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APOSTILA CERTIFICAÇÃO RPPS

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1 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
 
CERTIFICAÇÃO 
RPPS 
 
 
 
 
 
 
2 
MÓDULO I – GESTÃO DO PASSIVO PREVIDENCIÁRIO 
 
1. CONCEITOS PREVIDENCIÁRIOS FUNDAMENTAIS.................................................. 3 
1.1. Receitas e Despesas Previdenciárias .............................................................. .......3 
1.2. Certificado de Regularidade Previdenciária ............................................................ 6 
1.3. Avaliação Atuarial.................................................................................................. 12 
2. REGIME DE REPARTIÇÃO E DE CAPITALIZAÇÃO ................................................. 14 
2.1 Constituição de Fundos Previdenciários ................................................................ 14 
2.2. O Risco do Regime de Repartição Simples .......................................................... 15 
2.3. Desafios e Vantagens do Regime de Capitalização.............................................. 17 
2.4. Estratégias para a Capitalização do Novo Regime ............................................... 18 
2.5. A Importância do Equilíbrio Financeiro e Atuarial do Sistema............................... 19 
3. BENEFÍCIO DEFINIDO E CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA.............................................. 20 
4. ATIVO, PASSIVO E RESULTADO PREVIDENCIÁRIO .............................................. 23 
5. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS E BENEFÍCIOS A CONCEDER................................... 28 
6. PLANO DE CUSTEIO ................................................................................................. 31 
7. INTERPRETAÇÃO DO CÁLCULO ATUARIAL ........................................................... 33 
7.1. Resultado Atuarial ................................................................................................. 33 
7.2. Projeção Atuarial ................................................................................................... 34 
7.3. Premissas Atuariais............................................................................................... 36 
7.3.1. Taxa de Juros (Meta Atuarial) ......................................................................... 37 
7.3.2. Tábuas Biométricas......................................................................................... 38 
7.3.3. Crescimento Salarial ....................................................................................... 39 
7.3.4. Fator de Capacidade ....................................................................................... 39 
7.3.5. Composição Familiar....................................................................................... 39 
7.3.6. Novos Entrantes e Rotatividade ...................................................................... 40 
7.4. Variações do Resultado Atuarial ........................................................................... 42 
8. GERENCIAMENTO DE ATIVO E PASSIVO – ASSET LIABILITY MANAGEMENT 
(ALM) 
9. ADMINISTRAÇÃO DO CADASTRO ........................................................................... 47 
 
3 
 
1. CONCEITOS PREVIDENCIÁRIOS FUNDAMENTAIS 
 
1.1. Receitas e Despesas Previdenciárias 
 
Os entes da federação (municípios, estados, DF e união) possuem competência para 
tratar da seguridade social, sendo dividida em: assistência, previdência e saúde. A 
previdência social deve sempre ser gerenciada à parte da assistência e saúde devido às 
suas peculiaridades. O aspecto financeiro diferenciador mais importante é quanto ao 
comportamento das despesas ao longo do tempo, pois se sabe que essas despesas 
apresentam crescimento rápido, refletindo o aumento do volume de benefícios 
previdenciários em relação às receitas de contribuições previdenciárias. Esse fato é 
normalmente evidenciado pela divulgação de um indicador correspondente à relação 
entre o número de beneficiários (aposentados e pensionistas) e o de contribuintes, valor 
este que tende a crescer no médio prazo e a se estabilizar no longo prazo em um 
número maior que um, significando que o regime possui mais beneficiários do que 
contribuintes ativos. 
 
A previdência tem como objetivo proteger o servidor da perda permanente da 
capacidade laborativa por ocasião de morte, invalidez ou idade avançada, além da perda 
temporária da capacidade em função de doença, acidente, maternidade e reclusão. 
Sendo assim, os benefícios previdenciários se dividem em benefícios de prestação 
continuada e auxílios, respectivamente. Os benefícios de prestação continuada são: 
aposentadoria por invalidez, aposentadoria programada (por idade ou tempo de 
contribuição) e pensão. Já os auxílios são: auxílio-doença, auxílio-reclusão, salário-
família e salário-maternidade. 
 
As despesas previdenciárias de um regime próprio devem corresponder somente 
àquelas previstas pela Constituição Federal e legislação em geral. O regime próprio 
deverá no mínimo conceder os benefícios de aposentadoria e pensão. No máximo, além 
 
4 
dos benefícios de aposentadoria e pensão, poderá oferecer aos segurados e 
dependentes o auxílio-doença, auxílio-reclusão, salário-família e salário-maternidade. Os 
benefícios de salário-família e auxílio-reclusão só serão devidos aos dependentes dos 
segurados de baixa renda, com remuneração, provento ou pensão brutos inferiores ao 
limite determinado e corrigido anualmente pelo Ministério da Previdência social. 
 
Uma despesa adicional, que não é usufruída diretamente pelos segurados do regime é a 
despesa com a taxa de administração, que corresponde ao valor máximo de 2% do valor 
total das remunerações, proventos e pensões dos segurados vinculados ao regime 
próprio de previdência, relativamente ao exercício financeiro anterior. Cada regime pode, 
portanto, estipular um percentual diferente, de acordo com a necessidade que surge em 
relação às despesas de caráter administrativo envolvendo remuneração de pessoal, 
materiais de expediente, energia, água e esgoto, comunicações, vigilância, locações, 
manutenção, limpeza e conservação dos bens móveis e imóveis, consultoria, assessoria 
técnica, honorários, entre outros. 
 
Desde que haja aprovação dos conselheiros, o regime próprio pode constituir reservas 
com eventuais sobras do custeio administrativo, cujos recursos somente serão utilizados 
para os fins destinados pela taxa de administração, sendo que o montante não poderá 
ultrapassar a totalidade das efetivas despesas administrativas do exercício anterior. 
 
De acordo com a legislação geral (federal), para as despesas previdenciárias serem 
custeadas suficientemente, devem obrigatoriamente haver no mínimo as receitas de 
contribuição do servidor e de contribuição do ente (patronal). A contribuição do servidor 
deve ser de no mínimo 11% e a contribuição do ente no mínimo uma vez e no máximo 
duas vezes a contribuição do servidor. Em se tratando de um regime capitalizado, ou 
seja, aquele no qual existe um fundo previdenciário, haverá também uma receita 
patrimonial de juros que será fundamental para a manutenção do equilíbrio financeiro e 
atuarial no longo prazo. Para auxiliar o gerenciamento eficiente das aplicações 
financeiras do fundo previdenciário e os juros correspondentes surge a necessidade da 
existência da certificação do gestor responsável pelos investimentos dos regimes 
 
5 
próprios. 
 
A legislação local pode prever ainda outras fontes de receita, como royalties do petróleo, 
que são uma compensação financeira devida ao ente, incidente sobre a produção 
mensal das empresas concessionárias de petróleo e gás natural. O ente pode então, 
desde que previsto em lei, deslocar parte ou toda essa receita para o fundo 
previdenciário. Assim como para os royalties do petróleo, pode o ente legalmente atribuir 
outros créditos para o fundo, de acordo com a necessidade do regime. 
 
Um aspecto importante que diferencia os regime próprios dos outros regimes 
previdenciários brasileiros (entidades abertas e fechadasde previdência complementar) 
é a existência da Compensação Previdenciária. Essa compensação surge na medida em 
que um servidor público, ao se aposentar, pode averbar tempo de contribuição anterior 
aportado ao regime geral (INSS). Sendo assim, mediante o processo administrativo 
formalizado, este servidor irá provocar uma receita de compensação previdenciária para 
o regime instituidor do benefício programado (regime próprio), sendo repassada 
mensalmente pelo regime de origem (INSS). 
 
Analogamente, na situação contrária, a qual o servidor se desliga de um regime próprio 
e passa a contribuir para o INSS, quando posteriormente se aposenta, será gerada uma 
despesa de compensação previdenciária para o regime de origem (regime próprio) que 
irá arcar com a parte que lhe cabe em relação ao pagamento mensal do benefício 
concedido pelo regime instituidor (INSS). 
 
Trata-se na prática de uma espécie de rateio proporcional das despesas com relação 
aos benefícios programados. Atualmente só existe regulamentação quanto à 
compensação entre os regimes próprios e o regime geral. A compensação 
previdenciária de um regime próprio para outro regime próprio ainda será implantada, 
dependendo de regulamentação federal. 
 
 
 
6 
1.2. Certificado de Regularidade Previdenciária 
 
O Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) é o documento emitido pela 
União através da Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPS), com validade de 
90 dias, e que atesta a regularidade do ente público, envolvendo aspectos do ente e do 
regime próprio de previdência social dos servidores. Para tal, deve o ente possuir 
legislação que respeite as normas gerais, bem como serem elaborados e enviados o 
Demonstrativo Previdenciário, o Demonstrativo de Investimentos e Disponibilidade 
Financeira (Demonstrativo Financeiro), o Demonstrativo de Resultado da Avaliação 
Atuarial (DRAA), o Comprovante de Repasse e Recolhimento ao RPPS, os 
Demonstrativos Contábeis e o Demonstrativo da Política de Investimentos. 
 
O CRP será exigido do ente público nas situações elencadas a seguir que 
envolvem transações financeiras com o governo federal, exceto quanto às transferências 
voluntárias relativas às ações de educação, saúde e assistência social. 
 
- Realização de transferências voluntárias de recursos pela União; 
 
- Celebração de acordos, contratos, convênios ou ajustes com órgãos ou entidades da 
Administração Direta e Indireta da União; 
 
- Concessão de empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de órgãos 
ou entidades da Administração Direta e Indireta da União; 
 
- Liberação de recursos de empréstimos e financiamentos por instituições financeiras 
federais; 
 
- Pagamento dos valores devidos pelo Regime Geral em razão da compensação 
previdenciária. 
 
 
7 
O Demonstrativo Previdenciário será elaborado com base nas informações 
contábeis do regime próprio e do ente, incluindo valores mensais de contribuição 
previdenciária, compensação previdenciária, receita patrimonial de aplicação de 
recursos, despesas com aposentadorias e pensões, despesas administrativas, 
remuneração dos servidores ativos, e saldo financeiro do fundo previdenciário. 
 
