Buscar

yugue_et_me_soro

Prévia do material em texto

EDUARDO TADASHI YUGUE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desafios e potenciais soluções para 
reciclagem de embalagens plásticas 
flexíveis pós-consumo no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sorocaba 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
EDUARDO TADASHI YUGUE 
 
 
 
 
 
Desafios e potenciais soluções para 
reciclagem de embalagens plásticas 
flexíveis pós-consumo no Brasil 
 
 
 
Dissertação apresentada como requisito para a 
obtenção do título de Mestre em Ciências 
Ambientais da Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho” na Área de 
Concentração Diagnóstico, Tratamento e 
Recuperação Ambiental 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Sandro Donnini Mancini 
Co-Orientador: Prof. Dr. José Arnaldo Frutuoso Roveda 
 
 
 
 
Sorocaba 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, pela dádiva da vida, pelas minhas capacidades, 
pelas oportunidades, pelas alegrias e pelos desafios vencidos pelo caminho. 
Aos meus pais Toshiyasu (in memoriam) e Sumiko (in memoriam), por todos 
ensinamentos, essenciais na formação do meu caráter e profissionalismo, e pelo 
incessante incentivo. 
À minha família, minha esposa Patrícia e meu filho Enzo, pelo apoio incondicional, 
pela paciência, pelas horas de ausência para eu poder me dedicar a este trabalho 
de mestrado. 
Ao meu irmão Ricardo, primeiro por me mostrar o caminho e abrir as portas para a 
universidade, e pelas discussões e orientações em relação à elaboração desta 
dissertação do mestrado. 
Aos meus orientadores Sandro Donnini Mancini, por aceitar me orientar, e 
efetivamente por todas as orientações e pela dedicação com a revisão da 
dissertação; e ao José Arnaldo Frutuoso Roveda que desde o início acreditou na 
proposta deste trabalho, me incentivou e me orientou nos primeiros passos. 
À Bruna de Mônaco Lopes, que me inspirou inicialmente para aceitar o desafio de 
fazer um mestrado em paralelo com todas as atividades profissionais, que é o que 
ela estava fazendo quando à conheci na Mondelez. Aí vi que seria possível. Daí, 
isso virou meta. E agora, meta atingida. 
Aos meus ex-gestores e mentores: Fernando Von Zuben, Satio Umeda, Roberto 
Stefanini, Dan Rank, Anne Roulin e Emiliano Barelli. A todos o meu agradecimento 
por todo ensinamento e mentoria, importantes para na minha formação profissional. 
Especialmente ao Emiliano, por concordar e me incentivar a fazer o mestrado em 
paralelo às minhas atividades profissionais como gerente de embalagens da 
Pepsico. 
A todos os meus mestres e gurus da área da embalagem no Brasil, em especial ao 
Fábio Mestriner, Lincoln Seragini, Antônio Cabral e Gizela Schulzinger. Pela 
inspiração, pelas idéias brilhantes, pela inovação em embalagem e por promover o 
valor da embalagem na sociedade brasileira. 
 
Aos colegas da comunidade da Embalagem no Brasil: Assunta Camilo, Álvaro 
Azanha, Cristina Sartoretto, Aparecido Borghi, Paulo Pereira, Luciana Pelegrino, 
Eloisa Garcia, Claire Sarantópoulos, Liliam Benzi, Leda Coltro, Márcio Pinheiro, 
Inês Garcia, Isabella Salibe, Julio Cruz Lima Neto, Daniel Santi, Paulo Pazinatto, 
Márcio Kimura, Marcos Palhares, Monica Telfser, Aldo Mortara, Ricardo Hiraishi, 
Sergio Bianchini e muitos outros, pela disponibilidade para troca de informações e 
conhecimentos. 
Aos colegas da comunidade da Embalagem & Sustentabilidade Ailton Storolli, 
Bruno Pereira, Silvia Rolim, André Vilhena, Cristiani Vieira, Leda Coltro, Luis 
Gustavo Ortega, Ederson Munhoz Reis Matos, Fabiana Quiroga, Juliana Matos 
Seidel, Rogério Mani, Ricardo Guerreiro Mason, Ricardo Jamil Hajaj, Paula Pariz 
Lorenzoni, Guilherme Brammer, Cesar Sanches e Fábio Küln por me ajudarem na 
minha formação e no desenvolvimento da minha consciência em sustentabilidade 
e por me apoiarem no desenvolvimento deste trabalho de mestrado. 
 
A todos a minha eterna gratidão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Importante não é ver o que ninguém nunca viu, 
mas sim pensar o que ninguém nunca pensou 
sobre algo que todo mundo vê” 
 
Arthur Schopenhauer 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
Este trabalho visa tratar da reciclagem das embalagens plásticas flexíveis pós-
consumo no Brasil, apresentando o panorama atual, os principais desafios e 
dificuldades para a reciclagem e, potenciais soluções tecnológicas disponíveis ou 
em desenvolvimento no Brasil e em outros países. Dados indicam que o volume de 
embalagens plásticas flexíveis pós-consumo seguirá crescendo nos próximos anos 
no Brasil. Atualmente uma parte deste tipo de material está sendo descartado de 
forma inadequada em aterros sanitários ou então descartadas aleatoriamente em 
lixões à céu aberto, com impacto negativo ao meio ambiente. Ao não ser reciclado, 
há a necessidade de extração contínua de recursos naturais, para a continuidade 
do processo produção-consumo. É necessário estabelecer ações que permitam um 
ciclo em que recursos extraídos da natureza possam voltar à produção de novos 
bens ao final de cada ciclo, estabelecendo as bases da economia circular. O 
trabalho foi realizado a partir de revisão bibliográfica, leitura de artigos técnico-
científicos, participação em reuniões, visitas, consultas, entrevistas e acesso a 
“sites” da internet envolvendo órgãos públicos, associações de classes e empresas 
pertencentes à cadeia de produção de plásticos, conversão de embalagem, coleta 
seletiva e à reciclagem de embalagens plásticas. Como resultados, este trabalho 
reporta a necessidade de aplicação do conceito de eco-design no projeto de novas 
embalagens, tecnologia para separação automática de materiais, delaminação de 
estruturas multicamadas, remoção da tinta de impressão, extrusão de filme moído 
e a aplicação de aditivo de reforço e compatibilizante de materiais. Este trabalho 
explora também a reciclagem química e energética. Na reciclagem química, 
apresenta resultado de estudos recentes, principalmente através do processo de 
pirólise de poliolefinas, considerando diferentes misturas de materiais na 
alimentação e em diferentes modelos de reatores. 
 
Palavras-chaves: embalagens flexíveis, multicamadas, reciclagem, plásticos, 
pós-consumo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
This work aims to address the recycling of flexible post-consumer packaging in 
Brazil, presenting the current scenario, the main challenges and difficulties for 
recycling and potential technological solutions available or under development in 
Brazil and other countries. Data indicate that the volume of flexible plastic post-
consumer packaging will continue growing in the coming years in Brazil. Currently, 
part of this type of material, mainly the multilayer ones, is being disposed of 
inappropriately in landfills or randomly disposed of in open dumps, with a negative 
impact on the environment. When it is not recycled, there is a need for continuous 
extraction of natural resources, for the continuity of the production-consumption 
process. It is necessary to establish actions that allow a cycle in which resources 
extracted from nature can return to the production of new goods at the end of each 
cycle, establishing the bases of the circular economy. The work was carried out 
through bibliographic review and technical-scientific articles review, participation in 
meetings, visits, consultations, interviews and access to internet sites involving 
public agencies, class associations and companies belonging to the plastics 
production chain, packaging conversion, selective collection and recycling of plastic 
packaging. As a result, this work reports the need to apply the concept of eco-design 
in the design of new packaging, technology for automatic separation of materials, 
delamination of multilayer structures, removal of printing ink, extrusion of ground 
film (flakes) and also the application of reinforcing additive and material 
compatibilizer. This work also exploreschemical and energy recycling. In chemical 
recycling, it presents the result of recent studies, mainly through the process of 
polyolefin pyrolysis, considering different mixtures of materials in the feed and in 
different reactor models. 
 
 
Key-works: flexible packaging, multilayer, recycling, plastic, post-consumer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
TABELA 1 Consumo de material de Embalagem no Brasil, pela 
aplicação final – excl. Caixa de papelão [toneladas] 
10 
TABELA 2 Processos de conversão de filmes e aplicações 14 
TABELA 3 Estruturas típicas para embalagens plásticas flexíveis para 
as principais categorias de alimentos 
15 
TABELA 4 Panorama dos RSU no Brasil – SNIS-RS - 2018 17 
TABELA 5 Massa de resíduos sólidos coletada pelo serviço de coleta 
seletiva de RSU dos municipios participantes do SNIS, 
segundo macroregião geográfica 
21 
TABELA 6 Panorama da coleta seletiva no Brasil nos municípios 
participantes do SNIS-RS- 2018 
22 
TABELA 7 Municípios com programa de coleta seletiva por faixa 
populacional – levantamento SNIS-RS- 2018 
23 
TABEAL 8 Incidência de materiais recicláveis secos recuperados por 
tipo de material – SNIS-RS-2018 
24 
TABELA 9 Estimativa de massa total de materiais recicláveis secos 
recuperados – Brasil – SNIS-2018 
25 
TABELA 10 Panorama geral do setor de plásticos no Brasil (2018) 31 
TABELA 11 Composição percentual gravimétrica e volumétrica da coleta 
seletiva de Sorocaba (filmes flexíveis) – estimativa de coleta 
diária em massa e volume 
35 
TABELA 12 Estimativa da composição gravimétrica dos RSU coletados 
no Brasil em 2008 
36 
TABELA 13 Terminologia dos processos para reciclagem de plásticos 41 
TABELA 14 Ações desenvolvidas por empresas brasileiras ligadas ao 
setor das embalagens plásticas flexiveis visando redução do 
impacto ambiental e aumento do índice de reciclagem 
56 
TABELA 15 Programas e sistemas de coleta de resíduos plásticos na 
Europa 
62 
TABELA 16 Taxa de destinações finais de plásticos pós-consumo na 
Europa em 2008, para as principais áreas de aplicação do 
plástico 
64 
TABELA 17 Tecnologias para reciclagem mecânica de filmes 
monocamada pós-industrial 
88 
TABELA 18 Soluções para reciclagem de resíduos de filme multicamada 93 
 
 
 
LISTA DE TABELAS (continuação) 
 
