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Maria Eduarda de Alencar – Odontologia 2019.2 Manobras de Resgate em Acidentes com Veículos Introdução - Encarceramento: Define-se encarcerado como toda pessoa que, tendo sofrido um acidente, se encontra confinada a um espaço do qual não pode sair pelos seus próprios meios. Existem três tipos: !!! Mecânico: Não apresentam lesões, mas estão impossibilitadas de sair pelos seus próprios meios; !!! Físico Tipo I: Apresentam lesões que requerem a criação de um espaço adicional para se poder, em condições de segurança, prestar os cuidados de emergência necessários à sua estabilização e para que a extração seja o mais controlada possível; !!! Físico Tipo II: Apresentam lesões devido às estruturas componentes do veículo estarem em contacto ou terem penetrado no seu próprio corpo. - Desencarceramento: Consiste na extração de vítimas encarceradas, retirando-as nas mesmas condições ou em condições mais estáveis do que aquelas em que se encontravam quando as ações de socorro tiveram início. Chave Rauteck - Chave de Rauteck é uma manobra executada para remoção rápida de uma vítima de acidente automobilístico com suspeita de lesão na coluna cervical a ser realizada por um socorrista ou pessoal treinado, que permite a extricação – retirar uma vítima de um local do qual ela não pode, ou não deve sair por seus próprios meios – da vítima por uma pessoa sem o uso de equipamentos; - É necessário que a vítima esteja no banco dianteiro não encarceirada – a vítima deve ser acessível pela porta dianteira; - A manobra só é indicada em casos de extrema necessidade de extricação do veículo, como parada cardiorrespiratória ou risco de incêndio; - Com ela tem-se diversos riscos, o contato face a face, que gera exposição biológica do socorrista, o peso da vítima pode dificultar a sua execução, é preciso verificar muito bem a situação antes de tentar a manobra, se os riscos são muito altos não se deve usar a técnica; → Execução - Após realização do ABCDE rápido e de outras tarefas que antecedem o resgate – sinalização, análise de riscos de novos acidentes e da real necessidade de execução da manobra, pedido de socorro especializado – deve-se seguir alguns passos: 1° Liberar o cinto de segurança e os pés da vítima; 2° Com a mão esquerda, passar por baixo do braço da vítima e posicionar no mento/mandíbula a mão, fazendo a imobilização da cervical; 3° Com o braço direito, passar por baixo do braço direito da vítima segurando o punho sobre o peito; 4° Remover a vítima tracionando junto ao corpo do socorrista e arrastá-la para um local seguro. Sempre mantendo a coluna cervical estabilizada. E então, o socorrista deve deitá-la em um ambiente seguro; Método SAVER - O método SAVER – Abordagem Sistemática para Resposta à Emergências; - É facilmente replicável que para além de permitir a avaliação do desempenho durante as operações de desencarceramento, estabelece orientações fixas e compreensíveis para todas as partes envolvidas nos diversos tipos de salvamento; - Este método sistematiza através de um guia de atuação a ordem e os principais procedimentos de cada posição técnica; → Equipe de Desencarceramento - A equipe de desencarceramento integra-se no grupo de socorro constituído pelas várias equipes que participam nas operações de proteção e socorro. Sendo elas a equipe de emergência pré-hospitalar, forças de segurança e meios complementares especializados; - A equipe é constituída por seis elementos com designação e funções atribuídas: 1 - Chefe de Equipe: É o elemento mais graduado da equipe, deverá ser facilmente identificado, efetuar o reconhecimento, definir o plano estratégico de ação e plano B, chefiar os elementos da sua equipe, decidir sobre as manobras a executar, garantir, permanentemente, a segurança da equipe, fazer a ligação com os outros serviços intervenientes; 2 e 3 - Operadores de Ferramentas – são dois: Trabalham em conjunto utilizando as ferramentas e todo o material necessário e disponível, executam todas as ações técnicas – estabilização do veículo e cargas, criação de espaço para acesso a vítimas, manuseamento de vidros e etc. – operam as ferramentas de desencarceramento, para remover partes do veículo de modo sistemático. 