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Filosofia da Ciência

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ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
PROFESSOR
Dr. Irenio Silveira Chaves
Filosofia 
da Ciência
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head 
de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e 
Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela 
Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção Digital 
Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Design 
Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. CHAVES, Irenio Silveira.
Filosofia da Ciência. 
Irenio Silveira Chaves.
 
Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 
160 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Filosofia 2. Ciência 3. Conhecimento. 4. EaD. I. Título. 
CDD - 22 ed. 101 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-486-2
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Coordenador(a) de Conteúdo 
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Projeto Gráfico e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Matheus Silva de Souza
Design Educacional
Jociane Benedett
Revisão Textual
Meyre Barbosa
Ilustração
André Azevedo
Fotos
Shutterstock
FICHA CATALOGRÁFICA
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue 
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre 
quatro pilares que consolidam a visão abrangente 
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o 
profissional, o emocional e o espiritual.
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for-
mando profissionais cidadãos que contribuam para o 
desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. 
Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor-
tante para o cumprimento integral desta missão: o 
coletivo. São os nossos professores e equipe que 
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que 
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais 
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, 
Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre 
os 10 maiores grupos educacionais do país.
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem 
muda o mundo são as pessoas. Os livros só 
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
nidade de fazer a sua mudança!
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
BOAS-VINDAS
MEU CURRÍCULO
MINHA HISTÓRIA
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
Dr. Irenio Silveira Chaves
Olá, sou Irenio Silveira Chaves, professor de Filosofia. 
Nasci em 1959, na cidade de Salvador, capital da Bahia. 
Vim para o Rio de Janeiro muito cedo, quando ainda 
tinha menos de dois anos. Minha família acabou fixan-
do residência em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, 
onde passei minha infância, cresci e estudei até chegar 
à faculdade.
Desde criança, a busca do conhecimento tornou-se uma 
constante na minha vida. Minha mãe dizia que, antes 
mesmo de aprender a ler, já tinha interesse em explorar 
livros, textos e outras fontes de informação. Até mesmo 
quando tinha que ficar de castigo por ter feito alguma 
arte (quem nunca fez das suas quando criança?), eu ia 
até a pequena estante de casa e escolhia algum livro de 
romance, poesia ou mesmo de conhecimentos gerais 
para me distrair enquanto passava por aquele momento.
Em minha vida profissional, sempre me dediquei a três 
áreas. A primeira delas tem sido como escritor. Comecei 
como redator em um jornal, escrevendo sobre assuntos 
variados de política, sociedade e, sobretudo, educação. 
Depois desta experiência, avancei para me tornar um 
autor nos campos da Teologia, Ética e Filosofia. A se-
gunda área é como professor e, neste aspecto, sou um 
típico professor de carreira: comecei como professor 
dos primeiros anos do Ensino Fundamental, passando 
a atuar como professor das séries seguintes no Ensino 
Médio, no Ensino Superior (graduação e pós-graduação), 
tanto na modalidade presencial como no ensino à dis-
tância. Como professor de graduação e pós, desenvolvi 
http://lattes.cnpq.br/1801171218758828
atividades docentes e de produção de conteúdo em Fi-
losofia, Ciências Sociais, Epistemologia e Ética. Isso me 
deu oportunidade de ampliar o campo do saber a fim 
de compreender a complexidade da vida, a pluralidade 
das experiências humanas e a interdisciplinaridade dos 
saberes. E a terceira área é a religiosa, atuando como 
ministro religioso há alguns anos, o que me possibilitou 
crescimento humano e desenvolvimento da compreen-
são sobre como os nossos conflitos existenciais podem 
ser encarados de uma forma mais solidária. 
Hoje, vivo numa cidade agradável e banhada pelo mar, 
que é Niterói. Meu hobby preferido é fazer caminhada 
na orla de Icaraí, o bairro em que moro, sempre no cair 
da tarde. Nessas horas, aproveito para refletir sobre a 
vida, respirar novos ares e permitir um tempo para me 
desligar das tarefas do dia a dia.
Para você conhecer um pouco mais sobre minha forma-
ção, saiba que cursei Teologia e Letras, na graduação, 
no Seminário Batista do Sul e na UFRJ, respectivamente. 
Depois, fiz o mestrado em Filosofia, na UERJ, além de 
ter cursado disciplinas de pós-graduação em Teologia 
e Linguística e uma especialização em Teologia do Novo 
Testamento. E, ainda, concluí o doutorado em Teologia, 
na PUC Rio. 
Espero que a minha história e um pouco da minha ex-
periência que procurei passar aqui possa incentivar 
você a prosseguir em seus estudos e desenvolver uma 
consciência, ao mesmo tempo, crítica e investigativa. 
Bons estudos!
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
A ciência sempre foi um campo que despertou curiosidade entre as pessoas. Todos 
nós queremos saber a causa das coisas como também suas consequências. Desde o 
começo do que podemos chamar de civilização tem sido assim. De início, as pessoas 
tentavam dar explicações ligadas aos deuses e às situações de mistério. Mas, gradati-
vamente, começou-se a perceber que as respostas poderiam ser encontradas a partir 
da observação do próprio fenômeno.
Você já teve a curiosidade de conhecer a causa de um problema como também sobre 
qual é o seu efeito? 
Os gregos antigos deram início a uma jornada para a busca destas respostas, que 
corresponde ao que hoje chamamos de ciência. Ao longo da história da civilização 
ocidental, esta proposta passou por diversas transformações como resultado destainquietação humana pela busca de respostas que explicassem os fenômenos, sobre-
tudo, os naturais.
Agora, imagine uma situação em que um raio cai perto de sua casa, e isso provoca uma 
pane geral nos aparelhos eletrônicos. Uma questão inicial seria você procurar saber 
a origem daquele fenômeno, do que o provocou e por que ele tem tal capacidade de 
produção de danos.
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Você notou que, ao buscar suas respostas, foi necessário observar alguns aspectos e 
até, quem sabe, realizar algumas verificações? Da mesma forma que você pode encon-
trar respostas para sua busca de informações sobre o raio que caiu perto da sua casa, 
a ciência também tem procurado respostas para uma infinidade de fenômenos que 
nos cercam. Como esta prática que você desenvolveu pode ajudar você a desenvolver 
uma atitude científica?
Uma vez que a atitude científica é importante para a formação do seu conhecimento 
geral, procure desenvolver uma leitura da realidade que o cerca de tal modo que você 
compreende o que provoca cada situação vivida e qual o seu efeito. Por exemplo, 
quando você acorda pela manhã e observa o nascer do Sol, o que está por trás deste 
acontecimento e o que isso pode proporcionar para sua vida pessoal? Aproveite para 
elaborar um registro desta sua descoberta e aponte uma consequência prática para 
a sua vida pessoal.
Você descobriu que todas as coisas passam por uma relação de causa e efeito, e que 
isso pode ajudar você a desenvolver novas descobertas. Começando por aqui, espero 
que o conteúdo abordado nesta disciplina possa ajudar você a construir as respostas 
para as suas inquietações daqui para frente.
IMERSÃO
RECURSOS DE
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
O QUE É 
CIÊNCIA E 
COMO SE FAZ 
CIÊNCIA
11 35
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
NATUREZA DO 
CONHECIMENTO 
CIENTÍFICO
63
ORIGEM E 
HISTÓRIA DA 
CIÊNCIA
3 4 89
CONCEPÇÕES 
CIENTÍFICAS 
CONTEMPORÂNEAS
5 115
O FUTURO DA 
CIÊNCIA
1O que é ciência e como se faz 
ciência
Dr. Irenio Silveira Chaves
Olá, aluno(a)! Nesta unidade, você observará o que é a ciência, o que é 
o conhecimento, identificando a especificidade do conhecimento cientí-
fico. Conhecerá filósofos que foram relevantes para a compreensão do 
conhecimento científico. Você identificará, ainda, o momento histórico 
da formação da Filosofia da Ciência, e compará-la com outras discipli-
nas filosóficas ligadas à ciência. Você poderá mergulhar neste campo 
abrangente, como é próprio de todo atitude filosófica. Quanto mais 
interesse você despertar pelo assunto, maior conhecimento adquirirá.
UNIDADE 1
12
O que vem à mente quando pensamos em um cientista e em seu trabalho? Normal-
mente, vem aquela imagem estereotipada de um sujeito de jaleco branco, cabelos 
desalinhados, óculos com lentes grossas em meio a um cenário com muitos ins-
trumentos estranhos. Entretanto esta ideia está longe de corresponder à realidade.
Como estudare-
mos sobre Filosofia 
da Ciência, a primeira 
preocupação que que-
remos trazer é a res-
peito do trabalho rea-
lizado pela ciência e 
da figura do cientista. 
Qual é a imagem que 
temos de um cientis-
ta? Uma das lembran-
ças que vem à mente 
é aquela famosa foto de Albert Einstein com a língua para fora. Ela é a imagem 
mais conhecida de um dos maiores cientistas da história da humanidade. O que 
muita gente não sabe é que ela retrata um momento de descontração, irreverência 
e bom humor na vida do ganhador do prêmio Nobel de Física, em 1921, por sua 
pesquisa sobre a lei do efeito fotoelétrico.
Ela foi tirada em 1952, quando Einstein estava saindo de uma festa com 
seus amigos do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, nos Estados 
Unidos, para comemorar seus 72 anos de idade. Ao sair do evento, ele foi 
assediado por fotógrafos e repórteres até que, quando entrou no carro, foi 
solicitado por um dos fotógrafos para que desse um sorriso para uma foto. 
Foi aí que ele arregalou os olhos e pôs a língua para fora.