TABELA 19 Os solventes comuns empregados na 
dissolução/reprecipitação dos principais polímeros 
utilizados em embalagens plásticas flexíveis multicamada 
100 
TABELA 20 Comparação geral da extração por solvente com 
recuperação mecânica primária 
102 
TABELA 21 Aditivos para processamento de plástico e respectiva 
função 
103 
TABELA 22 Localização de empresas do setor de reciclagem de 
material plástico, por região do Brasil (2016) 
107 
TABELA 23 Variantes do processo de pirólise 113 
TABELA 24 Pirólise de PEAD e PEBD – Condições e resultados 123 
TABELA 25 Resultado da pirólise de plásticos em diferentes misturas 127 
TABELA 26 Comparação de algumas propriedades do óleo pirolítico de 
alguns polímeros com combustíveis líquidos padrão 
134 
TABELA 27 Políticas tributárias de incentivo à reciclagem do plástico no 
Brasil 
142 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 1 Taxa de urbanização no Brasil 5 
FIGURA 2 Projeção da ONU para tendência demográfica do Brasil 
para 2050 
6 
FIGURA 3 Consumo de resinas para embalagens plásticas 
flexíveis no Brasil em 2017 
11 
FIGURA 4 Percentual do consumo de resina para produção de 
embalagens plásticas flexíveis comparado com o total 
de plásticos transformados no Brasil em 2017 
12 
FIGURA 5 Embalagens plásticas flexíveis no Brasil (por setor) -
2017 
12 
FIGURA 6 Logística convencional e a logística reversa 20 
FIGURA 7 Municípios brasileiros com coleta seletiva – Ciclosoft 
2018 
24 
FIGURA 8 Coleta seletiva por região - Brasil - Ciclosoft 2018 25 
FIGURA 9 Composição Gravimétrica dos RSU – Brasil – Cempre 
2017 
26 
FIGURA 10 Composição Gravimétrica na coleta Seletiva – 
Ciclosoft 2018 
26 
FIGURA 11 Fluxo de resíduos comercializados diretamente entre 
as cooperativas e associações de catadores e a 
indústria recicladora 
28 
FIGURA 12 Simbologia utilizada para identificação de embalagens 
por tipo de material 
31 
FIGURA 13 Participação do plástico de ciclo de vida curto, por 
segmento de aplicação 
32 
FIGURA 14 Principais resinas consumidas no Brasil 33 
FIGURA 15 Participação dos plásticos na composição gravimétrica 
na coleta Seletiva – Ciclosoft 2018 
33 
FIGURA 16 Economia linear 36 
FIGURA 17 Diagrama representativo da economia circular 38 
FIGURA 18 Extrusora de plásticos 42 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS (continuação) 
FIGURA 19 Fluxograma simplificado da reciclagem mecânica de 
plásticos pós-consumo 
43 
FIGURA 20 Representação esquemática do ciclo da cadeia dos 
plásticos pós-consumo 
47 
FIGURA 21 Esquema do processo termoquímico da reciclagem 
energética 
48 
FIGURA 22 Volume de produção e de reciclagem de plásticos - 
Global 
65 
FIGURA 23 Peças plástica injetada – “galho” 67 
FIGURA 24 Esquema de separação de materiais plásticos por 
diferença de densidade 
71 
FIGURA 25 Mistura de materiais no recebimento – Central de 
reciclagem da zona oeste de Sorocaba 
73 
FIGURA 26 Separação manual de materiais para reciclagem 74 
FIGURA 27 “Trommel” – Separação de resíduos por tamanho 74 
FIGURA 28 Sistema de separação pneumática de resíduos para 
reciclagem 
75 
FIGURA 29 Sistema de coleta e transporte à vácuo de papéis e 
filmes plásticos, separados na esteira de triagem para 
reciclagem 
76 
FIGURA 30 Triagem de materiais por espectrometria 77 
FIGURA 31 2ᵃ. Central mecanizada de triagem de material 
reciclável – Cidade de São Paulo (BR) 
78 
FIGURA 32 Resíduos de embalagens plásticas flexíveis, pós-
industrial, para reciclagem mecânica – Ecological 
Reciclagem 
79 
FIGURA 33 Embalagens plásticas flexíveis após processo de 
moagem – Ecological Reciclagem 
80 
FIGURA 34 Tanque de lavagem de plásticos moído 81 
FIGURA 35 Flocos de embalagens plásticas flexíveis após o 
processo de aglomeração – Ecological Reciclagem 
82 
FIGURA 36 Desenho de roscas usadas no processo de extrusão: 
convencional e com barreira 
83 
 
 
 
 
http://www.plasticonline.com.br/2017/05/04/aplicativo-estimula-a-reciclagem/
 
LISTA DE FIGURAS (continuação) 
 
FIGURA 37 Reciclagem mecânica de embalagens plásticas 
flexíveis em BOPP multicamadas metalizadas – 
Material reciclado granulado -Ecological Reciclagem 
85 
FIGURA 38 Caminhos para a reciclagem de embalagens plásticas 
flexíveis monocamada 
87 
FIGURA 39 Esquema de reciclagem mecânica associada à 
remoção da tinta de impressão 
90 
FIGURA 40 Comparativo das propriedades óticas no material 
reciclado, com e sem aditivo compatibilizador 
96 
FIGURA 41 Comparativo das propriedades físicas no material 
reciclado, com e sem aditivo compatibilizador 
96 
FIGURA 42 Processo conjugado de delaminação e remoção de 
tintas de estrutura multicamadas 
98 
FIGURA 43 Desenho esquemático da técnica de dissolução/re-
precipitação de polímeros 
101 
FIGURA 44 Peças e aplicações de madeira plástica 104 
FIGURA 45 Evolução do consumo aparente e índice de reciclagem 
mecânica de embalagens e equiparáveis do setor de 
plástico no Brasil – 2014-2016 
108 
FIGURA 46 Benefícios sócio-ambientais da reciclagem de 
materiais plásticos 
109 
FIGURA 47 Aplicações do gás de acordo com o poder calorífico 114 
FIGURA 48 Pirólise de biomassa em reator de leito fluidizado 117 
FIGURA 49 Diagrama esquemático de reator pirolítico em leito de 
jorro 
118 
FIGURA 50 Reator pirolítico de forno rotativo 119 
FIGURA 51 Produtos da pirólise de PEAD 124 
FIGURA 52 Rendimento dos produtos da pirólise de amostras de 
RSU 
130 
FIGURA 53 Distribuição de plantas de incineração de RSU de 
acordo com a idade 
139 
FIGURA 54 Tratamento e destinação de RSU na Europa 140 
FIGURA 55 Capacidade de incineração de RSU para vários países 
entre1960 e 2015 
141 
 
 
 
GLOSSÁRIO E ABREVIAÇÕES 
 
 
ABIEF Associação Brasileira de Embalagens Flexíveis 
ABIPLAST Associação Brasileira da Indústria do Plástico 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ABRE Associação Brasileira de Embalagem 
ABRELPE 
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e 
Resíduos Especiais 
ACV Avaliação de Ciclo de Vida 
ANCAT 
Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais 
Recicláveis 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
ASTM American Society for Testing and Materials 
BOPP Polipropileno Biaxialmente Orientado 
BR Brasil 
CBSI Composto Bio Sintético Industrial 
CETEA Centro de Tecnologia de Embalagem 
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo 
CHP Combined Heat & Power 
COMLURB Companhia Municipal de Limpeza Urbana 
DSC 
“Differential Scanning Calorimetry” (Calorímetro Diferencial de 
Varredura) 
EGMA Etileno-Metacrilato Glicidil 
EVOH Copolímero de Etileno e Álcool Vinílico 
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations 
FT-IR 
“Fourier Transform - Infrared Spectroscopy” (Espectroscopia no 
infravermelho com transformada de Fourier) 
GEE Gases de Efeito Estufa 
GT Grupo Técnico 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
 
http://www.fao.org/home/en/
 
GLOSSÁRIO E ABREVIAÇÕES (continuação) 
 
IMA 
Instituto de Macromoléculas – Universidade Federal do Rio de 
Janeiro 
INTERPACK Feira internacional de embalagem – Dusseldorf - Alemanha 
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
LR Logística Reversa 
MMA Ministério do Meio Ambiente 
MBS Madeira Bio Sintética 
MAPE Polietileno Graftizado com Anidrido Maleico 
MAPP Polipropileno Graftizado com Anidrido Maleico 
MPT Movimento Plástico Transforma 
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
ONU Organização das Nações Unidas 
PAPCS Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis 
PA Poliamida 
PC Policarbonato 
PE Polietileno 
PEAD Polietileno de Alta Densidade 
PEBD Polietileno de Baixa Densidade 
PELBD Polietileno Linear de Baixa Densidade 
PET Poli (Tereftalato de Etileno) 
PEV Ponto de Entrega Voluntária 
PLASTIVIDA Instituto Sócio Ambiental Plásticos 
PMGIRS Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos 
PNRS Política Nacional dos Resíduos Sólidos 
PO Papelão Ondulado 
PP Polipropileno 
PRS Portal dos Resíduos Sólidos 
PS Poliestireno 
 
GLOSSÁRIO E ABREVIAÇÕES (continuação) 
 
PVC Policloreto de Vinila 
RDO Resíduos Domésticos 
REP Responsabilidade Estendida dos Produtos 
RPU Resíduos Públicos 
RSU Resíduos Sólidos Urbanos 
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente 
SMA Secretaria do Meio Ambiente 
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento 
SNIS - RS 
Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento – 
Resíduos Sólidos 
SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária 
SP São Paulo 
SUASA Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária 
UFSCar Universidade Federal de São Carlos 
WPC “Wood Plastic Composite” – Compósito de plástico com madeira 
WtE “Waste-to-Energy” 
WWI “WorldWatch Institute” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
I INTRODUÇÃO 1 
 I.1 Perguntas norteadoras 3 
II OBJETIVOS 4 
 II.1 Objetivo Geral 4 
 II.2 Objetivos Específicos 4 
III REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5 
 III.1 Sociedade Urbanizada e de consumo 5 
 III.2 As embalagens para bens de consumo 7 
 III.2.1 Materiais de Embalagem 8 
 III.2.2 Embalagens para alimentos 10 
 III.2.3 Embalagens plásticas flexíveis 11 
 III.3 Resíduos Sólidos Urbanos - RSU 16 
 III.4 Logística Reversa 19 
 III.4.1 Coleta seletiva no Brasil 20 
 III.5 Plásticos – presença nos RSU 28 
 III.6 Economia circular 36 
 III.7 Reciclagem de Plásticos 38 
IV METODOLOGIA 50 
V RESULTADOS 55 
 V.1 Plásticos nos resíduos sólidos urbanos 57 
 V.2 Aspectos, dados e condições relacionadas com a 
reciclagem das embalagens plásticas flexíveis no Brasil 
58 
 V.2.1 Comportamento do consumidor 58 
 V.2.2 Coleta Seletiva no Brasil 58 
 V.2.3 Coleta seletiva de plásticos flexíveis em outros países 60 
 V.2.3.1 Estados Unidos 60 
 V.2.3.2 Comunidade Européia 61 
 V.2.4 Separação nos centros de triagem 62 
 V.3 Reciclagem de resíduo plástico pós-consumo 64 
 
