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Análise de Investimentos Prof. Marcelo Cerqueira 2 SUMÁRIO BLOCO 1. ESTRUTURA DE CAPITAL ................................................................................... 3 BLOCO 2. ALAVANCAGEM .............................................................................................. 11 BLOCO 3. ORÇAMENTO DE CAPITAL .............................................................................. 22 BLOCO 4. AVALIAÇÃO E VALOR DE EMPRESA ................................................................ 36 BLOCO 5. INDICADORES DE VALOR ECONÔMICO .......................................................... 46 BLOCO 6. GOVERNANÇA CORPORATIVA ........................................................................ 56 3 BLOCO 1. ESTRUTURA DE CAPITAL Apresentação Caro aluno, o convidamos a partir deste momento a compreender o conceito e processo de formação da estrutura de capital das empresas. Apresentaremos também componentes da estrutura de capital presente nas organizações. Na sequência, você conhecerá os componentes capital próprio e capital de terceiros. Por fim, serão apresentados os conceitos e critérios de decisão sobre o custo de capital na formação da estrutura de capital. Ao final deste bloco, desejamos que você tenha compreensão sobre o conceito, os diferentes componentes e os critérios de decisão que envolvem a formação da estrutura de capital das organizações. E aí, vamos lá? 1.1. Estrutura de Capital Um dos assuntos mais discutidos no ambiente de finanças é a formação e tomada de decisão quanto à estrutura de capital de uma empresa. Uma estrutura de capital constituída de forma adequada assume importância devido a situações naturais de volatilidade e incertezas das quais todos os agentes econômicos estão expostos diariamente. Inicialmente, podemos considerar que a estrutura de capital é a forma como uma empresa financia as suas operações usando diferentes fontes de recursos. Podemos considerar também como estrutura de capital de uma empresa a “composição de suas fontes de financiamento a longo prazo, oriundas de capitais de terceiros (exigível) e de capitais próprios (patrimônio líquido)” (ASSAF, 2006, p. 407). Sendo assim, antes de optar por uma das fontes de recursos e em qual quantidade, é necessária a análise de viabilidade e projeções, mas também devemos tentar responder aos seguintes questionamentos: A empresa precisa realmente de novos recursos? Esses recursos serão investidos onde? Qual a melhor fonte para este investimento? Qual é o retorno esperado para a empresa a partir do uso desses recursos? (MACHADO, 2016). O estudo sobre a formação e funcionamento da estrutura de capital das empresas é importante, pois a mesma influencia no custo de capital e no seu valor. A tomada de decisão equivocada frente a essa variável pode gerar um alto custo de capital da 4 empresa, ocasionando uma queda no Valor Presente Líquido (VPL) de investimentos, inviabilizando projetos de investimentos e reduzindo o valor da empresa. Já, oportunamente, sendo tomadas boas decisões sobre a estrutura de capital poderemos incorrer na redução do custo de capital, resultando em VPLs maiores, aumentando o valor da empresa aos acionistas. 1.2. Formação da estrutura de Capital Sabe-se que o lado do passivo é o lado das origens e o do ativo é o lado das aplicações. Veremos que todos os itens do passivo, exceto o passivo circulante, são fontes de capital. A visualização da estrutura de capital fica mais clara quando se observa o balanço patrimonial da empresa em questão. Uma vez que a estrutura de capital trata da composição dos capitais, significa que estamos falando do lado dos passivos. O passivo circulante fica de fora dessa análise, pois na estrutura de capital entram apenas as dívidas de longo prazo. O passivo não circulante, antigo passivo exigível a longo prazo, representa o capital de terceiros. Por fim, o patrimônio líquido representa o capital próprio. (PRATES, 2016) Balanço Patrimonial Ativo Circulante Passivo Circulante Operações de curto prazo Exigível de longo prazo Capital de dívida Empréstimos com terceiros Estrutura de Capital total Patrimônio Líquido Ações preferenciais Capital ordinário Ações ordinárias Lucros retidos Patrimônio Líquido Capital próprio Estrutura de capital no balanço patrimonial – adaptado de GITMAN (2007). A constituição de uma dívida é considerada [...] uma fonte externa de recursos que pode alimentar o caixa da empresa. Além disso, as dívidas de curto prazo estão atreladas ao capital de giro da companhia também devem fazer parte da estrutura de capital da empresa (REIS, 2017). 5 As empresas que se financiam fortemente por meio de endividamento possuem uma estrutura muito mais agressiva, o que naturalmente aumenta o risco dos investidores naquele negócio. No entanto, essa maior preferência por risco também estará associada a um maior crescimento futuro caso os investimentos da companhia prosperem (MACHADO, 2016). As vantagens pela iniciativa de investimentos a partir do uso de operações de financiamento dependem de algumas variáveis (REIS, 2017): Lucratividade esperada: quanto maior forem os resultados obtidos sobre os índices de lucratividade da empresa, mais certeza a mesma terá quanto à tomada de decisão de investimento através de capital de terceiros. Tamanho da companhia: companhias de grande porte normalmente possuem acessos a linhas de créditos mais baratas. Volatilidade: empresas com baixa volatilidade nos seus resultados terão sempre uma maior segurança em tomar dívidas do que aquelas que não possuem essa característica. Um conceito introduzido pelo teórico Gitman (1997), denominado de estrutura ótima de capital considera a permanência do equilíbrio entre o risco implícito nas operações financeiras e o retorno proporcionado. Essa teoria solicita que o custo total de capital da empresa deve ser reduzido apenas até certo nível de endividamento. Após esse ponto, a presença mais marcante do risco financeiro motivado pelo maior endividamento, faz com que o custo total passe a crescer. Essa corrente de pensamento financeiro é oposta à de Modigliani e Miller, outros importantes teóricos do ambiente de finanças os quais, segundo Assaf (2006, p. 412), baseiam-se no fato de que o valor de um investimento é dependente de sua rentabilidade esperada e do nível de risco assumido, e não da forma como ele é financiado (MACHADO, 2016). A constituição de dívidas pelas organizações é considerada o meio mais utilizado pelas empresas como uma forma de financiar o seu processo de expansão. Tal escolha é plenamente justificada pela existência de vantagens fiscais de abatimento no imposto 6 de renda no momento em que se pagam os juros do endividamento. O endividamento também permite que as empresas distribuam mais dividendos aos acionistas, situação que normalmente não pode ser vista em empresas que se financiam apenas com fontes próprias de capital (MACHADO, 2016). Boa parte da literatura existente sobre análise de riscos define risco como uma possibilidade existente de perda de algo, ameaça ao sucesso e ressaltam a importância de identificá-lo e quantificá-lo. Mencionam ainda haver três componentes do risco que precisam ser sempre analisados no ambiente de finanças sendo: a possibilidade de algo ruim acontecer; a probabilidade de ocorrência deste acontecimento; e os respectivos impactos frente a esses acontecimentos (BIVA, 2017). Outro fator a ser considerado nas decisões de financiamento das empresas é o efeito provocado nas avaliações de crédito, denominadas de rating. Esse tipo de avaliação evidencia o melhor momento para as empresas tomarem recursos emprestados quando sua qualidade de crédito apresentaum histórico (behavior) regular ao longo do tempo, pois quando o cenário é contrário às instituições que podem conceder aprovação nas linhas de crédito serão exigidas maiores garantias e cobradas taxas de juros maiores. 1.3. Componentes da estrutura de capital A estrutura de capital é a maneira como a empresa combina dois tipos de capitais. O capital de terceiros representa as dívidas e fontes de financiamento da empresa, já o capital próprio é a parte do capital que pertence aos sócios ou acionistas. Ao considerar esses parâmetros, os administradores financeiros da empresa decidirão quais as melhores alternativas para formar a estrutura de capital adequada às atividades da organização. Vejamos mais detalhes sobre os componentes da estrutura de capital (MACHADO, 2016). 1.3.1. Capital próprio O capital próprio representa os recursos provenientes dos sócios, acionistas ou investidores da empresa, bem como de sua atividade econômica por meio dos lucros. 7 Quando uma empresa usa o capital próprio, ela está utilizando dinheiro relacionado ao patrimônio líquido (PL). Podemos considerar como pontos positivos na utilização de Capital Próprio que os recursos são mais baratos em relação ao capital de terceiros, há maior tranquilidade financeira devido à sua liquidez e se evitar a contribuição negativa na formação do retorno do acionista (BIVA, 2017). São considerados pontos negativos na utilização de Capital Próprio os dividendos não serem dedutíveis para o imposto de renda, o retorno ser considerado incerto, e se evitar a contribuição positiva na formação do retorno do acionista. 