O instante foi registrado por Arthur Sasse, fotógrafo da famosa agência de 
notícias United Press International. Os editores da agência ainda questionaram 
a validade de publicação da foto, com receio de ferir a imagem do cientista. Mas 
não só a publicação agradou a Einstein como também ele mesmo solicitou várias 
cópias para presentear os amigos juntamente com seu autógrafo. Uma dessas 
cópias foi leiloada, no ano de 2017, em Los Angeles (EUA), pelo valor de 125 mil 
dólares (Fonte: adaptado de BBC News Brasil, 2017, on-line)1.
UNICESUMAR
13
Esta história remete-nos a pen-
sar que a ciência é uma atividade 
humana, que envolve pessoas e se 
dá em meio a vivências sociais. E é 
com este dado importante que gos-
taria de convidar você a lançar um 
olhar crítico sobre a atitude cientí-
fica por meio de nossa disciplina. A 
Filosofia da Ciência é uma discipli-
na que tem por objetivo colocar em 
questão o conhecimento científico 
e procura fazer isso sem perder o 
foco na construção humana dos sa-
beres que procuram validar a ver-
dade que orienta a compreensão de 
nossa existência no mundo.
A foto icônica de Einstein re-
trata alguém imerso em um mun-
do como o nosso, independentemente de sua atividade de pesquisa e busca do 
conhecimento. Ela deixa transparecer que cientistas são pessoas normais, que 
constroem relações sociais e afetivas, sem que isso reduza sua competência para 
investigar as questões que emergem de uma forma peculiar de observar determi-
nado objeto ou, até mesmo, o Universo que é o conhecimento científico.
A capacidade humana de conhecer vai além da mera percepção dos fenômenos 
à nossa volta, envolve uma tentativa de explicá-los e de interpretá-los. Conhecer 
algo é o mesmo que atribuir um significado ou um sentido para aquilo que conhe-
cemos, e, logo, notamos que as coisas não possuem um sentido isolado, mas que 
estão interligadas a outros sentidos, formando uma totalidade. Muitas vezes, para 
se construir um conhecimento, é preciso lançar mão de instrumentos, de técnicas 
e de estratégias de observação, seguindo um método específico para se chegar a 
uma interpretação que seja adequada e satisfatória. Este conjunto de práticas é o 
que caracteriza a natureza do conhecimento científico que não é apenas aquele 
produzido em um laboratório ou por uma academia de ciência especializada. Ele 
nasce de nossa curiosidade em explicar os fenômenos que acontecem à nossa volta.
UNIDADE 1
14
Para que você tenha uma ideia mais abrangente do que seja a ciência, o modocomo ela se realiza e ainda desmitifica um pouco mais como é a imagem de um 
cientista, procure assistir ao filme O menino que descobriu o vento, produzido e 
lançado em 2019, que conta a história de um menino africano que vivencia, em sua 
comunidade, o problema da falta de água e os efeitos que isso provoca na produção 
de alimentos que abastecem as famílias locais. Ao assistir ao filme, procure observar 
como o menino interpreta os problemas enfrentados por sua comunidade numa 
relação de causa e efeito. Verifique, também, o modo como ela procura desenvolver 
instrumentos e aplicar tecnologias para a solução de problemas e procure entender 
o papel do questionamento, da pesquisa e do incentivo à busca de novos conheci-
mentos para a vida da comunidade.
Aproveite para entender a importância da integração de diversos saberes para 
se chegar ao conhecimento, como é possível construir propostas práticas de solução 
de problemas a partir do diálogo e da busca de explicações. E, finalmente, perceba, 
no comportamento do menino, sua inquietação, seus enfrentamentos e sua vonta-
de para encontrar uma resposta para o problema enfrentado. Ao assistir o filme, a 
gente logo percebe que a busca do menino nasceu de um problema que despertou a 
necessidade de uma solução provisória. Isso levou a uma atividade de investigação e 
provocou uma experimentação até se chegar à aplicação da resposta encontrada. O 
conhecimento deu-se por etapas que consistem naquilo que chamamos de ciência.
Agora, retorne à ideia da história inicial da foto icônica de Albert Einstein. 
Que paralelos podemos traçar entre a figura do premiado cientista e a do jovem 
africano? Podemos chamar ambos de cientistas? Podemos dizer que a atividade 
de pesquisa do jovem africano é da mesma natureza das pesquisas empreendidas 
pelo renomado físico?
Para responder a essas questões, será necessário que aprofundemos nossa com-
preensão a respeito do campo da Filosofia da Ciência, levando em consideração 
alguns pressupostos. O primeiro deles é a respeito da elaboração de um conceito de 
ciência; o segundo está mais voltado para a construção do conhecimento em si; o 
terceiro, ligado à identificação da atitude científica. E, finalmente, uma abordagem 
sobre a especificidade da Filosofia da Ciência e sua convergência com outras disci-
plinas com as quais está relacionada.
Para iniciarmos nossa jornada nestes assuntos, incentivo que você registre no 
Diário de Bordo as respostas para as perguntas propostas sobre o filme O menino 
que descobriu o vento bem como sua reflexão sobre a imagem de um cientista.
UNICESUMAR
15
A Filosofia da Ciência é uma forma de fazer Filosofia no âmbito do conheci-
mento científico. Por esta razão, é preciso lembrar que o papel da Filosofia é o de 
colocar o pensamento em questão ou, dito de outro modo, a Filosofia é o próprio 
pensamento que se pensa. Sendo assim, a Filosofia da Ciência procura refletir, 
indagar e investigar o saber científico. Nós vivemos cercados de ciência. Alain 
Chalmers (1993), em O que é ciência afinal?, constata que a ciência desfruta 
de alta consideração por parte da sociedade. Em todas as coisas que fazemos, 
seja como entretenimento, saúde, alimentação intercomunicação, trabalho seja 
aprendizagem, tudo está, intimamente, relacionado com a ciência. Esta consta-
tação deve nos conduzir a indagar sobre o que é a ciência, como se faz ciência e 
o que isso tem a ver conosco. Nesse sentido, em nosso estudo sobre a Filosofia 
da Ciência, não ofereceremos respostas prontas para se compreender o que é a 
ciência, mas construiremos caminhos para se desenvolver uma investigação que 
leve em conta a atividade científica.
Para o começo de nossa jornada de estudo, é preciso, primeiramente, fazer um 
trabalho de conceituação a respeito do que é ciência e as implicações filosóficas 
desta atividade.
DIÁRIO DE BORDO
UNIDADE 1
16
Por incrível que possa parecer, ainda não se tem uma ideia acabada do que é 
ciência. Embora isso seja um fato percebido pela discussão que envolve a delimi-
tação do campo da ciência, há uma necessidade de se esclarecer o que ela é e o que 
não é, como o trabalho científico se desenvolve e qual é a natureza dos conceitos 
formulados pela ciência.
Grosso modo, ciência é todo conhecimento que é validado por uma investigação 
metódica e objetiva. Melhor dizendo, ciência é um sistema de conhecimento que se 
constrói a partir de um método. Essa definição está em sintonia com o que Fourez (1995) 
explica sobre o método científico como um processo dialético de observação. Ela se 
distingue da opinião, que é o conhecimento não investigado, sem qualquer garantia de 
validação tanto em termos de demonstração quanto de questionamento e até revisão.
Em primeiro lugar, ciência é conhecimento, mas de um tipo diferente de ou-
tros modos de conhecer. É o conhecimento que faz uma investigação a respeito 
dos fenômenos além do que é percebido em um primeiro momento. Por esta 
razão, o conhecimento científico tem um interesse maior com a validação de 
critérios de verdade. A ciência tem interesse em provar, ou analisar a verdade dos 
fatos. Isso não quer dizer que tudo o que a ciência diz seja a verdade, mas uma 
resposta provisória, incompleta e que carece de verificação. A ciência não espera 
oferecer respostas definitivas ou explicações absolutas, ao contrário, constrói 
respostas para os fenômenos observados, mas respostas aproximadas, as quais 
podem ser corrigidas, modificadas ou substituídas.
Vamos conversar um pouco mais sobre Ciência e Filo-
sofia? Ouça o Podcast e fique por dentro do assunto.
Ciência e Filosofia
Nosso tema será Ciência e Filosofia, nele iremos tra-
tar sobre o desejo de conhecer, as relações de poder 
com o conhecimento, as utilidades da ciência e o pa-
pel da ciência e filosofia. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3823
UNICESUMAR
17
O conhecimento científico constitui-se a partir de critérios bem específicos, tais como:
1. Objetividade, visto que está em busca de estruturas universais e necessá-
rias dos objetos investigados.
2. Matematização, pois lida com dados quantitativos, medidas, padrões, 
comparações e avaliações.
3. Generalização, pois está em busca de leis gerais que regem o fenômeno 
investigado.
4. Observação, visto que indaga pela frequência e regularidade do fenô-
meno, reduzindo o fenômeno à menor unidade possível de investigação.
5. Experimentação com base na reprodução do fenômeno em um ambiente 
controlado, que é o laboratório.
Dessa forma, a preocupação da ciência está voltada para o cuidado objetivo com 
o objeto a ser pesquisado bem como o conjunto de procedimentos a serem segui-
dos. Isso corresponde ao cuidado com material e método. O material diz respeito 
a todos os elementos empregados em uma pesquisa. Já o método envolve as etapas 
seguidas em uma investigação. E as etapas do método científico são:
Método
A palavra método é de extrema importância para a ciência e para a filosofia. Ela significa 
o conjunto de procedimentos a serem empregados numa investigação. É formada a partir 
dos radicais gregos metá (através) e odos (caminho) e corresponde, literalmente, ao cami-
nho a seguir. A ciência moderna consolidou a ideia de que, para se chegar a um determi-
nado conhecimento, é preciso esclarecer qual o caminho a ser seguido.