O Demonstrativo de Investimentos e Disponibilidade Financeira (Demonstrativo 
Financeiro) será elaborado com base nas negociações em mercado financeiro 
referentes ao fundo previdenciário, incluído informações sobre: preço/quantidade e valor 
da operação, emissor, data da emissão, data e valor de resgate, indexador, taxa de 
juros, agente custodiante, contraparte, nível de risco e agência de risco. 
 
O Comprovante de Repasse e Recolhimento ao RPPS é um documento de 
comprovação do repasse do ente e recolhimento ao regime próprio das contribuições a 
seu cargo, dos valores retidos dos segurados, dos aportes de recursos e débitos de 
parcelamento, correspondentes às alíquotas fixadas em lei. Ele deve ser devidamente 
confirmado (assinado) pelo dirigente da unidade gestora do regime próprio e pelo 
representante do ente (chefe do executivo). 
 
O DRAA é elaborado anualmente e deve ser enviado até 31 de março após o 
encerramento do exercício financeiro, tendo como base os valores das projeções e 
resultados apurados na avaliação atuarial. O Demonstrativo da Política de Investimentos 
também é anual e deve ser encaminhado até 31 de dezembro, referindo-se à política do 
exercício seguinte. 
 
Os Demonstrativos Contábeis são elaborados semestralmente e devem ser 
enviados até 30 de setembro (encerramento do 1º semestre) e 31 de março 
(encerramento do exercício anterior). 
 
 
8 
Os Demonstrativos Previdenciários, de Investimentos e Disponibilidade Financeira 
e o Comprovante de Repasse e Recolhimento devem ser enviados eletronicamente até 
o último dia do mês seguinte ao encerramento de cada bimestre do ano civil. 
 
Ademais, as normas previdenciárias locais e o ente devem respeitar os seguintes 
critérios, elencados e explicados resumidamente a seguir: 
 
- Unidade gestora e regime próprio únicos: existência de apenas um regime próprio de 
previdência social e uma unidade gestora do respectivo regime dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, entendendo-se como unidade gestora aquela com a finalidade 
de gerenciamento e operacionalização do respectivo regime; 
 
- Participação dos segurados, ativos e inativos, nos colegiados: os regimes próprios 
deverão contar com a participação de representantes dos segurados nos conselhos e 
instâncias de decisão em que os seus interesses sejam objetos de discussão e 
deliberação; 
 
- Cobertura exclusiva a servidores efetivos: cobertura exclusiva a servidores públicos 
titulares de cargos efetivos e a militares, isto é, todos os que prestaram concurso e seus 
dependentes, não podendo amparar aqueles servidores que ocupam, exclusivamente, 
os cargos em comissão, também chamados de cargos de confiança, e os servidores 
temporários. Nesta última categoria excluída, estão aqueles que exercem os mandatos 
eletivos e, ainda, os contratados por tempo determinado em razão de excepcional 
interesse público; 
 
- Caráter contributivo: esse critério determina a necessidade de previsão expressa, em 
lei, das alíquotas de contribuição dos entes federativos e de seus segurados, bem como 
o repasse integral das respectivas contribuições ao órgão ou entidade gestora do regime 
próprio de previdência social; 
 
 
9 
- Observância dos limites legais das alíquotas de contribuição: a alíquota dos servidores 
não poderá ser inferior daquela cobrada dos servidores titulares de cargo efetivo da 
União. Além disso, a alíquota do ente não poderá ser inferior a do seu servidor ou 
superior ao dobro, salvo em caso de necessidade de cobertura de eventuais 
insuficiências financeiras do respectivo regime próprio decorrentes do pagamento de 
benefícios previdenciários; 
 
- Base de incidência das alíquotas de contribuição: A contribuição dos servidores ativos 
incidirá sobre a totalidade da base para a contribuição, enquanto que a contribuição 
sobre os proventos dos inativos e sobre as pensões incidirá somente sobre a parcela 
que ultrapassar o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS ou que 
ultrapassar o dobro desse limite quando o beneficiário for portador de doença 
incapacitante, nas mesmas alíquotas aplicadas às remunerações dos servidores ativos. 
 
- Utilização de recursos previdenciários: utilização dos recursos vinculados ao regime 
próprio de previdência social apenas para o pagamento de benefícios previdenciários, 
com exceção às despesas administrativas. Os recursos não podem ser utilizados para 
conceder assistência à saúde e auxílio financeiro de qualquer espécie; 
 
- Conta distinta para os recursos previdenciários: a conta bancária do regime próprio de 
previdência social deve ser distinta da conta tesouro do ente federativo, possibilitando a 
comprovação da utilizaçãoadequada dos recursos previdenciários; 
 
- Aplicações financeiras de acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN): os 
recursos do regime próprio devem ser aplicados conforme as regras fixadas pelo CMN, 
sendo vedada a concessão de empréstimos ou assistência financeira de qualquer 
espécie à administração direta ou indireta, bem como aos servidores e dependentes; 
 
- Equilíbrio financeiro e equilíbrio atuarial: com base na avaliação atuarial e no DRAA, 
deve ser garantido o equilíbrio financeiro e atuarial do regime, observadas as alíquotas 
de contribuição de equilíbrio necessárias para a cobertura do plano, bem como, se 
 
10 
necessário, o plano de amortização e a segregação de massas para o equacionamento 
do déficit atuarial; 
 
- Não existência de convênio ou consórcio para pagamento de benefícios: o pagamento 
de benefícios não pode ser feito por meio de convênios, consórcios ou outra forma de 
associação entre estados, entre estados e municípios e entre municípios, ou seja, os 
benefícios devem ser concedidos diretamente pelo regime próprio que o instituiu; 
 
- Concessão de benefícios não distintos do RGPS: Os benefícios concedidos pelo ente e 
regime próprio não podem ser distintos daqueles concedidos pelo Regime Geral de 
Previdência Social – RGPS: aposentadoria por invalidez, aposentadoria programada, 
auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade, pensão e auxílio-reclusão; 
 
- Regras de concessão, cálculo e reajustamento de benefícios: a previsão de requisitos 
e critérios de concessão de benefícios, bem como a definição de dependente (cônjuge, 
companheiro(a), filho(a), pais e irmãos) não podem ser diferentes daqueles previstos na 
Constituição Federal e utilizados pelo RGPS; 
 
- Não-inclusão de parcelas remuneratórias temporárias nos benefícios: para o cálculo do 
valor dos benefícios, bem como sua percepção, não é permitida a inclusão de parcelas 
remuneratórias temporárias, como aquelas pagas em decorrência de função de 
confiança, de cargo em comissão ou do local de trabalho, bem como do abono de 
permanência; 
 
- Demonstrações contábeis: deverão ser elaborados o balanço orçamentário, o balanço 
financeiro, a demonstração das variações patrimoniais, o balanço patrimonial e as notas 
explicativas; 
 
- Escrituração de acordo com o plano de contas definido por norma específica do MPS: 
a escrituração será feita de forma autônoma em relação às contas do ente público, 
identificando e consolidando demonstrativos financeiros e orçamentários das receitas e 
 
11 
despesas previdenciárias que expressem com clareza a situação do patrimônio do 
respectivo regime e as variações ocorridas no exercício; 
 
- Registro individualizado: devem ser disponibilizados aos segurados extratos anuais dos 
registros individualizados das contribuições do segurado e do ente federativo, incluindo 
matrícula, remuneração, valores mensais e acumulados da contribuição do servidor e do 
ente; 
 
- Acesso dos segurados às informações do regime: garantia de pleno acesso dos 
segurados às informações relativas à gestão do regime próprio de previdência social, 
permitindo livre acesso às unidades gestoras ou fundos previdenciários, podendo 
inspecionar livros, notas técnicas e documentos, e estando sujeito o infrator às penas 
previstas pela lei por qualquer dificuldade oposta à consecução desse objetivo; 
 
- Encaminhamento de documentos: envio periódico à Secretaria de Previdência Social 
dos seguintes documentos: legislação completa referente ao regime de previdência 
social; avaliação atuarial inicial do regime próprio; Demonstrativo de Resultado da 
Avaliação Atuarial – DRAA; Demonstrativo das Receitas e Despesas do Regime Próprio; 
Demonstrativo Financeiro do Regime Próprio; e Comprovante do Repasse das 
contribuições a cargo do ente da federação e dos valores descontados dos segurados e 
dos pensionistas; 
 
- Atendimento de solicitação do MPS: as solicitações de documentos ou informações em 
auditoria indireta pelo Ministério da Previdência Social ou pelo Auditor Fiscal em 
auditoria direta devem ser atendidas do prazo estipulado. 
 
 Incumbe ao Ministério da Previdência Social a fiscalização dos regimes próprios 
de previdência. O CRP terá a sua emissão suspensa ou cancelada quando da 
verificação pela Secretaria de Previdência Social (SPS) de infração dos critérios e 
exigências previstos, mediante Processo Administrativo Previdenciário que assegure o 
contraditório e a ampla defesa. 
 
12 
 
Assim, pode ser instaurado processo administrativo de duas formas: quando da 
elaboração da notificação de auditoria fiscal por parte do auditor fiscal, no caso de 
auditoria ordinária in loco; ou quando da emissão de parecer pelo Departamento dos 
Regimes de Previdência no Serviço Público, no caso de constatação de irregularidades 
mediante expedição de Notificação de Irregularidade através da análise dos 
demonstrativos e demais documentos exigidos para fins de emissão do Certificado de 
Regularidade Previdenciária. 
 
1.3. Avaliação Atuarial 
 
O objetivo da avaliação atuarial é apurar e quantificar o preceito constitucional do 
equilíbrio financeiro e atuarial através da elaboração de projeções e conseqüente 
determinação do superávit/déficit técnico do plano. Para isso, toda a legislação geral 
(federal) e local, do ente, é considerada. Sua elaboração deve ser feita com 
periodicidade mínima anual, sendo que os resultados dela servirão de base para o 
preenchimento do DRAA que deve ser enviado até 31 de março de cada exercício 
financeiro. É importante destacar que o parecer atuarial deve ser assinado por 
profissional atuário devidamente registrado no Instituto Brasileiro de Atuária (IBA). 
 