 V.3.1 Reciclagem de embalagens plásticas flexíveis pós-
consumo 
66 
 V.4 Reciclagem mecânica de resíduos plásticos 67 
 V.4.1 Reciclagem de resíduos em circuito fechado e circuito 
aberto 
68 
 V.4.2 Processo de triagem 69 
 V.4.3 Processo de moagem, lavagem, aglutinação e 
secagem das embalagens plásticas flexíveis pós-consumo 
78 
 V.4.4 Processamento do material moído, aglutinado e seco 
- Extrusão 
82 
 V.4.5 Especificidades da reciclagem mecânica de 
embalagens plásticas flexíveis monocamada 
86 
 V.4.5.1 Remoção da tinta de impressão 87 
 V.4.6 Especificidades da reciclagem mecânica de 
embalagens plásticas flexíveis multicamadas 
91 
 V.4.6.1 Aditivos compatibilizantes 94 
 V.4.6.2 Delaminação da estrutura multicamadas 97 
 V.4.6.3 Tecnologia para dissolução/re-preciptação 98 
 V.4.6.4 Aditivação do material na reciclagem / 
Madeira plástica 
103 
 V.4.6.5 Compósito de termoplásticos com reforço 105 
 V.4.7 Reciclagem mecânica de embalagens plásticas pós-
consumo no Brasil 
107 
 V.5 Reciclagem química 110 
 V.5.1 Pirólise 110 
 V.5.2 Tipos de reatores de pirólise utilizados para 
tratamento de diferentes composições 
114 
 V.5.2.1 Reatores de leito fixo e reatores de batelada 115 
 V.5.2.2 Reatores de leito fluidizado 116 
 V.5.2.3 Reatores de leito de jorro 117 
 V.5.2.4 Reatores de forno rotativo 118 
 V.5.2.5 Reatores assistidos por microondas 119 
 V.5.2.6 Reatores de plasma 120 
 V.5.2.7 Reatores solares 121 
 
 V.5.3 Pirólise de materiais plasticoss pós-consumo e 
produtos obtidos 
121 
 V.5.3.1 Pirólise de PEAD e PEBD 122 
 V.5.3.2 Pirólise de PP 124 
 V.5.3.3 Pirólise de PET 125 
 V.5.3.4 Co-pirólise de mistura de resíduos 
domésticos – biomassa e resíduos plásticos 
125 
 V.5.3.5 Pirólise de RSU 129 
 V.5.4 Produtos da pirólise e suas possíveis aplicações 132 
 V.5.4.1 Gás pirolitico 133 
 V.5.4.2 Óleo pirolítico 133 
 V.5.4.3 Carvão pirolítico 135 
 V.6 Reciclagem energética e incineração 137 
 V.7 Políticas fiscais e tributárias para reciclagem e materiais 
reciclados no Brasil 
142 
VI COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÃO 144 
VII SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS 149 
VIII BIBLIOGRAFIA 150 
IX APÊNDICES 175 
 IX.1 Apêndice I - Roteiro para identificação de desafios e 
dificuldades e, potenciais soluções para a reciclagem das 
embalagens plásticas flexíveis pós-consumo no Brasil 
175 
 IX.2 Apêndice II - Roteiro de Entrevista _ Cooperativa de 
reciclagem 
176 
 IX.3 Apêndice III - Roteiro de Entrevista _ Aterro Sanitário 181 
 IX.4 Apêndice IV - Roteiro de Entrevista / Reciclador – 
Reciclagem Mecânica 
187 
 IX.5 Apêndice V - Roteiro Entrevista _ Reciclagem Química 189 
 IX.6 Apêndice VI – Calendário de reuniões, visitas, eventos e 
entrevistas 
191 
 IX.7 Apêndice VII – Questionário Pesquisa _ Embalagem Plástica 
Flexível - Entendimento, comportamento e atitudes do consumidor 
192 
 IX.8 Apêndice VIII - Resultado da pesquisa com consumidores 197 
 
1 
 
I. INTRODUÇÃO 
 
Atualmente a população brasileira vive em sua maioria na área urbana 
(IBGE, 2010) e junto com a característica de uma sociedade de consumo, ao menos 
para subsistência, tem com um dos resultados a geração de resíduos, que são 
tratados neste trabalho dentro do contexto dos Resíduos Sólidos Urbanos – RSU 
(domésticos e de limpeza pública). Estes podem ser caracterizados de uma 
maneira simplificada como sendo formados por uma fração úmida (matéria 
orgânica – basicamente restos de alimentos) e por uma fração seca (tendo as 
embalagens como um dos principais contribuintes) (MMA, 2008). 
Do ponto de vista dos materiais, a fração seca dos RSU é composta 
principalmentepor madeira, papel e derivados de fibra de celulose, vidro, alumínio, 
metal (latas) e plásticos de diversos tipos e formatos (CABRAL, 2010). Uma parte 
destes materiais são oriundos de fontes não-renováveis, tal como o plástico que, 
na sua maioria, é produzido a partir de derivados do petróleo. 
Dentro do conceito de sustentabilidade do planeta, com foco em não poluir 
e de preservar os recursos naturais, busca-se minimizar nas embalagens a 
utilização destes materiais extraídos da natureza e ao mesmo tempo maximizar a 
reutilização ou a reciclagem delas após o consumo do produto embalado, 
praticando a economia circular. 
Alguns materiais já apresentam uma solução implementada do ponto de 
vista da coleta e reciclagem das embalagens pós-consumo. É o caso das latas de 
alumínio que tem uma alta taxa de reciclagem no Brasil, e além de reduzir o impacto 
ambiental pelo descarte ou pela redução de extração de matéria-prima, ainda gera 
valor para a cadeia da reciclagem, tendo também um impacto positivo do ponto de 
vista social uma vez que gera empregos entre outros benefícios. 
Dadas algumas características do plástico como durabilidade, leveza, 
moldabilidade e baixo custo, ele tem sido utilizado nas mais diversas aplicações em 
diversas áreas, passando pela área industrial, automobilística, construção civil, de 
saúde e até aeroespacial. E, em função das suas propriedades e benefícios, ele 
está presente no dia-a-dia dos cidadãos, e o seu consumo tem crescido ano-a-ano 
nas últimas décadas. Mas principalmente em itens descartáveis ou de vida curta, 
como é o caso das embalagens que, dependendo da maneira que são dispostos 
ao final da sua vida útil, podem causar um impacto negativo ao meio ambiente. Este 
2 
 
cenário de aumento de consumo e disposição inadequada, gera uma situação não 
sustentável, do ponto de vista ambiental. Adicionalmente, como o material plástico 
apresenta longa durabilidade, quando descartados em aterros sanitários ocupam 
muito espaço e por muito tempo, reduzindo a capacidade dos mesmos. Quando 
descartados erroneamente na natureza geram problemas de acúmulo, podendo 
impermeabilizar solos, ferir ou trazer danos aos animais e poluir oceanos. 
O endereçamento da solução do problema começa a ser atacado 
inicialmente pela aplicação do conceito dos 3 R’s: Reduzir, Re-utilizar e Reciclar. 
Esforços para redução tem o foco na minoração ou prevenção de material a ser 
descartado em aterros após o consumo. Neste contexto, pode ser viabilizado por 
exemplo através da redução de espessura e peso das embalagens, com 
consequente diminuição de consumo e disposição de material em aterros. A re-
utilização é um tema bastante importante a ser considerado na fase da definição 
do “design” do produto, considerando a possibilidade da utilização da peça plástica, 
após o uso, com alguma outra finalidade. Exemplo é o uso de pote de sorvete como 
pote plástico para acondicionar alimentos ou outros produtos. Neste caso, além de 
dar uma nova utilidade à embalagem, ainda prolongou a vida útil da peça. Mas o 
principal tema deste estudo, é a reciclagem, com a recuperação e revalorização do 
material pós-consumo, reduzindo resíduos descartados em aterros. 
Dentre todas as embalagens descartáveis, destaca-se as de plásticos 
flexíveis, em especial as normalmente utilizadas para acondicionar salgadinhos 
(“snacks”). Estas embalagens, geralmente multicamadas, são feitas de materiais 
tecnicamente recicláveis. Porém, elas praticamente não são recicladas no país, 
devido a uma série de fatores como a leveza e o fato de serem feitas de mais de 
um material, diferentes plásticos ou até mesmo metal. Baseada nas experiências 
prévias e atuais do autor, esta dissertação de mestrado visa fazer o levantamento 
de soluções para reciclagem das embalagens plásticas flexíveis pós-consumo para 
o Brasil, a partir do contexto nacional e do que outros países, em especial os 
desenvolvidos, fazem a respeito. Além deste levantamento, são apresentadas as 
barreiras e dificuldades encontradas atualmente pelos recicladores de plásticos, 
para viabilizar a implementação ou operacionalização de soluções já existentes. 
Ainda, são apresentadas soluções tecnológicas com o objetivo de ampliar o baixo 
índice de reciclagem destas embalagens observado atualmente no Brasil. 
 
3 
 
I.1. Perguntas Norteadoras 
Temas como sustentabilidade do planeta, tratamento dos resíduos sólidos 
urbanos (RSU) e reciclagem de embalagem têm se tornado cada vez mais 
frequentes e relevantes em várias esferas de discussão tanto no meio empresarial, 
na gestão pública e também na área acadêmica. A atuação de 30 anos do autor na 
área de desenvolvimento e inovação de embalagem, como gestor da área em 
várias empresas multinacionais como Nestlé, Mondeléz e Pepsico, naturalmente o 
colocou em contato com tais temas, principalmente no que se refere à reciclagem 
das embalagens pós-consumo e à necessidade de se dar uma destinação correta 
às mesmas, evitando o descarte em aterros ou no pior dos casos, que sejam 
dispostas à céu aberto. 
Dado interesse do autor pela reciclagem da embalagem, este participa de 
várias reuniões, associações e comitês, tais como comitê de sustentabilidade da 
ABRE, CEMPRE – GT-Flexíveis e Rede de Cooperação para o Plástico, que tem o 
foco na discussão e na promoção da reciclagem das embalagens no Brasil. Nestes 
fóruns, grupos específicos têm sido montados para discussão e busca de potenciais 
soluções para a reciclagem das embalagens plásticas flexíveis pós-consumo, que 
pelo relatado nestas entidades, não tem sido recicladas no Brasil, principalmente 
as de estrutura multicamadas, multi-materiais e metalizadas. 
O desenvolvimento deste trabalho foi norteado baseado na busca de resposta 
para questões relacionadas à reciclagem das embalagens plásticas flexíveis pós-
consumo tais como: 
➢ Quais são os desafios para o desenvolvimento da cadeia de reciclagem? 
➢ Quais são as dificuldades técnicas e operacionais para a reciclagem deste 
tipo de material? 
➢ Quais são as potenciais soluções implementadas, ou em estudo, em outros 
países? 
 
