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ISABEL SAMORA

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UNIVERSIDADE ZAMBEZE
Faculdade De Ciências Sociais E Humanidade Licenciatura em Ciências Da Comunicação 1º Ano
Cadeira: Estudos Linguísticos
Estilo linguístico (Estilo, Calão e Gíria)
Discente:
Isabel Samora Luis sinalo
Beira
2022
	
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
Faculdade De Ciências Sociais E Humanidade Licenciatura em Ciências Da Comunicação 1º Ano
Cadeira: Estudos Linguísticos
Estilo linguístico (Estilo, Calão e Gíria)
Discente:
Isabel Samora Luis sinalo
Docente: Mestre Harriet Harry
Beira
2022
Índice 
1.	Introdução	4
O objectivo geral	4
Objectivos específicos:	4
1.1.	Metodologia	4
2.	Desenvolvimento	5
2.1.	Estilo Breve historia e definição	5
2.1.1 Estilo	7
2.2.	O fenômeno linguístico da gíria e as palavras calão	7
2.2.1.	Linguagens especiais: origens e acepções	8
2.2.2.	Linguagens especiais e recorte da realidade	9
2.2.3.	Linguagens especiais: cor social e cor associal	13
3.	Conclusão	15
1. Introdução
Até agora, nos estudos de variação, o estilo tem sido tratado como ajustamentos situacionais do falante no uso de variáveis individuais. O outro lado do estilo é como os falantes combinam variáveis para criar formas distintivas de falar. Ao estudar indivíduos, geralmente, os linguistas se impacientam. No entanto, os indivíduos constituem algo muito importante sobre os quais temos que aprender, e só na comunidade de prática é que se pode entender sua prática individual.
No presente trabalho abordaremos de forma explícita sobre o estilo, calão, e gíria, tabus linguísticos e eufemismos, durante o trabalho faremos menção a variação estilística, ao processo de formação do calão e aos tipos de tabus. O trabalho tem como objectivo geral tecer conceitos em torno do estilo, do calão, dos tabus linguísticos e eufemismos. 
O objectivo geral 
· Analisar Estilo, Gíria e do Calão e funcionalidade do Estilo, Gíria e do Calão. 
Objectivos específicos: 
· Demonstrar as características do Estilo, Gíria e do Calão; 
· Identificar os factores que influenciam na variação estilística e na formação de calão gíria e calão;
· Relacionar de forma distintiva os conceitos de tabus e eufemismos. 
1.1. Metodologia
De acordo com Lakatos (2002:71) «método bibliográfico é aquele que abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo, desde publicações, boletins, jornais, revistas, monografias, teses, etc». Com o referido método tornou fácil a recolha, compilação de dados e informações que abordam assuntos relacionados com o tema em estudo, a fim de fazer uma sustentabilidade teórica
2. Desenvolvimento 
2.1. Estilo Breve historia e definição 
A linguística do final do século XIX é marcada por análises da natureza da ciência e pelo debate sobre os fundamentos epistemológicos da investigação científica, o que desencadeia a postura formalista. Nesse quadro linguístico está inserido Ferdinand Saussure, que realiza dicotomias para definir o objeto da linguística, sendo a distinção entre langue e parole a mais significativa. Em sua concepção, a parole é a língua no plano das realizações individuais de caráter não social e de difícil estudo sistemático por sua dispersão e variação, já a langue é a língua no plano social, convencional e do sistema autônomo.
Mesmo tendo sido discípulo de Saussure, Charles Bally preocupou-se em estudar aspectos da língua dissociados dos interesses de seu mestre, o que lhe concedeu a qualidade de “pai da estilística moderna”. Ao publicar, em 1902, seu Traité de stylistique française, seguido de Précis de stylistique, funda sobre bases racionais a estilística da expressão, partindo do seguinte princípio: “A estilística estuda os fatos de expressão da linguagem organizada do ponto de vista de seu conteúdo afetivo, isto é, a expressão dos fatos da sensibilidade pela linguagem e a ação dos fatos de linguagem sobre a sensibilidade” (GUIRAUD, 1978, p. 74).
Nessa preocupação de Bally com o conteúdo afetivo, existe um forte componente subjetivo, influenciando o uso da linguagem. A existência do componente subjetivo pressupõe a existência de um componente objetivo, permitindo visualizar a língua a partir da dicotomia denotativo x conotativo ou, na terminologia do autor, em representativo x expressivo, evidenciando a existência de uma lacuna entre pensamento e linguagem. 