Uma avaliação atuarial deve possuir pelo menos os seguintes itens: 
 
- Fundamentação legal: apontamento da legislação geral e local que embasou os 
cálculos; 
 
- Plano de benefícios: descrição das coberturas existentes e das condições gerais de 
concessão dos benefícios do plano previdenciário; 
 
- Plano de custeio: definição das fontes de recursos do regime, as receitas 
previdenciárias e créditos atribuídos ao plano; 
 
13 
 
- Estatísticas: estatísticas por sexo, idade, tempo de contribuição, remuneração de 
atividade e proventos de inatividade, da massa de servidores ativos e inativos e, se 
disponível, estatísticas por sexo e idade dos dependentes beneficiários com direito à 
pensão por morte; 
 
- Fundo previdenciário: comparativo dos últimos três anos entre a taxa de juros atuarial 
(meta atuarial) e a rentabilidade dos fundos; 
 
- Premissas atuariais: regimes de financiamento dos diversos benefícios oferecidos, 
hipóteses atuariais e formulações básicas utilizadas, segregadas por tipo de benefício; 
 
- Resultado atuarial: descrição e valor das provisões matemáticas suficientes para 
garantir o pagamento dos benefícios estipulados no plano previdenciário, bem como 
ocasionais mudanças de premissas atuariais ou métodos, justificando tal procedimento; 
 
- Plano de custeio de equilíbrio atuarial: definição das alíquotas e formas de obtenção do 
equilíbrio atuarial; 
 
- Projeção atuarial: fluxo anual projetado de receitas e despesas do fundo para um 
período mínimo de 75 anos; 
 
- Parecer sobre o banco de dados: qualidade do cadastro fornecido pela entidade, que 
serviu de base para a realização da avaliação atuarial; 
 
- Parecer atuarial: parecer conclusivo do atuário responsável pela avaliação atuarial 
contendo as causas do superávit/déficit técnico atuarial. Em se tratando de déficit 
atuarial, as possíveis soluções para o equacionamento, e de superávit, a sua 
destinação; 
 
- Análise comparativa: comparação entre os resultados das três últimas avaliações 
 
14 
anuais, indicando a margem de erro das suposições formuladas em relação ao 
observado; 
 
- Nota técnica atuarial: definição matemática de como foram elaborados os cálculose 
projeções atuariais. 
 
 As próximas seções apresentarão os conhecimentos mínimos que servem de 
base para o entendimento e interpretação da avaliação atuarial de um regime próprio de 
previdência social, além de sua utilização como instrumento gerencial de tomada de 
decisões estratégicas. 
 
2. REGIME DE REPARTIÇÃO E DE CAPITALIZAÇÃO 
 
2.1 Constituição de Fundos Previdenciários 
 
Na vigência da atual Constituição, o regime de previdência social sofreu duas grandes 
alterações estruturais. A primeira reforma veio com a Emenda Constitucional 20/98, 
trazendo o conceito de equilíbrio atuarial e o caráter contributivo ao se mudar o critério 
de tempo de serviço para tempo de contribuição. A segunda foi consolidada em duas 
partes, com as Emendas Constitucionais 41/03 e 47/05, inovando no conceito de 
solidariedade que viria a justificar a contribuição previdenciária de inativos e 
pensionistas, além de impor regras de concessão de benefício ainda mais rígidas. 
 
Os regimes próprios de previdência social possuem, desde a Emenda Constitucional 
20/98, a faculdade de constituírem fundos integrados, mas desde que sejam 
estruturados de forma a preservar o equilíbrio financeiro e atuarial previsto na própria Lei 
Maior. Esta mudança foi um marco histórico na previdência pública e procurou trazer 
segurança ao sistema, amparado ainda pela rígida Lei de Responsabilidade Fiscal. 
 
Na Ciência Atuarial, essa constituição de fundo representa a prudente transição do 
 
15 
regime financeiro de repartição simples para o regime financeiro capitalizado. A 
faculdade de se constituir um fundo deve ser vista como uma obrigação para o bom 
administrador, visto que um sistema previdenciário custeado pelo regime de repartição 
certamente entrará em colapso a médio prazo. 
 
2.2. O Risco do Regime de Repartição Simples 
 
Imagina-se, então, um regime cujos benefícios previdenciários são custeados sob o 
regime de repartição e que, conseqüentemente, se utiliza da receita previdenciária do 
atual exercício financeiro para fazer frente ao pagamento dos atuais aposentados e 
pensionistas. Certamente, as despesas previdenciárias, mesmo inicialmente 
insignificantes em volume financeiro, aumentarão num ritmo bem mais rápido que o das 
contribuições. Inevitavelmente haverá uma preocupação constante com a relação entre 
o número de servidores ativos e o de aposentadorias e pensões. A lógica é bastante 
simples: caso exista a contribuição do servidor na alíquota de 11% e a do ente na de 
22%, é necessário que pelo menos 3 servidores ativos “se juntem” para que cada um 
dos seus 33% consiga pagar integralmente um benefício apenas, seja este uma 
aposentadoria ou pensão. Essa realidade se ameniza um pouco no caso da instituição 
da contribuição de inativos e pensionistas, prevista pela Emenda Constitucional 41/03, 
mas se agrava ao ser projetado o crescimento salarial real do servidor ao longo de sua 
carreira, mesmo na posterior ausência de integralidade e paridade. Na existência desse 
hipotético sistema, verifica-se intuitivamente que a “meta financeira” de 3 ativos para 
cada beneficiário é facilmente atingida nos primeiros anos do sistema, pois existe um 
lapso temporal considerável até que o servidor adquira o direito à aposentadoria. 
 
No gráfico apresentado, pode-se observar a evolução das despesas com 
aposentadorias e pensões frente à folha salarial tomada como base da contribuição 
previdenciária. Nota-se que o percentual cresce até que o grupo atinja a maturidade, ou 
seja, quando o número de ativos, inativos e pensionistas permanece em uma proporção 
praticamente estável. Também se pode observar que durante a segunda década de vida 
 
16 
do sistema as despesas já ultrapassam 50%, quando a partir de então, as contribuições 
previdenciárias de 33% não são suficientes para o devido custeio. Essa evolução é 
absolutamente natural e também previsível em qualquer sistema previdenciário, seja 
público ou privado. No regime de repartição simples é certo que as contribuições do 
servidor e do ente não serão suficientes para custear os benefícios de aposentadoria e 
pensão. 
 
Evolução do Percentual da Relação:
Despesas Previdenciárias / Folha Base de Contribuição
0%
25%
50%
75%
100%
125%
150%
175%
200%
225%
0 5 10 15 20 25 30 35
Anos decorridos
 
Quando as contribuições previdenciárias são insuficientes, surgem os déficits financeiros 
que obviamente deverão possuir alguma origem para cobri-los. Na tabela exposta, 
observam-se os números do regime próprio da União e os dos regimes próprios 
estaduais consolidados. O déficit financeiro é denominado necessidade de 
financiamento. Nota-se que se o regime próprio estiver estruturado no regime de 
repartição simples, o tesouro do ente será responsável por arcar com esse custo, pois é 
subsidiariamente responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras do 
regime próprio decorrentes do pagamento de benefícios previdenciários, de acordo com 
a legislação federal. 
 
Necessidade de financiamento dos regimes próprios da união e estados (consolidados), 
considerando a contribuição patronal em dobro (duas vezes a contribuição do servidor). 
 
17 
 
UNIÃO (R$ bilhões) 2001 2002 2003 2004 2005
Contribuições do Servidor e Patronal 7,0 9,4 9,2 10,8 13,8 
Despesas com Aposentadorias e Pensões 28,1 31,7 36,2 39,8 42,4 
Necessidade de Financiamento 21,1 22,2 27,1 29,0 28,6 
 
 
ESTADOS (R$ bilhões) 2001 2002 2003 2004 2005
Contribuição do Servidor 11,0 12,6 4,5 6,0 6,6 
Contribuição Patronal 11,0 12,6 12,6 18,0 7,6 
Despesas com Aposentadorias e Pensões 24,6 30,4 31,2 34,2 37,1 
Necessidade de Financiamento 13,7 17,9 19,0 17,7 22,9 
 
 
Fonte: Ministério da Previdência Social 
http://www.mpas.gov.br/pg_secundarias/previdencia_servidor_04_01.asp 
 
Mas então, o que fazer se o futuro certamente revelará uma impiedosa realidade onde 
as contribuições do servidor e do ente não serão suficientes para cobrir as despesas 
previdenciárias? Como agir para não se chegar à situação na qual sejam necessários 
aportes por parte do tesouro para cobrir a certeza de futuros déficits financeiros? Existe 
outra fonte para financiar o sistema, além das contribuições previdenciárias, que 
caracterizam um regime de capitalização. 
 
2.3. Desafios e Vantagens do Regime de Capitalização 
 
A solução do problema apresentado é constituir, o quanto antes, um fundo capitalizado, 
e de preferência enquanto o volume de contribuições supera o de pagamento de 
benefícios. Os juros ganhos pelo fundo são a fonte alternativa de financiamento, e se 
demonstrarão no médio e longo prazo ainda mais importantes que a fonte de 
contribuições. 
 
Mas o que acontece quando um regime possuidor dessa boa visão gerencial decide 
migrar do regime de repartição (orçamentário), sem constituição de fundo, para o regime 
de capitalização? A princípio, o sistema sofreria encargos em dobro, visto que teria que 
 
18 
arcar com os custos de pagamento dos atuais benefícios somados aos custos de 
constituição do próprio fundo. De fato, esse duplo encargo inevitavelmente terá que ser 
enfrentado, pagando-se literalmente pela ineficiência gerencial das administrações 
anteriores. A proposta, porém, não é despejar toda a responsabilidade na administração 
atual, e sim, amortizá-la ao longo das futuras administrações a partir da mudança. 
 
