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Direito Processual Penal - prisões - medidas cautelares - ação penal

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PROCESSO PENAL 
PRISÕES, MEDIDAS CAUTELARES, LIBERDADE 
PROVISÓRIA, AÇÃO PENAL. 
RETOMANDO ALGUNS CONCEITOS DE DIREITO 
PENAL 
FATO ATÍPICO: não se encontra reconhecido como crime no 
CP. 
EXCLUSÃO DA ILICITUDE: art. 23, I, II, III, CP. 
EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE: inimputabilidade, 
desconhecimento da ilicitude, inexigibilidade de conduta 
diversa. 
DOSIMETRIA DA PENA: 
1 - Fixação da pena base (art. 59, CP); 
2 - Atenuantes e agravantes (arts. 61, 62, 65, 66, CP); 
3 - Causas de diminuição e aumento de pena (arts. 59, 60, CP 
e 387 CPP). 
MEDIDAS CAUTELARES PENAIS: 
➢ Não existe ação cautelar como no direito civil. 
➢ Medidas cautelares são incidentes, não possuem a 
forma de um processo. 
➢ São taxativas, devem estar previstas na lei. 
TEM COMO OBJETIVO ACAUTELAR 5 COISAS: 
 
Pontua-se que o princípio constitucional de presunção de 
inocência até o trânsito em julgado não é absoluto, podendo 
ser relativizado pelo uso das PRISÕES CAUTELARES. 
PRISÕES CAUTELARES 
 Preventiva 
 Temporária 
 Em flagrante (considerada prisão cautelar pela 
doutrina tradicional, mas Aury Lopes Jr. Entende que 
é uma prisão pré-cautelar) 
 
➢ PRESSUPOSTOS: 
A) Fumus commissi delicti 
(probabilidade de ocorrência de um delito) 
Este princípio do fumus commissi delicti pretende 
verificar se há prova da materialidade do fato – ou seja, 
prova de que o crime aconteceu – e se há indícios de 
autoria. 
B) Periculum libertatis (perigo que 
decorre da liberdade do imputado). 
Este princípio está fundado na necessidade de garantia da 
ordem pública (reincidência ou se é propenso a praticar 
crimes); garantia da ordem econômica, garantia de aplicação 
da lei penal (chances ou suspeita de fuga), conveniência da 
instrução criminal (fundado risco de que de alguma forma o 
acusado possa impedir a produção de provas). - art. 312 do 
CPP. 
A ausência de fumus commissi delicti e periculum libertatis 
enseja na cessação da prisão e na imediata soltura do 
imputado. 
AS PRISÕES CAUTELARES 
DEVEM SER A ultima ratio 
DO SISTEMA (art. 282 §§5° e 
6°). 
Alterações do Pacote Anticrime: 
➢ O juiz não pode atuar de ofício (nem por medidas 
cautelares, nem prisões cautelares) – Art. 282 §2°, 
CPP. No entanto a liberdade pode ser decretada de 
ofício. 
 
Quando o juiz receber um pedido de prisão 
cautelar, a parte contrária deve ser intimada para 
se manifestar em 5 dias. 
A prisão cautelar deve estar pautada no princípio da 
provisionalidade, pois são medidas situacionais que tutelam 
uma situação fática. 
Está autorizada a substituição de medidas por outras mais 
brandas ou mais graves. 
Há de se respeitar ainda o princípio da atualidade ou da 
contemporaneidade. Pois para que seja decretada uma prisão 
preventiva o periculum libertatis deverá ser atual. 
Toda prisão cautelar deve atender ao princípio da 
provisoriedade, pois toda prisão cautelar deve(ria) ser 
temporária. O art 316, parágrafo único do CPP (inserido pela 
Lei 13964/19) trata sobre o dever de revisar a prisão 
preventiva pelo juiz a cada 90 dias. No entanto, há um julgado 
do STF que diz que a inobservância do prazo de 90 dias não 
implica automática revogação da prisão preventiva. 
processo pena
sociedade e 
sistema 
financeiro
investigação vítima
PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI 7960/89) 
É a mais precária das cautelares, investigatória, acautela a 
investigação. 
É decretada pelo juiz em face de representação da autoridade 
policial (ouvido o MP – art.2°) ou requerimento do MP. 
Não se admite fiança. 