 
 
 
 
4 
 
II. OBJETIVOS 
 
II.1. Objetivo Geral 
Análise do gerenciamento das embalagens plásticas flexíveis pós-consumo no 
Brasil, avaliando dificuldades, desafios e potenciais soluções tecnológicas para 
o aumento do índice de reciclagem das mesmas. 
 
II.2. Objetivos Específicos 
II.2.1. Levantamento de dados e informações relacionados às embalagens 
plásticas, com foco nas flexíveis, especialmente as compostas de mais de 
um material, apresentando um panorama da produção, transformação, 
composição nos resíduos sólidos urbanos, tecnologias para reciclagem e 
índice de reciclagem no mercado brasileiro; 
II.2.2. Levantamento de soluções tecnológicas desenvolvidas ou em 
desenvolvimento em outros países para destinação, tratamento ou 
reciclagem das embalagens plásticas flexíveis pós-consumo; 
II.2.3. Identificar destinações já existentes no país que desviam esses 
resíduos dos aterros, ainda que em pequena escala, e avaliar as dificuldades 
para ampliar sua escala de processamento; 
II.2.4. Avaliação de prós e contras das potenciais soluções para reciclagem, 
tratamento ou outras destinações adequadas para as embalagens plásticas 
flexíveis pós-consumo contidas nos resíduos sólidos urbanos nas cidades 
brasileiras 
II.2.5. Identificação dos elementos envolvidos na cadeia da reciclagem das 
embalagens plásticas flexíveis pós-consumo, e os desafios, tecnologias e 
ações de cada um deles para promover a reciclagem das embalagens 
plásticas flexíveis pós-consumo no Brasil. 
 
 
 
 
5 
 
III. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
III.1- Sociedade urbanizada e de consumo 
A partir dos anos 50, houve a intensificação do processo de industrialização 
no Brasil, como decorrência da Segunda Guerra Mundial, principalmente com foco 
na substituição da importação, comdestaque para a política desenvolvimentista no 
governo do presidente Juscelino Kubistchek. Fruto deste processo, houve a criação 
de um diversificado mercado de trabalho na área urbana atraindo os habitantes da 
zona rural para as cidades que se encontravam em plena expansão (ALVES e 
MARRA, 2011). 
Com a forte migração da população para os centros urbanos, formou-se uma 
massa de trabalhadores assalariados, que com poder aquisitivo, fomentaram o 
mercado interno, principalmente a comercialização de alimentos (MARTINE e 
MCGRANHAN, 2010). 
 
Figura 1 – Taxa de urbanização no Brasil 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor – Adaptado de IBGE, 2010 
 
A Figura 1, com dados do Censo demográfico do IBGE, mostra que a 
população vivendo em área urbana é crescente deste os anos 1940 e que a partir 
de 1970, esta passou a ser maioria. Atualmente, mais de 80% da população 
brasileira vive em áreas urbanas, apresentando uma taxa de urbanização 
equivalente às encontradas em países desenvolvidos. 
31% 36%
45%
56%
66% 74%
81% 84%
69% 64%
55%
44%
34% 26%
19% 16%
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
TAXA DE URBANIZAÇÃO 
BRASILEIRA
População Urbana população Rural
6 
 
A Figura 2 apresenta a tendência demográfica do Brasil, que, segundo a 
Organização das Nações Unidas (ONU), a projeção é de em 2050 a porcentagem 
da população brasileira que vive em centros urbanos deve chegar a 93,6%. Em 
termos absolutos, serão 237,751 milhões de pessoas morando nas cidades do país 
na metade deste século (IBGE, 2001). 
 
Figura 2 – Projeção da ONU para tendência demográfica do Brasil para 2050 
 
Fonte Elaborado pelo Autor – Adaptado de IBGE, 2001 
 
Para efeito deste estudo, fator importante referente à urbanização, diz 
respeito à situação em que os habitantes nos centros urbanos têm suas 
necessidades de consumo e que, na maioria dos casos, a origem ou fabricação de 
tais bens de consumo (ex: produtos industrializados) está distante do local onde o 
consumo em si é efetivado (DUBBELING, 2015). 
Neste contexto, surge o elemento “Embalagem”. Este cumpre um papel 
importante como ferramenta para conter, preservar, proteger e viabilizar o 
transporte e estocagem de bens de consumo, atendendo às necessidades de uma 
sociedade cada vez mais demandante e crescente (ABRE, 2012). Seguindo o fluxo 
do consumo, após este se consumar, a próxima etapa diz respeito ao descarte do 
1
2
,9
1
8
,8
3
1
,3 5
2
,1 8
0
,4 1
1
1 1
3
8
2
3
7
,7
2
8
,3
3
3
,2
3
8
,8
4
1
,1
3
8
,6
3
5
,8
3
1
,8
1
6
,3
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2050*M
IL
H
Õ
E
S
 D
E
 H
A
B
IT
A
N
T
E
S
POPULAÇÃO RESIDENTE, POR 
SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO - BRASIL 
1940/2000
População Urbana
População Rural
Exponencial (População Urbana)
Exponencial (População Rural)
*Projeção ONU
Tendências Demográficas 2000 - IBGE 2001
7 
 
que não foi consumido, gerando os resíduos sólidos urbanos, e dentre estes, as 
embalagens pós-consumo (ABRE, 2012). 
As transformações nas cidades e na vida urbana se intensificaram na 
segunda metade do século XX, destacando do ponto de vista econômico, a 
expansão da industrialização, das atividades no comércio e a expansão do 
consumo, marcados pela utilização e pelo desperdício, com o descarte de sobras 
e embalagens. Neste contexto, as pessoas passaram a ser chamadas não mais de 
cidadãos, mas de consumidores (HARMAN e HORMAN, 1998). 
Em 2008, a Portaria MMA nº 44, de 13 de fevereiro instituiu o Comitê Gestor 
de Produção e Consumo Sustentável, reunindo ministérios e parceiros do setor 
privado e da sociedade civil com a finalidade de realizar amplo debate e identificar 
ações que pudessem levar o Brasil, de forma planejada e monitorada, a buscar 
padrões mais sustentáveis de consumo e produção para os próximos anos. Isto se 
deu, após assumir um compromisso junto à Organização das Nações Unidas em 
2007, ao aderir ao Processo de Marrakesh, que visa dar aplicabilidade e expressão 
concreta ao conceito de Produção e Consumo Sustentáveis (MMA, 2008). 
 
III.2 As embalagens para bens de consumo 
Com a necessidade de se transportar produtos, em especial alimentos, das 
regiões produtoras para cidades, estas cada vez maiores e distantes, houve a 
necessidade de protegê-los e preservá-los. No caso dos alimentos, isto ocorreu 
através do desenvolvimento de técnicas para processamento e preservação dos 
mesmos, dando origem às embalagens, que tem como função primária a 
preservação dos alimentos até o seu momento do consumo (MESTRINER, 2002). 
Atualmente as embalagens são utilizadas até para preservar alimentos em 
viagens aeroespaciais, tornando-as possíveis para os habitantes da terra. As 
embalagens são um dos elementos que viabilizam a vida nas cidades, 
especialmente nas grandes, pois facilitam o abastecimento e o consumo dos 
habitantes. Porém, há uma consequência que é a geração de resíduos destas 
embalagens (MESTRINER, 2002). 
As embalagens são classificadas como primária, secundária ou terciária 
(JORGE, 2013). As primárias são as que tem contato direto com o produto 
embalado, as secundárias as que envolvem e agrupam várias embalagens 
8 
 
primárias, por exemplo as “caixas de papelão”, também conhecidas como “caixa de 
embarque”. Em algumas situações, as embalagens primárias individuais, são 
agrupadas em um cartucho (ex. cartucho de papel-cartão com 3 barras de cereais) 
ou em um display de papel-cartão (por exemplo, os que expõem várias embalagens 
de goma de mascar nos caixas ou balcões de bares e padarias). Neste caso, este 
display é considerado a embalagem secundária e se vários displays forem 
acondicionados em uma caixa de papelão ondulado, aí esta caixa passa a ser 
considerada embalagem terciária. 
 
III.2.1. Materiais de embalagem 
Os materiais comumente utilizados nas embalagens são (TWEDE e 
GODDARD, 2009): 
▪ Fibras celulósicas: Papel (rótulos, envoltórios, etiqueta, selos, …), papel 
cartão (cartuchos, “displays”, embalagem promocional) e papelão ondulado 
(caixas, badejas, separadores e divisórias) 
▪ Metal: aço (latas, tampas, latas promocionais, ....) e alumínio (lata de 
bebidas, bisnagas, ....) 
▪ Vidro: garrafas, frascos, potes, ampolas, .... 
▪ Plástico: Rígido (potes, frascos, tampas, garrafas, utensílios descartáveis) 
ou flexível (bolsa plástica, rótulos, saco plástico, lacres, etiquetas adesivas, 
envoltórios, sachês e bisnagas). 
▪ Madeira: caixas, embalagens promocionais, paletes 
▪ Outros componentes 
 Adesivos (fechamento, agrupamento ou laminação) 
 Tintas de impressão 
 Aditivos para plásticos (deslizantes, anti-bloqueadores, anti-UV, …) 
 Impermeabilizantes para papel, cartão ou papelão ondulado 
O material é definido de acordo com as necessidades técnicas e 
mercadológicas requeridas pelo produto a ser embalado e protegido. 
9 
 
Parâmetros relacionados às necessidades técnicas dizem respeito 
principalmente à função de proteção requerida da embalagem, podendo ser esta 
mecânica ou de barreira à gases, umidade, aroma etc. Por exemplo, produtos 
frágeis como utensílios de vidro, alguns equipamentos eletro-eletrônicos, ovo de 
páscoa etc vão requerer proteção mecânica (INSTITUTO DE EMBALAGENS, 
2009). 
Já alguns alimentos, vão necessitar de proteção em relação à oxigênio, para 
diminuir ou evitar o processo de oxidação ou rancificação. Outros alimentos 
necessitam de manutenção da crocância do produto, o que requer uma embalagem 
com barreira à umidade (JORGE, 2013). 
Outro aspecto a ser considerado também é em relação ao manuseio, 
armazenamento e transporte do produto. Há produtos que precisam ser 
armazenados e transportados em ambiente refrigerado e outros que são 
armazenados e distribuídos em região de alta umidade, como a região amazônica, 
o que requer embalagem com resistência à umidade (MÄHLMANN et al., 1999). 
Também devem ser considerados os aspectos mercadológico e de 
marketing, através de formatos diferenciados e comunicação gráfica,quando a 
embalagem pode agregar valor ao produto destacando-o na gôndola, e ao 
consumidor ao informar-lhe benefícios nutricionais, forma de abertura e re-
fechamento e modo de preparo do produto. Do ponto de vista estético, pode se 
oferecer formatos diferenciados e efeitos gráficos (exemplo, impressão brilhante, 
holografia, tinta fluorescente ou fotocromática, etc) (MESTRINER, 2002). 
Aspecto também importante é relacionado ao meio ambiente. Sempre que 
possível, a escolha do material deve ser realizada pensando nos 3 R’s, com a 
redução do consumo de material, que a embalagem possa ser reutilizada e em 
último caso, que o material possa ser reciclado através da infraestrutura e 
tecnologias disponíveis (NASCIMENTO, 2010). 
No caso das embalagens plásticas flexíveis, estas são destacadas pelo 
aspecto da flexibilidade do material, independentemente do formato da embalagem 
e pela espessura máxima dada como inferior à 250µm. Essas embalagens têm 
como uma das principais características a relação otimizada entre massa de 
material de embalagem por quantidade de produto embalado (SARANTÓPOULOS 
et al., 2002). 
 