Para contornar este problema aparentemente insolúvel, é possível se definir um 
planejamento, desde que previsto em lei local, que preveja a transição gradual de um 
regime para o outro, sem grandes impactos sobre o orçamento do ente. O sistema 
capitalizado não será então mais dependente daquela relação número de contribuintes 
por número de beneficiários e não apresentará déficits financeiros crescentes 
incontroláveis por parte do tesouro municipal. Revela-se uma realidade bem mais 
segura, onde as contribuições são niveladas a um percentual fixo,possibilitando o poder 
público administrar melhor o erário e destinar no médio e longo prazo maior parcela de 
recursos para o bem-estar da população. 
 
2.4. Estratégias para a Capitalização do Novo Regime 
 
Basicamente, existem duas estratégias básicas de transição para o regime capitalizado, 
diferindo-se na definição da forma na qual se divide a parte sob responsabilidade do 
regime de repartição, financiado pelo tesouro, frente ao novo regime capitalizado, sob 
responsabilidade do fundo previdenciário. Em ambas as estratégias, se acumulam os 
superávits de cada exercício financeiro no fundo previdenciário que renderá juros e 
correção monetária. Adicionalmente, principalmente se o sistema já não demonstra mais 
superávits financeiros, pode ou deve ser efetuado um aporte inicial de constituição do 
fundo, custeado pelo ente. Esse aporte também estará previsto em lei, mas não precisa 
necessariamente ser um ativo financeiro de alta liquidez ou um imóvel. O aporte de 
direitos pode ser uma boa opção, desde que haja baixo risco de crédito e regularidade 
no fluxo de caixa, como em créditos a receber de divida ativa ou royalties. 
 
 
19 
Como o regime proposto é de transição de repartição para capitalização, inicialmente o 
fundo não arcará com a responsabilidade do pagamento de todas as aposentadorias e 
pensões, tendo folga inicial para crescer sob o efeito do fenômeno dos juros compostos. 
É justamente na forma de divisão da responsabilidade de pagamento dos benefícios 
atuais e futuros que podem ser definidas duas das principais estratégias. A primeira 
estabelece uma idade de corte para os contribuintes em atividade: os servidores ativos 
atuais e futuros. Aqueles servidores com idade inferior ao corte serão financiados pelo 
fundo, sob o regime de capitalização. Exemplificando, os servidores a serem 
assegurados pelo regime capitalizado poderiam corresponder aos atuais e futuros ativos 
com idade inferior a 45 anos, deduzidos 5 anos caso seja do sexo feminino e mais 5 
anos caso professor(a), na data de vigência da lei local. 
 
A segunda estratégia estabelece o corte na ocasião da data de aquisição do direito ao 
benefício. Os benefícios de aposentadoria arcados pelo regime capitalizado poderão ser 
os que forem sendo adquiridos a partir de uma determinada data, coincidindo com a de 
vigência da lei ou sendo postergada por alguns anos. As pensões seguem a mesma 
lógica e serão financiadas pelo novo regime quando concedidas a partir de uma 
determinada data, não necessariamente igual à de corte para aposentadoria, podendo 
também ser postergada por alguns anos. 
 
2.5. A Importância do Equilíbrio Financeiro e Atuarial do Sistema 
 
Seja qual for a modalidade de transição escolhida, é certo que cabe ampla discussão a 
respeito de qual estratégia se adapta melhor a realidade do instituto levando a uma 
implementação operacional mais eficiente. Torna-se, então, essencial a elaboração 
prévia de diversos cenários de avaliação atuarial, a fim de se projetarem os fluxos de 
caixa futuros do regime capitalizado e do regime de repartição. 
 
Com uma dessas medidas estratégicas implementadas, a responsabilidade do tesouro 
frente ao regime de repartição é majorada inicialmente, mas com o passar do tempo, e 
 
20 
imediatamente, ela decresce até que dentro de poucas décadas se extingue, reduzindo-
se apenas ao compromisso da contribuição previdenciária do ente. 
 
Os gestores do instituto, em conjunto com o chefe do executivo e o poder legislativo, 
optarão pela melhor forma de implementação do regime capitalizado, porém deve ser 
tarefa de responsabilidade do atuário a definição dos critérios de corte que irão delimitar 
os compromissos dos dois regimes, preservando então o equilíbrio financeiro e atuarial 
do sistema. Ainda assim, nos exercícios financeiros subseqüentes torna-se relevante o 
acompanhamento dos resultados futuros a fim de serem controladas as realizações 
frente às projeções elaboradas nas reavaliações atuariais. O novo desafio apresentado 
pelo sistema capitalizado é de o regime possuir um corpo técnico qualificado que 
garanta a eficiente gestão dos recursos financeiros do fundo, administrando os riscos 
financeiros e atuariais em conjunto, conforme será abordado posteriormente no item de 
Gerenciamento de Ativo e Passivo (ALM). 
 
3. BENEFÍCIO DEFINIDO E CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA 
 
Existem diferentes formas de se calcular o valor do benefício em um plano 
previdenciário que caracterizam as modalidades de benefício definido e de contribuição 
definida. 
 
Na modalidade de contribuição definida, o benefício é calculado em função de todas as 
contribuições individuais do segurado que integram um fundo que montará um valor 
futuro, acumulando-se juros. A esse valor acumulado no futuro, aplica-se um cálculo 
atuarial que levará em consideração: taxa de juros atuarial, idade e sexo do segurado 
(expectativa de sobrevida do segurado), taxas de administração e idade e sexo dos 
dependentes. A alta expectativa de sobrevida e as taxas de administração contribuem 
para a diminuição relativa do valor do benefício. Já a taxa de juros contribui para o 
aumento do valor do benefício. 
 
Assim, o valor do benefício será tão maior quanto à boa eficiência dos gestores do fundo 
 
21 
previdenciário. Sob o ponto de vista do gestor, essa é a modalidade que oferece menor 
risco, visto que se o fundo não oferecer rentabilidade satisfatória, esse mau 
desempenho simplesmente será repassado para o segurado, ocasionando uma redução 
no valor do benefício esperado. 
 
Já sob o ponto de vista do segurado, a característica principal dessa modalidade é que o 
segurado não pode saber de antemão quanto receberá a título de benefício 
previdenciário. É mais vantajosa aos segurados que contribuem por períodos maiores, 
ou seja, aqueles que aderem cedo (contribuem por mais tempo e acumulam um fundo 
maior) e que se aposentam tarde no plano (possuem menor expectativa de sobrevida na 
data da concessão do benefício programado). 
 
Nenhum regime próprio utiliza ainda essa modalidade, visto que a Constituição Federal 
obriga que a forma de cálculo dos benefícios seja feita na forma por ela definida, 
envolvendo um cálculo financeiro que leva em consideração o tempo e idade mínimos 
de contribuição, média dos salários-de-contribuição e conceitos de integralidade e 
paridade. Porém, quando do surgimento do regime de previdência complementar dos 
servidores públicos, este será obrigatoriamente regido sob a modalidade de contribuição 
definida, envolvendo então cálculos atuariais para a obtenção do valor do benefício. 
Essa modalidade atualmente só é utilizada nos regimes de previdência complementar 
aberta (seguradoras) e fechada (fundos de pensão). 
 
Já a modalidade de benefício definido é aquela em que o valor do benefício independe 
da boa ou má gestão dos recursos do fundo previdenciário. Existem na prática duas sub-
modalidades: o benefício definido legalmente o benefício definido atuarialmente. Na 
modalidade de benefício definido atuarialmente, o cálculo é semelhante ao de 
contribuição definida, mas existe a garantia de uma rentabilidade atuarial fixa do fundo 
previdenciário, como 3% ao ano. O gestor arcará então com um maior risco de gestão 
do fundo, visto que terá que obter rentabilidade maior que a garantida em contrato para 
não haver desequilíbrio atuarial e insolvência do plano. Pelo lado do segurado, este é o 
plano que mais vai ao encontro dos anseios previdenciários dos indivíduos, visto que ele 
 
22 
sabe assim que entra no plano, com razoável precisão, o valor de seu benefício futuro e 
pode programar melhor o seu padrão de vida. A modalidade de benefício definido 
atuarialmente também só é utilizada nos regimes de previdência complementar aberta 
(seguradoras) e fechada (fundos de pensão). 
 
Por fim, a modalidade de benefício definido legalmente é aquela utilizada atualmentepelos regimes próprios. O valor do benefício depende das regras constitucionais 
vigentes no futuro, à época da aquisição do direito ao benefício. De acordo com o 
entendimento do Supremo Tribunal Federal, durante a fase de contribuição em atividade 
o servidor possui somente uma expectativa de direito, o que na prática significa que 
mudanças de regras podem ocorrer durante a vida laboral do mesmo e irão impactar a 
forma de concessão dos benefícios previdenciários. Essa modalidade difere das 
modalidades de contribuição definida e benefício definido atuarialmente, que possuem 
regras definidas no momento de entrada do empregado ao regime, fixando-as 
contratualmente no regulamento e nota técnica atuarial. Como na modalidade de 
benefício definido legalmente o valor do benefício não depende do fundo acumulado, 
não existe a possibilidade de resgate (transferência dos recursos para o segurado) ou 
portabilidade (transferência dos recursos para outro regime). No entanto, existe a 
compensação previdenciária, tratando dos casos em que o segurado contribuiu para 
mais de um regime previdenciário. 
 
Sendo assim, de acordo com o resumo abaixo é possível comparar as modalidades 
estruturais de cálculo do benefício previdenciário e suas principais características. 
 
Contribuição Definida (atuarialmente) 
- valor do benefício calculado atuarialmente, de acordo com o regulamento e nota 
técnica atuarial; 
- regras definidas na adesão ao sistema; 
- rentabilidade do fundo afeta o valor do benefício; 
- oferece direito a resgate e portabilidade; 
- fundo gera herança, em caso de óbito do segurado. 
 
