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Unidade 01 Aulas 01, 02 e 03

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Objetivo 
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: 
• Compreender o estudo do Direito aplicado à Gestão com uma visão geral dos diversos 
ramos de Direito. 
Conteúdo Programático 
Esta unidade está dividida em: 
• Aula 1 - Introdução e fontes do Direito 
• Aula 2 - Os ramos do Direito e a Gestão 
• Aula 3 - O Estado Democrático de Direito no Brasil 
Rota de Aprendizagem 
A Rota de Aprendizagem apresenta as ações que devem ser realizadas nesta 
unidade. Utilize a Rota de Aprendizagem para planejar e gerir, com eficiência, as 
suas ações e o seu tempo de estudo. Isso facilitará a construção do seu 
conhecimento e aumentará a possibilidade de que você tenha um bom 
desempenho nas avaliações. Clique aqui para acessar a Rota de Aprendizagem. 
 
Antes de começarmos nossos estudos, observe o organograma das fontes do 
Direito para uma visão objetiva desta Unidade. 
 
 
https://ead.uva.br/graduacao/DISCIPLINAS/DEF/DAG/RA/G_DAG_RA_U1.htm
Aula 1Introdução e fontes do Direito 
Nesta aula, iremos apresentar a classificação das fontes do Direito e seus 
mecanismos de composição. 
Uma visão introdutória do Direito 
O Direito é uma constante na vida humana. Desde que o homem vive em sociedade 
(o que é a sua condição natural), revela-se imprescindível a organização da vida 
social, já que os indivíduos, convivendo coletivamente, deixavam de poder exercer 
todos os atos inerentes à tutela de seus interesses, limitados que eram pelos 
interesses dos demais. 
Essa organização da vida social serviu originariamente para garantir a própria 
sobrevivência do grupo, com a defesa de seus integrantes de ameaças exteriores, 
evoluindo para o próprio regramento da extensão das prerrogativas e das 
obrigações de cada um deles, enquanto integrante de um núcleo, de uma 
coletividade definida. 
Assim, vemos em todas as sociedades a presença do Direito – talvez não como o 
concebemos em nosso tempo e em nossa sociedade, mas certamente jamais uma 
coletividade humana prescindiu de um conjunto de normas e de valores que 
determinassem o que era considerado aceitável e o que, pelo contrário, era 
considerado desviante – e aí temos o embrião do Direito. 
O Código de Hamurabi é a compilação de um código de leis escrito quando ainda 
prevalecia a tradição oral, ou seja, em época em que as leis eram transmitidas 
oralmente de geração em geração. 
 
Isso demonstra que o interesse pelo 
estudo do Direito não se limita – ou 
não deveria limitar-se – àqueles 
profissionais cuja formação demanda 
a vida forense, como os advogados, 
os magistrados, os membros do 
Ministério Público e demais 
operadores do Direito cujo trabalho 
podemos diariamente acompanhar 
até mesmo pela mídia; pelo 
contrário, o conhecimento do Direito 
se revela fundamental inclusive para 
o exercício da cidadania, já que todo 
cidadão precisa conhecer seus 
direitos e suas obrigações – e, para isso, precisa conhecer as fontes e a estrutura de 
nosso sistema jurídico. 
Tal conhecimento – e a habilidade para analisar o seu conteúdo – se revela ainda 
mais essencial ao gestor, porque ele será responsável pela condução não apenas de 
sua própria existência e de seu próprio patrimônio, mas também pela condução 
das economias, dos patrimônios, das carreiras de outras pessoas que confiam em 
sua capacidade e experiência – seja ele atuante em algum Governo ou em uma 
empresa pública, seja na esfera privada de uma empresa comercial ou empresarial, 
por exemplo. 
 
Agora que já apresentamos uma pequena introdução ao Direito e à necessidade de 
seu conhecimento pelo cidadão e pelo gestor, passemos à análise de suas fontes, 
seus ramos e sua estrutura. 
Fontes do Direito 
O Direito não nasce aleatoriamente em uma sociedade, tampouco surge de um fato 
isolado, que importe apenas a certo e restrito grupo de pessoas durante um tempo 
determinado. Ele é o resultado de séculos, às vezes milênios, de convivência social, 
e representa os anseios, os ideais, os valores de um determinado povo em seu atual 
estágio civilizatório; mas, para além disso, ele pode representar o substrato 
mínimo de valores comuns a todos os componentes do gênero humano, indicando 
o grau civilizatório a que chegamos enquanto Humanidade (quando terá natureza 
própria e supranacional). 
Mapa do império Romano por volta de 117. A lei romana, junto com a língua latina, foram os 
dois principais elementos de coesão cultural do império. 
Vê-se, portanto, que o Direito não se limita – ou não poderia limitar-se – à criação 
de uma lei ou à assinatura de um contrato. Da mesma forma, não é produto 
exclusivo da vontade de um legislador ou mesmo de uma coletividade em especial, 
nem mesmo do ato de uma autoridade de qualquer um dos Poderes constituídos. 
Ele é mais, muito mais do que isso. Representa as nossas aspirações e anseios, 
nosso senso moral e ético, nossos sentimentos e nossas expectativas enquanto 
sociedade e demonstra não apenas o amadurecimento de nossa democracia como 
o próprio grau civilizatório a que chegamos. 
Nasce, portanto, de fontes comuns a todos os povos, em qualquer de seus 
momentos históricos. São fontes do Direito: a lei, a jurisprudência e a doutrina (de 
caráter mais específico), mas também a analogia e a equidade, os usos e costumes 
do povo. Vamos, agora, analisar cada um deles. 
A Lei 
 
É talvez, atualmente, a 
fonte do Direito por 
definição e excelência (ao 
menos certamente será 
aquela mais visível, pela 
própria publicidade que 
lhe é inerente) em nossa 
sociedade e representa o 
resultado final do 
processo de elaboração 
legislativa. 
No sistema de tripartição 
dos Poderes em que 
vivemos – com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário dotados de 
atribuições e competências diversas, todas elas definidas no texto constitucional – 
a tarefa da elaboração das leis toca exclusivamehte ao Poder Legislativo e, 
portanto, apenas a ele cabe legislar, vale dizer, votar e promulgar as leis. 
É certo que os projetos de lei podem partir dos demais Poderes ou mesmo da 
própria iniciativa popular, mas o seu trânsito pelo Poder Legislativo não pode ser 
suprimido, sob pena da violação de um dos fundamentos de nosso Estado e, assim, 
da nulidade ou inexistência do ato praticado. 
 
 
 
 
 
As leis obedecem a uma hierarquia, sendo a mais 
importante delas e a mais fundamental a 
Constituição Federal, na qual estão dispostos os 
fundamentos da Nação e seus elementos mais 
essenciais. 
A Constituição é fruto de um Poder específico, a que 
se denomina Poder Constituinte, e tem por 
finalidade apenas a sua elaboração, dissolvendo-se 
tão logo termine. Este Poder não tem qualquer 
restrição, em virtude da natureza do texto que lhe compete elaborar, no que se 
distingue dos demais Poderes, ditos Constituídos – justamente pela sua previsão 
no texto constitucional. 
 
