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USO ABUSIVO DE ÁLCOOL

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USO ABUSIVO DE ÁLCOOL - CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM REDE
Caso: M.L.C.C. - 45 anos – Marceneiro
Anamnese
Queixa principal
Fadiga nos últimos sete meses, a qual tem prejudicado seu desempenho no trabalho.
Histórico do problema atual
M.L.C.C. afirma que adormece com facilidade, mas acorda inúmeras vezes durante a noite, sentindo-se cansado pela manhã, o que, muitas vezes, o impede de ir trabalhar. Conta que sua esposa o deixou há alguns meses, pois se queixava do hábito de beber entre 6 a 12 cervejas por dia, além de algumas doses de cachaça. Segundo a ex-esposa, por causa da bebida, não conseguia mais ir trabalhar assiduamente e, deste modo, não tinha possibilidades de sustentar a casa, devido às suas ausências no emprego. Os sintomas relatados foram agravados, após a saída da esposa e dos filhos de casa. Relata que agora precisa de mais álcool do que antes para sentir-se relaxado, e ainda conta que teve vários “blackouts”, bem como refere que se distrai com facilidade e, num destes episódios cortou-se em uma das máquinas que trabalhava. Admite ainda que muitas vezes, para não sentir tremores, a primeira coisa que faz pela manhã é tomar um gole de cerveja ou cachaça. Tentou parar de beber algumas vezes sem sucesso.
Revisão de sistemas
Tórax: Dificuldade de respirar ao esforço físico
Abdome: Refere pirose frequentemente.
Sistema genitourinário: Impotência sexual.
Coluna vertebral e extremidades (sistema locomotor): refere tremores finos ao acordar.
Sistema nervoso: tonturas e blackouts
Exame psíquico e avaliação das condições emocionais:
- Afeto: congruente.
- Senso-percepção: sem alterações.
- Memória: amnésia anterógrada.
- Orientação: orientado, autopsiquicamente e alopsiquicamente.
- Consciência: lúcido.
- Pensamento: produção lógica, com fio associativo preservado, de conteúdo adequado.
- Linguagem: sua fala tem ritmo e tom normais.
- Inteligência: aparentemente inserido à média clínica.
- Atenção: hipotenaz e hipovigil.
- Conduta ou conação: hipobulia relacionada ao trabalho, insônia.
Senso percepção: sem alterações
Histórico
História social
Relações familiares prejudicadas, possuí vínculo forte com os filhos. Considera-se ateu. Jogava futebol uma vez por semana com amigos do bairro, todavia cessou esta atividade há 2 meses. Laço social empobrecido de forma geral.
Antecedentes pessoais
Ingere bebidas alcoólicas desde a adolescência, no entanto o consumo só passou a ser um problema há cerca de um ano, a seu ver, quando começou a ter brigas com a esposa pelo fato de não conseguir ir trabalhar.
Medicações em uso
Não faz uso de medicações de uso contínuo, refere apenas que toma ácido acetilsalicílico em episódio de cefaléia, bem como o uso de chás nos episódios de dispepsias.
Antecedentes familiares
Mãe falecida decorrente de cirrose.
Exame Físico
Estado geral regular; mucosas uniformemente coradas, anictérico e acianótico.
Sinais Vitais:
PA: 125x85 mmHg;
FC: 78 bpm;
FR: 25 mrpm;
Tax: 37,3º C.
Tórax:
Eupneico, ausculta cardíaca normofonética em 2T; ausculta pulmonar: presença de murmúrios vesiculares.
Abdome:
Ruídos hidroaéreos presentes e diminuídos, flácido, distendido e doloroso à palpação, sem dor à descompressão brusca (sinal de blumberg negativo).
SAIBA MAIS:
Nos serviços de saúde, o enfermeiro deverá estar atento às possibilidades de detectar precocemente o uso de álcool e outras drogas, a fim de reduzir os possíveis danos, devendo sensibilizar o usuário a buscar alternativas de tratamento, conforme preconiza a política de saúde (GONÇALVES; TAVARES, 2007, p. 588), uma vez que o diagnóstico e o tratamento precoces da dependência ao álcool têm papel fundamental no prognóstico deste transtorno. Acredita-se que, aproximadamente, 20% dos usuários tratados na APS bebem em um nível considerado de alto risco, pelo menos fazendo uso abusivo do álcool. Para tanto, é necessário que o profissional acolha o usuário sem julgamentos, e que possa estabelecer um vínculo que o permita articular juntamente com o usuário um Plano Terapêutico Individual (PTI) direcionado à dependência, bem como às doenças clínicas decorrentes da dependência (BRASIL, 2004).
Para ajudar a identificar casos suspeitos de problemas de uso abusivo de álcool na comunidade, alguns questionários práticos foram desenvolvidos, os quais podem ser aplicados pelos ACS. O mais simples deles é conhecido como CAGE (sigla em inglês, que se refere a palavras das perguntas que são formuladas).
O questionário consiste em quatro perguntas:
1. Você já tentou diminuir ou cortar (Cut down) a bebida?
2. Você já ficou incomodado ou irritado (Annoyed) com outros porque criticaram seu jeito de beber?
3. Você já se sentiu culpado (Guilty) por causa do seu jeito de beber?
4. Você já teve que beber para aliviar os nervos ou reduzir os efeitos de uma ressaca (Eye-opener)?
Se pelo menos uma resposta a essas perguntas for afirmativa há suspeita de problemas com o álcool. Duas ou mais respostas afirmativas é indicativo de problemas com o álcool (MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974; SANTOS et al., 2013).
Uma série de fatores influenciam o aparecimento e a evolução da Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA), entre eles: a vulnerabilidade genética, o gênero, o padrão de consumo de álcool, as características individuais biológicas e psicológicas e os fatores socioculturais. Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são: agitação, ansiedade, alterações de humor (irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia e hipertensão arterial (LARANJEIRA, 2000).
Com relação ao cardápio terapêutico ofertado à atenção em saúde mental, a partir da Lei Federal 10.216/2001, a “Lei da Reforma Psiquiátrica” que redireciona a assistência em saúde mental, o tratamento ao usuário de saúde mental deve se dar preferencialmente em serviços comunitários, utilizando uma rede de atenção que inclui serviços sanitários ou não (BRASIL, 2011).
Com relação à internação involuntária, esta deve ser realizada apenas quando existe situação de risco iminente para o paciente ou para terceiros. Esse tipo de internação só pode ocorrer mediante determinação da equipe, mas isso não basta: precisa ser comunicada ao Ministério Público, que a submeterá a um órgão de revisão (uma comissão multidisciplinar), para assegurar ao paciente o direito ao contraditório e para verificar a real necessidade da medida (DELGADO, 2012).
 Dessa forma, a primeira opção de tratamento são os serviços de atenção comunitária.
Nos casos em que há a necessidade de internação conta-se com os leitos para desintoxicação nos hospitais gerais. Não é indicado o encaminhamento ao hospital psiquiátrico, pois acredita-se que este carrega características que levam à cronificação e iatrogenia, não sendo, portanto, entendido como um local de cuidado em saúde.
 
