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1 Tutorial 6 – Vitor Benincá A anemia é um achado muito frequente em doenças não hematológicas, tais como: neoplasias malignas, infecções sistêmicas, colagenoses, doenças granulomatosas, doença inflamatória intestinal, IRC, hepatopatia crônica e endocrinopatias (hipotireoidismo, insuficiência da suprarrenal). A anemia de doença crônica é, portanto, um estado anêmico moderado (queda de 5-15 pontos no hematócrito ou 2-5 pontos na Hb), e geralmente se apresenta em pacientes com condições inflamatórias (infecções e/ou doenças reumatológicas) ou neoplasias, sendo que essas doenças estão presentes sempre em tempo superior de 20-60 dias. Doenças inflamatórias e infecciosas agudas com repercussão sistêmica também podem causar uma anemia leve em apenas 1-2 dias. O exame laboratorial irá apresentar o ferro sérico baixo associado a uma ferritina sérica normal ou alta. A Anemia de Doença Crônica também pode ser chamada de: “anemia inflamatória”, “anemia hipoferrêmica com siderose reticuloendotelial” e “anemia citocina-mediada”. ETIOLOGIA É a principal causa de anemia em pacientes hospitalizados. A anemia de doença crônica não ocorre em todas as doenças crônicas, e sim elas costumam aparecer em doenças que de alguma forma aumentam as citocinas pró-inflamatórias, sendo assim, doenças como a insuficiência hepática, insuficiência renal, endocrinopatias, hemólise e sangramento NÃO estão incluídas no conceito de Anemia da Doença Crônica. PATOGÊNESE Estados inflamatórios e neoplásicos promovem liberação de várias citocinas que provocam algumas consequências. 1. Redução da vida média das hemácias para cerca de 80 dias. 2. Redução da produção renal de eritropoietina 3. Menor resposta dos precursores eritroides à eritropoietina 4. Aprisionamento do ferro em seus locais de depósito. Em condições normais, a transferrina transporta o ferro dos seus locais de depósito (macrófagos do baço/ferritina) para a MO. Na ADC, esta etapa está bloqueada. IL 6 → tem importante papel nesse bloqueio, já que após aparecimento de uma doença inflamatória crônica, os macrófagos começam a liberar esta citocina – estimula fígado produzir hepcidina – que reduz absorção intestinal de ferro ao inibir síntese de ferroportina (Canal de Fe). Ocorre também um aprisionamento do ferro no interior dos macrófagos e demais locais de depósito, comprometendo o abastecimento da produção eritrocitária – eritropoese restrita em ferro. IL 1 → Estimula síntese de lactoferrina – uma proteína semelhante à transferrina, que compete pelo Ferro, sendo até mais ávida que a transferrina, não liberando Fe para a MO de forma adequada. IFN Gama → Promove apoptose e faz down-regulation ( pois promove a apoptose dos receptores de eritropoietina nas células precursoras da medula óssea) nas células precursoras na MO. Também antagoniza outros fatores pró-hematopoiéticos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Como na maioria das vezes a anemia nesses casos não é grave, o quadro clínico é marcado pelos sinais e sintomas da doença de base. Pacientes com perda ponderal, anemia e aumento do VHS deve ser investigado para uma doença sistêmica. A anemia irá se instalar de forma progressiva ao longo dos primeiros 1-2 meses do início do quadro e se estabiliza a partir daí. O hematócrito irá se manter acima de 25% e em 80% dos casos a anemia acompanha a atividade da doença (piora com a piora da doença ou melhora com a melhora da doença). Geralmente essa anemia não cursa com hematócrito abaixo de 25%. DIAGNÓSTICO Pode ser normocítica ou microcitica e hipocrômica, mas na maioria das vezes é normocítica e normocrômica. Quando há a microcitose, ela é discreta sendo que o VCM nunca é menor que 72 fL. Sendo assim, a hipocromia, quando presente, é mais proeminente. O índice de produção reticulocitária encontra-se normal. Exames: - Ferro sérico baixo - Ferritina sérica normal ou alta - Saturação da transferrina levemente baixa - Protoporfirina livre eritrocitária elevada - TIBC normal ou baixo (devido a redução da transferrina sérica) Vale lembrar que apesar da anemia ferropriva ser microcítica e hipocrômica, no início do quadro pode ser também normocítica- normocrômica. Por isso, devido à alta prevalência da anemia ferropriva, ela também continua sendo a principal causa de anemia normocítica-normocrômica, sendo seguida da doença crônica. Tutorial 6 2 Tutorial 6 – Vitor Benincá Há casos de anemia ferropriva sobreposta a Anemia de Doença Crônica. Isso