1.3.2. Capital de terceiros O capital de terceiros é vinculado ao passivo exigível (obrigações da organização junto a terceiros) e investimentos realizados através de recursos de agentes externos como debêntures, empréstimos e financiamentos de curto, médio ou longo prazo (GITMAN, 2007). Nessa modalidade, o fluxo de caixa é contratual, sendo representado pela obrigatoriedade do pagamento do principal e da quitação de encargos contratuais, não sendo uma função do desempenho operacional da companhia. Vale destacar que os gastos financeiros provenientes de capital de terceiros são dedutíveis do IR (Imposto de Renda), o que não ocorre no pagamento de dividendos (REIS, 2017). Os recursos de terceiros possibilitam a aceleração da expansão das atividades muitas vezes indo além do que os recursos próprios permitiriam e caso tudo ocorra conforme o previsto, os lucros obtidos poderão ser possivelmente maiores do que se conseguiria sem o auxílio desse recurso externo (BIVA, 2017). Cabe ressaltar que os encargos e juros cobrados em muitas instituições financeiras pelo capital disponibilizado são considerados elevados e, dessa forma, é necessário analisar alternativas mais plausíveis para contratação. Podemos considerar como pontos positivos na utilização de Capital Terceiros o custo ser mais barato que o capital próprio, a possibilidade de dedução das despesas financeiras para o imposto de renda, e a contribuição positiva na formação do retorno 8 do acionista, quando o retorno proporcionado for maior que o custo da dívida (REIS, 2017). São considerados pontos negativos na utilização de Capital de Terceiros a possibilidade de prejudicar o crescimento da empresa em casos de situações econômicas adversas, a exigibilidade líquida e com prazo definido, o que acarreta aumento do risco financeiro para a empresa, e a contribuição negativa na formação do retorno do acionista. Para finalizarmos essa etapa, ressaltamos duas estratégias que têm sido utilizadas por empresas brasileiras ao definirem sua estrutura de capital. São elas a permanência dentro da média de endividamento do seu setor na constituição de endividamento e em cenários de incerteza elevada, e a procura por manterem maiores participações de recursos próprios financiando suas atividades, tornando mais segura a saúde financeira da empresa (REIS, 2017). 1.4. Custo de capital A definição de “custo de capital” está normalmente associada ao retorno que um investimento deve proporcionar, sendo definido como a taxa de remuneração exigida pelos investidores, tendo em conta o risco do negócio. Também muitas vezes aprende- se com as decisões dos investidores sobre os ativos nos quais investir e a forma de financiá-los, tendo presente a maximização do valor da empresa (BIVA, 2017). Em geral, só serão concretizados os projetos de investimento que à partida garantam, no mínimo, rentabilidades iguais às que são proporcionadas pelo mercado para investimentos de risco semelhante. Essa taxa de mercado seria o custo de capital adequado (REIS, 2018). 1.5. Critérios de decisão Uma série de questões deve ser observada no momento de compor a estrutura de capital adequada para cada empresa. A primeira coisa a considerar sempre é o custo de capital da empresa. Isso corresponde ao retorno mínimo exigido por acionistas, sócios ou credores, que são os financiadores de recursos. Destacamos outras variáveis a serem analisadas: 9 A empresa deve conviver bem com a aceitação de diferentes níveis de risco. Deve haver bom relacionamento entre os sócios, com destaque para aqueles que investirem seu capital próprio na empresa. Facilidade, disposição e transparência no compartilhamento das informações estratégicas. Mapeamento de demanda elevada que possa ser traduzida em bons retornos para o negócio, facilitando o pagamento do capital utilizado. Identificação de composição da demanda, se pulverizada ou concentrada. Verificação de frequência de compra pelo público-alvo. Verificação de sazonalidade no segmento. Diagnóstico sobre custos periódicos de manutenção da estrutura da empresa. Mencionamos como conclusão que a realização de investimentos com capital próprio é indicada para quem deseja ter controle completo das operações do negócio, podendo decidir sobre o que fazer, quem contratar, como gastar os recursos etc. Nesse sentido, poderá incorrer a desvantagem de crescer mais lentamente, pois a expansão fica limitada ao que o capital ingressante permite, exceto se os lucros forem muito altos e haver muito giro de mercadorias (BIVA, 2017). Já o capital de terceiros, é recomendado quando a empresa deseja implantar uma estratégia e obter crescimento rápido, o que geralmente não pode ser sustentado pelo caixa atual. Nesse sentido, é preciso sempre refletir sobre a necessidade de constituir uma reserva financeira para o pagamento constante de parcelas e juros (BIVA, 2017). Conclusão do Bloco 1 Chegamos ao final do Bloco 1 em que foi possível compreender o conceito e processo de formação da Estrutura de Capital das empresas. Apresentamos também os componentes da estrutura de capital presente nas organizações. Para finalizarmos, apresentamos os componentes capital próprio e capital de terceiros presentes na estrutura de capital das empresas em conjunto com o conceito e critérios de decisão sobre o custo de capital na formação da estrutura de capital. É isso! Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Obrigado e até a próxima! 10 Referências do Bloco 1 ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. BERNSTEIN, Leopold A. WILD, John J. Analysis of financial statements. 5. ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2000. BIVA. Capital próprio ou de terceiros. Publicado em 2015. Disponível em <https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e- melhor-para-sua-empresa/> Acesso em: 20 jan. 2019. BRIGHAM, Eugene F; WESTON, J. Fred. Administração financeira de empresas. 4. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 2002. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 2007. IBGC. InstitutoBrasileiro de Governança Corporativa. Disponível em: <WWW.ibgc.br>. Acesso em: 1 fev. 2019. MACHADO, J. H. Estrutura de capital e alavancagem financeira. Portal da Classe Contábil. Disponível em <https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e- alavancagem-financeira/> Acesso em 17 de jan. de 2019. MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. ODÁLIO, José. Uma análise da correlação entre o eva® e o mva® no contexto das empresas brasileiras de capital aberto. Publicado em 2005. Disponível em: <http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE% 20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20 MVA%C2%AE.pdf > Acesso em: 20 jan. 2019. PRATES, W. R. O que é estrutura de capital de uma empresa. 2 set. 2016. Disponível em: <https://www.wrprates.com/o-que-e-estrutura-de-capital-de-uma-empresa/>. Acesso em: 18 jan. 2019. PRATES, Wlademir. O que é Alavancagem Financeira, Operacional e Total? https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-para-sua-empresa/ https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-para-sua-empresa/ https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e-alavancagem-financeira/ https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e-alavancagem-financeira/ http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf https://www.wrprates.com/o-que-e-estrutura-de-capital-de-uma-empresa/ 11 Publicado em: nov. 2018. Disponível em: <https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor- da-minha-empresa/> Acesso em: 20 jan. 2018. REIS, Tiago. Estrutura De Capital: O Conceito Vital Para O Desempenho De Um Negócio de abril de 2017. Disponível em <https://www.sunoresearch.com.br/artigos/estrutura-capital/>. Acesso em: 15 jan. 2019. SECAF, Jorge. Entenda os benefícios da governança corporativa para seu negócio. Publicado em 2017. Disponível em: <https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca- corporativa/> Acesso em: 20 jan. 2018. SILVA, José P. da. Análise Financeira das Empresas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. BLOCO 2. ALAVANCAGEM Apresentação Caro aluno, convido-o a partir deste momento a compreender o princípio da Alavancagem no âmbito financeiro. Apresentaremos ainda as diferentes formas de Alavancagem incluindo a operacional e a financeira. Na sequência, você conhecerá os procedimentos e formas de interpretação do Grau de Alavancagem Operacional (GAO) e Grau de Alavancagem Financeira (GAF). Por fim, será apresentada a metodologia de cálculo da Alavancagem Total e as diferenças entre Alavancagem Operacional e Financeira. Ao final deste bloco, desejamos que você tenha compreensão sobre a importância e interpretação da Alavancagem. E aí, vamos lá? 2.1. Alavancagem Você já ouviu falar em alavancagem no contexto de finanças? O conceito de alavancagem no âmbito das finanças, administração financeira, contabilidade, economia e afins, lembra a ideia de uma alavanca, na qual é possível aumentar expressivamente os ganhos mantendo a estrutura fixa (PRATES, 2016). https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor-da-minha-empresa/ https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor-da-minha-empresa/ https://www.sunoresearch.com.br/artigos/estrutura-capital/ https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca-corporativa/ https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca-corporativa/ 12 Alavancagem corresponde a uma estratégia que emprega capital de terceiros ou diversos instrumentos financeiros para elevar a possibilidade de retorno de um investimento ou negócio. A alavancagem também pode estar relacionada com uma dívida feita para o financiamento de ativos (SILVA, 2006). Ela ainda tem relação com a operação de recursos financeiros maiores do que o próprio patrimônio de uma organização. Quando um negócio está alavancando, na verdade está multiplicando sua capacidade de fazer alguma atividade que não conseguiria antes se utilizasse somente seu capital próprio (MACHADO, 2007). Obter recursos para uma alavancagem pode ser uma alternativa para uma empresa que está em ascensão, mas que não conta com capital de giro próprio necessário para fornecer sustentação a essa expansão. Nesse caso, conseguir recursos de terceiros por meio de financiamentos ou empréstimos empresariais pode ajudar o empreendimento a manter a expansão das atividades (PRATES, 2016). Verificando um dos dilemas da administração financeira (liquidez x rentabilidade), [...] analisa-se a relação entre condição financeira e retorno do acionista. Quando uma empresa decide trabalhar com alta liquidez, ela mantém um nível de endividamento baixo, evitando o risco financeiro através da manutenção de poucos recursos de terceiros em sua estrutura de capital. A empresa abre mão da rentabilidade que poderia ser proporcionada por esses recursos. Por outro lado, quanto maior o nível de endividamento, menor a liquidez e maior o risco financeiro (SILVA, 2006). Mas é na sábia utilização dessas fontes externas de recursos que se encontra o aumento da rentabilidade. Se a empresa, ao analisar os pontos fortes e fracos comentados no item anterior, aplica os recursos tomados em ativos que geram rendimentos maiores que o custo dessa captação, ocorre a formação do spread (MACHADO, 2007). É a parcela gerada na utilização de capital de terceiros que, ao somar-se com o retorno das atividades operacionais, forma o retorno final do acionista. Assim, a alavancagem financeira é definida por Silva (2006, p. 536) como o impacto do uso de capitais de terceiros na geração de valor. Porém, é importante ressaltar que, se os recursos de terceiros aplicados não gerarem um resultado superior ao seu custo, o acionista terá o seu retorno prejudicado. Ou seja, a alavancagem financeira pode funcionar de maneira 13 positiva ou negativa, maximizando ou minimizando o retorno do acionista (PRATES, 2016). Verificamos que [...] quanto maior for a alavancagem financeira, menor é a proporção de ativos financiados por capital próprio, sendo maior a participação de recursos de terceiros na estrutura de capital. [...] a alavancagem financeira muda conforme a modificação no percentual de dívida em relação ao ativo total. Assim, quanto maior a alavancagem financeira, maior o retorno do acionista e maior o risco financeiro (BERNSTEIN e WILD, 2000). Existe forte tendência para que as empresas de grande porte apresentem uma alavancagem financeira maior, por terem maior acesso ao mercado de crédito e de capitais do que pequenas e médias empresas. Porém, deve-se ressaltar que o efeito é inverso nas pequenas e médias empresas devido à restrição do mercado brasileiro de crédito e de capitais, já que diminui as fontes de financiamento disponíveis (MACHADO, 2007). Tal cenário vivenciado por essas organizações de menor porte evidencia o principal motivo pelo qual essas empresas têm dado preferência ao financiamento interno, através da retenção de lucros e diminuição da distribuição dos dividendos (MATARAZZO, 2003). 2.2. Alavancagem operacional Podemos considerar que a Alavancagem Operacional é obtida a partir do aumento do retorno gerado pelos ativos operacionais, mantendo o mesmo custo fixo. Em termos de Demonstração do Resultado do Exercício(DRE), a alavancagem operacional permite aumentar o Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (LAJIR ou EBIT) de forma proporcionalmente maior do que o aumento gerado na receita operacional (ASSAF, 2002). Cabe lembrar que o LAJIR é fruto da receita operacional menos os custos fixos e os custos variáveis. Dessa forma, na alavancagem operacional o gestor é capaz de gerar um aumento na receita apenas com um aumento no custo variável, mantendo o custo fixo como está (PRATES, 2016). 14 Portanto, há ocorrência de alavancagem operacional quando um gestor é capaz de aumentar a receita operacional sem que os custos fixos sofram alterações (MACHADO, 2007). Custos fixos: não sofrem alteração conforme aumento ou diminuição da produção. Exemplo: aluguéis, salários, limpeza, segurança. Custos variáveis: variam proporcionalmente de acordo com o nível de produção. Exemplo: comissões de vendas, insumos da produção, matérias-primas. Uma forma de estimar a alavancagem operacional em finanças corporativas é pelo Grau de Alavancagem Operacional (GAO). 2.3. Cálculo do Grau de Alavancagem Operacional (GAO) O Grau de Alavancagem Operacional (GAO) pode ser calculado de formas diferentes, dependendo da situação. Quando o objetivo é calcular o GAO como uma evolução em relação a períodos anteriores, pode ser utilizada a seguinte equação (PRATES, 2016): GAO = Δ% EBIT / Δ% Receitas Para exemplificar a equação do GAO (Grau de Alavancagem Operacional), digamos que em uma determinada empresa com uma variação percentual nas Receitas (Δ% Receitas) de 20% de um ano para o outro o gestor consiga um aumento de 40% no EBIT (Δ%EBIT) durante o mesmo período. Nesse exemplo, o GAO será igual a 2 (MACHADO, 2007). O Grau de Alavancagem Operacional pode também ser calculado dentro de um único período, de forma pontual, em que ele será uma métrica da distância das receitas de vendas e o ponto de equilíbrio também conhecido como break even (PRATES, 2016). GAO=[Q×(PVu−CVu)] / [Q×(PVu−CVu)–CF] 15 Considere: CVu é o Custo Variável Unitário; PVu é o Preço Variável Unitário; CF são os custos fixos; Q é a quantidade vendida; Para calcular o GAO (Grau de Alavancagem Operacional) dentro de um único período, tendo como referência uma determinada quantidade vendida. Extrapolando ainda mais a equação, podemos encontrar o GAO pela Receita Total (RT) e Custos Variáveis Totais (CVT): GAO = (RT – CVT) / (RT– CVT – CF) = GAO = (RT–CVT) /EBIT Para calcular o GAO, temos a fórmula: GAO = Variação Percentual no Lucro Operacional (Resultado) / Variação Percentual nas Vendas Mede a variação no lucro em razão de uma variação nas vendas. Desse modo, se o lucro aumentou 25% para um aumento de 10% nas vendas, dizemos que a alavancagem operacional é de 2,5 (MACHADO, 2007). 2.3.1. Tipos de Alavancagem Operacional Com base em Matarazzo (2003) apresentamos a seguir diferentes tipos de alavancagem operacional. Grau de alavancagem negativa: essa forma de alavancagem pode ser obtida quando um aumento na receita bruta provoca uma queda no resultado operacional. Isso pode ocorrer em situações como: a margem de contribuição é negativa ou o crescimento da receita bruta é acompanhado pelo aumento das despesas fixas. Grau de alavancagem modesta: essa forma de alavancagem pode ser obtida quando a empresa está em funcionamento com prejuízo e seus custos fixos 16 estão acima do dobro da margem de contribuição. Nesse caso, um aumento na receita bruta pode colaborar para diminuir o prejuízo, mas em uma percentagem menor. Grau de alavancagem em equilíbrio: essa forma de alavancagem pode ser obtida quando a empresa está em funcionamento com prejuízo e seus custos fixos são exatamente o dobro da margem de contribuição. Nesses casos, um aumento na receita bruta pode colaborar para diminuir o prejuízo, na mesma proporção. Grau de alavancagem operacional: é o que ocorre na maioria dos casos, ou seja, um aumento ou uma diminuição da receita bruta gera um aumento ou uma diminuição do resultado operacional num percentual sempre maior. (MATARAZZO, 2003) 2.4. Alavancagem financeira Assaf (2006) aponta a alavancagem financeira como um auxílio à geração de valor econômico. Nesse caso, a utilização do capital de terceiros funciona como uma estratégia financeira. Segundo autor, a criação de valor para o acionista acontece quando as receitas operacionais superam não apenas custos e despesas, mas também o custo de oportunidade do capital próprio (MACHADO, 2007). Assim, mesmo incorrendo em despesas financeiras que podem diminuir o lucro contábil, a utilização de recursos externos é um ponto estratégico na gestão baseada no valor, onde a valorização econômica da riqueza é o ponto central (PRATES, 2016). Alavancagem financeira é o resultado do uso de encargos financeiros fixos que são usados para aumentar os efeitos de variações no EBIT (LAJIR) sobre o Lucro Líquido (LL). Existem casos na literatura de finanças em que se utiliza a representação LPA (lucro por ação), que será uma divisão do lucro líquido pela quantidade de ações da companhia (MATARAZZO, 2003). Os dois tipos de encargos financeiros apresentados anteriormente são referidos como fixos na estrutura da DRE: juros de dívidas e os dividendos de ações preferenciais (MACHADO, 2007). São entendidos como fixos porque devem ser pagos, independentemente do montante de EBIT disponível para saldá-los. Logo, quanto maior o EBIT em relação a esses custos fixos, maior será a alavancagem financeira (PRATES, 2016). 