Cientista
O cientista é uma pessoa que se envolve, diretamente, com ciência. Segundo Latour e 
Woolgar (1997), ele é um dos atores da produção científica. Não é o único. Há outros 
atores envolvidos. Alves (2006) destacou que, em face do imaginário construído em tor-
no do cientista, esta figura alcançou status de mito, na medida em que são capazes de 
desvendar a verdade, como uma pessoa que pensa melhor que as outras. É preciso des-
construirmos esse mito e pensarmos no cientista como uma pessoa que é motivada por 
interesses e por intencionalidades.
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 1
18
 ■ Delimitação do objeto – definir a dimensão e 
o escopo do fenômeno a ser investigado.
 ■ Formulaçãode hipóteses – estabelecer expli-
cações provisórias a serem comprovadas pela 
investigação.
 ■ Reprodução do fenômeno em ambiente con-
trolado – tratar o fenômeno como um objeto 
verificável, passível de interpretação e análise. 
O laboratório é o ambiente controlado para a 
observação do fenômeno.
 ■ Demonstração – verificar a validade dos re-
sultados obtidos.
 ■ Analogia – relacionar os resultados com ou-
tros fenômenos, buscando integrar o conhe-
cimento.
 ■ Teorização – formular uma teoria, que é a sis-
tematização do conhecimento alcançado em 
uma forma de narrativa.
Além disso, o conhecimento científico estabelece um 
juízo de verdade a respeito do fenômeno investiga-
do, fazendo uma opção pela investigação objetiva. 
É preciso fazer, aqui, uma distinção entre juízo de 
verdade e juízo de valor. O que chamamos de juízo de 
valor está relacionado com as opiniões, mas o juízo 
de verdade tem a ver com afirmações comprovadas 
de forma objetiva pela investigação.
Como se pode ver, o conhecimento científico não 
se baseia em opiniões ou dados espontâneos, mas nasce 
a partir da suspeita de que, por detrás dos fatos e dos 
acontecimentos, se encontra um problema. Para a ciên-
cia, o problema não é simplesmente um obstáculo ou 
uma objeção, mas uma questão que serve como opor-
tunidade para se buscar explicações. A isso chamamos 
de capacidade de problematizar ou problematização.
OLHAR CONCEITUAL
UNICESUMAR
19
O MUNDO EM QUE VIVEMOS ESTÁ CERCADO DE CIÊNCIA
Ciência = Conhecimento
CIÊNCIA
Sistema de conhecimento 
que se constrói a partir de 
um método.
CONHECIMENTO 
CIENTÍFICO
Objetividade, generalização, 
observação, experimentação 
e matematização.
MÉTODO CIENTÍFICO 
Delimitação do objeto, 
formulação de hipóteses, 
reprodução do fenômeno 
em ambiente controlado, 
demonstração, analogia e 
teorização.
JUÍZO DE VALOR 
Opinião
JUÍZO DE VERDADE
A�rmação comprovada
pela investigação.
CONHECIMENTO
Relação entre sujeito e objeto.
DIFERENTES MODOS DE CONHECER: 
Conhecimento �losó�co, senso comum, conhecimento 
religioso e conhecimento cientí�co.
SENSO COMUM
Saber não investigado, corresponde a uma crença ou opinião.
CIÊNCIA
Saber investigado.
Figura 1: Infográfico Ciência = Conhecimento / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a imagem é um infográfico com o título “O mundo em que vivemos está cercado 
de ciência. Ciência é igual conhecimento”. Para definir melhor o que é ciência, conhecimento científico e 
método científico, são apresentados três quadros, um ao lado do outro. O primeiro contém a informação 
de que ciência é um sistema de conhecimento que se constrói a partir de um método; o segundo diz que 
o conhecimento científico é caracterizado pela objetividade, generalização, observação, experimentação 
e matematização; o terceiro diz que o método científico inclui delimitação do objeto, formulação de 
hipóteses, reprodução do fenômeno em ambiente controlado, demonstração, analogia e teorização. 
Abaixo desses três quadros, há outros dois quadros mostrando a distinção entre Juízo de Valor e Juízo 
de Verdade. Juízo de valor é a opinião, e Juízo de Verdade é a afirmação comprovada pela investigação. 
O infográfico tem, ainda, as seguintes informações escritas: Conhecimento é a relação entre sujeito e 
objeto. Diferentes modos de conhecer: Conhecimento filosófico, Senso comum, Conhecimento religioso 
e Conhecimento científico. Senso comum é diferente de Ciência. Senso comum é o saber não investigado, 
que corresponde a uma crença ou opinião, e Ciência é o saber investigado.
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Do ponto de vista etimológico, a palavra ciência está, intimamente, relacio-
nada com o conhecimento. A origem da palavra ciência vem do latim scientia, 
que quer dizer conhecimento. Entretanto tanto pode se referir a um saber como 
a um sistema para a aquisição do conhecimento. A ideia com a qual lidaremos 
em nosso estudo está ligada ao modo ocidental de compreender a ciência como 
um esforço humano de se adquirir um conhecimento a respeito dos fenômenos 
percebidos pela consciência. Os gregos antigos foram os primeiros a se preocu-
parem com o conhecimento científico. Eles possuíam três palavras para procurar 
descrever os modos de conhecer: gnosis, que é o conhecimento adquirido pela 
experiência; episteme, que é o conhecimento verdadeiro, que pode ser adquirido 
por procedimentos investigativos; e sofia, que é a sabedoria como uma atitude 
que orienta a busca do conhecimento.
Os gregos também desenvolveram a primeira forma ocidental de fazer ciên-
cia, que foi chamada de cosmologia e se baseava na observação dos fenômenos 
naturais, procurando entendê-los a partir do princípio da causalidade ou lei de 
causa e efeito. Como era uma atividade desenvolvida pelos primeiros filósofos, 
o objetivo dessa investigação era chegar à causa primeira de todas as coisas, o 
princípio fundador do Universo.
De um modo geral, conhecimento é um processo que envolve uma relação 
entre aquele que conhece e o que é conhecido. O processo de conhecimento 
consiste no fato de que um sujeito se apropria de um objeto transformando-o em 
um conceito. Com isso, é capaz de, a partir desse conceito, o objeto na mente. O 
que aparece na mente do sujeito, no entanto, não é o objeto real, mas uma forma 
de conhecer (ou de apreender, ou de conceber, ou de conceituar) a realidade. Essa 
é a melhor definição de conceito. Quanto ao objeto real, ele continua existindo 
como tal, independentemente do fato de o conhecermos, ou não. Portanto, para 
que haja conhecimento é necessário que haja uma relação entre sujeito e objeto. 
Desse modo, a consciência humana nunca age de forma passiva durante o proces-
so de conhecimento. Por essa razão, podemos compreender que o conhecimento 
consiste em um exercício de consciência como reflexão. Existem várias formas de 
conhecer. Os estudos a respeito do conhecimento costumam distinguir quatro 
tipos: o filosófico, o senso comum, o religioso e o científico.
 ■ Conhecimento filosófico: é o saber que visa abarcar a totalidade das 
coisas. Também chamado de saber racional, como uma atividade do pen-
samento, e pode ser indagado, posto em dúvida e investigado.
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 ■ Senso comum: é o conhecimento vulgar, formado pelo conjunto das cren-
ças e opiniões que nos são transmitidas. Ele é o modo de compreender a 
realidade adquirida de forma espontânea que nos ajuda a formular a noção 
de valores, moral e costumes de um grupo. Trata-se do saber não investigado.
 ■ Conhecimento religioso: um modo de entendimento da realidade, mar-
cado pelo apelo ao sagrado. Visa fornecer segurança e conforto às pessoas 
diante de situações de angústia. É também chamado de saber revelado 
como resultado de uma experiência com algo sagrado.
 ■ Conhecimento científico: é o saber investigado de forma objetiva a res-
peito de um dado fenômeno, por meio de um método de observação e 
análise. O método científico envolve a formulação de hipóteses, observa-
ção, experimentação e proposta teórica.
O conhecimento científico se contrapõe ao senso comum. Entretanto para Alves 
(2006), só conseguimos aprender a fazer ciência a partir do senso comum. Ele diz 
em seu livro Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras: “A aprendiza-
gem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. 
Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum de que o aprendiz 
dispõe” (ALVES, 2006, p. 9). Ao analisar esses dois conceitos, de ciência e de senso 
comum, ele ainda afirmou que: 
 “ O senso comum e a ciência são expressões da mesma necessidade básica, a necessidade de compreender o mundo, a fim de viver me-lhor e sobreviver. E para aqueles que teriam a tendência de achar que 
o senso comum é inferior à ciência, eu só gostaria de lembrar que, 
por dezenas de milhares de anos, os homens sobreviveram sem coi-
sa alguma que se assemelhasse à nossa ciência (ALVES, 2006, p. 21).
A Filosofia, desde o seu começo, procurou desenvolver uma abordagem a respei-
to da natureza do conhecimento.A primeira preocupação da Filosofia a esse 
respeito esteve, na verdade, relacionada à origem ou à causa dos fenômenos natu-
rais. Foram os primeiros filósofos – os chamados pré-socráticos – os primeiros a 
elaborarem um método para a investigação dos fenômenos naturais. Entretanto 
a preocupação com a causa de tais fenômenos foi dando lugar, gradativamente, 
à indagação sobre o que se conhece das coisas.
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Platão (2004) foi o primeiro filósofo a tentar descrever a natureza do co-
nhecimento e identificou que há dois modos de conhecer: o conhecimento 
que pertence ao mundo das ideias e o conhecimento do mundo dos sentidos. 
