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Pontifícia Universidade Católica de Goiás Pró-Reitoria de Graduação Organização Ivone Félix de Sousa Juliany G. Guimarães Aguiar Marli Bueno de Castro EBOOK A AVALIAÇÃO DAS QUESTÕES DO ENADE 2015 2 2018 SUMÁRIO PREFÁCIO 05 CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS E HISTÓRICOS 08 Questão 9 Cláudio Ivan de Oliveira Divino de Jesus da Silva Rodrigues 08 Questão 10 Nagi Hanna Salm Costa 12 Questão 11 Cláudio Ivan de Oliveira Mara Rúbia Venâncio Marta Carmo 14 Questão 23 Mara Rúbia Venâncio Vieira Marta Carmo 17 CAPÍTULO 2 FUNDAMENTOS, MÉTODOS E TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS PARA INVESTIGAÇÕES CIENTÍFICAS 20 Questão 3 discursiva Suely Vieira Lopes Margareth Regina Veríssimo Weber Martins 20 Questão 12 Camila Alves Tahiná Khan Ivone Félix de Sousa 23 Questão 13 Lorena Simonassi Janille Ribeiro 26 Questão 14 Weber Martins Suely Vieira Lopes 28 Questão 15 Suely Vieira Lopes Weber Martins Dwain Phillip Santee 31 Questão 16 Suely Vieira Lopes Weber Martins Ivone Félix de Sousa 33 Questão 24 Lorena Simonassi Lorismario Ernesto Simonassi 36 CAPÍTULO 3 FENÔMENOS PSICOLÓGICOS 38 Questão 18 Carolina Cardoso de Souza Rosana Carneiro Tavares 38 3 Questão 19 Janille Ribeiro Júlia da Paixão Oliveira Mello e Pargeon Lila Spadoni45 40 Questão 20 Adalgisa Regin48a Teixeira Janille Ribeiro36 Júlia da Paixão Oliveira Mello e Pargeon Analice Arruda 42 Questão 21 Ana Cândida Cardoso Cantarelli Lila Spadoni Rosana Carneiro Tavares 45 Questão 22 Alberto de Oliveira Daniela Cristina Campos Lila Spadoni Ronaldo Gomes Souza 48 Questão 25 Rosana Carneiro Tavares 51 Questão 26 Otília Aída Monteiro Loth Margareth Regina Veríssimo Ivone Félix de Sousa 52 Questão 27 Otília Aída Monteiro Loth Ivone Félix de Sousa 54 Questão 29 Daniela Cristina Campos 56 Questão 34 Margareth Regina Veríssimo 58 CAPÍTULO 4 PRINCIPAIS DOMÍNIOS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO 60 Questão 4 discursiva Rosival B. Lagares Margareth Regina Veríssimo 60 Questão 5 discursiva Roberta Maia Marcon de Moura Silvamir Alves Margareth Regina Veríssimo 63 Questão 17 Andréa Batista Magalhães 67 Questão 28 Marli Bueno de Castro Ivone Félix de Sousa Katya Alexandrina Matos Barreto Motta 69 Questão 30 Margareth Regina Veríssimo 72 Questão 31 Daniela Sacramento Zanini Helenides Mendonça Marta Carmo 74 Questão 32 Daniela Sacramento Zanini Filomena Guterres Costa 76 4 Marina de Moraes e Prado Morabi Questão 35 Marina de Moraes e Prado Morabi Gina Nolêto Bueno Lenise Santana Borges Daniela Sacramento Zanini 79 CAPÍTULO 5 QUESTÕES GERAIS DO ENADE COM INTERSECÇÃO COM A PSICOLOGIA – POLÍTICAS PÚBLICAS 83 Questão 2 Vera Lucia Morselli 83 Questão 4 Vera Lucia Morselli 84 Questão 6 Vera Lucia Morselli 85 CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 88 REFERÊNCIAS 89 5 PREFÁCIO O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE/2015) possui em duas partes, uma contendo os Componentes de Conhecimento Específico da Área de Psicologia e outra com os Componentes de Formação Geral. Assim, o Enade/2015, foi composto por trinta questões (três discursivas e vinte e sete de múltipla escolha), envolvendo situações-problema e estudos de casos contemplando os componentes específicos de psicologia e onze questões de Componente de Formação Geral, em que três delas apresentam conteúdos interdisciplinares com a psicologia. Neste EBOOK estão apresentadas as análises das questões do ENADE/2015, relativas aos Componentes de Conhecimento Específico da Área de Psicologia e aos de Formação Geral que abordam conteúdos interdisciplinares com as disciplinas ministradas neste curso. Destaca-se que mais de 50% dos alunos que compareceram para realizar este ENADE são da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Ficando os outros 49,68% distribuídos entre as diversas universidades e faculdades de Goiânia. Este fato motivou os professores a produzirem este documento de análises das questões, a fim de apresentar os conteúdos que foram contemplados nesta avaliação, demonstrando assim, como o curso de Psicologia da PUC Goiás abrange os conteúdos que foram examinados nesta prova. Para realizar esta análise, seguiu-se os critérios que foram propostos nas diretrizes para a elaboração do ENADE/2015, em relação aos Componente de Conhecimento Específico da Área de Psicologia voltados para: as competências e habilidades que os alunos desenvolveram; o perfil profissional expresso nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia, Resolução CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011; e os conteúdos curriculares ministrados no curso. Em relação às competências e habilidades que o estudante desenvolve, no processo de formação, analisou-se quais dos critérios abaixo foram avaliados nas questões: I - avaliar, sistematizar e decidir as condutas profissionais, com base em evidências científicas; II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com os referenciais teóricos e as características da população-alvo; IV - elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação; V - utilizar os recursos da matemática, da estatística e da informática para a análise e apresentação de dados e para a preparação das atividades profissionais em Psicologia; VI - diagnosticar, planejar e intervir em processos educativos em diferentes contextos; VII - diagnosticar, planejar e intervir em processos de gestão, em distintas organizações e instituições; VIII - diagnosticar, planejar e intervir em processos de prevenção e promoção da saúde, em nível individual e coletivo; 6 IX - diagnosticar, planejar e intervir em processos de assistência e apoio psicossocial a grupos, segmentos e comunidades em situação de vulnerabilidade individual e social; X - realizar psicodiagnóstico, psicoterapia e outras estratégias clínicas frente a questões e demandas individuais e coletivas; XI - coordenar e manejar processos grupais, em diferentes contextos, considerando as diferenças individuais e socioculturais dos seus membros; XII - avaliar os resultados e impactos das intervenções psicológicas conduzidas em diferentes contextos. A fim de levantar o perfil profissional expresso nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia, Resolução CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011, que foram contemplados nas questões foram analisados os critérios abaixo: I - compromisso com a construção e o desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia; II - compreensão da especificidade dos fenômenos e processos psicológicos e dos múltiplos referenciais teóricos e epistemológicos; III - interlocução com campos de conhecimento para apreender a complexidade e a multideterminação do fenômeno psicológico, em suas interfaces com fenômenos sociais e biológicos; IV - aptidão para atuar em diferentes contextos de inserção profissional, com postura crítica frente aos contextos macrossociais, tendo em vista a promoção dos direitos humanos e da qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades; V - compromisso com a ética no que diz respeito às relações com usuários, com colegas, com o público e na produção e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações da área da Psicologia; VI - atuaçãointer e multiprofissional, sempre que a compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar, relacionando-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuação profissional; VII - compromisso com o aprimoramento e a capacitação contínuos, atento ao desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão. Em seguida, avaliou-se quais componentes específicos da área de Psicologia que foram tomados como referencial examinando os conteúdos curriculares abaixo: I - Fundamentos epistemológicos e históricos: a) Constituição da Psicologia como campo de conhecimento b) Constituição da Psicologia como campo de atuação profissional no Brasil c) Constituição, fundamentos e pressupostos epistemológicos dos principais sistemas psicológicos II - Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas: a) Fundamentos das medidas em Psicologia b) Instrumentos e procedimentos de coleta de dados c) A lógica da argumentação científica em Psicologia d) Concepção, planejamento, delineamento e comunicação de investigação científica. III – Fenômenos psicológicos: a) Processos psicológicos de atenção, memória, percepção, linguagem, pensamento, consciência e inteligência 7 b) Emoção, afetos e motivação c) Desenvolvimento humana d) Personalidade e subjetividade e) Processos psicopatológicos f) Indivíduo, Sociedade e Cultura g) Processos grupais, organizacionais e institucionais h) Princípios e processos de aprendizagem i) Psicofarmacologia e comportamento j) Bases biológicas e evolutivas do comportamento k) Neurociência das emoções, cognição e comportamento IV - Principais domínios de atuação do Psicólogo: a) Intervenções em processos educativos b) Intervenções em processos organizacionais e de gestão de pessoas c) Intervenções em processos de trabalho, saúde e bem estar do trabalhador d) Atenção e promoção da saúde (básica, secundária e terciária) e) Avaliação psicológica / Psicodiagnóstico f) Intervenções em grupos, instituições e comunidades g) Psicoterapias V - Princípios éticos e deontológicos no exercício profissional. Assim, dividiu-se as questões conforme os conteúdos avaliados que sobressaíram em cada uma delas. No entanto, várias questões tiveram como referencial examinado, conteúdos curriculares apresentados em mais de um dos critérios acima citados. As questões foram avaliadas por 39 professores, entre mestres e doutores, que ministram aulas na graduação do Curso de Psicologia da PUC Goiás, de diferentes áreas de conhecimentos e abordagens. A análise de cada questão apresenta a autoria, o gabarito, o tipo de questão, os componentes e habilidades (MEC-Psicólogo), os componentes específicos da área de psicologia (Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em psicologia), os conteúdos curriculares avaliados, comentários e referências. 