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RELIGIÃO - História da Umbanda

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A História da Umbanda , por Manoel Lopes 
mLopes eBooks 
Copyright 2001 
www.saravaumbanda.cjb.net 
 
 
INTRODUÇÃO 
Todos os fatos tratados neste livro encontram-se documentados e vários são os 
estudiosos que já trataram deste tema. 
Nossa contribuição é somente no sentido de divulgar mais esses fatos históricos , que 
infelizmente nem todos os pesquisadores ou praticantes da Umbanda conhecem; também 
não sabemos o motivo deste quase total desconhecimento , por parte dos praticantes da 
Umbanda , do nascimento do movimento Umbandista. 
Achamos muito importante deixar registrado ,pois nosso País tem memória curta , e não 
devemos deixar cair no esquecimento todo o esforço deste homem , amparado pelo 
mundo espiritual , que foi o responsável pelo surgimento da Umbanda , nosso respeitável 
irmão de fé Zélio Fernandino de Moraes. 
Vale a pena ressaltar que não pretendemos esgotar o assunto em pauta , mas sim , 
humildemente fazermos uma pequena contribuição a todos aqueles que procuram novas 
luzes para entender este mundo maravilhoso da Umbanda. 
É muito comum nos meios "Umbandistas" as pessoas dizerem que a Umbanda é uma 
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http://www.saravaumbanda.cjb.net
Religião Afro-Brasileira e que possui suas origens na África. 
Embora muitos não acreditem e não aceitem, a Umbanda é uma religião cristã e 
genuinamente brasileira. 
Devido a super-valorização, até por parte de muitos umbandistas, da cultura negro-
africana, do culto aos Orixás das nações de Candomblé, criou-se uma ofuscação das 
origens da Umbanda. Muitos desconhecem totalmente sua história e se esquecem ou 
fazem de conta que se esqueceram que a Umbanda possui , conceitos fundamentais da 
Doutrina Espírita , da Religião Católica e muitos elementos da cultura indígena brasileira . 
Os povos tupis tinham grande terror às almas dos falecidos e acreditavam que elas vinham 
em forma de animais - lagartixa , sapo , pássaro - vagando principalmente durante a noite. 
"Multidão de gênios , numes domésticos , espíritos - tudo isso era como que o fundo de 
superstição que a raça havia acumulado nas suas longas vicissitudes"." Perseguidos de 
terrores , agouros e preocupações cabalísticas , supersticiosos como verdadeiras 
crianças , sentem espíritos por toda parte , nos ares , nas águas , no alto das montanhas , 
no fundo das florestas. Uns espíritos lhes trazem avisos bons e boas notícias; outros os 
torturam e flagelam , e os põem num como delírio de possessos. Uns vêem nas aragens , 
outros no zumbido dos insetos , ou no canto dos pássaros, ou nas colorações do poente." 
Rocha Pombo, História do Brasil (1935). 
Para defender-se num mundo tão repleto de espíritos , tinham eles como conselheiros e 
orientadores os Pajés. Curavam doenças , afastavam o Jurupari e os maus espíritos. 
Esses pajés , caracterizavam-se por traços peculiares que os distinguiam dos leigos. 
Consta que eram possuidores de temperamento nervoso e altamente excitável , com muita 
sensibilidade mediúnica.Ao se comunicarem com os espíritos que controlavam , entravam 
em transe. Tais transes eram obtidos com o auxílio do uso do tabaco e pela dança e canto 
ao ritmo do matraquear de uma cabaça. Os indígenas acreditavam que tôda doença tinha 
uma origem mágica ou sobrenatural ; resultava de um castigo impôsto por um espírito das 
selvas , alma do outro mundo ou magia negra dos feiticeiros. 
Os pajés curavam tais doenças por meio de massagem , soprando fumaça de tabaco 
sobre o corpo do doente. 
Assim encontramos na vida religiosa do nosso ameríndio , ainda não influênciado pelo 
europeu ou pelo africano , os seguintes elementos: 
1) Crença num ser supremo .O ameríndio não era ateu, admitia um princípio superior: 
TUPAN . 
2) Crença em divindades inferiores , protetores dos animais , dos rios , dos campos , das 
matas . 