Exemplificando, no Brasil temos 
três Poderes Constituídos, já 
anteriormente mencionados: 
Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário – criados pela 
Constituição Federal de 1988, 
obra dos trabalhos do Poder 
Constituinte, eleito para tanto e 
inconfundível com aqueles 
Poderes que concebeu na Carta 
Constitucional. 
Além da Constituição Federal temos, resumidamente, leis federais, estaduais e 
municipais, conforme sejam promulgadas pelos respectivos Poderes Legislativos. A 
abrangência e o alcance destas leis correspondem à competência territorial de 
cada uma dessas partições da Federação, assim, por exemplo, uma lei federal terá 
vigência em todo o território nacional, uma lei estadual do Rio de Janeiro terá 
vigência em todo o território do estado, enquanto uma lei municipal de Niterói terá 
vigência nos limites territoriais deste município. 
Sessão final de trabalho da Assembleia Constituinte, em 2 de setembro de 1988, após o 
encerramento da votação, com aprovação do texto final da nova Constituição do país. Fonte: 
Agência Brasil 
 
 
 
 
Eficácia da leino tempo 
A lei – assim considerada a fonte do direito positivo e o resultado do processo de 
elaboração legislativa – não é uma constante imutável, eterna e perene, dissociada 
da realidade social e humana e presente em qualquer momento histórico ou 
político. 
 
Nisso reside uma das características 
mais essenciais e igualmente mais 
desconsideradas das leis como ora as 
concebemos: a sua limitação no 
tempo e no espaço, ou seja, a 
determinação temporal e espacial de 
sua aplicação e obrigatoriedade. 
Diferem, assim, fundamentalmente, 
das leis naturais – que não possuem a 
sua mesma natureza – porque estas 
são evidentemente imutáveis, não se submetendo a lei da gravidade a qualquer 
contexto social ou político da humanidade, por exemplo (contextualizando: 
independentemente do sistema ou regime de governo de um País, 
independentemente de sua maior ou menor atividade econômica, jamais um objeto 
atirado para cima deixará de cair: a lei natural, a lei da física, é imutável e embora 
se diga que o próprio tempo é relativo tal consideração não altera a composição 
das leis naturais, tampouco aproxima a sua natureza das leis do direito positivo). 
Temos que o momento inicial de validade e obrigatoriedade de uma lei, como 
anteriormente pudemos comentar, é o momento de sua promulgação, que se dá via 
de regra com a publicidade de sua divulgação pela imprensa oficial; vimos, ainda, 
que a lei pode passar a surtir seus efeitos após um prazo por ela própria 
estabelecido, denominado vacância da lei. 
Importa agora sabermos quando a lei deixa de surtir os seus efeitos. Ou seja, 
quando a lei deixa de ser oponível, quando deixa de integrar o sistema de Direito. 
Em regra, as leis possuem duração indeterminada. Pressupõe-se que deixarão de 
surtir seus efeitos apenas quando foram revogadas (o que pode se dar expressa ou 
tacitamente), e isso deriva da necessidade de estabilidade e segurança nas relações 
sociais, que não existiriam se as leis fossem sempre concebidas com prazos de 
validade previamente determinados. 
Esse fato demonstra a relevância do Poder Legislativo e a seriedade de sua função: 
as leis não podem ser criadas senão sob o pressuposto de corresponderem ao 
estágio civilizatório atingido pela sociedade cuja vida regulamentam, e este não é 
percebido por prazo determinado, nem tem data prefixada para modificação – e 
por isso mesmo a promulgação de leis casuísticas, que apenas atendam a 
interesses imediatos, principalmente quando de titularidade limitada a certos 
segmentos sociais, não é a melhor técnica de elaboração legislativa, já que a 
sociedade não evolui na velocidade dessas demandas, ainda quando legítimas. 
 
 
É claro que excepcionalmente a lei pode 
determinar um prazo ao cabo do qual cesará 
sua vigência, mas essa não é e nem poderia ser 
a regra. Essencialmente a lei é revogada 
quando uma lei posterior de mesma 
hierarquia a revogue ou disponha de forma 
diversa sobre a mesma matéria; por isso 
geralmente no último dispositivo ou artigo de 
qualquer texto legal encontramos uma 
determinação que atende a uma fórmula 
genérica, segundo a qual “esta lei revoga todas as disposições em contrário”, 
importando em que, na data de sua entrada em vigor, deixarão de surtir efeitos 
aquelas normas expressamente revogadas. 
Mas nem sempre há essa disposição literal, sendo também usual e de igualmente 
boa técnica legislativa a revogação tácita, que se dá nas hipóteses em que, mesmo 
não dispondo expressamente a revogação de leis anteriores, a lei nova 
regulamenta inteiramente a relação que era objeto também da lei anterior. 
 
Por exemplo: a nova lei de locação de imóveis, mesmo que não o afirme 
textualmente, revogará a lei anterior que trate desta mesma matéria, já que, 
evidentemente, não podem subsistir dois sistemas legais distintos e contraditórios 
regulamentando uma mesma hipótese social. 
A irretroatividade da lei – ou seja, o fato de uma lei não poder viger sobre atos ou 
negócios praticados antes de sua vigência – é a regra para a sua eficácia, 
admitindo-se excepcioná-la apenas quando isso se der em benefício do réu, como, 
por exemplo, na retroatividade da lei penal quando se deixa de considerar 
criminosa a conduta praticada – e isso se fundamenta no próprio interesse social, 
já que não teria qualquer finalidade manter encarcerado, por exemplo, aquele que 
tenha cometido um ato que deixe de ser considerado criminoso em momento 
posterior ao seu julgamento. 
 
 
 