8 CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS E HISTÓRICOS Nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s) aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC), em 2011, relativas aos cursos de graduação em Psicologia, estão inclusos os conteúdos ‘Fundamentos Epistemológicos e Históricos’ como um dos eixos estruturantes para a formação em psicologia. Este conteúdo deve estar apresentado de forma vertical em todo o currículo e permite ao formando o conhecimento das bases epistemológicas presentes na construção do saber psicológico, desenvolvendo a capacidade para avaliar criticamente as linhas de pensamento em Psicologia. Estas DCN’s foram elaboradas com a contribuição de diversos órgãos, instituições e entidades representativas da psicologia e devem ser observadas pelas instituições de ensino superior (IES) do país, entendendo a Psicologia enquanto ciência e profissão (Resolução CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011). Neste capítulo estão as avaliações de questões que contemplam os conteúdos ‘Fundamentos Epistemológicos e Históricos’ como foco principal, embora outros eixos são considerados em algumas questões. As questões do ENADE/2015 que destacaram os conteúdos ‘Fundamentos Epistemológicos e Históricos’ foram as de número ‘9, 10, 11 e 23’. Segue-se portanto, as análises de cada questão. Questão 9 – A psicologia constitui-se como ciência autônoma no final do século XIX e, desde então, caracteriza-se por diversas tensões entre a natureza subjetiva dos fenômenos psicológicos e a imposição de uma abordagem objetiva, típica da ciência. Tal tensão se expressa diferentemente nas principais matrizes que estruturam o pensamento psicológico nas suas origens. Isso culminou em definições diferenciadas sobre a forma científica de produzir conhecimento e a própria definição do objeto da Psicologia. Assim, caracterizam-se duas grandes vertentes, uma mais objetivista e outra mais subjetivista. Ao longo do tempo, várias tentativas foram feitas na direção de articular esses dois modelos explicativos. Considerando esse contexto, avalie as afirmações a seguir. I. Atualmente, é consenso na Psicologia a meta de conhecer para dominar os meandros da subjetividade. II. O objetivismo valoriza a experimentação e toma o comportamento manifesto como objeto de estudo, embasando-se na ideia de que todo conhecimento provém da experiência. III. O subjetivismo apoia-se na ideia da autonomia do ser humano, sustentando a tese de que o conhecimento é anterior à experiência. É correto o que se afirma em a. I, apenas. b. II, apenas. c. I e II apenas. d. II e III apenas. e. I, II e III. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=7692&Itemid= http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=7692&Itemid= 9 ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: Cláudio Ivan de Oliveira(1) e Divino de Jesus da Silva Rodrigues(2) GABARITO: D TIPO DE QUESTÃO: Complementação múltipla COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: I - avaliar, sistematizar e decidir as condutas profissionais, com base em evidências científicas; II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo; IV - elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: I - compromisso com a construção e o desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia; II - compreensão da especificidade dos fenômenos e processos psicológicos e dos múltiplos referenciais teóricos e epistemológicos; III - interlocução com campos de conhecimento para apreender a complexidade e a multideterminação do fenômeno psicológico, em suas interfaces com fenômenos sociais e biológicos; VI - atuação inter e multiprofissional, sempre que a compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar, relacionando-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuação profissional; VII - compromisso com o aprimoramento e a capacitação contínuos, atento ao desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão. CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): I – Fundamentos epistemológicos e históricos: a) Constituição da Psicologia como campo de conhecimento. b) Constituição da Psicologia como campo de atuação profissional no Brasil. c) Constituição, fundamentos e pressupostos epistemológicos dos principais sistemas psicológicos.10 COMENTÁRIOS: Esta questão trata de um tema central na Psicologia, que têm pautado a discussão de natureza histórica e epistemológica ao longo da consolidação da Psicologia como ciência autônoma. A partir deste contexto, o importante é o estudante compreender que baliza a discussão não é a busca de superioridade de uma vertente sobre a outra, e sim, uma reflexão e avaliação crítica sobre tais conhecimentos, por meio da discussão do significado da concepção de objetividade e subjetividade que norteiam as investigações empreendidas pela Psicologia na produção do conhecimento. A construção desta questão foi baseada(2) em uma interpretação mal fundamentada das epistemologias da psicologia. A polaridade objetivismo versus subjetivismo, e suas respectivas definições, não contemplam as peculiaridades epistemológicas das diferentes matrizes do pensamento psicológico (1). O enunciado II define os sistemas objetivistas da seguinte forma: O objetivismo valoriza a experimentação e toma o comportamento manifesto como objeto de estudo, embasando-se na ideia de que todo conhecimento provém da experiência. É evidente que esta classificação pretende incluir os sistemas behavioristas. No entanto, tal classificação está equivocada porque não contempla a história do behaviorismo e suas diferentes considerações epistemológicas sobre o comportamento como objeto de estudo. O behaviorismo de John Broadus Watson tomou como objeto de estudo da psicologia o comportamento (observável) (Watson, 1913). Sob influência do positivismo, observável significou para Watson passível de consenso entre os observadores. Assim sendo, foi excluída a experiência consciente acessível introspectivamente apenas a quem a experimenta e descreve (Watson, 1924). Cabe então concluir que esta primeira proposta behaviorista se encaixa na classificação objetivista proposta na questão analisada? A resposta é sim, mas com uma ratificação à linguagem usada na questão. É correto afirmar que Watson restringiu a ciência do comportamento ao referido critério positivista de consenso entre observadores. Porém, o conceito “comportamento manifesto”, usado na definição de objetivismo na Questão 9, não é a melhor escolha para o caso. Isto porque Watson (1913a) fez a diferença entre comportamentos explícitos e comportamentos implícitos. Os primeiros são observáveis diretamente a outras pessoas (além daquela que os emite) sem a necessidade do uso de instrumentos fisiológicos. A fala em voz alta é um exemplo de comportamento explícito. Já as emoções foram definidas por Watson (1913a) como reações viscerais, em grande parte não manifestas, isto é, não diretamente observáveis para outras pessoas. São acessíveis intersubjetivamente apenas com o auxílio de instrumentos fisiológicos. O verbo manifestar é definido como “tornar(-se) manifesto ou público; declarar(-se), divulgar”. Assim sendo, adéqua-se ao conceito de comportamento explícito. Já o comportamento implícito não é “público, divulgado”. Conclui-se que falta à linguagem usada na questão 9 uma compreensão mais refinada da teoria watsoniana. Este não é um detalhe insignificante, visto que a questão trata das epistemologias da psicologia e, portanto, exige precisão conceitual na área. O problema fica mais grave quando se considera o behaviorismo radical de Burrhus Frederic Skinner. Seria este um sistema objetivista conforme a classificação em questão? A resposta é rigorosamente não. Isto porque o behaviorismo radical incluiu os comportamentos públicos e privados como objeto de estudo (Skinner, 2006). Os primeiros são aqueles observáveis por outros (como os comportamentos explícitos de 11 Watson). Os segundos são eventos observáveis apenas para quem os experimenta. Um exemplo é o pensamento como um operante encoberto. Eles (os eventos privados) ocorrem dentro da pele, possuem as