23 
 
Benefício Definido Atuarialmente 
- valor do benefício calculado atuarialmente, de acordo com o regulamento e nota 
técnica atuarial; 
- regras definidas na adesão ao sistema; 
- rentabilidade do fundo é fixa (até 6% a.a. reais) para fins de cálculo do valor do 
benefício; 
- oferece direito a resgate e portabilidade; 
- fundo não gera herança, em caso de óbito do segurado. 
 
Benefício Definido Legalmente 
- valor do benefício definido pela Constituição e leis; 
- regras definidas somente quando da aquisição do direito ao benefício; 
- rentabilidade do fundo não afeta o valor do benefício; 
- não oferece direito a resgate ou portabilidade; 
- fundo não gera herança, em caso de óbito do segurado. 
 
Com base nessas definições, existem os planos de contribuição definida, benefício 
definido e de contribuição variável. Os planos de contribuição definida só possuem 
benefícios calculados na forma de contribuição definida e, analogamente, os planos de 
benefício definido só possuem benefícios calculados na forma de benefício definido. Já 
os planos de contribuição variável possuem benefícios de contribuição definida 
(geralmente os benefícios programados) e de benefício definido (geralmente os 
benefícios não-programados, aleatórios). 
 
 
4. ATIVO, PASSIVO E RESULTADO PREVIDENCIÁRIO 
 
 O fundo previdenciário pode também ser denominado saldo patrimonial, ativo 
líquido, ativo previdenciário, investimentos ou simplesmente ativo(s). Ele representa 
todos os ativos financeiros, de renda fixa ou renda variável, públicos ou privados, de 
 
24 
baixa ou alta liquidez, incluindo imóveis e créditos a receber que foram adquiridos com o 
resultado dos acumulados superávits financeiros do passado ou aportes adicionais. Na 
prática, é qualquer ativo contábil, representante de bens e direitos, desde que adquiridos 
com as contribuições previdenciárias ou qualquer outra fonte de receita vinculada para o 
fim previdenciário e destinada ao pagamento futuro dos benefícios. Em linguagem 
simples, é a sobra de recursos que foi acumulada no passado e prudentemente 
guardada e investida no mercado financeiro. 
 
 Esse ativo líquido servirá para manter o plano solvente no futuro, quando as 
despesas previdenciárias superarem as receitas previdenciárias, servindo então para 
cobrir os déficits financeiros futuros. Num regime sob equilíbrio atuarial, o ativo líquido 
deverá corresponder ao mesmo valor monetário das provisões matemáticas, que são 
contas pertencentes ao passivo exigível a longo prazo, pois representam uma dívida do 
plano do regime próprio em relação aos segurados. As provisões matemáticas são 
definidas como sendo os benefícios previdenciários futuros menos as contribuições 
previdenciárias futuras, correspondendo então às obrigações líquidas do plano em 
relação aos segurados. 
 
 Conseqüentemente, o ativo líquido menos as provisões matemáticas corresponde 
ao resultado atuarial do plano. Se o resultado atuarial for positivo, há superávit atuarial, 
representando que há excesso de valores no fundo previdenciário. Se o resultado 
atuarial for negativo há déficit atuarial indicando insuficiência no ativo líquido do plano. O 
déficit atuarial é por vezes chamado de passivo atuarial, no sentido que representa um 
passivo (dívida) do plano em relação ao regime próprio. A nomenclatura de passivo 
atuarial como sinônimo de déficit atuarial, apesar de não estar incorreta, deve ser 
evitada, pois as contas a serem registradas são aquelas do plano de contas do regime 
próprio, representando, por conseguinte, o ponto de vista do mesmo, e não o ponto de 
vista do plano. 
 
É importante também se destacar que um plano desequilibrado atuarialmente não 
necessariamente apresenta déficit atuarial, podendo indicar também um desequilibro da 
 
25 
ordem superavitária. O desequilíbrio, portanto, representa não só a insuficiência de ativo 
líquido, mas também o seu excesso, conforme os exemplos 1 e 2 apresentados 
posteriormente. 
 
 Em tese, um plano que possui superávit atuarial poderá ter suas contribuições 
previdenciárias reduzidas ou benefícios previdenciários aumentados, com o objetivo de 
se restabelecer o equilíbrio. Porém, na prática os regimes próprios só podem reduzir as 
contribuições previdenciárias, visto que os benefícios são definidos legalmente pela 
Constituição Federal. 
 
Analogamente, um plano que possui déficit atuarial poderá ter suas contribuições 
previdenciárias majoradas ou benefícios previdenciários postergados ou diminuídos. Na 
prática dos regimes próprios, o poder legislativo local pode aumentar a contribuição 
previdenciária do servidor e do ente e, por parte do legislador federal, o poder 
constituinte derivado poderá postergar ou diminuir os benefícios previdenciários. Existem 
também diversas formas de o ente amortizar o déficit atuarial, devendo obrigatoriamente 
realizá-la em no máximo 35 anos, de acordo com a legislação federal. 
 
 Caso nenhuma medida seja tomada para eliminar o desequilíbrio atuarial 
deficitário, a projeção atuarial indicará que no médio ou longo prazo o fundo 
previdenciário terá seu patrimônio zerado, atingindo-se a insolvência. A partir desta 
situação, o ente será responsável por cobrir a parte antes custeada pelo fundo, pois 
possui responsabilidade subsidiária em relação ao pagamento de benefícios 
previdenciários. Esse fato certamente acaba por prejudicar as administrações futuras, 
visto que terão que ser deslocado, para pagamentos previdenciários, recursos que 
poderiam estar sendo utilizados na área de saúde, educação, segurança, etc. De fato, a 
fonte de receita gerada pelo fundo previdenciário é relevante para o equilíbrio do plano, 
e observa-se que planos não capitalizados acabam por onerar as finanças públicas do 
ente e comprometendo a boa gestão do poder executivo. 
 
 Sendo assim, pode-se elaborar um balanço atuarial evidenciando os valores do 
 
26 
ativo líquido, provisões matemáticas e, conseqüentemente, do resultado atuarial. Dois 
exemplos podem ser visualizados a seguir. 
 
Exemplo 1: Balanço Atuarial de regime deficitário: 
 
Provisões Matemáticas Previdenciárias 
213.468.164,46 
 Ativo Líquido: 
159.767.312,13 
Déficit Atuarial 
(53.700.852,33) 
 
Ativo Total: 159.767.312,13 
 
Passivo Total: 159.767.312,13Exemplo 2: Balanço Atuarial de regime superavitário: 
 
Provisões Matemáticas Previdenciárias 
572.581.353,25 
 Ativo Líquido: 
648.462.415,94 
Superávit Atuarial 
75.881.062,69 
 
Ativo Total 648.462.415,94 
 
Passivo Total 648.462.415,94 
 
 
 
 Essas contas estão contidas no balanço patrimonial do regime próprio, pois é a 
pessoa jurídica responsável pela gestão do fluo de receitas e despesas. O valor do 
resultado atuarial é recalculado mês a mês, de modo que o ativo total seja equivalente 
ao passivo total do regime próprio. O ideal é que as provisões matemáticas sejam 
recalculadas mensalmente, de modo que o resultado atuarial reflita exatamente a 
evolução dos valores. Porém, na prática usual, como a legislação exige que a 
periodicidade mínima da avaliação atuarial seja anual, os regimes próprios só atualizam 
os valores das provisões anualmente, enquanto que o ativo líquido é atualizado 
mensalmente, ocasionando um descasamento na periodicidade de registro. 
 
 Algumas considerações adicionais devem ser observadas. Ao compararmos a 
 
27 
evolução do fundo previdenciário, o seu comportamento crescente não implica a 
solvência do sistema. Não é porque o fundo previdenciário cresceu de um ano para o 
outro em uma taxa acima da meta atuarial que o plano está equilibrado. Esse fenômeno 
de crescimento na maioria das vezes traduz simplesmente a maturidade do plano que 
ainda não foi atingida. Para avaliar a capacidade de solvência, o número a ser 
observado é o resultado atuarial que é o valor do fundo previdenciário subtraído das 
provisões matemáticas previdenciárias. 
Para os planos em que existe a segregação entre as massas sob responsabilidade do 
tesouro (regime de repartição) e sob responsabilidade do fundo previdenciário (regime 
de capitalização), as provisões matemáticas são calculadas em função dos benefícios 
sob o regime de capitalização, dentro da responsabilidade do fundo previdenciário. Um 
estudo adicional pode ser feito para a mensuração do impacto atuarial que o tesouro 
sofre arcando com os benefícios em repartição, mas a avaliação atuarial, a princípio, 
mensura somente o equilíbrio do plano capitalizado. 
 
 Outra observação adicional e de grande importância deve ser feita. Caso o fundo 
previdenciário se torne insolvente, ou seja, caso seus valores sejam inteiramente 
consumidos, os benefícios previdenciários serão custeados pelo ente, pois ele possui 
responsabilidade subsidiaria ao fundo em relação aos benefícios previdenciários. Mas 
essa regra vale apenas para os planos sob benefício definido legalmente. Quanto aos 
futuros planos de previdência complementar do servidor, sob a modalidade de 
contribuição definida, essa responsabilidade subsidiária não existirá, a exemplo do que 
ocorre com as patrocinadoras em relação às entidades abertas e fechadas de 
previdência complementar. 
 
 
28 
5. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS E BENEFÍCIOS A CONCEDER 
 
 Os benefícios a serem pagos no futuro pelo plano podem ser divididos em duas 
categorias, surgindo os conceitos de benefícios concedidos e benefícios a conceder. Os 
conceitos são simples e se referem ao fato de se caracterizar se o benefício já teve ou 
não seu pagamento iniciado. Como uma avaliação atuarial projeta os valores de 
benefício para o futuro, é certo que nessa projeção constarão os benefícios daqueles 
que já vinham recebendo (benefícios concedidos) e também os benefícios daqueles 
segurados que atualmente se encontram em atividade, mas que provocarão 
recebimento de valores no futuro (benefícios a conceder). 
 
