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Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 2 www.questoesdiscursivas.com.br Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 3 AUTORES: BALTAZAR RODRIGUES Procurador do Estado do Rio de Janeiro - PGE/RJ. Sócio do escritório Fontana, Maurell, Gaio e Rodrigues Advogados. Mestre em Direito Processual pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Ex- Diretor Jurídico do Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Rioprevidência - 2013/2014). Aprovado nos seguintes concursos: PGE/RJ (15º lugar - 2010); Advogado do BNDES (65º lugar - 2009). RODRIGO DUARTE Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF da 2ª Região; Ex-Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU) e Ex-Técnico de Atividade Judiciária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Aprovado e nomeado no concurso de Analista Processual do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPE/RJ). MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador) Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de Planejamento e Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do Rio de Janeiro (SMF/RJ). Aprovado nos seguintes concursos: Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ). Analista e Técnico do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE/RJ) e Advogado da Dataprev. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 4 ÍNDICE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1. MAGISTRATURA ESTADUAL – TJSP – 2019 – VUNESP 2. PROCURADOR – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/GO – 2019 – IADES 3. PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PR- 2017 – BANCA PRÓPRIA 4. DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 – FUNDATEC 5. ANALISTA JUDICIÁRIO - STF - CESPE - 2013 6. DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2013 – UEG 7. DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 - UFG 8. MAGISTRATURA – TJDFT – 2014 - CESPE 9. PROCURADOR DO ESTADO - PGE/SP - 2012 - FCC 10. PROCURADOR DO ESTADO - PGE/BA - 2014 - CESPE 11. ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE 12. PROCURADOR LEGISLATIVO –CAMPINA GRANDE DO SUL/PR – 2014 - FAPIFA 13. MAGISTRATURA FEDERAL – TRF5 – 2015 - CESPE 14. PROCURADOR AUTÁRQUICO - UNICAMP - 2018 – VUNESP 15. PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RO - 2011 - FCC 16. PROCURADOR DO BANCO CENTRAL – AGU - CESPE - 2013 17. MAGISTRATURA ESTADUAL - TJMS - 2015 – VUNESP 18. PROCURADOR FEDERAL – AGU - CESPE - 2010 19. PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RR – 2017 – CESPE 20. MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2017 – BANCA PRÓPRIA 21. DELEGADO DE POLÍCIA – PCRJ – 2012 – FUNCAB 22. DELEGADO DE POLÍCIA – PCMG – 2018 – ACADEPOL 23. DELEGADO DE POLÍCIA – PCSP – 2008 – ACADEPOL 24. DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2013 – UEG 25. DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 - UFG 26. AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO - TCE/PA - 2012 - AOCP 27. AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO - TCE/MS - 2013 – BANCA PRÓPRIA 28. PROCURADOR DO ESTADO – PGE/MT – FCC - 2016 29. PROCURADOR – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/GO – 2019 – IADES 30. PROCURADOR MUNICIPAL - PGM-PAULÍNIA/SP - 2016 – FGV 31. TRIBUNAIS DE CONTAS – TCM/SP - 2015 – FGV 32. MAGISTRATURA ESTADUAL – TJPA – 2011 - CESPE 33. DELEGADO DE POLÍCIA – PCPR – 2013 – COPS UEL Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 5 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJSP – 2019 – VUNESP Disserte sobre o tema: Controle judicial de constitucionalidade. 1. Origem. Conceito e Importância. 2. Controle incidental ou difuso. Características. Efeitos. Reserva de Plenário. 3. Controle concentrado ou principal. Características. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Legitimidade e pertinência temática. Efeitos temporais e modulação. Obs.: No desenvolvimento da dissertação, o candidato deverá levar em consideração rigorosamente os itens e subitens, de acordo com a ordem proposta. SUGESTÃO DE RESPOSTA: O controle de constitucionalidade é um dos temas mais importantes do direito constitucional. Pode ser conceituado, basicamente, como a possibilidade de declaração de invalidade de leis, tendo como parâmetro a Constituição. Sua origem remonta ao caso Marbury vs Madison, onde a Suprema Corte Americana declarou que um conflito entre uma norma ordinária e uma norma constitucional seria resolvido com a prevalência desta última, tendo em vista a sua superioridade normativa. Sua importância decorre do óbvio parâmetro que se estabelece para avaliar a validade das normas editadas no ordenamento jurídico pátrio. Há classicamente duas modalidades de controle: o incidental e o concentrado. O controle incidental (ou difuso) é exercido por todos os órgãos julgadores, sem a necessidade de deslocamento de competência caso a questão da inconstitucionalidade da norma seja suscitada no processo. Em geral, seu efeito é inter partes: ou seja, só é aplicável àquele caso sob exame pelo juízo. No Brasil, o art. 97 da CRFB prevê a aplicação da chamada reserva de Plenário: quando um órgão colegiado é chamado a analisar a validade de uma norma, a sua inconstitucionalidade deve ser declarada por maioria absoluta de seus membros. Já o controle concentrado (ou principal) baseia-se na indicação de um órgão julgador específico para a análise da constitucionalidade das leis, em geral um órgão de cúpula. Seus efeitos, em geral, são erga omnes, se espraiando por todo o ordenamento, a fim de conferir segurança jurídica à aplicação das leis. No Brasil, seu principal instrumento é a ação direta de inconstitucionalidade, de competência do STF. Sua legitimidade é restrita às autoridades ou instituições previstas no art. 103 da CRFB, sendo que alguns deles, como os Governadores de Estado ou as confederações sindicais, devem comprovar a pertinência da norma impugnada com seus interesses institucionais (no primeiro caso, uma lei que impacte no ordenamento ou nas finanças daquele Estado e, no segundo caso, uma lei que tenha sido editada acerca do âmbito de atuação daquela entidade). Finalmente, por a inconstitucionalidade ser um vício que afeta a norma em seu plano de validade, ela acaba fulminando-a desde seu nascedouro. Contudo, em alguns casos isso acaba gerando situações injustas, uma vez que a lei foi aplicada na prática. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 6 Assim, a legislação autoriza que o Supremo Tribunal Federal module esses efeitos, sendo resguardada a segurança jurídica (art. 27 da Lei 9.868/99). PROCURADOR – ASSEMBLEIA LEGISLATIVA/GO – 2019 – IADES Leia, com atenção, as informações a seguir. Analise o caso de um cidadão que interpôs ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) perante o Supremo Tribunal Federal (STF), para discutir a inconstitucionalidade de determinada lei pré- constitucional em face da Constituição de 1998. Na ação, foi formulado um pedido para que, se não conhecida a ADPF, ela fosse recebida como ação direta de inconstitucionalidade (ADI). O estado de Goiás e a Assembleia Legislativa de Goiás foram intimados para se manifestarem. Com base nessas informações, redija um texto dissertativo e (ou) descritivo respondendo ao questionamento “é correto afirmar que a ADPF será julgada procedente?”