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Trabalho de Teoria da Constituição 1. Introdução O Controle de Constitucionalidade tem como principal objetivo a preservação da Supremacia Constitucional, ou seja, controlar para que nenhuma norma passe por cima da Constituição Federal. O presente trabalho tem como objetivo abordar o tema da decisão do Supremo Tribunal Federal publicada em 13.jun.2019, referente à homofobia e a discriminação à comunidade LGBT. Nesta, o STF julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão (ADO). 1.1. Conceito desse controle Diante da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26), ministros determinaram que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716-89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional”. Sendo assim, podemos dizer que o conceito desse controle se aplica, à discriminação contra grupos sociais minoritários. 1.2. Porque se trata de controle de constitucionalidade? Nenhum outro dispositivo poderia ser invocado no caso em questão, temos claramente que o único controle legitimado a fazer surtir os efeitos necessários do caso em questão seria a ADO. Visto que o caso necessita de uma resposta legal (lei) de um órgão responsável (no caso o Congresso) para que a previsão constitucional possa exaurir em seu objetivo. 2. Aplicação da ação direta de constitucionalidade no caso concreto Temos que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 traz em seu escopo a amplitude de alguns assuntos, nesse caso, a própria constituição estabelece que esses assuntos devem ser regulamentados por leis infraconstitucionais. A ausência de lei regulamentadora faz com que o dispositivo presente na Constituição fique sem produzir efeitos. Dessa forma, a Ação direta de Inconstitucionalidade por omissão (ADO) será pleiteada no caso concreto com o objetivo de provocar o poder judiciário para que este tome as devidas providências para obrigar o órgão responsável a elaborar a lei necessária para que o dispositivo constitucional cumpra sua função. 2.1. Legitimação de julgamento dessa ação No caso em apreço, optamos por analisar o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO 26). Cumpre ressaltar que tal ação tem por finalidade suprir a ausência de regulamentação em face do que a Constituição Federal estabelece. Para propor ação direta de inconstitucionalidade por omissão é necessário que os legitimados estejam configurados no rol apresentado pelo artigo 103 da Constituição Federal. Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. § 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal. § 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. § 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado. § 4º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Foi o que ocorreu na propositura da ação de inconstitucionalidade por omissão em análise. Uma vez que foi proposta pelo Partido Popular Socialista em conformidade com o artigo 103, inciso VIII. O órgão que possui legitimidade para julgar essa ação é o Supremo Tribunal Federal (STF), haja vista se tratar de uma ação abstrata, com a ausência de regulamentação de qualquer norma Constitucional de Eficácia Limitada. 3. Por que a referida ação foi deferida pelo STF? A referida ação em análise foi parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade nos termos do § 2°, do artigo 103 da Constituição Federal, por ausência de edição de lei penal incriminadora que torne efetiva a previsão constitucional do inciso XLI do artigo 5° da Constituição Federal, caracterizando se consequentemente o estado de mora inconstitucional e determinado que seja cientificado para a colmatação do estado de mora constitucional. Votar em conceder interpretação conforme à constituição, em face dos artigos 1°, III, 3°, I e IV, 5° XLI, XLII e §1° da CF, à Lei n° 7.716/89, no sentido da aplicação de seus tipos penais as condutas homofóbicas e transfóbicas até que seja editadas a lei penal específica pelo Congresso Nacional. 3.1. Conflitos da omissão com a Constituição Federal de 1988 Um dos conflitos que levaram o Partido Popular Socialista a propor a ação direta de inconstitucionalidade por omissão se baseia no fato de que conforme disposto o artigo 5°, inciso XLI da Constituição Federal, Art. 5° A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. Ocorre que após a promulgação da Constituição Federal não tivemos a elaboração de nenhuma lei protetiva em prol dos homossexuais e transexuais do país. Sendo assim, tivemos um caso típico de inconstitucionalidade por omissão, uma vez que a própria Constituição dispõe sobre um direito, mas não possuímos nenhuma lei infraconstitucional que faça integrar o comando disposto nela mesma. Como uma forma de corrigir a inércia do poder legislativo foi proposta a ação para requerer que o STF cientifique o Congresso Nacional a editar uma norma que puna e proteja os homossexuais e transexuais. E esse é um dos efeitos da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, após constatar que houve a inconstitucionalidade surge o que é conhecido como efeito mandamental, ou seja, o STF dará ciência à autoridade responsável para regulamentar a matéria ou Norma Constitucional. 4. Qual a solução do conflito predominou ou predomina. Observamos que o ministro Alexandre de Morais, do STF fixa o julgado com efeitos “erga omnes” no sentido do reconhecimento da discriminação da população LGBT como formas de racismo. Com o objetivo de expressar o entendimento que deve predominar no assunto em questão. Vê-se que a petição inicial é correta em seu sentido ao dizer: “que a homofobia e a transfobia constituem espécies do gênero racismo, na medida em que racismo é toda ideologia que pregue a superioridade/inferioridade de um grupo relativamente a outro (e a homofobia e a transfobia implicam necessariamente na inferiorização da população LGBT relativamente a pessoas heterossexuais cisgêneras que se identificam com o próprio gênero).”
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