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CAUSAS FISIOLÓGICAS DE CHOQUE CHOQUE CIRCULATÓRIO CAUSADO POR DÉBITO CARDÍACO REDUZIDO Anormalidades que reduzem capacidade do coração bombear Infarto do miocárdioa. Estados tóxicosb. Disfunções valvares severasc. Arritmiasd. Choque cardiogênico 70% não sobrevivem 1. Fatores que reduzem retorno venoso Volume Sanguíneo Reduzidoa. Tônus vascular diminuídob. Obstrução do fluxo sanguíneoc. 2. CHOQUE CIRCULATÓRIO SEM DÉBITO CARDÍACO REDUZIDO Excesso de velocidade do metabolismo1. Padrões de perfusão tissulares anormais2. Ambos levam a entrega de nutrientes aos tecidos ser inadequada O QUE ACONTECE À PA NO CHOQUE CIRCULATÓRIO? Pode frequentemente ser enganosa Reflexos nervosos poderosos → pessoa em choque mas com PA normal Ou PA em metade da normal → mas com perfusão normal sem choque Geralmente PA diminui com débito cardíaco (mas não tanto) Especialmente em hemorragias DETERIORAÇÃO TECIDUAL É O RESULTADO FINAL DO CHOQUE CIRCULATÓRIO O próprio choque leva a mais choque: Fluxo sanguíneo inadequado → Deteriora coração + vasos → Perfusão inadequada → Mais deterioração e mais fluxo inadequado... ESTÁGIOS DO CHOQUE Estágio não-progressivo: Compensatório1. Estágio progressivo: Piora2. Estágio irreversível: Nenhuma terapia salva a vida da pessoa3. CHOQUE CAUSADO POR HIPOVOLEMIA - CHOQUE HEMORRÁGICO Hemorragia geralmente é a causa mais comum Dim. Pressão de enchimento da circulação → dim. Retorno venoso Relação de volume de sangramento ao débito cardíaco e pressão arterial Até 10% do volume sanguíneo pode ser removido sem afetar a PA Maior perda geralmente afeta o débito cardíaco primeiro Fisiologia do Choque Página 1 de Medicina Maior perda geralmente afeta o débito cardíaco primeiro Com 40-45% de perda de volume, débito cardíaco e PA caem a zero Compensações do reflexo simpático no choque (manutenção da PA) Iniciados pelos barorreceptores arteriais e outros receptores vasculares Estimulam sistema vasoconstritor simpático na maioria dos tecidos Efeitos: Aumento da resistência periférica (constrição das arteríolas)1. Manutenção do retorno venoso adequado (const. Das veias e reservatórios venosos) 2. Atividade cardíaca aumenta marcadamente: até 180 batimentos/min3. Se reflexo simpático ausente, apenas 15-20% do sangue pode ser removido antes de matar a pessoa Aumenta em 2 vezes a qte de sangue perdida sem provocar morte Possuem maior efeito em regular a PA do que o débito cardíaco Aumento da resistência periférica não ajuda no débito Mas constrição venosa mantém retorno venoso! Platô em 50mmHg = Ativação da resposta isquêmica do SNC → Cérebro experimenta falta de O2 Proteção do fluxo cerebral e coronário pelos reflexos Estimulação simpática não causa constrição significativa nos vasos cerebrais e coronários Autorregulação local é excelente Previne decréscimo da PA de reduzir o próprio fluxo Manutenção em níveis normais desde que a PA média (PAM) não caia abaixo de 70mmHg CHOQUE HEMORRÁGICO PROGRESSIVO E NÃO PROGRESSIVO Hemorragia após certo nível leva o choque a ser progressivo Página 2 de Medicina Choque Não Progressivo Mecanismos de feedback negativo da circulação → Fatores que promovem retorno do débito e PA Ação Rápida (30s - 10m) Reflexos de barorreceptores: estímulo simpático1. Resposta isquêmica do SNC: estímulo simpático mais forte2. Secreção de epi/norepinefrina pela medula da adrenal: contração de arteríolas + aum. Batimentos Ação Intermediária (10-60 minutos) 3. Relaxamento-estresse reverso do sistema circulatório: vasos sanguíneos contraem por baixo volume 4. Secreção aumentada de Renina pelos rins: constrição de arteríolas periféricas + reduz excreção de água e sais pelos rins 5. Secreção de vasopressina pela glândula pituitária posterior: contrai vasos + aum. Retenção de