10 
 
III.2.2. Embalagem para alimentos 
De acordo com o Datamark, em 2016, as embalagens para alimentos 
representaram 29,4% do total de embalagens consumidas no Brasil (excluindo 
caixas de papelão ondulado), conforme está apresentado na Tabela 1. Esta 
mesma tabela indica que em 2016, 11,3% das embalagens eram de filmes plásticos 
flexíveis. 
 
Tabela 1: Consumo de Material de Embalagem no Brasil, pela aplicação final [tons] – Excl. caixa de 
papelão 
 
 Flexíveis Metais Papel Plásticos Vidro Total 
Alimentos 266644 315544 352276 787466 257307 1979237 29,4% 
Bebidas 362792 499979 53997 808600 1104279 2829647 42,0% 
Não alimentos 134629 503264 453388 695077 142093 1928451 28,6% 
 764065 1318787 859661 2291143 1503679 6737335 
 11,3% 19,6% 12,8% 34,0% 22,3% 
Fonte: Elaborado pelo autor – Adaptado de Datamark, 2017 (excluído consumo de 
papelão ondulado) 
 
A embalagem tem a função de assegurar a qualidade e a integridade do 
produto desde o momento da produção (empacotamento) até o momento do 
consumo. Aspectos como barreira à luz, umidade, à gases, à perda de aroma, e 
microrganismos, entre outros são importantíssimos visando garantir a qualidade do 
produto e satisfação do consumidor no momento do consumo (LANDIM et al., 
2015). 
Com todas as propriedades necessárias, a embalagem passa a exercer um 
importante papel em relação à sustentabilidade do planeta, uma vez que atua 
efetivamente na redução de desperdício de alimentos (LANDIM et al., 2015), desde 
o campo (agricultura e pecuária) até o momento do consumo. Neste mesmo 
contexto da sustentabilidade do planeta, a embalagem exerce um papel importante 
na medida em que, através dela, é possível estender a vida útil dos produtos, 
viabilizando a alimentação da população urbana e a distribuição de nutrição aos 
povos distantes que atualmente apresentam alta taxa de mortalidade por questão 
de desnutrição (JORGE, 2013). 
 
 
11 
 
III.2.3. Embalagens plásticas flexíveis 
Em relação à estrutura do material de uma embalagem flexível há duas 
situações: estrutura monocamada e estrutura multicamada. Normalmente a 
monocamada é constituída de polietileno, polipoprileno, PET ou PVC. Já na 
estrutura multicamadas, estas podem ser formadas pela mistura de camadas de 
materiais como polietileno, polipropileno, PET e PA. Além de material plástico, pode 
ainda haver combinação com papel, folha de alumínio ou metalização. 
De acordo com o relatório da Maxiquim (MAXIQUIM, 2018) sobre a indústria 
brasileira de embalagens plásticas flexíveis em 2017, a produção naquele ano foi 
de 1.908 mil toneladas, com um crescimento de 4% comparado com 2016. 
Conforme a Figura 3, as principais resinas consumidas no Brasil em embalagens 
flexiveis foram PEBDL, PEBD, PP e PEAD, nesta ordem. Nesta mesma figura, 
observa-se que o consumo de cada uma destas resinas cresce ano-a-ano no 
período de 2011 a 2017. 
 
Figura 3 – Consumo de resinas para embalagens plásticasflexíveis no Brasil em 
2017 
 
Fonte: MAXIQUIM, 2018 
O consumo de material para produção de embalagens plásticas flexíveis 
representou 30% do total de plásticos transformados (que viraram produtos) no 
Brasil em 2017. Conforme a Figura 4, historicamente, este percentual variou de 
28% a 30% entre 2010 e 2017 (MAXIQUIM, 2018). 
12 
 
Figura 4: Percentual do consumo de resina para produção de embalagens plásticas 
flexíveis comparado com o total de plásticos transformados no Brasil em 2017 
 
Fonte: MAXIQUIM, 2018 
Pelo detalhamento do consumo de embalagens plásticas por setor, Figura 
5, a maioria (39%) das embalagens plásticas flexíveis foram utilizadas no setor de 
alimentos, que cresceu 0,8% de 2016 para 2017 (MAXIQUIM, 2018). 
Figura 5 – Embalagens plásticas flexíveis no Brasil (por setor) – 2017 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de MAXIQUIM, 2018 
Os principais tipos de plásticos e as principais estruturas utilizadas nas 
embalagens plásticas flexíveis são (ANYADIKE, 2009): 
I. Estrutura mono-material: pode ser monocamada ou multicamadas, 
normalmente pode se encontrar estruturas em PEBD, PEAD, PP, BOPP, PET 
13 
 
e PVC. Exemplo de mono-material é o saco de arroz, que é produzido 
somente por PE ou então algumas estruturas de salgadinhos que são multi-
camadas, porém somente de BOPP (TECNOVAL, 2019). Há filmes 
multicamadas mono-material produzidas também pelo processo de co-
extrusão, sendo o mesmo material base, com diferentes aditivações nas 
camadas, ou até, utilizando material reciclado em uma delas. Exemplo seria 
filmes de PE, com diferentes com camadas aditivadas para melhoria as 
propriedades de resistência a rasgos, furos, impacto, ou pigmentos, 
antiestático, antichamas, anti-UV, com bactericida, com biocida, com 
fungicida, entre outros, aplicados como envoltórios de paletes, filme termo-
encolhível, envelope com camada negra, etc... (EMBALAGEM IDEAL, 2020). 
II. Estrutura com diferentes materiais: neste caso são estruturas multicamadas 
e, normalmente para embalagens de alimentos no Brasil utiliza-se 
composição com até 3 materiais poliméricos diferentes, desde BOPP/PE, ou 
PET/BOPP/PE, ou PET/PE, etc, laminados por adesivo (TECNOVAL, 2019). 
Pelo processo de co-extrusão, é possível produzir estruturas com as 
camadas em diferentes materiais para melhorar a selabilidade (camada 
interna), barreira à oxigênio (PA ou EVOH), barreira a gases e a aromas e 
alta resistência mecânica à abrasão, perfuração, impacto, flexão, boa 
resistência térmica, boa resistência a óleos, gorduras e produtos químicos 
(PA) (CRIPPA, 2006). Normalmente são encontrados no mercado estruturas 
com 3, 5 e 7 camadas, para aplicação em embalagem de produtos laticínios 
e carnes (ZAPAROLLI, 2007). 
As estruturas das embalagens plásticas flexíveis monocamada ou 
multicamadas podem ter espessura variando normalmente de 15µm a 200 µm. É 
possível produzir filmes multicamadas de 2 até 17 camadas usando tecnologias 
modernas e a principal aplicação é na produção de embalagens primárias 
(WAGNER JR, 2016). Conforme listado na Tabela 2, há várias tecnologias para a 
produção de filmes plásticos. A escolha da estrutura do filme, do melhor processo 
e da melhor tecnologia depende principalmente da aplicação final do filme. 
Aproximadamente 17% da produção de filmes plásticos no mundo é para produção 
de estruturas multicamadas (TARTAKOWSKI, 2010). 
 
14 
 
Tabela 2 - Processos de conversão de filmes e aplicações 
Estrutura 
Processo de 
Fabricação 
Tecnologia Exemplos 
Monocamada Extrusão 
Extrusão 
tubular 
Embalagens plásticas flexíveis, agricultura, 
rótulos, construção civil, filme esticável, 
filme termo-encolhível, etc 
Extrusão 
plana 
Embalagens plásticas flexíveis, envoltório 
para flores, substratos de revestimentos, 
etc 
Multi-
camadas 
Co-ExtrusãoExtrusão 
tubular 
Embalagem para alimentos e produtos 
químicos 
Extrusão 
plana 
Embalagens em geral 
Revestimento 
“Coating” 
Envoltório para doces e embalagem para 
salgadinhos 
Laminação 
Embalagem para produtos médicos, 
condimentos, sopas, salgadinhos 
Laminação Adesivo Embalagem para alimentos e salgadinhos 
Fonte: Elaborado pelo autor – Adaptado de HORODYTSKA, 2018 
 