A divisão pode ser a razão por que o estilo é considerado, geralmente, um elemento não necessário à expressão; ele vem, por acréscimo, dotar o pensamento de uma elegância partir de um conceito invariável, não está incluído no sentido, o que justifica sua definição de estilo como desvio. 
Entretanto, se o estilo é considerado desvio da norma, torna-se possível o surgimento de uma interessante questão: Como encontrar realmente métodos e critérios para definir norma, para que dela se possam admitir desvios? 
Além disso, o estilo como desvio sugere a busca de originalidade, de inovação. Tornase difícil aceitar tal pensamento, porque leva a crer na existência de um intervalo entre o pensamento e sua expressão através da linguagem. A ideia é de que o pensamento preexiste à linguagem e que a função desta é aplicar as palavras sobre aquele, o que dá a entender que o pensamento aí está, primeiro, à espera de que o material da linguagem venha dar-lhe forma. E surge outra questão: Como descrever esse intervalo entre pensamento e linguagem, separados como se cada um se justificasse por si? 
Colocando face a face o pensamento e a linguagem, pode-se definir o estilo como a atitude adotada pelo locutor na presença do material que a língua lhe fornece, como marca de uma reação subjetiva para com as palavras. Essa é a maneira como entendemos a noção de escolha, na proposta de Bally. Como, porém, é possível precisá-la através do uso variável que dela fazem os estilistas, se essa noção implica liberdade do locutor. 
Liberdade, no caso, de um sujeito colocado fora da linguagem, e não considerado no interior dela. As observações mostram que há obstáculos para que se aceite, hoje, a estilística da expressão de Bally. Foi, contudo, essa noção de desvio que fundamentou a maioria das definições de estilo. Noção baseada, de um lado, em uma concepção subjetivo-idealista das relações entre pensamento e linguagem e, de outro, em uma operação do locutor que discrimina entre o banal e o expressivo. Com pensamento distinto da visão de estilo de Bally, temos a “Filosofia do Estilo”, de Granger (1974). 
O autor observa que a relação entre forma e conteúdo tem sido pouco considerada pelo pensamento moderno, como processo, como gênese, em suma como trabalho. Sua intenção é a de formular uma “espécie de filosofia de estilo, definindo este como modalidade de integração do individual num processo concreto que é trabalho e que se apresenta necessariamente em todas as formas de prática” (GRANGER, 1974, p. 17). Para ele, toda prática de linguagem comporta um estilo e o estilo é inseparável de uma prática. Portanto, procurar as condições mais reais da inserção das estruturas numa prática individuada seria tarefa de uma estilística, na opinião do autor.
Muitas pessoas ainda associam o estilo a uma ideia de deformação da norma linguística, o que não é necessariamente uma verdade, visto que existe uma grande diferença entre traço estilístico e erro gramatical. O traço estilístico acontece quando há uma intenção estético-expressiva que justifique o desvio da norma gramatical. Já o erro gramatical não apresenta uma intenção estética, pois configura-se apenas como um desconhecimento das regras. Existem, pois, os seguintes campos da Estilística:
· Estilística fônica;
· Estilística morfológica;
· Estilística sintática;
· Estilística semântica.
Para auxiliar na organização das palavras, tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, a Estilística ocupa-se do estudo dos elementos expressivos, abarcando assim a conceitualização e os diversos usos das figuras, vícios e funções de linguagem. A partir da leitura de nossos artigos, você poderá entender quão importante é a Estilística, um recurso amplamente utilizadoem diversos gêneros, especialmente na linguagem poética e na linguagem publicitária.
2.1.1 Estilo
Estilo pode conotar um grande número de significações que podem estar atreladas a diferentes situações da vida. Aqui, interessa-nos aquela relacionada ao uso da língua, correlacionando-o a formas variáveis de determinados processos fonológicos em comunidades específicas.
Em geral as pessoas usam um dos estilos na maior parte do tempo, chamado seu estilo primário. Cada pessoa também tem um estilo de suporte que é o seguinte de uso mais frequente. 
2.2. O fenômeno linguístico da gíria e as palavras calão
Essa linguagem especial tem fins diversos, o falante pode usá-la para se entender no interior do grupo, ser entendido pela comunidade que utiliza esse tipo de linguagem ou para a realização pessoal, dando ao seu grupo uma auto-afirmação (PRETI, 2000), é como se o falante criasse uma identidade linguística para diferenciar o seu grupo. Sendo assim, podemos afirmar que a gíria é um fenômeno linguístico que abrange dois tipos de estudo: o da gíria em grupo e das gírias comuns. 
