as 
características físicas do indivíduo e seus traços psicológicos, entre tipo somático e corporal e 
tipo mental e a sua índole. 
Existem algumas escolas de estudo da Biotipologia, dentre as quais, podemos citar: Escola 
italiana; Escola alemã; Escola francesa; Escola americana. Em síntese, para cada tipo físico ou 
corporal, lhe corresponderia traços caracterológicos e temperamentais próprios (BANDEIRA, 
2017). 
Existem várias tentativas de explicar condutas delituosas em função de patologias cerebrais, 
especialmente, após a criação do eletroencefalógrafo – EEG, que é o aparelho responsável por 
registrar a atividade elétrica do cérebro. 
A Neurofisiologia moderna está inserida nesta realidade. No Reino Unido, os estudos 
eletroencefalográficos pretenderam verificar as hipóteses concretas: que muitos dos 
denominados “crimes sem motivo aparente” respondem a anomalias cerebrais graves que o EEG 
detecta (BANDEIRA, 2017). 
Uma recente hipótese, baseada nos estudos de EYSENCK, surgiu afirmando que o 
funcionamento do sistema nervoso autônomo pode predispor o indivíduo a um 
comportamento antissocial e delitivo (BANDEIRA, 2017). 
 
1 Fiocruz. Observatório da Juventude. Disponível em: <http://www.juventudect.fiocruz.br/antropologia> Acesso em: fevereiro 
de 2020. 
 
4 
A Endocrinologia também esteve inserida dentro das teorias acerca da criminalidade. 
Diversas foram as investigações que trataram de conduzir o comportamento humano em geral 
– especificamente o criminal – a processos hormonais ou endócrino-patológicos (BANDEIRA, 
2017). 
Ainda há a Sociobiologia moderna, a qual entende que o homem é um organismo 
biossocial, de modo que sua conduta é influenciada, diretamente, por condições físicas e por 
fatores ambientais. 
Os estudos quanto à Genética também foram apontadores para asexplicações teóricas de 
orientação biológica do delito. 
1.2 Teorias baseadas na vertente psicológica 
Como lembra Salo de Carvalho (2015), as disciplinas propedêuticas de economia, 
sociologia, filosofia e, mais recentemente, psicologia, tornadas obrigatórias por força de lei, 
inegavelmente em muito podem contribuir ao estudo do direito. 
Há uma enorme preocupação em se definir uma associação pseudo-integrativa entre a 
criminologia/direito/sociologia e outro campo do saber, pois, normalmente, esta pretensão está 
relacionada, ainda que implicitamente, ao reforço de um viés hierárquico entre estes ramos do 
conhecimento (BANDEIRA, 2017). 
Vale ressaltar, a diferença entre criminologia dramática e a criminologia trágica. 
A primeira buscaria associar-se a outros saberes, na condição de saber menor, para 
qualificar-se como ciência, e, inserida no ideal cientificista moderno, fragmentar o estudo do 
seu objeto para melhor conhecê-lo e alcançar suas finalidades. 
Enquanto isso, a criminologia trágica “intentaria romper com a tradição idealizadora das 
ciências e, ao abdicar de quaisquer pretensões epistemológicas, procuraria Criminologia produzir 
discursos problematizadores dos sintomas sociais contemporâneos, com a especifica perspectiva 
de reduzir os danos e os sofrimentos provocados pelas violências públicas (institucionais) ou 
privadas (interindividuais) (CARVALHO, 2015). ” 
 
5 
Em síntese apresentada por Thais Bandeira (2017), podemos concluir que, quando se fala 
em psicologia criminal, estamos diante de uma terminologia ultrapassada, que deverá ter por 
verdadeiro intuito a promoção de um diálogo não hierarquizado entre o direito, a criminologia, 
a psicologia, a psiquiatria e a psicopatologia de modo a compreender melhor como estes 
diferentes campos de conhecimento observam a origem do crime e, a partir daí seus pontos de 
aproximação e de distanciamento. 
1.3 Teorias baseadas na vertente sociológica 
A Criminologia busca, por meio de teorias sociológicas, encontrar as causas do crime na 
sociedade, o porquê de parte da sociedade praticar crimes e qual a reação da sociedade que 
não praticou quando recebe a prática desses crimes. 
Não há uma única teoria capaz de explicar todas as formas de comportamento criminal 
independentemente do grupo de delitos. 
Existem teorias de longo, curto ou médio alcance. 
As teorias criminológicas são concebidas dentro de uma perspectiva macrocriminológica, 
ou seja, não examina a interação entre indivíduos e pequenos grupos, fazendo uma abordagem 
da sociedade como um todo, mediante o estudo do fenômeno delituoso, obtendo diferentes 
respostas explicativas da criminalidade. 
As teorias sociológicas têm uma função de orientação político-criminal. Além disso, elevam 
a sociedade ao patamar de fator criminológico. 
Para entender bem as vertentes sociológicas da Criminologia, é de extrema importância 
que se entenda os acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos ao longo do Século XX, visto 
que é lá que se forja o pensamento criminológico de corte sociológico que virá a dominar a 
Criminologia. 
São sociológicas todas aquelas estruturações teóricas que não têm como paradigma fatores 
patológicos individuais. 
 
