Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Declaramos, para os devidos fins, que a Editora Fórum é fornecedora exclusiva dos periódicos listados acima, em todo território nacional, relativamente a todos os direitos de editoração, distribuição e comercialização, bem como sobre as marcas das publicações que constam na declaração de exclusividade. Nesta edição A Plataforma FÓRUM de Conhecimento Jurídico® é composta por um conjunto de cinco módulos que possibilitam a experiência inédita de pesquisar, ao mesmo tempo, em Revistas Científicas, Informativos, Livros, Códigos e Vídeos, que reúnem todo o conhecimento gerado, certificado e sistematizado pela FÓRUM, com atualização diária. FÓRUM Revistas | Periódicos • A&C - Revista de Direito Adm. e Constitucional • Direitos Fundamentais e Justiça - DFJ • Fórum Administrativo - FA • Fórum de Contratação e Gestão Pública - FCGP • Fórum de Direito Urbano e Ambiental - FDUA • Interesse Público - IP • Revista ABRADT Fórum de Direito Tributário - RAFDT • Revista Brasileira da Infraestrutura - RBINF • Revista Brasileira de Alternative Dispute Resolution - RBADR • Revista Brasileira de Direito Civil - RBDCivil • Revista Brasileira de Direito Eleitoral - RBDE • Revista Brasileira de Direito Municipal - RBDM • Revista Brasileira de Direito Processual - RBDPro • Revista Brasileira de Direito Público - RBDP • Revista de Contratos Públicos - RCP • Revista de Direito Administrativo - RDA • Revista de Direito do Terceiro Setor - RDTS • Revista de Direito Empresarial - RDEmp • Revista de Direito Público da Economia - RDPE • Revista do Instituto de Hermenêutica Jurídica - RIHJ • Revista Fórum de Ciências Criminais - RFCC • Revista Fórum de Direito Civil - RFDC • Revista Fórum de Direito Financeiro e Econômico - RFDFE • Revista Fórum de Direito na Economia Digital - RFDED • Revista Fórum de Direito Tributário - RFDT • Revista Fórum Justiça do Trabalho - RFJT • Revista Fórum Trabalhista - RFT ISSN 0103-5487 Este exemplar faz parte da Plataforma FÓRUM de Conhecimento Jurídico® www.forumconhecimento.com.br 438 Revista Fórum JU ST IÇ A D O T RA BA LH O ano 37 . Junho 2020 ANO 37 – N. 438 – JUNHO 2020 PUBLICAÇÃO MENSAL ISSN 0103-5487 DOUTRINA JURISPRUDÊNCIA LEGISLAÇÃO Justiça Trabalhodo Revista Fórum 438 0800 704 3737 www.editoraforum.com.br QUAIS EMPREGADOS PÚBLICOS SÃO AFETADOS PELA NORMA DO §14 DO ART. 37 DA CRFB? UMA ANÁLISE DA APLICABILIDADE DO ROMPIMENTO DO CONTRATO DE TRABALHO EM RAZÃO DE APOSENTADORIA AOS EMPREGADOS PÚBLICOS DO QUADRO PERMANENTES E AOS EMPREGADOS PÚBLICOS EM COMISSÃO (PURA OU NÃO PURA) Lucas Soares de Oliveira O AQUECIMENTO DA ECONOMIA E O PLENO EMPREGO GERADO PELA REFORMA TRABALHISTA: MITOS E VERDADES Helena Kugel Lazzarin, Rubens Fernando Clamer dos Santos Júnior CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 Domenico Rafael Camerini O SISTEMA JURÍDICO NACIONAL E A INEXISTÊNCIA DO PODER FISCALIZATÓRIO NA ATIVIDADE DO PROPAGANDISTA DE MEDICAMENTOS: UMA ANÁLISE FÁTICO- JURÍDICA Cláudio Araujo Santos dos Santos PACTO SOCIAL, ESTADO E SINDICALISMO Janete Aparecida Deste, Gustavo Trierweiler JURISPRUDÊNCIA Acórdãos Jurisprudência TST GESTANTE – ESTABILIDADE PROVISÓRIA – CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO Jurisprudência TST ERRO NA NOMENCLATURA DE DOCUMENTO NO PJE NÃO IMPEDE ADMISSÃO DE RECURSO Jurisprudência do TRT – 2ª Região HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS – AÇÃO JULGADA PROCEDENTE EM PARTE – SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE Jurisprudência do TRT – 2ª Região SENTENÇA EXTRA PETITA Jurisprudência do TRT – 3ª Região ADJUDICAÇÃO – VALOR INFERIOR AO DA AVALIAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE Jurisprudência do TRT – 4ª Região PROTESTO INTERRUPTIVO DA PRESCRIÇÃO – APLICABILIDADE EMENTÁRIO TRABALHISTA TST, TRTs 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 10ª e 12ª RFJT_438_CAPA.indd Todas as páginasRFJT_438_CAPA.indd Todas as páginas 16/06/2020 14:54:4216/06/2020 14:54:42 *Esse material é protegido por direitos autorais sendo vedada a reprodução não autorizada, gratuita ou onerosamente, sob pena de ressarcimento, em caso de infração desses direitos. É permitido citar os excertos em petições, pareceres e demais trabalhos, desde que seja informada a fonte, garantidos os créditos do autor da doutrina, do órgão emanador da decisão ou informação e da publicação específica, conforme a licença legal prevista no artigo 46, III da Lei nº 9.610/1998. 