17 A Alavancagem Financeira refere-se ao montante da dívida na estrutura de capital da empresa para que sejam comprados mais ativos. Ou seja, é o nível de endividamento utilizado para a maximização do retorno do capital investido (MATARAZZO, 2003). A alavancagem pode ser empregada para evitar que as operações sejam financiadas com o patrimônio da empresa. Quando se menciona que uma determinada empresa tem muita alavancagem financeira, significa dizer que ela recorre a muito endividamento externo para financiar os ativos (MACHADO, 2007). Normalmente, existe uma limitação natural sobre a quantidade de alavancagem financeira, uma vez que credores são menos propensos a encaminhar fundos adicionais para um mutuário que já está com uma grande quantidade de dívida (PRATES, 2016). 2.5. Cálculo do Grau de Alavancagem Financeira (GAF) Uma forma de mensurar a alavancagem financeira é pelo Grau de Alavancagem Financeira (GAF), o qual pode ser calculado como uma variação de um período para o outro do lucro líquido em relação ao EBIT (PRATES, 2016). O Grau de Alavancagem Financeira, ou simplesmente GAF, evidencia quais os efeitos das variações ocorridas no Lucro Antes dos Juros e do Imposto de Renda que refletem no Lucro Líquido (MACHADO, 2007). Observe as relações estabelecidas: - Quanto maior for o GAF da organização, maior será o endividamento e o risco financeiro. - Quando a alavancagem financeira de uma empresa for maior com relação ao seu endividamento, maior será o seu índice de alavancagem. Sendo assim, para que uma empresa obtenha maiores ganhos, ela terá que correr maiores riscos (ASSAF, 2002). Deve-se considerar que somente haverá alavancagem financeira se, dentro da estrutura de capital de uma empresa, existir a presença de capital de terceiros que exigem uma remuneração que pode ser chamada de juros (PRATES, 2016). Para 18 encontrar o GAF, é preciso analisar a Demonstração do Resultado de Exercício e encontrar as seguintes informações: LAJIR = Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda LAIR = Lucro Antes do Imposto de Renda LAIR = LAJIR – JUROS Para exemplificarmos, vamos supor uma empresa cujo LAJIR seja R$ 40.000,00 e que possua despesas financeiras (juros)no valor de R$ 20.000,00. Calculando o LAIR, temos que: LAIR = LAJIR – JUROS LAIR = 40.000,00 – 20.000,00 LAIR = 20.000,00 Para encontrarmos o Grau de Alavancagem Financeira, dividimos o LAJIR pelo LAIR: GAF = LAJIR ÷ LAIR GAF = 40.000,00 ÷ 20.000,00 GAF = 2,0 Esse grau de alavancagem financeira somente existe devido à presença da remuneração do capital de terceiros na estrutura de capital da empresa, ou seja, um capital que dá origem ao pagamento de juros (MACHADO, 2007). Como você pode ver, o GAF é expresso em índice. Sendo que: GAF = 1: alavancagem financeira é nula. GAF > 1: alavancagem financeira favorável; o capital de terceiros está contribuindo para gerar retorno adicional a favor do acionista. GAF < 1: alavancagem financeira desfavorável; o capital de terceiros está consumindo o patrimônio líquido. Entendemos que a existência do capital de terceiros (também chamado de passivo oneroso na estrutura de capital da empresa) resulta na alavancagem 19 financeira, certo? Todavia, especialmente você, como controller, deve lembrar que ela só será favorável caso a organização tenha um retorno de suas atividades operacionais, mensurado pelo Retorno sobre o Investimento (ROI) maior do que o custo de contratação do capital de terceiros (PRATES, 2016). 2.6. Alavancagem total A alavancagem total resulta do efeito combinado do uso de custos fixos, tanto operacionais quanto financeiros, para ampliar o efeito de variações de vendas sobre o lucro por ação da empresa (ASSAF, 2002). Pode ser encarada, portanto, como medida do impacto total dos custos fixos na estrutura operacional e financeira da empresa (MACHADO, 2007). O valor numérico da alavancagem total de uma empresa é encontrado pelo GAT (Grau de Alavancagem Total). GAT = Δ% LPA / Δ% Vendas Sempre que o Grau de Alavancagem Total (GAT) for maior que 1, haverá alavancagem total. Como a Alavancagem Total acumula os efeitos da Alavancagem Operacional e da Alavancagem Financeira, também podemos entender o GAT pela seguinte expressão: GAT = GAO × GAF Considerando que uma empresa tenha gerado Grau de Alavancagem Operacional de 1,2 e Grau de Alavancagem Financeira de 1,5, teremos Grau de Alavancagem Total = 1,8. 20 2.6.1. Diferenças entre Alavancagem Operacional e Financeira A utilização de custo fixo nas operações da empresa é conhecida como Alavancagem Operacional. A utilização de encargos financeiros fixos que cobrem fundos na estrutura de capital de uma empresa é conhecida como Alavancagem Financeira (PRATES, 2016). A Alavancagem Operacional gera risco comercial, avalia o impacto dos custos operacionais fixos, surgindo a partir da estrutura de custos da empresa que influencia as vendas e o EBIT (LAJIR) (MACHADO, 2007). Alavancagem Financeira é a razão do risco financeiro, avalia o efeito das despesas com juros e a estrutura de capital da empresa responsável pela Alavancagem Financeira que poderá afetar o LAJIR e o LAR (Lucro por Ação) (ASSAF, 2002). Para finalizarmos, observamos nas relações estabelecidas entre risco e retorno que a lógica da alavancagem se estabelece da seguinte forma: Maior alavancagem ⇒ maior risco e maior retorno esperado. Menor alavancagem ⇒ menor risco e menor retorno esperado. A alavancagem pode gerar tanto efeitos positivos quanto negativos. Conclusão do Bloco 2 Chegamos ao final do Bloco 2 em que foi possível apresentarmos o princípio da Alavancagem no âmbito financeiro. Apresentamos ainda as diferentes formas de Alavancagem incluindo a operacional e a financeira. Na sequência, você conheceu os procedimentos e formas de interpretação do Grau de Alavancagem Operacional (GAO) e Grau de Alavancagem Financeira (GAF). É isso! Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Referências do bloco 2 ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. BERNSTEIN, Leopold A. WILD, John J. Analysis of financial statements. 5. ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2000. 21 BIVA. Capital próprio ou de terceiros. Disponível em: <https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e- melhor-para-sua-empresa/> Acesso em: 20 de jan. de 2019. BRIGHAM, Eugene F; WESTON, J. Fred. Administração financeira de empresas. 4. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1979. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997. MACHADO, J. H. Estrutura de capital e alavancagem financeira. Portal da Classe Contábil. Disponível em <https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e- alavancagem-financeira/> Acesso em 17 de jan. de 2019. MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. ODÁLIO, José. Uma análise da correlação entre o eva® e o mva® no contexto das empresas brasileiras de capital aberto. Publicado em 2005. Disponível em <http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE% 20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20 MVA%C2%AE.pdf > Acesso em 20 de jan. de 2019. PRATES, W. R. O que é estrutura de capital de uma empresa. Publicado 2 set. 2016. Disponível em: <https://www.wrprates.com/o-que-e-estrutura-de-capital-de-uma- empresa/>. Acesso em: 18 jan. 2019. PRATES, Wlademir. O que é Alavancagem Financeira, Operacional e Total? https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-para-sua-empresa/ https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-para-sua-empresa/ https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e-alavancagem-financeira/ https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e-alavancagem-financeira/ http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf https://www.wrprates.com/o-que-e-estrutura-de-capital-de-uma-empresa/ https://www.wrprates.com/o-que-e-estrutura-de-capital-de-uma-empresa/ 22 Publicado em: nov. 2016. Disponível em: <https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor- da-minha-empresa/> Acesso em: 20 jan. 2018. REIS, Tiago. Estrutura de Capital: o conceito vital para o desempenho de um negócio de abril de 2018. Disponível em: <https://www.sunoresearch.com.br/artigos/estrutura-capital/> Acesso em: 15 jan. 2019. SECAF, Jorge. Entenda os benefícios da governança corporativa para seu negócio. Publicado em: 2018. Disponível em: <https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca- corporativa/> Acesso em: 20 jan. 2018. SILVA, José P. da. Análise Financeira das Empresas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. BLOCO 3. ORÇAMENTO DE CAPITAL Apresentação Caro aluno, convido-o a partir desse momento a compreender a importância e as principais ferramentas presentes no Orçamento de Capital. Apresentaremos o processo e a metodologia de cálculo da ferramenta Payback Simples. Na sequência, descreveremos o funcionamento e exemplificaremos a metodologia de análise de investimentos conhecida como Payback Descontado. Por fim, serão apresentadas as ferramentas de análise de investimentos: Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). Ao final deste, desejamos que você tenha compreensão sobre esses assuntos. E aí, vamos lá? 3.1. Orçamento de Capital Considerando Coutinho (2008), [...] o Orçamento de Capital éum processo que envolve a seleção de projetos de investimento e a quantificação dos recursos a serem empregados e tem como objetivo responder a algumas questões tais como: https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor-da-minha-empresa/ https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor-da-minha-empresa/ https://www.sunoresearch.com.br/artigos/estrutura-capital/ https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca-corporativa/ https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca-corporativa/ 23 O projeto vai se pagar? O projeto vai aumentar a riqueza dos acionistas ou vai diminuí-la? Essa é a melhor alternativa de investimentos? (Coutinho, 2008) Os instrumentos utilizados na elaboração do orçamento de capital necessitam de uma estimativa de fluxos de caixa livres que serão obtidos com o projeto de análise (MOITA, 2018). As previsões de investimentos em ativos, de vendas, também de preços, de custos e despesas devem ser elaboradas da forma mais realista e acurada possível (COUTINHO, 2008). De qualquer modo, a incerteza em orçamentos de capital é elevada, pois envolve cenários econômicos e políticos de longo prazo (MOITA, 2018). Estudaremos a partir de agora os métodos mais comuns de avaliação de projetos de investimento. São eles: Payback Simples. Payback Descontado. Valor Presente Líquido (VPL). Taxa Interna de Retorno (TIR). 