6 
 
Dois importantes questionamentos são postos nessa área de estudo da Criminologia: “por 
que algumas pessoas se tornam criminosas? Por que há criminalidade na sociedade? ” Por 
meio desses questionamentos, busca-se explicar a origem do comportamento criminal. 
É importante ter em mente a diferença entre teoria sociológica e teoria jurídica. Uma teoria 
jurídica é elaborada para conduzir o jurista à correta aplicação do direito, diferentemente da 
teoria sociológica. 
Para entender melhor o estudo da vertente sociológica da criminologia, há uma divisão 
das teorias sociológicas: teorias do consenso e teorias do conflito. 
Criminologia do Consenso: a sociedade se mantém, graças ao consenso de todos os 
membros acerca de determinados valores comuns um paraíso na terra2. 
Criminologia do Conflito: a coesão e a ordem estão fundadas na força; “toda sociedade 
se mantém graças à coação que alguns de seus membros exercem sobre os outros”. 
A direção do conflito social argumenta que, em sede de Direito Penal, há um planejamento 
de produção de normas (criminalização primária) voltado para assegurar o triunfo da classe 
dominadora. 
A histórica preferência da programação criminalizante pelas classes inferiores seria uma 
comprovação da essência conflitual, a exemplo do que postulam os teóricos da reação social 
(ou crítica). 
Ao longo desse capítulo 3 e do capítulo 4, faremos uma análise das teorias do consenso 
e das teorias do conflito. 
 
 
2 DAHRENDORF, Ralf. Sociedad Y Liberdad. Madrid: Tecnos, 1966, p. 190-191. 
 
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2. Teorias do Consenso (Parte 1) 
Também conhecidas como teorias etiológicas, epidemiológicas ou da integração. 
O objetivo da sociedade ocorre quando existe concordância com as regras de convívio. Se 
as instituições funcionam perfeitamente, de modo que as pessoas compartilhem objetivos 
comuns e aceitam as normas vigentes, então a finalidade da sociedade será atingida. 
Há quem acredite que as teorias do consenso estejam mais ligadas ao conservadorismo. 
São exemplos das teorias do consenso: Escola de Chicago; Teoria da Associação 
Diferencial; Teoria da Anomia; Teoria da Desorganização Social e Teoria da Subcultura 
Delinquente. 
As teorias consensuais partem dos seguintes postulados: toda sociedade é composta de 
elementos perenes, integrados, funcionais, estáveis, que se baseiam no consenso entre seus 
integrantes. 
Em suma, as teorias do consenso buscam a responsabilização pessoal e racional do 
delinquente, o qual escolheu infringir uma regra. 
2.1 Escola de Chicago 
Como afirma Penteado Filho (2018), os estudos sociológicos americanos foram a priori 
marcados por uma influência significante da religião. Com a secularização, ocorreu a 
aproximação entre as elites e a classe baixa, sobretudo por uma matriz de pensamento, formada 
na Universidade de Chicago, que se denominou teoria da ecologia criminal ou desorganização 
social (Clifford Shaw e Henry Mckay). 
Eis então que surge a Escola de Chicago. Apesar de não haver consenso quanto a isso, 
entende-se que surgiu em 1910, porém seus estudos só dão início em 1915, indo até o ano de 
1940. 
As pesquisas feitas pela Escola de Chicago se dão de forma empírica. Os pesquisadores 
utilizam os seres humanos como fonte de pesquisa, sendo as cidades os seus laboratórios. 
 