51R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 DOUTRINA CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 DOMENICO RAFAEL CAMERINI Advogado formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Membro da Comissão de Direito do Trabalho da OAB/RS, Subseção Novo Hamburgo. Diretor Técnico de Contencioso em Camerini Advogados e Consultores. Resumo: Trata-se de examinar as alterações normativas concernentes ao grupo econômico trazidas pela Lei nº 13.467/2017 em relação a outras instituições de Direito do Trabalho que foram igualmente revisadas pelo mesmo diploma legal, pela legislação extravagante e pelas jurisprudências do Tribunal Superior do Trabalho e Supremo Tribunal Federal. Palavras-chave: Direito do Trabalho. Reforma trabalhista. Grupo econômico. Desconsideração da personalidade jurídica. Licenciamento de marca. Terceirização. Sumário: 1 Introdução – 2 Esforço histórico – 3 O grupo econômico no Direito do Trabalho a partir da Lei nº 13.467/2017 – 4 Considerações finais – Referências 1 Introdução Pelo simples fato de ser recorrente seu debate nas lides trabalhistas, bem como alvo de constante cizânia jurisprudencial, a positivação, no §2º do art. 2º, da CLT, do chamado “grupo econômico horizontal ou por coor- denação” constitui temática merecedora de estudo, quando controvertida em juízo. Para tanto, partiu-se do enfoque telelológico da instituição do grupo econômico desde seus primórdios para, examinando sua evolução ao longo dos anos, detectar não apenas suas ramificações, mas também os pontos de conexão com outros institutos jurídicos contemporâneos do Direito Trabalho e Processual do Trabalho, criados com finalidades análogas. RFJT_438_MIOLO.indd 51RFJT_438_MIOLO.indd 51 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 52 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 DOMENICO RAFAEL CAMERINI Uma vez detectados esses institutos, é sob a perspectiva da interpretação sistemática, por sua vez ancorada em preceitos constitucionais fundamentais, que se pretende lançar olhar crítico sobre a propagada conveniência de se consolidar a modalidade horizontal do grupo econômico no ordenamento juslaboral brasileiro. As figuras correlatas ao grupo econômico são essencialmente a desconsideração da personalidade jurídica do empregador e a responsa- bilização do tomador de serviço pelo passivo trabalhista de seu prestador, quando verificado o fenômeno da terceirização. Com efeito, assim como o grupo econômico, essas instituições destinam-se a descortinar o manto da personalidade jurídica, do empregador, para com isso alcançar a res- ponsabilização da outra pessoa jurídica sobre os débitos trabalhistas. Mas estas são instituições relativamente incipientes no Direito do Trabalho, se comparadas com a figura do grupo econômico. 2 Esforço histórico Conforme antecipado, o grupo econômico constitui figura jurídica po- sitivada no Brasil muito anterior ao fenômeno da terceirização e a teoria da desconsideração da personalidade jurídica tendo surgido na Lei nº 435/1937: Art. 1º Sempre que uma ou mais emprêsas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, contrôle ou administração de outra, constituindo gru- po industrial ou comercial, para efeitos legislação trabalhista serão solidariamente responsáveis a emprêsa principal e cada uma das subordinadas. Parágrafoúnico. Essa solidariedade não se dará entre as emprêsas subordinadas, nem diretamente, nem por intermé- dio da emprêsa principal, a não ser para o fim único de se considerarem todas elas como um mesmo empregador (Lei nº 62, de 1935). Ressalvado seu parágrafo único,1 o legislador de 1943 trouxe para o art. 2º, §2º da CLT, o mesmo conceito de grupo econômico hierarquizado: 1 Positivava o conceito de solidariedade ativa/empregador único. RFJT_438_MIOLO.indd 52RFJT_438_MIOLO.indd 52 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 53R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 §2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. Com efeito, note-se que tanto na Lei nº 435/1937 quanto no art. 2º, §2º da CLT (cuja redação permaneceu intocada de 1943 até 2017), o ele- mento nuclear da norma é existência de uma relação de comando de uma empresa líder sobre outra, a despeito de cada qual possuir personalidade jurídica própria. Daí que posteriormente se passa a designar este tipo de grupo econômico como sendo “vertical, ou por subordinação”. Do advento da CLT, trinta anos transcorreram até surgir, na Lei nº 5.889/1973 (Lei do Trabalho Rural), a figura do “grupo econômico horizontal ou por coordenação”: Art. 3º Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou tempo- rário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados. §2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas personalidade jurídica própria, estiverem sob