3)Crença em espíritos inferiores maus e que se comprazem em fazer o mal ao homem; 
4) Crença na atuação de numerosos espíritos influindo sobre o homem , inclusive das 
almas dos falecidos , muitas vêzes em formas animais; 
5) A figura do sacerdote , o pajé; 
6) O Transe provocado pelo tabaco , pela dança , pelo canto e pelo ritmo do maracá. 
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7) A prática da adivinhação , mesmo em estado de transe. 
Na Umbanda existem práticas milenares , suas origens se perdem no tempo. Não é a 
intenção deste estudo entrar nestas questões , pois entraremos numa questão delicada. 
Não trabalhamos com hipóteses ,suposições ou lendas ; somente colocamos no papel o 
que nos foi possível documentar. 
Diferentemente do Culto aos Orixás , que procura manter suas tradições exatamente como 
eram em sua origem na África ; a Umbanda segue um caminho exatamente oposto ,ou 
seja, a Umbanda evolui a cada dia através de estudos e conceitos que aos poucos vão 
sendo esclarecidos. 
Umbanda é sinônimo de Liberdade! 
ONDE E COMO COMEÇOU 
 
No final de 1908 ,um jovem rapaz com 17 anos de idade começou a sofrer estranhos 
"ataques". 
Sua família , conhecida e tradicional na cidade de Neves , estado do Rio de Janeiro, foi 
pega de surpresa pelos acontecimentos. 
Esses "ataques" do rapaz , eram caracterizados por posturas de um velho , falando coisas 
sem sentido e desconexas ,como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. 
Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que 
mostrava conhecer muitas coisas da natureza. 
Após examiná-lo durante vários dias , o médico da família recomendou que seria melhor 
encaminhá-lo a um padre , pois o médico ( que era tio do paciente ), dizia que a loucura do 
rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava mais, era que o 
menino estava endemoninhado. 
Após o exorcismo , realizado por um sacerdote católico, não se conseguiu o resultado 
esperado ,pois os ataques continuaram. 
Passado algum tempo , o rapaz que se chamava Zélio Fernandino de Moraes, sentiu-se 
completamente curado. 
Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que era melhor levá-lo à 
Federação Espírita de Niteroi. 
Zélio foi convidado a participar da sessão e tomou um lugar à mesa. 
Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade , Zélio levantou-se e disse: "Aqui 
está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor , que 
colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. 
Ao mesmo tempo aconteciam varias manifestações de caboclos e pretos-velhos. 
O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza , 
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citando o " seu atraso espiritual " e convidando-os a se retirarem. 
Após esse incidente , novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele 
falou: 
"porque repeliam a presença dos citados espíritos , se nem sequer se dignaram a 
ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor ?" 
Novamente uma grande confusão , todos querendo se explicar ,debaixo de acalorados 
debates doutrinários. 
Nisso ,um vidente pediu que a entidade espiritual se identificasse. Ainda tomado pela 
força , o médium Zélio respondeu : 
"Se querem um nome , que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas , 
porque para mim , não haverá caminhos fechados." 
O vidente interpelou a Entidade dizendo que ele se identificava como um caboclo mas que 
via nele restos de trajes sacerdotais. 
O espirito respondeu então: 
"O que você vê em mim ,são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu 
nome era Gabriel Malagrida . Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da 
Inquisição em Lisboa , no ano de 1761. Mas em minha última existência física , Deus 
concedeu-me o privilégio de nascer como caboclobrasileiro." 
Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral: 
Fixar as bases de um Culto , no qual todos os espíritos de índios e preto-velhos poderiam 
executar as determinações do Plano Espiritual , e que no dia seguinte ( 16 de Novembro 
de 1908) desceria na residência do médium ,às 20 horas , e fundaria um Templo onde 
haveria igualdade para todos , encarnados e desencarnados. 
Para finalizar o caboclo completou: 
"Deus, em sua infinita Bondade , estabeleceu na morte ,o grande nivelador 
universal , rico ou pobre , poderoso ou humilde , todos se tornariam iguais na 
morte , mas vocês , homens preconceituosos , não contentes em estabelecer 
diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além 
da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores 
do espaço , se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na 
Terra , também trazem importantes mensagens do além?" 