São modos de se perceber a realidade como formada por duas esferas con-
trárias: o mundo sensível, dos fenômenos da physis (natureza, em grego), e o 
mundo das ideias, inteligível e acessado pela psyche (alma, em grego).
O mundo da natureza é acessado pelos sentidos. O conhecimento que se 
dá pelos sentidos é aquele que abrange a ilusão e o engano, que pode levar ao 
erro, pelo fato de que os fenômenos naturais se mostram de diversas formas e 
em constante mudança. A crença e a opinião são as formas características do 
conhecimento sensível. Para Platão (2004), trata-se, portanto, de um mundo 
ilusório e limitado. Acima dele está o mundo das ideias, que é onde se encon-
tram as essências imutáveis, que podem ser alcançadas pela contemplação da 
alma, superando o engano dos sentidos. Trata-se, portanto, de uma concepção 
dualista do conhecimento, que comporta uma dialética com base em ideias 
contrárias, que exigem que a alma se liberte do conhecimento das aparências 
e que seja capaz de se elevar até as ideias verdadeiras.
Aristóteles (1973), por sua vez, rejeitou a concepção de realidades contrá-
rias entre o mundo inteligível e o mundo sensível. O mundo conhecido é o 
mundo da experiência. Para ele, o conhecimento se dá como um processo que 
implica a passagem da potência ao ato, compreendendo-se que potência diz 
respeito ao que uma coisa pode vir a ser, e o ato corresponde ao que uma coisa 
é em si mesmo. Por isso, Aristóteles (1973) compreendeu que o conhecimento 
possui diferentes graus, aos quais chamou de sensação, percepção, imaginação, 
memória, linguagem, raciocínio e intuição. O grau maior de conhecimento é 
o da intuição intelectual, que equivale ao pensamento puro, que não depende 
dos outros graus.
Aristóteles também concebeu a ciência como um modo de conhecer re-
lacionado com a causa primeira de todas coisas. Os homens buscam este tipo 
de saber como uma forma de aperfeiçoar seu raciocínio para chegar às ideias 
universais. Aristóteles (1973) desenvolveu o método dedutivo, como um saber 
que pode ser demonstrado por um discurso construído a partir de premissas. 
Este discurso corresponde à lógica.
O modo aristotélico de compreender a ciência prevaleceu durante todo 
o período helenístico como também por todo o pensamento medieval. Um 
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dos pensadores influenciados por esse pensamento foi Tomás de Aquino. 
Ele definiu a ciência como uma manifestação do intelecto humano. Outro 
pensador medieval importante foi Guilherme de Ockhan, que procurou ex-
plicar a abrangência do conhecimento humano envolve a natureza. Para ele, só 
podemos conhecer o que podemos experimentar. Daí a famosa definição da 
Navalha de Ockhan, princípio que afirma que, entre duas teorias que explicam 
o mesmo fenômeno, devemos escolher a mais simples (MARCONDES, 2001).
A preocupação com o conhecimento acompanhou a história da Filoso-
fia, mas foi no início da Modernidade que se deu uma preocupação com o 
conhecimento, a partir da formulação de uma proposta teórica. Trata-se da 
Teoria do Conhecimento – também chamada de Gnosiologia –estudo acerca 
da natureza, dos processos e dos limites do conhecimento humano. Para a 
Aranha e Martins, a Teoria do Conhecimento ocupa-se, basicamente, com as 
relações estabelecidas entre sujeito e objeto. Para os formuladores dessa teoria, 
parte-se do pressuposto de que o conhecimento é uma atividade do sujeito, 
que apreende o objeto como representação (ARANHA; MARTINS, 2009).
O interesse pelo conhecimento, no começo da Modernidade, nasceu de uma 
preocupação com a formação do erro. Um dos pensadores que procurou como 
o erro acontece foi o inglês Francis Bacon (1561-1626). Ele propôs a Teoria 
dos Ídolos, que consistia em critérios para se identificar quais são as noções, os 
preconceitos e os hábitos que interferem no conhecimento e nos impedem de 
chegar ao conhecimento verdadeiro. A lista dos ídolos inclui: os da caverna, que 
correspondem aos nossos sentidos; os da tribo, que são as crenças e os valores 
de nossa cultura; os do teatro, que dizem respeito às representações do real; e 
os do fórum, que estão relacionados aos juízos estabelecidos. A única maneira 
de superar esses ídolos construídos pela nossa mente é conhecer a si mesmo e 
desenvolver um método para se chegar à verdade (MARCONDES, 2001).
Outro pensador que procurou compreender como o erro se forma foi 
René Descartes (MARCONDES, 2001). Para ele, há dois modos de se che-
gar ao erro: a precipitação e a prevenção. Isso tem a ver com o modo como 
aceitamos qualquer afirmação como verdade sem antes investigar. Para ele, a 
experiência adquirida pelos sentidos não é suficiente para se chegar às ideias 
claras e distintas, pois pode ser enganosa e levar a erros. Por esse motivo, René 
Descartes afirma que não devemos confiar completamente em algo que já foi 
fonte de engano (MARCONDES, 2001).
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Este esforço para encontrar uma forma de conhecimento para evitar o erro des-
perta uma nova mentalidade científica, com características específicas e que envolve 
a necessidade de formulação de um método para conhecer. A discussão que se deu 
em torno da Teoria do Conhecimento envolveu, entre outras coisas, o interesse em 
estabelecer os princípios da atitude científica. Uma nova forma de fazer ciência se 
despontava. Um dos aspectos dessa nova forma de fazer ciência tem a ver com a for-
mulação do método. Quando falamos de método, estamos nos referindo ao caminho 
que precisa ser feito para a construção de determinado conhecimento. A palavra é 
formada a partir dos vocábulos gregos meta (através) e odos (caminho), que quer 
dizer caminho a seguir. Nesse sentido, a nova mentalidade científica substituiu o 
método aristotélico da dedução pela indução. Para melhor compreender essa mudan-
ça, o método dedutivo, ou da dedução, é parte de uma ideia universal para se chegar 
às ideias particulares. Já o método indutivo, ou da indução, parte da investigação das 
ideias particulares a fim de se encontrar uma lei universal.
A mentalidade científica engendrada na Modernidade envolveu, também, o cri-
tério da generalização (CHALMERS, 1993). Trata-se de aplicar o conhecimento de 
uma parte à totalidade. Ou seja, o que se conhece acerca de um indivíduo de uma 
espécie vale para todos os indivíduos da mesma espécie. Passou-se a empregar, ainda, 
o princípio da análise, que é a divisão do todo em partes. Ou seja, para se conhecer 
determinado objeto ou mesmo o ser, é necessário fragmentá-lo e o reduzir à menor 
unidade observável possível (CHALMERS, 1993).
NOVAS DESCOBERTAS
Você estudou que a Modernidade foi um momento importante para a mu-
dança da mentalidade científica no Ocidente. Para conhecer mais um pouco 
sobre como a ciência ocupou um lugar de destaque no pensamento moder-
no, assista ao documentário sobre a vida de Isaac Newton (1643-1727), um 
dos cientistas mais importantes da Modernidade e que é considerado como 
o pai da mecânica moderna. Ele se notabilizou pela formulação da lei da gra-
vidade e tem sido considerado como o cientista que causou maior influência 
para a ciência. Ele atuou como matemático, astrônomo, filósofo e teólogo.
A ciência moderna é baseada, também, em uma concepção mecânica, uma vez 
que a ideia de causalidade deu lugar à noção de que cada ação corresponde 
a uma reação. Lembra a terceira Lei de Newton, que afirma que todaação 
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corresponde a uma reação oposta e com a mesma intensidade. Esta visão 
mecanicista foi aplicada a toda forma de conhecer, tanto no que diz respeito 
à compreensão da natureza e da vida, como também às relações do sujeito 
com o seu próprio corpo.
Por fim, podemos constatar que essa nova mentalidade científica esta-
beleceu uma ênfase acentuada ao papel da razão, que ficou conhecida como 
racionalismo. Para os Modernistas, a razão é suficiente para conduzir a ex-
periência do conhecimento. Trata-se de um aprofundamento da proposta do 
Humanismo cuja ênfase passa a ser a afirmação da autonomia do sujeito em 
conhecer bem como da liberdade e da dignidade da pessoa humana.
René Descartes foi o pensador que desencadeou uma crise no pensamento 
ocidental por conta de sua teoria baseada na relação entre sujeito e objeto. Ele 
desenvolveu um método de investigação, ao qual chamou de dúvida metódica 
para identificar quais seriam as ideias claras e distintas que lhe vinham à mente. Ao 
observar a realidade do mundo, ele constatou que a primeira ideia clara e distinta 
era o seu próprio pensamento. Com isso, ele construiu a afirmação: “Penso, logo 
existo”. A palavra pensar em latim é cogito. Sua proposta, por conta disso, passou 
a ser conhecida como teoria do cogito. Ela se baseia na compreensão de que o 
conhecimento humano se baseia em duas substâncias distintas. De um lado, há o 
sujeito dotado da faculdade do pensamento, como eu pensante, de natureza espi-
ritual; de outro, há o que chamou de coisa extensa, uma extensão do pensamento, 
de natureza material. Portanto, o que Descartes chamou de ideias claras e distintas 
são as ideias que provêm da razão, inatas, não sujeitas ao erro e verdadeiras.