líquido Ação Prolongada (1-48 horas) 6. Mecanismos compensatórios que retornam volume sanguíneo ao normal Absorção de água pelo intestinal- Absorção de fluido dos espaços intersticiais pelos vasos- Conservação de água e eletrólitos pelos rins- Aumento da sede e apetite por sal- 7. Choque Progressivo Ocasionado por ciclo vicioso de deterioração cardíaca Depressão cardíaca Choque mais severo por decréscimo do fluxo sanguíneo coronário abaixo do necessário Assim, uma das características importantes do choque, independente da origem, é a deterioração progressiva do miocárdio O coração tem uma reserva que permite o bombeamento de 300-400% mais sangue do que o requisitado pelo corpo Mas nos estados finais de choque, deterioração cardíaca é um dos principais componentes da progressão letal final Insuficiência vasomotora Durante os primeiros 4-8 minutos → Estagnação do fluxo sanguíneo cerebral = descarga simpática mais intensa Ao final de 10-15m → centro vasomotor deprimido = fim das descargas Página 3 de Medicina Ao final de 10-15m → centro vasomotor deprimido = fim das descargas simpáticas Mas geralmente não acometido no início do choque se PA > 30mmHg Bloqueio de Vasos Menores Por Sangue Estagnado Em vasos periféricos/teciduais: Acúmulo de ácido (lático + carbônico) = acidificação do sangue- Aglutinação do sangue = geração de trombos na microvasculatura- Aumento da permeabilidade capilar Hipóxia capilar prolongada (horas) = aum. permeabilidade → Fluido transudato aos tecidos Dim. do volume sanguíneo/débito cardíaco Apenas nos estágios finais do choque Liberação de Toxinas pelo tecido isquêmico Histamina Serotonina Enzimas teciduais Endotoxinas Depressão cardíaca causada por endotoxinas Liberada do corpo de Gram Negativas no INTESTINO Se fluxo sanguíneo diminuído → Maior formação/absorção de substância tóxica → Aumento do metabolismo celular → Efeito no miocárdio = depressão cardíaca Principalmente em CHOQUE SÉPTICO Deterioração Celular Generalizada O principal órgão afetado é o fígado, mecanismos: Diminui transporte ativo de sódio e potássio: Na+ e Cl- se acumulam nas células; K+ é perdido das células → Células incham 1. Atividade mitocondrial severamente deprimida2. Lisossomos são liberados = hidrolases causam mais deterioração intracelular3. Metabolismo celular de nutrientes como glicose são deprimidos Hormônios como insulina tem atividade 100% deprimida 4. Fígado perde funções metabólicas e detoxA. Pulmões desenvolvem edema e oxigenam poucoB. Coração perde contratibilidadeC. Áreas alvo de necrose tecidual por variação de fluxo sanguíneo tecidual Ocorre mais déficit nutricional nas extremidades venosas dos capilares Ex: Necrose no lóbulo hepático ocorre primeiro no centro (saída venosa) do que nas extremidades (entrada arterial) Lesões deteriorantes ocorrem também no epitélio renal = insuficiência e morte urêmica em dias No coração não possui padrão de lesão Nos pulmões levam a síndrome do choque pulmonar Acidose no choque Excesso de ácido lático no sangue Fluxo sanguíneo pobre nos tecidos Formação de ácido carbônico a partir do dióxido de carbono não excretado Feedback positivo de deterioração dos tecidos no choque e ciclo vicioso do choque progressivo O feedback positivo não necessariamente leva a um ciclo vicioso Depende do contrabalanceamento do feedback negativo do corpo Reflexos simpáticos, mecanismo de relaxamento e estresse, e absorção de líquido dos espaços intersticiais contribuem para impedir ciclo vicioso CHOQUE IRREVERSÍVEL Página 4 de Medicina CHOQUE IRREVERSÍVEL Em raras ocasiões, terapia pode retornar débito e PA ao normal por pequenos períodos Mas a circulação continua a deteriorar e a morte ocorre em minutos a horas A partir de determinado ponto, tanto dano ocorreu, tantas enzimas destrutivas foram