di- reção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis solidaria- mente nas obrigações decorrentes da relação de emprego. A partir da Constituição Federal de 1988, a doutrina e jurisprudência passaram a travar o que parece ser interminável debate sobre a aplicação aos contratos de trabalho celetistas, do chamado “grupo econômico horizontal ou por coordenação”, previsto na lei rurícola. Isto porque o art. 7º da Carta Política trouxe em seu caput, o tratamento isonômico dos trabalhadores urbanos e rurais. Por outro lado, não menos certo é que o consórcio de empregadores consta de norma especial (rurícola), ao passo que a CLT constitui norma geral. Além do grupo econômico por horizontal, a Lei nº 13.467/2017 trou- xe em a necessidade de instauração do incidente de desconsideração da RFJT_438_MIOLO.indd 53RFJT_438_MIOLO.indd 53 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 54 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 DOMENICO RAFAEL CAMERINI personalidade jurídica para alcançar responsabilização subsidiária do sócio da empresa reclamada em um momento histórico contemporâneo à regula- mentação da terceirização, pela Lei nº 13.429/2017. Nesse contexto, se faz necessário delimitar o campo de incidência de cada uma dessas institui- ções juslaborais mediante processo de interpretação sistemática destinada a viabilizar a coexistência harmônica de cada uma delas, observados os preceitos fundamentais da Carta Política de 1988. 3 O grupo econômico no Direito do Trabalho a partir da Lei nº 13.467/2017 3.1 Tipologia A Lei nº 13.467/2017 alterou a normatização do grupo econômico inserta no §2º do art. 2º da CLT, bem como lhe adicionou o §3º: §2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obriga- ções decorrentes da relação de emprego. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) §3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integran- tes. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Antes dos acréscimos acima (reproduzidos em destaque), era inequívoco que a CLT reconhecia apenas e tão somente a modalidade “vertical ou por subordinação” do grupo econômico. Tendo em vista que a nova redação do §2º, art. 2º da CLT é quase idêntica à da norma rurícola, é clara a intenção de encampar o grupo econômico horizontal. Sem embargo, a inserção do §3º deixa claro que, em ambas as modalidades, a declaração de grupo eco- nômico passou a exigir a identidade societária como prova sine qua non. Já, o afectio societatis, consistente na “demonstração de interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses” e a atuação efetiva das empresas em RFJT_438_MIOLO.indd 54RFJT_438_MIOLO.indd 54 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 55R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 modo conjunto, em prol do resultado do grupo como um todo, caracteriza apenas o grupo horizontal. Ad initium, não se divisa vulneração ao art. 7º da CF/88 a inserção do §3º ao art. 2º da CLT, nada obstando que se lhe aplique também, ao trabalhador rurícola. Dadas as demais alterações trazidas pela Lei nº 13.467/2017, a inserção do parágrafo em questão deve ser interpretada de modo sistemá- tico, sem contudo perder de vista a finalidade jurídica histórica do instituto. Com efeito, tendo em mira que no Direito do Trabalho, o grupo econômico sempre visou à responsabilização solidária, como forma de se dar vigência ao dispositivo segundo o qual “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”,2 e aos arts. 9º, 10º e 468 da CLT, é preciso ter presente que a Lei nº 13.467/2017 também trouxe em seu art. 10-A, a responsabilização meramente subsidiária do sócio, a ser buscada na fase de execução, via incidente de desconsideração da personalidade jurídica, salvo no caso de haver pedido expresso nesse sentido, na peça vestibular da Reclamação Trabalhista.3 3.2 Grupo econômico x responsabilidade do sócio Assim, o cotejo entre as normas alusivas ao grupo econômico e às de desconsideração da personalidade jurídica/responsabilização do sócio trazidas pela Lei nº 13.467/2017 revela de forma inegável ter, o legislador, se preocupado em evitar a utilização do grupo econômico com o objetivo de responsabilizar solidariamente a empresa que apenas aportou capital em outra, em burla ao incidente de desconsideração da personalidade jurídica, onde a parte deve, em incidente processual próprio, provar de forma robusta, fraude à Lei, abuso da personalidade jurídica ou confusão patrimonial, para ao fim obter a responsabilidade meramente subsidiária do sócio. E com justo motivo. Afinal, a responsabilização solidária constitui provimento jurisdicional muito mais gravoso do que à subsidiária, prevista para quem foi apenas sócio. Sendo assim, com base nos princípios da equidade, da proporcionalidade e da razoabilidade não é difícil concluir que, em se tratando de tentativa de responsabilização solidária fundada em alegado grupo econômico, o direito à ampla defesa do réu há de ser ainda maior. Sob o ponto de vista histórico, a preocupação do legislador em evitar o manejo do grupo econômico em burla ao incidente da desconsideração 2 Art. 896 do CCB/1916 e art. 265 do CCB/2002. 