Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Coleta de Dados Conceito de Saúde: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde não é a mera ausência de doenças ou invalidez, é um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Lei 8080/90 – a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social Saúde é um resultado de uma produção social Depende da forma que se organiza e vive uma sociedade, incluindo a influência da globalização. (PELEGRINI, 2007) Quando são considerados os conceitos por negação, tende-se a organizar a prática médica e o sistema de saúde com objetivos restritos ao tratamento das doenças, visto que a saúde seria a ausência destas. Quando esta é definida como um estado de bem- estar, são introduzidos objetivos que vão além do combate às doenças e isso claramente amplia a atuação médica, estabelecendo novos compromissos para qualquer sistema de saúde. (Porto, 2019) Determinantes e Condicionantes Sociais da Saúde Os determinantes sociais da saúde estão relacionados às condições em que uma pessoa vive e trabalha. Também podem ser considerados os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e fatores de risco à população. Alimentação; Moradia; Saneamento básico; Meio ambiente; Trabalho; Renda; Educação; Atividade Física; Transporte; Lazer; Acesso aos bens e serviços essenciais, dentre outros; Avaliação do Paciente O exame físico vem após ao histórico de enfermagem (coleta de dados/anamnese) e os dois representam uma das partes mais importantes da avaliação do paciente. Sintoma: é uma sensação individual anormal sentida pelo paciente, que não é visualizada pelo examinador através da inspeção, palpação, percussão e ausculta; Dor; Má digestão; Tontura; Náuseas; Dormência. Ao analisar um sintoma, deve-se observar: Início (tempo e modo); Duração; Características do sintoma em seu início (localização, intensidade e queixa); Evolução; Queixas relacionadas; Sintoma no atual momento; Dor: localização, duração, intensidade (1 a 10), evolução de agravantes e atenuantes e fenômenos associados. Sinal: é um dado objetivo que pode ser notado pelo paciente e observado pelo examinador através do método clínico ou de exames complementares. Tosse; Edema; Cianose; Hematúria; Êmese; Condensação pulmonar no RX de tórax. Síndrome: (do grego “syndromé” – “andar juntos”, “reunião”) é um conjunto de sintomas e/ou sinais que ocorrem associadamente e que podem ser determinados por diferentes causas e que definem uma doença. Síndrome febril – hipertermia, taquicardia, taquisfigmia, sudorese, tremores, mialgias, artralgias; Síndrome diarreica; Síndrome dolorosa. Achado: informação isolada. Hipótese: explicação provisória para um achado ou conjunto de achados. Diagnóstico: (do grego “diagnosis” - ato de discernir) é o ato de reconhecer uma enfermidade (entidade nosológica) através de suas manifestações clínicas: identificação de uma eventual doença. Prognóstico: ato de prever a evolução da doença e suas prováveis consequências. Juízo antecipado, baseado no diagnóstico médico e nas possibilidade terapêuticas. É a predição médica de como a/o doença/paciente irá evoluir, se há cura e chances de cura. Diagnóstico de Enfermagem Durante a evolução da enfermagem houve a necessidade da criação de uma linguagem específica para descrever um passo necessário para o desenvolvimento de um plano de cuidados de enfermagem, assim surge o diagnóstico de enfermagem. O diagnóstico de enfermagem proporciona bases para a seleção das intervenções e cuidados de enfermagem, visando alcançar os resultados pelos quais o enfermeiro é responsável. Fases do Processo de Enfermagem – SAE O processo de enfermagem é uma das partes componentes da Sistematização da Assistência de Enfermagem. 