liberadas, tanta acidose se desenvolveu, e tantos outros fatores destrutivos estão em progresso que mesmo um débito cardíaco normal por alguns minutos não reverte a deterioração contínua Depleção de Reservas Celulares de Fosfato de Alta Energia no choque irreversível Após todo fosfato de creatina ser degradado; Toda adenosina trifosfato (ATP) → Adenosina Difosfato (ADP) → AdenosinaMonofosfato (AMP) → Adenosina Adenosina se difunde para fora da célula → Conversão em ácido úrico (não reentra células) Adenos. pode ser sintetizada a apenas 2% da quantidade celular normal / hora Estado final de irreversibilidade = depleção de compostos de alta energia CHOQUE HIPOVOLÊMICO CAUSADA POR PERDA PLASMÁTICA Choque similar ao hemorrágico em quase todos os detalhes Ocorre em: Obstrução intestinal: Distensão → Bloqueio do fluxo venoso nas paredes → Aum. pressão capilar intestinal → fluido extravasa das paredes para o lúmen Fluído com alta [proteína] → redução da proteína plasmática sanguínea total e do volume 1. Queimaduras severas ou condições de desnudamento da pele2. Possui uma complicação a mais do que o choque hemorrágico: Aumento da viscosidade sanguínea! Exacerba estagnação sanguínea (aumenta [hemácias]) Perda de fluido de todos os compartimentos = DESIDRATAÇÃO Ocorre em: Sudorese excessiva1. Diarrea/vômito2. Perda de fluído renal3. Ingestão inadequada de água/fluídos4. Destruição do córtex da adrenal → perda de secreção de aldosterona Rins com insufic. na absorção de sódio, cloro e água 5. Página 5 de Medicina CHOQUE HIPOVOLÊMICO POR TRAUMA Contusão excessiva do corpo pode danificar capilares a ponto de liberar quantidade grande de plasma nos tecidos Choque traumático resulta principalmente da hipovolemia Mas há componente neurogênico envolvido CHOQUE NEUROGÊNICO - CAPACIDADE VASCULAR INTENSIFICADA Choque que ocorre sem perda de volume Capacidade vascular aumenta tanto que sangue não preenche sistema circulatório Uma das principais causas: perda súbita de tônus vasomotor pelo corpo Resulta em dilatação massiva de veias = Choque Neurogênico Redução de retorno venoso → Estasia venosa (venous pooling) Causas de Choque Neurogênico Anestesia Geral Profunda: Deprime centro vasomotora. 1. Anestesia Espinal: Bloqueia fluxo de saída simpáticoa. 2. Dano cerebral Causa mais frequente Contusão das regiões basais do cérebro Apesar de isquemia gerar estímulo vasomotor, se prolongada (>5-10 minutos) gera inativação dos neurônios vasomotores 3. CHOQUE ANAFILÁTICO E HISTAMÍNICO Um dos principais efeitos é causar liberação de histamina (e semelhantes) pelos basófilos no sangue e mastócitos nos tecidos pericapilares. Histamina provoca: Dilatação venosa ( = ↓Retorno venoso)- Dilatação arteriolar ( = ↓PA)- Permeabilidade capilar intensificada ( = perda de fluido a proteína nos espaços tissulares) - Efeito líquido = redução do retorno venoso Injeção endovenosa de histamina também causa choque semelhante ao anafilático CHOQUE SÉPTICO Infecção bacteriana disseminada a várias áreas corporais Maiores causas são bactérias gram-positivas; Seguido de endotoxinas de gram-negativas. Diferente do choque cardiogênico, choque séptico é a causa mais frequente de morte hospitalar relacionada a choque Causas típicas de choque séptico: Peritonite Uterina Infecção do útero ou tubas uterinas As vezes de abortos instrumentais sem esterilização 1. Peritonite GI Por lesões ou doenças que rompem trato GI 2. Infecção corporal generalizada Infecção cutânea como por streptococos ou stafilococos 3. Página 6 de Medicina Infecção cutânea como por streptococos ou stafilococos Gangrena generalizada Bacilos Gas Gangrenosos: de tecidos periféricos ao fígado 4. Infecção do trato urinário Geralmente Bacilos do Cólon 5. Características típicas do choque séptico Febre alta1. Vasodilatação pelo