Questão 1: Considerando o caso apresentado, assinale as alternativas corretas quanto ao acolhimento ao usuário de álcool na Atenção Primária à Saúde (APS).
A. Identificar que se trata de uma problemática de alta complexidade a qual necessita ser encaminhada imediatamente ao serviço especializado de referência.
B. Identificar possíveis problemas clínicos associados ao uso do álcool.
C. Valorizar todas as informações fornecidas pelo usuário e não fazer julgamentos de valor.
D. Traçar junto ao usuário um projeto terapêutico.
E. Discutir o caso com a equipe a fim de levantar a necessidade de possíveis interconsultas. possíveis problemas clínicos associados ao uso do álcool.
Questão 2: Assinale as alternativas corretas sobre o plano terapêutico que deverá ser pactuado entre o enfermeiro e M.L.C.C.
A. Entrar em contato imediatamente com o hospital psiquiátrico para providenciar uma internação, mesmo que M.L.C.C. não esteja disposto a se internar.
B. Orientar a parar imediatamente com a bebida, iniciando assim o período de abstinência.
C. Mapear as redes de suporte social que podem auxiliar no processo de reabilitação psicossocial.
D. Entrar em contato com o CAPS ad de referência, a fim de construir um plano terapêutico compartilhado entre as unidades.
Questão 3: a partirda anamnese, exames físico e mental realizados pelo enfermeiro, é possível traçar o (s) seguinte(s) diagnóstico(s) de enfermagem:
A. Padrão de sono perturbado relacionado à irritabilidade e ansiedade
B. Risco para violência relacionado ao comportamento impulsivo
C. Padrão de sexualidade ineficaz relacionado ao autoconceito e ao abuso de álcool
D. Isolamento social relacionado ao afastamento da família e amigos
E. Risco para autolesão relacionado à desorientação
F. Enfrentamento familiar ineficaz relacionado ao rompimento conjugal e afastamento de filhos
Questão 4: M.L.C.C. “admite ainda que muitas vezes para não sentir tremores, a primeira coisa que faz pela manhã é tomar um gole de cerveja ou cachaça. Tentou parar de beber algumas vezes sem sucesso”. Esta estratégia utilizada por M.L.C.C. constitui-se em redução de danos. Quanto à redução de danos é correto afirmar que:
A. Não dirigir após beber e não pegar carona com quem bebeu.
B. Orientar a frequentar bares e lugares que ofereçam água às pessoas que bebem álcool, pois ela hidrata e atenua os efeitos do álcool.
C. Aconselhar a parar de consumir as bebidas em pequenos goles pela manhã, para conduzi-lo a uma abstinência total de imediato.
D. Enfatizar a importância de alimentar-se antes e durante o consumo de álcool.
Questão 5: Quanto às ações de educação em saúde que podem ser realizadas pelo enfermeiro, em relação ao consumo abusivo de álcool no contexto da APS, é correto afirmar que:
A. Na consulta de enfermagem, a educação em saúde deve abordar aspectos de autocuidado, comprometimentos orgânicos e estratégias de redução de danos.
B. As ações precisam permear tanto a consulta de enfermagem, como também demais estratégias do tipo palestras.
C. O enfermeiro contratualiza com o usuário “o seu papel de paciente” no processo de reabilitação, e prescreve os cuidados de enfermagem de acordo com os protocolos estabelecidos na UBS.
D. O enfermeiro pode atuar na formação de Agentes Redutores de Danos e Riscos (ARDR).

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