8 
Esses estudos desmitificavam os desvios sociais, como algumas patologias de crime e 
prostituição, que eram tidas na sociedade. 
Os estudiosos da Escola de Chicago tiraram essa ideia de patologia, não por acreditarem 
ser um erro, mas por ser uma consequência de tudo aquilo que estava acontecendo na cidade. 
Núcleo de averiguação está relacionado no modo como o fator ambiental, notadamente o 
espaço urbano, pode desempenhar um enorme papel para o surgimento da conduta desviante, 
daí porque é comum designar essa vertente criminológica como ecologia criminal. 
A gênese delitiva relacionava-se diretamente com o conglomerado urbano. 
Os seus teóricos desenvolviam uma “sociologia da grande cidade” capaz de explicar não 
somente o aparecimento do fenômeno criminal, senão também a sua distribuição geográfica. 
A principal tese da Escola de Chicago diz respeito às denominadas zonas de delinquência, 
ou seja, espaços geográficos com determinadas características que, em tese, não apenas 
explicariam o crime como também a sua própria distribuição nessas áreas. 
Eduardo Viana (2019), apresenta as razões pelas quais os teóricos da Escola de Chicago 
foram atraídos para a investigação sobre a criminalidade: 
A) Explosão demográfica; 
B) Crescente urbanização; 
C) (Incipiente) industrialização; 
D) Conflitos étnicos e raciaispotencializados, em grande medida, pela chegada 
de europeus no novo continente. 
Vale enfatizar, a utilização de métodos empíricos por parte dos estudiosos dessa escola. 
Apenas em 1910, com o William I. Thomas, tem-se início pesquisas mais comprometidas. 
Em 1920, a Escola de Chicago consolida-se com os trabalhos de Ernest Burgess, Robert 
Park, Clifford R. Shaw e Henry D. Mckay. 
De Thomas, retira-se, sobretudo, o conceito de desorganização social. Segundo ele, há 
uma ausência de limite para os indivíduos expressarem seus limites, visto que é impossível 
definir padrões e modelos de condutas coletivas. 
 
9 
Robert Park afirmava que a cidade representava um organismo vivo, visto que àquela 
funcionava como este, já que cresce, invade algumas áreas, domina e expulsa outros tipos de 
vida existentes naquele local. 
Burguess se apropriou e sistematizou o processo de crescimento descrito por Park. Para 
tanto, ele criou a teoria das zonas concêntricas, na qual afirmava que a cidade se expande de 
forma radial, ou seja, de dentro para fora, em círculos concêntricos, descritos como zonas. 
Shaw e Mckay apresentam uma enorme contribuição ao fazer análise da delinquência 
juvenil. 
Em suas apreciações, Shaw e Mckay perceberam a correlação entre respectivos índices de 
criminalidade e a localização da residência em cada uma das áreas das zonas concêntricas. 
Notaram que quanto mais afastada dos centros, menor era a taxa de criminalidade. 
Os criminólogos concluíram, também, que regiões com Índice de Desenvolvimento 
Humano (IDH) baixo tem maiores taxas de criminalidade e que regiões com IDH alto/ótimo, tem 
menores taxas de criminalidade. 
Destacam-se as obras “The Jackroler” e “Delinquency Areas”. Segundo lembra Viana (2019), 
foram nessas obras que Shaw e Mckay chegaram a algumas conclusões. São elas: 
A) Nas áreas criminais, a opinião pública possui débil eficiência na formação do 
comportamento dos jovens. Familiares e vizinhos geralmente aprovam o 
comportamento do jovem; 
B) Alguns bairros oferecem oportunidades à delinquência; 
C) As atividades delinquenciais começam muito cedo, como parte de um jogo 
das ruas; 
D) As taxas de delinquência são mais elevadas nas zonas de transição. 
Os autores verificaram, também, que o índice de criminalidade de determinada região, 
associado a outros problemas sociais (desemprego, drogadição, pobreza, por exemplo), 
despontava expressiva constância: ele permanecia constante mesmo com o fluxo de moradores. 
A concepção de Shaw e Mckay sobre o surgimento da criminalidade está diretamente 
ligada à relação existente entre organização social e controle social. 
 