UM POUCO DE HISTÓRIA 
Dia 16 de Novembro de 1908 às 20:00 horas ,na cidade de Neves estado do Rio de 
Janeiro foi o dia do nascimento da Umbanda. 
Mas , como estava o Brasil nesta ocasião? Vamos fazer uma ligeira retrospectiva na 
história do Brasil ,e relembrar como foi a Abolição da escravidão no Brasil ,e assim ,tentar 
sentir como pensavam e agiam as pessoas daquela época. Quais os preconceitos 
existentes naquele início de século. 
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Por mais de três séculos, o negro escravizado impulsionou a economia e serviu de base à 
pirâmide social brasileira ; durante esse período, reações individuais e coletivas - os 
levantes - representaram a outra face das relações entre senhores e escravos no Brasil. 
Humilhação ou revolta - a dominação teve limites preciosos durante praticamente todo o 
período colonial. Só no final do século XVIII, quando as idéias dos liberais europeus 
passaram a ser difundidas entre nós, é que se começou efetivamente a considerar a 
possibilidade da extinção do cativeiro. 
Enraizado no liberalismo europeu, que pregava a igualdade de direitos entre os os 
homens, o movimento pela independência no Brasil deveria necessariamente incluir em 
seu programa a abolição da escravatura. Por que isso não aconteceu ? As teorias liberais 
serviam como uma luva à realidade das classes em ascensão da Europa, onde, com o 
capitalismo industrial em plena expansão, já não mais interessava manter um sistema 
colonial baseado no trabalho escravo. Mais que uma postura humanitária, o que motiva a 
burguesia industrial da Europa eram suas aspirações de expansão do mercado 
consumidor. 
No Brasil essa atitude liberal "emprestada" traduziu-se por uma oposição dos produtores 
nacionais, ricos proprietários de terras, ao monopólio colonial. As idéias de liberdade e 
igualdade foram travestidas para servir aos interesses das elites agrárias, a quem, 
evidentemente, muito interessava a manutenção do trabalho escravo. 
 
Vozes isoladas 
 
Durante o Primeiro Reinado algumas vozes isoladas se fizeram ouvir em favor da abolição. 
Hipólito José da Costa, redator do Correio Braziliense , pregava a extinção gradual da 
escravatura, sugerindo a substituição da mão-de-obra escrava por imigrantes 
assalariados . Personalidades ligadas ao Governo, como José Bonifácio e o padre Feijó , 
argumentavam que a manutenção do trabalho escravo era inconveniente ao pleno 
desenvolvimento da economia brasileira. Todos eles, porém, reconheciam que a abolição 
não poderia ser imediata, sob pena de levar ao colapso uma economia baseada na mono-
cultura de exportação, na dependência exclusiva do braço escravo. 
 
A opinião dos escravistas. 
 
A partir do momento em que a escravidão começou a ser contestada também por homens 
brancos e livres, os proprietários de escravos se viram na contingência de responder com 
argumentos aos ataques dos abolicionistas. Afirmavam, por exemplo, que os negros eram 
"infiéis" (não cristãos); a escravidão não seria mais do que um instrumento para a salvação 
de suas almas. 
Outro "argumento", semelhante ao anterior, dizia que os senhores brancos apenas 
cumpriam uma missão civilizadora , tirando os negros de seu ambiente "selvagem" e 
transferindo-os para um ambiente onde, mesmo escravizados, eles tinham melhores 
condições de vida. 
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Na segunda metade do século XIX, tornou-se comum uma justificativa que se pretendia 
"científica". Tomando como base algumas teorias raciais (e racistas) difundidas na Europa, 
os senhores afirmavam que os negros tinham o crânio menor que o dos brancos, o que 
provava sua inferioridade "natural". Parecia-lhes correto, assim, que os "inferiores" 
servissem a seus "superiores" brancos. Com o passar do tempo, a argumentação mais 
freqüente para justificar a manutenção do cativeiro se reportava a um aspecto bem mais 
material. Afirmando que a abolição da escravatura representaria a ruína da lavoura, os 
escravistas tocavam diretamente nos interesses da classe dominante, principal beneficiária 
em termos econômicos. Foi essa a tática mais eficaz dos escravistas. 