 
Eficácia da lei no espaço 
Assim como é importante analisarmos a aplicação da lei no tempo, não menos 
importante será o conhecimento de sua validade em dimensão espacial. Vimos 
anteriormente que nosso Estado possui três esferas de administração pública – as 
esferas federal, estadual e municipal – representadas respectivamente pela União, 
pelos estados e municípios; vimos também que em todas essas esferas há Poderes 
Legislativos com competência determinada e exclusiva sobre as suas respectivas 
dimensões territoriais. 
Essa é a mais clara hipótese dessa nossa análise: a própria divisão administrativa 
do Estado brasileiro já sinaliza para a eficácia da lei no espaço quando determina 
existirem Legislativos nas esferas federal, estadual e municipal, o que pressupõe 
logicamente a possibilidade de existirem leis que vigorarão nos limites dos 
respectivos estados e municípios, ou que sejam aplicáveis em todo o território 
nacional, conforme sejam leis estaduais, municipais ou federais. 
Nosso País é uma República Federativa em que determinadas matérias, por sua 
relevância, são de competência legislativa apenas federal, ou da União, como, por 
exemplo, as normas penais; outras serão de competência dos estados e, finalmente, 
outras ainda serão de competência municipal, segundo dispõe o próprio texto da 
Constituição Federal – e são exemplos matérias tributárias, em que se determina 
que alguns tributos terão sua legislação definida e serão arrecadados pela União 
(como o imposto sobre a renda), outros pelos estados (como o imposto sobre a 
propriedade de veículos automotores, ou IPVA) e outros, ainda, pelos municípios 
(como o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana, ou IPTU). 
Então, qual será o limite da abrangência espacial de uma lei? 
A resposta é simples: este limite será o limite de seu território, assim 
compreendido como o espaço localizado no interior de suas fronteiras. Em 
essência, temos que a lei federal adere a toda a superfície de nosso território, a lei 
estadual adere a toda a superfície do território do estado e a lei municipal à 
superfície territorial do município. 
Essa realidade nem sempre é isenta de conflitos, sendo comum se falar de “guerras 
fiscais” ou de “barreiras fiscais”, por exemplo, que nada mais representam senão o 
aspecto visível da aplicação das leis no espaço: quer entre países (como nos casos 
das lutas de alíquotas tributárias de exportação ou importação conforme 
determinado país proteja os interesses de seus produtores ou fabricantes, por 
exemplo), quer entre estados e municípios, como já pudemos observar em diversos 
momentos. 
Na verdade, a eficácia espacial da lei é de vital importância para qualquer 
administrador público, porque importa até mesmo no planejamento de políticas 
para determinados segmentos sociais ou para estratégias de crescimento. 
Como, por exemplo, as tarifas menores ou maiores de exportação ou importação de 
tecnologia ou de commodities segundo o mercado internacional no período, ou 
ainda as subvenções e incentivos públicos a certas atividades consideradas de 
interesse nacional, como, por exemplo, o estímulo à produção agrícola etc. 
Tamanha pode ser a relevância dessas disputas que não raro somos informados de 
disputas entre países em organizações multinacionais como a Organização 
Internacional do Comércio, sobre determinadas políticas que atingem os interesses 
de seus parceiros comerciais.A Jurisprudência 
 
Por jurisprudência entende-se o 
conjunto das decisões proferidas 
pelos Tribunais sobre determinados 
assuntos, e compõe as fontes 
clássicas do Direito, ao lado da lei e 
da doutrina, porém não sendo de 
menor importância dentro dos meios 
de sua formação. 
Sabemos que nosso Estado compõe-
se de três Poderes Constituídos, que 
são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Pois bem, já vimos que ao Poder 
Legislativo toca legislar, ou seja, é o Poder competente para elaborar as leis; 
todavia, o Legislativo não as aplica. Essa aplicação cabe, com exclusividade, ao 
Poder Judiciário, que é composto, novamente, na forma determinada pela 
Constituição Federal (em nosso caso, a de 1988). 
Embora seja exclusivamente 
competente para julgar, vale dizer, 
para interpretar a lei e aplicá-la a um 
determinado caso concreto (por 
exemplo, determinar que o Código 
de Defesa do Consumidor deve ser 
aplicado na hipótese de defeito em 
determinado produto, impondo a sua 
troca ou a devolução do valor pago ao cliente), o Poder Judiciário não atua 
discricionariamente – suas decisões devem ser baseadas não apenas na lei mas, 
ainda, nos demais elementos componentes de nosso sistema de Direito, e que 
englobam todas as suas outras fontes. 
 
A reunião dos julgados dos Tribunais é que se chama de Jurisprudência e 
demonstra não apenas como o Direito é interpretado por seus aplicadores ao longo 
do tempo mas, também, demonstra o grau de complexidade a que chegou 
determinada sociedade. 
 
 
 
 
Assim como quanto às leis, há hierarquia na Jurisprudência, e essa hierarquia 
corresponde, igualmente, à competência dos Tribunais. A composição do nosso 
Poder Judiciário inclui, em brevíssima síntese não restritiva: 
• o Supremo Tribunal Federal (a quem cumpre a interpretação da Constituição Federal); 
• os Tribunais Superiores (Superior Tribunal de Justiça, Superior Tribunal Militar, 
Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral); 
• os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais; 
• os Tribunais Regionais do Trabalho e os Juízes Trabalhistas; 
• os Tribunais Regionais Eleitorais; e 
• os Tribunais de Justiça dos Estados e os Juízes Estaduais, não havendo Poder Judiciário 
de competência municipal. 
Compõem ainda o Poder Judiciário 
os advogados e os Juízes de Paz. 
Os julgamentos são públicos e suas 
conclusões publicadas na imprensa 
oficial; essas conclusões, de fato, 
correspondem ao entendimento dos 
Tribunais sobre as matérias que 
foram objeto de seu julgamento, e 
compõem a Jurisprudência. 
A importância desta como fonte de 
Direito reside na necessidade da 
uniformização, tanto quanto possível, dos entendimentos dos Tribunais sobre os 
eventos da vida social, garantindo, assim, a maior segurança possível ao 
jurisdicionado (que é aquele subordinado ao Direito de um determinado Estado), 
que, a partir de seu conhecimento, pode determinar como a Justiça julgará a sua 
pretensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Doutrina 
Juntamente com a Lei e a Jurisprudência, temos a Doutrina como uma das fontes 
clássicas do Direito. 
Compõem a Doutrina os tratados, livros, artigos e demais obras intelectuais dos 
estudiosos do Direito, também chamados juristas, que representam as diversas 
visões científicas sobre as matérias que envolvam noções humanas, sociais e 
jurídicas. 
 
Sua importância reside no fato de ser 
o verdadeiro repositório dos estudos 
sobre as diversas áreas do Direito e 
seus aspectos técnicos, sociais, 
políticos e humanos, de tal forma que 
os advogados, julgadores, 
legisladores, analistas e demais 
operadores do Direito podem 
encontrar, em seu bojo, orientações 
fundamentadas tecnicamente sobre 
matérias que analisem. 
Vale destacar que, em sede 
doutrinária, o autor possui uma 
liberdade que via de regra não possuirá como advogado ou juiz, por exemplo, uma 
vez que não se encontra, como doutrinador, limitado pelos fatos de um processo. 
A doutrina é fonte fundamental do Direito justamente porque oxigena a sua teoria, 
proporcionando a seus estudiosos e operadores a análise de uma infinita 
variedade de visões sobre os seus institutos, auxiliando de maneira essencial a 
construção do pensamento jurídico e a sua elevação ao patamar civilizatório 
atingido pela sociedade cuja convivência se presta a regulamentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mecanismos Interpretativos 
A analogia 
A analogia se mostra uma fonte do Direito como um mecanismo de integração em 
que se aplica um exemplo para constituir um raciocínio, vale dizer, entende-se que 
a solução de determinado problema deve ser empregada para solucionar outro 
problema que lhe seja semelhante. 
 