O primeiro é utilizado por grupos fechados que têm um comportamento diferente dos demais, quem não pertence a esse grupo não compreende os signos linguísticos usados na comunicação diária. São termos criados a partir de um vocabulário comum, com alteração de sentido. 
Este grupo expressa oposição aos valores tradicionais da sociedade, e seus termos se tornam um jogo de adivinhação às pessoas externas ao grupo (PRETI, 1984/2000). As gírias comuns se expandem e passam a fazer parte do léxico popular, são usadas para passar uma imagem de modernidade, quebrando a formalidade e possibilitar uma identificação aos falantes jovens. Este tipo de gírias é usado por todas as camadas sociais e faixas etárias, por isso, deixam de ser vistas como ignorância, falta de leitura ou falta de escolaridade do falante (PRETI, 1984). Dentro desse contexto, vale ressaltar as palavras calão que também estão inseridas nesse tipo de “linguagem jovem”, são palavras popularmente conhecidas como palavrões, apresentam um marca chula, obscena, ofensiva, rude, agressiva e imoral, fugindo do termo convencional e da norma padrão da língua portuguesa. 
2.2.1. Linguagens especiais: origens e acepções 
Para tratar, de modo mais aprofundado, de concepções de linguagens especiais, é imprescindível registrar que receberam diferentes denominações, através dos tempos. Destarte, o estudo das chamadas linguagens especiais coloca, logo de início, o problema da indefinição dos limites que mantém, entre si, a gíria, o jargão, o calão/ palavrão.
Às indefinições dos limites linguísticos das linguagens especiais soma-se a indefinição terminológica, uma vez que, historicamente, a nomenclatura desses fatos linguísticos tem apresentado ambiguidade. Assim sendo, ao tratar de concepções das linguagens especiais, é imprescindível registrar que receberam diferentes denominações, através dos tempos. Em textos do século XVI aparecem os termos “gira”, “gíria” e “geringonça”, além do termo espanhol germânia, que em português quer dizer ‘gíria antiga’. No século XVIII, apontam3 a gíria como um tipo de linguagem especial, dentro de certa classe. Já os lexicógrafos têm entendimentos diferentes à propósito da origem do termo gíria. Adolfo Coelho, por exemplo, liga-o a geringonça, vindo do espanhol jeringonza, que possui acepção pejorativa por significar ‘linguagem complicada, inintendível.
· Germanía é o termo que a Academia Espanhola tira da forma latina germanus (irmão), considerando que a gíria é usada por uma irmandade, uma confraria ou grupo que a usa como defesa, afirmação ou provocação.
Em francês, argot e jargon (que deu jargão em português), também são de origem obscura. Em inglês, o termo slang não tem étimo conhecido. O calão, por sua vez, sem correspondente nas línguas românicas, seria uma forma derivada do termo espanhol caló, que significa ‘linguagem de gitanos (ciganos ou malandros). 
Na verdade, tanto dicionários, quanto trabalhos que versam sobre o assunto, utilizam “gíria” e “calão” como sinônimos. São definidos como linguagem dos malfeitores, ladrões, assassinos etc. É certo que, originariamente, argot, na França, e germanía, na Espanha, significavam ‘confraria de ladrões’, passando a designar a linguagem utilizada por eles. Daí, o estigma social, e não linguístico.
A existência, na Europa, de linguagens especiais, próprias das classes malfeitoras organizadas, é antiquíssima. Alguns traços de linguagem secreta aparecem em textos do século XIII, mas foi a partir da segunda metade do século XV que se tornaram numerosos os textos em que apareciam termos usados pelos indivíduos daquelas classes. Mendigos, ladrões, assassinos houve antes do século XV, como em todos os tempos e em todas as sociedades, mas não existiam ainda como bandos organizados, que tivessem necessidade de usar linguagens particulares, desconhecidas da gente comum.
2.2.2. Linguagens especiais e recorte da realidade 
As palavras não são nem boas nem ruins, são apenas uma parte do desenvolvimento natural da linguagem, o qual está aliado, dentre outros motivos, à expressividade, à descarga afetiva, à injúria, ao sigilo, à rapidez exigida, por vezes, pela dinâmica comunicacional, constituindo um todo que depende do contextosituacional em que se encontre o falante. Por meio da linguagem, o falante demonstra como recorta a realidade, revelando um modus vivendi et operandi específico, próprio daqueles que empregam linguagens especiais, da mesma natureza, no mesmo grupo. 