ocorre devido a perda sanguínea crônica, nesse caso, o diagnóstico da ferropenia torna-se difícil, pois os níveis de ferritina estarão superestimados por efeito da inflamação da doença crônica (pois a ferritina também é uma proteína de fase aguda). Portanto, em casos assim, a anemia ferropriva deve ser cogitada quando a ferritina sérica for inferior a 30ng/mL. Valores entre 30-60 ng/mL devem indicar um aspirado de medula com pesquisa de ferro. TRATAMENTO Enfoque na doença de base. Em casos incomuns de anemia grave (hematócrito menor que 25%), após afastar ferropenia e outras causas de anemia → eritropoetina recombinante. O tratamento com eritropoietina deve ser acompanhado de reposição de ferro parenteral, pois aumenta o consumo desse elemento. Representa um grupo de desordens heterogêneas que possuem como característica comum, além da anemia, depósitos de ferro nas mitocôndrias. As mitocôndrias, por assumirem uma localização perinuclear, quando há sobrecarga de ferro há o chamado Sideroblastos em Anel. PATOGÊNESE Tem como base distúrbios da síntese do heme (e que não seja a carência de ferro). O heme é formado pela incorporação do ferro no seu estado de íon ferroso à protoporfirina IX. Todo o processo, desde a síntese da protoporfirina até a incorporação do ferro ocorre no interior da mitocôndria dos eritroblastos. Qualquer deficiência enzimática ou defeitos na mitocôndrias podem prejudicar a síntese do heme. Isso irá gerar prejuízos à síntese da Hb levando a hipocromia e anemia e acúmulo de ferro na mitocôndria. Normalmente, o heme inibe a captação de ferro pelo eritroblasto, mas no caso da anemia sideroblástica, como pouco heme é formado, o ferro continua se acumulando na célula até formar os sideroblastos em anel. O ferro acumulado é potencialmente lesivo ao eritroblasto e pode levar à sua destruição na própria medula → Eritropoiese Ineficaz. Isso explica o achado de leve hiperplasia eritroide na medula óssea, sem elevação na contagem de reticulócitos. Essa redução da síntese do heme + eritropoiese ineficaz irá estimular a absorção intestinal de ferro, sendo que após alguns anos o paciente evolui para um estado de sobrecarga de ferro → Hemossiderose ou Hemocromatose. Grande parte da morbidade da doença ocorre por sobrecarga de ferro em órgãos e tecidos que irão gerar hepatoesplenomegalia, lesão hepática e cardíaca. O distúrbio para a síntese deficiente de heme pode ser de vários tipos: (1) Tipo Hereditário (ligado ao cromossomo X): há mutação na enzima da síntese protoporfirínica- ALA sintase. Essa enzima tem como principal cofator a vitamina B6, sendo que esse mutante da enzima ALA sintase só funciona quando altas doses de vitamina B6 são oferecidas ao paciente. (2) Tipo adquirido idiopático: há mutações no DNA mitocondrial prejudicando a ação de uma enzima que converte o íon férrico → ferroso. O íon férrico não consegue ser incorporado à protoporfirina X. (3) Tipo adquirido reversível: determinada por drogas ou distúrbios de oligoelementos que podem atingir direta ou indiretamente a síntese do heme. O etanol é o principal exemplo, além de isoniazida, pirazimanida e cloranfenicol. Além da deficiência de cobre (por causa da enzima que converte férricoem ferroso-citocromo oxidase, que contêm cobre em sua composição). A deficiência de cobre e feita por nutrição parenteral total, gastrectomia e reposição desnecessária de sais de zinco, pois o zinco é quelante do cobre da dieta. ANEMIA SIDEROBLÁSTICA HEREDITÁRIA É menos comum que as formas adquiridas, mas tem grande importância clínica pela sua potencialidade de reversão com o tratamento (Piridoxina) e pela sua semelhança laboratorial com a anemia ferropriva (microcitose e hipocromia). Essa confusão é fatal, pois a reposição de sulfato ferroso em anemia sideroblástica não corrige a anemia e pode acelerar o processo de hemocromatose gerando risco de óbito. Mais comum em homens (herança ligada ao X) Grau de anemia variável: leve, moderada ou grave. Anemia microcítica (VCM entre 50-60), hipocrômica e com intensa ansiocitose e poiquilocitose. Em casos graves: cardiomiopatia, cirrose hepática, hiperpigmentação, DM. Mas nem todas as hereditárias são ligadas ao X. Síndrome de Pearson: distúrbio mitocondrial congênito- gera anemia severa com insuficiência exócrina do pâncreas. ANEMIA SIDEROBLÁSTICA ADQUIRIDA IDIOPÁTICA É devido uma desordem mielodisplásica, ou seja, um grupo de células derivadas de um mesmo clone começa a se sobressair na medula óssea. Geralmente adultos