corpo, em especial nos tecidos infectados2. Alto débito cardíaco resultante do estímulo da toxina bacteriana e alta temp. corporal 3. Estagnação do sangue por aglutinação em resposta aos tecidos em degeneração4. Desenvolvimento de micro-trombos: Coagulação Intravascular Disseminada (CID) Proporciona ocorrência de hemorragia em vários tecidos 5. Nos primeiros estágios só há sinais de infecção A medida que avança, ocorre envolvimento do sistema circulatório pela perda de plasma Ao final, se assemelha muito aos últimos estágios do choque hemorrágico FISIOLOGIA DO TRATAMENTO NO CHOQUE TERAPIA DE REPOSIÇÃO Transfusão de Plasma e Sangue Em um cenário ideal: Hemorragia: melhor solução possível é transfusão sanguínea Perda de plasma: melhor solução é administração de plasma Desidratação: melhor solução é reposição hidroeletrolítica Na realidade, o plasma é útil em hemorragias também, pois o corpo pode permanecer com 50% do hematócrito normal sem maiores danos No entanto, o uso de plasma é difícil e limitado, assim existem substitutos de plasma que desempenham funções hemodinâmicas similares Solução de Dextrana como Substituto de Plasma Requisito para substituto de plasma: permanecer na circulação Solução não-tóxica e com eletrólitos apropriados Possui tamanho molecular alto o suficiente para exercer pressão osmótica coloidal Dextrana = grandes polímeros polissacarídeos de glicose Substitui proteínas plasmáticas como agentes coloidais osmóticos TRATAMENTO DE CHOQUE NEUROGÊNICO E ANAFILÁTICO: DROGAS SIMPATOMIMÉTICAS Droga que imita estímulo simpático (norepinefrina, epinefrina...) Em choque neurogênico o SNAs está severamente deprimido → Drogas restauram função circulatória completamente Em choque anafilático a histamina tem um papel predominante → Drogas possuem efeito vasoconstritor que se opõem ao vasodilatador da histamina Não se provaram úteis em choque hemorrágico Pois nesse caso, o SNAs está quase sempre ativado ao máximo pelos reflexos circulatórios → Drogas sem efeito benéfico OUTRAS TERAPIAS Posição de Cabeça para Baixo Manter paciente com cabeça 30 centímetros abaixo da linha dos pés promove Página 7 de Medicina Manter paciente com cabeça 30 centímetros abaixo da linha dos pés promove retorno venoso → também aumenta débito cardíaco Terapia com Oxigênio Frequentemente é pouco benéfica pois problema do choque não é a oxigenação pelo pulmão, mas o transporte inadequado do O2 aos tecidos Tratamento com Glicocorticoides Glicocorticoides são hormônios da córtex da adrenal que regulam metabolismo da glicose Experimentos mostram que aplicação de gc frequentemente aumentam força do coração nos estágios tardios do choque 1. Gcc estabilizam lisossomos dentro das células dos tecidos2. Gcc auxiliam no metabolismo da glicose em células danificadas3. PARADA CIRCULATÓRIA Parada do fluxo sanguíneo por cessação da atividade cardíaca ou fibrilação ventricular FV pode ser interrompida por eletrochoque Parada cardíaca completa pode ser revertida com medidas de ressuscitação cardiopulmonar ao mesmo tempo que ocorre ventilação adequada Efeito da Parada Circulatória no Cérebro Em 5-8 minutos, a parada completa causa dano permanente no cérebro em algum grau Maior desafio é prevenir danos da parada no cérebro Administração de heparina/estreptoquinase (prevenir coagulação) antes da parada cardíaca mostrou aumento na sobrevivência do cérebro 2 a 4x maior que a usual Se trombos são prevenidos de se formar nos vasos cerebrais, isso também previne muito da deterioração inicial do cérebro na parada Uma das principais causas de isquemia, depois da hipóxia propriamente dita Referência: HALL, John E. Guyton & Hall. Tratado de fisiología médica. Elsevier Health Sciences, 2021. C24. Página 8 de Medicina
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