Linguagens especiais, do tipo gíria, jargão e calão, configuram-se como realidades linguísticas operantes. Muitas vezes, entretanto, o uso deste ou daquela é estigmatizado. Nesse sentido, é preciso deslindar o estigma linguístico do social. Além do que, torna-se imprescindível discutir em que medida a gíria, o jargão e o calão podem configurar-se, dentre outras questões, como forma comunicacional de expressividade e/ou de sigilo e/ou de desabafo e/ou de agressão social. Nesse sentido, torna-se pertinente recorrer às origens e à caracterização das linguagens especiais.
O uso de linguagens especiais correlaciona-se a grupos sociais restritos, como, por exemplo, toxicômanos, criminosos, detentos, universitários, mas também pode associar-se à sociedade em geral, servindo, conforme as circunstâncias, para nomear as atividades técnico-científicas (vocabulário técnico), para a expressão dos sentimentos populares e da injúria (calão ou palavrão e, por vezes, gíria), e para a caracterização das linguagens profissionais (jargão). 
O estudo das linguagens especiais deve atentar para o que é de uso individual (e como tal permanece) do que é de uso coletivo, uma vez que, no primeiro caso, o material é de domínio estilístico e, no segundo, de domínio linguístico, por fazer parte essencial da comunicação do grupo social. Daí, a Sociolinguística interessar-se pelo estudo das diversas linguagens especiais. A gíria surge para satisfazer necessidades advindas da formação de grupos restritos, compostos de falantes que tenham interesses comuns. 
Dessa forma, só é compreendida pelos iniciados no grupo e serve como instrumento de identidade e de defesa social do grupo que a utiliza. Essa concepção de gíria está acoplada às origens que propiciaram o surgimento estigmatizado deste tipo de linguagem especial. O palavrão, por sua vez, serve como instrumento de expressividade e de catarse.
Por ser linguagem de um grupo restrito, a gíria caracteriza-se por se manter intencionalmente secreta, sendo ininteligível aos profanos e funcionando como arma de defesa contra os demais elementos da sociedade. Assim sendo, a gíria apresenta constantes renovações lexicais, a fim de resguardar seu caráter criptológico; com isso, quando um termo extrapola o âmbito grupal, em virtude da alta frequência e/ou da expressividade, pode ser abandonado pelo grupo, uma vez que já não mais se presta como arma de defesa social do grupo, significando que se vulgarizou para a linguagem geral.
A esse respeito,consulte-se Rector (1975). O tema expressividade e/ou agressão, correlacionado à gíria e ao palavrão, pode ser consultado em Cabello (1996, p.194-199). A esse respeito, consulte-se Cabello (1990, p.55-64). 
O conceito de jargão pode ser o de gíria, em seu sentido restrito, isto é, de linguagem marginal, fechada, instrumento de defesa e identificação de um grupo profissional, incompreensível aos não iniciados no grupo. 
Neste aspecto apresenta, como a gíria, caráter fechado. Reflete um certo pedantismo por ostentar determinada posição social. Sobre a correlação gíria e argot, consulte-se Cabello (1992, p.120-125). A questão da vulgarização da gíria é tratada por Cabello (1989). 
Essa produção de palavras novas, por parte de um grupo restrito, para Riverain (1963, p.253), deve-se às seguintes razões: 
· Necessidade de uma linguagem especial, para ocultar algo; daí a existência de um processo de recriação constante, para garantir o sigilo e, de simples coletânea de termos, torna-se verdadeira linguagem especial, enriquecida, incessantemente da mais rica originalidade criativa; 
· Expressividade, para suprir determinadas lacunas existentes na língua geral ou que só se pode exprimir “convenientemente” por meio de muitas palavras;
· Invenção, diretamente correlacionada à agressão, uma vez que a gíria se opõe aos valores que a cultura dominante propõe. Tanto que se reconhece a verdadeira gíria, ainda estigmatizada, por sua cor absolutamente associal. Nesse sentido, ela aproxima-se do palavrão.