Cuidado: na prisão preventiva o preso fica à disposição do 
judiciário, já na prisão temporária, o preso fica à disposição da 
polícia. 
Esta modalidade de prisão possui PRAZO: 
5 dias do dia que se efetiva a prisão (conta o dia do início e não 
conta o dia do fim = prazo penal). 
Pode-se prorrogar a prisão TEMPORÁRIA por mais 5 dias, 
totalizando 10 dias. 
CUIDADO: lei dos crimes hediondos (8.072) permite 
a prisão temporária por 30 + 30 dias. 
O PRAZO É INEXORÁVEL! TRATA=SE DE UM LIMITE ABSOLUTO: 
CRIMES NORMAIS 5 dias (prorrogável + 5) = 10! 
CRIMES HEDIONDOS 30 dias ( ‘’ +30) = 60! 
Obs: supondo que uma pessoa foi presa temporariamente por 
10 dias face a um delito de homicídio simples e, por novo fato, 
passa a responder pelo delito de homicídio qualificado. Neste 
caso a pessoa poderá ter sua prisão temporária por mais 50 
dias. 
No entanto, mesmo que o TIPO mude, se não houver FATO 
NOVO não mudará o prazo da prisão temporária. 
Após o prazo o investigado é posto imediatamente em 
liberdade, a não ser que já tenha sido decretada sua prisão 
preventiva. 
PRISÃO EM FLAGRANTE (ART. 301 CPP) 
Esta prisão é aplicada tanto do inquérito policial quanto 
judicial. 
A validade do flagrante tem relação com a prisão, mas não com 
as provas documentais que se produz, sendo estas válidas, 
mesmo quando o flagrante não for. 
A decisão que decreta a prisão preventiva deve ser 
substancialmente fundamentada. 
O prazo desta modalidade de prisão é indeterminado podendo 
se estender até a sentença, pois a partir do trânsito em julgado 
a natureza jurídica se altera. 
➢ OBS: havendo o convencimento da inocência do réu, 
que se manteve preso durante toda a instrução e 
decretada a sentença condenatória, o juiz não poderá 
inovar e “soltar” p réu, pois sua jurisdição estará 
esgotada. Somente o tribunal poderá soltá-lo. 
Conforme o entendimento de Aury, o flagrante é 
uma medida precária de mera detenção. 
É precária porque pode ser adotada por qualquer 
pessoa (autoridade policial ou até particulares). 
Alguns autores, como Aury defendem que a prisão em 
flagrante é uma medida pré-cautelar. 
É pré-cautelar porque, o flagrante não objetiva atender o 
resultado final do processo, mas tão somente colocar o detido 
à disposição do juiz para que se possa adotar uma verdadeira 
medida cautelar (como a prisão preventiva). 
MODALIDADES LEGAIS DE PRISÃO EM FLAGRANTE: 
1. PRÓPRIO (REAL): art. 302, I e II CPP: 
PRATICANDO ou ACABOU de praticar, sendo 
encontrado no local do fato. 
O agente é surpreendido PRATICANDO o delito. Ou seja, 
o agente é surpreendido durante o iter criminis, 
praticando a conduta descrita sem, contudo, tê-lo 
percorrido integralmente. Como quando o agente é preso 
enquanto subtrai coisa alheia móvel (art. 155, CP) 
 Quando, após percorrido o iter criminis, o agente é 
surpreendido. Neste caso não há lapso temporal 
relevante entre a prática do crime e a prisão. 
2. IMPRÓPRIO (QUASE FLAGRANTE): art. 302, III, CPP: 
O agente é PERSEGUIDO, logo após a prática da 
infração penal, em situação que se faça presumir 
que ele seja o autor do delito; 
Quanto a perseguição, verifica-se a exigência de uma 
CONTINUIDADE, em que o perseguidor vai atrás do 
suspeito, ainda que nem sempre se tenha contato visual. 
Quanto ao requisito temporal “logo após”, percebe-se 
que há um lapso exíguo entre o início da perseguição após 
a prática do crime. 
Quanto a situação, vê-se que o dispositivo é uma afronta 
ao princípio constitucional da presunção de inocência, 
pois faz com que a autoria seja presumida. 
3. FLAGRANTE PRESUMIDO (FICTO): art. 302, IV, CPP: 
O agente é ENCONTRADO logo após, com 
instrumentos armas objetos ou papeis que façam 
com que se presuma ser ele o autor dos fatos. 