Dessa forma, o processo analógico não 
representa senão um mecanismo para solução 
de um caso concreto para o qual não existe 
uma norma jurídica preexistente. Todavia, 
não se deve empregar o raciocínio analógico 
na hipótese em que a norma que se pretenda 
aplicar possua natureza eminentemente 
restritiva de direitos, como, por exemplo, a 
matéria da legislação criminal, em que o 
resultado poderá ser a restrição à liberdade, por exemplo. 
É evidente que a aplicação da analogia não poderá se dar indiscriminadamente, 
exigindo atenção à análise de elementos subjetivos que são a norma geral do 
Direito, o ramo do Direito ao qual pertence a norma em exame e as suas próprias 
características, sem o que a aplicação da analogia pode tornar-se despótica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-1.htm#more-info-3
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-1.htm#more-info-4
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-1.htm#more-info-4
A equidade 
 
Importa a equidade na adaptação de uma regra a 
uma situação em concreto, com a finalidade de 
melhor aplicar o Direito, vale dizer, empregando 
os critérios da justiça e da igualdade; tem por 
finalidade aproximar a norma jurídica da 
realidade da vida, uma vez que é impossível 
pretender impor a aproximação da vida humana 
à norma, abstratamente estabelecida. 
É justamente porque a vida humana e as relações 
sociais não derivam do conteúdo das normas de 
Direito que a equidade se revela um imprescindível instrumento de interpretação 
da lei e de aplicação da Justiça, pois vem a proporcionar mecanismos de aplicação 
adequada aos casos concretos, vivenciados no cotidiano das pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os usos e costumes 
Finalmente, os usos e costumes de um povo são fontes do Direito na medida em 
que demonstram o seu estado civilizatório, e os princípios considerados 
intrinsecamente relevantes para o exercício da vida em coletividade, mesmo 
quando não estejam previstos em qualquer norma legal ou código de conduta – 
talvez até mesmo pela desnecessidade dessa previsão formal, em razão do 
estabelecimento de seu uso. 
A reiteração de um ato, de um determinado comportamento, torna-se um hábito – 
isso em planos sociais ou mesmo individuais, embora nos ocupemos 
especificamente dos primeiros -, esse hábito pode vir a tornar-se um costume na 
medida em que a sua repetição se torne mandatória, ou seja, na medida em que os 
indivíduos entendam ser fundamental a continuidade de sua prática – hipótese em 
que o que era um simples hábito se torna revestido de consuetudo, tornando-se 
regra de conduta, norma de comportamento, mesmo quando não escrita. 
 
O Direito não se compõe unicamente pelas leis, resultantes do processo de 
elaboração legislativa. Outras fontes criam o Direito, regulamentando a 
convivência em sociedade. Essas fontes também geram Direito na medida em que 
criam normas de comportamento que passam a compor as regras de convivência 
em sociedade. Um exemplo são os usos e costumes do povo, que criam normas não 
escritas respeitadas socialmente como parte do SistemaJurídico, embora não 
estejam, necessariamente, elencadas no direito positivo ou nos textos legais. Assim, 
é certo que a vida social não se regerá unicamente pelas leis, decretos e demais 
normas escritas e codificadas, mas sim também por uma grande diversidade de 
fatores que se alteram na composição do corpo social. 
 
Para aprofundar o conhecimento dessa matéria estude os tópicos 11 a 15 do livro 
Introdução do Direito, de Clareci Mezzomo, constante da bibliografia de apoio. 
 
Vídeo da Unidade 
Para se aprofundar sobre os ramos do Direito e suas interseções na atividade 
empresarial, assista ao vídeo da unidade. 
Se preferir, faça o download do áudio (mp3 compactado) deste vídeo clicando aqui. 
 
 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-1.htm#more-info-5
https://player.vimeo.com/video/341571497
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/audio/G_DAG_U1_mp3.zip
Aula 2Os ramos do Direito e a Gestão 
Definição do Direito 
Como já vimos, o Direito – numa acepção restrita, considerado apenas como o 
conjunto de normas positivadas – tem origem nas leis, que são atos oficiais 
promulgados pelo Poder Legislativo – resultado da elaboração do processo 
legislativo – e que atendem a requisitos como a publicidade, a forma, a obediência 
ao texto constitucional, além de possuírem uma hierarquia, compondo um sistema 
estruturado sob certa composição prevista constitucionalmente. 
 
 
 
 
Também aprendemos que compõem o Direito, 
em sentido amplo, ou numa acepção mais 
inclusiva (e ampliando a visão para tratá-lo 
como um sistema), outras fontes que o 
constituem, juntamente com as leis, todavia sem 
sua rigidez e sem a necessidade de obediência 
às suas formalidades, ritos e normas 
procedimentais, que são a analogia, a equidade, 
os usos e costumes e, finalmente, são fontes de 
Direito, ainda, o conjunto das decisões dos Tribunais (a Jurisprudência) e os 
entendimentos expostos nas obras dos estudiosos, ou a doutrina. 
Nesta aula vamos analisar como se organiza e estrutura o Direito em seus planos 
positivos, ou seja, como se dividem, dentro do chamado Sistema Jurídico – que é o 
conjunto de todo o Direito de um determinado povo, seja oriundo de qualquer das 
suas fontes –, os diversos conjuntos de normas jurídicas que regem a vida dos 
cidadãos e os negócios das empresas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seu conhecimento é fundamental porque, em primeiro lugar, o cidadão deve 
conhecer seus direitos e deveres e isso pressupõe o conhecimento das estruturas 
políticas e sociais do Estado em que vive, e isso pressupõe o domínio das 
estruturas judiciárias; e, depois, porque não se admite que uma empresa vá 
interagir negocialmente desconhecendo as estruturas de decisão nas diversas 
matérias de sua ação e abrangência empresariais. 
 
A mais importante das normas jurídicas de qualquer Estado 
é a Constituição. Como sua própria denominação sugere, é 
o texto fundamental do ordenamento jurídico, político, 
econômico e social de um País e, de todos os Diplomas 
Legais (ou textos legais) de qualquer ordenamento 
organizado, sempre será o primeiro e mais importante. 
Todos os demais derivam dele e todos devem respeitar 
a sua orientação e o sistema por ele seguido. 
 
A Constituição é promulgada por um Poder especialmente reunido para sua 
elaboração, um Poder diverso de todos os demais – ou seja, um Poder diverso dos 
Poderes já analisados, Executivo, Legislativo e Judiciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O deputado Ulysses Guimarães mostra a Constituição brasileira, promulgada em 1988. 
Fonte: Agência Brasil 
O Poder Constituinte, por sua própria natureza – enquanto Poder reunido para a 
elaboração do texto fundamental de um Estado – não possui qualquer limitação, 
podendo, literalmente, dispor sobre a formação, a organização, as estruturas e os 
princípios não apenas do Direito de um país, mas, também, do próprio Estado em 
toda e qualquer uma de suas manifestações. 
Apenas para contextualizar, é na Constituição Federal que: 
• se encontram definidas a forma e o sistema de governo do Brasil – uma República 
Presidencialista; 
• se encontra a disposição acerca da própria existência dos três Poderes (por isso 
mesmo ditos Poderes Constituídos) e a sua divisão em Executivo, Legislativo e 
Judiciário; 
• estão delimitadas as suas estruturas e competências. 
Não existindo qualquer limite para o Poder Constituinte, ele poderia, por exemplo, 
ter determinado que o Brasil se tornaria uma Monarquia, ou ter adotado o regime 
parlamentarista; poderia ter criado um “quarto Poder” do Estado – na verdade a 
nossa primeira Constituição, a Constituição Imperial, de 1824, estabelecia um 
Poder além dos três hoje existentes, o Poder Moderador, exercido exclusivamente 
pelo Imperador (o Poder Moderador foi abolido de nossos textos constitucionais 
com o advento da República e consequentemente deixou de ser previsto em nossa 
segunda Constituição, de 1891), poderia, enfim, ter estabelecido que os estados se 
tornariam territórios – o inverso foi realizado, os antigos territórios tornaram-se 
estados. 
Como podemos perceber, sintomaticamente, as consecutivas alterações de regime 
e de sistema de governo que ao longo de nossa História sucederam foram seguidas 
pela promulgação de novas Constituições. Foi assim quando da proclamação da 
República; foi assim após a Revolução de 1930, que encerrou o ciclo político hoje 
denominado República Velha, por exemplo. 
Já vivemos sob a égide das seguintes Constituições: 
http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/galeria/2009-10-05/5-de-outubro-de-2009
 