de meia idade ou idosos, sem preferência de sexo. Anemia leve a moderada levemente progressiva até grau de estabilidade Anemia normocítica ou levemente macrocítica. Essa macrocitose vem do predomínio dos macrócitos sobre os micrócitos no sangue periférico. Os micrócitos são derivados dos sideroblastos em anel enquanto os macrócitos são provenientes de progenitores normais que possuem tempo de maturação reduzido em um ambiente de hiperplasia eritroide medular. Pode ser dividido em Anemia Sideroblástica Pura (demais alterações displásicas medulares não existem) e Forma Verdadeiramente Mielodisplásica (Anemia refratária com sideroblastos em anel). ANEMIA SIDEROBLÁSTICA ADQUIRIDA REVERSÍVEL Alcoolismo: a presença de anel de sideroblastos podem estar presentes em 25-30% dos alcoólatras, principalmente em presença de desnutrição. A anemia geralmente é macrocítica. Outras causas: uso de isoniazida, pirazinamida (anemia microcítica e hipocrômica) e cloranfenicol. 3 Tutorial 6 – Vitor Benincá DIAGNÓSTICO MICROCITOSE E HIPOCROMIA – O que reflete a produção inadequada de hemoglobina. Geralmente também há 2 populações de eritrócitos – uma hipocrômica e microcítica e outra normocítica e eventualmente macrocítica (pela eritropoiese acelerada) – dimorfismo eritrocitário. RDW aumentado. Esfregaço de sangue periférico mostra hemácias micro e macrocíticos. Ferro sérico alto (>150). Ferritina sérica normal ou alta, TIBC normal e saturação de transferrina alta. Corpúsculos de Pappenheimer. Em alguns pacientes com AS, as hemácias circulantes podem reter as mitocôndrias sideróticas por um breve período. Nesse caso, um esfregaço de sangue periférico identifica precipitados de ferro conhecidos como Corpúsculos de Pappenheimer. CONFIRMAÇÃO DE DIAGNÓSTICO – Aspirado de MO (Mielograma). Pelo encontro de mais de 15% de eritroblastos do tipo Sideroblastos em anel. O diagnóstico de anemia sideroblástica em pacientes com anemia ferropriva coexiste pode ser muito difícil, por nesse casos os níveis séricos de ferro e ferritina estão elevados e a medula óssea por estar depletada de ferro não pode revelar os sideroblastos. Em suspeita clínica da doença deve-se fazer reposição de ferro. A coexistência paradoxal de hipocromia com ferro sérico alto também ocorre nas talassemias, por isso faz-se eletroforese. TRATAMENTO Deve-se corrigir a anemia e corrigir e prevenir a hemocromatose. Corrigir a anemia: Anemia sideroblástica hereditária: reposição de piridoxina (vitamina B6). Após 2-3 semanas de tratamento, deve-se observar reticulócitos periféricos. Anemia sideroblástica adquirida idiopática: não costuma responder a tratamentos. Alguns respondem a administração de eritropoietina recombinante associado a G-CSF. Já a hemocromatose deve ser acompanhada pela ferritina sérica, caso ela esteja acima de 500ng/mL é indicado terapia para reduzir acúmulo corporal de ferro: em anemia leve → flebotomia repetida. Em anemia graves → quelante de ferro desferoxamina. Esplenectomia é CONTRAINDICADA nessa anemia, pelo alto risco de eventos tromboembólicos no pós-operatório. Todas as síndromes mieloproliferativas tem em comum o fato de serem neoplasias hematológicas cujo clone neoplásico se origina da célula tronco. Este clone, por mutações genéticas, consegue se diferenciar nas células hematológicas maduras (hemácias, leucócitos e plaquetas), proliferando-se de maneira relativamente insidiosa, de tal sorte que com o passar do tempo, um grande número de células maduras se acumula no sangue do paciente. Cada uma das síndromes mieloproliferativas tem um quadro clínico e laboratorial diferente, se diferenciando pela célula predominantemente produzida. (1) Policetemia Vera – Eritrocitose (2) Trombocitemia Essencial – Trombocitose (3) Mielofibrose Idiopática – fibrose precoce da MO, que estimula a hematopoiese extramedular e aí tem achados de leucoeritroblastose e hemácias em lágrimas no sangue periférico. Fibrose aqui é causada por secreção de pró-fibrogênicos pelas células do clone neoplásico, o que atraia e ativa fibroblastos que produzem um acúmulo de colágeno na medula. Nessa síndrome há também: Leucemia Mieloide Crônica, Leucemia neutrofílica crônica, Leucemia eosinofílica crônica, mastocitose e doença mieloproliferativa crônica não especificada. Características em comum das síndromes mieloproliferativas 1. Esplenomegalia 2. Evolução indolente (sem dor) 3. Medula hiperplásica na fase inicial 4. Possível evolução para mielofibrose com metaplasia mieloide 5. Possível