Descartes compreendeu que o conhecimento científico se desenvolve de 
modo autônomo e faz com que o ser humano se torne senhor e dominador 
da natureza. A ciência é como uma árvore que tem a metafísica como raiz, o 
físico como tronco e as ciências aplicadas como os ramos. O papel da Filo-
sofia – compreendida, aqui, como metafísica – é encontrar os fundamentos 
do saber científico, sem o qual não poderá ser considerado como válido. Esse 
modo de pensar, chamado pensamento cartesiano, provocou uma crise na 
Modernidade que deu lugar a duas correntes distintas a respeito de como se 
dá o conhecimento. A primeira chama-se Racionalismo, que corresponde à 
afirmação da razão como suficiente para conhecer, que é base do pensamento 
de Descartes, e a segunda chama-se Empirismo, que defende a necessidade 
da experiência sensível para o conhecimento.
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Para o Racionalismo, o conhecimento se dá pela razão. Para eles, a razão é 
inata, ou seja, já nasce com o sujeito. A ênfase é dada ao sujeito e à preocupa-
ção com a subjetividade. Para o Empirismo, o conhecimento se dá a partir da 
experiência sensível. Nesse caso, a razão é adquirida. A ênfase recai no objeto, 
e a preocupação é com a objetividade. A crise da Modernidade, portanto, 
envolve a discussão entre subjetividade e objetividade.
Dentre os pensadores racionalistas, podemos citar nomes como os de 
Baruque de Espinosa (1632-1677), Blaise Pascal (1623-1662) e Leibniz (1646-
1716). Já entre os empiristas, a maioria formada por filósofos ingleses, encon-
traremos nomes, como os de John Locke (1632-1704), que escreveu o Ensaio 
sobre o entendimento humano e formulou as bases da Teoria do Conheci-
mento para contestar a ideia cartesiana da razão inata. Para ele, toda pessoa, 
quando nasce, é como uma tábula rasa, ou uma folha em branco, onde são 
inscritas as experiências humanas. Além de Locke, também podemos citar os 
nomes de Francis Bacon e George Berkeley (1685-1753).
Outro pensador empirista que exerceu grande influência sobre o pensa-
mento ocidental, já no século XVIII, foi David Hume (1711-1776). Ele de-
senvolveu a noção de que, embora não existam ideias inatas no homem, a 
experiência sensível não é decisiva para a formação do conhecimento. Para 
Hume, tanto a razão humana só permite observar os fenômenos, como tam-
bém a experiência sensível não consegue captar o mecanismo íntimo do real. 
A razão só é capaz de observar a sucessão dos fatos ou a sequência de even-
tos, e não o nexo causal entre esses eventos. Nesse sentido, conhecimento é 
formado por analogia.
A discussão levada a efeito pela Teoria do Conhecimento ia além da defi-
nição a respeito da origem do conhecimento. Ela também envolvia a capaci-
dade de o homem conhecer a verdade. Havia, também, correntes filosóficas 
que procuravam desvendar esta questão. Uma delas foi o dogmatismo, que 
defendia a ideia de que o homem é capaz de alcançar o conhecimento por 
meio do uso da razão, com a elaboração de uma busca metódica da verdade. 
A outra foi o ceticismo, que negava a capacidade humana de chegar ao co-
nhecimento da verdade.
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A Teoria do Conhecimento começou a perder força e relevância a partir do mo-
mento em que se começou a duvidar a respeito da universalidade da capacidade 
humana de conhecer como uma experiência interior ao sujeito. Colocava-se em 
questão a ideia do conhecimento como um ato da consciência apreender um 
objeto exterior a si. Foi isso que fizeram os pensadores do Iluminismo, no século 
XVIII, ao questionar o papel da razão no conhecimento.
O principal pensador iluminista foi, sem dúvida, Kant (2002). Para ele, a hu-
manidade havia encontrado um modo próprio de superar sua menoridade. O 
estágio da menoridade corresponde à falta de habilidade de se usar o próprio en-
tendimento sem a necessidade de um guia. A maioridade é, portanto, uma atitude 
crítica, equivalente à capacidade de pensar por si mesmo. Ele usou a expressão 
Sapere Aude, que quer dizer ouse conhecer, que corresponde à coragem para 
usar o seu próprio entendimento. Segundo Kant, para o esclarecimento “nada 
mais se requer senão a liberdade. E a mais inofensiva dentre tudo que se possa 
chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todos os 
assuntos” (KANT, 2002, p. 117).
Kant foi influenciado pelas obras de David Hume, e isso o ajudou a elaborar 
uma espécie de síntese entre racionalismo e empirismo a fim de superar a crise da 
Modernidade (KANT, 1974). A base do pensamento kantiano pode ser resumida 
na afirmação de que a consciência possui uma estrutura a priori que permite 
que se conheça apenas os fenômenos, não o real. A expressão a priori quer dizer 
inata. Kant estabeleceu que a realidade é constituída tanto pelos fenômenos e 
quanto pelas coisas em si ou o real, mas entre eles há um abismo que a razão não 
consegue transpor.
Karl Popper, no livro Conjecturas e refutações, afirmou que tanto o cientista quanto o 
filósofo estudam problemas, e não matérias, e estas podem ultrapassar as fronteiras de 
qualquer matéria ou disciplina. Textualmente, ele diz: “Estudamos problemas, não maté-
rias: problemas que podem ultrapassar as fronteiras de qualquer matéria ou disciplina” 
(POPPER, 1981, p. 96).
PENSANDO JUNTOS
UNIDADE 1
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Kant enfatizou em sua obra principal, Crítica da Razão Pura (1974), que 
o sujeito conhece porque tem em si mesmo faculdades que o tornam capaz 
de conhecer. Para ele, sua teoria consistia em uma revolução copernicana, 
visto que alteraria os rumos da Filosofia, além de promover a solução da crise 
moderna entre racionalismo e empirismo. A filosofia kantiana é conhecida 
como crítica, também chamada de criticismo kantiano, pois visa compreender 
quais são os limites da razão e quais são os limites da experiência. E a crítica 
corresponde à capacidade de pensar por si mesmo.
De acordo com o pensamento kantiano, a razão humana só pode analisar 
os objetos na medida em que eles aparecem à consciência em face do abismo 
que há entre o fenômeno e o real. A razão, porém, é capaz de formular con-
ceitos ou juízos que tornam possíveis a experiência. Foi essa ideia que levou 
Kant (1974) a formular sua teoria dos juízos, que são formas de conhecimentoque consistem na associação dos conceitos formulados pela razão.
Outra contribuição importante do pensamento kantiano (1974) é a com-
preensão de que o conhecimento é constituído de matéria e forma. A matéria 
corresponde as próprias coisas, e forma somos nós mesmos. O conhecimento, 
então, possui duas fontes: ele tanto resulta da sensibilidade, por meio da qual 
os objetos são dados pela intuição, quando do entendimento, pelo fato de que 
os objetos são pensados por meio de conceitos. Entretanto, para que o conhe-
cimento seja estabelecido, é preciso que a percepção aconteça em primeiro 
lugar na dimensão de tempo e espaço. Para Kant (1974), o espaço é a forma de 
sentido externa ao sujeito, enquanto o tempo é a forma interna. Apesar de as 
noções de espaço e tempo não serem conceitos aprendidos pela experiência, 
eles tornam possível toda e qualquer experiência. Tanto o espaço quanto o 
tempo são formas a priori da sensibilidade.
Para encerrar nossa compreensão sobre as contribuições do pensamen-
to kantiano, é preciso dizer que Kant despreza o conhecimento metafísico 
(2002). Para ele, o que importa é a realidade do fenômeno que precisa ser 
analisado e investigado. A razão pura se realiza por meio de uma razão prática, 
que é a capacidade racional que nos diz em qualquer tempo o que é certo ou 
errado na esfera moral. O papel da metafísica ficou, então, relegado ao campo 
da moral ou dos costumes, que deve ser orientada pelo dever.
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CIÊNCIA NO OCIDENTE
Origem: Grécia Antiga 
PRIMEIRA CIÊNCIA
Cosmologia- século VII a.C.
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Platão - dualismo psicofísico.
Aristóteles - o mundo inteligível e o mundo da experiência.
DISCIPLINAS FILOSÓFICAS LIGADAS À CIÊNCIA:
Filoso�a da Ciência
Teoria do Conhecimento
História da Ciência
Epistemologia
Metodologia Cientí�ca
TEORIA DO CONHECIMENTO
Modernidade - século XVII
René Descartes
PRIMEIRA CIÊNCIA
Cosmologia- século VII a.C.
CRISE DA MODERNIDADE
Racionalismo x empirismo
ILUMINISMO 
Immanuel Kant
Figura 2 - Infográfico Ciência no Ocidente / Fonte: O autor.
Descrição da Imagem: a imagem é um infográfico que traz informações sobre o desenvolvimento da 
ciência no Ocidente. Origem na Grécia Antiga. O primeiro método científico foi a cosmologia, no século 
VII antes de Cristo. A Filosofia da Ciência começou com Platão, com definição do dualismo psicofísico, e 
Aristóteles, que estabeleceu uma distinção entre o mundo inteligível e o mundo da experiência. Abaixo 
dessas informações há um esquema sobre a formulação da Teoria do Conhecimento na Modernidade, 
que aconteceu no século XVII, com o pensamento de René Descartes, a crise da Modernidade entre ra-
cionalismo e empirismo, a proposta do Iluminismo e o pensamento de Immanuel Kant. O infográfico traz, 
também, uma lista com as disciplinas filosóficas ligadas à ciência, que são: a Filosofia da Ciência, Teoria 
do Conhecimento, História da Ciência, Epistemologia e Metodologia Científica.