1824 
Constituição Imperial. 
 
1891 
Primeira Constituição Republicana. 
 
1934 
Promulgada após a Revolução de 30 e a Revolução constitucionalista de 1932. 
 
1937 
Que implantou o Estado Novo. 
1946 
Promulgada com a queda do Estado Novo, coincidentemente após o final da II 
Guerra Mundial e a derrota dos regimes totalitários na Europa. 
 
1967 
Buscou institucionalizar e legalizar o regime militar. 
 
1988 
Atual Constituição Federal, promulgada ao final do ciclo dos governos militares. 
Enfim, a Constituição Federal é, como já visto, um Diploma Jurídico de natureza 
ímpar, é a norma fundamental do Estado, dispõe sobre as estruturas sociais, 
econômicas, políticas e jurídicas e, portanto, também determina a natureza e a 
orientação de todos os demais textos legais. 
Assim, o Poder Constituinte não obedece a qualquer sistema jurídico ou a qualquer 
ordenamento; ele o faz. Todo e qualquer dispositivo de lei ou Diploma Legal que 
eventualmente contenha disposição contrária ao texto constitucional estará 
imediatamente revogado quando ela entrar em vigor, assim como todo e qualquer 
dispositivo ou Diploma Legal superveniente ao texto constitucional lhe deve 
obediência e, naturalmente, não poderá contrariá-lo. 
Portanto, quando tratamos de nosso Ordenamento Jurídico, de nosso Sistema de 
Direito, em primeiro lugar e com natureza especial, única e própria, teremos a 
Constituição Federal, a quem todos os demais se subordinam e de quem todos 
derivam. 
Todavia, estruturado pelo texto constitucional temos um arcabouço jurídico que 
contém blocos ou sistemas peculiares, que são assim definidos pela natureza das 
suas respectivas matérias ou pela natureza dos direitos que regulamentam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação do Direito 
Antes mesmo da análise dos ramos do Direito brasileiro, importante destacar que 
dividimos o sistema jurídico em ampla análise em: 
 
• Direito Nacional 
Aquele composto pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
• Direito Internacional 
Aquele composto pelos Tratados e Convenções internacionais de que o Brasil seja 
signatário – quer sejam bilaterais ou multilaterais. 
 
É relevante mencionarmos, ainda, que uma vez chancelados os Tratados, 
Convençõesou Acordos Internacionais, suas normas passam a viger no Brasil 
não somente quanto às relações entre os cidadãos de nosso Estado com 
estrangeiros em planos internacionais, mas, ainda, dependendo de sua 
natureza, tornam-se imperativas de conduta em nosso território, regendo 
relações entre cidadãos brasileiros. 
Como, por exemplo, aquelas normas que determinam a inserção de 
dispositivos de inspiração internacional em nossos Diplomas Legais, versando 
sobre temas de natureza específica. 
Em planos de Direito Internacional, teremos ainda a subdivisão abaixo: 
 
• Direito Internacional Público 
Regulamenta as relações entre indivíduos e países. 
Por exemplo, uma questão referente à imigração de um estrangeiro para nosso País. 
• Direito Internacional Privado 
Trata das relações entre os indivíduos em seus diversos sistemas jurídicos. 
Por exemplo, divórcio de indivíduos ora residentes no Brasil, mas que contraíram 
matrimônio no estrangeiro (partilha dos bens etc.) 
 
Dessa forma, o gestor de uma empresa dedicada ao comércio internacional, à 
exportação ou à importação deverá ter conhecimento de normas de Direito 
Internacional, além daquelas que regulamentem os negócios de sua expertise, 
já que diferentes países terão diferentes legislações e emprestarão 
tratamentos diversos às mesmas matérias, pelo que o administrador vai se 
defrontar com diferentes hipóteses de incidência e alíquotas tributárias, 
diferentes normas penais, diferentes normas trabalhistas, diferentes normas 
contratuais, de direito do consumidor ou de responsabilidade civil, por 
exemplo, na atuação internacional. 
Porém, ainda quando a sua atuação circunscreve-se ao nosso território, deixa 
de ser complexo o panorama a ser conhecido: em planos nacionais – ou na 
competência interna – também dividimos os sistemas de Direito em blocos, 
não apenas para facilitar a sua compreensão e análise, mas também para 
permitir a própria especialização de seus agentes e operadores. 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
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A primeira das divisões distingue dois grandes blocos de estruturas jurídicas: 
os sistemas de Direito Público e de Direito Privado. Essa distinção se faz em 
virtude da natureza das relações que rege cada um desses sistemas e dos 
Diplomas Legais que os compõem. 
 
• Direito Público 
Matérias que digam respeito a direitos considerados indisponíveis, como, por exemplo, os 
direitos à vida e à liberdade (são direitos que, pela sua própria natureza, não podem sofrer 
limitação, ainda que voluntária e ainda que pretendida pelo seu titular). 
• Direito Privado 
Matérias que versem sobre direitos que possam ser objeto de transação pelos cidadãos, ou 
seja, direitos disponíveis, como por exemplo, e via de regra, as relações patrimoniais. 
 
Como exemplos temos o Direito Penal, como ramo do Direito Público – porque 
cuida de direitos absolutamente indisponíveis, como a liberdade, e o Direito 
Civil, em regra, como um ramo do Direito Privado, porque dispõe sobre 
direitos patrimoniais, essencialmente disponíveis (sem essa disponibilidade a 
própria circulação de riquezas na sociedade ficaria comprometida, com 
prejuízo das atividades comerciais e econômicas). 
 
Dissemos que o Direito Civil será um Direito Privado em regra porque 
atualmente o Direito Civil abrange várias matérias que se constituem em 
direitos indisponíveis, tais como os Direitos da Personalidade, e versam sobre 
a vida, a integridade física, a moral, o direito à intimidade e à vida privada, o 
direito ao nome, entre outros de idêntica natureza, claramente essenciais não 
apenas às pessoas, mas a toda a sociedade. 
 
