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Estudo baseado no livro curso de direito do Bernardo Gonçalves fernandes edição de 2021 Direito Constitucional. Constituição e constitucionalismo: Paradigmas constitucionais. Tipologia constitucional. Classificação das Constituições. Sistemas constitucionais (common law e civil law). 2.1 Conceito de direito constitucional - pág: 34 até a 78 Definição de constituição: depende do autor e o contexto em que ele está inserido Constituição material como constituição real: (em momento nenhum está escrito que a constituição material é escrita, até porque a inglesa não era escrita) está pautada com a ideia de vários elementos, mas 3 deles são: Identidade - ou seja, ideia de pertencimento organização social - ou seja, quem detém o poder de mandar Valores subjacentes - ou seja, regras que permitiram a construção de um tipo de organização social. Com isso surge a ideia de formação de comunidades que podiam ser denominadas Estados. *** Nesse contexto de formação a Constituição poderia ser definida como o modo de ser de uma comunidade, sociedade ou Estado. Ela está constituída e formada em relação com outras comunidades, sociedades e estados, ou seja, é uma constituição material (real) Na revolução gloriosa na Inglaterra que a constituição material se estabeleceu efetivamente jurídica, nos moldes modernos. E a definição de constituição material passou a ser entendida como conjunto de normas juridicamente instituidoras de uma comunidade, ou seja, a constituição material normativamente institucionalizada como matérias tipicamente constitutivas do Estado e da sociedade. O constitucionalismo, assim como a constituição não pode ser definida em um só movimento, pois “os movimentos constitucionais são muitos” e não podem ser reduzidos somente no americano e no francês. O constitucionalismo (moderno) traz objetivos que podem ser chamados de "conceito ocidental de constituição” (Rogério Soares) - 2 principais objetivos: 1 a limitação do poder com a necessária organização e estruturação do Estado, e 2 a consecução, com devido reconhecimento, de direitos e garantias fundamentais. Então os temas centrais são a fundação e legitimação do poder político, em contraponto a um poder absoluto e a constitucionalização das liberdades individuais. Mas esses objetivos citados são diferentes na tradição inglesa, e também nas tradições francesas e americanas, embora as duas trabalhem de forma semelhantes como constituições formais. Pois a tradição do constitucionalismo inglês passa por vários momentos e tem uma “dimensão histórico-constitucional” então as dimensões estruturantes de um constitucionalismo ocidental foram sedimentadas em magna carta, petition of rights, habeas corpus act e bil of rights. No séc XVIII (18) o constitucionalismo estava moldado por teóricos e revolucionários norte-americanos e franceses, nos seus respectivos contextos. Formam as constituições formalizadas (formais) em um documento escrito. A Constituição passa a ser entendida como “a ordenação sistemática e racional da comunidade política plasmada em um documento escrito, no qual se fixam os limites do poder político e declaram-se direitos e liberdades fundamentais,” a partir disso a constituição deixa de ser um modo de ser da comunidade e passa a ser um ato constitutivo da (nova) comunidade. Resumindo: a constituição formal reduzida à forma, escrita no fim do séc XVIII (18) essas constituições vão ordenar em termos jurídicos-políticos o Estado, agora, por meio de um documento (pacto) escrito, declarar nessas cartas escritas um conjunto de direitos fundamentais e o respectivo modo de garantia e organizar o poder político segundo esquemas tendentes a tomar um poder limitado e moderado. O que acontece com a constituição material quando surgem as constituições formais? Elas não irão desaparecer, e sim em algum momento irão ser alocadas na constituição formal, sendo reduzidas a termo escrito. As constituições materiais constitutivas do Estado e da sociedade quando alocadas na constituição formal vão envolver claramente a organização do Estado e dos direitos e garantias fundamentais (esses são os dois grandes objetivos do movimento do constitucionalismo). finalizando isso, a declaração universal dos direitos do homem e do cidadão deixou claro a ideologia do estado liberal e o constitucionalismo formado. No art 16 da declaração eles explicitam quem tem ou quem não tem constituição: “ os Estados que não tivessem o princípio da separação de poderes (limitação de poder) e os direitos e liberdades fundamentais, plasmados em um documento escrito não teriam constituição (formal)”. Portanto, a constituição material acaba sendo integrada pela constituição formal - por ser uma ideologia dominante- produzida pelo movimento constitucionalista de então. Ao decorrer do tempo a constituição é modificada pelo poder constituinte e passa a ser reflexo de um determinado momento, e são integradas na constituição matérias não tipicamente constitucionais. O conceito de constituição formal muitas vezes foi confundido com constituição escrita, pois afirmavam ser a constituição explicitada na forma escrita. Mas a partir do séc XIX (19) a constituição formal não poderia mais ser entendida apenas pela sua forma escrita. No caso Marbury x Madison a Suprema Corte Americana teve um conflito entre a constituição e a legislação infraconstitucional. Porque havia duas possíveis soluções para o processo a primeira adoção do critério cronológico, que a lei posterior (originada no parlamento) revoga a anterior (constituição) e a segunda solução seria a adoção do critério hierárquico, no qual a lei posterior (originada no parlamento) não prevalece sobre a anterior (constituição). A primeira tese estaria tirando a força da constituição facilitando a modificação dela sem defesa das normas constitucionais sobre a atuação do poder. A segunda tese chief justice marshall afirmou que o judiciário deveria defender a constituição em todos os conflitos de normas infraconstitucionais e constitucionais, prevalecendo sempre a constituição. Baseado na doutrina dos freios e contrapesos, o judiciário deveria controlar a atuação dos outros poderes ante os ataques à constituição americana. Após esse caso, a constituição passa a prevalecer sobre todo ordenamento ordinário e quem defenderá o ataque à constituição, na maioria dos países, será o poder judiciário. Nesses termos a constituição formal não é, nem pode ser, somente escrita, ela deve ser dotada de supremacia e não pode ser modificada por normas ordinárias,uma vez que em um embate entre as duas a norma constitucional sempre prevalecerá. Ou seja, a constituição formal é observada quando uma constituição é dotada de supremacia em relação a todo restante do ordenamento. E sendo a única forma de modificação da constituição formal o que estiver expresso no próprio texto da constituição. Classificação das constituições: Conteúdo: ● Constituição formal: dotada de supremacia, só pode ser modificada por procedimentos especiais previstos na própria constituição. Portanto, a constituição formal , quanto a estabilidade, será bastante rígida. ● Constituição material: pode ser escrita ou não em um documento constitucional, contém normas constitutivas do Estado e da sociedade, são parte do núcleo ideológico constitutivo do estado e da sociedade. Vem sendo definida como: Organização e estruturação do Estado e Direitos e Garantias Fundamentais. Quanto a estabilidade ● Constituição rígida: São as constituições que são difíceis de serem modificadas, só é modificada por procedimentos especiais definidos na própria constituição. ● Constituição flexível: São as constituições que podem ser modificadas por procedimentos comuns, os mesmos que produzem e modificam as leis ordinárias. Para isso na própria constituição não deve haver procedimentos especiais para sua modificação, um exemplo é a constituição inglesa. ● Constituição semirrígida: são as constituições que em seu corpo possuem partes rígidas e partes flexíveis. Ou seja, há partes que especificam naprópria constituição como devem ser feitas as mudanças e há partes que não requerem procedimentos especiais para sua alteração, um exemplo de constituição semiflexível é a constituição de 1824. Quanto à forma: ● Constituição Escrita: elaborada de forma escrita e sistemática em um documento único, feita de uma vez só, por meio de um processo específico ou único, de um jato só por um poder, convenção ou assembleia constituinte. ● Constituição não escrita: é a que é elaborada e produzida com documentos de modo esparso no decorrer do tempo, pouco a pouco desenvolvidos, de forma histórica e fruto de um processo de sedimentação e consolidação constitucional. exemplo a constituição inglesa, que além de histórica é costumeira (consuetudinária) Quanto à origem: ● Constituição promulgada: tem legitimidade popular, ou seja o povo participou do seu processo de elaboração, ainda que por meio dos seus representantes. ex: a constituição de 1988 ● Constituição outorgada: ausência de legitimidade popular, não há participação direta nem indireta do povo. ex.: é uma constituição autocrática, sinônimo de ditatorial, a constituição de 1824. Quanto à extensão: ● Constituição analítica: detalhista, forma extensa, chamada também de prolixa, não se preocupa em descrever apenas matérias constitucionais. Regulamenta também os princípios e regras e não apenas princípios. Ex constituição de 1988 ● Constituição sintética: resumida, estabelece princípios fundamentais de organização do Estado e da sociedade preocupando-se apenas com matérias constitucionais típicas. Quanto à finalidade ● Constituição garantia: abstencionista ou negativa, visa garantir direitos assegurados contra possíveis ataques do poder público. Ela é típica do estado liberal por causa da concepção negativa de não interferência na sociedade. ● Constituição programática : ou dirigente, é uma constituição típica de estado social, tem viés de futuro, são planificadoras e buscam definir uma pauta de vida para a sociedade, estabelecer uma ordem concreta de valores para o estado e para a sociedade, ou seja, programas e fins para serem cumpridos pelo estado e pela sociedade. Estado Liberal: Indivíduo sujeito de direito e concepção negativa de liberdade (não intervenção, governo te dá liberdade e não intervém na sua liberdade), Tem como característica principal os Direitos individuais, o modelo constitucional baseia-se na liberdade, igualdade e propriedade. Cidadão como proprietário. Estado social: Abertura das perspectivas de classe, tem como característica principal os Direitos fundamentais de segunda geração, o modelo constitucional baseia-se nos direitos sociais, culturais e econômicos. Cidadão como cliente do estado. Estado Democrático de direito:. Concepção diferente de Democracia, vão trazer a lume uma imagem e um modelo implícito de mundo e sociedade, cidadão passa a ter a função de ser participativo no estado, consolidando respectivamente no sistema de direito: constitucionalismo clássico social e o procedimental do Estado Democrático de Direito advindos. Geração dos Direitos fundamentais de terceira geração, colocando direitos que vão além do Estado. Cidadão como agente participante da política.
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