mesmas dimensões físicas que aqueles que ocorrem fora dela, e são explicados a partir dos mesmos princípios comportamentais. Diferentemente do behaviorismo watsoniano, Skinner considerou desnecessário e prejudicial para a análise funcional do comportamento o esforço para observar as ocorrências fisiológicas relacionadas aos eventos privados (Skinner, 1953). Esta tarefa foi atribuída a outro nível de análise (hoje as neurociências). Portanto, o behaviorismo radical não pode ser considerado um sistema que estuda apenas o “comportamento manifesto”. Mais uma vez a classificação epistemológica proposta na Questão 9 mostra-se mal fundamentada. Passa-se agora à análise da classificação epistemológica denominada na Questão 9 de subjetivismo. Está é definida no enunciado II como segue: O subjetivismo apoia-se na ideia da autonomia do ser humano, sustentando a tese de que o conhecimento é anterior à experiência. É fácil demonstrar a fragilidade desta polarização subjetivismo-objetivismo porque importantes matrizes do pensamento psicológico não podem ser absorvidas por ela. O paradigma tradicional da psicologia evolucionista não pode ser identificado como objetivista. Isto porque ele não estuda comportamentos manifestos, e sim os mecanismos adaptativos (módulos) internos (a mente) que foram selecionados ao longo da evolução. Os comportamentos manifestos ocorrem em função do processamento de informação realizado no aparato mental. Também não faz sentido classificar a psicologia evolucionista como subjetivista. A razão é que ela não “apóia-se na idéia da autonomia do ser humano”. O ideal da autonomia do indivíduo foi proposto no Iluminismo. Segundo Immanuel Kant autônomo é o indivíduo que governa a si mesmo, que atingiu a maioridade e se emancipou da tutela da tradição. A heteronomia é o pólo oposto à autonomia, caracteriza um indivíduo que não decide por si mesmo, mas antes se submete aos ditames da tradição que o coage (no sentido durkheimiano). O ideal iluminista de autonomia foi, portanto, de um ser humano racional. Era isso o que preconizava a moral formalista kantiana. Para ela se impõe o governo da razão. O ser humano decide moralmente de forma consciente e por isso é livre para a recusa à satisfação instintual. A antropologia kantiana, que preconiza a existência de uma decisão moral racional e, portanto, consciente, não é aceitável para o paradigma tradicional da psicologia evolucionista. Isto porque para esta o comportamento humano é predominantemente o resultado de mecanismos que operam inconscientemente (não no sentido freudiano). Assim, mais um importante paradigma da psicologia não encontra lugar na restrita categorização epistemológica proposta na Questão 9. A psicanálise de Sigmund Freud também não pode ser absorvida na categorização objetivismo-subjetivismo. Isto porque ela não estuda comportamentos manifestos (não é objetivista) e não tem como ideal o homem autônomo-racional do iluminismo (não é subjetivista). Pelo contrário, a psicanálise desenvolveu uma antropologia que concedeu às pulsões a primazia sobre a vida psíquica humana. Portanto, neste aspecto Freud foi um anti-iluminista. Essas considerações são suficientes para demonstrar a inconsistência da interpretação epistemológica na qual se fundamenta a Questão 9. Portanto, é grave que uma prova do ENADE apresente uma questão passível de tantas críticas (1). 12 REFERÊNCIA(S): Figueiredo, L. C. M. (2014). Matrizes do pensamento psicológico. Petrópolis, RJ: Vozes. Molon, S. I. (2010). Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. Petrópolis, RJ: Vozes. Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York: Free Press. Skinner, B. F. (2006). Sobre o Behaviorismo (M. P. Villalobos, Trad.). Cultrix: São Paulo. Vigotski, L. S. (1996). Teoria e método em psicologia. Tradução de: Berliner, C. São Paulo: Martins Fontes. Watson, J. B. (1913). Psychology as the Behaviorist Views it. Retirado em 13/07/00 de http://psychclassics.yorku.ca Watson,J. B. (1913a). Image and Affection in Behaviorism. Journal of Philosophy, Psychology and Scientific Method. (10) 421-428. Watson, J. B. (1920). Is thinking merely the action of language mechanisms? Retirado em 22/04/02 de http://psychclassics. yorku.ca Watson, J. B. (1970). Behaviorism. New York: Norton Library. (Trabalho original publicado em 1924). Questão 10 – A Psicologia se reconhece e é socialmente reconhecida como um campo multifacetado e dividido em várias áreas de atuação. Tais áreas configuram temáticas, problemas, conhecimentos, tecnologias, modos de pensar e de atuar sobre as demandas oriundas de diferentes segmentos e contextos sociais. Bastos, A. V. B. et al. As mudanças no exercício profissional da psicologia no Brasil: o que se alterou na últimas décadas e o que vislumbramos a partir de agora? In: Bastos, A. V. B., & Gondim, S. M. G. (Orgs.) (2010). O trabalho do psicólogo no Brasil: um exame à luz das categorias da psicologia organizacional e do trabalho. Porto Alegre: Artmed. Em agosto de 2015, comemoram-se 53 anos de regulamentação da Psicologia como profissão no Brasil. As mudanças contemporâneas, o avanço do conhecimento e as transformações na realidade nacional propiciaram alternativas significativas nessa área no decorrer desse período. Considerando esse contexto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A clÍnica tradicional, centrada no atendimento individual, tem sido substituída por modalidades de atendimento grupal e familiar, ocasionando a perda de identidade profissional do psicólogo. PORQUE II. O surgimento de novas áreas de atuação, como as de saúde e de assistência social, tem representado possibilidades de inserção do psicólogo em contextos além da clÍnica. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da correta I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da correta I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. http://psychclassics.yorku.ca/ http://psychclassics.yorku.ca/ 13 d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: Nagi Hanna Salm Costa GABARITO: D TIPO DE QUESTÃO: Asserção-Razão COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: VIII - diagnosticar, planejar e intervir em processos de prevenção e promoção da saúde, em nível individual e coletivo; IX - diagnosticar, planejar e intervir em processos de assistência e apoio psicossocial a grupos, segmentos e comunidades em situação de vulnerabilidade individual e social; X - realizar psicodiagnóstico, psicoterapia e outras estratégias clínicas frente a questões e demandas individuais e coletivas; XI - coordenar e manejar processos grupais, em diferentes contextos, considerando as diferenças individuais e socioculturais dos seus membros; XII - avaliar os resultados e impactos das intervenções psicológicas conduzidas em diferentes contextos. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: III - interlocução com campos de conhecimento para apreender a complexidade e a multideterminação do fenômeno psicológico, em suas interfaces com fenômenos sociais e biológicos; IV - aptidão para atuar em diferentes contextos de inserção profissional, com postura crítica frente aos contextos macrossociais, tendo em vista a promoção dos direitos humanos e da qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades; CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): I - Fundamentos epistemológicos e históricos: a) Constituição da Psicologia como campo de conhecimento b) Constituição da Psicologia como campo de atuação profissional no Brasil IV - Principais domínios de atuação do Psicólogo: d) Atenção e promoção da saúde (básica, secundária e terciária) e) Avaliação psicológica / Psicodiagnóstico f) Intervenções em grupos, instituições e comunidades g) Psicoterapias 14 COMENTÁRIOS: A Psicologia na contemporaneidade tem se inserido nos mais diversos contextos de atuação, não se restringindo ao atendimento individual clínico. As propostas de intervenção do psicólogo podem ser dirigidas tanto a um único indivíduo, quanto a grupos de indivíduos. O psicólogo pode atuar na área Hospitalar e da Saúde, Trabalho e Organizações, Esporte e Exercício, Escolar e Educacional, na Neuropsicologia, na área Jurídica, Social, Comunitária, dentre outras. A pluralidade no que tange às áreas de atuação não fazem com que o psicólogo perca sua identidade profissional, pelo contrário, tal identidade se consolida ainda mais a medida em que se identifica espaços onde a inserção do psicólogo se faz relevante, necessária, essencial. REFERÊNCIA(S): Angerami-Camon, V. A. A. (2006). Psicologia da Saúde: Um Novo Significado para a Prática Clínica. São Paulo: Thomson Learning. Bastos, A. V. B. et al. As mudanças no exercício profissional da psicologia no Brasil: o que se alterou na últimas décadas e o que vislumbramos a partir de agora? In: Bastos, A. V. B., & Gondim, S. M. G. (Orgs.) (2010). O trabalho do psicólogo no Brasil: um exame à luz das categorias da psicologia organizacional e do trabalho. Porto Alegre: Artmed Jacó-Vilela, A. M., Ferreira, A. A. L., & Portugal, F. T. (2015). História da Psicologia: Rumos e Percursos. Rio de Janeiro: NAU Editora. Marinho, A. L., & Caballo, V. E. (2001). Psicologia Clínica e da Saúde. Londrina: Editora UEL; Granada: APISCA. Straub, R. O. (2007). Psicologia da Saúde. Porto Alegre: Artmed. Vala, J, & Monteiro, A. B. (2004). Psicologia Social. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkina. Questão 11 – As teorias em Psicologia constituíram-se de diversas raízes filosóficas e epistemológicas, que deram origem a sistemas complexos de conceitos, histórica e culturalmente determinados. Tais sistemas conceituais, por sua vez, possibilitaram a emergência de abordagens, escolas, teorias e práticas diferenciadas de Psicologia. Essa situação configura um campo de dispersão da Psicologia, que se formou com a utilização de diversas perspectivas epistemológicas, metodológicas e conceituais. A manifestação desse processo ocorreu por meio da produção de diferentes teorias e sistemas que marcaram a primeira metade do século XX. BARRETO, C. L. B. T.; MORATO, H. T. R A dispersão do pensamento psicológico. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 58, n. 129, dez. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org>. Acesso em: 2Gjul. 2015. Considerando os fundamentos epistemológicos da Psicologia na primeira metade do século XX, avalie as afirmações a seguir. I.O Behaviorismo tinha como pressupostos básicos a natureza objetiva e natural do ser humano e a possibilidade de construção de uma sociedade embasada em princípios do comportamento humano. 15 II.A Fenomenologia buscava alcançar a compreensão do ser, partindo da intuição das essências como possibilidade da consciência e recorrendo à noção fundamental de intencionalidade. III.A Psicologia Funcional, ao se ocupar das estruturas mentais, pretendia determinar os elementos constitutivos da consciência, decompor as experiências complexas em elementos mais simples e definir, com precisão, a sua natureza. IV.A Psicologia Estrutural fundamentava-se na noção de pulsão e seu arcabouço conceitual dependia da existência efetiva e da função desse pressuposto. V.A Psicanálise não pretendia ser uma teoria sistemática, mas uma atitude ou modo de observar os fenômenos psicológicos. É correto apenas o que se afirma em a. I e II. b. I e III. c. II e IV. d. III e V. e. IV e V. ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: CláudioIvan de Oliveira, Mara Rúbia e Marta Carmo GABARITO: A. TIPO DE QUESTÃO: múltipla escolha com única alternativa COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: I - avaliar, sistematizar e decidir as condutas profissionais, com base em evidências científicas; II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: I - compromisso com a construção e o desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia; II - compreensão da especificidade dos fenômenos e processos psicológicos e dos múltiplos referenciais teóricos e epistemológicos; VII - compromisso com o aprimoramento e a capacitação contínuos, atento ao desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão. 16 CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): I – Fundamentos epistemológicos e históricos: a) Constituição da Psicologia como campo de conhecimento. b) Constituição da Psicologia como campo de atuação profissional no Brasil. c) Constituição, fundamentos e pressupostos epistemológicos dos principais sistemas psicológicos. COMENTÁRIOS: Cada um dos enunciados é comentado abaixo. I. O Behaviorismo tinha como pressupostos básicos a natureza objetiva e natural do ser humano e a possibilidade de construção de uma sociedade embasada em princípios do comportamento humano. ‘ A expressão “natureza objetiva e natural do ser humano” exige alguma crítica. O ser humano possui uma “natureza natural” no behaviorismo? Se a expressão é usada para falar do “potencial da dotação genética do homem” ela é correta. Isto porque John Broadus Watson admitiu uma natureza humana no sentido de que esta espécie é portadora de mecanismos adaptativos universais: reflexos incondicionados e condicionados. Burrhus Frederic Skinner também admite a existência de uma natureza humana biológica filogeneticamente constituída. O homo sapiens sapiens é dotado, por exemplo, de uma mecanismo de aprendizagem denominado de condicionamento operante (Skinner, 2007). Este é produto da seleção natural, portanto trata-se da biologia humana. Por outro lado, se por “natureza natural” se quer afirmar que o behaviorismo radical desconsiderou a cultura, o enunciado I está errado. Do ponto de vista da teoria skinneriana sobre a evolução da cultura como resultado de uma seleção por consequências (Skinner, 2007), não existe uma homogeneidade cultural biologicamente determinada. Cada cultura é o resultado único e singular de um processo de seleção de práticas culturais. Quanto ao indivíduo, seu comportamento é o resultado da influência interativa da filogênese, ontogênese e cultura. A última é caracterizada como o conjunto de contingências estabelecidas e mantidas pelo ambiente social. Visto que o gabarito da Questão 11 considera correto enunciado I, deve-se considerar como assumido o primeiro sentido dado acima à expressão “natureza natural”. A segunda parte do enunciado I diz que o behaviorismo afirma “a possibilidade de construção de uma sociedade embasada em princípios do comportamento humano”. Isto é verdade tanto para o behaviorismo watsoniano quanto skinneriano (radical). No caso do segundo autor basta citar obras como Walden II e Para Além da Liberdade e da Dignidade. II. A Fenomenologia buscava alcançar a compreensão do ser, partindo da intuição das essências como possibilidade da consciência e recorrendo à noção fundamental de intencionalidade. Não há problema nesta afirmação. III.A Psicologia Funcional, ao se ocupar das estruturas mentais, pretendia determinar os elementos constitutivos da consciência, decompor as experiências complexas em elementos mais simples e definir, com precisão, a sua natureza. 17 A ênfase da Psicologia Funcional não foi nas estruturas mentais, e sim na função adaptativa das faculdades mentais. A análise de William James acerca da consciência é exemplar nessa nova tendência da psicologia americana. Para ele a consciência possibilita a adaptação psicológica, na qual o propósito é antecipado pelo organismo e os meios mais adequados para a sua realização são selecionados. Portanto, o enunciado III está errado. IV.A Psicologia Estrutural fundamentava-se na noção de pulsão e seu arcabouço conceitual dependia da existência efetiva e da função desse pressuposto. A Psicologia Estrutural de Edward Bradford Titchener não trabalhou com o conceito de pulsão. Seu objetivo prioritário era a identificação dos elementos componentes da consciência: “saber o que está lá e em que quantidade” (Titchener, 1898). Por isso o enunciado IV está errado. V.A Psicanálise não pretendia ser uma teoria sistemática, mas uma atitude ou modo de observar os fenômenos psicológicos. A pretensão de Sigmund Freud a uma teoria sistemática é facilmente demonstrável a partir de sua obra clássica Compêndio de Psicanálise. Nela o autor desenvolve uma sistematização sintética da teoria psicanalítica. Assim, sendo, o enunciado V está errado. REFERÊNCIA(S): Barreto, C. L. B. T.; Morato, H. T. R (2015). A dispersão do pensamento psicológico. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 58, n. 129, dez. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org>. Acesso em: 2/06/2018. James, W. (1890). Principles of Psychology. Retirado em 22/02/2005. http://psychlassics. yorku.ca. Skinner, B. F.. (2007). Seleção por conseqüências. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 9(1), 129-137. Titchener, E. B. (1899). The Postulates of a Structural Psychology. Retirado em 22/02/2005. http://psychlassics. yorku.ca. Questão 23 – A respeito das teorias acerca da estrutura de personalidade, avalie as afirmações a seguir. I.Os conceitos de self na abordagem junguiana e na perspectiva centrada no cliente se aproximam, na medida em que ambas o consideram uma totalidade, mas divergem em relação ao fato de sua disponibilidade à consciência. II.As teorias do aparelho psíquico (topográfico e estrutural) desenvolvidas por Freud se integram da seguinte forma: o ego e o superego estão localizados no consciente e no pré-consciente e o id, no inconsciente. III.A noção de inconsciente na abordagem cognitiva refere-se ao processamento de informação acessível à consciência no seu resultado final, diferentemente da concepção adotada pela abordagem psicanalítica. http://psychlassics/ http://psychlassics/ 18 IV.As abordagens comportamentais de aprendizagem tendem a enfatizar comportamentos específicos em suas relações com o contexto, em vez de elementos da personalidade. É correto apenas o que se afirma em a. I e II. b. I e III. c. II e IV. d. I, III e IV. e. II, III e IV. ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: Mara Rúbia Venâncio Vieira e Marta Carmo GABARITO: D TIPO DE QUESTÃO: Alternativa única COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo; VI - diagnosticar, planejar e intervir em processos educativos em diferentes contextos. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: II - compreensão da especificidade dos fenômenos e processos psicológicos e dos múltiplos referenciais teóricos e epistemológicos; III - interlocução com campos de conhecimento para apreender a complexidade e a multideterminaçãodo fenômeno psicológico, em suas interfaces com fenômenos sociais e biológicos. CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): I - Fundamentos epistemológicos e históricos: a) Constituição da Psicologia como campo de conhecimento c) Constituição, fundamentos e pressupostos epistemológicos dos principais sistemas psicológicos COMENTÁRIOS: A questão foca aspectos da formação da personalidade em diferentes teorias. 19 REFERÊNCIA(S): Cloninger, S. (1999). Teorias da Personalidade. 1° ed. São Paulo: Martins Fontes. Schultz, D. P. & Shultz, S. E. (2002). Teorias da Personalidade. 1° ed. São Paulo: Thomson Pioneira. 20 CAPÍTULO 2 FUNDAMENTOS, MÉTODOS E TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS PARA INVESTIGAÇÕES CIENTÍFICAS Dois outros eixos estruturantes da matriz dos cursos de graduação em psicologia são neste capítulo contemplados. O dos ‘Fundamentos teórico-metodológicos’ e o dos ‘Procedimentos para a investigação científica e a prática profissional’. O primeiro que garante a apropriação crítica do conhecimento disponível, assegurando uma visão abrangente dos diferentes métodos e estratégias de produção do conhecimento científico em Psicologia. Os ‘Procedimentos para a investigação científica e a prática profissional’, garante tanto o domínio de instrumentos e estratégias de avaliação e de intervenção quanto a competência para selecioná-los, avaliá-los e adequá-los a problemas e contextos específicos de investigação e ação profissional (Resolução CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011). Portanto, nestes dois eixos são requeridos conhecimentos que tornam a psicologia reconhecida como ciência. Neste capítulo estão as avaliações de questões que contemplam os conteúdos ‘Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas’ como foco principal, embora outros eixos são considerados em algumas questões. As questões do ENADE/2015 que destacaram os conteúdos ‘Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas’ foram a discursiva de número ‘3’ e as objetivas de número ‘12, 13, 14, 15 e 16’. Segue-se portanto, as análises de cada questão. Questão discursiva 3 – A crise de emprego, presente em diferentes países, inclusive no Brasil, agravou a vulnerabilidade dos jovens em termos de: a) aumento do desemprego, subemprego e condições precárias de inserção no mercado de trabalho; b) empregos de menor qualidade para aqueles que encontram trabalho; c) maior desigualdade no mercado de trabalho entre diferentes grupos de jovens; d) transições da escola para o trabalho mais longas e inseguras; e e) afastamentos prolongados do mercado de trabalho. Venturi, G. e Torini, D. 2014. Transições do mercado de trabalho de mulheres e homens jovens no Brasil. Genebra: OIT (Work Youth Series). Considerando o contexto apresentado, faça o que pede nos itens a seguir. a)Elabore um problema de pesquisa que esteja relacionado ao assunto tratado no texto. b)Descreva as etapas essenciais de sua pesquisa, incluindo: o desenho de pesquisa, os instrumentos, os procedimentos, as técnicas de análise de resultados e apresente uma consideração ética relevante sobre a pesquisa. ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: Suely Vieira Lopes, Margareth Regina Veríssimo e Weber Martins GABARITO: Exemplo de Gabarito para esta questão http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=7692&Itemid= http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=7692&Itemid= 21 a)Elabore um problema de pesquisa que esteja relacionado ao assunto tratado no texto. Quais as consequências sociais para os jovens em idade de inserção no mercado de trabalho, que vivem em países que estão em crise de emprego? b)Descreva as etapas essenciais de sua pesquisa, incluindo: o desenho de pesquisa, os instrumentos, os procedimentos, as técnicas de análise de resultados e apresente uma consideração ética relevante sobre a pesquisa. Problema: Quais as consequências sociais para os jovens em idade de inserção no mercado de trabalho, que vivem em países que estão em crise de emprego? Justificativa: Considerando que a crise de emprego afeta a população de um país e em especial as pessoas que estão em idade de inserção no mercado de trabalho, considerando ainda a crise de emprego tem atingido os jovens em momentos de sua afirmação profissional, tornando precárias as condições para o acesso a uma vida econômica sustentável, faz-se necessário o estudo dos impactos sociais dessa situação na vida desses jovens. Relevância ética da pesquisa: A pesquisa apresenta-se como uma possibilidade significativa para não apenas diagnóstico, mas como perspectiva de melhorar a vida dos jovens, para prevenção aos problemas sociais que podem ser originados a partir do não acesso ao emprego. Objetivos: - Levantar o perfil sócio demográfico dos jovens que buscaram a empregabilidade no último ano; - Compreender o contexto social dos jovens em idade de inserção no mercado de trabalho; - Avaliar o mercado de trabalho acessível aos jovens em idade de inserção no mundo de trabalho; - Conhecer as consequências sociais para os jovens em idade de inserção no mercado de trabalho, que vivem em países que estão em crise de emprego. - Metodologia: Pesquisa empírica por meio de levantamento, utilizando revisão bibliográfica e documental para sustentação teórica. - Instrumentos: Questionário - Procedimentos: Levantamento documental sobre o número previsto de sujeitos na condição de desemprego no último ano; Cálculo do tamanho da amostra utilizando fórmula estatística, com margem de erro de até no máximo 5%; Tipo de amostra: Não aleatória acidental; Elaboração do Projeto de Pesquisa; Estudo bibliográfico e documental sobre o tema; Elaboração do instrumento de coleta de dados; Pesquisa piloto para validação do instrumento de coleta de dados; Reavaliação do instrumento de coleta de dados; Coleta de dados que ocorrerá nos ambientes de empresas que oferecem vagas de trabalho e também na rua, com aplicação do Termo de Livre Consentimento; Criação de banco de dados no programa SPSS para organização dos dados; Digitação para alimentar o banco de dados com os questionários; 22 Procedimento de análise dos dados: Análise quantitativa com uso de modelos estatísticos descritivos e inferenciais. Elaboração do relatório de pesquisa. TIPO DE QUESTÃO: Discursiva COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo; V - utilizar os recursos da matemática, da estatística e da informática para a análise e apresentação de dados e para a preparação das atividades profissionais em Psicologia; VII - diagnosticar, planejar e intervir em processos de gestão, em distintas organizações e instituições; VIII - diagnosticar, planejar e intervir em processos de prevenção e promoção da saúde, em nível individual e coletivo; IX - diagnosticar, planejar e intervir em processos de assistência e apoio psicossocial a grupos, segmentos e comunidades em situação de vulnerabilidade individual e social. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: III - interlocução com campos de conhecimento para apreender a complexidade e a multideterminação do fenômeno psicológico, em suas interfaces com fenômenos sociais e biológicos;IV - aptidão para atuar em diferentes contextos de inserção profissional, com postura crítica frente aos contextos macrossociais, tendo em vista a promoção dos direitos humanos e da qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades; V - compromisso com a ética no que diz respeito às relações com usuários, com colegas, com o público e na produção e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações da área da Psicologia. CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): II - Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas: a) Fundamentos das medidas em Psicologia b) Instrumentos e procedimentos de coleta de dados c) A lógica da argumentação científica em Psicologia d) Concepção, planejamento, delineamento e comunicação de investigação científica. III – Fenômenos psicológicos: g) Processos grupais, organizacionais e institucionais IV - Principais domínios de atuação do Psicólogo: 23 f) Intervenções em grupos, instituições e comunidades c) Intervenções em processos de trabalho, saúde e bem estar do trabalhador COMENTÁRIOS: A questão tem abrangência do processo investigativo, que é uma atividade necessária aos profissionais de Psicologia. Ela visa avaliar o quanto os processos investigativos foram assimilados pelos alunos, considerando tanto os conceitos teóricos da Psicologia, Metodologia Científica, quanto da Estatística. Portanto, esta questão exige conhecimento teórico e prático; exige conhecimento para construção de intervenções e resolução de problemas da realidade social. Além do conhecimento técnico sobre a área do trabalho, área social e de pesquisa; exige conhecimento sobre pesquisa e investigação. Desta forma, o estudante deve: a) apresentar objetivamente um problema de pesquisa relacionado ao assunto apresentado, por exemplo: as mudanças no mundo do trabalho. as políticas públicas na área, como as de enfrentamento do desemprego, da discriminação entre outros; b) descrever, em linhas gerais, as etapas de sua pesquisa, incluindo o desenho da pesquisa, instrumentos e procedimentos. O plano deve conter as informações metodológicas essenciais, de modo coerente com o problema de pesquisa proposto. REFERÊNCIA(S): Dancey, C. P., Reidy, J. (2006). Estatística sem Matemática para Psicologia. 