. Aborde necessariamente, os tópicos a seguir: a) Quem são os legitimados para ajuizar a ADPF? b) O que é o princípio da subsidiariedade? c) Seria admitido, no caso narrado, o recebimento da ADPF como ADI? d) No procedimento da ADPF, o relator poderia indeferir a inicial liminarmente, e tal decisão é recorrível? SUGESTÃO DE RESPOSTA: 1. A ADPF tem previsão no art. 102, § 1o da CF; 2. Os legitimados para ação direita são os mesmo da ADPF - Podem propor arguição de descumprimento de preceitofundamental: I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade (art. 2o, da Lei no 9.882/1999); 3. Os legitimados para ADI estão na Constituição Federal (CF), art. 103 e seus incisos; 4. O princípio da subsidiariedade significa que não cabe ADPF quando houver outro meio eficaz para sanar a lesividade, por exemplo, quando couber ADI, ADC etc. Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade (art. 4o, § 1o, da Lei no 9.882/1999); 5. À ADPF cabe direito pré-constitucional. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição (art. 1o, parágrafo único da Lei no 9.882/1999); 6. Não caberia o recebimento, porque não cabe ADI de lei pré-constitucional, nem o legitimado está correto; 7. O STF não admite a fungibilidade da ADPF pela ADI quando se tratar de erro grosseiro; 8. O relator pode indeferir liminarmente, pois o cidadão não é legitimado para o ajuizamento da ADPF. A petição inicial será indeferida liminarmente pelo relator, Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 7 quando não for o caso de arguição de descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos nessa lei ou for inepta (art. 4o da Lei no 9.882/1999); 9. Liminar é no início do processo, sem ouvir as partes; e 10. Cabe recurso de agravo em cinco dias – art. 4, § 2o, da Lei no 9.882/1999. PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PR- 2017 – BANCA PRÓPRIA Conceitue o estado de coisas inconstitucional, identificando os requisitos para sua configuração e eventual crítica a respeito do instituto. SUGESTÃO DE RESPOSTA: Inspirado nas medidas estruturantes do Direito norte americano, o estado de coisas inconstitucional é instituto desenvolvido na Suprema Corte da Colômbia, e sua configuração demanda os seguintes requisitos: a) violação massiva e generalizada de direitos fundamentais de número significativo de pessoas; b) prolongada omissão das autoridades na adoção de providências natureza legislativas, administrativas ou judiciais para implementação desses direitos; c) a causa dessa violação não seja imputada a autoridade identificável, mas sim a causas estruturais; d) a existência de problema social grave cuja solução demande providências de mais de uma instituição; e) a violação não se situa apenas no plano normativo (não se trata de inconstitucionalidade por omissão), mas sim em patamar fático; f) risco de colapso do Judiciário em razão da multiplicação de demandas individuais. O reconhecimento do estado de coisas inconstitucional, pela Suprema Corte, estabelece diálogos institucionais, pois sua superação demanda atuação coordenada de mais de um órgão. Críticas são dirigidas ao instituto, pois pode ensejar ativismo judicial exagerado, com déficit democrático e falta de legitimação, notadamente diante da imprecisão de seus requisitos, o que conduz a possível falta de eficácia do instituto. Ademais, no Brasil, o enfrentamento desse tipo de demanda tem sido feito em sede de ações coletivas, então o STF deve empregar a técnica de maneira dosada. DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 – FUNDATEC O Estado de Coisas Inconstitucional (ECI) é uma técnica decisória que visa enfrentar situações de violações graves e sistemáticas dos direitos fundamentais cujas causas sejam de natureza estrutural, isto é, decorram de falhas estruturais em políticas públicas adotadas pelo Estado, exigindo uma atuação conjunta de diversas entidades estatais. Sendo assim, responda: a) qual a origem do ECI?; b) qual a sua importância?; e c) discorra sobre o emblemático caso em que o Direito Brasileiro adotou o ECI. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 8 SUGESTÃO DE RESPOSTA: A ideia em torno do chamado Estado de Coisas Inconstitucional tem origem, conforme aponta a doutrina, em decisões proferidas pela Corte Constitucional da Colômbia, tendo por objeto o enfrentamento de casos em que se constataram sistemáticas, contínuas e generalizadas violações a direitos fundamentais. De forma pioneira, o reconhecimento do Estado de Coisas Inconstitucional teria ocorrido em 1997, quando a referida Corte deliberou acerca dos direitos previdenciários de professores, cujo desrespeito teria alcançado níveis altíssimos por parte do poder público, sendo repetidamente inobservados, o que motivou a determinação judicial de que tal quadro de inconstitucionalidade fosse superado (Sentencia de Unificación – SU 559, 06/11/1997). A postura judiciária frente a casos em que se verifica o Estado de Coisas Inconstitucional escora-se no denominado “Ativismo Judicial”, por meio do qual o Poder Judiciário acaba determinando a adoção de providências que, tradicionalmente, comporiam o campo discricionário e político dos demais Poderes. Isso gera, inclusive, reflexos orçamentários, uma vez que a concretização de diversos direitos, notadamente os de natureza social, pressupõe o destaque e a vinculação de verbas públicas específicas. Trata-se de movimento objeto de críticas, principalmente sob o enfoque da divisão de poderes, pelos fundamentos acima referidos, mas que, por outro lado, recebe elogios, suscitando-se que o Poder Judiciário, reconhecendo a força normativa da Constituição, não poderia quedar-se inerte frente às - por vezes, deliberadas - violações a direitos fundamentais, mormente quando dotadas de caráter sistemático, permanente e generalizado. No Brasil considera-se emblemático o caso em que se reconheceu o Estado de Coisas Inconstitucional frente ao sistema carcerário nacional, em que, como é notório, percebem-se permanentes e graves violações a direitos fundamentais, principalmente no que tange às condições mínimas de saúde, higiene, e referente à superlotação. Por ocasião do julgamento de medidas cautelares pugnadas na ADPF nº 347/DF, o STF identificou a configuração do Estado de Coisas Inconstitucional no sistema prisional brasileiro, frente às severas e contínuas violações a direitos fundamentais dos detentos, asseverando que as penas acabam sendo cumpridas em descompasso com as disposições constitucionais, que, no Brasil, vedam as de caráter cruel (art. 5º, XLVII, da CRFB). Consequentemente, o STF aduziu que seriam imperiosas medidas de cunho legal, administrativo e orçamentário a fim de solucionar a crise estrutural instalada no sistema carcerário, sob pena de perpetuar e agravar a situação constitucionalmente inadmissível. GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: ITEM 1 - Língua Portuguesa: Formalidade de introdução, desenvolvimento e conclusão; clareza de argumentação; utilização da norma