A Tabela 3 apresenta estruturas típicas de embalagens plásticas flexíveis 
utilizadas no Brasil para acondicionar alimentos, variando desde estruturas simples, 
monocamada, com baixos requerimentos em termos de barreira, até estruturas 
mais complexas, multicamadas, com barreira à umidade, ou à oxigênio ou à luz, 
por exemplo. No caso das estruturas multicamadas, estas são normalmente 
formadas a partir de laminação de dois ou mais filmes, com a junção delas através 
de adesivos base solvente ou base d´água (“solventless”). Ainda integram as 
estruturas, tinta de impressão, metalização e outros aditivos (TECNOVAL, 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Tabela 3: Estruturas típicas para embalagens plásticas flexíveis para as principais 
categorias de alimentos em que são aplicadas e correspondentes composição 
padrão de mercado 
Fonte: Elaborada pelo Autor, adaptado de TECNOVAL, 2019 
Pela Tabela 3, em média, os polímeros representam 90,6% (m/m) das 
estruturas das embalagens plásticas flexíveis. Baseado nestes dados, observa-se 
que as estruturas são praticamente compostas por plástico, e para efeito de 
reciclagem, será considerado como tal, na busca de soluções tecnológicas. Ainda, 
em média 6,1% das estruturas são representadas por tinta de impressão e 4,9% 
por adesivo de laminação. Apesar de ser um baixo percentual de participação na 
composição das estruturas, são esses elementos (tinta de impressão e adesivo de 
laminação), um dos principais fatores que diferenciam (e geralmente dificultam) a 
reciclagem dos filmes plásticos laminados e impressos da reciclagem regular de 
uma peça em plástico rígido, além de que podem ser acrescidos do fato de 
eventualmente possuírem mais de um material. Estas diferenças e potenciais 
impactos no processo de reciclagem são abordados mais adiante. 
O uso de filmes plásticos flexíveis têm aumentado significativamente, 
principalmente em embalagens, devido à sua leveza, reduzindo o consumo de 
material, baixo custo, flexibilidade, versatilidade, facilidade para impressão, 
propriedade mecânicas e térmicas, e ainda garantindo a proteção ao produto 
embalado. Tudo isto habilita o uso deste material em diversas aplicações, como 
Principais aplicações 
em alimentos
Estrutura Padrão
%
Polímero na 
estrutura 
massa/massa
% 
Tinta de 
impressão
% 
Adesivo
% 
Outros 
aditivos
Açucar / Farinha 1,0 kG Polietileno 45g 96 4 -- --
Biscoitos 200g Bopp 18g+Bopp 18g Met 87 7 6 --
Massa 500g Bopp 18g+PP25g 89 6 5 --
Pão de forma Polietileno 25g 93 7 -- --
Chocolates100g - 150g Bopp 22,5g+Bopp Pérola 26g 87 5 4 4
Salgadinhos 100g Bopp 27g+Bopp 18,0g Met 89 6 5 --
Barras de Cereais Bopp 18g+Bopp 18g Met 87 7 6 --
Pipoca PP30g 94 6 -- --
Café torrado em moído 500g Pet 16,8g Met + Pe 30g 89 6 5 --
Leite em pó 200g Pet 16,8g Met + Pe 30g 89 6 5 --
Achocolatado em pó 200g Pet 16,8g + Pe 30g 89 6 5 --
Cereais matinais Polietileno AD 50g 100 -- -- --
Sorvete Bopp Pérola 26g 90 10 -- --
Maionese Pet 16,8g + Pe 70g 89 3 3 5
Média 90,6 6,1 4,9 4,5
16 
 
exemplo a substituição de embalagens rígidas (ex.: achocolatado em pó) por bolsas 
flexíveis, reduzindo o consumo de material de embalagem e o impacto ambiental. 
Estima-se que em países desenvolvidos, em torno de 50% dos plásticos nos 
resíduos domésticos sejam filmes flexíveis. (HORODYTSKA, 2018). 
 
III.3. Resíduos Sólidos Urbanos 
Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) implicam em resíduos resultantes das 
residências (domiciliar ou doméstico) e os resíduos da limpeza urbana (os 
originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de 
limpeza urbana) (BRASIL, 2010). Especificamente em relação ao consumo, restos 
de alimentos ou bens de consumo inutilizados e as respectivas embalagens, fazem 
parte dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Este trabalho tem o foco no 
entendimento da gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos, mais 
especificamente, nas embalagens plásticas flexíveis pós-consumo resultante 
principalmente da coleta seletiva. 
Realizar a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos é uma das atividades 
mais complexas dos governos dos municípios, pois compreende uma série de 
atividades (por exemplo, coleta, transporte e destinação final), cada uma com suas 
técnicas, legislações e problemas (ABRELPE, 2019). 
Em 2018 foram gerados 79 milhões de toneladas no Brasil segundo a 
Abrelpe, o que significa 216,4 mil toneladas/dia, representando uma média per 
capita de 1,039 kg/hab./dia (ABRELPE, 2019). 
Dados levantados pelo SNIS-RS, referentes ao ano de 2018, publicados no 
17°. Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (BRASIL, 2019b), são 
apresentados na Tabela 4. Através deles é possível ter uma dimensão da situação 
do manejo dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. Este levantamento consolida 
dados do manejo dos RSU de 3.468 municípios, 62,3% do total do país, 
representando 85,6% da população urbana brasileira (151,1 milhões de 
habitantes). De acordo com este diagnóstico, 62,78 milhões de toneladas de RSU 
foram coletados representando aproximadamente 79,5% dos RSU gerados em 
2018 (BRASIL, 2019b). 
 
17 
 
Tabela 4: Panorama dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil – SNIS-RS - 2018 
 
 
 
 
Total de municípios participantes 
da coleta de dados 
3.468 (62,3% do total de municípios 
brasileiros) 
 
 
 
 
População urbana brasileira 
representada no levantamento 
85,6% ou (151,1 Milhões de habitantes) 
 
 
 
 
Serviço de coleta domiciliar de 
RSU – cobertura (%) 
98,8% da população urbana e 92,1% da 
população total 
 
 
 
 Volume total coletado 
62,78 milhões de toneladas – 172,0 
toneladas/dia. 
 
 
 Volume PER CAPITA coletado/dia 0,96 kg/hab./dia (média)
1 
 
 
 
 
Volume coletado e disposto em 
aterros sanitários 
46,68 milhões de toneladas de RSU, ou 
75,6% do coletado 
 
 
 
 
Volume de resíduos coletados 
despejado em locais inadequados 
(ex. lixões) 
15,05 milhões de toneladas, 
correspondendo a 24,4% dos resíduos 
coletados 
 
 
 
 
Recursos aplicados pelos 
municípios em 2018 em serviços 
de limpeza urbana no Brasil 
Média de R$130,47 por habitante 
 
 
 
 
Empregos diretos no setor de 
limpeza pública 
Cerca de 332 mil postos de trabalho formal 
no setor 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de BRASIL, 2019b 
 
 
Ainda pela Tabela 4, 75,6% dos RSU coletados são dispostos em aterros 
sanitários, por outro lado, 15,05 milhões de toneladas de resíduos coletados são 
despejados em locais inadequados. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (BRASIL, 2010), lei 12.305, 
foi promulgada no Brasil em 02/08/2010 atribui, em seu artigo 3º, caráter 
multidimensional à gestão integrada dos resíduos sólidos, definindo-a como o 
“conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de 
forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, 
com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável”. Para 
promover e potencializar este conceito, a PNRS também preconiza a 
responsabilidade compartilhada entre poder público, iniciativa privada, 
organizações sociais voltadas para a causa e os próprios consumidores, com uma 
visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis 
 
1 A população urbana foi estimada pelo SNIS, em cada município brasileiro, adotando-se a população total 
estimada pelo IBGE multiplicada pela taxa de urbanizaçãoverificada no Censo 2010. Segundo este critério, a 
população urbana do Brasil em 2018 resultou em 176.539.719 habitantes. 
18 
 
ambiental social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública. Também o 
desenvolvimento sustentável e a ecoeficiência dos produtos ao longo da sua vida, 
além do reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem 
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e ainda, promovendo 
cidadania. 
Alguns dos objetivos da PNRS (BRASIL, 2010), descritos no Artigo 7o. a 
serem destacados dentro do contexto desta Dissertação são: não geração, 
redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como 
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; estímulo à adoção de 
padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; adoção, 
desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar 
impactos ambientais; incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar 
o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; 
gestão integrada de resíduos sólidos; articulação entre as diferentes esferas do 
poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica 
e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos e capacitação técnica 
continuada na área gestão e reciclagem dos resíduos sólidos. 
Assim como a PNRS no Brasil, a Diretiva para Europa para resíduos (“Waste 
Framework Directive – 2008/98/EC / Council Directive, 2008), estabeleceu a 
seguinte hierarquia para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos: redução, re-
utilização, reciclagem, recuperação e disposição (HORODYTSKA, 2018). 
A composição dos RSU varia de região a região, dependendo do nível 
cultural, educacional, socioeconômico, dos hábitos de consumo, tamanho da 
cidade, disponibilidade de produtos industrializados, podendo até variar de mês-a-
mês, dependendo da estação do ano. Estudos apontam que centro urbanos mais 
desenvolvidos, consomem mais produtos industrializados e que como 
consequência geram maior quantidade per capita de embalagens pós consumo 
(CABRAL, 2010). 
É muito importante a identificação da composição gravimétrica, a quantidade 
e a fonte geradora dos resíduos de cada localidade, para se definir a melhor forma 
de coleta, do transporte, da gestão, para melhoria da coleta seletiva, e para 
definição da solução tecnológica mais adequada no caso da reciclagem. Ou, em 
último caso, para a destinação de forma ambientalmente correta em aterros 
sanitários (BUENROSTRO e BOCCO, 2003). 
19 
 
A composição gravimétrica representa o percentual da participação (peso) 
de cada componente de uma amostra do RSU em relação ao peso total desta 
amostra. Além de restos de alimentos, os materiais recicláveis mais comumente 
encontrados na composição dos resíduos sólidos urbanos são alumínio, aço, 
papel/papelão, plásticos e vidro (IPEA, 2012). 
 
III.4. Logística reversa 
 A logística reversa é o instrumento de desenvolvimento econômico e social 
caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a 
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para 
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação 
final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010) 
Em resumo, a logística reversa tem como objetivos (OLIVEIRA e SILVA, 2005): 
• O retorno ou a recuperação de produtos, no caso, material de 
embalagem pós-consumo; 
• A reciclagem, a substituição e a reutilização de materiais; 
• A redução da extração e do consumo de matérias-primas virgens; 
• A disposição ambientalmente correta de resíduos. 
Fator importante para que alternativas mais interessantes que o simples 
aterramento, como a reciclagem, aconteçam, diz respeito à necessidade de que os 
locais de consumo sejam atendidos por sistema de coleta dos resíduos, que seja 
implementada uma operação de logística reversa e especificamente em relação 
aos materiais de embalagem, ou seja, coleta seletiva. De uma maneira simplificada, 
os resíduos sólidos urbanos podem ser classificados em fração úmida, 
basicamente materiais orgânicos putrescíveis, principalmente resto de alimentos, 
e, fração seca, na sua maioria, materiais de embalagem pós-consumo. 
Assim, uma logística reversa de embalagens pós-consumo e se possível já 
separado da fração úmida, com o foco na maximização da reciclagem embalagens 
pós-consumo, pode ser exemplificada na Figura 6, juntamente com a logística 
convencional. 
 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Produtos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reciclagem
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reutiliza%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mat%C3%A9rias-primas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Res%C3%ADduos
20 
 
Figura 6. Logística convencional e a Logística Reversa 
Fonte: CARRIJO, 2019 
Pela PNRS, são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística 
reversa os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: 
• agrotóxicos (seus resíduos e embalagens) 
• pilhas e baterias 
• pneus 
• óleos lubrificantes (seus resíduos e embalagens) 
• lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista 
• produtos eletroeletrônicos e seus componentes 
Para outras embalagens de bens de consumo, não há exigência específica 
quanto à logística reversa. Compromissos têm sido estabelecidos via acordos 
setoriais. 
 