6 ed. Porto Alegre: Artmed. Breakwell, G. M., Hammond, S., Fife-Schaw, C. &, Smith, J. A. (2010). Métodos de Pesquisa em Psicologia. 3 ed. Porto Alegre: Artmed. Lakatos, E. M. &, Marconi, M. de A. (2005). Fundamentos de metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Atlas. Venturi, G. e Torini, D. (2014). Transições do mercado de trabalho de mulheres e homens jovens no Brasil. Genebra: OIT (Work Youth Series). Questão 12 – A psicometria fundamenta-se na teoria da medida em ciências, buscando explicar o sentido que têm as respostas dadas pelos sujeitos a um conjunto de tarefas e propor estratégias e técnicas de medida dos processos psicológicos. PASQUALI, L. Psicometria. Revista da Escola de Enfermagem da USR Disponível em: <http://www.revistas.usp. br>. Acesso em: 17 jul. 2015 (adaptado). Acerca da psicometria e de sua base para consolidação da ciência psicológica em geral, avalie as afirmações a seguir. I. Os instrumentos psicológicos representam a expressão científica de um procedimento sistemático para avaliar fenômenos psicológicos. II. Os requisitos básicos dos testes psicológicos são validade, precisão, padronização e normalização. III. A psicometria clássica, também conhecida como Teoria de Resposta ao Item (TRI), fundamenta-se na noção teórica dos traços latentes. 24 IV. A técnica estatística da análise fatorial é um dos procedimentos centrais no desenvolvimento de teorias psicológicas, como, por exemplo, o modelo dos cinco grandes fatores de personalidade. V. A psicometria é um campo de conhecimento próprio da Psicologia, portanto o uso desse conhecimento por outros profissionais é fato cabível de processo disciplinar pelo Ministério Público. É correto apenas o que se afirma em a. I, II e IV. b. I, II e V. c. I, III e V. d. II, III e IV. e. III, IV e V. ANÁLISE DA QUESTÃO AUTORES: Camila Alves, Tahiná Khan e Ivone Félix de Sousa GABARITO: A TIPO DE QUESTÃO: Complementação múltipla COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: I - avaliar, sistematizar e decidir as condutas profissionais com base em evidências científicas; II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; V - Utilizar os recursos da matemática, da estatística e da informática para a análise e apresentação de dados e para a preparação das atividades profissionais em psicologia. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: I - compromisso com a construção e o desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia; II - compreensão da especificidade dos fenômenos e processos psicológicos e dos múltiplos referenciais teóricos e epistemológicos; III - interlocução com campos de conhecimento para apreender a complexidade e a multideterminação do fenômeno psicológico, em suas interfaces com fenômenos sociais e biológicos; V - compromisso com a ética no que diz respeito às relações com usuários, com colegas, com o público e na produção e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações da área da Psicologia; VII - compromisso com o aprimoramento e a capacitação contínuos, atento ao desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão. 25 CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): II - Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas: a) Fundamentos das medidas em Psicologia (construção de instrumentos psicológicos) b) Instrumentos e procedimentos de coleta de dados (questões básicas de mensuração) c) A lógica da argumentação científica em Psicologia d) Concepção, planejamento, delineamento e comunicação de investigação científica. V - Princípios éticos e deontológicos no exercício profissional (questões éticas na avaliação psicológica). COMENTÁRIOS: Em relação a afirmação III de que ‘A psicometria clássica, também conhecida como Teoria de Resposta ao Item (TRI), fundamenta-se na noção teórica dos traços latentes.’ o erro da questão está quando nela é afirmado que a psicometria clássica é conhecida como Teoria de Resposta ao Item. No entanto, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) surgiu da necessidade de solucionar algumas limitações da Teoria Clássica dos Testes (TCT), a fim de melhorar a qualidade da avaliação da estrutura dos testes e portanto, a TRI veio substituir parte da TCT. Assim, ambas as teorias são vertentes da psicometria moderna (Pasquali, 2003; Pasquali, 2007). De um modo geral, a psicometria procura explicar o sentido que têm as respostas dadas pelos sujeitos a uma série de tarefas, tipicamente chamadas de itens. TCT tem interesse em produzir testes de qualidade, enquanto a TRI se interessa por produzir tarefas (itens) de qualidade. No final, então, temos ou testes válidos (TCT) ou itens válidos (TRI), itens com os quais se poderão construir tantos testes válidos quantos se quiser ou o número de itens permitir. Assim, com a TRI é possível construir bancos de itens válidos para avaliar os traços latentes (Pasquali, 2015). Em relação a afirmação V, de que ‘A psicometria é um campo de conhecimento próprio da Psicologia, portanto o uso desse conhecimento por outros profissionais é fato cabível de processo disciplinar pelo Ministério Público.’ pode-se dizer que a psicometria fundamenta-se na teoria da medida em ciências sociais em geral e que é especialmente aplicada nas áreas da psicologia e da educação. Assim, ela não poderiaser de conhecimento próprio da psicologia, cabendo processo disciplinar pelo Ministério Público a outros profissionais ao utilizá-la. Portanto, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) é uma vertente da psicometria moderna e a psicometria é um campo de conhecimentos em ciências, não especificamente da psicologia (Pasquali, 2015). REFERÊNCIA(S): Alchieri, J.C e Cruz, R. M. (2003). Avaliação psicológica: conceitos, métodos e instrumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo. Ambiel, A. M. R; Rabelo, I. S; Pacanaro, S. V; Alves, G. A. S & Leme, I. F. A. S. (2011). Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo. Anastasi, A. e Urbina, S. (2000). Testagem psicológica. Porto Alegre, RS: Artes Médicas. Cronbach, J.L. (1996). Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre, RS: Artes Médicas. 26 Pasquali, L. (1996). Teoria e métodos de medida em ciência do comportamento. Brasília, DF: INEP. Pasquali, L. (1997). Psicometria: teoria e aplicações. Brasília, DF: UnB. Pasquali, L. (1999). Instrumentos psicológicos: manual prático de elaboração. Brasília, DF: LabPAM/IBAPP. Pasquali, L. (2001). Técnicas de exame psicológico: Fundamentos de Técnicas Psicológicas. São Paulo: Casa do Psicólogo. Pasquali, L. (2003). Psicometria: Teoria dos testes na psicologia e na educação. Petrópolis, RJ: Vozes. Pasquali, L. (2007). Teoria de Resposta ao Item - TRI. Brasília, DF: LabPAM/IBAPP. Pasquali, L. Psicometria. Revista da Escola de Enfermagem da USR. Disponível em: <http://www.revistas.usp. br>. Acesso em: 17 jul. 2015 (adaptado). Questão 13 – Em determinado estudo, crianças observavam figuras de asas de borboleta e eram instruídas a emparelhá-las com outras parecidas, em uma amostra maior. O pareamento devia ser feito com base nos padrões das asas. A princípio, as crianças acharam esta tarefa muito difícil e intrigante porque tiveram dificuldade em separar o padrão e as cores das asas. Em seguida, rótulos (palavras para pontos e listas) descrevendo os diferentes padrões foram fornecidos a um grupo experimental, enquanto um grupo-controle não recebeu quaisquer rótulos descritivos. Com a aprendizagem dos rótulos, as crianças do grupo experimental melhoraram consideravelmente seu desempenho no pareamento. Até mesmo os membros mais jovens do grupo experimental se saíram melhor do que as crianças mais velhas do grupo controle. MUSSEN, R; CONCER, J.; KAGAN, J. Desenvolvimento e personalidade da criança. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1977 (adaptado). A situação apresentada descreve um experimento sobre o processo da linguagem. Com base na situação exposta e nos fundamentos teóricos da Psicologia sobre o processo da linguagem e funções mentais, avalie as afirmações a seguir. I. A linguagem é necessária à memória e à solução de problemas. II. A formulação de regras verbais ajuda a orientar o desempenho no raciocínio e na solução de problemas. III. A mediação verbal (atribuição de rótulos) aprimora a habilidade para lembrar de objetos e eventos. IV. Crianças mais jovens aprendem mais rápido que crianças mais velhas. É correto apenas o que se afirma em a. I e II b. I e IV c. II e III d. I, III e IV e. II, III e IV ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: Lorena Simonassi e Janille Ribeiro 27 GABARITO: C (questões II e III seriam corretas) TIPO DE QUESTÃO: Asserção Única COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: I - avaliar, sistematizar e decidir as condutas profissionais, com base em evidências científicas; II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; IV - elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação; XII - avaliar os resultados e impactos das intervenções psicológicas conduzidas em diferentes contextos. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: I - compromisso com a construção e o desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia. CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): II - Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas a) Fundamentos das medidas em Psicologia b) Instrumentos e procedimentos de coleta de dados c) A lógica da argumentação científica em Psicologia d) Concepção, planejamento, delineamento e comunicação de investigação científica. Conceitos de Linguagem, Pensamento e Desenvolvimento Humano conforme Vigotski. COMENTÁRIOS: I. A linguagem é necessária à memória e à solução de problemas. A questão I estaria errada em função das terminologias utilizadas (Linguagem) e Memória. Para a Análise do Comportamento linguagem é um termo geral que não consegue explicar as especificidades do ser humano, por tanto, deveria se fazer menção a Comportamento Verbal e Memória deveria especificar Comportamento de Lembrar. Se o termo fosse Comportamento Verbal e comportamento de lembrar esta asserção estaria correta. II. A formulação de regras verbais ajuda a orientar o desempenho no raciocínio e na solução de problemas. Esta questão estaria correta, mas com a ressalva de que raciocínio e solução de problemas poderia ser definida como sinônimos ou raciocínio como uma forma de comportamento privado, que não ficou claro na questão. III. A mediação verbal (atribuição de rótulos) aprimora a habilidade para lembrar de objetos e eventos. 28 Esta questão está correta. IV. Crianças mais jovens aprendem mais rápido que crianças mais velhas. Esta questão estaria errada. Não se pode dizer que repertórios comportamentais são obtidos em função da idade da criança. Existem inúmeras variáveis que são responsáveis por este desenvolvimento. A alternativa I está incorreta, pois a memória e algumas soluções de problemas podem ser efetivados sem a linguagem, como ocorre com os primatas e crianças bem pequenas de um ano de idade. A IV não possui fundamento teórico, pois o aprendizado ocorre em qualquer idade e depende não do fator cronológico, mas de aspectos biológicos, sociais, intelectuais e culturais. REFERÊNCIA(S): Baum, W. M. (1999). Compreender o behaviorismo: Ciência, comportamento e cultura. Porto Alegre: Artmed. Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre: Artes Médicas. Mussen, R, Concer, J. &, Kagan, J. (1977). Desenvolvimento e personalidade da criança. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1977 (adaptado). Skinner, B. F. (1981). Ciência e comportamento Humano. São Paulo, SP: Martins Fontes. Vigotski, L.S. (1998). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. (6ªed.). Trad. José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. São Paulo: Martins Fontes. Questão 14 – Pesquisa 1: A pesquisa objetivou investigar representações sociais do espaço prisional entre detentas de uma penitenciária estadual feminina. Optou-se pela entrevista semi- estruturada como instrumento de coleta de dados. Foram entrevistadas dez detentas, utilizando um roteiro focalizando: dados sócio demográficos; momento do crime; funções da pena; relação familiar antes e depois do encarceramento; vida antes do encarceramento; dia a dia na penitenciária; visão do tratamento recebido; maiores dificuldades da prisão e projetos futuros. FRINHANI, E M. D.; SOUZA, L. Mulheres encarceradas e espaço prisional: uma análise de representações sociais. Psicol. teor. prat. [online], v. 7, n.1, 2005 (adaptado). Pesquisa 2: Os relacionamentos íntimos, dentre eles o namoro, pressupõem a existência de identidades e representações sociais, que são compartilhadas através decomportamentos, normas e valores sociais. Objetivou-se identificar a representação social e a particularização em função da identidade sexual e experiência com o namoro. Para tal, a amostra foi composta por 183 estudantes universitários, com média de idade de 22 anos. Foi utilizado um questionário auto aplicado em situação coletiva. BERTOLDO, R. B.; BARBARA, A. Representação social do namoro: a intimidade na visão dos jovens. PsicoUSF [online], v. 11, n.2, 2006 (adaptado). 29 Estão resumidas, acima, duas pesquisas no campo das representações sociais. A respeito dos instrumentos usados para a coleta de dados nessas pesquisas, avalie as afirmações a seguir. I. A entrevista semiestruturada, utilizada na Pesquisa 1, diferentemente da entrevista aberta, tem como grande vantagem a possibilidade de se obterem dados já categorizados, o que facilita o processo de análise dos resultados. II. Dado que há uma relação entre o número de participantes da pesquisa e o tipo de instrumento usado, é correto afirmar que pequenas amostras permitem, como na Pesquisa 1, o uso de instrumentos abertos que captam o fenômeno em maior profundidade. III. Os questionários auto aplicáveis, como o usado na Pesquisa 2, são comuns nas pesquisas online e permitem a coleta de dados qualitativos e quantitativos. É correto o que se afirma em a. I, apenas. b. III, apenas. c. I e II, apenas. d. II e III, apenas. e. I, II e III. ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: Weber Martins e Suely Vieira Lopes GABARITO: D TIPO DE QUESTÃO: Objetiva COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: I - compromisso com a construção e o desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia; II - compreensão da especificidade dos fenômenos e processos psicológicos e dos múltiplos referenciais teóricos e epistemológicos; III - interlocução com campos de conhecimento para apreender a complexidade e a multideterminação do fenômeno psicológico, em suas interfaces com fenômenos sociais e biológicos. 30 CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): II - Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas: a) Fundamentos das medidas em Psicologia b) Instrumentos e procedimentos de coleta de dados c) A lógica da argumentação científica em Psicologia d) Concepção, planejamento, delineamento e comunicação de investigação científica. COMENTÁRIOS: A primeira afirmação está claramente errada, pois a entrevista semiestruturada não fornece dados já categorizados, mas apenas indica os tópicos (principais) a serem focalizados. A categorização demanda esforço analítico por parte do pesquisador, sendo um dos processos mais importantes. A segunda afirmativa está correta, pois as amostras em pesquisas qualitativas, quando empregamos “instrumentos abertos que captam o fenômeno em maior profundidade”, são caracterizadas por serem pequenas e, geralmente, intencionais. A terceira afirmação está correta, sendo interessante observar que a coleta de dados qualitativos não implica, necessariamente, que se trata de pesquisa qualitativa, onde são coletados dados abertos. A informação de profissão, por exemplo, é uma informação qualitativa adequada ao tratamento estatístico, que caracteriza a pesquisa quantitativa. A rigor, questionários permitem até a coleta de dados abertos, mas tal procedimento não é recomendado em grandes amostras. A questão tem abrangência do processo investigativo, que é uma atividade necessária aos profissionais de Psicologia. Ela visa avaliar o quanto os procedimentos para coleta de dados foram assimilados pelos alunos, considerando os conceitos teóricos da Psicologia e Metodologia Científica. O objetivo maior da questão é verificar se o estudante sabe selecionar o tipo de instrumento de coleta de dados, assim como qual é tipo de pesquisa que será desenvolvido. REFERÊNCIA(S): Bertoldo, R. B. &, Barbara, A. (2006). Representação social do namoro: a intimidade na visão dos jovens. PsicoUSF [online], v. 11, n.2, 2006 (adaptado). Breakwell, G. M., Hammond, S., Fife-Schaw, C. &, Smith, J. A. (2010). Métodos de Pesquisa em Psicologia. 3 ed. Porto Alegre: Artmed. Frinhani, E M. D. &, Souza, L. (2005). Mulheres encarceradas e espaço prisional: uma análise de representações sociais. Psicol. teor. prat. [online], v. 7, n.1, 2005 (adaptado). Lakatos, E. M. &, Marconi, M. de A. (2005). Fundamentos de metodologia científica. 6 ed.. São Paulo: Atlas. 