culta padrão (nota máxima 0,5). ITEM 2 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 9 - Pois bem, o Estado de Coisas Inconstitucional tem origem nas decisões da Corte Constitucional Colombiana (CCC) diante da constatação de violações generalizadas, contínuas e sistemáticas de direitos fundamentais. Tem por finalidade a construção de soluções estruturais voltadas à superação desse lamentável quadro de violação massiva de direitos das populações vulneráveis em face das omissões do poder público. A primeira decisão da Corte Constitucional Colombiana que reconheceu o ECI foi proferida em 1997 (Sentencia de Unificación - SU 559, de 6/11/1997), numa demanda promovida por diversos professores que tiveram seus direitos previdenciários sistematicamente violados pelas autoridades públicas. Ao declarar, diante da grave situação, o Estado de Coisas Inconstitucional, a Corte Colombiana determinou às autoridades envolvidas a superação do quadro de inconstitucionalidades em prazo razoável. É inegável que o reconhecimento do Estadode Coisas Inconstitucional pressupõe uma atuação ativista do Tribunal (uma espécie de Ativismo Judicial Estrutural), na medida em que as decisões judiciais vão induvidosamente interferir nas funções executivas e legislativas, com repercussões, sobretudo, orçamentárias (nota máxima 1,0). ITEM 3 – Sim. Na sessão plenária de 09 de setembro de 2015, o Supremo Tribunal Federal, ao deferir parcialmente o pedido de medidas cautelares formulado na ADPF nº 347/DF, proposta em face da crise do sistema carcerário brasileiro, reconheceu expressamente a existência do Estado de Coisas Inconstitucional no sistema penitenciário brasileiro, ante as graves, generalizadas e sistemáticas violações de direitos fundamentais da população carcerária. Como é do conhecimento de todos, o sistema prisional brasileiro vive uma grande crise. São observados inúmeros problemas, como a superlotação e a falta de condições mínimas de saúde e de higiene. O STF, assim reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. Nesse sentido: STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798) (nota máxima 0,5). ANALISTA JUDICIÁRIO - STF - CESPE - 2013 Redija um texto dissertativo a respeito dos possíveis momentos de realização do controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: 1- diferença entre o controle repressivo e o controle preventivo de constitucionalidade; [valor: 8,00 pontos] 2- posicionamento do STF quanto à possibilidade de utilização da via do mandado de segurança para a realização de controle de constitucionalidade repressivo e preventivo; [valor: 10,50 pontos] 3- posicionamento do STF quanto à possibilidade de realização de controle jurisdicional de constitucionalidade preventivo de projeto de lei por alegação de inconstitucionalidade material. [valor: 10,0 pontos] SUGESTÃO DE RESPOSTA: Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 10 Em síntese, pode-se dizer que o controle de constitucionalidade compreende um mecanismo de proteção à ordem constitucional e de correção de atos e normas que possam divergir materialmente da Lei Maior, ou que não tenham, durante o processo de elaboração, respeitado as formalidades exigidas. Nesse sentido, o controle pode adquirir feição preventiva ou repressiva, a depender do momento de sua aplicação. Esse instituto jurídico possibilita ao Poder Judiciário zelar pela fiel observância da Constituição Federal, ao permitir que se extirpe do ordenamento e do mundo fático atos e normas que possam violar os preceitos magnos, bem como prevenindo que tais normas anômalas venham a viger no ordenamento jurídico. Quanto ao momento em que se realiza, o controle de constitucionalidade pode se dar nas seguintes formas: preventiva ou repressiva, isto é, se ocorre antes ou depois que a norma, objeto de análise, tenha entrado no ordenamento jurídico. O controle de constitucionalidade preventivo (ou prévio) é aquele realizado durante o processo legislativo, ou seja, inicia-se na própria elaboração do projeto de lei e ocorre antes que o ato normativo ingresse no ordenamento jurídico. O objetivo do controle preventivo é justamente evitar que um ato normativo atentatório à Lei Maior ingresse no mundo jurídico e venha a produzir efeitos. Realizável pelos três poderes, o controle preventivo é predominantemente verificado no âmbito da função legiferante (executado pelas suas Comissões); no âmbito do Poder Executivo (o instrumento é o veto jurídico); e, excepcionalmente, o Poder Judiciário realiza essa modalidade de controle. Já o controle de constitucionalidade repressivo (ou posterior) é aquele exercido depois que a lei é promulgada e já está vigente. Tal controle, realizado via de regra pelo Poder Judiciário, destina-se a verificar se a lei, durante a sua elaboração, observou todo o trâmite processual constitucionalmente prescrito ou se é materialmente compatível com a Lei Maior, isto é, se o seu conteúdo está adequado aos imperativos constitucionais. Encontra-se na via de exceção ou por ação. Uma questão peculiar diz respeito ao controle de constitucionalidade preventivo realizado pelo Poder Judiciário, que se verifica apenas excepcionalmente. De acordo com a jurisprudência consolidada do STF, é possível a utilização de mandado de segurança com o fito de questionar a constitucionalidade formal de projeto de lei, dada a inobservância do processo legislativo. De acordo com o STF, os parlamentares possuem direito subjetivo (líquido e certo) à observância do processo legislativo hígido, ou seja, conforme à Constituição, na formulação das leis e/ou atos normativos. Desse modo, são eles os únicos legitimados a impetrar o mandamus com tal finalidade, visto que não se pode configurar o controle de constitucionalidade abstrato de projeto de lei, o que não é reconhecido em nosso ordenamento jurídico, mesmo que terceiros aleguem sua condição de destinatários da lei. Por outro lado, ainda de acordo com a jurisprudência dominante do STF, não se faz possível a utilização do remédio constitucional supramencionado para questionar preventivamente projeto de lei sob a alegação de inconstitucionalidade material, ainda Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 11 que se verificasse afronta clara e direta à Constituição da República, denominada de inconstitucionalidade chapada ou flagrante. Segundo o STF, é inadmissível o controle preventivo da constitucionalidade material das normas em curso de formação. Até porque, seria antecipar um juízo de controle, abstratamente, engessando a atividade legiferante e pondo em risco a natural discussão e embate de ideias que devem nortear a produção e o aperfeiçoamento das normas. Nesse mesmo sentido, no tocante à intervenção jurisdicional para realizar controle de constitucionalidade preventivo de projeto de lei, sob a alegação de inconstitucionalidade material, entende o STF que isso não se afigura possível, tampouco aceitável no atual ordenamento jurídico. A prematura intervenção do Judiciário em domínio jurídico e político de formação dos atos normativos em curso no Parlamento, além de universalizar um sistema de controle preventivo não admitido pela Constituição, subtrairia dos outros Poderes da