3.2. Payback Simples Essa ferramenta avalia o período de tempo necessário para que as entradas de caixa do projeto se igualem ao valor a ser investido, ou seja, o tempo de recuperação do investimento realizado (MOITA, 2018). Se levarmos em consideração que quanto maior o horizonte temporal, maiores são as incertezas, é natural que as empresas procurem diminuir seus riscos optando por projetos que tenham um retorno do capital dentro de um período de tempo razoável (COUTINHO, 2008). O Payback, também conhecido como período de recuperação, é o tempo exigido para a empresa recuperar seu investimento inicial em um projeto (MOITA, 2018). Ao medir com que rapidez a empresa recupera seu investimento inicial, o Payback também considera o tempo dos fluxos de caixa e, portanto, o valor do dinheiro no tempo (GITMAN, 2007). Quanto mais amplo for o horizonte de tempo considerado, maior será o grau de incerteza nas previsões. Desse modo, propostas de investimento com menor prazo de retorno – mantidas as outras variáveis constantes ‒, podem apresentar maior liquidez 24 e, consequentemente, menor risco (COUTINHO, 2008). O período máximo aceitável de Payback é determinado pela alta administração da empresa. Inicialmente, propostas que ultrapassem esse limite de tempo são rejeitadas (BRIGHAM, 2002). Agora, vamos calcular o Payback Simples com resultado de um número inteiro. Inicialmente, por se tratar de uma série igual de fluxo de caixa, basta dividir o investimento inicial pelos fluxos anuais regulares (MOITA, 2018). Exemplo: Investimento Inicial de R$ 25.000,00 e fluxos anuais regulares de R$ 5.000,00. Assim, a demonstração do cálculo é: Payback Simples = 25.000 / 5.000 = 5 anos Podemos dizer então que o tempo de retorno desse projeto, sem considerarmos o custo do dinheiro, é de 5 anos. Ou seja, o Payback Simples é 5 anos. Quando houver necessidade de calcular o Payback em períodos fracionados, devemos percorrer as seguintes etapas: 1° Passo: identificar o custo inicial ou valor atualizado do investimento para t0. 2° Passo: somar os fluxos de caixa atualizados ano a ano. 3° Passo: verificar até que ano a empresa recuperou a predominância do investimento inicial. 4° Passo: calcular quanto falta recuperar e em que período ocorrerá. 5° Passo: somar o número de anos necessários para a recuperação da predominância do investimento inicial ao resultado da divisão entre a quantia restante a recuperar e o valor do fluxo de caixa atualizado do período em que ocorrerá a recuperação do total do investimento inicial (COUTINHO, 2008). Meta para afirmação de viabilidade = 3 Anos Período Projeto ALPHA 0 50.000 1 15.000 2 28.000 3 19.000 4 27.000 5 32.000 25 Payback ALPHA = 15.000 + 28.000 = 43.000 Payback ALPHA = 50.000 – 43.000 = 7.000 Payback ALPHA = 7.000 / 19.000 = 0,36842 Payback ALPHA = 0,36842 x 12 = 4,42 Resposta: 2 anos e 4 meses (aproveitamos somente o valor do lado esquerdo da vírgula) Interpretação do resultado obtido com base na meta imposta pelo investidor: De acordo com a meta proposta pelo investidor, podemos afirmar após a realização dos cálculos com a ferramenta PAYBACK, que o Projeto A, é viável, pois obtém a recuperação do investimento inicial de acordo com o prazo estabelecido pelo investidor (COUTINHO, 2008). 3.3. Payback Descontado O conceito do Payback Descontado representa o período de tempo necessário para recuperar o investimento, avaliando-se os fluxos de caixa descontados, ou seja, considerando-se o valor do dinheiro no tempo (COUTINHO, 2008). Para calcularmos o Payback Descontado, temos inicialmente que identificar os fluxos de caixa do projeto, tanto o investimento inicial como os fluxos operacionais de caixa. Em seguida, precisamos obter a taxa de desconto a ser aplicada nos fluxos para descontá-lo. Essa taxa pode ser obtida dentro da própria empresa através do cálculo do custo médio ponderado de capital (MOITA, 2018). Se for um empreendedor pessoa física, por exemplo, ele poderia avaliar a taxa da caderneta de poupança ou até mesmo CDBs e fundos de investimento disponíveis nos bancos (GITMAN, 2007). De posse dos fluxos e da taxa de juros a ser aplicada, o próximo passo é descontar todos os fluxos para data zero (COUTINHO, 2008). Isso significa trazer para o valor presente todos os fluxos utilizando a fórmula dos juros compostos. Por fim, precisamos identificar quando o projeto irá retornar todos os valores envolvidos no investimento, calcularmos o Payback Descontado (MOITA, 2018). Vejamos então um exemplo prático para fazer esse cálculo do Payback Descontado. Voltemos a situação inicial apresentada no cálculo do Payback Simples onde temos um investimento de R$ 25.000,00 e retorno de R$ 5.000,00 por ano por 5 anos. 26 Ano Fluxo de caixa 0 ‒ R$25.000,00 1 R$ 5.000,00 2 R$ 5.000,00 3 R$ 5.000,00 4 R$ 5.000,00 5 R$ 5.000,00 6 R$ 5.000,00 7 R$ 5.000,00 8 R$ 5.000,00 Na tabela acima, você pode ver que no momento zero, que é o instante do investimento, temos um fluxo negativo de R$ 25.000,00, pois ocorreu o desembolso de dinheiro para fazer o investimento no projeto (MOITA, 2018). Em seguida, temos uma série de iguais de fluxo de caixa positivos de R$ 5.000,00 por ano por 8 anos. Trazendo os fluxos para data zero. Para calcularmos o Payback Descontado, temos que trazer cada um dos fluxos para data zero. Para tanto, iremos utilizar um custo de capital (taxa de desconto) de 10% ao ano (COUTINHO, 2008). Para calcularmos é bem simples. Basta utilizarmos a fórmula de juros compostos para obtermos o valor presente. 𝑃𝑉 = 𝐹𝑉 (1 + 𝑖)𝑛 Onde: FV = é o valor futuro PV = é valor presente, ou valor descontado i= é a taxa de desconto (custo de capital) n = é o número de períodos Passo 1. Fluxo de caixa descontado O fluxo descontado do investimento inicial é o mesmo valor do investimento, pois o mesmo já se encontra na data zero, como você pode ver no Quadro de Valores Consolidados (MOITA, 2018). 27 O fluxo do ano 1 de R$ 5.000,00 trazido para data zero será: Temos: FV = 5.000 n= 1 i =10% =10/100 = 0,10 𝑃𝑉 = 5000 (1 + 0,10)1 = 𝑃𝑉 = 4.545,45 O fluxo do ano 2 de R$ 5.000,00 trazido para data zero será: Temos: FV = 5.000 n= 2 i = 10% =10 / 100 = 0,10 𝑃𝑉 = 5000 (1 + 0,10)2= 𝑃𝑉 = 4.132,23 O fluxo do ano 3 de R$ 5.000,00 trazido para data zero será: Temos: FV = 5.000 n=3 i = 10% = 10/100 = 0,10 𝑃𝑉 = 5000 (1 + 0,10)3 = 𝑃𝑉 = 3.759,40 O fluxo do ano 4 de R$ 5.000,00 trazido para data zero será: Temos: FV = 5.000 n = 4 i = 10% = 10/100 = 0,10 𝑃𝑉 = 5000 (1 + 0,10)4 = 𝑃𝑉 = 3.424,66 O fluxo do ano 5 de R$ 5.000,00 trazido para data zero será: Temos: FV = 5.000 n = 5 i = 10% = 10/100 = 0,10 𝑃𝑉 = 5000 (1 + 0,10)5 = 𝑃𝑉 = 3.105,59 O fluxo do ano 6 de R$ 5.000,00 trazido para data zero será: Temos: FV = 5.000 n = 6 i = 10% = 10/100 = 0,10 𝑃𝑉 = 5000 (1 + 0,10)6 = 𝑃𝑉 = 2.824,86 O fluxo do ano 7 de R$ 5.000,00 trazido para data zero será: 28 Temos: FV = 5.000 n = 7 i = 10% = 10/100 = 0,10 𝑃𝑉 = 5000 (1 + 0,10)7 = 𝑃𝑉 = 2.564,10 O fluxo do ano 8 de R$ 5.000,00 trazido para data zero será: Temos: FV = 5.000 n = 8 i = 10% = 10/100 = 0,10 𝑃𝑉 = 5000 (1 + 0,10)8 = 𝑃𝑉 = 2.336,45 Consolidando as informações obtidas até o momento no quadro a seguir para calcularmos o Payback Descontado. Quadro de Valores Consolidados Ano Fluxo Fluxo descontado Saldo 0 ‒ R$25.000,00 ‒ R$ 25.000,00 ‒ R$ 25.000,00 1 R$ 5.000,00 R$ 4.132,23 ‒ R$ 20.867,77 2 R$ 5.000,00 R$ 4.545,45 ‒ R$ 16.322,32 3 R$ 5.000,00 R$ 3.759,40 ‒ R$ 12.562,92 4 R$ 5.000,00 R$ 3.424,66 ‒ R$ 9.138,26 5 R$ 5.000,00 R$ 3.105,59 ‒ R$ 6.032,67 6 R$ 5.000,00 R$ 2.824,86 ‒ R$ 3.207,81 7 R$ 5.000,00 R$ 2.564,10 ‒ R$ 643,71 8 R$ 5.000,00 R$ 2.336,45 R$ 1.692,74 Passo 2. Cálculo do Payback Descontado Nesse momento em que já temos os fluxos descontados, devemos realizar o cálculo do Payback Descontado utilizando esses fluxos descontados, realizando uma fácil operação de consolidação de saldo, ou seja, somando as entradas dos 8 períodos com o saldo inicial (MOITA, 2018). O sinal negativo presente no valor do investimento inicial em R$ 25.000,00 na coluna saldo é para evidenciar que é um débito do projeto para organização empresarial (COUTINHO, 2008). Na sequência, vamos debitando todos os fluxos de caixa descontados, um a um até o oitavo período (MOITA, 2018). Ao final, teremos um saldo positivo de R$ 1.692,74, presente no oitavo período, o que nos leva à reflexão de que o período de recuperação do investimento inicial está entre o 7° e 8° ano do projeto. 