31 Questão 15 – Um estudo foi desenvolvido para investigar os efeitos de idade e sexo no autoconceito de crianças pré-escolares. Segundo os pesquisadores, poucas são as investigações sobre o autoconceito realizadas com crianças de idade pré-escolar. Nesse estudo, procuramos contribuir para melhor compreensão do desenvolvimento normativo do autoconceito, no período pré-escolar, nomeadamente, por meio da análise dos efeitos que o sexo e a idade nele exercem. Tratando-se de um estudo longitudinal, a amostra foi composta por 83 crianças portuguesas, de um total de 340, avaliadas no seu autoconceito aos quatro e aos cinco anos de idade, através da Pictorial Scale of Perceived Competence and Social Acceptance for Young Children — PSPCSA. As crianças apresentaram resultados muito elevados em todos os domínios do autoconceito, em ambas as idades. Os dados parecem indicar que os elevados valores do autoconceito começam a declinar já no fim do período pré-escolar, pelo menos em alguns domínios, sugerindo, dessa forma, um desenvolvimento diferenciado do autoconceito, consoante os diferentes domínios avaliados. Finalmente, parecem existir diferenças no autoconceito relacionadas com o sexo das crianças, favorecendo os rapazes. Os nossos resultados contribuem para melhor compreensão do processo de desenvolvimento do autoconceito. PINTO, A. et al. Efeitos de idade e sexo no autoconceito de crianças pré-escolares. Psicologia: reflexão e crítica, v. 28, n. 3, 2015 (adaptado). Considerando o relato de pesquisa apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A amostra utilizada no estudo é representativa e permite compreender tanto a realidade portuguesa como a brasileira. PORQUE II. Trata-se de um estudo longitudinal que permite generalizar os dados em função das similaridades culturais entre Brasil e Portugal. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c. A asserção I é proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: Suely Vieira Lopes, Weber Martins e Dwain GABARITO: E Asserção I. A amostra utilizada no estudo é representativa e permite compreender tanto a realidade portuguesa como a brasileira. Afirmação falsa. Para se determinar a significância da amostra seria necessário se estabelecer o universo amostral. Ou seja, o número de crianças com as idades desejadas no Brasil e em Portugal. A amostra não permite concluir nem sobre a amostra brasileira e nem sobre a amostra portuguesa. Só se pode concluir sobre aprópria 32 amostra e apenas das crianças portuguesas. Não está estabelecida a amostra brasileira e nem foram determinadas as variáveis de emparelhamento das duas amostras, se fosse intenção da pesquisa fazer comparações entre os dois países. (PORQUE) Asserção II. Trata-se de um estudo longitudinal que permite generalizar os dados em função das similaridades culturais entre Brasil e Portugal. Afirmação falsa. Primeiro, podemos argumentar que o estudo não é longitudinal, porque só aplica a medida em dois momentos do tempo, podendo ser simplesmente um desenho antes/depois. Geralmente estudos longitudinais abarcam vários anos ou décadas. Segundo, a amostra não permite formular comparações entre entre Brasil e Portugal porque as similaridades culturais são pressupostos que podem ser falsos. Ademais, essas comparações não são objetivos da pesquisa. TIPO DE QUESTÃO: Objetiva de asserção e razão COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: I - compromisso com a construção e o desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia. CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): II - Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas: a) Fundamentos das medidas em Psicologia b) Instrumentos e procedimentos de coleta de dados c) A lógica da argumentação científica em Psicologia d) Concepção, planejamento, delineamento e comunicação de investigação científica. Em síntese, esta questão aborda conteúdos sobre “Metodologia de Pesquisa e Desenho de pesquisa”. COMENTÁRIOS: A questão tem abrangência do processo investigativo, que é uma atividade necessária aos profissionais de Psicologia. Ela visa avaliar o quanto os processos investigativos foram assimilados pelos alunos, considerando tanto os conceitos teóricos da Psicologia, Metodologia Científica e da Estatística. O objetivo maior da questão é verificar se o estudante sabe selecionar avaliar a metodologia adequada ao objeto de estudo que é o foco da pesquisa. 33 Além dos fatos da pesquisa ter sido publicada numa revista brasileira (conhecimento não exigido do aluno) e de Portugal e Brasil compartilharem o mesmo idioma, não há ligação explícita com a realidade brasileira. Até mesmo a respeito de Portugal, nada garante que se trata de uma amostra representativa da realidade portuguesa. O fato de selecionar, 83 crianças portuguesas de um total de 340, não basta para assegurar a representatividade neste limitado contexto. Se buscarmos significância (e generalização) estatística, essa amostra deveria ser aleatória, inclusive. Essas considerações são suficientes para mostrar a falsidade das asserções I e II. REFERÊNCIA(S): Breakwell, G. M., Hammond, S., Fife-Schaw, C. &, Smith, J. A. (2010). Métodos de Pesquisa em Psicologia. 3 ed. Porto Alegre: Artmed. Coolican, H. (2004). Research Methods and Statistics in Psychology. Fourth Edition. London: Hodder & Stoughton. Lakatos, E. M. &, Marconi, M. de A. (2005). Fundamentos de metodologia científica. 6° ed.. São Paulo: Atlas. Pinto, A. et al. (2015). Efeitos de idade e sexo no autoconceito de crianças pré- escolares. Psicologia: reflexão e crítica, v. 28, n. 3, 2015 (adaptado). Questão 16 – De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitos países ainda discriminam ou simplesmente não reconhecem a existência ou o efeito prejudicial das doenças mentais em sua população. A OMS afirmou, em 2001, que, até 2020, as condições clínicas associadas a alterações mentais e neurológicas incapacitarão quase 15% da população em algum momento. A depressão responderá pela maior parte deste percentual, acometendo quase o dobro de mulheres em relação ao número de homens. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Ministerial Round Tables 2001. S4th World Health Assembly. World Health Organization, Genebra, 2001 (adaptado). A partir dos dados descritos pela OMS, um pesquisador conduziu um estudo para compreender o motivo pelo qual a incidência de quadros depressivos tem aumentado significativamente no Brasil nos últimos anos. Para a coleta de dados, ele usou escalas de autorrelato (inventários de depressão e de ansiedade) e entrevistas semiestruturadas, com o intuito de avaliar dois grupos de trabalhadores com diferentes perfis profissionais. O primeiro grupo foi avaliado em 2013, e o segundo, em 2015. Cada grupo foi composto por uma amostra de 200 sujeitos. O investigador relacionou os escores brutos das escalas de autorrelato com categorias de respostas definidas a partir dos dados obtidos com as entrevistas. Ao interpretar os resultados, constatou que havia uma relação entre os escores de depressão e a quantidade de tempo que os profissionais ficavam distantes de seus familiares, o que ocorria em virtude do aumento da carga de trabalho. Tal relação foi observada em ambas as amostras. Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa 34 a. experimental e quantitativa, sequencial, com diferentes coortes, cuja variável independente é a depressão. b. descritiva e correlacional, transversal, com diferentes coortes, cuja variável independente é a distância dos familiares. c. explicativa e quantitativa, longitudinal prospectiva, com mesma coorte, cuja variável dependente é a distância dos familiares. d. descritiva e qualitativa, longitudinal retrospectiva, com diferentes coortes, na qual a distância dos familiares é uma variável independente. e. descritiva e explicativa, transversal, com duas coortes, na qual tanto a depressão quanto a distância dos familiares são variáveis dependentes. ANÁLISE DA QUESTÃO AUTOR: Suely Vieira Lopes, Weber Martins e Ivone Félix de Sousa GABARITO: B TIPO DE QUESTÃO: Objetiva COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (MEC-PSICÓLOGO) CONTEMPLADAS NA QUESTÃO: II - planejar, conduzir e relatar investigações científicas de distintas naturezas, apoiado em análise crítica das diferentes estratégias de pesquisa; III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo; V - utilizar os recursos da matemática, da estatística e da informática para a análise e apresentação de dados e para a preparação das atividades profissionais em Psicologia. COMPONENTES ESPECÍFICOS DA ÁREA DE PSICOLOGIA (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA: I - compromisso com a construção e o desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia. III - interlocução com campos de conhecimento para apreender a complexidade e a multideterminação do fenômeno psicológico, em suas interfaces com fenômenos sociais e biológicos; VI - atuação inter e multiprofissional, sempre que a compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar, relacionando-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuação profissional; VII - compromisso com o aprimoramento e a capacitação contínuos, atento ao desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão. 35 CONTEÚDO(S) CURRICULARES AVALIADO(S): II - Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de dados para investigações científicas: a) Fundamentos das medidas em Psicologia b) Instrumentos
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