III.4.1. Coleta Seletiva no Brasil 
A existência de um sistema de coleta de material constitui um primeiro passo 
para viabilizar atividades recicladoras (SANTOS et al., 2004). 
Definida como a coleta dos resíduos sólidos previamente separados, de 
acordo com a sua constituição e composição (PNRS, artigo 3º, inciso V), a coleta 
21 
 
seletiva encontra-se sob a responsabilidade dos titulares dos serviços (Decreto 
Federal nº 7.404/2010, artigo 9º, parágrafo 2º) e deverá ser planejada no âmbito 
dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS). 
A Tabela 5 apresenta a massa de RSU coletada seletivamente por região, 
onde se destaca a região Sul, com a maior massa coletada per capita, de 34,2 
kg/hab./ano, e por outro lado, as regiões Norte e Nordeste com 8,0 e 8,6 
kg/hab./ano respectivamente. Já em termos de municípios com coleta seletiva, 
Sudeste e Sul, são os que apresentam os maiores números, 566 e 564 municípios, 
respectivamente, enquanto a região Norte, somente 33 municípios. Houve um 
aumento da massa coletada seletivamente em 2018 de 182 mil toneladas, 
equivalente a um aumento de 12,3% em relação ao ano anterior. Em relação à 
massa per capita coletada seletivamente houve um incremento de 5,1% neste 
mesmo período (BRASIL, 2019b). 
Tabela 5 - Massa de resíduos sólidos coletada pelo serviço de coleta seletiva de 
RSU dos municípios participantes do SNIS, segundo macrorregião geográfica 
Macroregião 
Quantidade 
coletada 
[ton./ano] 
Quant. de 
Municípios 
com coleta 
seletiva 
participante 
do SNIS 
Massa per capita recolhida 
na coleta seletiva. 
Média municipal 
[ton./mun./ano] 
Massa per 
capita coletada 
seletivamente 
[kg/hab./ano] 
Norte 51.174,4 33,0 1.550,7 8,0 
Nordeste 157.570,1 81,0 1.945,3 8,6 
Sudeste 620.168,4 566,0 1.095,7 10,2 
Sul 707.772,7 564,0 1.254,9 34,2 
Centro-Oeste 130.929,6 78,0 1.678,6 13,8 
 
Total - 2018 1.667.615,22 1.322 1.261,4 14,4 
Fonte: Elaborado pelo Autor. Adaptado de BRASIL, 2019b 
Na Tabela 6, segundo dados do SNIS-RS (2018), 1.322 municípios, de um 
total de 3.468 respondentes, declararam possuir algum tipo de coleta seletiva 
(38,1% da amostra SNIS). Em termos de coleta seletiva, o volume coletado 
representa apenas 2,71% do total de RSU coletados. No que tange aos resíduos 
 
2 Quantidade coletada diretamente pelas prefeituras, por empresas contratadas pela prefeitura, por 
cooperativas/associações com alguma parceria com aprefeitura e por outros agentes também com parceria. 
22 
 
recicláveis coletados e recebidos nas unidades de triagem, eles representaram 
1,7% do total de RSU coletados. 
Tabela 6: Panorama da Coleta Seletiva no Brasil nos municípios participantes do 
SNIS-RS - 2018 
 
 
 Serviço de coleta seletiva 1.322 municípios ou 38,1% dos municípios 
 
 
 
 
Serviço de coleta seletiva – 
modelo porta-a-porta 
1.135 municípios, atendendo 37,8% da 
população urbana 
 
 
 
 
Participação formal de catadores 
na coleta seletiva 
Responsável por 30,7% do total de 
toneladas coletadas seletivamente 
 
 
 Organizações de catadores 1.232, distribuídas em 827 municípios 
 
 
 
 Números de catadores 
27.063 vinculados a associações e 
cooperativas 
 
 
 
 
Massa de resíduos coletada 
seletivamente no ano, nos 1.322 
municípios 
1,7 milhão de toneladas (Tabela 5) 
 
 
 
 
Massa per capita coletada 
seletivamente 
14,4 kg/hab./ano (média) (Tabela 5) 
 
 
 
 
Taxa de coleta seletiva vs. 
volume total de RSU coletados 
4,11% 
 
 
 
 
Estimativa de resíduos 
recicláveis recebidos nas 
unidades de triagem - Brasil 
1,05 milhão de toneladas, representando 
1,7% do total de resíduos domiciliares e 
públicos coletados no Brasil, ou 5,6% da 
massa total potencialmente recuperável de 
recicláveis secos => Índice de 7,37 
kg/hab./ano de resíduos recuperados. 
 
 
 
 
Estimativa de recuperação de 
recicláveis secos3 em relação aos 
resíduos secos domésticos 
 7,0% 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de BRASIL, 2019b 
 Para melhor referência do significado da média per capita encontrada, 14,4 
kg/hab./ano, se assume a hipótese de atribuir o valor de 30% à fração de materiais 
secos potencialmente recicláveis presente na massa de RDO e se tomar a mesma 
quantidade média per capita de RDO coletada em 2018 (350,4 kg/hab./ano). Neste 
caso, pode-se afirmar que foi coletado de forma seletiva não mais que 13,7% de 
todo o montante potencialmente reciclável (BRASIL, 2019b). 
Na Tabela 7, segundo dados do SNIS-RS (2018), 1.322 municípios 
declararam possuir algum tipo de coleta seletiva, representando 38,1% da amostra 
 
3 Premissas SNIS-RS, atribuindo-se RSU composto por 20,0% de resíduos sólidos públicos e, 30% dos RSU 
sendo potencialmente recicláveis (oriundos majoritariamente dos RDO) 
23 
 
SNIS e 23,7% do Brasil. Ainda por esta tabela, observa-se que o índice de 
existência de coleta seletiva aumenta nos municípios com maior população. 
Somente 18,9% dos municípios brasileiros com até 30 mil habitantes possuem 
algum tipo de coleta seletiva, enquanto este serviço está disponível em mais de 
80% dos munícipios com população acima de 250 mil habitantes. 
Tabela 7 - Municípios com programas de coleta seletiva por faixa populacional – 
levantamento SNIS-RS - 2018 
Faixa Populacional Total de 
municípios - 
Brasil 
 
Total de 
Munícipios da 
amostra SNIS-
RS 2018 
 
Municípios que 
declararam existência de 
coleta seletiva 
Total Brasil 
Faixa 
Habitantes 
[mil] 
Quant. de 
Munic. 
(%) (%) 
1 até 30 4.411 2.647 835 31,5 18,9 
2 de 30 a 100 842 534 271 50,7 32,2 
3 de 100 a 250 205 176 124 70,5 60,5 
4 de 250 a 1.000 95 94 76 80,9 80,0 
5 de 1.000 a 4.000 15 15 14 93,3 93,3 
6 acima de 4.000 2 2 2 100,0 100,0 
Total - 2018 5.570 3.468 1.322 38,1 23,7 
Total - 2017 5.570 3.556 1.256 35,3 22,5 
Total - 2016 5.570 3.670 1.215 33,1 21,8 
Fonte: Elaborado pelo Autor. Adaptado de BRASIL, 2019b 
A pesquisa Microsoft 2018, divulgado pelo Compromisso Empresarial para 
a Reciclagem (CEMPRE), mostrado na Figura 7, apresenta números próximos aos 
reportados pelos SNIS-RS 2018, sendo que neste em 2018, 1.227 municípios 
reportaram a existência de algum tipo de coleta seletiva, representando 22% dos 
municípios brasileiros e apenas 35 milhões de brasileiros (17%) com acesso a 
programas municipais de coleta seletiva. Ainda por esta pesquisa, é notório o 
crescimento de municípios com coleta seletiva após a promulgação da PNRS em 
2010, com um aumento de 177% na abrangência nacional da coleta seletiva de 
2010 a 2018. 
 
 
24 
 
Figura 7 – Municípios brasileiros com coleta seletiva – Ciclosoft 2018 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Ciclosoft 2018 (CEMPRE, 2019) 
A quantidade de resíduos recicláveis secos recuperados por dia são 
apresentados na Tabela 8, considerando-se plástico, papel, papelão, metais, vidros 
e outros, de acordo com os dados levantados pelo SNIS-RS, referentes ao ano de 
2018, publicados no 17°. Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 
(BRASIL, 2019b). 
Tabela 8 – Incidências de materiais recicláveis secos recuperados por tipo de 
material – SNIS-RS 2018 
Quant. De 
Municípios 
Papel e 
papelão 
[ton.] 
Plásticos 
[ton.] 
Metais 
[ton.] 
Vidros 
[ton.] 
Outros 
[ton.] 
TOTAL 
1.031 241.085,7 129.493,2 75.304,9 69.820,2 58.022,4 573.726,4 
 42% 23% 13% 12% 10% 100% 
Fonte: Elaborado pelo Autor. Adaptado de BRASIL, 2019b 
Os dados apresentados na Tabela 8, referem-se a 1031 municípios que 
reportaram os dados no levantamento SNIS-RS 2018, com o detalhamento dos 
materiais recicláveis secos recuperados. Esta quantidade de municípios representa 
18,5% do total de munícipios no país. 
A Tabela 9 apresenta uma estimativa da massa total de resíduos recicláveis 
secos para o Brasil, resultando em 1,1 milhão de toneladas recuperadas, que 
corresponde a 1,7% do total aproximado de 62,8 milhões de toneladas (Tabela 4) 
25 
 
de resíduos domiciliares e públicos “potencialmente” coletados em 2018 (BRASIL, 
2019b). 
Tabela 9 – Estimativa de massa total de materiais recicláveis secos recuperados 
– Brasil – SNIS-RS 2018 
Quantidade 
de 
municípios 
População 
Urbana 
(IBGE) 
Indicador 
médio 
[kg/hab. 
ano) 
Quant. de 
massa 
recuperada 
em função 
da pop. Urb. 
[ton./ano] 
Pop. Urb. 
correspondente 
aos mun. com 
materiais 
recicláveis 
recuperados 
entre os mun. 
da amostra 
[%] 
Estimativa 
da massa 
total 
recuperada 
[ton./ano] 
5.570 176.539.719 7,37 1.301.627,92 81,25 1.057.590,76 
Fonte: Elaborado pelo Autor. Adaptado de BRASIL, 2019b 
 