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Como podemos ver, a Filosofia tem se ocupado da ciência desde o seu começo, 
assim como a ciência realiza seu trabalho ligado a abordagens filosóficas. Além 
da disciplina de Filosofia da Ciência e da proposta da Teoria do Conhecimento, 
a Filosofia desenvolveu outras disciplinas para tratar dos processos de constru-
ção do conhecimento científico. Portanto, para compreendermos a relação entre 
Filosofia e Ciência, é preciso, ainda, fazermos uma comparação com as demais 
disciplinas filosóficas ligadas às ciências, com as quais se distingue, mas também 
se inter-relaciona. São elas:
História da Ciência - investiga o desenvolvimento das ideias científicas, fazen-
do uso de métodos históricos. Segundo Alexandre Koyré, a história do pensamento 
científico demonstra que a ciência nunca esteve separada da filosofia. Isso se dá pelo 
fato de que as grandes revoluções científicas sempre aconteceram em consonância 
a concepções filosóficas, ora subvertendo-as, ora modificando-as. O pensamento 
científico não se dá em um vácuo, mas dentro de um “quadro de ideias, de princípios 
fundamentais, de evidências axiomáticas que, em geral, foram considerados como 
pertencentes exclusivamente à filosofia” (KOYRÉ, 1991, p. 204).
Epistemologia - disciplina filosófica que estuda o modo como cada ciência 
se forma, e como ela produz um conhecimento novo. É o estudo crítico dos 
princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, que se ocupa com 
a análise lógica da linguagem científica e com a compreensão das condições de 
produção do conhecimento científico. Ela busca a natureza da ciência e tem por 
objetivo determinar a origem lógica das ciências, seu valor, seu alcance e objetivos.
UNICESUMAR
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Metodologia científica - é o estudo dos métodos para se fazer ciência, de 
produzir conhecimento científico. Envolve, diretamente, a orientação da ativida-
de de pesquisa. Compreende um conjunto de procedimentos que inclui a pro-
blematização, o emprego das técnicas de observação, de experimentação e de 
demonstração e a construção da proposta teórica.
Um dos maiores desafios para o ensino de ciência para estudantes de nível 
Fundamental e Médio é a aproximação do trabalho didático-pedagógico em sala 
de aula com a atividade de pesquisa. Proporcionar aos alunos o interesse pelo 
conhecimento científico, na maioria dos casos, fica reduzido à prática que consiste 
em o professor repassar aos alunos a informação contida nos livros didáticos. O 
trabalho do professor continua refém do livro didático adotado. Um dos fatores 
atribuídos a isso é a qualidade da formação dos professores de ciência, mas não 
pode ser ignorado o fato de que há uma distância dos conteúdos das experiências 
de vida dos alunos.
Para pensar nisso, emergem algumas questões orientadoras para a nossa re-
flexão: O que pode motivar os alunos a aprender ciência? Que tipo de atividades, 
que vai além do livro didático, pode ser desenvolvido para despertar o interesse 
pelo conhecimento científico? Anote suas respostas e procure conversar com 
algum professor da área de ciências que você conheça sobre isso.
O objetivo dessa atividade é fazer com que você, como futuro educador, per-
ceba a importância do estudo de ciências para os Ensinos Fundamental e Médio e 
como é possível despertar o interesse dos alunos para o conhecimento científico.
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AGORA É COM VOCÊ
1. Por muito tempo, acreditou-se que a ciência poderia atingir um conjunto de verdades 
definitivas. Atualmente, a compreensão que se tem é que o conhecimento é:
a) Um dom divino.
b) Um valor absoluto.
c) Uma relação e um processo.
d) Um dado adquirido de uma vez por todas.
e) Um bem social.
2. Complete as lacunas acrescentando A para senso comum e B para atitude científica:
( ) Saberes cotidianos marcados pela subjetividade.
( ) Conhecimento objetivo, que procura as estruturas universais das coisas inves-
tigadas.
( ) Baseado em juízos de valor.
( ) Busca as leis gerais de funcionamento dos fenômenos.
( ) Admiração e espanto com o que é único, extraordinário, fantástico.
( ) Projeta sentimentos de angústia e medo diante do desconhecido.
Assinale a alternativa com a sequência correta.
a) A, B, B, A, A, B.
b) A, B, A, B, A, A.
c) A, B, A, B, A, B.
d) A, A, B, B, A, A.
e) B, A, B, A, B, A.
3. Assinale a única alternativa que corresponde ao senso comum, de tal maneira que 
todas as demais se refiram ao método científico.
a) Delimitação do objeto.
b) Reprodução do fenômeno em ambiente controlado.
c) Demonstração dos resultados a partir de juízos de valor.
d) Relacionar o fenômeno com outros, a partir de uma explicação racional unificada.
e) Formulação de uma teoria geral sobre os fenômenos isolados.
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AGORA É COM VOCÊ
4. Karl Jasper afirma que a filosofia é a procura da verdade, não a sua posse. Para ele, 
“fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em filosofia são mais essenciais que 
as respostas e cada resposta transforma-se em uma nova pergunta”(JASPERS, [s.d.], 
p. 140), Levando em consideração esta afirmação,qual das formas de conhecimento 
a seguir resulta em uma proposta teórica?
a) Conhecimento filosófico.
b) Senso comum.
c) Conhecimento científico.
d) Conhecimento religioso.
e) Epistemologia. 
5. No século XVII, o filósofo Francis Bacon afirmou que a ciência nos faria “mestres e 
senhores da natureza”. Qual motivo o teria levado a fazer tal afirmação? 
6. A ciência não pode tudo conhecer. A delimitação do campo de conhecimento de 
uma ciência tem a ver com a distinção entre conhecer e saber, conhecer e pensar, 
conhecer e compreender. Tendo por base essa consideração, qual o papel da Filo-
sofia da Ciência? 
7. Alexander Koyré (1991) afirmou que o nascimento da ciência moderna se deu a partir 
de um divórcio entre o mundo do valor e o mundo dos fatos. Levando em conside-
ração que o mundo do valor tem a ver com subjetividade, e o mundo dos fatos com 
a objetividade, responda: Por que o conhecimento científico está relacionado com 
a objetividade?
MEU ESPAÇO
2Natureza do conhecimento científico
Dr. Irenio Silveira Chaves
Nesta unidade, trataremos das questões relativas à natureza do co-
nhecimento científico tanto quanto ao modo de se fazer ciência quanto 
às consequências do conhecimento científico. Nossa preocupação 
estará voltada para elementos que estão relacionados ao fazer cien-
tífico que comportam uma abordagem filosófica. Falaremos sobre 
como o conhecimento científico se dá, o que faz de uma ciência ser, 
de fato, ciência, se toda ciência pode seguir o mesmo método, quais 
são as distinções entre ciência natural e ciências sociais e humanas 
e a respeito da responsabilidade que envolve a produção científica.
36
UNIDADE 2
Todos nós, quando crianças, brincamos e nos encantamos com bolhas de sabão. 
Éramos envolvidos pela singularidade de cada forma, tama-
nho, reflexos de cores na sua superfície, durabilidade 
e até a altura que elas seriam capazes de alcançar. 
Era surpreendente ver como que se formavam 
e como se desfaziam a um leve toque. Embora 
fosse uma brincadeira de criança, havia nisso 
uma relação com o conhecimento cientí-
fico que precisamos levar em conta em 
nossa abordagem. A preocupação com o 
modo de produzir, a formação, a con-
sistência e até a duração das bolhas 
dizem respeito à natureza do 
conhecimento científico e 
como ele vem sendo reali-
zado, sobretudo a partir da 
Modernidade.
Nesta parte de nosso estudo, vamos nos 
preocupar com isso, sobre como o conheci-
mento científico se dá, o que faz de uma ciên-
cia ser, de fato, ciência, se toda ciência pode 
seguir o mesmo método e até a respeito da res-
ponsabilidade que envolve a produção cientí-
fica. Então, como uma criança que brinca com 
bolhas de sabão, convido você a olhar a ciência 
do mesmo modo. Para isso, quero propor algu-
mas perguntas: por que a ciência alcançou tanta 
importância na nossa sociedade? O que faz a 
gente acreditar que uma ciência pode trazer pro-
gresso para a vida da sociedade? A ciência pode 
melhorar a vida das pessoas?
UNICESUMAR
37
O conhecimento científico possui um modo próprio de se realizar, entretanto 
ele não se dá da mesma forma em todas as ciências, nem em todas as épocas e, 
muito menos, em todas as culturas. Podemos dizer que existe uma pluralidade 
de expressões do conhecimento científico. Esta constatação envolve a necessida-
de de se lançar um olhar mais atento ao que se tem chamado de progresso e de 
desenvolvimento científico, que são conceitos que aparecem sempre quando nos 
referimos aos avanços tecnológicos, às novas descobertas científicas e à condição 
de bem-estar social e melhorias nos campos políticos e econômicos.
A discussão a respeito de como se dá o conhecimento científico tem a ver com 
os usos das diversas ciências tanto pelos governos dos países mais desenvolvidos 
como pelas corporações econômicas. E isso afeta, diretamente, o cuidado com a 
natureza e, também, as relações sociais e humanas. Em meio a este quadro, surgem 
questões éticas ligadas ao conhecimento científico e sua busca por soluções para 
os problemas humanos. Existem dilemas que afetam, diretamente, a capacidade 
humana de conhecer, de explorar a natureza e de aplicar as novas descobertas 
para o bem comum.
Diante das questões provocativas que levantamos até aqui, faça um levantamen-
to sobre as diversas ciências que existem. Uma atividade interessante é visitar o site 
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que 
é um órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia do governo brasileiro. Ali, 
você vai encontrar o que se chama de “Árvore do Conhecimento”, que corresponde 
ao elenco de especialidades científicas que são desenvolvidas no Brasil.