Neste caso, há um lapso temporal entre o delito e o ato 
de encontrar. 
CUIDADO: para que exista o flagrante o ENCONTRAR deve 
estar vinculado ao delito. 
CUIDADO: Supondo que após a subtração de um veículo, 
o autor é detido por acaso em barreira rotineira do polícia. 
Neste caso há delito, mas não há flagrante. 
CUIDADO: A receptação, como crime permanente, 
justifica a incidência do art. 303 CPP. No entanto, não há 
crime de receptação quando o próprio autor do furto está 
na posse dos objetos subtraídos, pois a posse é o 
exaurimento impunível do crime de furto. 
OUTRASESPÉCIES DE FLAGRANTE: 
1. PROVOCADO (PREPARADO): art. 
O agente é induzido a praticar uma infração penal, mas 
aquele que induziu acaba tomando todas as precauções 
para que o crime não seja consumado, tratando-se de 
modalidade de crime impossível, sendo este um flagrante 
ILEGAL. Logo, não há responsabilidade penal. (Súmula 145 
STF – crime impossível). 
 Cuidado: não se pune ato preparatório!! 
 
2. ESPERADO: 
Ocorre quando se aguarda a consumação do 
delito para que o agente seja preso. (válido); 
3. FORJADO 
Ocorre quando se cria situação para 
incriminar o agente, que acaba sendo vítima 
de um abuso de autoridade. Ex.: policiais 
implantam drogas. (ilegal e criminoso) 
4. RETARDADO (Lei 11.343/2006 e Lei 12.850/2013) 
Ocorre por autorização judicial. Espera-se 
um momento mais adequado, após coletar 
um arcabouço probatório suficiente para se 
fazer a prisão em flagrante. Ex: agente 
infiltrado em organizações criminosas (válido). 
PROCEDIMENTO DO FLAGRANTE 
No encerramento do APF, este deverá ser encaminhado 
ao juiz em um prazo de até 24h, que possuirá 24h para 
marcar uma audiência de custódia. Em audiência de 
custódia, o juiz poderá tomar algumas atitudes, previstas 
no art. 
Opções do magistrado: 
➢ Relaxar o flagrante: reconhecer a ilegalidade do 
flagrante e relaxar a prisão, tornando-a nula. 
➢ Converter o flagrante em prisão preventiva: mudará 
a natureza jurídica da prisão. É feita de ofício! 
➢ Conceder liberdade provisória (com ou sem fiança). 
Novidades trazidas pelo Pacote Anticrime: 
• É possível a concessão de liberdade provisória 
quando se constatar alguma hipótese de excludente 
de ilicitude (art 23, CP). 
• É possível que se denegue a liberdade nos seguintes 
casos: a) reincidência; b) integrante de organização 
criminosa ou grupos armados; c) se estiver portando 
arma de fogo de uso restrito. 
OBS: art. 304, §4°, CPP: No APF deve constar informações 
sobre filhos, idades, deficiência, nome e contato de 
responsável. Este dispositivo foi alterado com intuito de dar 
assistência aos dependentes do preso. 
FLAGRANTE EM CRIME PERMANENTE: em qualquer momento 
a pessoa estará em flagrância. Ex.: posse de arma de fogo, 
tráfico de drogas, extorsão mediante sequestro. (CRIMEEE) 
FLAGRANTE EM CRIME CONTINUADO: cada ato é considerado 
isoladamente, sendo assim o flagrante só pode ser 
reconhecido em cada um dos X atos que ocorrerem, chama-se 
de flagrante fracionado. Ex: um funcionário que tira 10 reais 
por dia do caixa por 10 dias. (CRIME CRIME CRIME) 
FLAGRANTE EM CRIME HABITUAL: só há flagrante se houver 
prova robusta da habitualidade, se não, não. 
FLAGRANTE EM CRIMES FORMAIS: o momento do flagrante é 
no momento da ação do tipo. Ex: um funcionário público 
exigiu 5 mil reais para realizar algo, o momento do flagrante é 
quando ele EXIGIU e não no momento do ato ou da entrega do 
dinheiro. Outro EX: crime de usura: solicitar é o que basta para 
classificar o crime de usura. Sendo assim, há prova produzida 
quando se entrega o dinheiro, mas não há flagrante e sim 
mero exaurimento do crime. 