3 Art. 855-A da CLT. RFJT_438_MIOLO.indd 55RFJT_438_MIOLO.indd 55 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:0256 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 DOMENICO RAFAEL CAMERINI da personalidade jurídica é mais do que justificado. Isto porque o cancela- mento da Súmula nº 205 do TST em 2003 foi interpretado por boa parte dos Regionais como autorizadora do redirecionamento da execução em face da empresa alegadamente integrante do mesmo grupo econômico, a despeito de não ter participado do polo passivo da lide nem constar do título executivo. De fato, se de um lado a redação do verbete era anterior à Carta de 1988,4 de outra parte é preciso ter em conta que em 2003 o Código Civil de 2002 ainda era bastante incipiente, de modo que a novidade da desconsideração da personalidade jurídica ainda não havia sido assimilada nem mesmo pela Justiça Comum, muito menos pela Justiça do Trabalho, que na época vivia uma das mais graves crises institucionais de sua história.5 Efetivamente, sob a égide do Código de Processo Civil, não havia previsão processual destinada instrumentalizar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Naquele contexto, o cancelamento da Súmula nº 205/TST e a manutenção da Súmula nº 129/TST emitiram mensagem no sentido de que a responsabilização solidária decorrente da declaração de grupo econômico na Justiça do Trabalho, já não carecia de pedido expresso na fase de conhecimento. Assim, se dada empresa era sócia de outra, mais convinha ao trabalhador arguir o grupo econômico diretamente na fase de execução. Como resultado, sob o fundamento do grupo econômico horizontal importado da lei rurícola (“nexo relacional interempresarial”), multiplicaram-se em progressão geométrica, as execuções redirecionadas a empresas que muitas vezes apenas haviam adquirido participação minoritária do capital de outras. Ocorre que o “nexo relacional” ou a “coordenação interempresarial” se revelou ser termo aberto e indeterminado a permitir que o juízo da causa determinasse ao seu bel alvitre e em cada caso, o suporte fático do pressuposto subjetivo. A resultante foi a instalação de um cenário de insegurança jurídica atroz, a ponto de inibir o direito a livre iniciativa, protegido pelo constituinte originário em pé de igualdade com os valores sociais do trabalho, conforme inciso IV do art. 1º da CF/88. De fato, por terem cometido o pecado de investir recursos financeiros em empresas de menor porte, aquelas passaram se ver na kafkiana situação em que eram (e por vezes ainda são) premidas a garantir execuções em processos trabalhistas, dos quais não haviam participado na fase de conhecimento. 4 Redação original - Res. 11/1985, DJ 11, 12 e 15.07.1985. 5 Movimento pela extinção da Justiça do Trabalho que surgiu, por ocasião dos debates políticos que resultaram na promulgação da EC nº 45, de dezembro/2004, encerrando por ampliar sua competência, mediante alteração ao art. 114 da CF/88. RFJT_438_MIOLO.indd 56RFJT_438_MIOLO.indd 56 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 57R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 A questão chegou ao Tribunal Superior do Trabalho, que por seu turno firmou posição pela inconstitucionalidade deste proceder: EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO ECO- NÔMICO. CONFIGURAÇÃO. MERA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁ- RIA. ARTIGO 5º, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. VIOLAÇÃO DIRETA 1. Em execução, a configuração de afronta direta ao princípio da legalidade há que ser apreciada “cum grano salis”, de modo a permitir avaliar, caso a caso, a virtual possibilida- de de afronta literal e direta ao artigo 5º, II, da Constituição Federal, não obstante se possa admitir, em alguma medida, a origem infraconstitucional da questão jurídica controvertida. Precedentes da SBDI 1 do TST. 2. O reconhecimento de grupo econômico e a consequente atribuição de responsabilidade solidária a empresa distinta daquela com a qual se estabe- leceu o vínculo de emprego, com fundamento estritamente na presença de sócios em comum, sem a demonstração da existência de comando hierárquico de uma empresa sobre as demais, acarreta imposição de obrigação não prevista no artigo 2º, §2º, da CLT. Decisão judicial desse jaez, ao atribuir res- ponsabilidade solidária sem amparo legal, afronta diretamente o princípio da legalidade. 