Verifique quantas são as especialidades científicas e quais são elas. Observe, 
também, em cada especialidade científica, quantas áreas e subáreas cada uma 
dessas especialidades comporta. E, ainda, como cada uma dessas especialidades, 
áreas e subáreas estão inter-relacionadas e como elas permitem uma aborda-
gem multidisciplinar. Esta classificação do CNPq é usada como critério para 
distribuição de recursos para pesquisa e para se estabelecer critérios para o de-
senvolvimento científico de nosso país, por esta razão é tão abrangente. Como 
a variedade das bolhas de sabão na brincadeira de criança, assim é, também, a 
diversidade das ciências.
38
UNIDADE 2
O nosso objetivo com esta unidade é despertar o seu olhar para a pluralida-
de e a diversidade do conhecimento científico, para as muitas possibilidades de 
inter-relações que podem ser estabelecidas entre as ciências e para a necessidade 
de se ter uma visão mais ampla da complexidade do conhecimento científico. Ao 
empreender esta jornada de estudos sobre a natureza do conhecimento científico, 
reflita a respeito de qual é o lugar que a ciência ocupa no panorama global e na 
configuração do nosso tempo. Verifique, criticamente, sobre o que distingue um 
conhecimento científico de outro. É possível compreender o comportamento 
social e pessoal pelos mesmos critérios que se aplicam ao conhecimento da na-
tureza? Indague sobre quais são os limites do conhecimento científico.
Aproveite para registrar, no Diário de Bordo, suas impressões sobre a neces-
sidade de uma diversidade tão grande de ciências tal como pode ser verificada 
na Árvore do Conhecimento do CNPQ.
DIÁRIO DE BORDO
A primeira questão que precisamos compreender diz respeito à importância do 
conhecimento científico e como ele alcançou sua relevância para as sociedades 
contemporâneas. A Modernidade estabeleceu um lugar de destaque para o co-
nhecimento científico, uma valorização da ciência em detrimento das demais 
formas de conhecimento. E, para tanto, definiu valores que devem orientar a sua 
ação. São valores que, normalmente, atribuímos à ciência:
UNICESUMAR
39
a) Neutralidade – o cientista deve ter uma atitude que seja, ao mesmo 
tempo, imparcial e autônoma como um ideal a ser perseguido.
b) Aplicação prática – uma investigação científica resulta sempre na pro-
dução de uma tecnologia voltada para o benefício da sociedade.
c) Responsabilidade – uma investigação científica precisa despertar o cui-
dado com os impactos sociais que ela desencadeia.
A atuação dos cientistas é sempre cercada por cuidados que colocam em ques-
tão os interesses individuais em relação aos interesses coletivos, o ganho ou a 
lucratividade em relação aos benefícios sociais, os interesses do mercado e o 
bem-estar, a concentração de renda e o combate à pobreza, os interesses políticos 
e a dignidade da pessoa humana.
A Filosofia da Ciência, portanto, levanta questões que envolvem uma preo-
cupação com os valores que orientam a produção científica, e isso se dá pelo 
reconhecimento de que o cientista não está isento de interesses pessoais, nem 
está imune a interferências de ordem econômica ou científica. Isso implica dizer 
que a neutralidade da ciência não é um valor absoluto em si mesmo. Dito de 
outro modo, a neutralidade científica não passa de um mito. A aplicaçãoprática, 
por meio da produção de tecnologia, não está a serviço do bem-estar social tão 
somente, mas de interesses mercadológicos e até de dominação política. O que se 
quer dizer é que a ciência não é neutra nem parcial, ela está a serviço de interesses 
da sociedade e direcionada por uma concepção de poder.
Outro elemento importante nesta discussão filosófica sobre a ciência tem a 
ver com a comunidade científica, que corresponde ao conjunto de atores que são 
reconhecidos com a produção científica. Esses mesmos atores não são gênios soli-
tários, mas fazem parte de um contingente maior que se constitui por intermédio 
de equipes de pesquisa, de órgãos de financiamento, de comissões de discussões 
e de organizações, como laboratórios e centros de pesquisas.
É a comunidade científica que promove interações, publicações conferên-
cias e formações que cercam a produção de cada ciência. Thomas Kuhn, em A 
estrutura das revoluções científicas, concebeu a comunidade científica a partir 
de uma concepção coletiva da atividade científica: “O conhecimento científico, 
como a linguagem, é intrinsecamente a propriedade comum de um grupo ou 
então não é nada. Para entendê-lo, precisamos conhecer as características essen-
ciais dos grupos que o criam e o utilizam” (KUHN, 2005, p. 259-260). A ciência, 
40
UNIDADE 2
então, é uma atividade, essencialmente, comunitária (KUHN, 2005). Mesmo que 
o cientista tenha certa autonomia, seu trabalho não terá reconhecimento se não 
estiver vinculado a uma comunidade de pesquisa que o estimule, que o critique, 
que oriente a aplicação do seu conhecimento.
Outro argumento que a Filosofia da Ciência analisa tem a ver com a concepção 
de que a ciência tem todas as respostas ou de que a ciência é uma forma de conhe-
cimento superior a todas as outras. Essas são oriundas de uma forma de pensar que 
marcou o período da revolução industrial europeia e o surgimento da corrente de 
pensamento conhecida como Positivismo, sobretudo, a partir de meados do sécu-
lo XIX. Naquele período, houve um crescimento vertiginoso do uso de técnicas e 
tecnologias do conhecimento científico que resultou em um progresso econômico 
e uma sensação de bem-estar que marcou a cultura ocidental. Isso fez com que sur-
gisse uma corrente de pensamento que acreditava que tudo poderia ser explicado 
pela ciência e que todas as formas de conhecimento deveriam ser subordinadas às 
ciências naturais, empregando seu método a toda forma de saber. Essa concepção 
ficou conhecida como cientificismo.
O cientificismo, portanto, é a crença de que a ciência pode tudo, que ela é 
capaz de conhecer tudo e tem todas as explicações para o que acontece à nossa 
volta (CHAUÍ, 2002). Essa crença, na verdade, é uma forma de ideologia assim como 
pode ser tratada como uma reinvenção do mito, na medida em que a palavra de um 
cientista ganha fórum de verdade. Dessa forma, tanto a ideologia cientificista quanto 
o mito da neutralidade científica se constituem em modos de controle da natureza 
e da sociedade segundo os interesses de grupos dominantes.
Por essa razão, Karl Popper (1972), em A lógica da pesquisa científica, consi-
derou que a ciência não “é um sistema que avance continuamente em direção a um 
estado de finalidade [...] ela jamais pode proclamar haver atingido a verdade ou um 
substituto da verdade” (POPPER, 1972, p. 305). Para ele, “o esforço por conhecer e a 
busca da verdade continuam a ser as razões mais fortes da investigação científica” 
(POPPER, 1972, p. 306).
Há, ainda, outra discussão que a Filosofia desenvolve a respeito da ciência. Tra-
ta-se da relação entre ciência e mito. Desde o começo da reflexão filosófica, entre os 
gregos, ficou claro que mythos e logos dizem respeito a diferentes modos de formu-
lação da verdade. Mythos é a narrativa, e logos é o discurso. Na discussão a respeito 
da ciência moderna, verifica-se que o modo como são feitos os relatos científicos se 
aproxima muito da narrativa mítica como forma de perceber e de compreender o 
UNICESUMAR
41
real. Paul Feyerabend (1977) foi quem observou que o papel da ciência na sociedade 
é, essencialmente, anarquista e que, em sua forma discursiva, assemelha-se ao mito. 
Diz ele, em sua publicação Contra o método:
 “ Dessa forma, a ciência aproxima-se do mito, muito mais do que uma filosofia científica se inclinaria a admitir. A ciência é uma das muitas formas de pensamento desenvolvidas pelo homem e não necessa-
riamente a melhor. Chama a atenção, é ruidosa e impudente, mas só 
inerentemente superior aos olhos daqueles que já se hajam decidido 
favoravelmente a certa ideologia ou que já a tenham aceito, sem 
sequer examinar suas conveniências e limitações. Como a aceitação 
e a rejeição de ideologias devem caber ao indivíduo, segue-se que 
a separação entre o Estado e a Igreja há de ser complementada por 
uma separação entre o Estado e a ciência, mais recente, mais agres-
siva e mais dogmática instituição religiosa. Tal separação será, talvez, 
a única forma de alcançarmos a humanidade de que somos capazes, 
mas que jamais concretizamos (FEYERABEND,1977, p. 447).
“A ciência é um empreendimento essencialmente anárquico: o anarquismo teorético é mais 
humanitário e mais suscetível de estimular o progresso do que suas alternativas represen-
tadas por ordem e lei” (FEYERABEND, 1977, p. 17). Esta afirmação tem a ver com o fato 
de que não há uma só regra do método científico que não venha a ser violada em algum 
momento da busca do conhecimento. Isso não se dá de forma acidental ou por falta de ha-
bilidade ou competência do cientista, mas por uma necessidade de novos conhecimentos.
PENSANDO JUNTOS
No âmbito da classificação geral das ciências, podemos estabelecer três grandes abor-
dagens. Nesse sentido, temos as ciências: matemáticas, naturais, sociais e humanas. A 
Filosofia da Ciência tem procurado se ocupar da especificidade do conhecimento em 
cada uma dessas abordagens. A matemática sempre foi tratada pela Filosofia como 
a ciência exemplar, de tal modo que grandes filósofos foram também matemáticos. 
Ela surgiu a partir de uma necessidade prática de contar, medir e sistematizar quan-
tidades. Grosso modo, é a ciência que lida com números e opera a partir de cálculos, 
proporções e estatísticas. Seu nome provém de uma expressão grega que se refere à 
aprendizagem, e os ramos principais da matemática são a aritmética e a geometria.