IMUNIDADE AO FLAGRANTE: 
IMUNIDADE ABSOLUTA: 
• Presidente 
• Diplomatas 
IMUNIDADE RELATIVA: Aqui somente se admite flagrante por 
crime INAFIANÇÁVEL 
• Juízes, Promotores, (...) 
• Parlamentares 
PRISÃO PREVENTIVA 
É possível prisão preventiva em qualquer momento do 
processo. 
Deve ser requerida pela autoridade policial ou pelo MP. O juiz 
não pode decretar de ofício. 
CUIDADO: Lei maria da penha autoriza a prisão preventiva 
decretada de ofício. 
Só caberá prisão preventiva quando não couber nenhuma 
outra medida cautelar diversa da prisão (art. 319, CPP) 
Não possui prazo! No entanto, há uma nova redação do art. 
316 parágrafo único, CPP = o juiz deve rever a prisão 
preventiva a cada 90 dias. Se não foi feito a prisão torna-se 
ilegal. No entanto, os tribunais superiores entendem não ser 
caso de nulidade. 
PRESSUPOSTOS E REQUISITOS DA PREVENTIVA: 
A prisão preventiva é medida EXCEPCIONALISSIMA! 
➢ Assegurar a aplicação da lei penal 
CUIDADO: Na Maria da penha deve haver o 
descumprimento da cautelar para decretar a prisão 
preventiva. (o juiz está vinculado.) 
OBS: No caso das pessoas com dupla nacionalidade, 
somente o fato da haver a dupla nacionalidade não 
autoriza a prisão preventiva. 
➢ Garantia da ordem pública 
Este motivo sustenta 80% das prisões preventivas do 
Brasil. Traduz grande subjetividade nas decisões dos 
juízes. 
Diferentemente da prisão temporária, aqui na PREVENTIVA o 
juiz poderá revogar a prisão a qualquer tempo, desde que haja 
FATO NOVO para fundamentar. 
Alterações no pacote anticrime: 
O juiz antes podia decretar cautelares de ofício na fase judicial, 
com o pacote anticrime o legislador faz desaparecer do texto 
a parte do “de ofício”. Agora o MP poderá requerer a prisão a 
qualquer tempo. 
O juiz não pode decretar prisão preventiva por fatos que não 
sejam novos ou contemporâneos. 
CABIMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA: 
Basta atender uma das seguintes hipóteses (não são requisitos 
cumulativos): 
o Crime DOLOSO com pena máxima maior 
que 4 anos; 
o Reincidência em crime doloso; 
o Violência doméstica e familiar contra pessoa 
vulnerável (mulher, criança, idoso, pessoa 
enferma etc.); 
o Se houver dúvida sobre a identidade civil. 
NÃO CABE PRISÃO PREVENTIVA EM 
CONTRAVENÇÃO PENAL!!! 
LIBERDADE PROVISÓRIA COM OU SEM FIANÇA 
(ART. 5°, LXVI, CF E ART. 310, III, CPP) 
HIPÓTESES DE CONCESSÃO DE LIBERDADE 
PROVISÓRIA 
1. Quando não couber prisão preventiva; 
2. Mesmo que caiba prisão preventiva, quando 
houver fundada tese de excludente de ilicitude; 
A FIANÇA PODE SER ESTIPULADA TANTO PEL O 
DELEGADO DE POLÍCIA QUANTO PELO JUIZ : 
- Se o crime tiver pena inferior a 4 anos, o delegado de 
polícia poderá oferecer fiança. 
- O juiz poderá arbitrar fiança em qualquer situação. 
A fiança é uma contracautela, não uma cautela propriamente 
dita. 
Todos os crimes são afiançáveis, exceto aqueles que pela 
espécie não seja e aqueles que a pena máxima não seja 
superior a 4 anos. 
Se um flagrante não é homologado, a fiança deverá ser 
devolvida. No mesmo sentido, se o flagrante não é 
homologado o juiz não poderá aplicar nenhuma outra medida 
cautelar 
No momento da lavratura de um auto de prisão em flagrante, 
o delegado não possui arbitrariedade para decidir sobre o 
mérito. Assim, não cabe a ele definir se se trata de crime 
minorado ou não, basta verificar se o tipo admite ou não 
fiança. 
 
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO (ART. 319 CPP) 
Estas cautelaras de não prisão vinculam o sujeito a algo. 