29 É bem verdade que não está no 7° e nem no 8° ano. Com 7 anos, ele não retorna e ao final do oitavo ano do projeto obtém-se retorno positivo. Sendo assim, então teremos 7 anos um período do ano 8° ano. Portanto, para encontrar o Payback Descontado basta utilizarmos a seguinte equação: Payback Descontado = ano do último saldo negativo – saldo do último ano negativo / fluxo do ano seguinte Neste caso, temos: Ano do último saldo negativo = 7 ano Saldo do último ano negativo = ‒R$ 643,71 Fluxo do ano seguinte = R$ 2.336,45 Substituindo os valores na fórmula para encontrar o Payback Descontado, temos: Payback Descontado = 7 – (–643,71) / 2.336,45 Payback Descontado = 7 + 643,71 / 2.336,45 Payback Descontado = 7 + 0,2755 Payback Descontado = 7,2755 anos O Payback do projeto será de 7,2755 anos, ou 7 anos e aproximadamente 3 anos, aplicando critério de arredondamento presente na matemática. 3.4. Valor Presente Líquido (VPL) O cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) leva em conta o valor do dinheiro no tempo. Portanto, todas as entradas e saídas de caixa são tratadas no tempo presente (MOITA, 2018). O VPL de um investimento é igual ao valor presente do fluxo de caixa líquido do projeto em análise, descontado pelo custo médio ponderado de capital (GITMAN, 2007). O fundamento do VPL é o custo do dinheiro no tempo (MOITA, 2018). O critério de valor presente líquido é o modelo clássico para a decisão de investimentos e compreende as seguintes variáveis: o valor do investimento; o valor dos fluxos futuros de benefícios; a quantidade de períodos em que haverá os fluxos futuros; 30 a taxa de juros desejada pelo investidor. Ano Fluxo de caixa 0 ‒ R$100.000,00 1 R$ 52.000,00 2 R$ 15.000,00 3 R$ 32.000,00 4 R$ 41.000,00 Geralmente, um investimento é realizado com objetivo de obter retorno que supere o valor investido, para compensar o risco de trocar um valor presente certo por um valor futuro com risco em sua recuperação (COUTINHO, 2008). Esse resultado excedente é a rentabilidade do investimento e é o prêmio por investir (MOITA, 2018). Esse prêmio é o conceito que fundamenta a existência dos juros como pagamento pelo serviço prestado ao investidor pelo ato de emprestar dinheiro para um terceiro (MATARAZZO, 2003). Ano Fluxo de caixa 0 ‒ R$100.000,00 1 R$ 52.000,00 2 R$ 15.000,00 3 R$ 32.000,00 4 R$ 41.000,00 Consideremos o custo médio ponderado de capital = 10% Para realizarmos o cálculo do Valor Presente Líquido, devemos trazer o fluxo de caixa a valor presente e subtrair os resultados do valor do investimento inicial. 𝑃𝑉 = 52.000 (1 + 0,10)1 = 𝑃𝑉 = 47.272,73 𝑃𝑉 = 15.000 (1 + 0,10)2 = 𝑃𝑉 = 12.396,69 𝑃𝑉 = 32.000 (1 + 0,10)3 = 𝑃𝑉 = 24.042,07 31 𝑃𝑉 = 41.000 (1 + 0,10)4 = 𝑃𝑉 = 28.003,55 𝑃𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 111.715,04 𝑉𝑃𝐿 = 𝑃𝑉 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑉𝑃𝐿 = 111.715,04 − 100.000,00 𝑉𝑃𝐿 = 111.715,04,00 Observe os valores obtidos e consolidados no quadro a seguir para calcularmos o Valor Presente Líquido. Ano Fluxo Fluxo descontado Saldo 1 R$ 52.000,00 R$ 47.272,73 R$ 47.272,73 2 R$ 15.000,00 R$ 12.396,69 R$ 59.669,42 3 R$ 32.000,00 R$ 24.042,07 R$ 83.711,49 4 R$ 41.000,00 R$ 28.003,55 R$ 111.715,04 𝑉𝑃𝐿 = 𝑃𝑉 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑉𝑃𝐿 = 111.715,04 − 100.000,00 Ano Fluxo Fluxo descontado PV total 1 R$ 52.000,00 R$47.272,73 ‒ R$20.867,77 2 R$ 15.000,00 R$12.396,69 ‒ R$16.322,32 3 R$ 32.000,00 R$24.042,07 ‒ R$12.562,92 Na calculadora financeira, temos: 100.000 ENTER CHS g CFo 32 52.000 g CFj 15.000 g CFj 32.000 g CFj 41.000 g CFj 10 i f NPV VPL = R$11.715,04 Critério de interpretação do VPL Quando o VPL obtido apresenta resultado positivo, afirmamos que o projeto é viável e quando o resultado apresentado é negativo, inviabilizamos o projeto, uma vez que o fluxo de caixa estimado inicialmente não é suficiente para recuperar o investimento inicial nem tampouco oferecer retorno aos investidores (COUTINHO, 2008). 3.5. Taxa Interna de Retorno (TIR) A utilização da ferramenta da administração financeira baseada na Taxa Interna de Retorno é uma derivação do critério do Valor Presente Líquido (VPL) que vimos há pouco. Essa ferramenta não busca o VPL do fluxo futuro, mas sim a taxa de juros que iguala o total dos fluxos futuros descontados a essa taxa de juros, com o valor do investimento inicial. Pode ser também considerada como a taxa de desconto que leva o valor presente das entradas de caixa de um projeto a se igualarem ao valor presente das saídas de caixa (COUTINHO, 2008). Trata-se da taxa de rentabilidade de um determinado período de um investimento, geralmente definida para períodos anuais. Para analisarmos a viabilidade de um projeto, a TIR deve ser comparada com o custo de oportunidade determinado, ou seja, a taxa de retorno mínima exigida pelo investidor em detrimento ao risco do investimento (GITMAN, 2007). A fórmula é a seguinte: 𝑖 (0) = 𝑓𝑓(1) (1+𝑖)1 + 𝑓𝑓(2) (1+𝑖)2 + 𝑓𝑓(3) (1+𝑖)3 + 𝑓𝑓(4) (1+𝑖)4 +...+ 𝑓𝑓(𝑛) (1+𝑖)𝑛 + 33 Sendo Onde: I (0) = Investimento inicial no período 0 FF = Fluxos futuros dos períodos 1 a n I = Taxa de juros que iguala a equação Vamosverificar o cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR), considerando a manutenção do mesmo fluxo de caixa e considerando a taxa mínima de atratividade de 10%. Nesse sentido, estamos mantendo a mesma taxa utilizada no cálculo do Valor Presente Líquido no item anterior utilizando a calculadora financeira. 100.000 ENTER CHS g CFo 52.000 g CFj 15.000 g CFj 32.000 g CFj 41.000 g CFj f IRR TIR = 15,53% Se a taxa mínima de atratividade for 10% a.a., o projeto poderá ser implementado, pois a TIR 15,53% desse projeto é maior do que a taxa mínima de atratividade. Critério de Avaliação da Taxa Interna de Retorno Para avaliar um projeto aplicando o modelo da Taxa Interna de Retorno é muito fácil. Devemos apenas adotar os seguintes critérios para tomada de decisão: Se a TIR for maior que o custo de capital, recomendamos aceitar o projeto; e Se a TIR for menor que o custo de capital, recomendamos rejeitar o projeto. 34 De forma isolada, esses critérios garantem que a empresa obtenha pelo menos seu retorno exigido, o que contribuiria para o aumento de seu valor de mercado (COUTINHO, 2008). A Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa “i” que se iguala às entradas de caixa ao valor a ser investido em um projeto, ou seja, a taxa que iguala o VPL de um projeto a zero (GITMAN, 2007). Conclusão do Bloco 3 Chegamos ao final do Bloco 3. Foi possível apresentarmos a importância e as principais ferramentas presentes no Orçamento de Capital. Apresentamos também o processo e a metodologia de cálculo da ferramenta Payback Simples. Na sequência, foi apresentado o funcionamento e a aplicação da metodologia de análise de investimentos conhecida como Payback Descontado. Para finalizarmos, apresentamos as ferramentas de análise de investimentos Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Obrigado e até a próxima. Referências do Bloco 3 ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. BERNSTEIN, Leopold A. WILD, John J. Analysis of financial statements. 5. ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2000. BIVA. Capital próprio ou de terceiros. Publicado em: 2015. Disponível em <https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e- melhor-para-sua-empresa/> Acesso em: 20 jan. 2019. BRIGHAM, Eugene F; WESTON, J. Fred. Administração financeira de empresas. 4. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 2002. COUTINHO, Gabriel Linck. Plano de Investimento para empresa Maxim Veículos Ltda. Porto Alegre, 2008. Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16845/000704481.pdf> Acesso em: 15 mar. 2019. https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-para-sua-empresa/ https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-para-sua-empresa/ https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16845/000704481.pdf 35 GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 2007. IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Disponível em: <WWW.ibgc.br>. Acesso em: 1 fev. 2019. MACHADO, J. H. Estrutura de capital e alavancagem financeira. Portal da Classe Contábil. Disponível em <https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e- alavancagem-financeira/> Acesso em: 17 jan. 2019. MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MOITA, Flávio. Cálculo do payback descontado. Disponível em: <https://calculadorajuroscompostos.com.br/calcular-payback-descontado/> Acesso em: 15 mar. 2019. ODÁLIO, José. Uma análise da correlação entre o eva® e o mva® no contexto das empresas brasileiras de capital aberto. Publicado em: 2005. Disponível em: <http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE% 20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20 MVA%C2%AE.pdf > Acesso em: 20 jan. 2019. PRATES, W. R. O que é estrutura de capital de uma empresa. Publicado em 2 set. 2016. Disponível em: <https://www.wrprates.com/o-que-e-estrutura-de-capital-de- uma-empresa/>. Acesso em: 18 jan. 2019. PRATES, Wlademir. O que é Alavancagem Financeira, Operacional e Total? Publicado em: nov. 2018. Disponível em: <https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor- da-minha-empresa/> Acesso em: 20 jan. 2018. REIS, Tiago. Estrutura de Capital: o conceito vital para o desempenho de um negócio de abril de 2017. Disponível em: <https://www.sunoresearch.com.br/artigos/estrutura-capital/> Acesso em: 15 jan. 2019. SECAF, Jorge. Entenda os benefícios da governança corporativa para seu negócio. Publicado em: 2017. Disponível em: https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e-alavancagem-financeira/ https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e-alavancagem-financeira/ https://calculadorajuroscompostos.com.br/calcular-payback-descontado/ http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf https://www.wrprates.com/o-que-e-estrutura-de-capital-de-uma-empresa/ https://www.wrprates.com/o-que-e-estrutura-de-capital-de-uma-empresa/ https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor-da-minha-empresa/ https://canaltech.com.br/empreendedorismo/valuation-afinal-como-calculo-o-valor-da-minha-empresa/ https://www.sunoresearch.com.br/artigos/estrutura-capital/ 36 <https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca- corporativa/> Acesso em: 20 jan. 2018. SILVA, José P. da. Análise Financeira das Empresas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. BLOCO 4. AVALIAÇÃO E VALOR DE EMPRESA Apresentação Caro aluno, convido-o a partir desse momento a analisar a importância do processo de avaliação de empresas também conhecida como Valuation. Apresentaremos a importância do conceito Fluxo de Caixa Descontado e sua importância no cálculo do valuation. Na sequência, você conhecerá métodos de avaliação de empresas incluindo Múltiplos de Mercado e Liquidação. Por fim, serão apresentados os princípios do método da Análise Fundamentalista. Ao final deste bloco, desejamos que você tenha compreensão sobre a aplicação do Método Valuation no ambiente organizacional. E aí, vamos lá? 4.1. Avaliação de empresas A determinação do valuation – ou o valor econômico de uma empresa – é uma mistura de ciência e arte (TRENTINI, 2017). As transações de compra e venda envolvendo pequenas e médias empresas possuem um comportamento bastante distinto das transações com grandes empresas, pois muitas vezes o histórico de receitas e lucros apresenta variações significativas que dificultam ou mesmo inviabilizam certos métodos de avaliação (GHERMANDI, 2018). A determinação do valor econômico de uma empresa pode ser feita genericamente por três famílias de metodologias: a do Fluxo de Caixa Descontado (DCF – Discounted Cash Flow), a do Valor Patrimonial e a Avaliação Relativa ou por Múltiplos. A mais utilizada tem sido frequentemente a do Fluxo de Caixa Descontado (ODÁLIO, 2005). É importante identificar o valor de uma empresa e perceber o que deve ser aperfeiçoado para melhor posicionamento no mercado (OZAKI, 2018). Quanto vale uma empresa? Essa pergunta pode surgir em diversos momentos: na hora de buscar um aporte de capital de risco, quando um sócio quer comprar as cotas de outro ou na oportunidade de vender o negócio.Por isso, é importante que os empresários saibam quanto valem suas empresas como forma de atenção e possível conquista de novos investidores (TRENTINI, 2017). Ao possuir o conhecimento sobre o valor de sua https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca-corporativa/ https://www.setting.com.br/blog/governanca/beneficios-da-governanca-corporativa/ 37 empresa, o empresário consegue planejar-se para o futuro, identificando as melhores oportunidades para agregar valor ao seu negócio. Para isso, existe uma ferramenta que auxilia os empreendedores a estimar o valor de sua empresa: é o processo de valuation (GHERMANDI, 2018). O primeiro conceito fundamental que o empreendedor deve entender sobre o valor de uma empresa é que valuation, antes de qualquer estrutura financeira, é uma percepção de mercado. Isso significa que não há exatidão no cálculo, pois essas percepções podem ser diferentes, dependendo de quem estamos falando (ODÁLIO, 2005). Sendo assim, compreendemos que há diferenças plenas no processo de aplicação do valuation entre pequenas, médias e grandes empresas e, ainda, que há diferentes métodos para obter o valor econômico de uma organização empresarial. Ressaltamos a importância dos empresários conhecerem o valor de suas organizações principalmente para que tenham formas mais concretas de buscarem novos investidores, mas não deixando de reconhecer que o valuation é inicialmente uma percepção do mercado sobre o valor da empresa. 4.2. Valuation Valuation é um termo de origem inglesa que significa, adaptado ao português, “avaliação de empresas” (OZAKI, 2018). Ao trabalhar com as percepções que a empresa possui dos investidores e clientes, o valuation envolve o julgamento da posição que ocupa no mercado e a previsão do retorno de investimento nas ações da empresa (REIS, 2018). Uma empresa pode ser avaliada em diversas ocasiões e por diferentes motivos: para fins contábeis, depois da realização de uma transação ou aquisição, além de processos judiciais, por exemplo, nos quais os bens precisam ser divididos (TRENTINI, 2017). Os responsáveis por valuation analisam os vários componentes da empresa em questão e estimam o valor monetário dos seus ativos intangíveis, a exemplo da própria marca, do relacionamento com o cliente ou da tecnologia da empresa (GHERMANDI, 2018). Utilizar essa ferramenta de análise de seu negócio tem vários benefícios, tais como: identificar as características que o valorizam; 38 entender aspectos que o fazem valer menos; saber quanto pode ser investido; entender o crescimento ao longo dos anos; negociar, de forma justa, o valor da empresa com o societário. A partir dessa etapa, verificamos que o valuation nada mais é do que um processo de avaliação de empresas, que utiliza métodos previamente definidos, percepções e julgamentos, e previsões de retorno de investimento para a empresa. Consideramos nessa análise além dos ativos tangíveis também os ativos intangíveis como marcas e patentes. 4.3. Cálculo do valuation Se uma empresa é capaz de gerar fluxo de caixa livre futuro, significa que o empreendimento tem valor (OZAKI, 2018). Fatores como solidez da marca, posicionamento, imagem e patente também são componentes do valor do negócio (GHERMANDI, 2018). Grandes e pequenos negócios podem identificar o seu valor por meio das seguintes etapas: calcular o valor aproximado do fluxo de caixa para os próximos anos, ou seja, o que é recebido e posteriormente gasto; estipular uma taxa de desconto, identificando os riscos de investimento, tendo como base a bolsa de valores; somar os resultados aos valores presentes. Cabe ressaltar nessa etapa que muitas vezes os ativos intangíveis citados anteriormente apresentam valor que supera os valores dos ativos tangíveis. 4.4. Fluxo de Caixa Descontado O nome atribuído para o método em que se avalia a perspectiva futura dos retornos é “Fluxo de Caixa Descontado” (OZAKI, 2018). Esse é o método mais comumente usado. Tende a ser mais aceito realmente, pois procura-se chegar ao valor que realmente 39 aquele negócio irá gerar ao longo do tempo. Inicialmente, explicaremos o significado da palavra “descontado” na aplicação do método (ODÁLIO, 2005). Considerando que você realize um investimento de R$ 5.000 na poupança, que rende aproximadamente 6% ao ano (OZAKI, 2018). Ano que vem você terá R$ 5.300. Isso significa que R$ 5.300 daqui a um ano vale hoje R$ 5.000, ou seja, você descontou esse fluxo de caixa por uma taxa, nesse caso de 6%. O mesmo raciocínio se aplica a uma empresa. A fórmula geral utilizada nesse método é apresentada a seguir, em que VP significa o Valor Presente da empresa. 𝑉𝑃 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝐸𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 = 𝑓𝑐1 (1 + 𝑖)¹ + 𝑓𝑐2 (1 + 𝑖)2 + 𝑓𝑐3 (1 + 𝑖)³ + ⋯ + 𝑓𝑐𝑛 (1 + 𝑖)ⁿ + [ 𝐹𝑐𝑛 + 1 (𝑖 − 𝐶) ] (1 + 𝑖)𝑛−1 O outro elemento essencial desse método é calcular o fluxo de caixa futuro (FC), ou seja, quanto aquele negócio irá gerar considerando a entrada em caixa e retirando todos os gastos (seja investimentos ou despesas), ano a ano, representado na fórmula por FC1, FC2, até o período “n”. Para negócios estáveis, pode-se gerar um fluxo de caixa para até 20 anos (OZAKI, 2018). Mas em se tratando de atividades mais instáveis, como por exemplo, aqueles que envolvem tecnologia da informação, torna-se muito difícil prever o futuro. Dada a alta incerteza, projetar 5 anos entendemos como suficiente (GHERMANDI, 2018). Outra situação a ser pensada é a respeito da possibilidade de continuidade do negócio após esse período de 5 anos. Por esse motivo, aparece a parte em verde na fórmula, que se refere ao fluxo de caixa residual. Para esse cálculo residual, utilizamos também uma taxa estimada de crescimento “C”. Vamos exemplificar o uso da fórmula. Digamos que você tenha um negócio, cuja perspectiva é gerar do ano 1 ao ano 6 os seguintes retornos de fluxo de caixa anuais: 40 R$ 400 mil, R$ 500 mil, R$ 600 mil, R$ 700 mil, R$ 800 mil, e R$ 1 milhão, com crescimento de 6% ao ano a partir do sexto ano. Usando uma taxa suposta de 18% ao ano para descontar esse fluxo de caixa, você terá o seguinte valor para seu negócio: 𝑉𝑃 = 400.000 (1 + 0,18)¹ + 500.000 (1 + 0,18)2 + 600.000 (1 + 0,18)³ + 700.000 (1 + 0,18)4 + 800.000 (1 + 0,18)5 + [ 1000000 (0,18 − 0,05) ] (1 + 0,18)6−1 𝑉𝑃 = 400.000 1,18 + 500.000 1,3924 + 600.000 1,6430 + 700.000 1,9388 + 800.000 2,2877 + 7.692.307,69 2,2877 𝑉𝑃 = 338.983,05 + 359.092,21 + 365.185,64 + 361.048,07 + 349.696,20 + 3.362.463,47 𝑉𝑃 = 5.136.468,64 Sendo assim, esse negócio teria um Valor Presente de R$ 5.136.468,64. O investidor certamente irá negociar e dizer que o risco é maior, ou que a possibilidade de gerar caixa não seja tão elevada, mas é um excelente ponto de partida, para iniciar a negociação (OZAKI, 2018). 