 Essa divisão é de grande valia sob o ponto de vista interpretativo, visto que os 
planos em fase inicial de implantação terão valores de benefícios a conceder muito 
superiores aos valores de benefícios concedidos, devido ao fato que inicialmente há 
poucos aposentados e pensionistas no plano. Já em planos maduros, as despesas com 
aposentadorias e pensões evoluem num ritmo alto e praticamente constante, o que 
implicará que as provisões matemáticas de benefícios concedidos serão superiores às 
de benefícios a conceder. 
 
 Sendo assim, podem-se exemplificar a seguir dois balanços de regimes próprios, 
sendo o primeiro de um plano recentemente criado (não maduro) e o segundo de um 
plano perto de atingir a maturidade. As contas exibidas correspondem somente às de 
aspecto atuarial, cujos valores foram obtidos da avaliação atuarial. Não cabe aqui expor 
o plano de contas completo do balanço patrimonial do regime próprio, visto que 
englobaria centenas de contas. 
 
 
 
 
 
 
 
29 
Exemplo 3: Contas do Balanço Previdenciário de um plano criado recentemente 
 
 
2.2.2.5.0.00.00 
 
2.2.2.5.1.00.00 
 
2.2.2.5.1.01.00 
 
2.2.2.5.1.02.00 
 
2.2.2.5.1.03.00 
 
2.2.2.5.1.03.01 
 
2.2.2.5.1.03.02 
 
2.2.2.5.1.00.00 
 
2.2.2.5.2.00.00 
 
2.2.2.5.2.01.00 
 
2.2.2.5.2.02.00 
 
2.2.2.5.2.03.00 
 
2.2.2.5.2.03.01 
 
2.2.2.5.2.03.02 
 
2.2.2.5.2.04.00 
 
2.2.2.5.2.05.00 
 
2.2.2.5.2.06.00 
 
2.2.2.5.2.07.00 
 
2.2.2.5.2.07.01 
 
2.2.2.5.2.07.02 
 
2.2.2.5.2.08.00 
 
2.2.2.5.3.00.00 
 
2.2.2.5.3.01.00 
 
2.2.2.5.3.02.00 
 
2.2.2.5.9.00.00 
 
 
2.2.2.5.9.01.00 
 
2.2.2.5.9.02.00 
 
2.2.2.5.9.03.00 
 
2.2.2.5.9.04.00 
 
2.2.2.5.9.05.00 
 
 Provisões Matemáticas Previdenciárias 
 Provisões para Benefícios Concedidos 
 Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano 
 Contribuições do Ente 
 Contribuições dos Servidores 
 Ativos 
 Inativos 
 Contribuições dos Pensionistas 
 Provisões para Benefícios a Conceder 
 Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano para Geração Atual 
 Contribuições do Ente para Geração Atual 
 Contribuições dos Servidores para Geração Atual 
 Ativos 
 Inativos 
 Contribuições dos Pensionistas para Geração Atual 
 Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano para Geração Futura 
 Contribuições do Ente para Geração Futura 
 Contribuições dos Servidores para Geração Futura 
 Ativos 
 Inativos 
 Contribuições dos Pensionistas para Geração Futura 
 Provisões Amortizadas 
 Serviço Passado 
 Déficit Equacionado 
 Provisões Atuariais para Ajustes do Plano 
 Provisão Atuarial para Riscos não Expirados 
 Provisão Atuarial para Oscilação de Riscos 
 Provisão Atuarial para Benefícios a Regularizar 
 Provisão Atuarial para Contingências de Benefícios 
 Outras Provisões Atuariais para Ajustes do Plano 
24.708.494,76
9.277.847,55
9.370.215,65 
-53.289,29
-39.078,81
0,00 
-39.078,81
0,00 
21.284.381,55 
31.239.375,61 
-5.743.265,80 
-4.211.728,26 
-4.211.728,26 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
-5.853.734,34 
-3.366.482,11 
-2.487.252,23 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
Exemplo 4: Contas do Balanço Previdenciário de um plano maduro 
 
 
2.2.2.5.0.00.00 
 
2.2.2.5.1.00.00 
 
2.2.2.5.1.01.00 
 
2.2.2.5.1.02.00 
 
2.2.2.5.1.03.00 
 
2.2.2.5.1.03.01 
 
2.2.2.5.1.03.02 
 
2.2.2.5.1.00.00 
 
2.2.2.5.2.00.00 
 
2.2.2.5.2.01.00 
 
2.2.2.5.2.02.00 
 
2.2.2.5.2.03.00 
 
2.2.2.5.2.03.01 
 
2.2.2.5.2.03.02 
 
2.2.2.5.2.04.00 
 
2.2.2.5.2.05.00 
 
2.2.2.5.2.06.00 
 
2.2.2.5.2.07.00 
 
2.2.2.5.2.07.01 
 
2.2.2.5.2.07.02 
 
2.2.2.5.2.08.00 
 
2.2.2.5.3.00.00 
 
2.2.2.5.3.01.00 
 
2.2.2.5.3.02.00 
 
2.2.2.5.9.00.00 
 
 
2.2.2.5.9.01.00 
 
2.2.2.5.9.02.00 
 
2.2.2.5.9.03.00 
 
2.2.2.5.9.04.00 
 
2.2.2.5.9.05.00Provisões Matemáticas Previdenciárias 
 Provisões para Benefícios Concedidos 
 Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano 
 Contribuições do Ente 
 Contribuições dos Servidores 
 Ativos 
 Inativos 
 Contribuições dos Pensionistas 
 Provisões para Benefícios a Conceder 
 Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano para Geração Atual 
 Contribuições do Ente para Geração Atual 
 Contribuições dos Servidores para Geração Atual 
 Ativos 
 Inativos 
 Contribuições dos Pensionistas para Geração Atual 
 Aposentadorias/Pensões/Outros Benefícios do Plano para Geração Futura 
 Contribuições do Ente para Geração Futura 
 Contribuições dos Servidores para Geração Futura 
 Ativos 
 Inativos 
 Contribuições dos Pensionistas para Geração Futura 
 Provisões Amortizadas 
 Serviço Passado 
 Déficit Equacionado 
 Provisões Atuariais para Ajustes do Plano 
 Provisão Atuarial para Riscos não Expirados 
 Provisão Atuarial para Oscilação de Riscos 
 Provisão Atuarial para Benefícios a Regularizar 
 Provisão Atuarial para Contingências de Benefícios 
 Outras Provisões Atuariais para Ajustes do Plano 
233.088.719,55
172.410.818,57
174.632.684,90 
-1.481.250,22 
-657.465,77
0,00 
-657.465,77
-83.159,34 
77.412.391,54 
135.505.842,46 
-38.728.967,28
-19.364.483,64 
-19.364.483,64 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
-16.734.490,56
-8.862.926,55 
-7.871.564,01 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
0,00 
 
 As provisões matemáticas correspondem às despesas previdenciárias futuras 
menos as contribuições previdenciárias. O balanço patrimonial do plano exposto no 
exemplo 3 demonstra que as provisões para benefícios concedidos correspondem a 
menos da metade das provisões para benefícios a conceder. Assim, fica claro que se 
trata de um plano com pouco tempo de vida. Já quanto ao exemplo 4, as provisões para 
benefícios concedidos correspondem a mais do dobro das provisões para benefícios a 
conceder, evidenciando a existência de um plano mais maduro. 
 
Nota-se também que ambos os planos estão deficitários, conforme os valores negativos 
de Déficit Equacionado apresentados nas contas 2.2.2.5.3.02. O plano do exemplo 4 
possui maior déficit em valores absolutos, porém menor valor de proporção comparado à 
soma das provisões matemáticas, indicando que possui melhor situação de solvência 
que o plano do exemplo 3. 
 
 
31 
 
6. PLANO DE CUSTEIO 
 
 O primeiro ponto que se deve destacar é que existem dois planos de custeio: o 
plano de custeio definido em lei pelo ente e os planos de custeio calculados e definidos 
a cada elaboração da avaliação atuarial. O plano de custeio legal é normalmente 
definido em uma alíquota fixa de contribuição do servidor e uma de contribuição do ente, 
sendo que, de acordo com a legislação federal, a do servidor deve ser de no mínimo 
11% e a do ente de no mínimo uma e no máximo duas vezes àquela definida como a 
alíquota do servidor. Conseqüentemente, o custeio legal total mínimo para os regimes 
próprios é de 22%, correspondendo a 11% do servidor mais 11% do ente. Apesar de 
menos usual, o legislador pode também definir alíquotas de contribuição variável em 
função da remuneração do servidor, a exemplo do que é praticado pelo regime geral 
(INSS). Por possuir maior capacidade econômica e gerar despesas previdenciárias em 
valores relativos maiores, a prática é de se estabelecer alíquotas progressivas em 
função da remuneração. 
 
 O plano de custeio definido pela avaliação atuarial é aquele estabelecido para se 
atingir o equilíbrio atuarial do plano. O plano de custeio que está sendo posto em prática, 
o plano de custeio legal, geralmente não possui equilíbrio atuarial, podendo levar à 
insolvência futura do fundo previdenciário. Esse desequilíbrio geralmente é 
conseqüência da não acumulação suficiente de fundo previdenciário no passado, 
principalmente antes do marco regulatório legislativo dos regimes próprios que se deu 
somente em 1998. Feitas essas observações, tem-se que um dos produtos gerados pela 
avaliação atuarial é justamente a criação de um plano de custeio que restabeleça o 
equilíbrio do plano. 
 
O atuário pode construir esse plano de custeio denominado plano de custeio atuarial, ou 
plano de equilíbrio, com base em diferentes métodos de capitalização. Os métodos de 
capitalização diferem pela velocidade em que o desequilíbrio será saneado e a forma de 
segregação de responsabilidades, entre o servidor e o ente. Os métodos de 
 
32 
capitalização permitidos para os regimes próprios mais utilizados são: repartição de 
capitais de cobertura, crédito unitário projetado, prêmio nivelado individual, idade de 
entrada normal e agregado. 
 