O palavrão, por sua vez, não possui caráter criptológico, nem serve de instrumento de defesa de grupo. É compreendido além do grupo. Configura-se como uma linguagem marginal, parasita da língua geral, que objetiva destacar o pensamento de uma determinada classe. Ele é constituído intencionalmente, apresentando nas suas variações semânticas a ironia, o menosprezo, a revolta contra a sociedade, com o intuito de nivelar a todos. 
Na gíria também figuram termos chulos ou vulgares, arrolados nos domínios lexicais tabus, por serem considerados obscenos, chocantes, traumáticos etc. São, na cultura ocidental, os associados à descrição anatômica, às funções de excreção e ao sexo. Esse tipo de interdição vocabular é considerado linguagem especial, por estar contraposto à linguagem geral, à medida que serve à descarga afetiva e à injúria. 
A gíria, signo de grupo restrito, além de marcada pelo estigma de origem, conduz a uma leitura do mundo específico do falante. Muitas vezes, ela chega a estampar a miséria, a insegurança, a humilhação, a revolta contida, a insatisfação, o medo, a opressão, a rebeldia, o desprezo, a mágoa pelas injustiças sociais, enfim, um conflito de contrariedades, verdadeiro mecanismo social de defesa e também de agressão. Assim, pode concorrer para cristalizar a identidade social do falante, o que significa desvendar uma ideologia de fruto grupal, não meramente individual. 
Com isso, assumir um signo estigmatizado poderia ser para muitos falantes reverter-lhes o status. Em outras palavras, a vulgarização da gíria está condicionada, em certa medida, ao prestígio do grupo onde ela nasceu. Se o grupo não possuir status social elevado, o uso da gíria poderá ser estigmatizado, denunciando estratificação social e linguística. O falante, então, evitará seu uso em situações que possam comprometê-lo a adquirir uma identidade social que não é a dele.
Dependendo da situação, um termo pode não sofrer interdição vocabular e, por isso, por esse limite tênue, ser difícil sua classificação neste ou naquele nível linguístico. Tanto que muitos termos, por exemplo, da linguagem familiar e da linguagem dos universitários advém da gíria marginal, mas são usados por terem perdido o estigma do grupo de origem. Além do que a intencionalidade do falante pode modificar o valor do termo, passando, até do vulgar para o afetivo é a atualização do valor de um termo decorrente de fatores extralinguísticos. É certo que a linguagem popular sempre esteve marcada pelo erotismo, tanto para expressar sentimentos afetivos, quanto agressivos, de forma que transformações sociais e morais se processam, apontando para a ligação existente entre a atitude do falante, em relação à linguagem obscena e a ideologia moral da época. Exemplo claro é a diversidade dos contextos-situacionais que perpassam pelo ambiente universitário, onde termos, outrora, sujeitos à interdição vocabular, fazem, hoje, parte do vocabulário ativo dos universitários, de modo geral. 
Pode-se, até, mencionar a espontaneidade de universitários que utilizam termos de gíria e de palavrão em enunciados como: 
· “Nas férias, quero fazer uma puta viagem”, onde “puta” tem sentido intensificador;
· “Oh merda, não encontrei a sala!”, onde “merda” configura-se como forma de desabafo; 
· “O baterista é o maior fodão”, onde “fodão” carrega um sentido positivo, verdadeiro elogio. 
A interdição vocabular só se patenteia externamente, ou seja, à medida que o uso da linguagem especial, ainda estigmatizado, extrapola o grupo a que pertence o falante. Mesmo porque, internamente, os componentes do grupo são ciosos, orgulhosos e ciumentos do uso de linguagens especiais. Os motivos que levam ao uso da gíria e do palavrão podem ser, dentre outros, os seguintes:
· Forma de defesa ou agressão;
· Fortalecimento de identificação do falante; 
· Procura de auto-afirmação; 
· Intenção de uma linguagem despretensiosa; 
· Desejo de originalidade, de evidência e de jovialidade; 
· Busca de maior expressividade; 
· Intensificação de sentido; 
· Resistência ao tabu; 
· Intenções irônica, humorística e depreciativa; e 
· Tendência para a comunicação concreta, breve, enfática.
Exemplo de uso da palavra Gíria:
Aquela mulher é um pitelzinho, quer dizer bonita Aquela festa esta animal, quer dizer excelente.
Pamonha = pessoa tola, boba, que não reage adequadamente. 
Caô= mentira. 
Chavecar = paquerar, passar uma cantada. 
Sacar = entender.
Exemplo de uso da palavra Calão:
"O uso de palavras de calão deve ser evitado neste recinto."