42
UNIDADE 2
Os avanços e as descobertas matemáticas contribuíram, também, para o 
avanço do conhecimento de um modo geral. Os primeiros matemáticos, como 
Pitágoras, compreenderam o mundo a partir da percepção de uma estrutura 
matemática. Por essa razão, ela consiste em um pensamento abstrato, que se rea-
liza por meio de uma linguagem e do raciocínio lógico. As chamadas ciências 
naturais estudam duas espécies de fenômenos: os que estão ligados à natureza, 
propriamente, e os relacionados à vida. Seja de uma ordem ou outra, essas ciências 
se caracterizam por:
a) analisar objetos que são submetidos à observação e à experimentação.
b) descobrir as leis que regem o fenômeno, que estabelecem relações de cau-
salidade que são necessárias e universais.
c) estabelecer generalizações com base em regularidades, frequência e va-
riabilidade dos fenômenos.
A investigação científica que emerge destas características tem se tornado cada 
vez mais especializada pelo uso de novas e sofisticadas tecnologias de pesquisa 
que vão sendo aperfeiçoadas, possibilitando maior precisão e a ampliação do 
conhecimento. Isso tem feito com que a experimentação ganhe maior impor-
tância para o trabalho do cientista. A experimentação consiste na decisão de 
intervir em um dado objeto a fim de buscar aquilo que descreve o fenômeno. É 
a experimentação que permite a formulação de hipóteses, que é uma afirmação 
provisória, resultante da observação, que poderá ser comprovada, ou não, por 
meio de novas experimentações (DEMO, 1985).
A professora Maria Lúcia Arruda Aranha (2009) salienta que as ciências na-
turaisorientam suas investigações pelo método hipotético-dedutivo, que parte 
de uma lei geral, universal e necessária já conhecida para, com isso, propor novas 
experimentações, prever novos fatos e formular novas propostas teóricas que re-
sultam em novos conhecimentos. Elas também empregam o método hipotético-
-indutivo – que se realiza a partir da observação do fenômeno ou objeto em sua 
particularidade, na menor unidade observável, repetindo esse procedimento em 
diversos fatos, variando as formas de observação e de intervenção para se chegar a 
uma lei geral aplicável a todos os demais fenômenos naquelas condições. E, ainda, 
usam analogias, que consistem em relacionar os fenômenos por semelhanças.
UNICESUMAR
43
No âmbito das ciências naturais, é 
preciso distinguir o modo de tratamen-
to dos fenômenos naturais e dos que 
estão relacionados à vida. As ciências 
da natureza ou físicas são aquelas 
que tratam de fenômenos naturais, 
como a Física e a Química, visto que 
levam em consideração que a nature-
za segue suas próprias leis e que estas, no 
caso, são racionais, universais e necessárias. 
Ou seja, a natureza é compreensível à ra-
zão humana e os acontecimentos presen-
tes nela são previsíveis, cercados pela ideia 
de certeza. Segundo Chauí (2002), esta com-
preensão deu margem à formulação do conceito 
de determinismo universal, por meio do qual 
se afirma a suficiência da razão em conhecer tais 
fenômenos bem como a sua previsibilidade.
O determinismo fundamenta-se em dois princí-
pios: o primeiro é o de que sempre é possível determinar 
a causa de um fenômeno, e o segundo é o de que sempre 
é possível prever o seu efeito (CHAUÍ, 2002). Para que um 
fenômeno da natureza, seja ele ligado à física seja à química, 
possa ser conhecido, basta definir suas propriedades físicas em 
termos de massa, forma, peso, tamanho, frequência, variabilidade etc.
É a partir daí que surgem as ciências probabilísticas, como a estatística, que 
construíram relevantes instrumentos teóricos de cálculo que eliminam as pos-
sibilidades do acaso, das situações fortuitas. Porém tanto o conceito de razão 
suficiente quanto o determinismo universal foram questionados com o advento 
da física quântica, que demonstrou que a ideia de constância das propriedades 
determináveis de um fenômeno é uma irrealidade. Isso vale, também, para as 
ideias aristotélicas de que uma substância permanece idêntica a si mesma e que 
é causa e efeito de uma outra.
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UNIDADE 2
OLHAR CONCEITUAL
Figura 1- Infográfico Ciência e Ideologia / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: imagem é um infográfico sobre a relação entre ciência e ideologia e destaca as 
definições sobre neutralidade, cientificismo e determinismo. Neutralidade corresponde à afirmação de 
que a ciência é neutra e imparcial, e que o cientista está isento de interesses pessoais. O cientificismo 
é a crença de que a ciência tem todas as respostas. A refutação é que é uma ingenuidade acreditar que 
a ciência tem todas as respostas, e o determinismo afirma que é possível conhecer a causa e prever os 
resultados de um fenômeno. A refutação é que as novas descobertas científicas apontam para a possi-
bilidade de novos conhecimentos.
As ciências da natureza ou físicas experimentaram uma significativa ruptura epis-
temológica no começo do século XX, com o princípio da indeterminação. Essa 
ideia influenciou, decisivamente, não só a compreensão do microcosmo, com o 
surgimento da teoria quântica, como também do macrocosmo, com o surgimento 
de uma nova cosmologia. A partir de um olhar crítico, diversos cientistas lança-
ram dúvidas sobre o conhecimento da natureza, até, então, tidos como sólidos. A 
formulação do princípio da incerteza ou da indeterminação, pelo físico alemão 
UNICESUMAR
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Werner Heisenberg (1901-1976), em 1927, baseou-se, fundamentalmente, na 
ideia de que o conhecimento de um fenômeno não é suficiente para descobrir o 
seu estado anterior nem para prever o estado seguinte (CHAUÍ, 2002). A ciência, 
então, passa a lidar com o imponderável, com o acaso e com a indeterminação. 
Outro fator que promoveu uma ruptura epistemológica nas ciências naturais 
ou físicas foi a teoria da relatividade formulada pelo físico alemão Albert Einstein 
(1879-1955). Para Chauí (2002), a proposta de Einstein demonstrou que o conheci-
mento que podemos ter da natureza depende do sujeito que observa. Sendo assim, 
“nossa ciência da Natureza não é universal e necessária em si mesma, mas exprime o 
ponto de vista do sujeito do conhecimento terrestre” (CHAUÍ, 2002, p. 266). Já as ciên-
cias da vida (que incluem a Biologia) experimentaram, pelo menos, três mudanças 
de enfoque epistemológico ao longo da história do pensamento ocidental: durante a 
Antiguidade e até o Renascimento, elas se ocupavam com a busca da origem da vida 
e com a classificação dos seres vivos, com a ciência moderna, passou a se interessar 
pela fisiologia, e, a partir da contemporaneidade, com a genética.
Uma das questões epistemológicas das ciências da vida é a tentativa de aproximar 
os procedimentos das ciências naturais, sobretudo, a física e a química, da investigação 
a respeito dos fenômenos da vida. Com isso, algumas indagações orientam as investi-
gações: a vida é da mesma natureza dos fenômenos físicos e químicos? A vida pode ser 
submetida ao mesmo princípio determinista dos fenômenos naturais? Para responder 
a questões como essas, duas tendências surgiram no âmbito da biologia durante a fase 
da ciência moderna, de acordo com Chauí (2002): mecanicismo e o vitalismo.
O mecanicismo tem a ver com a compreensão de que as mesmas leis mecâ-
nicas da natureza podem ser aplicadas aos seres vivos. Parte-se da ideia de que as 
causas das ações de um ser vivo estão em seu próprio corpo e que as respostas a 
estímulos semelhantes acontecem, automaticamente. A dinâmica do organismo 
é suficiente para explicar as suas transformações. A vida é compreendida como 
resultado de uma reação química.
O vitalismo, por sua vez, compreensão de que existem fenômenos que só 
valem para os seres vivos, como a temporalidade, a finitude e a finalidade. A vida 
é vista como um processo de relação com o mundo, para fins de conservação e 
de reprodução.
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UNIDADE 2
Convido você para assistir ao vídeo 
A vida em questão!
No vídeo trataremos sobre o desenvolvimento da vida e 
sua relação com a ciência.
Nos séculos XIX e XX, as ciências da vida experimentaram duas 
rupturas epistemológicas significativas: o evolucionismo e a ge-
nética. Com o surgimento da teoria da evolução, formulada pelo 
naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), em 1859, pas-
sou-se a considerar a vida, também, como resultado de mudanças 
e adaptações pelo critério da seleção natural cuja finalidade é a 
preservação da espécie. O evolucionismo trouxe a ideia de here-
ditariedade e de diversidade das espécies como resultado de uma 
mudança biológica (DARWIN, 2009).
Outra importante transformação no tratamento das ciências 
da vida foi o desenvolvimento do código genético a partir da deci-
fração do DNA, na década de 50. A genética procura demonstrar 
que a vida não só resulta de um processo químico, mas também 
constitui a base para distinguir seres orgânicos e inorgânicos. Ela 
tem desenvolvido tecnologias para o sequenciamento do genoma, 
para a manipulação genética de seres vivos e de alimentos para a 
reprodução e a criação de novos medicamentos.
A terceira abordagem científica refere-se às ciências sociais e humanas e estão li-
gadas ao comportamento e à condição humana tanto como pessoa quanto como 
coletividade. Quando falamos de ciências sociais e humanas, estamos nos referindo 
àqueles campos científicos que, de alguma forma, envolvem atitudes, comporta-
mentos e necessidades humanas.
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OLHAR CONCEITUAL
UNICESUMAR
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Figura 2 - Infográfico Ciências / Fonte: o autor.
MATEMÁTICA CIÊNCIAS SOCIAISE HUMANAS
CIÊNCIAS DA
NATUREZA OU FÍSICAS CIÊNCIAS DA VIDA
CIÊNCIAS NATURAIS
Descrição

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