Alguns doutrinadores entendem que o flagrante não prende 
por si só. No entanto este entendimento não é verdadeiro, 
tendo em vista que A LIBERDADE PROVISÓRIA é uma 
LIBERDADE VINCULADA, pois o indivíduo estará cumprindo 
uma outra medida cautelar. 
• Comparecimento periódico em juízo 
• Proibição de acesso frequência em determinados 
lugares; 
• Proibição de manter contato com pessoa 
determinada; 
• Proibição de se ausentar da comarca; 
• Recolhimento domiciliar no período noturno; 
• Suspensão do exercício de função pública, ou de 
atividade de natureza economia/financeira, quando 
houver justo receio de sua utilização para a prática de 
infrações penais. 
• Internação provisória nas hipóteses internação 
provisória do acusado nas hipóteses de crimes 
praticados com violência ou grave ameaça, quando os 
peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de 
reiteração; 
• Fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar 
o comparecimento a atos do processo, evitar a 
obstrução do seu andamento ou em caso de 
resistência injustificada à ordem judicial; 
• monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
AÇÃO PENAL 
• Princípio da correlação: 
No crime não há espaço para ojuiz devolver para o MP corrigir 
a denúncia. Ou o juiz aceita a denúncia ou não. Há a 
possibilidade de o juiz enviar ao MP para que realize 
aditamento da denúncia. No entanto, quando isso ocorrer não 
poderá ser o mesmo o juiz a receber a denúncia 
posteriormente. Assim, o novo juiz poderá admitir ou não os 
acréscimos. 
Se por acaso o juiz realizar alterações na denúncia, o advogado 
da parte deverá PROTESTAR. 
• Princípio da admissibilidade: 
Mesmo que o MP SUGIRA pela absolvição, o juiz não está 
vinculado a ele e seu entendimento independe do 
entendimento do MP. (art. 385, CPP). Da mesma forma, não 
pode o MP desistir da ação proposta. 
• Princípio da obrigatoriedade da ação penal: 
No momento que se percebe um fato típico antijurídico e 
culpável, o MP deve denunciar. Sendo assim, descabe 
qualquer julgamento preliminar. Não pode o MP fazer um 
acordo para evitara ação. Exceção: ANPP (art. 76 Lei 9.099) 
• Princípio da oportunidade/conveniência: 
Trata-se da oportunidade de propor ou não propor uma ação 
penal. É o caso, por exemplo, da bagatela, que deve ser 
analisada no campo da culpabilidade e não da tipicidade, a fim 
de que seja analisado os fatos atinentes ao sujeito e não ao 
tipo. Este princípio não afronta o livre convencimento já que 
está submetido ao controle externo. 
Na ação penal privada este princípio pode ser aplicado de 
acordo com a conveniência do ofendido em oferecer a queixa 
crime ou não. 
• Princípio da indisponibilidade: 
É decorrente da obrigatoriedade. Depois que a ação é 
proposta não se permite recluir (MP) ou retroceder (juiz). 
Ainda que se trate de uma substituição em que o promotor 
substituto não concorde, o recurso será enviado, mesmo que 
em sentido contrário. 
Exceção: após o oferecimento da denúncia, se o crime tiver 
pena mínima cominada igual ou menor do que 1 ano, o MP 
poderá oferecer ação condicional do processo (art. 89, Lei 
9.099) 
A disponibilidade é princípio da ação penal privada. Pois o 
indivíduo pode desistir do processo por meio do PERDÃO ou 
da RENÚNCIA (art. 49 e 51, CPP) 
OBS: o perdão e a renúncia são causas de extinção da 
punibilidade (art. 107, CP) 
Cuidado com o seguinte caso: digamos que existam 2 réus (A 
e B) em um processo de difamação que eu, ofendida ofereci 
queixa crime. No meio do processo eu posso perdoar A e não 
perdoar B. O perdão é oferecido a ambos (A e B). Pode, ainda, 
A não aceitar o perdão e B aceitar. Neste caso, A segue 
respondendo como réu e B está “livre”, pois extinta estará a 
sua punibilidade. 
Cuidado: a vítima não pode escolher contra quem irá propor a 
ação. 
AÇÃO PENAL PÚBLICA 
➢ Titular da ação > Ministério Público. 