República, sem justificação plausível, a prerrogativa constitucional que possuem de debater e aperfeiçoar os projetos, inclusive para sanar seus eventuais vícios de inconstitucionalidade. Quanto mais evidente e grotesca possa ser a inconstitucionalidade material de projetos de leis, menos ainda se deverá duvidar do exercício responsável do papel do Legislativo de negar-lhe aprovação, e do Executivo de apor-lhe veto, se for o caso. Partir da suposição contrária significaria menosprezar a seriedade e o senso de responsabilidade desses dois Poderes do Estado. E se, eventualmente, um projeto assim se transformar em lei, sempre haverá a possibilidade de provocar o controle repressivo pelo Judiciário, para negar-lhe validade, retirando-a do ordenamento jurídico. DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2013 – UEG A violação de normas constitucionais pelo poder público pode ocorrer por omissão. A Constituição Federal prevê instrumentos para garantir a própria supremacia, na ocorrência desses casos. Esses instrumentos, apesar de aparentemente semelhantes, possuem características distintas. A partir de uma análise comparativa desses instrumentos, apresente-os, identificandoas diferenças entre eles quanto ao objeto, à legitimidade de partes e aos efeitos da decisão. SUGESTÃO DE RESPOSTA: O descumprimento das normas constitucionais pelo poder público pode se dar por omissão. Com isso, para assegurar a supremacia constitucional, o art. 5º, LXXI, da CRFB previu a concessão de mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora tornar inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Trata-se de um instrumento de defesa de direitos subjetivos em face de omissão do poder regulatório, na qualidade de controle difuso-concreto de constitucionalidade. Para além desse instrumento, a CRFB instituiu, no art. 103, § 2°, um sistema de Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 12 controle abstrato da omissão do ente legiferante, que ocorre por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão. Tanto o mandado de injunção quanto a ação direta de inconstitucionalidade por omissão são cabíveis na omissão inconstitucional do Poder Público, que não atua na conformidade da exigência da norma constitucional, cuja aplicabilidade depende da vontade integradora de seus comandos. No que diz respeito ao objeto, o mandado de injunção quer dar concretude ao direito abstrato previsto na norma constitucional, enquanto a ação direta de inconstitucionalidade por omissão visa dar ciência ao poder competente de sua inércia para que tome as providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, que as faça em trinta dias. Acerca da legitimidade ativa, o mandado de injunção pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, titular de direito constitucionalmente assegurado que tenha o seu exercício impedido por ausência de norma regulamentadora. O mandado de injunção coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, organização sindical, entidade de classe ou associação constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados, aplicando-se por analogia o disposto no art. 5°, LXX, da CRFB. Enquanto a legitimidade ativa no mandado de injunção é aberta, a legitimidade ativa para propor Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão é fechada e está indicada no art. 103 da CRFB. Em relação aos efeitos da decisão no mandado de injunção, há duas posições: a concretista e a não concretista. A posição não concretista é a menos eficaz, pois apenas reconhece formalmente a omissão, não garantindo a efetividade da norma. A posição concretista apresenta um maior grau de efetividade da norma e divide-se em direta e intermediária. O efeito concreto direto ocorre quando a decisão é aplicável apenas para o autor. Já o efeito concreto intermediário ocorre quando o Judiciário fixa um prazo para que o Legislativo elabore a norma que supra a omissão. Se o prazo não for respeitado, o autor terá o seu direito assegurado. O STF adotou por muito tempo a posição não concretista, a mais fraca para suprir as omissões. Mas mudou de entendimento e passou a adotar a posição concretista. Em alguns casos, adotou a posição concretista intermediária, ou seja, a fixação de prazo para que a omissão fosse suprida pelo Legislativo. Como em diversas situações a omissão permanecia, o STF entendeu por aplicar uma lei já existente até que o Legislativo elabore a norma competente. Podem ser citados dois exemplos disso: o direito de greve e a aposentadoria especial para o servidor público. Enquanto não houver leis que regulamentem essas Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 13 questões, o STF decidiu que as normas aplicáveis para os trabalhadores privados devem incidir para os servidores. DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 - UFG A Constituição Federal de 1988 ampliou o rol de legitimados para a propositura das ações de controle concentrado de constitucionalidade. Discorra sobre a natureza do rol de legitimados perante o STF. Classifique-os conforme a pertinência temática e a capacidade postulatória. Por fim, responda se o rol de legitimados perante o Tribunal de Justiça local pode extrapolar ou ficar aquém da estrita simetria com o rol de legitimados perante o STF. SUGESTÃO DE RESPOSTA: É taxativo (numerus clausus) o rol de legitimados para a propositura das ações de controle concentrado perante o STF. São seis os legitimados ditos universais ou neutros pelo Supremo: Presidente da República, Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, Procurador-Geral da República, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e partido político com representação no Congresso Nacional. Os outros três precisam demonstrar que o interesse na representação está alinhado com sua finalidade institucional. Por isso, são chamados legitimados especiais ou interessados: Mesa de Assembleia Legislativa estadual ou da Câmara Legislativa distrital, Governador de Estado ou do Distrito Federal e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. O STF decidiu ainda que só os partidos políticos e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional precisam contratar advogados, mediante a outorga de procuração com poderes específicos para atacar determinada norma, que também precisa estar expressa no mandato. As demais autoridades mencionadas no rol do art. 103, incisos I a VII, como, por exemplo, o Governador de Estado, possuem capacidade processual plena, o que inclui a capacidade postulatória. Por fim, o rol de legitimados pela Constituição Estadual para a propositura de controle concentrado perante o Tribunal de Justiça local pode, sim, extrapolar ou ficar aquém da estrita simetria com o rol de legitimados perante o STF, pois o que a Constituição Federal veda é apenas a atribuição da legitimação para agir a um único órgão (art. 125, § 2º). GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: É taxativo (numerus clausus) o rol de legitimados para a propositura das ações de controle concentrado perante o STF. São seis os legitimados ditos universais ou neutros pelo Supremo: Presidente da República, Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, Procurador-Geral