Apenas para contextualizarmos, o direito civil versará sobre direitos 
essencialmente disponíveis, como aqueles referentes à compra e venda, em 
que qualquer das partes (comprador ou vendedor) pode, livremente, dispor de 
seu patrimônio e realizar o negócio na forma e pelo valor que bem entenda e 
também sobre direitos absolutamente indisponíveis, como, por exemplo, os 
direitos da personalidade, de onde podemos destacar o direito às partes do 
corpo, que encerra uma regra até mesmo lógica segundo a qual o cidadão não 
poderá dispor de seus órgãos ou membros, exceto nas hipóteses de 
doação post mortem de órgãos e tecidos, e, ainda assim, na forma 
determinada por legislação específica e sob o estrito controle do Poder 
Público (que é a garantia de que esse tipo de relação não se tornará negocial, 
porque seria abominável o estabelecimento de um comércio de órgãos). 
 
 
 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
Os ramos do Direito Público se caracterizam, em primeiro lugar, pela 
presença do Estado; em sua posição estática (como legislador, ou ordenador 
abstrato da sociedade, por exemplo), no Direito Constitucional positivo, ou 
em sua posição dinâmica (em sua função de administrador dos interesses e 
planejador social, em que efetivamente atua, regulamentando, gerindo e 
organizando a sociedade, por exemplo), no Direito Administrativo – que 
vincula a Administração Pública – ou no Direito Tributário – no qual o Estado 
age como balizador das relações econômicas, como distribuidor das riquezas 
em sociedade; como atua, ainda, na solução dos conflitos (em sua função de 
Estado – Juiz, por exemplo), no Direito Processual, ou em sua função de 
organização social, por exemplo, no Direito Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como pudemos ver, no Direito 
Público, o interesse do Estado é 
imediato – ou seja, ele se posiciona 
como parte na própria relação 
jurídica com o cidadão (como, por 
exemplo, no Direito Tributário, em 
que, além de criar o tributo e 
determinar a sua alíquota, o Poder 
Público ainda realiza a arrecadação), 
ou como responsável pela aplicação 
das normas (como, por exemplo, 
quando o Estado administra a 
Justiça, funcionando como Estado – 
Juiz), na hipótese do Direito 
Processual de qualquer natureza (Penal, Civil, Administrativo ou Tributário), ou 
quando atua planejando as políticas públicas ou aplicando-as. 
Dizemos que o interesse do Estado, nos ramos do Direito Público, é imediato 
porque em nosso modelo civilizatório ele é a fonte e a garantia da administração 
das relações sociais, não sendo admissível aos cidadãos o exercício das próprias 
razões, pelo que a composição de conflitos de interesses deve passar pela 
apreciação do Poder Público, que detém o monopólio da aplicação da Justiça e, via 
de consequência, o monopólio da utilização da violência, lhe tocando – com 
exclusividade – o exercício do Poder de Polícia e a administração da Justiça. 
 
Sabemos que a violação de um contrato gera consequências patrimoniais para 
aquele que lhe deu causa, assim como sabemos que o inadimplemento gera o efeito 
da imposição de multa pela mora ou o próprio desfazimento do negócio com culpa 
de um dos contratantes – o que pode gerar a obrigação de indenizar; todavia, ainda 
que saibamos exatamente que tais condutas levam à constituição de direitos em 
favor de um dos contratantes, ele não poderá exercer esses direitos ou satisfazer 
essas pretensões por seus próprios meios, devendo requerer ao Estado – Juiz a 
tutela de suas pretensões, que é exatamente o que fazemos quando ingressamos 
com uma ação junto ao Poder Judiciário (que, como já vimos, é um dos Poderes 
Constituídos do Estado). 
O cidadão que compra um bem e não o recebe na data aprazada não se torna 
sujeito do direito de ir à loja do vendedor e apanhá-lo por força própria. O 
exercício das próprias razões pelos cidadãos levaria à anarquiae ao império da 
força, que representam a própria negação do Direito e do Estado em última análise. 
 
 
 
 
Atuação do Estado 
Posição Estática – Legislador, ordena a sociedade abstratamente – Direito 
Constitucional 
Posição Dinâmica – Executivo, administrador da sociedade, gestor – Direito 
Administrativo 
Posição Dinâmica – Executivo, organiza as finanças públicas – Direito 
Tributário 
Estado – Juiz – Composição dos litígios em sociedade – Direito Processual 
Estado organizador social – Prevenção da criminalidade – Direito Penal 
 
É evidente que esta divisão não esgota as possibilidades da matéria, muito 
menos é isenta de divergências. Por exemplo, a natureza do Direito do 
Trabalho é fonte de acalorados debates, havendo correntes que o inserem 
entre os Direitos Públicos (a que nos filiamos) e outras que o inserem entre os 
Direitos Privados. 
 
Nos posicionamos com os primeiros, entendendo tratar-se de um ramo do 
Direito Público, porque, em nosso sistema, as relações entre patrões e 
empregados, ou as relações laborais, não se revestem apenas de 
características privadas, já que a própria rescisão do contrato de trabalho 
pressupõe a interveniência do Estado ou de um sindicato, por exemplo. 
 
Mas nem sempre o Estado terá interesse imediato no resultado das relações 
entre os indivíduos, e é claro que nem sempre será uma das partes nessas 
relações. Os ramos do Direito em que os interesses se revestem dessa 
característica – não serem de interesse imediato ou objetivo do Estado – se 
denominam ramos de Direito Privado, sendo exemplos o Direito Civil e o 
Direito Empresarial. 
 
Para aprofundar o conhecimento dessa matéria estude os tópicos 8 a 10 do 
livro Introdução do Direito, de Clareci Mezzomo, constante da bibliografia de 
apoio. 
 
Barreiras alfandegárias são barreiras comerciais estabelecidas pelos governos 
com o objetivo de controlar o intercâmbio internacional de mercadorias. É a 
forma mais comum de proteger o mercado interno. Essas barreiras são 
medidas e instrumentos com finalidades políticas e comerciais, normalmente 
utilizadas para estimular setores econômicos específicos internos de cada 
país, que impedem o livre comércio. Podem ser praticadas na forma de 
tarifas, cotas e licenças de importação, incluindo qualquer lei, regulamento, 
política, medida ou prática governamental que imponha restrições ao 
comércio exterior. 
Fonte. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Barreira_alfandeg%C3%A1ria
Aula 3 O Estado Democrático de Direito no Brasil 
Formação do Estado 
Já mencionamos que a condição 
natural do ser humano demanda a 
convivência social, impõe a vida em 
sociedade; ainda quando vivia em 
nomadismo – antes de sedentarizar-
se –, o homem não vivia sozinho, e 
isso é um imperativo natural. A 
defesa contra eventos naturais, 
predadores e mesmo outros grupos 
concorrentes levou o homem a viver 
em coletividade. 
Inicialmente essa vida em coletividade se lastreava na necessidade de defesa do 
grupo, necessidade posteriormente ampliada pela divisão das tarefas, levando à 
criação (ou à percepção) de um ente abstrato, além dos indivíduos que o compõem, 
que todavia com eles não se confunde, que é a sociedade, formada pelo conjunto 
dos homens que vivem e interagem sob certa comunidade de desígnios. 
 