4.5 Importância do Valuation O valuation é um conjunto de técnicas utilizado em diversas vertentes da economia e da gestão de negócios (OZAKI, 2018). Um bom exemplo é o mercado financeiro, que o utiliza para avaliar se o preço de ativos está coerente antes de investir ou não (TRENTINI, 2017). Se a ação de uma empresa, por exemplo, está mais barata do que o valuation da empresa em questão, é interessante comprá-la (ODÁLIO, 2005). Outro uso comum é no IPO (Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial) de grandes empresas. É o momento no qual elas abrem capital e precisam definir o preço das ações para fazer uma oferta inicial no mercado (OZAKI, 2018). Se o preço for 41 totalmente diferente do apurado no valuation, potencializa o risco do IPO ser um fracasso (GHERMANDI, 2018). Outra questão a ser observada sobre aplicação do valuation é que estamos observando o surgimento e crescimentode várias startups no país e essas empresas, geralmente tecnológicas, têm como definição a perspectiva de obterem rápido crescimento, mantendo a estrutura enxuta (OZAKI, 2018). Para isso, utilizam-se do instrumento de valuation, pois passam por várias fases de captação de investimentos antes de se tornarem lucrativas e erros na avaliação do valor das empresas costumam ser fatais à sua permanência no mercado (MATARAZZO, 2003). 4.6 Múltiplos de Mercado O método de valuation de múltiplos de mercado consiste em encontrar indicadores de empresas do mesmo setor e relacionar ao seu valor de mercado (OZAKI, 2018). Normalmente, é utilizado o faturamento, EBITDA ou o lucro, com a ressalva de que empresas em diferentes etapas possuem diferentes rentabilidades (GHERMANDI, 2018). Para empresas na internet, também podem ser utilizados indicadores específicos como usuários ativos ou assinantes (TRENTINI, 2017). Por exemplo, digamos que eu possua uma empresa que produz bebidas e apresenta receita líquida de R$ 2 milhões por ano. Sabendo que o valor de mercado da companhia ALPHA na bolsa brasileira gira em torno de R$ 350 bilhões e sua receita líquida gira em torno de R$ 50 bilhões, seu múltiplo de valor de mercado para a receita líquida gira em torno de 7. Aplicado à minha empresa, teríamos: 7 x 2 = R$ 14 milhões de valor de mercado. O método dos múltiplos possui uma série de defeitos. O mais crucial é não considerar os ativos intangíveis, como a marca (GHERMANDI, 2018). Ele também não considera o momento da empresa analisada. Além disso, é muito difícil encontrar empresas que sejam 100% do mesmo setor (TRENTINI, 2017). De qualquer forma, o método de múltiplos é bastante utilizado para sustentar o método Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). É realizado o valuation via fluxos de caixa descontados (OZAKI, 2018). Após encontrar o valor de mercado, o empreendedor ou alguém interessado em investir, apresenta múltiplos de mercado para mostrar que o número está correto (ODÁLIO, 2005). https://blog.luz.vc/o-que-e/ebitda/ 42 4.7. Liquidação O método de liquidação não é muito utilizado, pois não é nem um pouco atrativo para o vendedor. Como o nome já diz, é mais usado quando a empresa está encerrando suas atividades (TRENTINI, 2017). O método de liquidação leva em conta apenas quanto a empresa conseguiria em seus ativos tangíveis (propriedades, veículos, equipamentos, máquinas etc.) em um curto espaço de tempo (GHERMANDI, 2018). Em outras palavras, se uma empresa estiver encerrando suas atividades, quanto ela consegue obter pelos ativos que ainda lhe restam (OZAKI, 2018). Portanto, sugeremos a utilização desse método apenas em último caso (ODÁLIO, 2005). 4.8. Análise fundamentalista A análise fundamentalista é uma análise que busca responder se fatores essenciais para o sucesso da empresa estão favoráveis (GHERMANDI, 2018). Esses fatores podem ser intrínsecos a empresa ou externos, referentes a concorrentes e a economia como um todo (OZAKI, 2018). Algumas questões ajudam no desenvolvimento desse tema: A empresa já está apresentando crescimento? Ela é lucrativa ou pelo menos apresenta indícios de que será lucrativa um dia? O mercado no qual ela está inserida está em expansão? Existem concorrentes fortes? Eles inovam dentro desse mercado? Há previsões de novas tecnologias que ajudarão a empresa a crescer mais ou a ser mais lucrativa? A previsão de legislação mais favorável? É muito importante ressaltar que essa metodologia de se atribuir um valor a uma companhia diz respeito a estimativas futuras, que podem trazer consigo acontecimentos totalmente fora do esperado pelos cálculos previamente feitos para definir o valor justo de uma empresa (GHERMANDI, 2018). 43 Além disso, a depender das premissas utilizadas e os números utilizados no Fluxo de Caixa Descontado, por exemplo, o valor “justo” de uma ação de uma empresa qualquer encontrado por um investidor pode ser totalmente diferente do encontrado por outro (OZAKI, 2018). A partir de tal cenário, verificamos que o valuation não é apenas como uma fórmula matemática, mas sim uma arte (ODÁLIO, 2005). Ainda, o valuation é uma ferramenta valiosa para estimar ou ter uma noção do valor justo de uma ação, mas devido à sua subjetividade, e diferenças de resultados que podem ser obtidos a depender das premissas e métodos utilizados, deve ser visto com cautela e, apesar de muito importante, geralmente não deve ser o único critério utilizado pelo investidor para decidir investir ou não em uma ação (GHERMANDI, 2018). Utilizar técnicas de valuation é imprescindível para todo investidor que deseja ter sucesso no mercado no longo prazo e é fundamental ao investidor que quer saber reconhecer as oportunidades que o mercado de capitais oferece e também saber evitar empresas que estejam muito caras e que representam um risco mais elevado (OZAKI, 2018). Conclusão do Bloco 4 Chegamos ao final do Bloco 4. Foi possível apresentarmos a importância do processo de avaliação de empresas também conhecida como valuation. Apresentamos também a importância do conceito Fluxo de Caixa Descontado e sua importância no cálculo do valuation. Na sequência, foram apresentados os métodos de avaliação de empresas incluindo Múltiplos de Mercado e Liquidação. Para finalizarmos, apresentamos os princípios do método da Análise Fundamentalista. É isso! Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem! Obrigado e até a próxima. Referências do bloco 4 ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. BERNSTEIN, Leopold A. WILD, John J. Analysis of financial statements. 5. ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2000. 44 BIVA. Capital próprio ou de terceiros. Publicado em: 2015. Disponível em <https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e- melhor-para-sua-empresa/> Acesso em: 20 jan. 2019. BRIGHAM, Eugene F; WESTON, J. Fred. Administração financeira de empresas. 4. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 2002. GHERMANDI, Filippo. Conceito e formas de cálculo do Valuation de uma empresa. Publicado em: 3 jun. 2018. Disponível em: <https://blog.luz.vc/o-que-e/valuation- valor-de-uma-empresa/>. Acesso em: 12 mar. 2019. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 2007. IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Disponível em: <WWW.ibgc.br>. Acesso em: 1 fev. 2019. MACHADO, J. H. Estrutura de capital e alavancagem financeira. Portal da Classe Contábil. Disponível em: <https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e- alavancagem-financeira/>. Acesso em: 17 jan. 2019. MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. ODÁLIO, José. Uma análise da correlação entre o eva® e o mva® no contexto das empresas brasileiras de capital aberto. Publicado em: 2005. Disponível em: <http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE% 20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20 MVA%C2%AE.pdf > Acesso em: 20 jan. 2019. https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-para-sua-empresa/ https://blog.biva.com.br/empreendedor/capital-proprio-ou-de-terceiros-o-que-e-melhor-para-sua-empresa/ https://blog.luz.vc/o-que-e/valuation-valor-de-uma-empresa/ https://blog.luz.vc/o-que-e/valuation-valor-de-uma-empresa/ https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e-alavancagem-financeira/ https://www.classecontabil.com.br/estrutura-de-capital-e-alavancagem-financeira/ http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf http://www.unifal.com.br/Bibliotecas/Artigos_Cientificos/UMA%20AN%C3%81LISE%20DA%20CORRELA%C3%87%C3%83O%20ENTRE%20O%20EVA%C2%AE%20E%20O%20MVA%C2%AE.pdf
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