10 
Nas áreas urbanas de menor controle social informal há maior desorganização social e é 
justamente essa desorganização que cria as condições ideais para a propagação das 
representações favoráveis ao crime. Essas representações, observadas e apreendidas pelas 
crianças e jovens, são transmitidas de geração a geração, instaurando-se, por assim dizer, uma 
tradição da delinquência (VIANA, 2019). 
O nascimento da criminalidade, para Shaw e Mckay, está localizado, portanto, dentro das 
“zonas de propagação”, aquelas nas quais não imperam valores pró-sociais. 
A preocupação básica de Shaw foi estabelecer as bases de programas político-criminais 
tendentes à prevenção delitiva. Ainda hoje existe um deles: o Chicago Area Project (CAP). 
Na opinião de Viana (2019), o propósito do estudo da Escola de Chicago foi demonstrar 
que existe tendência a que um tipo de criminalidade ocorra em algumas áreas, mas a 
delinquência não é causada pela simples razão da localização geográfica. 
Abaixo, listamos três importantes críticas à Escola de Chicago. São elas: 
Primeira crítica: limitação da própria investigação. Preocupou-se em estudar as áreas da 
residência dos delinquentes e não as áreas onde os crimes ocorriam. 
Segunda crítica: A teoria das zonas concêntricas não representava a maioria das cidades 
americanas; ao contrário, o desenvolvimento das cidades polarizava-se em torno das principais 
ruas e não a partir do centro. 
Terceira crítica: quanto a metodologia. Ao considerar apenas cifras oficiais, as conclusões 
tornam-se altamente questionáveis, a atuação das agências de controle social é discriminatória 
e com alvos bem definidos; a vigilância é muito mais ostensiva em determinados bairros. 
A Escola de Chicago atribui sobrepeso à desorganização social, elevando-a à categoria de 
fator criminógeno. 
 
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O sucesso no enfrentamento da criminalidade passa pelo controle social informal. Essa 
é a razão pela qual os criminólogos da Escola de Chicago atribuírem a igreja, família, vizinhança 
e a escola papel determinante para obstar a desorganização social, reconstruir a coesão sobre 
os valores, e, de forma consequente, controlar a criminalidade. 
Ainda se fala em adoção de medidas de intervenções urbana como, por exemplo, 
planejamento de cidades. 
Vale destacar o empirismo e o espírito reformista da Escola de Chicago. 
Compreender a cidade como algo muito além da simples estrutura material. 
A contribuição mais significativa: utilização do método qualitativo da investigação e de 
outros métodos de investigação como análise de documentos, mapa social, análise documental, 
os quais permanecem largamente aceitos (VIANA, 2019). 
2.2 Teorias Estrutural-Funcionalistas: Teoria da Anomia 
A mola propulsora para o desenvolvimento da Sociologia Criminal no século XX foi o 
grande fenômeno migratório pelo qual passavam os Estados Unidos. 
A Criminologia norte-americana se desenvolve como disciplina independente do Direito 
Penal e com vocação de disciplina sociológica e social-psicológica. 
2.2.1 Introdução a Teoria da Anomia 
A teoria da anomia foi idealizada por Émile Durkheim e, posteriormente, aperfeiçoada por 
Robert K. Merton.3 
O significado de anomia é a ausência ou desintegração entre o sistema de valores e o 
sistema de normas sociais. 
As sociedades em estado de sinomia caracteriza-se, especialmente, pela coesão normativa 
e pela harmonia do sistema de valores. 
 
3 Vide questão 5 
 
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Sinomia: expressa a congruência da solidariedade social presente em sociedades com baixo 
índice de criminalidade. 
A teoria da anomia é uma das teorias estruturais-funcionalistas. Interpreta e analisa o 
crime como fenômenos social, normal e funcional. 
Sua principal contribuição foi a compreensão do crime dentro de uma moldura de 
normalidade em contraposição ao anteriormente denunciado modelo da anormalidade 
biológica defendida pelo positivismo. 
O processo de interação social e interpessoal são determinantes para a origem da 
criminalidade, a qual está relacionada com a estrutura social da sociedade. 
2.2.2 Teoria da Anomia para Durkheim 
Durkheim foi o criador do moderno pensamento sociológico. O fundamental para a 
elaboração do seu modelo teórico está na divisão do trabalho. 
Contexto histórico: Revolução Francesa de 1789 e Revolução industrial. 
Tais revoluções impulsionaram Durkheim a criar as bases teóricos-explicativas de uma 
sociedade racional e solidária. 
Foi, especialmente, nas obras “As Regras do Método Sociológico” e “A Divisão do 
Trabalho Social” que ele enfrentou o tema da anomia. 
Basicamente, os conceitos elementares são solidariedade social e consciência coletiva. 
A consciência coletiva é o sistema de representações coletivas comuns à medida dos 
membros de uma sociedade. 
A consistência social é responsável por gerar o sentimento de solidariedade. 
 
13 
O nível de coesão dessa consciência coletiva, porém, varia de acordo com o tipo de 
sociedade. Durkheim aponta dois tipos de sociedade: primitiva (ou simples) e contemporânea. 
 Sociedade simples: há uma solidariedade mecânica, isto é, são sociedades que 
partilham os mesmos valores, sentimentos e crenças religiosas. 
 Sociedade

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