4 - Elemento de Segurança: Acompanhar o chefe de equipe no reconhecimento, controlar os perigos e a estabilização, desligar a bateria, proteger as vítimas das ferramentas e dos destroços, remover os destroços e controlar um possível derrame de combustível; 5 - Socorrista: Prestar os cuidados PH até à chegada da respetiva equipe, estabelecer contato com a vítima o mais precocemente possível, efetuar o exame da vítima (s), estabilizar a (s) vítima (s), proceder à extração, de acordo com o responsável pela equipa pré-hospitalar; 6 - Assistente Geral: Preparar a área definida como área de equipamentos, providenciar todo o equipamento necessário aos operadores, auxiliar na montagem do equipamento hidráulico, garantir o funcionamento do grupo energético e demais equipamentos, controlar a prevenção a um possível incêndio, retirar o equipamento após a sua utilização pelos operadores; → Fases do Protocolo de Atuação !!! Reconhecimento - O trabalho da central de comunicações é fundamental na recolha de dados sobre o acidente; - O reconhecimento deve continuar no local, acompanhado pelo elemento de segurança; - Aproximar-se e verificar qual o tipo de acidente e avaliar a sua extensão; - Identificar os perigos existentes; - Identificar o número de vítimas, as condições e o posicionamento delas, estabelecendo o contato visual com as mesmas; - Formular o plano estratégico de ação; - Informar o ponto da situação à central; !!! Estabilização - Estabilizar o local é a garantia da segurança no teatro de operações. O chefe de equipe deve verificar a existência de perigos para a equipe de socorro, as vítimas e os observadores; - Riscos, tais como: Trânsito; incêndio; fugas de gás, derramamento de combustíveis, airbags não ativados, etc.; - A equipe de socorro deve utilizar vestuário e equipamento de proteção individual adequados; - O local deve estar protegido e as zonas de trabalho devem estar livres de pessoas e objetos; !!! Abertura de Acessos - Permite à equipe pré-hospitalar aproximar-se da vítima para prestar os cuidados necessários. Devem ser utilizados os acessos mais fáceis, rápidos e seguros; - Quando se utilizar equipamento hidráulico ou ferramentas manuais, a abertura de acessos deve iniciar-se pelo ponto mais afastado da vítima; !!! Cuidados Pré-Hospitalares - No espaço confinado de uma viatura acidentada torna-se muito difícil o socorro, no entanto devem respeitar-se os protocolos de abordagem das vítimas na medida do possível; - Os trabalhos de desencarceramento podem ser prolongados, a estabilização da vítima nesta fase é de vital importância; !!! Criação de Espaço - Simultaneamente, pode e deve-se proceder aos cuidados de emergência com a consequente estabilização da vítima encarcerada, criando o espaço necessário, com as técnicas de desencarceramento mais adequadas e nunca esquecendo os cuidados relacionados com a segurança do local; OBS.: O objetivo é extrair a vítima nas mesmas ou em melhores condições do que aquelas em que se encontrava antes das manobras de salvamento. !!! Extração - É a fase da extração da vítima do espaço confinado aonde se encontra. A extração deve ser orientada e organizada, com a definição prévia das movimentações da vítima: Quem dá a ordem? Como? Que etapas? Para onde? → Equipamentos de Desencarceramento - Utilizar o equipamento de desencarceramento requer um treino adequado. As ferramentas deverão ser sempre transportadas ao lado do operador e em posição de segurança; - Todos os elementos da equipe de socorro, deverão estar devidamente protegidos; !!! Tesouras - Utilizada no corte de veículos ligeiros e pesados, deveser colocada no objeto a cortar num ângulo de 90º. Podendo ser movimentada durante o processo; !!! Expansor - Utilizado para abertura forçada de portas, em operações para ganhar espaço, com pontas muito resistentes, utilizado para levantar alguns obstáculos, veículos ou maquinaria pesada; !!! Extensor - Utilizado para criar espaço adicional, possuem capacidades diferentes e extensões variáveis. A utilização do extensor menor é complementada por outros de maior amplitude. Poderão ser utilizadas extensões nos vários modelos; !!! Grupo Energético - Fundamental para a utilização de ferramentas hidráulicas, é composto por um motor. Atua num valor máximo de 720 bar (720 kg/cm²); !!! Almofada (Alta Pressão) - Tem altura mínima de 25 mm, executam levantamento de até 500 mm, pode elevar pesos de centenas de toneladas. Não se pode sobrepor mais de duas almofadas; !!! Almofada (Baixa Pressão) - Pode levantar cargas até 16 toneladas a uma altura de 620 mm, devem trabalhar a par e nunca se podem sobrepor. É necessário garantir que a almofada está totalmente