progressão para leucemia mieloide aguda secundária. Policitemia Vera Trata-se de uma desordem mieloproliferativa neoplásica de curso insidioso que geralmente acomete indivíduos entre 50-80 anos, principalmente do sexo masculino. É a síndrome mieloproliferativa mais comum, seguida pela LMC, mielofibrose idiopática e trombocitenia essencial. PATOGÊNESE Se inicia após o surgimento de uma mutação genética específica chamada de JAK-2. Essa sigla se refere a enzima Janus-Kinase, que é um segundo mensageiro na cascata de sinalização intracelular de vários receptores para fator de crescimento (ex: receptores de eritropoietina e trombopoietina). Quando ocorre esse mutação há ativação constitutiva e ininterrupta induzindo a célula progrenitora a se proliferar mesmo na ausência do respectivo fator de crescimento. A JAK-2 é identificada em mais de 95% dos casos de PV. No caso da PV o clone neopásico derivado da stem cell dá origem a progenitores da linhagem mieloide eritroides que conseguem se proliferar mesmo na ausência de eritropoietina (a eritropoietina atua na medula óssea como fator de crescimento de colônias das linhagens eritróides). Essa não dependência da eritroetina permite uma proliferação excessiva e desregulada dos progrenitores e percursores eritroides, aumentando muito o número de hemáticas e levando a eritrocitose progressiva. A eritrocitose progressiva reduz o nível sérico de eritropoietina que irá se encontrar em valor reduzido na doença. A PV pode vir associada com o aumento de outros progenitores e percursores, geralmente com aumento na contagem de granulócitos e trombocitose. Quando as 3 linhagens hematopoiéticas estão elevadas, há a pancitose. 4 Tutorial 6 – Vitor Benincá ABORDAGEM AO PACIENTE COM ERITROCITOSE Eritrocitose: aumento do número de hemácias, concentração de Hb ou hematócrito. A definição laboratorial irá depender do sexo. Essa eritrocitosepode ocorrer por dois mecanismos: redução do volume plasmático com a massa eritrocitária normal (eritrocitose relativa ou espúria) OU aumento da massa eritrocitária (eritrocitose absoluta ou verdadeira. A Policitemia significa a eritrocitose absoluta, ou seja, aumento da massa eritrocitária. As causas de eritrocitose podem ser: (1) Eritrocitose Relativa: é a hemoconcentração ocorre em quadros de desidratação aguda ou crônica, perdas digestivas, cutâneas ou urinárias ou perdas para o terceiro espaço. Tabaco é grande fator de risco – O monóxido de Carbono (CO) do cigarro liga-se a algumas moléculas de hemoglobina irreversivelmente, tornando-as incapazes de transportar oxigênio aos tecidos (carboxi-hgb) (2) Policetemia Secundária à Hipóxia: estados hipoxêmicos estimulam a liberação renal de eritropoietina, pode ocorrer em grandes altitudes, em patologias pulmonares (DPOC) síndromes hipoventilatórias, cardiopatias congênitas cianóticas (3) Policetemia Secundária à Produção Não Fisiológica de Eritropoetina: abuso de anabolizantes, tumores produtores de eritropoietina e nefropatias benignas (cisto simples, rins policísticos). (4) Policetemia Vera: doença mieloproliferativa neoplásica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS A morfologia das hemácias NÃO se modifica. Hematócrito > 60% em pacientes com saturação de oxigênio> 92% quase sempre indicam Policitema Vera. Porém, os pacientes podem chegar com nível de Ht mais baixo, principalmente em mulheres. Os sintomas ocorrem devido ao aumento da viscosidade sanguínea: Cefaleia, Tontura, Turvação visual, Parestesias. Pode haver também fraqueza, perda ponderal, febre baixa e sudorese. A hipervolemia está presente e pode levar a HAS. Essa hipervolemia associada a hiperviscosidade sanguínea pode levar a sobrecarga do coração → congestão pulmonar → dispneia. Prurido (devido a basofilia e consequente hiper-histaminemia). Esse prurido é desencadeado pelo banho quente. Ao exame físico: pletora facial (bochechas, nariz, lábios, orelha e pescoço vermelhos), esplenomegalia Pode haver também pletora conjuntival e eritrocianose das extremidades. Os vasos da retina estão dilatados e pode haver hemorragias. Equimoses são comuns assim como lesões urticariformes. A incidência de úlcera péptica e hemorragia estão elevadas na PV. Isso pode gerar ferropenia. Essa feropenia reduz o Ht que pode ficar normal ou no limite inferior da normalidade. O aumento da fosfatase alcalina leucocitária e a presença de eritrocitose sugerem diagnóstico da policitemia vera. Pode haver leucocitose e trombocitose. Níveis de vit. B12 costumam