da República, Conselho Federal da Ordem dos Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 14 Advogados do Brasil e partido político com representação no Congresso Nacional. Os outros três precisam demonstrar que o interesse na representação está alinhado com sua finalidade institucional. Por isso, são chamados legitimados especiais ou interessados: Mesa de Assembleia Legislativa estadual ou da Câmara Legislativa distrital, Governador de Estado ou do Distrito Federal e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. O STF decidiu ainda que só os partidos políticos e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional precisam contratar advogados, mediante a outorga de procuração com poderes específicos para atacar determinada norma, que também precisa estar expressa no mandato. As demais autoridades mencionadas no rol do art. 103, incisos I a VII, como, por exemplo, o Governador de Estado, possuem capacidade processual plena, o que inclui a capacidade postulatória. Por fim, o rol de legitimados pela Constituição Estadual para a propositura de controle concentrado perante o Tribunal de Justiça local pode, sim, extrapolar ou ficar aquém da estrita simetria com o rol de legitimados perante o STF, pois o que a Constituição Federal veda é apenas a atribuição da legitimação para agir a um único órgão (art. 125, § 2º). MAGISTRATURA – TJDFT – 2014 - CESPE Em relação ao tema do controle de constitucionalidade, responda justificadamente aos seguintes quesitos: a- A quem compete julgar Ação Declaratória de Inconstitucionalidadecontra lei do Distrito Federal que viola a Constituição Federal?; b- Qual a natureza jurídica do amicus curiae?; c- Qual a distinção entre o instituto da interpretação conforme a Constituição e ação declaratória de inconstitucionalidade sem redução de texto? SUGESTÃO DE RESPOSTA: É importante notar que a competência para o controle concentrado de constitucionalidade, no que tange a uma lei do Distrito Federal, será determinada pelo seu conteúdo. Com efeito, sabe-se que aquele ente federativo apresenta competências legislativas estaduais e municipais, conforme previsto no art. 32, § 1º, da CRFB. Quando a lei distrital apresentar conteúdo afeto aos Estados, a impugnação de sua constitucionalidade será de competência do STF, em virtude do disposto no art. 102, I, a, da CRFB. Por outro lado, quando a lei distrital apresentar conteúdo municipal, sua constitucionalidade deverá ser questionada no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), vez que assim dispõe o art. 125, § 2º, da CRFB. Aliás, esse entendimento encontra-se consagrado na Súmula 642, do STF. O amicus curiae é uma figura processual importada do direito estrangeiro. Inserida pela primeira vez em nosso ordenamento pela Lei nº 9.868/99, (o art. 7º, § 2º, permite a manifestação de outros órgãos ou entidades). Com efeito, o amicus curiae representa uma entidade estranha ao processo originário, mas que apresenta interesse em seu desfecho ou notória especialização sobre o tema em debate. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 15 Sua natureza jurídica sempre foi objeto de debate, pois não se encaixa propriamente em nenhuma das definições clássicas. Não se trata de uma parte do processo, vez que não dispõe de todos os ônus e benefícios que lhe usualmente pertence. Por outro lado, há quem defenda que se trata de uma intervenção de terceiros sui generis, o que parece ter sido acolhido pelo Novo Código de Processo Civil, consoante a topografia de seu art. 138. Por fim, a interpretação conforme a Constituição é uma técnica de hermenêutica que permite ao julgador excluir determinadas hipóteses de interpretação, que levariam à aplicação inconstitucional da norma. Por sua vez, a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto é verdadeira hipótese de controle de constitucionalidade, pelo qual uma hipótese de aplicação é expressamente rechaçada, sem qualquer alteração formal no texto da norma. PROCURADOR DO ESTADO - PGE/SP - 2012 - FCC Projeto de lei estadual de rigem parlamentar que criou um programa social, no Âmbito da Administração Estadual, não foi vetado pelo anterior Governador do Estado e assim se converteu em lei. Com base nessa premissa, responda de forma fundamentada: a. Essa lei é constitucional? b. Pode o atual Governador do Estado propor Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal ou ha impedimento, nos termos da Sumula 5 do Supremo Tribunal Federal? Obs.: A Súmula nº 5 do Supremo Tribunal Federal assim está editada: "A sanção do projeto supra a falta de iniciativa do Poder Executivo.”. SUGESTÃO DE RESPOSTA: Em regra, o Chefe do Poder Executivo Estadual apresenta legitimidade ampla para ajuizar a ação direta de inconstitucionalidade, em virtude do disposto no art. 103, V, da CRFB. Contudo, a doutrina e a jurisprudência já entendem, de longa data, restringindo a sua legitimidade aos atos de seu Estado. Caso deseje impugnar um ato de outro Ente, o Governador do Estado deverá apresentar razões que justifiquem seu interesse. Se por um lado não há uma exigência de pertinência temática tão grande quanto no caso das entidades de classe, por outro também não se tutela a impugnação a atos normativos que não apresentam nenhum gravame para aquele Estado específico. Por outro lado, existia ainda entendimento de que atos com vício de iniciativa, mas posteriormente sancionados, não poderiam ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade que alegasse o vício formal. O entendimento era tão sólido que chegou a ser consolidado na mencionada Súmula nº 5 do STF.Não é despiciendo lembrar que o processo legislativo é um conjunto de atos de autoridades destinadas a produzir um ato normativo dotado, em regra, de generalidade e abstração, as leis. Como expressão mais conhecida da soberania popular, as leis são elaboradas com base no ideal democrático de participação, em harmonia com a independência que deve nortear a relação entre os três poderes da República. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 16 Assim, os arts. 61 e seguintes da CRFB determinam as etapas do processo legislativo: a iniciativa, discussão, deliberação, sanção, promulgação e publicação. A iniciativa de leis de interesse direto do Poder Executivo é privativa deste Poder (art. 61, §1º, da CRFB), exatamente para preservar sua independência, garantindo a perfeita atuação do sistema de freios e contrapesos, evitando que o Poder Legislativo abuse de seu direito constitucionalmente legítimo em desfavor da Administração Pública. Porém, mesmo diante de uma lei cuja iniciativa é privativa do Executivo, o Chefe deste Poder ainda apresenta outro momento para frear sua inserção no mundo jurídico: a sanção, prevista no art. 66, §1º, da CRFB, que prevê a possibilidade de veto por razões jurídicas, dentre elas, logicamente, o vício de iniciativa. Dispondo de meios para tentar obstar a produção de efeitos do ato normativo, entendia-se que a sanção do projeto importava em aquiescência com seu conteúdo e a derrogação do vício formal e, consequentemente, importando em abuso de direito e benefício em virtude de sua própria torpeza o manejo da ação direta de inconstitucionalidade para