1- Histórico de enfermagem; 2- Diagnóstico de enfermagem; 3- Planejamento de enfermagem → Prescrição de enfermagem; 4- Implementação; 5- Avaliação. Histórico de Enfermagem (Coleta de Dados) É um processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e técnicas, que tem por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo saúde doença. (Resolução Cofen 358/2009) É a avaliação clínica em que o enfermeiro levanta dados pertinentes ao estado físico, cognitivo e comportamental do paciente, permitindo a identificação de problemas de enfermagem. (Resolução Cofen 358/2009) É um momento em que se estabelece a qualidade da relação enfermeiro x paciente, que irá permear toda a assistência de enfermagem prestada. (Resolução Cofen 358/2009) O técnico e o auxiliar de enfermagem pode participar do processo, não é um ato privativo do enfermeiro. Coleta de dados completa: se levanta o histórico de saúde completo seguido do exame físico, estado se saúde atual e pregresso, principalmente se for no cuidado primário, auxílio na busca por diagnóstico de enfermagem. No ambiente hospitalar a abordagem do enfermeiro se dá após avaliação médica, neste caso, as informações são adicionais. Coleta de dados focada ou centrada no problema: problema específico e de curto prazo, relacionado a algum sistema do corpo. Ex.: fadiga no pós- operatório. Coleta de dados de acompanhamento: feita em intervalos regulares e de forma constantes (geralmente em pessoas com doenças crônicas); Coleta de dados de emergência: coleta rápida de dados essenciais para tomada de decisões. Ex.: overdose/BLS. É de suma importância que entender que a comunicação vai além das palavras e que o paciente pode se comunicar de maneira não verbal, é necessário ouvir com os olhos. Observar: Aparência física; Postura; Gestos; Expressões faciais; Contato visual; Atitudes – condizem com as falas? Toque; Choro. Anamnese = ANA: trazer de novo e MNESIS: memória Entrevista: pode ser livre e dirigida, estruturada ou semiestruturada. Baseada em um boa conversa a abordagem pode ser com perguntas: Abertas: Como está passando? O que lhe trouxe aqui? Em que posso lhe ajudar? Por quais problemas você tem passado? Fechadas: A perna dói quando o Sr. anda ou quando o Sr. está parado? Você chega a ficar com falta de ar? Você é o único membro da família com problemas pulmonares? Focadas: Trata-se de uma coleta de dados de menor abrangência, relativo a um problema ou sistema do corpo. A entrevista é um processo de interação social: Deve haver demonstração de interesse pelos problemas do paciente; Depende da realização de cada serviço; Disposição de oferecer ajuda (empatia e compaixão); Passar confiança no método terapêutico; Utilize uma comunicação clara e de fácil entendimento. A entrevista não deve ser um ato mecânico. A história clínica não é um simples registro de dados coletados, é resultado de uma conversação, com objetivo explicito e cujo conteúdo foi elaborado de forma reflexiva e crítica; O paciente não é obrigado a saber como deve relatar suas queixas e sim o profissional deve saber como obtê-las. (PORTO, 2014) Cuidado para não tendenciar as perguntas!! Orientações: Preparação para o histórico de enfermagem: leitura do prontuário sem que haja interferências na coleta de dados, não explicitando dados sigilosos ou em investigação; Solicitar a colaboração do paciente; Atentar quanto ao ambiente: iluminação e temperatura adequada, redução de ruídos e organização do local – um ambiente desagradável pode interferir na entevista; Respeitar a privacidade do paciente– manter distância adequada, estar em um local com menor fluxo possível de pessoas; Explicar os procedimentos a serem realizados; Evitar interrupções e/ou interferências; Ter o material e instrumental necessário em mãos – não interromper a conversação para buscá-los; O paciente deve estar confortável; Evitar comentários, expressões e julgamentos diante dos problemas encontrados; Usar linguagem compatível com o nível cultural do paciente; Permitir expressão do paciente; Olhar nos olhos e escutar o que é dito; Reconhecer e aceitar sentimentos, cultura, hábitos e costumes, sem críticas, entender o mundo do outro; Estar disponível e promover um momento propício e agradável; Importar-se com as queixas e transmitir confiança com o fito de conquistar uma relação; Estar apresentável: boa higiene e aparência pessoal; Utilizar um intérprete quando não houver domínio da língua estrangeira ou necessidades especiais; Tenha ética: tudo que o paciente relatar é sigiloso e só deve ser compartilhado com outros profissionais que estejam envolvidos em seu plano de cuidados. Dados pessoais: Idade; Sexo; Cor; Estado civil; Grau de instrução (escolaridade); Profissão e ocupação; Procedência e naturalidade; Queixa principal: Motivo da procura por atendimento. Interrogatório sintomatológico: Revisão dos sistemas do corpo, sinais e sintomas. Estado de saúde atual e história da doença Antecedentes pessoais Imunização; Alergias; Cirurgias; Medicamentos; Internações; Acidentes; Doenças da infância. Antecedentes familiares Cardiopatia; Diabetes; Câncer; AVC; Hipertensão. Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais do paciente Autoestima; Sono; Nutrição; Eliminações; Relacionamento; Religião; Bebidas alcoólicas; Tabagismo; Atividade física; Estresse; Uso de drogas. Ameaça de violência Durante a avaliação o indivíduo pode agir de forma violenta ou ameaçadora, deve-se atentar quanto: Punhos cerrados; Inquietude; Olhar vago; Respostas confusas; História de uso recentes de drogas; Voz e entonação; Luto intenso; Afirmações sem sentido; Declarações fora da realidade. Em situações de comportamento suspeito ou ameaçador: Manter portas abertas; Solicitar a presença de uma terceira pessoa; Manter tom de voz baixo. Registros da Coleta de Dados Os registros podem ser realizados durante a entrevista ou após, é ideal que as anotações sejam reduzidas e a atenção fique focada na pessoa, o registro deve ser secundário ao diálogo, o que se aprende com a experiência. Desvantagens do registro durante a entrevista: Quebra do contato visual; Dificuldade de observação da comunicação não verbal; Desvio da atenção do paciente; Perguntas repetitivas para realizar os registros como relatados; Sentimento constrangedor diante de perguntas relativas a questões sensível; Prontuário eletrônico: mal necessário. Ao realizar o registro de dados: Utilize formulários próprios da instituição; Faça registros com clareza, precisão e coesão; Atentar com a grafia e gramática; Faça descrição da doença com evolução cronológica; Não faça abreviações não normatizadas, apenas as provadas pela instituição; Sempre registrar as datas e o horário; Registre manualmente ou de maneira digital; Faça uma evolução clínica ou tipo check list. Não rasure; Não use corretivo; Não apague; Utilize a técnica correta para corrigir erros. (palavra errada, “digo”, palavra certa ou “em tempo” ao final da frase) Registe a caneta, de maneira legível; Não deixe espaços em branco; Não realize comentários críticos; Corrija erros de imediato. Exemplo de Histórico de Enfermagem/Evolução J.B.L, masculino, 42 anos, natura de Belém do Pará, procedente do Bairro de Sacramenta, possui ensino fundamental incompleto, desempregado (trabalhava como ajudante de pedreiro), morava com a tia em casa de madeira, com 3 cômodos e boas condições de saneamento. Casado, pai de três filhos pequenos, esposa não trabalha, possui religião católica. Se alimenta de comidas gordurosas e tem alimentação irregular, é ex-tabagista (usava meia carteira de cigarros por dia), etilista (faz uso de álcool quase que diariamente), fez uso de pasta de cocaína por muitos anos. Nega hipertensão arterial e diabetes. Nunca fez uso de medicações e nega alergia medicamentosa, não tem histórico de CA, HAS e DM na família. Relata ganho de peso nos últimos meses. Não soube informar a renda familiar. Possui prótese dentária há cinco anos. Alega que seu hábito intestinal é regular, evacua fezes pastosas uma vez ao dia, não faz prática de atividade física. Deu entrada no hospital no dia 23/04/2015, em cadeira de rodas, apresentando febre há um mês, diarreia, perda de peso, fraqueza e tosse. Paciente relatou que em fevereiro de 2015 iniciou quadro clínico de diarreia, astenia e “amarelão”, SIC, indo buscar ajuda com parente (tia) e logo após procurou um médico, no qual realizou tratamento com Secnidazol e Fluconazol, obtendo melhora. Pouco tempo depois sentiu febre, fraqueza, “amarelidão” e procurou o posto de saúde. Foi encaminhado para o HPSM dia 14, onde realizou exames e ficou internado por 3 semanas. Foi diagnosticado com tuberculose pulmonar e supostamente com HIV. Durante o período de estudo, o paciente referiu sentir dor e cãibra no MIE e afirma ter perdido peso em torno de 10 kg. Termos Técnicos e Abreviaturas Anamnese: entrevista realizada pelo profissional de saúde, coleta de dados; AVC: Acidente Vascular Cerebral; Astenia: diminuição da força muscular; Cianose: coloração azulada ou arroxeada nas extremidades, unhas ou lábios devido a diminuição da oxigenação; Cardiopatia: CA: câncer; DM: diabetes; Edema: inchaço, acúmulo de líquido; Êmese: vômito; Etilista: uso de bebida alcoólica; HAS: Hipertensão Arterial Sistólica; Hematúria: presença se sangue na urina; M IE: Membro Inferior Esquerdo; Náuseas: enjoo; SIC: Segundo Informações Colhidas; Vertigem: tontura; Tabagismo: uso de cigarro/tabaco.
Compartilhar