estar acima do normal devido à hipersecreção de transcobalamina III (proteína que carrega a vit. B12 no sangue). A ÚNICA neoplasia hematológica que se apresenta com Pancitose (aumento de hemácias, leucócitos e plaquetas) é a Policitemia Vera. DIAGNÓSTICO Há 2 sistemas diferentes para confirmar o diagnóstico de PV, sendo que o mais usado é o da OMS- 2008. A maior dificuldade de diagnóstico ocorre em pacientes que desenvolvem ferropenia pois geralmente não mostra a eritrocitose proeminente. A pista nesses casos é o de coexistência de Ht normal ou levemente aumentado com microcitose. COMPLICAÇÕES DA POLICITEMIA VERA Eventos trombóticos arterial ou venosa. Principais: AVE isquêmico, IAM, trombose mensentérica e trombose venosa profunda/embolia pulmonar. Cerca de 95% dos pacientes sofrem algum evento. Eventos hemorrágicos: principalmente em pós-operatórios. Mielofibrose com metaplasia mieloide: megacariócitos derivados do clone neoplásico secretam substâncias fibrogênicas. Como a medula vai sendo ocupada por esse tecido, os progenitores são “expulsos” e vão para baço e fígado, formando hepato e esplenomegalia. Leucemia mieloide aguda (LMA). A sobrevida média dos pacientes com policetemia vera sintomática sem tratamento é de 18 meses. TRATAMENTO FLEBOTOMIA: aumenta a sobrevida do portador de PV ultrapassando os 10 anos. Sendo assim, os pacientes devem ser submetidos inicialmente à retirada diária de 100-500 mL de sangue com o objetivo de atingir um Ht menor que 45% em homens e menor que 43% em mulheres. Geralmente, cada 500ml se sangue retirados de um adulto mediano reduz o hematócrito em 3%. Depois, a flebotomia deve ser realizada semanalmente ou mensalmente de acordo com a necessidade. DROGAS MIELOSSUPRESSORAS: são indicadas quando há dificuldade de realizar flebotomia, quando há alto requerimento de flebotomia, quando há trombocitose acentuada e/ou história prévia de trombose ou quando há prurido intratável. 5 Tutorial 6 – Vitor Benincá Droga de escolha: Hidroxiureia (reduz Ht, leucocitose e trombocitose). Anagrelida e Interferon alfa. O prurido melhora apenas com o controle da doença. Recomenda- se evitar banhos quentes. Se refratário, usa anti-histamínico (como difenidramina) Aspirina em baixas doses – 100 mg/dia → prevenir a trombose. Anticoagulantes só quando o paciente desenvolve trombose. Alopurinol: recomendado na vigência de hiperuricemia. Mielofibrose idiopática É classicamente conhecida como metaplasia mieloide agnogênica e foi descrita pela primeira vez em 1879. Caracterizada pela mielofibrose precoce e hematopoiese extramedular (metaplasia mielode). Acomete adultos idosos (pico aos 60 anos), sem preferência por sexo. A esplenomegalia maciça é a alteração mais marcante. PATOGÊNESE O clone neoplásico derivado da stem cell dá origem a megacariócitos e monócitos que secretam citocinas que atraem e estimulam fibroblastos que irão sintetizar colágeno (fibrose) Entre as citocinas, destaca-se o PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas). Numa fase inicial existe hiperplasia medular, porém, em questão de pouco tempo, há mielofibrose progressiva – na medida em que o colágeno sintetizado se acumula. Aí as células progenitoras hematopoiéticas e as células do clone neoplásico precisam continuar se proliferando e diferenciando – então elas são expulsas do microambiente da medula óssea e são lançadas na circulação. Elas vão então para o baço e o fígado, que são órgãos com potencial de sustentar a hematopoiese → O parênquima desses órgãos colonizados fica infiltrado de tecido hematopoiético (Metaplasia Mieloide) → Hepato e esplenomegalia Há 2 mutações enzimáticas que estimulam a proliferação dessas células: JAK-2 e MPL. A esplenomegalia promove ocupação do espaço intra-abdominal, justificando queixas de saciedade precoce, sensação de plenitude, dor em hipocôndrio esquerdo, hipertensão portal (ascite). Crescimento do baço resulta em esplenomegalia de grande monta → hiperesplenismo (contribuindo para anemia e plaquetopenia) e ocupação do espaço intra-abdominal – justificando saciedade precoce, sensação de plenitude e dor em hipocôndrio esquerdo. Infiltração do parênquima hepático pode causar hipertensão porta, com todas as varizes esofagogástricas, circulação colateral no abdome, ascite. Hiperfluxo pela veia esplênica também contribui para a hipertensão porta. Casos muito avançados também podem evoluir para falência hepática. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS 25% dos pacientes são assintomáticos no momento do diagnóstico. A maioria apresenta sintomas: fadiga, astenia, perda ponderal, sudorese noturna, desconforto abdominal localizado no hipocôndrio esquerdo. Achado mais característico: esplenomegalia de grande monta. Hepatomegalia em 50% dos pacientes Achados menos frequentes: petéquias, equimoses, adenopatia, síndrome da hipertensão portal, dor óssea. A anemia está presente na maioria dos casos, mas em estágios precoces tem-se leucopenia com neutropenia. Com a progressão da doença, a plaquetopenia vira regra por efeito do hiperesplenismo (sequestro de plaquetas em um baço muito hipertrofiado). Em casosavançados, a hematopoiese extramedular também pode acontecer no espaço epidural da coluna vertebral – causando uma compressão extrínseca da medula espinhal, que resulta numa síndrome mielite transversa – paraplegia, distúrbios esfincterianos. Dor óssea – Em fases tardias da doença. Esfregaço de sangue periférico: há a tríade peculiar (1) Leucoeritroblastose: presença de sangue periférico em células jovens na linhagem granulocíticas, representando alto desvio à esquerda e hemácias nucleadas. (2) Poiquilocitose com predomínio em Hemácias em lágrima: significa hematopoiese extramedular (metaplasia mieloide). (3) Plaquetas gigantes degranuladas Outros achados comuns: hiperuricemia, aumento da fosfata alcalina leucocitária e da sérica, aumento da LDH, dos níveis de vitamina B12 e hipoalbuminemia. DIAGNÓSTICO Para confirmar o diagnóstico é preciso demonstrar 2 coisas → Existência de fibrose da MO, ausência de outras doenças, sendo sempre necessário uma BIÓPSIA DE MO. Fases iniciais da doença encontra fibras de reticulina – que delimitam áreas de hiperplasia medular. Nas fases mais avançadas – medula se torna hipocelular, ficando repleta de depósitos de colágeno denso. “Esplenomegalia maciça” → baço está palpável na fossa ilíaca esquerda ou então ultrapassou a linha média do abdômen. TRATAMENTO Nas fases iniciais e assintomáticas não é necessário nenhum tratamento. Quando a anemia ou trombocitopenia se exacerbam, se recomendam corticoide + talidomida em baixas doses. De acordo com a necessidade, paciente pode fazer um suporte transfusicional. Radioterapia externa – Em áreas de eritropoiese sintomática – como na compressão epidural da medula espinhal. TIPS – Em hipertensão porta Inibidores do JAK 2 → Ruxolitinib – reduz tamanho do baço e aumenta sobrevida. Cura → Transplante alogênico de células hematopoiéticas. Não se faz esplenectomia, pois a chance de complicações pós- operatórias são muito altas (infecções, sangramentos e/ou trombose). Mas há certas indicações para esplenectomia: esplenomegalia sintomática refratária ao uso de hidroxiureia e plaquetopenia intensa e demanda transfusional inaceitavelmente elevada. 6 Tutorial 6 – Vitor Benincá Sobrevida de 5 anos. O paciente costuma morrer por hemorragias graves (plaquetopenia extrema), infecções, falência hepática ou leucemização Trombocitemia Essencial Síndrome mieloproliferativa incomum. Acomete adultos e idosos (50-60 anos) com predileção pelo sexo feminino. Há a forma infantil da doença também. Doença de melhor prognóstico. PATOGÊNESE O clone da célula tronco se diferencia preferencialmente em megacariócitos, sendo assim, o aumento na produção de plaquetas é o grande marco da doença. Há trombocitose excessiva, predispondo a eventos trombóticos, mas também a hemorragia (por defeito qualitativo das plaquetas). Pode ser encontrado mutações de JAK-2, MPL e TET2 A trombocitemia essencial é, na verdade uma causa rara de trambocitose (3% dos casos), sendo que as etiologias mais frequentes são: infecções, injúrias teciduais, anemia ferropriva, sangramento agudo, pós esplenectomia, anemia hemolíticas em crianças. Outras causas podem ser doenças inflamatórias intestinais, neoplasias (nestas, o aumento da plaquetas se dá por secreção de fatores estimuladores de colônias de megacariócitos como a IL-6 pelas células inflamatórias ou neoplásicas). Todas as síndromes mieloproliferativas podem cursar com trombocitose, logo o diagnóstico da trombocitemia se dá pela exclusão dessas doenças pela maior prevalência delas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS A maioria dos pacientes são assintomáticos, sendo que o diagnóstico é suspeitado por trombocitopenia persistentemente > 600.000 mm³. Quando presentes os sintomas são: eventos trombóticos eventos hemorrágicos e a clássica eritromelalgia. Isso ocorre com níveis de plaquetometria > 1.000.000 mm³. Eventos