3. Não merece reparos acórdão de Turma do TST que afasta a responsabilidade solidária imputada à Terceira Embargante com fundamento em violação à norma do artigo 5º, II, da Constituição Federal. 4. Embargos interpos- tos pelo Exequente, em sede de embargos de terceiro, de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se nega provimento. (E-ED-RR - 92-21.2014.5.02.0029, Redator Minis- tro: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 05/10/2017, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 02/02/2018) Em que pese o precedente acima não aborde a questão da desconsi- deração da personalidade jurídica, não se pode ignorar tratar-se de julgado posterior a Lei nº 13.467/2017, cujas alterações de ordem processual aplicam-se imediatamente (v.g. IN. nº 41/2018, do TST), notadamente às normas inscritas no art. 855-A da CLT, que exigem a necessidade de instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica previsto no art. 133 e seguintes do CPC, antes de redirecionar a execu- ção em face do sócio do empregador reclamado. Ademais, o art. 114 do Código de Processo Civil revigorou a necessidade de inclusão de todas as RFJT_438_MIOLO.indd 57RFJT_438_MIOLO.indd 57 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 58 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 DOMENICO RAFAEL CAMERINI empresas alegadamente integrantes do mesmo grupo econômico no polo passivo da lide, desde a fase de conhecimento: “Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.” Diante desse novo cenário normativo, não remanescem quaisquer duvidas pela absoluta impossibilidade de se arguir o grupo econômico diretamente na fase de execução. Com efeito, no precedente da SBDI 1 trazido à colação, caso houvesse reconhecido a validade da declaração de grupo econômico arguido na fase de execução (e a consequente responsa- bilização solidária da então embargante), o Tribunal Superior do Trabalho teria transmitindo a mensagem para todo judiciário trabalhista do Brasil, no sentido de permitir a burla não apenas ao incidente de desconsideração da personalidade jurídica (bem como duplo grau de jurisdição que lhe é inerente), como também da responsabilidade meramente subsidiária do ex-sócio e ainda, aos princípios da legalidade, do contraditório, da ampla defesa, e do devido processo legal. 3.3 Grupo econômico horizontal x terceirização x licenciamento de marca No tema terceirização, a despeito do art. 265 do CCB/02, de longa data parte da doutrina e da jurisprudência também vinha adotando a tese da responsabilização solidária do tomador de serviços mediante aplicação analógica da figura do consórcio de empregadores, da lei rurícola. Otávio Brito Lopes explica que a normatização diferenciada nesse sentido se fez necessária em razão da problemática instalada no cenário nacional na década de 1970, especificamente nas relações entre capital e trabalho do segmento agropecuário: O consórcio de empregadores rurais surgiu, antes mesmo de qualquer iniciativa legislativa, como uma opção dos atores so- ciais para combater a assustadora proliferação de cooperativas de trabalho fraudulentas, e como forma de fixar o trabalhador rural no campo, estimular o trabalho formal, reduzir a rotativi- dade excessiva de mão de obra, reduzir a litigiosidade no meio rural, garantir o acesso dos trabalhadores aos direitos traba- lhistas básicos (férias, 13º salário, FGTS,repouso semanal RFJT_438_MIOLO.indd 58RFJT_438_MIOLO.indd 58 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 59R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 remunerado, Carteira de Trabalho e Previdência Social) e à previdência social. (LOPES, Otávio Brito, 2001, p. 11-12) Conforme antecipado em introdução, a igualdade entre os trabalha- dores urbanos e rurais trazida pela Carta de 1988 trouxe consigo a noção de que o consórcio de empregadores rurais (apesar de que este surgiu em decorrência de características bastante específicas do trabalho prestado no campo) pudesse ser aplicado analogicamente nas Reclamações Traba- lhistas envolvendo a chamada “terceirização da atividade-fim”, para atribuir a responsabilização solidária do tomador de serviços (e não meramente subsidiária). Nesse sentido, alguns precedentes: 21354077 - CONSÓRCIO DE EMPREGADORES URBANOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Ante a moderna construção doutrinária. Fulcrada na combinação dos arts. 