A explicação detalhada de como cada método funciona demanda conhecimentos 
avançados da ciência atuarial, mas alguns aspectos são importantes e devem ser 
destacados. Primeiramente, cabe ressaltar que o método que mais se assemelha com o 
aplicado pelas leis vigentes é o método agregado, onde se supõe que uma alíquota 
nivelada em função da remuneração será cobrada sobre os ingressos remuneratórios 
sob incidência de contribuição previdenciária, a exemplo de um regime próprio que 
adota as alíquotas de 11% do servidor e de 22% do ente. 
 
Segundo os outros métodos, além do agregado, caso o cálculo atuarial preveja um 
grupo fechado de ativos (onde não se considera o fluxo futuro de entradas e saídas 
voluntárias dos servidores no regime), observa-se que a alíquota de custeio de equilíbrio 
atuarial tende a aumentar a cada reavaliação atuarial. Quanto menor é a velocidade de 
financiamento, maior é o aumento dessa alíquota com o passar do tempo, para um 
grupo fechado. O método de repartição de capitais de cobertura é aquele com a menor 
velocidade de financiamento, e sua utilização só é permitida para financiar os benefícios 
de risco, ou seja, aqueles não programáveis, como a pensão por morte de servidor ativo 
e a aposentadoria por invalidez. Já os outros métodos possuem maior velocidade de 
capitalização e podem ser utilizados para financiar quaisquer benefícios. 
 
Em resumo, para a análise de um grupo fechado, a utilização de métodos com 
velocidade menor de capitalização irá gerar alíquotas totais (servidor mais ente) 
menores inicialmente. No entanto, conforme a maturidade do plano é atingida as 
alíquotas se tornarão maiores. Ao se utilizarem métodos de capitalização com menor 
velocidade, observa-se na prática uma subestimação do déficit atuarial para as 
situações em que a maturidade do plano não foi atingida, numa análise de grupo 
fechado. Para este tipo de análise, caso a legislação de custeio preveja contribuições 
niveladas, o método mais prudente a ser utilizado é o agregado de capitalização. 
 
33 
 
Já se o cálculo considera um grupo aberto (onde se considera o fluxo futuro de entradas 
e saídas voluntárias dos servidores no regime), não há grandes diferenças entre o 
método de capitalização adotado, dependendo as alíquotas levemente do grau de 
estacionariedade projetada, ou seja, do comportamento crescente ou decrescente da 
população de ativos. 
 
7. INTERPRETAÇÃO DO CÁLCULO ATUARIAL 
 
7.1. Resultado Atuarial 
 
 Existem basicamente dois produtos derivados da avaliação atuarial: o resultado 
atuarial e a projeção atuarial. Conforme abordado anteriormente nas seções 4 e 5, o 
resultado atuarial é composto do valor do ativo líquido subtraído das provisões 
matemáticas. Já as provisõesmatemáticas representam o valor presente das despesas 
previdenciárias futuras menos as receitas de contribuição do plano. 
 
O valor do resultado atuarial pode ser um superávit (positivo) ou déficit (negativo). Esse 
resultado, dependendo de sua magnitude, pode representar um superávit (déficit) 
conjuntural ou estrutural. Se o resultado se situa próximo de zero, esse resultado é 
conjuntural e não compromete na prática a solvência do plano, refletindo apenas 
flutuações normais do resultado devido a variações reversíveis das condições 
macroeconômicas ou demográficas da população. Já se o resultado possui grande 
magnitude, representa um superávit ou déficit estrutural, sendo necessária a revisão do 
plano de custeio ou do plano de benefícios. Esse julgamento é feito pelo atuário 
responsável técnico e envolve certamente a comparação do resultado da avaliação 
atuarial atual com os resultados anteriores, analisando sua tendência ao longo do 
tempo. 
 
É importante frisar que o termo “rombo” não é uma terminologia correta, sendo 
 
34 
freqüentemente utilizada pela mídia, ora significando déficit atuarial, ora o déficit 
financeiro. Com relação ao regime geral, o termo geralmente é utilizado como sinônimo 
de déficit financeiro do exercício, já que o déficit atuarial nem ao menos é divulgado 
publicamente. Já com relação aos regimes próprios, o termo “rombo” geralmente é 
utilizado como conceito de déficit atuarial, provocando comparações equivocadas entre 
o regime geral e os regimes próprios. Além de não haver definição técnica para a 
palavra “rombo”, sua utilização é por muitas vezes também colocada com a conotação 
de desvio ilícito de recursos, o que obviamente deve ser apurado antes de ser afirmado. 
 
7.2. Projeção Atuarial 
 
A projeção atuarial demonstra a evolução do ativo líquido, sendo somado ano a ano das 
receitas e diminuído das despesas. Num plano em déficit atuarial, a projeção atuarial 
apresentará valores negativos de ativo líquido no futuro, refletindo a insuficiência de 
recursos acumulados até então. Já em um plano sob equilíbrio ou superávit, a projeção 
do ativo líquido não levará a valores negativos. 
 
 Nota-se que no exemplo 5 as despesas previdenciárias apresentam valores 
decrescentes no longo prazo, diferente do comportamento esperado no futuro para 
qualquer regime próprio. Esse fenômeno é reflexo de um estudo atuarial realizado com 
base na premissa de existência de uma população fechada, sem previsão de futuros 
entrantes (novos concursados) ou desligamentos (exonerações). Assim, a tendência é 
que essa população seja extinta aos poucos à medida que ocorrem os falecimentos. 
 
Já no exemplo 6, foi elaborada uma projeção atuarial utilizando premissas de novos 
entrantes e de desligamentos futuros. Em decorrência, as despesas crescem com o 
tempo, visto que se trata de um plano recentemente criado, ainda não tendo atingido a 
maturidade. 
 
 
 
35 
Exemplo 5: Projeção Atuarial de um plano deficitário (somente os primeiros 35 anos) 
 Receitas Despesas Ativo Líquido 
2008 44.456.491,38 34.023.905,08 94.981.960,54 
2009 44.432.984,89 35.139.000,46 104.275.944,97 
2010 44.329.546,16 36.324.097,45 112.281.393,68 
2011 44.121.679,67 37.494.465,16 118.908.608,19 
2012 43.910.851,19 38.838.858,32 123.980.601,06 
2013 43.641.478,68 40.237.711,09 127.384.368,65 
2014 43.227.617,14 41.463.166,31 129.148.819,48 
2015 42.908.073,06 42.707.284,75 129.349.607,79 
2016 42.780.432,77 44.034.023,54 128.096.017,02 
2017 42.595.897,91 45.125.284,43 125.566.630,50 
2018 42.412.365,14 46.083.298,85 121.895.696,79 
2019 41.801.347,38 47.417.672,32 116.279.371,85 
2020 40.700.381,95 48.933.123,67 108.046.630,13 
2021 39.654.501,08 49.858.877,71 97.842.253,50 
2022 38.663.673,78 50.259.611,43 86.246.315,85 
2023 37.699.322,61 50.474.754,13 73.470.884,33 
2024 36.676.627,55 50.472.703,53 59.674.808,35 
2025 35.581.738,51 50.303.166,54 44.953.380,32 
2026 34.429.723,11 49.985.034,89 29.398.068,54 
2027 33.201.813,81 49.534.209,38 13.065.672,97 
2028 31.872.994,63 48.980.047,14 (4.041.379,54) 
2029 30.517.713,71 48.297.274,26 (21.820.940,09) 
2030 29.154.832,21 47.479.042,21 (40.145.150,09) 
2031 27.764.767,57 46.540.028,27 (58.920.410,79) 
2032 26.433.823,58 45.439.063,67 (77.925.650,88) 
2033 25.185.940,63 44.201.315,34 (96.941.025,59) 
2034 24.018.537,91 42.838.268,54 (115.760.756,22) 
2035 22.909.523,57 41.367.887,68 (134.219.120,33) 
2036 21.822.793,74 39.827.153,21 (152.223.479,80) 
2037 20.781.231,15 38.213.080,39 (169.655.329,04) 
2038 19.791.586,41 36.533.950,02 (186.397.692,65) 
2039 18.818.195,68 34.820.174,48 (202.399.671,45) 
2040 17.844.901,83 33.088.603,69 (217.643.373,31) 
2041 16.881.774,07 31.343.812,56 (232.105.411,80) 
2042 15.937.299,40 29.592.548,40 (245.760.660,80) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
Exemplo 6: Projeção Atuarial de um plano superavitário (somente os primeiros 35 anos) 
 Receitas Despesas Ativo Líquido 
2008 21.149.316,90 19.916.056,77 348.479.246,37 
2009 22.973.551,44 19.977.687,15 351.475.110,65 
2010 23.819.818,27 20.428.813,98 354.866.114,94 
2011 25.088.208,64 20.790.310,73 359.164.012,85 
2012 26.372.454,25 21.190.075,56 364.346.391,54 
2013 27.307.368,83 21.582.329,06 370.071.431,31 
2014 28.226.480,24 21.967.726,11 376.330.185,43 
2015 28.999.679,31 22.355.327,72 382.974.537,03 
2016 29.706.259,22 22.735.563,13 389.945.233,11 
2017 30.470.661,15 23.116.401,17 397.299.493,09 
2018 31.269.631,83 23.516.305,36 405.052.819,56 
2019 32.109.182,34 23.900.493,06 413.261.508,84 
2020 32.963.934,34 24.282.015,49 421.943.427,69 
2021 33.755.985,25 24.630.731,34 431.068.681,59 
2022 34.502.221,36 24.952.759,52 440.618.143,44 
2023 35.166.120,72 25.274.892,46 450.509.371,71 
2024 35.749.080,95 25.594.202,59 460.664.250,06 
2025 36.275.962,94 25.914.145,49 471.026.067,52 
2026 36.675.478,06 26.246.134,75 481.455.410,83 
2027 36.959.832,71 26.582.890,95 491.832.352,58 
2028 37.230.120,95 26.930.317,05 502.132.156,49 
2029 37.461.571,72 27.284.936,59 512.308.791,62 
2030 37.650.782,70 27.652.299,93 522.307.274,39 
2031 37.811.307,98 28.030.258,75 532.088.323,62 
2032 37.960.486,13 28.419.675,75 541.629.134,00 
2033 38.083.435,80 28.828.690,69 550.883.879,11 
2034 38.187.181,87 29.258.660,16 559.812.400,82 
2035 38.290.883,13 29.711.969,18 568.391.314,77 
2036 38.362.031,40 30.198.121,74 576.555.224,43 
2037 38.437.056,49 30.713.853,44 584.278.427,48 
2038 38.472.780,13 31.280.450,80 591.470.756,80 
2039 38.465.990,09 31.893.682,75 598.043.064,14 
2040 38.429.331,39 32.559.151,68 603.913.243,85 
2041 38.359.642,98 33.284.925,22 608.987.961,61 
2042 38.271.963,99 34.072.258,64 613.187.666,96 
 