Os interesses da Inglaterra. 
Com o desenvolvimento do capitalismo industrial na Inglaterra, o sistema colonial - que 
desempenhou um papel básico no período anterior, de capitalismo mercantil - tornou-se 
um empecilho para a expansão da economia. Como as colônias possuíam o monopólio do 
fornecimento de produtos tropicais, a indústria inglesa não podia escolher sua matéria-
prima onde o preço fosse menor; além disso, como a produção colonial era baseada no 
trabalho escravo, as possibilidades de expansão do mercado consumidor se viam 
limitadas. Mais ainda, a manutenção de escravos representava um capital imobilizado, que 
com o emprego de mão-de-obra assalariada poderia ser aplicado na compra de produtos 
manufaturados e implementos agrícolas. Sem falar da massa de trabalhadores negros 
que, livres, representariam um respeitável mercado consumidor potencial. 
A oposição inglesa ao trabalho escravo e ao sistema colonial estendeu-se aos países 
econômica e politicamente dependentes da Inglaterra, como Portugal (e o Brasil) no início 
do século XIX. 
Assim, em 1810, o regente Dom João assinou um Tratado de Aliança e Amizade com a 
Coroa britânica em que estabelecia o livre comércio entre o Brasil e a Inglaterra e se 
comprometia a limitar o tráfico negreiro para o Brasil às colônias portuguesas da África. 
Em I817 Dom João concedeu o "direito de visita" à Marinha inglesa, permitindo-lhe vistoriar 
todos os navios portugueses suspeitos de tráfico negreiro. Enfim, quando foi proclamada a 
independência no Brasil, a Inglaterra condicionou o reconhecimento da nova nação à 
proibição do tráfico escravo. O atendimento a essa exigência foi sendo postergado até 
que, em 1831, a Regência Trina Permanente oficializou a proibição. Mas o tráfico 
continuou à revelia da lei. A Inglaterra não desistiu. Sentindo-se prejudicada por medidas 
protecionistas tomadas pelo Governo imperial e às vésperas de expirar o prazo que lhe 
concedia o "direito de visita", promulgou em 1845 o Bill Aberdeen. Essa lei equiparava o 
tráfico negreiro à pirataria e dava à Marinha britânica o direito de apresar os navios 
negreiros que encontrasse. O Governo imperial não tinha como resistir sem entrar em um 
confronto direto. Em 1850, foi apresentada ao Congresso, e aprovada, uma lei que levou o 
nome de seu autor, o ministro Eusébio de Queirós, e que extinguia definitivamente o tráfico 
negreiro no Brasil. 
A campanha abolicionista. 
É somente após a extinção do tráfico negreiro e, de modo mais acentuado, após a Guerra 
do Paraguai, que podemos falar em campanha abolicionista como um movimento social 
organizado, de caráter eminentemente urbano, baseado em setores não comprometidos 
com a escravidão: profissionais liberais, comerciantes, jornalistase intelectuais. 
A atuação desses militantes tornava-se cada vez mais ousada. Além de comícios e da 
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propaganda escrita, empreendiam incursões noturnas às senzalas, dando fuga aos 
escravos. Os fugitivos eram abrigados, a seguir, em "quilombos" de novo tipo, organizados 
por abolicionistas. Ficaram famosos o quilombo Jabaquara , na Baixada Santista , fortaleza 
inexpugnável dirigida por Quintino Lacerda, que abrigava os fugitivos encaminhados por 
Luís Gama e Silva Jardim; ou a fazenda de Bernardino de Campos, em Amparo (São 
Paulo), onde se refugiavam os escravos libertados por Antônio Bento e seus seguidores, 
os "caifases". 