colocada debaixo da carga, o mais junto possível da carga a elevar; !!! Macacos - Existem macacos com uma potência de 5 e 10 toneladas. Deve-se escolher um ponto forte para aplicar, utilizar blocos de estabilização ou calços de madeira. Sempre que possível, utilizar dois macacos colocados em paralelo; !!! Guinchos - São de sistema de corrente ou cabo de aço com capacidade de 5 a 10 toneladas, realizam movimentos de tração ou elevação; !!! Equipamentos Manuais - Chave de fendas, fita métrica, punção quebra- vidros, saca válvulas, corta-cintos e navalha; !!! Machado Force - Quando for necessário ganhar espaço efetuando uma abertura maior em superfícies planas de chapa, deverá ser utilizado o machado force. Esta ferramenta funciona como um grande abre-latas; Uso de KED - No APH deve-se estar sempre preparado para trabalhar de forma conjunta e rápida a fim de conseguir contornar a situação grave do paciente todo mundo já entende, tudo isso só é possível por meio de algumas ferramentas que auxiliam no transporte, imobilização e movimentação da pessoa atendida; - Um desses instrumentos essenciais é o KED – Kendrick Extrication Device ou Dispositivo de Extricação de Kendrick – que nada mais é do que um instrumento de extricação de vítimas de veículos automotores, nos casos em que não é possível estabilizar seguramente o paciente em prancha longa, devido à sua posição dentro do veículo; - Trata-se de um equipamento tipo veste ou colete com a parte posterior rígida, que fica em contato com a cabeça, pescoço e a coluna vertebral, até a cintura pélvica. A parte anterior consiste em duas “abas” que envolvem a coluna em sua porção final e a pelve do paciente, que são presas uma à outra por três tirantes de diferentes cores; - O objetivo é estabilizar a coluna vertebral antes de proceder à imobilização completa em prancha longa. Porém, deve ser usado em vítimas conscientes e estáveis – sem risco imediato de morte ou complicação – em cenas seguras, que também não ofereçam risco à equipe de socorristas e somente quando o tempo não for a principal preocupação; - Não se recomenda o uso do KED para pacientes inconscientes e/ou instáveis, devido à duração necessária para a sua correta colocação. Para esses pacientes, podemos utilizar técnicas de extricação rápida como a “Chave de Rauteck” – mais rápida e não demanda o uso de equipamentos, mas não oferece tanta estabilidade e proteção quanto o KED; → Técnica 1° Acesse a vítima pela parte de trás do veículo, estabilizando manualmente a coluna cervical; 2° Alinhe a coluna em posição vertical; 3° Avalie o pescoço e mensure o tamanho do colar cervical; 4° Antes de colocar o KED, retire os tirantes dos membros inferiores passando-os por trás do colete; 5° Projete o tronco da vítima para frente, mantendo o alinhamento da coluna; 6° Inserir o KED em um ângulo de 45º, alinhando- o verticalmente; 7° Após colocar o colete, suas abas laterais são colocadas em torno do paciente, movimentando- as até tocar as axilas; 8° Os tirantes do tronco devem ser posicionados e ajustados; 9° A almofada deve ser colocada entre a cabeça do paciente e o colete; 10° As fitas de fixação da cabeça são passadas de forma cruzada; 11° Caso necessário, junte os braços do paciente com bandagem; 12° Passe os tirantes da virilha com movimento serrilhada - ida e volta; 13° Para retirar, faça o giro do tronco segurando nas alças posteriores do colete, elevando as pernas; 14° Posicione a prancha longa abaixo das nádegas da vítima; 15° Deite o paciente com as pernas elevadas; 16° Coloque o paciente sobre a prancha; 17° Abaixe as pernas e mantenha o KED. Retirada do Capacete - Objetivos: Retirar o capacete minimizando o risco de causar lesões adicionais; - Indicações: Garantir o acesso à via aérea e estabilizar a coluna cervical corretamente; - É necessária a remoção para que se possa observar a calota craniana e a face, despistar ou controlar hemorragias ou outras lesões, executar reanimação cardiorrespiratória, entre outros; → Técnica 1° Posicione-se na linha cabeça, segurando o capacete; 2° Libere a viseira e identifique-se para a vítima; 3° O Socorrista 2 tira o tirante da jugular; 4° Lateralização da cabeça; 5° O Socorrista 2 estabiliza a cervical; 6° Retirada do capacete em movimento de serrote; 7° O Socorrista 1 assume a estabilização da cabeça; 8° O Socorrista 2 coloca o colar cervical; 9° Imobilização do paciente na prancha.
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