 
7.3. Premissas Atuariais 
 
O resultado atuarial e as projeções são calculados a partir de duas fontes: o banco de 
dados, a ser abordado em item posterior, e as premissas atuariais ou também 
denominadas hipóteses atuariais. Além do banco de dados, que representa a fotografia 
atual do perfil populacional a ser analisado, os cálculos atuariais dependem fortemente 
 
37 
das premissas definidas pelo atuário. Essas premissas atuariais mensuram o 
comportamento futuro dos fatores internos e eternos que atingem o plano, 
representando as estimativas do atuário com relação aos eventos previstos. Portanto, o 
atuário deve estipular as premissas que reflitam o que irá ocorrer, com relação a 
aspectos econômicos, administrativos e demográficos no curto, médio e longo prazos. 
As premissas econômicas são o índice de atualização monetária e a taxa real de juros. 
As administrativas são a taxa de crescimento salarial e a taxa de administração. Já as 
demográficas são: tábuas biométricas, composição familiar, novos entrantes e 
rotatividade (desligamentos). 
 
 O atuário deve definir as premissas atuariais sempre com consistência 
retrospectiva e prospectiva, ou seja, avaliando o comportamento passado e projetando-o 
corretamente para o futuro. Quando não há informações suficientes, o atuário deverávaler de sua experiência, procurando utilizar parâmetros iguais para regimes 
previdenciários semelhantes e, ainda assim, respeitar os limites impostos pelo órgão 
legislador. Com o passar do tempo, deve sempre comparar as premissas definidas no 
passado com as observadas no futuro, a fim de reajustá-las quando necessário. 
 
7.3.1. Taxa de Juros (Meta Atuarial) 
 
Tanto na projeção quanto no resultado atuarial, considera-se que o ativo líquido rende 
juros que são denominados meta atuarial. Geralmente estipula-se uma meta atuarial real 
de 6% ao ano, ou seja, 6% acima da inflação. Assim, todos os números da avaliação 
pressupõem que o gestor do fundo obterá, em média, rentabilidade igual à meta atuarial. 
Ocorre então que se o gestor conseguir consistentemente rentabilidades acima da meta 
atuarial, a tendência é que o resultado atuarial melhore ano após ano, a cada 
reavaliação atuarial, mesmo que o plano de custeio ou o plano de benefícios permaneça 
inalterado. 
A taxa de juros (meta atuarial) é a variável mais impactante no resultado. O atuário pode 
definir qualquer percentual não superior a 6% ao ano acima da inflação, devendo atentar 
 
38 
para aspectos macroeconômicos e para a composição da carteira do fundo 
previdenciário. Ao se confirmar a tendência de queda da taxa de juros doméstica 
brasileira, definida pela Selic, as metas atuariais deverão prudentemente ser revistas 
para valores inferiores a 6% a.a. Logicamente, com a diminuição da meta atuarial, os 
resultados atuariais serão menores, aumentanto-se os déficits e reduzindo-se os 
superávits, visto que a receita patrimonial de juros prevista para o fundo previdenciário 
terá seu valor projetado diminuído. 
 
7.3.2. Tábuas Biométricas 
 
 Outra variável importante dentre as premissas atuariais é a escolha das tábuas 
biométricas. Existem basicamente 3 tipos de tábuas biométricas, geralmente 
segregando-se quanto ao sexo do segurado. As tábuas de sobrevivência de válidos 
definem a expectativa de vida de um segurado que não seja inválido, em função de sua 
idade e sexo. As tábuas de sobrevivência de inválidos definem a expectativa de vida dos 
aposentados inválidos. E as tábuas de entrada em invalidez mensuram a probabilidade 
de um segurado ativo se invalidar, iniciando-se o benefício de aposentadoria por 
invalidez. 
 
Como os benefícios de aposentadoria e pensão são pagos de forma mensal e contínua, 
as tábuas biométricas que prevêem maior expectativa de vida ou maior probabilidade de 
entrada em invalidez irão diminuir o resultado atuarial. Na ausência de informações 
quanto ao histórico de registro de óbito ou invalidez, o atuário definirá as tábuas 
biométricas de acordo com sua experiência profissional, utilizando-se da comparação 
com outros regimes. Porém, essa escolha é limitada a patamares mínimos e máximos 
definidos pelo órgão regulamentador. Se houver dados suficientes, deverá o atuário 
fazer testes estatísticos de aderência, a fim de estimar qual tábua reflete com mais 
precisão o comportamento da população de segurados. Porém, o ideal é construir 
tábuas biométricas com base no histórico da própria população. É verdade que, no 
entanto, esse trabalho envolve um estudo complexo e também dependente de um banco 
 
39 
de dados satisfatório, consistindo em um trabalho a parte, fora do escopo de uma 
avaliação atuarial. Trata-se de um extenso estudo demográfico. 
 
7.3.3. Crescimento Salarial 
 
Outra variável merecedora de destaque é o crescimento salarial da população, apesar 
de ser menos impactante no resultado que a taxa de juros e as tábuas biométricas. A 
legislação define que uma taxa de crescimento real mínima de 1% ao ano deve ser 
fixada. Para se estimar a taxa de crescimento necessita-se acompanhar individualmente 
a evolução salarial, bem como o plano de cargos das categorias mais representativas, 
em volume financeiro, da folha salarial. Para isso, o crescimento salarial por mérito e por 
produtividade podem ser avaliados em separado ou conjuntamente. 
 
7.3.4. Fator de Capacidade 
 
O fator de capacidade salarial reflete a influência da taxa de inflação de longo prazo na 
remuneração e benefícios futuros. Os valores recebidos sofrem depreciação mensal, 
visto que os fluxos financeiros são mensais, mas a correção monetária apenas se dará 
anualmente. O cálculo consiste em converter as remunerações ou benefícios em uma 
moeda constante, anulando-se o efeito mensal da inflação. Na prática, consiste em se 
calcular a média ponderada dos salários reais, depreciados pela inflação. 
Conseqüentemente, o fator de capacidade terá valor sempre ligeiramente inferior ao 
valor unitário. 
 
7.3.5. Composição Familiar 
 
 Existe também a definição da composição familiar, que impacta diretamente no 
cálculo do valor das pensões. Essa premissa pode ser definida de acordo com a 
realidade dos segurados, em função de um banco de dados de dependentes, caso 
 
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esteja disponível e possua qualidade satisfatória. Caso contrário, pode-se utilizar uma 
composição familiar teórica padronizada em função da idade e sexo, definida e aplicada 
através de uma tábua biométrica intitulada Hx. 
 
7.3.6. Novos Entrantes e Rotatividade 
 
 Por fim, temos as premissas de novos entrantes, que projetam o número e perfil 
dos futuros servidores concursados a aderirem ao regime próprio. A forma de 
modelagem dessa premissa pode se dar através de diversas maneiras, 
preferencialmente devendo ser observado o comportamento passado e a expectativa 
futura. Já a premissa de rotatividade quantifica o padrão de comportamento de 
desligamentos do plano, ou seja, das exonerações. Normalmente é modelada através de 
uma taxa percentual de desligamentos em função da idade e tempo de adesão ou, 
simplificadamente, uma taxa uniforme para qualquer situação. 
 
 Uma avaliação atuarial pode assumir duas variantes em relação às premissas de 
novos entrantes e de rotatividade da população: um estudo de grupo fechado e um 
estudo de grupo aberto. Na avaliação considerando um grupo aberto, definem-se as 
premissas de novos entrantes e de rotatividade do plano, quantificando esse dinamismo 
de entradas e saídas voluntárias do plano. No entanto, como a avaliação atuarial 
consiste em um estudo do impacto financeiro projetado em longo prazo, por 
aproximadamente 100 anos, ocorre que se forem definidos padrões esperados de novos 
entrantes e de rotatividade por um período tão longo, o resultado atuarial irá refletir com 
maior peso esse próprio padrão futuro projetado do que as características da população 
atual. 
 
Exemplificando: suponha que o atuário tenha definido pela premissa de novos entrantes 
que a cada desligamento (exoneração), óbito ou aposentadoria, seja prevista a entrada 
imediata de um servidor no cargo equivalente, com a idade de 18 anos. Essa premissa, 
muito provavelmente não refletirá o fenômeno ocorrido no futuro, e fará com que o 
 
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resultado atuarial esteja superestimado, refletindo muito mais esses futuros servidores 
hipotéticos do que o quadro atual de segurados do plano. 
 
Suponha agora que o atuário defina para premissa de novos entrantes que a cada mês, 
o numero e perfil de servidores entrantes refletirá a média do ocorrido nos últimos 4, 8 
ou 12 anos. Essa hipótese parece ser bem mais verossímil, porém também será falha 
caso as inovações tecnológicas façam com que cada vez mais o trabalho seja 
automatizado e, conseqüentemente, cada vez menos servidores sejam concursados. 
 
Dessa forma, considera-se que para estudos de longo prazo, como numa avaliação 
atuarial ou projeção atuarial de mais de 50 anos, a utilização de premissas de novos 
entrantes e, conseqüentemente, de rotatividade (grupo aberto), não é vista atualmente 
como boa prática atuarial, justamente por poder distorcer em muito a realidade futura, ao 
assumir decisões administrativas praticamente impossíveis de se prever. Sendo assim,

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