As atividades dos abolicionistas eram subvencionadas por diversos clubes e sociedades 
que promoviam eventos para a arrecadação de fundos e se encarregavam da propaganda 
dos ideais do movimento. O primeiro deles foi a Sociedade Emancipadora Fraternidade , 
fundada em 1870 pela Loja Maçônica Amizade. Essas sociedades se multiplicaram pelas 
principais cidades do Brasil e finalmente, em 1883, foram agrupadas na Confederação 
Abolicionista , uma estrutura coesa, de âmbito nacional. Paralelamente, nos meios 
intelectuais , na literatura e na imprensa, os abolicionistas criaram uma "retaguarda 
ideológica" para a sustentação do movimento. Vários mulatos e negros libertos se 
destacaram nesse campo, dentre eles Castro Alves, Luís Gama, André Rebouças e José 
do Patrocínio. 
Uma das primeiras publicações abolicionistas foi o semanário paulista O Diabo Coxo, 
criado em 1864. Era ilustrado por Ângelo Agostini e redigido por Luís Gama. Anos depois 
surgia O Radical Paulistano, onde escreviam regularmente Luís Gama , Joaquim Nabuco , 
Castro Alves e o estudante Rui Barbosa. 
A partir de 1880 a imprensa antiescravista se implantava no Rio de Janeiro , com A Gazeta 
de Notícias , de José do Patrocínio , e A Gazeta da Tarde. 
Em 1882 , Raul Pompéia e Antônio Bento de Sousa e Castro fundaram em São Paulo o 
Jornal do Comércio. A esta folha abolicionista veio se juntar A Redenção, também dirigida 
por Antônio Bento, que na proposta editorial pregava "a libertação imediata, sem prazo". 
Radicais, moderados, positivistas e "pragmáticos" 
A profusão de periódicos abolicionistas correspondia à realidade de um movimento que 
estava longe de ser homogêneo. Várias correntes e opiniões contraditórias coexistiam no 
movimento. Embora todas tivessem um mesmo objetivo, a abolição da escravatura, 
divergiam quanto à maneira de conduzir a luta. 
Os "moderados", cujo melhor exemplo é sem dúvida a figura de Joaquim Nabuco , temiam 
as agitações sociais e achavam que a luta pela abolição deveria se processar 
institucionalmente , entre as paredes do Parlamento. 
Os positivistas, de certa forma, se confundiam aos moderados. Denunciando a 
irracionalidade que representava a escravidão, encaravam-na como um fator de 
desorganização econômica e social. Preconizavam a abolição lenta , vinculada a um 
programa que propiciasse a integração do negro à sociedade. Entretanto , nunca tiveram 
participação mais ativa no movimento, recusando-se a reforçar, com sua presença, as 
posições "anti-científicas" das demais correntes abolicionistas. Os principais 
representantes do positivismo ortodoxo foram Francisco Brandão Jr. e Teixeira Mendes. 
Os "radicais" consideravam imprescindível a participação popular na luta abolicionista e 
chegavam a estimular os levantes de escravos. Desse grupo participavam Raul Pompéia , 
Antônio da Silva Jardim, José do Patrocínio e Luís Gama. É deste último uma frase famosa 
que caracteriza bem a posição dos radicais: "Ofendido em seu direito, o escravo que mata 
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seu senhor, mata em legítima defesa". 
E, finalmente, havia um grupo "pragmático" de abolicionistas , para quem a extinção da 
escravatura era, acima de tudo, um negócio vantajoso. Nesse grupo estavam os 
cafeicultores do oeste paulista, que, percebendo as vantagens do trabalho assalariado e a 
inevitabilidade da abolição, preferiam que ela fosse feita gradualmente, à medida que a 
mão-de-obra escrava fosse sendo substituída pelo trabalho assalariado. Seu principal 
porta-voz era Campos Sales. 
Uma abolição gradual. 
Aos poucos, os partidários da abolição gradual começaram a ganhar terreno. Para isso 
contribuíram, sem dúvida, as pressões crescentes dos Estados Unidos e da Inglaterra. Em 
resposta a essas pressões e à opinião pública, o Governo brasileiro promulgou, em 
setembro de 1871, a Lei Rio Branco, conhecida como "Lei do Ventre Livre". 
Por essa lei eram emancipados os filhos de mulheres escravas nascidos a partir daquela 
data. Na realidade, porém, nada se alterava, pois o senhor da mãe escrava conservava o 
"direito aos serviços gratuitos dos menores até os 21 anos completos". Tratava-se apenas 
de uma medida para apaziguar os ânimos abolicionistas e ganhar tempo. 
