As taxas de juros constituem um importante instrumento da política monetária, uma vez que determinam o grau de investimento, regulam a expansão do crédito e contribuem para o crescimento econômico de um país. Ao longo da história, os juros sempre suscitaram acalorados debates, tanto no campo econômico quanto no meio jurídico. De um lado, a tese liberal, defendida pelos economistas clássicos, de que a determinação dos juros deveria ser deixada ao sabor do mercado; de outro, a ideia de que eles deveriam ser regulamentados e submetidos às decisões do governo. Discussões à parte, o fato é que inúmeras ações judiciais ingressam diariamente nos foros do país com o objetivo de rever os encargos incidentes sobre os débitos bancários, sob o argumento de que a atual prática dos juros representa uma distorção econômica que merece ser corrigida. As chamadas ações revisionais derivam da ideia do valor esperado relacionado às probabilidades de sucesso, descontados os custos do processo. Quando o custo do demandante é zero e existe qualquer probabilidade de ganho, há um incentivo para que os agentes movimentem o Judiciário, mesmo que a utilidade esperada seja mínima e supere o custo social da ação. Embora possa existir racionalidade na conduta do agente, já que ele tenta promover o autointeresse, não se pode afirmar que a ação seja eficiente, já que a inutilidade coletiva gerada supera os eventuais benefícios privados obtidos. HOMMERDING, Adalberto Narciso; JARDIM, Tiago Neu. Análise econômica dos contratos bancários: reflexos das ações revisionais no comportamento do mercado e na instabilidade do capital financeiro. Revista Brasileira de Direito, Passo Fundo, v. 15, n. 2, p. 232-259, 2019. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7469472. Acesso em: 3 fev. 2021 (adaptado). As ações revisionais de empréstimos e financiamentos bancários têm crescido muito, no Brasil, nos últimos anos. Firmou-se a ideia de que os bancos cobram juros maiores que os máximos previstos pelo Banco Central, e que isso se configura como uma relação comercial abusiva. Obviamente, nem todas as ações prosperam, mas é nítido que esse segmento judicial está fazendo nascer uma “indústria de processos”. Diante do exposto, considere o caso a seguir. Manoel é aposentado por tempo de contribuição pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS. Em 2016, enfrentando dificuldades financeiras, ele, após receber uma ligação do Banco Pinheiro S. A., contratou um empréstimo consignado. O valor retirado foi de R$10.000,00, que deveria ser pago em sessenta parcelas de R$280,00. Fernando, advogado e filho de Manoel, calculando os juros cobrados no empréstimo, considerou haver uma cobrança abusiva de juros remuneratórios. Ele resolveu, então, ingressar com uma ação judicial, protocolando sua demanda no dia 11/07/2017. Na data do protocolo, já haviam sido pagas quinze parcelas. Considerando os conceitos relacionados às ações revisionais de contrato, tendo em vista a situação apresentada, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. O fato de o contrato de Manoel estar em andamento, com quinze parcelas pagas, não é impeditivo para que a ação seja promovida. PORQUE II. Mesmo para contratos já encerrados, desde que no prazo legal, as ações revisionais podem ser propostas, contanto que esteja configurada a relação comercial abusiva. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. B) As asserções I e II são proposições falsas. C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. E) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.