2.2.3. Linguagens especiais: cor social e cor associal 
Para se deslindar as linguagens, consoante os estudos efetuados, pode-se afirmar que: 
· A gíria configura-se como um signo de grupo restrito social; 
· O jargão configura-se como signo de grupo restrito profissional; 
· O calão (ou palavrão ou linguagem obscena) configura-se como um signo de grupo geral; 
· A linguagem erótica pode perpassar todos os tipos de linguagem. Vale lembrar que, no Brasil, calão apresenta sentido especializado, depreciativo e identifica-se com o denominado palavrão; já em Portugal, calão é sinônimo de gíria. 
A gíria afasta-se, mais e mais, de uma linguagem estigmatizada, advinda das origens do argot, e aproxima-se de uma linguagem de zombaria metafórica. O calão, por sua vez, embora sofra certas interdições, tanto no seu aspecto de agressão quanto no de expressividade, é bem mais utilizado hoje do que nas décadas anteriores. Enfim, gíria e calão podem se configurar, na terminologia de Riverain (1963, p.253), ora como forma de expressividade (cor social) ora como forma de agressão (cor associal), dependendo do contexto-situacional e da intencionalidade do falante. 
De qualquer forma, trata-se de uma linguagem de reações, não de razões. Dito de outra forma, gíria e palavrão podem ser usados, dentre outras intenções, como: 
· Uma forma para depreciar (as personas e/ou instituições não gratas) ou para glorificar (“tudo que merece ser louvado”); 
· Uma atitude linguística de desrespeito intencional à norma estabelecida, sem fugir ao sistema; 
· Um desafio ao sistema, ao chocar ou surpreender, e também ao confundir e, por meio de uma degradação semântica, ridicularizar os ingênuos e os superiores; 
· Uma tonalidade emotiva (de onde a gíria, como o palavrão, funciona como válvula de escape); 
· Uma tonalidade agressiva, realçando qualidades negativas e defeitos de tudo e todos que signifiquem opressão; 
· Uma originalidade no jogo linguístico, perpassando de humor leve ao negro, às vezes levado ao exagero, dependendodo contexto-situacional e/ou do referente; 
· uma expressão de maturidade, força e masculinidade, reforçada pelo uso de termos machistas.
3. Conclusão 
Vimos que a língua muda constantemente e, essas mudanças apresentam novos signos e variações com intuito de inovar e criar novos métodos de redução das formar de comunicação e compreensão da fala do grupo social do qual o falante faz parte. 
Hoje quase todos utilizam essa variação, pois a sociedade tem pressa de se comunicar e de ser compreendida independente da idade do falante, mas principalmente em situações mais informais de comunicação linguística. Sedo assim, a gíria possibilita ao falante uma comunicação com mais liberdade e sem preconceitos, isto vale também para os termos calão em que os jovens, principalmente os de periferia, utilizam esses recursos linguísticos para se expressar. 
E esses termos calão, muitas vezes são utilizados no sentido de possibilitar ao falante mais segurança ao falar e um sentimento de que ele é aceito no grupo. As expressões gíricas se tornaram comum em nossa sociedade, esse recurso linguístico está presente em muitas circunstâncias de fala, tanto na escrita, escrita virtual e principalmente na fala que foi o tema central desta pesquisa. 
Podemos concluir que este tipo de variação linguística, está em constante mudança, pois esses signos vão se modificando com o tempo e nas condições em que o indivíduo está inserido, para facilitar a comunicação com os demais membros do grupo e dificultar o entendimento por parte daquelas pessoas estranhas ao grupo.
Bibliografia 
https://anaisonline.uems.br/index.php/enic/article/view/1140/1162
https://www.dicionarioinformal.com.br/diferenca-entre/g%C3%ADria/cal%C3%A3o/
https://revistas.uepg.br/index.php/uniletras/article/download/242/238/768
CABELLO, A.R.G. A gíria como linguagem literária em contos de João Antônio. Caderno de Divulgação Cultural, n. 25, 127 p. Bauru-SP: Universidade do Sagrado Coração, 1987.
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/44358/1/Marina%20da%20Silva%20Gon%C3%A7alves.pdf
CABELLO, A.R.G. Linguagem: aspectos linguísticos e campo sócio-cultural. UNILETRAS, Ponta Grossa, PR, n.12, p. 55-64, 1990.
https://anaisonline.uems.br/index.php/enic/article/view/1140/1162

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