Esse objetivo foi alcançado. O movimento perdeu força e só se recuperou na década 
seguinte. A resposta à nova ofensiva abolicionista foi outra lei paliativa. A 28 de setembro 
de 1885 era aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe ou "Lei dos Sexagenários", que emancipava 
os escravos de mais de 65 anos. Na prática, essa lei apenas liberava o dono de escravos 
da responsabilidade pela manutenção da mão-de-obra improdutiva. 
Os abolicionistas, porém , não mais se deixariam conter ou iludir. O movimento 
conquistava um respaldo popular crescente e dos mais variados setores sociais: a Igreja, o 
Exército, associações de classe patronais e de empregados. 
A imprensa abolicionista fervilhava e se multiplicava. As fugas de escravos contavam com 
uma rede de apoio tão vasta que possibilitava o transporte dos fugitivos para o Ceará , 
onde a escravidão fora extinta em 1884. 
Tornaram-se comuns as grandes manifestações de rua. Repetiam-se as passeatas e 
comícios onde a palavra de ordem era a frase de José do Patrocínio: "A propriedade do 
escravo é um roubo". Finalmente, em 1888, os antiescravistas conquistaram a maioria no 
Parlamento. Refletindo a nova correlação de forças, a 7 de maio de 1888 o Congresso 
aprovava, por imensa maioria, um projeto de lei com o seguinte texto: "Artigo 1°. É 
declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Artigo 2°. Revogam-se as 
disposições em contrário". Assinado a 13 de maio pela regente do trono, Princesa Isabel, o 
projeto transformou-se na Lei Áurea. Entretanto, ao contrário do que se esperava, a 
abolição não significou a emancipação efetiva da população escravizada. Sem medidas 
institucionais que promovessem sua integração à sociedade, os negros foram entregues à 
própria sorte. Desprotegidos e discriminados, acabaram engrossando os contingentes 
marginalizados que se aglomeravam na periferia das grandes cidades. 
Na realidade, a abolição veio afastar alguns dos obstáculos ao desenvolvimento da 
economia brasileira, cujo pólo dinâmico se baseava cada vez mais no trabalho assalariado. 
Beneficiavam-se os cafeicultores "modernos", de São Paulo, para quem a medida era 
sinônimo de incentivo à imigração européia; em contrapartida, os decadentes "barões do 
café", de terras já esgotadas, e donos de muitos escravos, retiraram seu apoio ao regime 
imperial, derrubado em 1889. 
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É facil perceber que no início do século XX , ainda existiam muitos preconceitos em 
relação aos negros e índios , antigos escravos. 
Infelizmente dentro dos centros Cardecistas que praticavam o Espiritismo , movimento 
filosófico importado da Europa , não permitiam a manifestação dos espíritos de índios e 
negros, considerados espíritos atrasados ou ignorantes. 
É neste clima que o jovem Zélio com seus 17 anos amparado pelo Caboclo das sete 
encruzilhadas iniciao movimento Umbandista. 
OS PRIMEIROS ESPÍRITOS A SE COMUNICAREM. 
Exatamente no dia 16 de Novembro de 1908 , na rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, 
município de São Gonçalo , Estado do Rio de Janeiro, o Caboclo desceu. Lá estavam 
muitos dirigentes da Federação Espírita e outras pessoas que vieram a saber do 
acontecimento. 
Às 20 horas, o Caboclo incorporou e imediatamente foi atender um paralítico, curando-o 
imediatamente. Inúmeras pessoas doentes ou perturbadas tomaram passes e muitas se 
disseram curadas. Logo após, o Caboclo conversou com os presentes à sessão 
declarando que se iniciaria, naquele instante, um novo Culto em que os espíritos de pretos 
velhos africanos, que haviam sido escravos e que, desencarnados, não encontravam 
campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que 
exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos da nossa Terra, 
poderiam trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a 
raça, o credo e a posição social. 