25 - A da Lei nº 8212/91 e 8º da CLT. Que conclui pela possibilidade de acolhimento da categoria de trabalhadores urbanos ao mesmo caso que o consórcio de empregadores rurais, tratando-se de situação similar à exposta na Súmula nº 129 do TST, tem-se que a responsabilidade das empresas integrantes do consór- cio é solidária, como ocorre aqui, em que provido o apelo do obreiro. (TRT 2ª R.; RO 0000055-67.2014.5.02.0037; Ac. 2016/0212442; Quinta Turma; Rel. Des. Fed. Maurilio de Paiva Dias; DJESP 15/04/2016) EMENTA: RELAÇÃO DE EMPREGO. CONSÓRCIO DE EM- PREGADORES URBANOS. Relação empregatícia reconhecida com o consórcio de empregadores urbanos formado pelas segunda e terceira rés, em novel figura jurídica caracterizada pela união contratual com o fim de conjuntamente empre- gar trabalhadores. (TRT da 4ª Região, 3a. Turma, 0162800- 45.2005.5.04.0201 RO, em 25/07/2007, Desembargadora Maria Helena Mallmann - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargador Ricardo Carvalho Fraga, Desembargador Luiz Alberto de Vargas) O Tribunal Superior do Trabalho há anos vinha repelindo essa espécie de grupo econômico em julgados paradigmáticos de sua Subseção Um de Dissídios Individuais SBDI 1/TST, cujo entendimento consagrado nos leading cases abaixo permanece atual: RFJT_438_MIOLO.indd 59RFJT_438_MIOLO.indd 59 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 60 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 DOMENICO RAFAEL CAMERINI RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. CON- FIGURAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 2º, §2º, DA CLT. EXISTÊNCIA DE SÓCIOS EM COMUM. A interpretação do art. 2º, §2º, da CLT conduz à conclusão de que, para a configuração de grupo econômico, não basta a mera situação de coordena- ção entre as empresas. É necessária a presença de relação hierárquica entre elas, de efetivo controle de uma empresa sobre as outras. O simples fato de haver sócios em comum não implica por si só o reconhecimento do grupo econômico. No caso, não há elementos fáticos que comprovem a existência de hierarquia ou de laços de direção entre as reclamadas que autorize a responsabilidade solidária. Recurso de Embargos conhecido por divergência jurisprudencial e desprovido. (E-E- D-RR-214940-39.2006.5.02.0472, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, Data de Julgamento: 22/05/2014, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 15/08/2014, extraído de www.tst.jus.br) GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O art. 2º, §2º, da CLT exige, para a configuração de grupo econômico, subordinação à mesma direção, controle ou administração, embora cada uma das empresas possua personalidade jurídi- ca própria. Assim, para se reconhecer a existência de grupo econômico é necessário prova de que há uma relação de coordenação entre as empresas e o controle central exercido por uma delas. No presente caso, não restou suficientemente demonstrado a presença de elementos objetivos que eviden- ciem a existência de uma relação de hierarquia entre as empresas, suficiente à configuração de grupo econômico a atrair a condenação solidária. Recurso de Embargos de que se conhece em parte e a que se nega provimento. (E-ED-RR - 996-63.2010.5.02.0261, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, Data de Julgamento: 12/05/2016, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 20/05/2016- extraído de www.tst.jus.br) Entretanto, como já visto, no âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho havia resistência ao entendimento do Tribunal Superior do Trabalho. E foi precisamente em razão dessa cizânia jurisprudencial que o legislador se viu premido a trazer na Lei nº 13.467/2017, o grupo econômico horizontal, tendo por requisito objetivo, a existência de sócios em comum, elemento que de regra não se divisa nas relações jurídicas terceirização. Isto é, as RFJT_438_MIOLO.indd 60RFJT_438_MIOLO.indd 60 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 61R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 empresas prestadoras de serviços não costumam ter em comum, os sócios de suas tomadoras. De outra parte, a aludida cizânia também motivou a Lei nº 13.429/2017, definindo a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços, quando se tratar de atividade-fim. Posteriormente a impossibilida- de de responsabilizar solidariamente as empresas tomadoras de serviços fora afirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão vinculante, na tese de Repercussão Geral nº 725, decorrente do julgamento conjunto da ADPF nº 324 e do RE nº 958.252: “725 É lícita a terceirização ou