arguir esse mesmo vício. No entanto, houve uma guinada expressiva neste entendimento. Atualmente, casos como a lei que cria de programa que interfira diretamente na Administração Estadual, considerados como de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo, podem ser arguidos pelo próprio a qualquer tempo, sem configurar abuso de direito ou aquiescência. Em primeiro lugar, entende-se que o vício de iniciativa não pode ser suprido pela sanção, por estar ínsito na formação do ato, por existir desde o começo. Assim, a sanção do projeto ou seu veto pelo Governador é irrelevante para que a nulidade do ato seja arguida, notadamente pela necessidade de defesa da Constituição. Em segundo lugar, o manejo da ação direta de inconstitucionalidade não é do Estado da Federação, mas do próprio Governador, como figura política. Dessa maneira, considera-se que sua propositura é um ato de disposição política, e não jurídica, ficando a seu critério até mesmo impugnar ato por ele elabora, uma vez que seu juízo de conveniência política pode assim requerer que o faça, especialmente por conta de mudanças nas circunstâncias governamentais. Assim, a fim de impugnar a lei mencionada no enunciado da questão, que é inconstitucional por vício de iniciativa (art. 61, § 1º, II, alíneas “a”, “b” e “e”), é possível que o Governador proponha ação direta de inconstitucionalidade, já que resta superado o entendimento outrora consagrado na Súmula nº 5 do STF. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei 6.841/1996 do Estado de Mato Grosso. A norma impugnada, de iniciativa parlamentar, dispõe sobre a indenização por morte e invalidez permanente dos servidores públicos militares do referido Estado-membro. Segundo alegado, a norma em comento ofenderia os artigos 2º; 61, § 1º, II, c e f; 63, II; e 84, III, todos da CF, a ensejar sua inconstitucionalidade formal, porquanto se trataria de matéria relativa a regime jurídico dos servidores militares, a implicar acréscimo de despesa pública. O Colegiado, de início, afastou a preliminar de decadência da ação Questões Discursivas– www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 17 direta, aplicável, no caso, o Verbete 360 da Súmula do STF (“Não há prazo de decadência para a representação de inconstitucionalidade prevista no art. 8º, parágrafo único, da Constituição Federal”). Também rejeitou argumento segundo o qual teria havido a convalidação do ato impugnado em razão da sanção do governador, haja vista o vício formal de iniciativa. Quanto ao mérito, a Corte destacou que a locução “regime jurídico” abrangeria, entre outras regras, aquelas relativas aos direitos e às vantagens de ordem pecuniária dos servidores públicos. Ademais, a lei teria criado indenização a ser paga pelo Executivo. ADI 3920/MT, rel. Min. Marco Aurélio, 5.2.2015. (ADI-3920) Por ofensa à iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo para a propositura de leis sobre o regime jurídico dos servidores públicos (CF, art. 61, § 1º II, c), o Tribunal, julgando procedente a ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, declarou a inconstitucionalidade da Lei 1.786/91, do mesmo Estado, de origem parlamentar ("Art.1º - Os servidores aposentados, por exceção, em razão de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas serão considerados, para efeito de cálculo dos triênios incorporados aos seus proventos, como se em atividade estivessem até o necessário para integralizar o percentual máximo atribuível aos servidores em atividade. Parágrafo único - As disposições desta lei são estendidas aos professores excetuados na aposentadoria por norma constitucional, bem como a outras categorias funcionais em idêntica situação, definidas em outras leis."). O Tribunal considerou ainda que a sanção tácita da lei não supre o vício formal por falta de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. Precedentes citados: Rp 890-GB (RTJ 69/625); ADInMC 1.070-MS (DJU de 15.995); ADInMC 1.963-PR (DJU de 7.5.99). ADIn 700-RJ, rel. Min. Maurício Corrêa, 23.5.2001.(ADI-700) PROCURADOR DO ESTADO - PGE/BA - 2014 - CESPE De acordo com a jurisprudência do STF relativa ao processamento de ADIs federal e estadual em face de uma mesma lei estadual e considerando que o parâmetro de controle estadual seja de observância obrigatória, pelo princípio da simetria, analise, de forma fundamentada, os seguintes aspectos: 1- possibilidade de processamento simultâneo das ADIs federal e estadual em face da mesma norma estadual; [valor: 11,00 pontos] 2- possibilidade de processamento de ADI estadual superveniente, impugnando a constitucionalidade da norma estadual, caso esta venha a ser declarada inconstitucional pelo STF, ao julgar procedente ADI federal em decisão transitada em julgado. [valor: 8,00 pontos] SUGESTÃO DE RESPOSTA: Em relação ao item 1, nos termos da jurisprudência do STF, verifica-se a impossibilidade de processamento simultâneo das duas ADIs. Trata-se da situação denomina simultaneus processus, na qual deverá ser suspenso o processamento da ADI estadual até a conclusão do julgamento da ADI ajuizada perante o STF, já que a decisão desse influenciará na persistência ou não da ADI local. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 18 Em outras palavras, o ajuizamento simultâneo das ADIs é possível, mas seu processamento simultâneo e consequente julgamento não, já que a ADI estadual deverá ser suspensa até o julgamento final da ADI federal. Não se mostra, portanto, possível que se continue o processamento da ADI estadual (com a colhida de informações, pareceres, solicitações adicionais, relatório e voto), tendo em vista que ela poderá perder seu objeto, a depender do desfecho da ADI em trâmite perante o STF. Assim, suspende-se o trâmite/processamento da ADI estadual para se aguardar o desfecho da federal. Logo, é uma causa de suspensão prejudicial do processo de controle concentrado de constitucionalidade, nos termos da jurisprudência do STF. Tal conclusão só será atingida ao se considerar que o parâmetro de controle invocado perante a Constituição Estadual é de reprodução obrigatória. Em relação ao item 2, verifica-se a impossibilidade de processamento da ADI estadual superveniente. Isso porque, uma vez tendo a norma sido declarada inconstitucional pelo STF, em julgamento de ADI com trânsito em julgado, tal diploma normativo restou extirpado do ordenamento jurídico. Dessa forma, não subsistirá norma apta a ser apreciada em julgamento de ADI estadual superveniente. Nesses casos, a ADI estadual não deverá ser proposta e, caso o seja, será considerada prejudicada, por perda de objeto. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: Ação direta de inconstitucionalidade. Pedido de liminar. Lei nº 9.332, de 27 de dezembro de 1995, do Estado de São Paulo. - Rejeição das preliminares de litispendência e de continência, porquanto, quando tramitam paralelamente duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma no Tribunal de Justiça local e outra no Supremo Tribunal Federal, contra a mesma lei estadual impugnada em face de princípios constitucionais estaduais que são reprodução de princípios da Constituição Federal, suspende-se o curso da ação direta proposta perante o Tribunal estadual até o julgamento final da ação direta proposta perante o Supremo Tribunal Federal, conforme sustentou o relator da presente ação direta de inconstitucionalidade em voto que proferiu, em pedido de vista, na Reclamação 425. - Ocorrência, no caso, de relevância da fundamentação jurídica do autor, bem como de conveniência da concessão da cautelar. Suspenso o curso da ação direta de inconstitucionalidade nº 31.819 proposta perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, defere-se o pedido de liminar para suspender, ex nunc e até decisão final, a eficácia da Lei nº 9.332, de 27 de dezembro de 1995, do Estado de São Paulo. (ADI 1.423-MC/SP, Rel. Min. Moreira Alves, Tribunal Pleno, DJU de 22/11/96 AJUIZAMENTO DE AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE TANTO PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (CF, ART. 102, I, “A”) QUANTO PERANTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL (CF, ART. 125, § 2º). PROCESSOS DE FISCALIZAÇÃO CONCENTRADA NOS QUAIS SE IMPUGNA O MESMO DIPLOMA NORMATIVO EMANADO DE ESTADO- MEMBRO, NÃO OBSTANTE CONTESTADO, PERANTE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA, EM FACE DE PRINCÍPIOS, QUE, INSCRITOS NA CARTA POLÍTICA LOCAL, REVELAM-SE Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 19 IMPREGNADOS DE PREDOMINANTE COEFICIENTE DE FEDERALIDADE (RTJ 147/404 – RTJ 152/371-373). OCORRÊNCIA DE ‘SIMULTANEUS PROCESSUS’. HIPÓTESE DE SUSPENSÃO PREJUDICIAL DO PROCESSO DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO INSTAURADO PERANTE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL. NECESSIDADE DE SE AGUARDAR, EM TAL CASO, A CONCLUSÃO, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DO JULGAMENTO DA AÇÃO DIRETA. DOUTRINA. PRECEDENTES (STF).” (ADI 4138, Rel. Min. Celso de Mello, DJe 16.12.2009 Coexistência de jurisdições constitucionais estaduais e federal. Propositura simultânea de ação direta de inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o Tribunal de Justiça. Suspensão do processo no âmbito da Justiça estadual, até a deliberação definitiva desta Corte. Precedentes. Declaração de inconstitucionalidade, por esta Corte, de artigos da lei estadual. Arguição pertinente à mesma norma requerida perante a Corte estadual. Perda de objeto”. (Pet 2.701-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, Plenário, DJ de 19.03.2004 ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE Determinado estado da Federação editou lei que torna o exercício da acupuntura uma exclusividade dos médicos. Dada a existência de relevante controvérsia doutrinária sobre a aplicação dessa lei, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) ação declaratória de constitucionalidade (ADC) pedindo que o tribunal declare sua constitucionalidade. Com base na jurisprudência do STF e nas normas constitucionais, redija um texto dissertativo acercada viabilidade da ADC apresentada. Em seu texto, aborde 1 - a finalidade da ADC e a presunção de constitucionalidade das normas; [valor: 2,00 pontos] 2 - a legitimidade do CFM para ajuizar ADC; [valor: 2,50 pontos] 3 - o objeto da ADC; [valor: 2,50 pontos] 4 - a relevante controvérsia sobre a aplicação da norma objeto da referida ADC como requisito para sua propositura. [valor: 2,50 pontos] SUGESTÃO DE RESPOSTA: A ação declaratória de constitucionalidade foi regulada pela Lei nº 9.868/99, tendo como objetivo a declaração de conformidade de uma lei ou ato normativo federal autônomo (não regulamentar) com a CRFB. Nesse tipo de ação, é feita a análise em abstrato da norma impugnada, sem avaliar sua aplicação a um caso concreto. A legitimidade ativa para propor a ação está prevista no art. 103 da CRFB, que é bem mais amplo do que o rol previsto na Lei nº 9.868/99. Diversamente da ação direta de inconstitucionalidade, que pode ser manejada contra lei ou ato normativo estadual e federal, a ação declaratória de constitucionalidade tem por alvo apenas lei ou ato normativo federal. Acerca do procedimento, a petição inicial indicará o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido, o pedido, com suas especificações, e a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória, consoante o art. 14 da Lei nº 9.868/99. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 20 Aduza-se que a controvérsia deve ser jurídica, com decisões judiciais conflitantes, e não a mera cizânia doutrinária. Afinal, a inexistência de pronunciamentos judiciais distintos faria com que a ADC se tornasse um instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, o que desconfiguraria a natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo STF. No que se refere ao julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se em um ou em outro sentido se tiverem manifestado pelo menos seis Ministros. Ademais, proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente eventual ação direta de inconstitucionalidade ajuizada. Isso ocorre porque a ADC é uma ADI de sinal trocado. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Referido procedimento é chamado de modulação dos efeitos jurídicos. A doutrina e a jurisprudência apontam que a ADC busca transformar a presunção relativa de constitucionalidade das normas em presunção absoluta. Apesar de as normas possuírem uma presunção de constitucionalidade, essa presunção é apenas relativa, o que pode levar ao constante questionamento de sua constitucionalidade. Com isso, mostra-se viável o ajuizamento de ADC para confirmar essa constitucionalidade relativa, transformando-a em absoluta. Os legitimados para a ADC são os mesmos para propor a ação direta de inconstitucionalidade: o Presidente da República, os governadores, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa do Senado Federal, a Mesa de Assembleia/Câmara Legislativa; o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partido político com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Em relação ao CFM, ele não se configura como uma entidade de classe, mas uma entidade de fiscalização profissional. O rol do art. 103 da CRFB (legitimados para ADI e ADC) é taxativo, de forma que a única entidade de fiscalização é o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: “O ajuizamento da ação declaratória de constitucionalidade, que faz instaurar processo objetivo de controle normativo abstrato, supõe a existência de efetiva controvérsia judicial em torno da legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal. Sem a observância desse pressuposto de admissibilidade, torna-se inviável a instauração do processo de fiscalização normativa in abstracto, pois a inexistência de pronunciamentos judiciais antagônicos culminaria por converter, a ação declaratória de constitucionalidade, em um inadmissível instrumento de consulta Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 21 sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, descaracterizando, por completo, a própria natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo Supremo Tribunal Federal. O Supremo Tribunal Federal firmou orientação que exige a comprovação liminar, pelo autor da ação declaratória de constitucionalidade, da ocorrência, 'em proporções relevantes', de