➢ Denúncia 
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: 
É a regra. Basta a justa causa (indícios de autoria e 
materialidade) para que o promotor ofereça a denúncia. 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA: 
➢ Condicionada à representação do ofendido: são 
aplicadas em crimes leves, na qual o interesse não é 
somente do estado, mas também do indivíduo (como 
no crime de ameaça, lesão corporal leve/culposa). 
PRAZO DECADENCIAL PARA INTERPOR: 6 MESES! 
➢ Condicionada à requerimento do Ministro da Justiça 
(quando há também interesse político, ex.: quando 
alguém comete o crime de calúnia contra presidente 
da república) 
AÇÃO PENAL PRIVADA 
➢ Titular > ofendido. 
➢ A vítima deve ofertar queixa crime por meio de um 
advogado. 
➢ Crimes contra a honra (calúnia, difamação, injúria). 
Quem formula proposta de transação penal é o titular da 
ação (no caso da pública = MP). No entanto o querelante 
não pode oferecer. 
AÇÃO PENAL PRIVADA PROPRIAMENTE DITA: 
Se o ofendido não ofertou a queixa crime e veio a falecer, 
assumirá o direito de oferecer queixa crime na ação penal 
privada propriamente dita, na seguinte ordem: o cônjuge, 
ascendente, descendente, irmãos (CADI). 
No caso da ação penal privada, decai em seis meses o direito 
do ofendido para oferecer a queixa crime, a contar do dia do 
conhecimento da autoria do crime. 
AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA: 
Neste caso se a vítima vem a falecer, extingue a punibilidade 
do criminoso (só há uma possibilidade no BR. > ocultação de 
impedimento ao casamento) 
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: 
Prevista no artigo 5°, LIX, CF. No intuito de evitar omissões por 
parte do estado. 
Após o Inquérito Policial chegar ao MP, se já houver justa 
causa (indícios de materialidade/autoria), o Promotor terá um 
prazo para realizar a denúncia: 
SOLTO 15 DIAS 
PRESO 5 DIAS 
Lei de drogas (art. 54) 10 DIAS 
Após este prazo abre a possibilidade de a vítima, com seu 
advogado, oferecer a peça acusatória por meio da queixa 
crime. 
➢ O prazo do MP conta da seguinte forma: 
CONTA o dia de início e NÃO conta o dia final. Se o dia seguinte 
cair em dia não útil, prorroga-se para um dia útil. 
➢ Já o prazo de seis meses para a vítima oferecer a 
queixa crime subsidiária da denúncia: 
Se inicia no primeiro dia da contagem e deixa-se de contar o 
dia final. No entanto, se o dia final não for dia útil, antecede-
se. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ação continua a ter natureza pública, o que muda é a 
iniciativa. 
Durante o prazo para o ofendido oferecer a queixa crime, a 
Após oferecida a pela acusatória pela vítima, o juiz poderá 
provocar o MP para manifestar-se. Neste momento, o 
Promotor poderá: 
➢ Aditar a queixa; 
➢ Corrigi-la; 
➢ Rejeitá-la (sendo obrigado a oferecer a denúncia); 
➢ Concordar com ela e a ratificar/retificar a denúncia. 
 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
A proposta parte do promotor. 
O silêncio no momento do flagrante não pode obstaculizar o 
oferecimento do acordo de não persecução penal. 
Se for oferecida a denúncia sem ANPP não cabe mais, mas os 
casos que estavam em andamento quando o ANPP foi 
instituído se aplica o oferecimento de ANPP após o 
oferecimento da denúncia. 
 
CONFISSÃO CIRCUNSTANCIADA 
Neste caso o professor pensa de forma diferente do 
doutrinador Aury Lopes Jr., pois entende que é necessário 
confessar o fato e a culpa para obtenção de um acordo. 
Para Aury, basta que o acusado admita, aceite como 
verdadeiros os fatos narrados na denúncia, sendo 
desnecessário que assuma a prática de um crime, mas apenas 
a ocorrência dos fatos. 
Dia do 
recebimento 
do IP 
(segunda) 
Início do prazo 
p/ oferecer a 
denúncia 
(segunda) 
Quinze dias úteis 
Início do 
prazo para 
queixa crime 
(um dia após 
o fim do 
prazo do MP) Fim do prazo 
decadencial 
para propor 
queixa crime. 
Retorna p/ 
titularidade 
exclusiva do MP 
Seis meses (sem 
interrupção) 
Fim do prazo 
exclusivo do MP

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