qual- quer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante.” Nesse contexto, a redação dada ao §3º do art. 2º da CLT também indica o intuito do legislador no sentido de impossibilitar utilização do consórcio de empregadores para responsabilizar solidariamente as empresas toma- doras de serviços em burla à Lei nº 13.429/2017, à Tese Tema 725 de Repercussão Geral do STF e à decisão vinculante exarada na ADPF nº 324. Vale acrescentar também ser recorrente a hipótese em que as em- presas ditas “terceirizadas” prestam serviços para uma multiplicidade de tomadoras de serviços, as quais além de não possuírem sócios em comum, e longe de atuarem conjuntamente e de modo integrado, no mais das vezes, são concorrentes umas das outras. Hipótese em que, a toda evidência se mostra ausente, o interesse comum que supõe a caracterização do grupo econômico horizontal, ou “consórcio de empregadores”. Outra figura jurídica que constitui marco fronteiriço com à do grupo econômico é o Contrato de Licenciamento de Marcas, regido pelos arts. 130, I, II e 132, I da Lei nº 9.279/1996 (Regula os Direitos e Obrigações relativos à Propriedade Industrial). Isto porque os citados dispositivos legais dispõem sobre o direito de cessão e utilização dos signos comerciais da empresa licenciante, por parte da licenciada, notadamente sua logotipia. Ocorre que não raro as empresas licenciantes são atraídas ao polo passivo das Reclamações Trabalhistas por conta da teoria da aparência. Todavia, mesmo antes da Lei nº 13.467/2017, a vista de instrumento contratual de licenciamento e à míngua de prova de inidoneidade, boa parte da jurispru- dência já repelia a tese do grupo econômico horizontal ou por coordenação nesses casos: LICENÇA DE USO DE MARCA. RELAÇÃO ENTRE EMPRESA DONA DA MARCA E EMPRESA LICENCIADA. NÃO RECONHECIMENTO DE GRUPO ECONÔMICO. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE ELAS. Nos termos dos arts. 130, II e 132, RFJT_438_MIOLO.indd 61RFJT_438_MIOLO.indd 61 16/06/202014:52:0216/06/2020 14:52:02 62 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 DOMENICO RAFAEL CAMERINI I, da Lei nº 9.279/1999, à proprietária de marca é facultado licenciar seu uso, podendo as empresas licenciadas utilizar-se da marca para comercializar seus produtos, sem que com isso fique configurada a ingerência sobre as licenciadas. Assim, desenvolvendo a empresa licenciada atividades com autonomia, sem qualquer outro tipo de relação com a dona da marca, que não a comercial, não há falar na formação de grupo econômico e, por conseguinte, no reconhecimento da responsabilidade solidária entre elas. (TRT 12ª R.; RO 0000664-38.2012.5.12.0006; Quinta Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 06/08/2013) Ementa: “CONFIGURAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. NÃO DE- MONSTRAÇÃO. EXISTÊNCIA DE UM CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE MARCA. Não exsurge da simples existência de um contrato de licença de uso de marca a imediata configuração de um grupo econômico, para fins trabalhistas, envolvendo licenciadas e licenciadoras. O grupo econômico pressupõe um controle, administração ou uma ingerência (art. 2º, parágrafo 2º, da CLT). Sem isso, não há falar em grupo econômico cons- tituído por licenciadora e licenciadas.” (Processo RO 0001143- 31.2012.5.12.0006, Rel. Des.ª LOURDES DREYER, publicado no TRTSC/DOE em 06/08/2013) Ao trazer para o §3º do art. 2º da CLT, a identidade societária enquan- to pressuposto sine qua non do grupo econômico horizontal, o legislador também torna inequívoca, a impossibilidade de declará-lo entre licenciante e licenciado com base pura e simplesmente no “nexo relacional” ou nos “interesses em comum”. 4 Considerações finais Do até aqui exposto é possível afirmar que, se de um lado é inegável a inserção do grupo econômico horizontal nas relações de trabalho regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho, de outra parte não menos certa é a conclusão de que já não se pode utilizar esta instituição para responsabilizar solidariamente os tomadores de serviços nos casos de terceirização, nem tampouco as empresas que licenciam suas marcas, pelo passivo trabalhista de suas licenciadas, ressalvada neste caso, a hipótese de existirem sócios em comum. RFJT_438_MIOLO.indd 62RFJT_438_MIOLO.indd 62 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 63R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 Outrossim, a impossibilidade de redirecionamento da execução mediante arguição de grupo econômico em face de empresa que não participou da lide na fase de conhecimento, e que por isso mesmo não consta do título executivo, foi robustecida com a recepção do incidente