Para ampliar o índice de recuperação dos resíduos recicláveis contido nos 
RSU, Ministério do Meio Ambiente lançou em 2019 o Programa Nacional Lixão 
Zero, de forma a equacionar a questão dos resíduos sólidos urbanos, por meio do 
fortalecimento de sua gestão integrada, coleta seletiva, reciclagem, logística 
reversa, recuperação energética e disposição ambientalmente adequada dos 
rejeitos (BRASIL, 2019a). 
A Figura 8, apresenta dados do CEMPRE (2018) que mostram serem as 
regiões sul e sudeste as que possuem maior índice de coleta seletiva no Brasil. 
Figura 8 - Coleta seletiva por região - Brasil
 
Fonte: Elaborado pelo Autos, adaptado de Ciclosoft 2018 (CEMPRE 2018) 
Ainda pela pesquisa Ciclosoft 2018 (CEMPRE, 2018), os programas de 
maior êxito são aqueles em que há uma combinação dos modelos de coleta 
45%
42%
8%
4%
1%
Sudeste (416)
Sul (337)
Nordeste (97)
Centro-Oeste (62)
Norte (15)
26 
 
seletiva: Porta-a-Porta (80%), Pontos de Entrega Voluntária (PEV) (45%) e 
Cooperativas (61%). Muitos utilizam a combinação de dois ou três modelos. 
A Figura 9 (CEMPRE, 2017) mostra a composição dos resíduos sólidos 
urbanos, sendo 48.6% composto por “fração seca”, na sua maioria material de 
embalagem pós-consumo, e destes, 13,5% correspondem ao plástico. 
Figura 9 – Composição Gravimétrica dos RSU brasileiros
 
Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de CEMPRE, 2017 
A Figura 10 apresenta um detalhamento da fração seca, resultado da coleta 
seletiva, conforme dados do CICLOSOFT 2018 (CEMPRE, 2018). De acordo com 
este relatório, 17% representa a participação do plástico na composição 
gravimétrica. Este relatório não apresenta a separação entre plástico rígido e 
plástico flexível. 
Figura 10 - ComposiçãoGravimétrica na coleta Seletiva – Ciclosoft 2018 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado de Ciclosoft 2018 (CEMPRE, 2018) 
Fração 
Molhada
51,40%
Plásticos
13,50%
Vidro
2,40%
Papel e 
Papelão
13,10%
Metais
2,90%
Outros
16,70%
Fração Molhada
Plásticos
Vidro
Papel e Papelão
Metais
Outros
17%
21%
8%
2%
10%
9%2%
7%
24%
Plásticos
Papel / Papelão
Vidro
Longa Vida
Alumínio
Metais Ferrosos
Eletrônicos
Outros
27 
 
Para além do ganho ambiental e econômico, a vida urbana passou a 
conviver gradativamente com um novo conceito do “consumo consciente”. 
Nesse cenário, a separação dos resíduos nas residências, a maior atenção do 
consumidor quanto às práticas empresariais associadas à reciclagem dos 
produtos e a cobrança cidadã por melhorias no serviço de coleta seletiva 
realizado pelas prefeituras tornaram-se elementos-chave para o avanço do 
nível de reciclagem em geral no país, em especial a reciclagem de embalagens 
pós-consumo no País (CEMPRE, 2017). 
Apesar das dificuldades enfrentadas pelas instituições, pelo poder público e 
pelas cooperativas de catadores no Brasil, alguns avanços têm sido identificados 
nos últimos anos, ao menos em alguns materiais específicos, com aumento no 
índice de reciclagem, principalmente aos materiais com maior valor de mercado. 
Entre 1994 e 2008, o índice de reciclagem de latas de alumínio variou de 56% para 
91,5%, o de papel de 37% para 43,7%, o de frascos de vidro de 33% para 47%, o 
de embalagens PET de 18% para 54,8%, o de lata de aço de 23% para 43,5%, e o 
de embalagem longa-vida de 10% em 1999 para 26,6% em 2008. (IPEA, 2017). 
A Figura 11 apresenta o fluxo dos resíduos pós-consumo, detalhando as 
diferentes formas de descarte e coleta, com foco nos resíduos potencialmente 
recicláveis, passando pelas cooperativas e associações de catadores, até a 
indústria recicladora. Neste longo caminho, pode ainda ter a passagem pelos 
intermediários aparistas e sucateiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Figura 11 - Fluxo de resíduos comercializados diretamente entre as 
cooperativas e associações de catadores e a indústria recicladora. 
 
Fonte: ANCAT, 2019 
 
III.5. Plásticos – presença nos Resíduos Sólidos Urbanos 
Os plásticos fazem parte de uma classe de materiais mais abrangentes 
chamados polímeros, cuja palavra origina-se do grego poli (muitos) e mero 
(unidade de repetição). Um polímero é uma macromolécula composta por muitas 
(geralmente dezenas de milhares) unidades de repetição denominadas meros, 
ligadas através de ligações covalentes. Eles podem ser naturais, como a seda, a 
celulose, as fibras de algodão, etc., ou sintéticos, como o polipropileno (PP), o poli 
(tereftalato de etileno) (PET), o polietileno (PE), o policloreto de vinila (PVC), etc. É 
possível dividir os polímeros sintéticos em três grandes classes: plásticos, 
borrachas e fibras (CANEVAROLO, 2010). 
Os polímeros originários de monômeros de hidrocarboneto alifático 
insaturado contendo uma dupla ligação carbono-carbono reativa são conhecidos 
como poliolefinas, sendo os mais comuns o polietileno (de baixa e alta densidade) 
e o polipropileno (PP) (CANEVAROLO, 2010). 
29 
 
Segundo Canevarolo (2010) o plástico é definido como um produto final sólido 
de alta massa molar e são divididos em termoplásticos e termofixos. 
• Termoplásticos: São plásticos moldáveis que podem ser fundidos quando 
submetidos a altas pressões e temperaturas e solidificados quando 
resfriados, não sofrem alterações na sua estrutura química durante o 
aquecimento e que podem ser novamente fundidos após o resfriamento. 
Exemplos: prolipropileno (PP), polietileno de alta densidade (PEAD), 
polietileno de baixa densidade (PEBD), poli(tereftalato de etileno) (PET), 
poliestireno (PS), policloreto de vinila (PVC) etc. Podem ser transformados 
em objetos principalmente através da moldagem por injeção, sopro ou 
extrusão e são divididos em filmes (geralmente os produtos com espessura 
inferior a 254 µm, como embalagens plásticas flexíveis, sacos e sacolas) e 
rígidos (o restante) (MANRICH et al., 1997; SARANTÓPOULOS et al., 2002). 
• Termorígidos: São moldáveis uma única vez, pois não fundem com o 
reaquecimento. Exemplos: resinas fenólicas, epóxi, poliuretanos etc. 
Segundo Canevarolo (2010), PEAD, PEBD, PP, PS e PVC são considerados 
termoplásticos convencionais, pois possuem baixo custo, alta produção e fácil 
processamento. 
Os plásticos são materiais que, embora sólidos à temperatura ambiente em 
seu estado final, quando aquecidos acima da temperatura de “amolecimento” 
tornam-se fluidos e passíveis de serem moldados por ação isolada ou conjunta de 
calor e pressão. Os termoplásticos são moldáveis a quente e possuem baixa 
densidade, boa aparência, são isolantes térmico e elétrico, são leves, resistentes 
ao impacto e possuem baixo custo, portanto, apresentam uma larga faixa de 
aplicações (SPINACÉ e DI PAOLI, 2005). 
Apesar da existência de uma grande variedade de termoplásticos, apenas 
cinco deles, ou seja, o PE (PEAD, PEBD, PELBD), o PP, o PS, o PVC e o PET 
representam cerca de 90% do consumo nacional, utilizados em aplicações 
diversas, voltadas para a construção civil, setor agrícola, de calçados, móveis, 
embalagens, têxtil, lazer, telecomunicações, eletroeletrônicos, automobilísticos, 
médico-hospitalar, entre outras (ABIPLAST, 2018). Os principais produtos feitos 
com cada plástico são: 
30 
 
1. PET - poli (tereftalato de etileno) – É encontrado em frascos e garrafas 
para uso alimentício/hospitalar, cosméticos, bandejas para micro-
ondas, filmes para áudio e vídeo, fibras têxteis, etc. 
2. PEAD - polietileno de alta densidade – Com ele são feitas embalagens 
para detergentes e óleos automotivos, sacolas de supermercados, 
garrafeiras, tampas, tambores para tintas, potes, utilidades 
domésticas, etc. 
3. PVC - policloreto de vinila – Já foi muito utilizado em embalagens para 
água mineral e óleos comestíveis. Atualmente pode ser encontrado em 
rótulos e lacres termo-encolhíveis. Perfis para janelas, tubulações de 
água e esgotos, mangueiras, embalagens para remédios, brinquedos, 
bolsas de sangue, material hospitalar, etc. 
4. PEBD/PELBD - polietileno de baixa densidade/polietileno linear de 
baixa densidade – Com ele são feitas sacolas para supermercados e 
boutiques, filmes para embalar leite e outros alimentos, sacaria 
industrial, filmes para fraldas descartáveis, bolsa para soro medicinal, 
sacos de lixo, etc. 
5. PP – polipropileno – É encontrado em filmes para embalagens e 
alimentos, embalagens industriais, cordas, tubos para água quente, 
fios e cabos, frascos, caixas de bebidas, autopeças, fibras para 
tapetes utilidades domésticas, potes, fraldas e seringas descartáveis, 
etc. 
6. PS – poliestireno – Com ele se faz potes para iogurtes, sorvetes, 
doces, frascos, bandejas de supermercados, carcaças de 
equipamentos eletroeletrônicos, geladeiras (parte interna da porta), 
pratos, tampas, aparelhos de barbear descartáveis, brinquedos, etc. 
Por conta dessa presença maciça de plásticos nos resíduos domésticos, produtos 
feitos com esses plásticos (especialmente as embalagens) costumam ter gravado 
o símbolo da reciclagem com um número ou uma sigla no centro, apresentados na 
Figura 12, para facilitar a identificação do plástico utilizado visando a futura 
reciclagem (ABNT NBR 13230:2008). 
 
 
 
31 
 
Figura 12: Simbologia utilizada para identificação de embalagens por tipo de 
material 
 
Fonte: Norma NBR 13.230 da ABNT 
A caracterização do material para estruturas laminadas ou multicamadas 
cuja reciclagem é processada sem a separação dos materiais constituintes é 
designada pela resina de maior participação na composição da estrutura. Os 
materiais de embalagem recicláveis sem a separação dos seus elementos 
integrantes são classificados como “outros” (FORLIN, 2002). 
Devido aos seus muitos benefícios e propriedades específicas, o consumo

Continue navegando