trombóticos: podem ser arteriais ou venosos: AVE isquêmico, IAM, trombose mesentérica e trombose femoral, trombose iliofemoral, trombose dos seios venosos cerebrais e trombose da veia mesentérica. Eventos hemorrágicos: extensas equimoses, petéquias, hemorragia digestiva e sangramento grave pós-operatório. Eventos vasomotores: cefaleia, alterações visuais, tonteira, parestesia, úlceras cutâneas. Eventos obstétricos: aborto espontâneo no primeiro trimestre de gestação Eritromelalgia: súbito aparecimento de dor, calor, rubor e disestesia nas extremidades (principalmente mmi). O episódio pode ser autolimitado ou evoluir para uma gangrena. Isso ocorre por obstrução microvascular por agregados de plaquetas, sendo que a resposta ao AAS costuma ser muito boa. Pode estar presente espleno e hepatomegalia Não se espera eritrocitose nessa doença. Alterações morfológicas nas plaquetas: megatrombócitos, ansiocitose plaquetárias. DIAGNÓSTICO Feita em pacientes com trombocitose > 500.000 mm³ após exclusão de outras síndromes mieloproliferativas. Critérios da OMS: (1) elevação sustentada das plaquetas > 450.000 mm³ (2) biopsia de MO com proliferação de megacariócito anormal sem eritrocitose e neutrófilos em número aumentado. (3) ausência de critérios para as outras síndromes mieloproliferativas. (4) presença de mutação JAK-2 TRATAMENTO São considerados de alto risco para eventos tromboembólicos pacientes: com idade acima de 60 anos, plaquetometria acima de 1.100.000/mm³, história prévia de evento trombótico. Por isso deve- se manter os níveis de plaqueta abaixo de 500.000 mm³ com o uso de Hidroxiureia (agente mielossupressor) e anagrelida. Em casos de trombose aguda a anticoagulação plena é indicada Em casos de evento hemorrágico grave, as plaquetas podem ser reduzidas pela plaquetaférese. AAS deve ser empregado em todos os pacientes na ausência de contraindicações, mesmo em pacientes de baixo risco. AAS é usado também em quadro agudo de eritromelalgia. Consiste na transferência segura de componentes sanguíneos de um doador para um receptor. A doação deve ser voluntária e há campanhas de doação. Aproximadamente 400 antígenos de grupos sanguíneos foram identificados, sendo que esses antígenos podem gerar reações com os anticorpos produzidos pelo corpo do receptor, gerando reações transfusionais. Grupo ABO e Rh tem importância fundamental. ANTICORPOS AOS GRUPOS SANGUÍNEOS Os anticorpos naturais são os que ocorrem no plasma de pessoas que não possuem antígeno correspondente e que nunca tiveram contanto com ele por meio de transfusão ou gestação prévia. Os mais importantes são o Anti-A e Anti-B. Geralmente são imunoglobulinas M (IgM) e que reagem com antígenos correspondentes em baixa temperatura. Anticorpos imunes são formados em resposta a introdução-por transfusão ou passagem por meio da placenta durante a gravidez- de eritrócitos que possuem antígenos que faltam no indivíduo. São IgG, IgM e respondem em altas temperaturas. 7 Tutorial 6 – Vitor Benincá SISTEMA ABO Consiste em 3 alelos: A, B e O. Há probabilidade de 6 genótipos possíveis, mas só há o reconhecimento de 4 fenótipos devido à ausência de anti-O. Antígenos A, B e H estão presentes na maioria das células do organismo, incluindo leucóticos e plaquetas. No sistema ABO o O é doador universal e o AB é o receptor universal. SISTEMA RH Composto de dois genes estruturais: RhD e RhCE que irão codificar proteínas de membrana que têm os antígenos D, Cc, e Ee. O gene RhD pode estar presente ou ausente, resultado nos fenótipos Rh D+ e Rh D-. Anticorpos Rh raramento ocorrem de forma natural, sendo que a maioria é imune, isto é, resulta de transfusão ou gravidez anterior. Anti-D é o responsável pela maior parte dos problemas clínicos associados ao sistemas. Anti-C, Anti-E e anti-e são vistos ocasionalmente epodem causar reações transfusionais também. RISCOS DA TRANSFUSÃO DE SANGUE Pode causar infecções (hepatite, retrovírus- HIV, herpes-vírus, parvovírus, bactérias em geral, protozoários- plasmodium, toxoplasma, leishmania- príons). Para que seja evitado isso, há uma série de testes realizados tanto no doador como no receptor: O vírus do HIV pode ser transmitido por células do plasma. População LGBTQIA+ eram excluídas como doadores até maio/2020 A sífilis pode ser transmitida por concentrados de plaquetas, assim como a malária. Doações: Homem: intervalo 2m até 4x ano Mulher: intervalo 3m até 3x ano COMPLICAÇÕES DA TRANSFUSÃO 1. Reações Transfusionais hemolíticas Podem ser imediatas ou