A percepção da existência de um interesse coletivo, inconfundível com todos os 
interesses individuais dos membros da coletividade, demonstrou que o ser 
humano, para sua inter-relação com os demais, criaria uma instituição abstrata 
chamada lato sensu de sociedade. 
 
E essa abstração dotada de interesses e finalidades próprias tornou-se 
verdadeiramente imprescindível à sobrevivência do ser humano em uma natureza 
onde, mesmo sendo o mais inteligente dos animais e talvez o mais adaptável ao 
meio ambiente, nem de longe era o mais forte, o mais resistente ou o mais feroz. 
 
Nunca prescindimos dessa entidade a que denominamos sociedade. Sempre nos 
organizamos sob essa premissa e consideramos essencial sua existência para o 
desenvolvimento de nossa própria humanidade (porque não prescindimos do 
contato e da interação social com nossos semelhantes, diferentemente de outras 
espécies de animais em que a convivência se limita à época do acasalamento e se 
estende apenas pelo período de proteção da cria). 
 
 
 
 
 
 
Para que existamos, formamos vínculos: vínculos 
com indivíduos que nos são próximos, ou afins; 
vínculos com grupos deles, previamente 
organizados; vínculos com o local onde 
nos encontramos, enfim, formamos uma 
rede de inter-relações que nos conectam 
uns aos outros, ao meio ambiente, à 
localização geográfica de nossa 
coletividade e até mesmo à memória 
coletiva por ela formada ao longo das 
sucessivas gerações, o que nos dá a sensação 
de pertencimento que nos une a uma 
determinada cultura, depois a uma mesma 
nacionalidade. 
Ocorre que sempre foi impossível a convivência dentro de qualquer grupamento 
social sem o prévio estabelecimento de normas de conduta, de limites para o 
comportamento dos seus integrantes – limites à vontade e à liberdade de atuação 
em sociedade, de limites que estabelecessem, de uma forma comum e 
coletivamente aceita, os direitos e deveres de cada um em face dos demais 
individualmente ou da própria coletividade em si, aí considerada como um ente 
específico. 
 
A esses grupamentos chamou-se posteriormente Estados e a esses conjuntos de 
normas de conduta dos seus membros chamou-se posteriormente Direito em 
sentido amplo. 
 
Vê-se, portanto, que o Estado é decorrência natural da organização buscada pelo 
ser humano e que o Direito é inerente à própria formação do Estado, já que fora 
dele teríamos apenas a liberdade essencial à selvageria, do uso da força como 
manifestação de vontade. 
 
A concordância tácita quanto às normas de conduta admitidas na coletividade 
reproduziam-se indeterminadamente, já que eram representações do estágio 
civilizatório por elas alcançado; ao indivíduo não mais se consultaria, não mais lhe 
seria pedida aquiescência para a normatização social a cada momento, porque já 
pré-sabidos os pontos em comum essenciais aos interesses de todos os seus 
membros. 
 
 
 
Assim foi que o nascimento sob certa coletividade passou a determinar um 
conjunto preestabelecido de normas que regulamentariam a interação social do 
indivíduo, assim vinculado, portanto, a esse sistema desde o nascimento ou, 
eventualmente, desde a sua inclusão em determinado grupo, quando passava a 
viver sob suas regras como se natural ao mesmo. 
 
Conforme as sociedades evoluíam, os próprios indivíduos que as integravam 
tornavam-se mais sofisticados, diversificando os seus interesses e necessidades 
(que um dia limitaram-se à alimentação diária para a manutenção da vida) e, com 
isso, sofisticando e diversificando cada vez mais o tecido social a que pertenciam. 
 
Dessa crescente sofisticação, que 
ainda não superamos em nosso 
estágio de civilização, nasceram 
sociedades cada vez mais complexas, 
reguladas por conjuntos de normas 
cada vez mais abrangentes e também 
complexos, sofisticados, porque 
concebidos para organização de 
relações que ultrapassaram em 
muito a simplicidade original. 
 
Nossa sociedade virtual e da 
informação em muito pouco será capaz de lembrar aquela sociedade dos primeiros 
homens, a não ser pelas características atávicas de seus integrantes; porém, em 
termos de regramento da vida dentro do conjunto social, torna-se evidente ser 
impensável aplicar ao comportamento humano atual as mesmas normas e regras 
aplicáveis às sociedades antecedentes à escrita, por exemplo. Assim, é certo que as 
necessidades que nortearão a construção e a tessitura das normas de 
comportamento sociais se construirão ao longo do processo de construção 
histórico-social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-3.htm#more-info-1https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-3.htm#more-info-1
A evolução do Estado ao longo da história humana é notável e fascinante. Desde as 
sociedades mais antigas até a atualidade presenciamos alterações estruturais 
nessa instituição tão profundas que nos dão a impressão de por vezes estarmos 
nos referindo a instituições inteiramente díspares entre si quando, na verdade, 
fundamentalmente nos une a necessidade de vida em coletividade para a 
realização de nossa própria humanidade. 
 
Não cabe aqui tecermos o panorama desde os primórdios da sociedade humana até 
nossos dias, já que não é este o objeto de nosso estudo. Porém devemos atentar 
para o fato de que ao longo da evolução de nossa história passamos por diversos 
períodos econômicos, sociais e políticos – e esses diferentes períodos impuseram a 
constituição de diferentes Estados, concebidos para a regulamentação de 
diferentes sociedades. 
 
Ainda hoje podemos notar profundas distinções entre os Estados organizados, que 
refletem as distinções entre as culturas, os valores e os interesses dos diversos 
povos componentes do gênero humano; ainda que tenhamos trabalhado, 
principalmente a partir de meados do séc. XX, para a elaboração de um arcabouço 
comum a todas as sociedades e culturas, é certo que subsistem diferenças 
claramente perceptíveis, levando a um mundo em que interagem Estados baseados 
na orientação religiosa ao lado de Estados laicos (aqueles em que a administração 
pública não determina uma religião oficial), Estados monárquicos e outros 
republicanos, Estados parlamentaristas e outros presidencialistas, Estados que 
aplicam punições como a pena de morte ou de mutilação e outros que as baniram 
de seu ordenamento jurídico etc. 
 
 
 
Também o Brasil em que vivemos é o resultado a que chegamos em nosso estágio 
de civilização; é o momento cultural, histórico, social e político que atingimos, e 
suas instituições representam esse grau e essa medida. 
 
Numa brevíssima síntese, fomos Colônia, Reino Unido, Império e República – e, em 
nossa história republicana passamos por regimes ditatoriais de diversos matizes, 
outros democráticos, experimentamos o parlamentarismo, tivemos o voto 
censitário e limitado ao sexo masculino, passamos ao sufrágio universal, enfim, 
nossa sociedade passou por profundas mudanças em sua estrutura desde o início 
de nossa história como povo até chegarmos aos dias atuais. 
 