de desconsideração da personalidade jurídica pela Consolidação das Leis do Trabalho. Com efeito, por mais caro que seja à Justiça do Trabalho, o porto seguro que é satisfação do crédito trabalhista, a Lei nº 13.467/2017 limitou a navegação do grupo econômico às águas da fase de conhecimento. Trouxe a ainda, a necessidade de se atentar para outras figuras que passam a navegar nos mesmos mares em segmentos mais bem definidos, já não sendo possível a aplicação de um pelo outro, como alhures se via até então. Vale dizer, o nível de discricionariedade judicial nas declarações de grupo econômico fora reduzido drasticamente e em boa hora, pois imprimiu ao cenário normativo, à virtude da segurança jurídica nas relações empresariais. Em suma, o conteúdo normativo do §3º, do art. 2º da CLT se revela auspicioso na medida em que, ao mesmo tempo que diminui o grau de discricionariedade na declaração de grupo econômico horizontal ou por coordenação, sua redação preenche uma lacuna legislativa com coerência e lógica impares, quando examinada sob os enfoques teleológico, sistemático e constitucional de interpretação. Considerations About the Economic Group in Labor Law from Law 13.467/2017 Abstract: It is about revising the normative changes concerning the economic group brought by Law 13.467/2017 in relation to other institutions of labor law that were also revised by the same legal diploma, by extravagant legislation and by the jurisprudences of the Superior Labor Court and Federal Supreme Court. Keywords: Labor Law. Labor Reform. Economic group. Disregard for the Legal Person. Brand Outsourcing License Agreement. Referências BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Tese de Repercussão Geral. Tema nº725. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/abrirTemasComRG.asp; http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE% 24%2ESCLA%2E+E+958252%2ENUME%2E%29+OU+%28RE%2EACMS%2E+ADJ2 +958252%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/jazk4y5 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 129 do TST. CON-TRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante RFJT_438_MIOLO.indd 63RFJT_438_MIOLO.indd 63 16/06/2020 14:52:0216/06/2020 14:52:02 64 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 DOMENICO RAFAEL CAMERINI a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. Disponível em: http://www.tst.jus.br/sumulas BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 205 do TST. GRUPO ECONÔMICO. EXECUÇÃO. SOLIDARIEDADE (cancelada) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O responsável solidário, integrante do grupo econômico, que não participou da relação processual como reclamado e que, portanto, não consta no título executivo judicial como devedor, não pode ser sujeito passivo na execução. Histórico: Redação original - Res. 11/1985, DJ 11, 12 e 15.07.1985. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 331 do TST. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. Disponível em: http://www3.tst.jus.br/ jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_301_350.html#SUM-331 DELGADO, Maurício José Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 17. ed. São Paulo: LTr, 2018. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2017. LEITE, Carlos HenriqueBezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2017. MARANHÃO, Délio. Instituições de Direito do Trabalho. 22. ed. São Paulo: LTr, 2005. MARTINEZ, Luciano Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. São Paulo, 2019. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 35. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. RFJT_438_MIOLO.indd 64RFJT_438_MIOLO.indd 64 16/06/2020 14:52:0316/06/2020 14:52:03 65R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, junho 2020 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO DO TRABALHO A PARTIR DA LEI Nº 13.467/2017 Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2018 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): CAMERINI, Domenico Rafael. Considerações sobre o grupo econômico no Direito do Trabalho a partir da Lei nº 13.467/2017. Revista Fórum Justiça do Trabalho, Belo Horizonte, ano 37, n. 438, p. 51-65, jun. 2020. RFJT_438_MIOLO.indd 65RFJT_438_MIOLO.indd 65 16/06/2020 14:52:0316/06/2020 14:52:03 ESTA REVISTA FAZ PARTE DA PLATAFORMA FÓRUM DE CONHECIMENTO JURÍDICO® ASSINE A REVISTA E pode ser assinada separadamente em nossa loja virtual. loja.editoraforum.com.br | 0800 704 3737 http://loja.editoraforum.com.br/revista-forum-justica-do-trabalho-rfjt?utm_source=PDF&utm_medium=artigo_gratuito&utm_campaign=artigo_rfjt_consideracoes_grupo_economico
Compartilhar