tardias. As reações imediatas com risco de morte estão associadas à hemólise intravascular maciça que resulta da ação de anticorpos ativadores do complemento das classes IgM e IgG e geralmente contra antígenos do ABO. Reações com hemólise extravascular são menos graves, mas ainda assim oferecem risco de morte. Em casos mais leves a única reação pode ser a de uma anemia progressiva inexplicável, com ou sem icterícia. Em casos em que os níveis de anticorpos antes da transfusão eram muito baixos para ser detectado na prova cruzada, o paciente pode ter sido reimunizado pela transfusão de eritrócitos incompatíveis e ter reação transfusional tardia com destruição acelerada de eritrócitos. Aspectos clínicos dessa reação: Fase de Choque Hemolítico: ocorre em até 1-2 horas após o final da transfusão. Urticária, lombalgia, rubor, cefaleia, dor precordial, dispneia, vômitos, calafrios, febre, queda da pressão arterial. Pode haver também icterícia e coagulação intravascular disseminada. Fase oligúrica: necrose tubular aguda com insuficiência renal. Fase diurética: desequilíbrio hidroeletrolítico durante a fase de recuperação da IRA. Se o paciente apresentar características sugestivas de reação transfusional grave, a transfusão deve ser interrompida. Deve-se então iniciar o tratamento do caso: objetivo de manutenção da PA e da perfusão renal. Usa-se Dextran, plasma, salina EV e furosemida. Hidrocortisona (anti-histaminico) alivia o choque. Em casos de choque grave pode-se necessitar de adrenalina IV. A IRA pode ser tratada com diálise. 2. Outras reações transfusionais Reações febris por causa de anticorpos antileucocitários Reações alérgicas não hemolíticas febris e afebris Sobrecarga circulatória pós-transfusional 8 Tutorial 6 – Vitor Benincá Transfusão de sangue contaminado com bactérias Doença do enxerto vs. Hospedeiro Síndrome de hiper-hemólise (ocorre em pacientes com anemia falciforme que hemolisam o sangue recebido mais rapidamente) Dano pulmonar agudo relacionado à transfusão Púrpura trombocitopênica pós-transfusional (extrema trombocitopenia em 7-10 dias após a transfusão). Transmissão viral Sobrecarga pós-transfusional de ferro. COMPONENTES HEMOTERÁPICOS A coleta de sangue é feita com técnica asséptica em sacos de plástico contendo quantidade adequada de anticoagulante- citrato, fosfato e dextrose (CPD). O citrato impede a coagulação ao se combinar com o cálcio do sangue. 3 componentes são preparados pela centrifugação inicial de sangue total: hemácias, camada de leucóticos/plaquetas e plasma. Leucodepleção, que é o sangue filtrado para remoção da maioria dos leucócitos. Esse processo é feito logo após a coleta e antes do processamento. Isso diminui a incidência de reações transfusionais febris e aloimunização HLA. 1. Concentrado de Hemácias São armazenadas entre 4-6 graus por até 35 dias. São produto de escolha na maioria das transfusões. Tratamento de quelação deve ser considerado em pessoas com programa de transfusão regular para evitar sobrecarga de ferro. 2. Concentrado de granulócitos São preparados com a camada leucocitária (buffy coat) ou em separadores de células do sangue de doadores sádios ou de pacientes com leucemia mieloide crônica. Tem sido usado em pacientes com neutropenia intensa que não respondem ao tratamento com antibióticos. 3. Concentrado de Plaquetas São coletados em separadores de células ou de unidades individuais de doadores de sangue. São conservados em temperatura ambiente. Usadas em pacientes com trombocitopenia ou distúrbio de função plaquetária com sangramento atual relevante ou sério risco de sangramento. Contraindicada na trombocitopenia induzida pela heparina, na púrpura trombocitopênica trombótica e na síndrome hemolítico- urêmica. 4. Preparação de plasma humano Plasma fresco congelado: o plasma é rapidamente separado do sangue fresco e é mantido congelado abaixo de -30 graus. É principalmente usado na reposição de fatores de coagulação ou depois da transfusão maciça, em hepatopatias, depois de cirurgias com derivação cardiopulmonar, púrpura trombocitopênica trombótica. É do plasma onde se é retirado e separado alguns outros elementos: 1. Albumina (expansor plasmático) 2. Crioprecipitado (contém fibrinogênio e fator VIII concentrados – reposição ao fibrinogênio). 3. Concentrados liofilizados de fator VIII (usados em tratamento de hemofilia) 4. Concentrados liofilizados de complexos de fator IX- protombina (usado em deficiência desse fator). 5. Concentrado de proteína C 6. Imunoglobulinas