Nosso Estado tem a sua dimensão política – social e jurídica – determinada pela 
Constituição Federal. Ela, como Diploma fundamental de nosso Ordenamento 
Jurídico, determina o regime, o sistema e a forma de governo; os Poderes 
Constituídos e sua composição; os tributos, suas hipóteses de incidência e os 
titulares destes créditos; a administração pública; enfim, determina a estrutura do 
Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Estado brasileiro na Constituição Federal 
A composição do nosso Estado se encontra logo no primeiro artigo da Constituição 
Federal, que dispõe: 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I. a soberania; 
II. a cidadania; 
III. a dignidade da pessoa humana; 
IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V. o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
Percebemos, portanto, que segundo a Constituição Federal de 1988 o Brasil é uma 
República Federativa, composta pela união indissolúvel dos estados, municípios e 
Distrito Federal. Vale dizer: somos uma República formada pela Federação de 
entes públicos que chamamos estados, municípios e o Distrito Federal. Além do 
regime de governo esse dispositivo determina a indissolubilidade da União, 
determina a proibição do seu desmembramento, bem como da saída – voluntária 
ou não – de qualquer dos estados ou municípios. 
 
Também determina que nos constituímos em um Estado Democrático de Direito, 
portanto, nosso Estado pressupõe a participação popular na determinação das 
políticas e da gestão públicas e a supremacia da lei, que vincula não apenas os atos 
dos cidadãos como, principalmente, os atos da administração pública, do governo. 
 
Os fundamentos de nosso Estado estão delineados nos incisos do dispositivo ora 
sob análise, prendendo-se à soberania, à cidadania, à dignidade da pessoa humana, 
ao pluralismo político e aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. 
Passemos à análise de cada um deles em planos teóricos. 
 
 
 
 
 
 
 
Soberania 
 
Foi Jean Bodin o primeiro teórico a elaborar 
um conceito de soberania, referindo-se a ela 
como à entidade que não conhece superior 
na ordem externa nem igual na ordem 
interna, não admitindo subordinação a 
qualquer outra externamente, na seara 
internacional, tampouco admitindo um 
poder idêntico internamente, na seara 
nacional. 
 
 
 
 Jean Bodin (1530-1596): jurista francês 
Portanto, a condição de um Estado independente, que não se mostra uma colônia 
de qualquer outro Estado e também não admite a existência de poder que rivalize 
com o seu em sede nacional ou em planos internos. 
 
Sua definição, tecida para sustentar a Monarquia francesa, foi posteriormente 
aperfeiçoada no Iluminismo, tendo o centro do Poder e da autoridade migrado da 
pessoa do Rei para a soberania popular, ou, exatamente como estabelece o 
parágrafo único do artigo 1º ora sob análise, a manifestação soberana da vontade 
do povo (de quem emana todo Poder e em nome de quem todo Poder deve ser 
exercido). 
 
É fato que o conceito de soberania vem se alterando ao longo da História, e isso se 
verifica mesmo em razão das mudanças de regimes, de Estados e de governos; 
porém as características da não subordinação a qualquer Poder externo e da não 
equiparação a qualquer Poder interno se mantêm, posto serem verdadeiramente 
essenciais para a formação do Estado. 
 
Significa dizer que, para ser soberano, um Estado não pode se subordinar a 
nenhum outro na comunidade internacional; mesmo sendo eventualmente menos 
rico ou poderoso que outros Estados, não pode haver relação de subordinação que 
o transforme em um território ou em uma colônia, porque nessas hipóteses 
simplesmente inexiste a soberania. 
 
 
Em esfera interna, é soberano o Estado quando mantém o poder sobre todo o seu 
território, não havendo quem lhe anteponha autoridade de igual calibre. Por isso 
não se admite que se mantenham poderes paralelos dentro do território de um 
Estado – e daí a gravidade da existência, dentro de qualquer Estado, de locais em 
que a sua autoridade não é respeitada, ou em que seus poderes constituídos não 
podem ser impostos a todos os cidadãos. 
 
Já vimos que dentre as atribuições exclusivas do Estado se encontram a 
administração da Justiça e a administração da violência; qualquer usurpação 
desses monopólios impõe a perda da soberania e, em consequência, a própria 
destruição do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cidadania 
 
Diz-se cidadania o exercício dos 
direitos e deveres políticos, sociais e 
civis pelo cidadão, ou na origem do 
termo o residente de uma cidade, 
aquele que vive em sociedade, 
interagindo com seus concidadãos, 
ou seja, com os seus iguais em 
obrigações e em direitos. A cidadania, 
na medida do pertencimento a 
determinada coletividade, determina 
a faculdade de fruir das prerrogativas 
e a obrigação de obedecer às normas impostas por seu Estado. 
 
Assim como dissemos quando do estudo da soberania, também o conceito de 
cidadania sofreu alteraçõesao longo da história, todavia mantendo o seu requisito 
essencial de participação em igualdade de direitos e obrigações, e, atualmente, 
caminhamos para o exercício universal em sociedade da condição de cidadania. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pluralismo 
Por pluralismo político entende-se o direito de 
que são titulares todos os Partidos Políticos à 
participação no processo eleitoral, ainda que 
sejam pequenos, ainda que não disponham de 
poder econômico, todos os partidos constituídos 
legalmente têm direito de participação de 
eleições cujas regras tenham sido preconcebidas, 
participando do poder político, votando e sendo 
votados. 
 
É fundamental na medida em que, representando o reconhecimento da 
diversidade, impede a concentração do poder nas mãos de poucos partidos, 
permitindo, ainda, que novos partidos se organizem e participem do processo 
político – eleitoral em igualdade ideal de condições. 
 
Importante mencionarmos que o pluralismo político não significa igualdade de 
condições econômicas entre os partidos, mas sim que nenhum deles terá a sua 
regular constituição impedida; tampouco, uma vez legalmente constituído, poderá 
ser alijado do processo eleitoral. 
 
É pressuposto do efetivo exercício da democracia em tempos atuais, 
principalmente quando podemos observar a polarização das relações eleitorais, 
com a consequente concentração, em certas legendas, do poder econômico e 
político; a garantia da liberdade de constituição de partidos políticos funciona, 
assim, como equivalente à liberdade do exercício do voto pelo cidadão, não se 
admitindo a limitação do exercício da vontade popular por meio do controle de sua 
representação – o que ocorreria caso o Estado pudesse livremente limitar o direito 
de constituição e participação no processo eleitoral. 
 
Todavia, não se admitir o cerceamento da constituição de legendas de 
representação política não equivale a tornar inexistente a legislação eleitoral, 
principalmente pela importância de que se reveste esse processo. 
 
A dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental do Estado Democrático 
de Direito e impõe o reconhecimento de cada ser humano como um fim em si 
mesmo, no tocante à proteção que lhe deve ser garantida pelo Direito e se assenta 
no pensamento de Immanuel Kant. 
Para aprofundar o conteúdo desta aula, estude os tópicos 3 e 4 do livro Teoria 
Geral do Estado de Marcus Cláudio Acquaviva, constante da Bibliografia 
complementar.

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