No final dessa reunião o Caboclo ditou certas normas para a seqüência dos trabalhos, 
inclusive atendimento absolutamente gratuito, roupagem branca, simples, sem atabaques, 
nem palmas ritmadas e os cânticos seriam baixos, harmoniosos. 
A esse novo tipo de culto que se formava nessa noite, a Entidade deu o nome de 
UMBANDA, que seria "a manifestação do espírito para a caridade". Posteriormente 
reafirmou a Leal de Souza que "Umbanda era uma linha de demanda para a caridade". 
Também nesse dia 16 foi fundada uma tenda com o nome TENDA ESPÍRITA NOSSA 
SENHORA DA PIEDADE , porque, segundo as palavras dessa Entidade: "Assim como 
Maria acolhe em seus braços o Filho, a Tenda acolheria aos que a ela recorressem nas 
horas de aflição". Disse ainda o seguinte: "Todas as entidades serão ouvidas, e nós 
aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos àqueles 
que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta 
é a vontade do Pai". 
Neste mesmo dia 16 de novembro de 1908 baixou um preto-velho , de nome PAI 
ANTONIO. Quando essa Entidade se manifestou, parecia estar pouco a vontade frente a 
tanta gente, e recusando-se permanecer na mesa, onde se dera a incorporação, procurava 
passar desapercebido, humilde, aparentando alta idade e apresentando o corpo curvado, o 
que dava ao jovem Zélio um aspecto estranho, quase irreal. Essa Entidade logo despertou 
profundo sentimento de carinho e bem estar entre os presentes. 
Perguntado, então, porque não se sentava a mesa, com os demais irmãos, respondeu: 
"Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô 
branco i nego deve arrespeitá". Era a primeira manifestação desse espírito iluminado e 
que diante da insistência dos irmãos encarnados disse: "Num carece preocupá não, 
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nêgo fica nu toco que é lugá di nêgo". Essa atitude dessa sábia e portentosa Entidade 
tinha a finalidade principal de incutir, desde o início, a humildade nos presentes. Procurava 
assim, demonstrar que se contentava em ocupar um lugar mais singelo, mostrando que 
poderia se adaptar a qualquer situação. 
Perguntado como havia sido sua morte física disse que havia ido à mata apanhar lenha, 
sentiu alguma coisa estranha, sentou-se e nada mais se lembrava. 
Sensibilizado com tanta humildade alguém lhe perguntou respeitosamente, se ele sentia 
saudade de alguma coisa que havia deixado na Terra. Pai Antonio respondeu então: 
"Minha cachimba, nêgo qué o pito que deixou no toco... Manda mureque buscá". Era 
a primeira vez que algum espírito pedia alguma coisa material, o que causou grande 
espanto nos presentes. 
OS PRIMEIROS TERREIROS DE UMBANDA DO BRASIL 
A partir de 16 de novembro de 1908, as sessões seguiram com as incorporações das 
entidades e estudos sobre a doutrina espirita. 
Após 9 anos de trabalhos , entre os anos de 1917 e 1918, o Caboclo das Sete 
Encruzilhadas, recebeu ordens e assumiu o comando para a fundação de mais SETE 
Tendas, que seriam uma espécie de Núcleo Central, de onde se propagaria a Umbanda 
para todos os lados. 
Numa sessão de desenvolvimento e estudos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas escolheu 
sete médiuns para fundarem os novos Templos, que assim ficaram constituídos: 
Tenda Nossa Senhora da Guia 
Responsável :Durval de Souza 
Tenda Nossa Senhora da Conceição 
Responsável: Leal de Souza 
Tenda Santa Bárbara 
Responsável: João Aguiar 
Tenda São Pedro 
Responsável: José Meireles 
Tenda Oxalá 
Responsável: Paulo Lavois 
Tenda São Jorge 
Responsável: João Severino Ramos 
Tenda São Jerônimo 
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Responsável: José Alvares Pessoa 
Bibliografia: 
A Umbanda às suas Ordens - edson Orphanake 
Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda - RJ -1942 
Umbanda e sua História - Diamantino e Trindade 
Umbanda de Todos Nós - W.W.da Matta e Silva 
 
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Manoel Lopes 
E-mail: mlopes@email.com.br 
São Vicente/SP - 22/01/2001 
 
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