dissídio judicial, cuja existência -- precisamente em função do antagonismo interpretativo que dele resulta -- faça instaurar, ante a elevada incidência de decisões que consagram teses conflitantes, verdadeiro estado de insegurança jurídica, capaz de gerar um cenário de perplexidade social e de provocar grave incerteza quanto à validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal." (ADC 8-MC, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 13-10-1999, Plenário, DJ de 4-4-2003.) No mesmo sentido: ADC 1, rel. min. Moreira Alves, julgamento em 1º-12-1993, Plenário, DJ de 16-6-1995. “Aceita a idéia de que a ação declaratória configura uma ADI com sinal trocado, tendo ambas caráter dúplice ou ambivalente, afigura-se difícil admitir que a decisão proferida em sede de ação direta de inconstitucionalidade seria dotada de efeitos ou conseqüências diversos daqueles reconhecidos para a ação declaratória de constitucionalidade. Argumenta-se que, ao criar a ação declaratória de constitucionalidade de lei federal, estabeleceu o constituinte que a decisão definitiva de mérito nela proferida -- incluída aqui, pois, aquela que, julgando improcedente a ação, proclamar a inconstitucionalidade da norma questionada -- 'produzirá eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e do Poder Executivo' (Art. 102, § 2º da Constituição Federal de 1988). Portanto, sempre se me afigurou correta a posição de vozes autorizadas do Supremo Tribunal Federal, como a de Sepúlveda Pertence, segundo a qual, 'quando cabível em tese a ação declaratória de constitucionalidade, a mesma força vinculante haverá de ser atribuída à decisão definitiva da ação direta de inconstitucionalidade." (Rcl 2.256, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 11-9-2003, DJ de 30-4-2004.) “LEGITIMIDADE - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONSELHOS - AUTARQUIAS CORPORATIVISTAS. O rol do artigo 103 da Constituição Federal e exaustivo quanto a legitimação para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade. Os denominados Conselhos, compreendidos no genero "autarquia" e tidos como a consubstanciar a espécie corporativista não se enquadram na previsão constitucional relativa as entidades de classe de âmbito nacional. Da Lei Basica Federal exsurge a legitimação de Conselho único, ou seja, o Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Dai a ilegitimidade "ad causam" do Conselho Federal de Farmacia e de todos os demais que tenham idêntica personalidade jurídica - de direito público. (ADI 641 MC, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 11/12/1991, DJ 12-03-1993 PP-03557 EMENT VOL-01695-02 PP-00223) GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: O candidato deverá abordar os seguintes aspectos: 1- A finalidade da ADC e a presunção de constitucionalidade das normas - A ADC visa transformar apresunção relativa de constitucionalidade das normas (juris tantum) em presunção absoluta (jure et de jure). Apesar de as normas possuírem uma presunção de constitucionalidade, http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=8&classe=ADC%2DMC&cod_classe=591&origem=IT&recurso=0&tip_julgamento=M&ementa=2105 http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=1&classe=ADC&cod_classe=9&origem=IT&recurso=0&tip_julgamento=M&ementa=1791 http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=2256&classe=Rcl&cod_classe=403&origem=IT&recurso=0&tip_julgamento=M&ementa=2149 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 22 essa presunção é apenas relativa, o que pode levar ao constante questionamento de sua constitucionalidade. Com isso, mostra-se viável o ajuizamento de ADC para confirmar essa constitucionalidade relativa, transformando-a em absoluta. Assim, caso a ADC seja julgada procedente, a constitucionalidade da norma não poderá mais ser questionada, seja pelos demais órgãos do Poder Judiciário, seja pela administração pública (art. 102, § 2.º, da CF). 2- A legitimidade do CFM para ajuizar ADC - O CFM, por não ser entidade de classe, mas uma entidade de fiscalização profissional, não é legitimado para propor ADC, pois, conforme previsto no art. 103 da CF, o rol dos legitimados para propor ADC é taxativo e não inclui esse tipo de entidade de fiscalização. A única exceção, entre os conselhos de classe, é o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, em virtude de menção expressa na CF. Assim, não se mostra viável a ADC apresentada, por ilegitimidade ativa ad causam. Nesse sentido: ADI 641 MC, relator para Acórdão min. Marco Aurélio, DJ 12/03/1993; ADI 1997, relator ministro Marco Aurélio, DJ 8/6/1999. 3 O objeto da ADC A ADC, nos termos do art. 102, I, a, da CF, somente poderá ter por objeto lei ou ato normativo federal, não sendo possível sua propositura com base em norma estadual. Por mais esse motivo, não se mostra viável a ADC apresentada, já que norma estadual não pode ser objeto desse tipo de ação. 4- A relevante controvérsia sobre a aplicação da norma objeto da ADC como requisito para sua propositura É indispensável que haja controvérsia jurídica relevante sobre a aplicação da norma para justificar a propositura da ADC, não bastando a relevante controvérsia doutrinária. Trata-se de requisito indispensável para o conhecimento da ação, com o fim de justificar eventual insegurança na aplicação da norma. De acordo com o STF, “a inexistência de pronunciamentos judiciais antagônicos culminaria por converter a ação declaratória de constitucionalidade em um inadmissível instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, descaracterizando, por completo, a própria natureza jurisdicional que qualifica a atividade desenvolvida pelo Supremo Tribunal Federal” (ADC 8, relator ministro Celso de Mello, DJ 4/4/2003). Por tal razão, também não se mostra viável a ADC apresentada. PROCURADOR LEGISLATIVO –CAMPINA GRANDE DO SUL/PR – 2014 - FAPIFA O Controle de Constitucionalidade no ordenamento jurídico brasileiro pode ser exercido por meio do Controle Difuso e por meio do Controle Concentrado de Constitucionalidade. Por sua vez, o controle de constitucionalidade concentrado pode ser exercido por meio da Ação de Inconstitucionalidade, da Ação de Inconstitucionalidade por Omissão, Ação Declaratória de Constitucionalidade e pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Desta forma, quando uma lei ou ato normativo municipal contrariar a Constituição Federal, haverá possibilidade de controle concentrado por meio da Ação de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal? E em se tratando de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, há possibilidade de interpô-lo junto ao Supremo Tribunal Federal, quando uma lei ou ato normativo municipal contrariar a Constituição Federal? SUGESTÃO DE RESPOSTA: Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 23 Por falta de expressa previsão constitucional, seja no art. 102, I, a, seja no artigo 125, §2º, inexistirá controle concentrado por Ação Direta de Inconstitucionalidade de lei municipal frente à Constituição Federal. O máximo que pode ser feito é o controle via sistema difuso, podendo a questão ser levada ao Judiciário, por meio de recurso extraordinário, de forma incidental, ser apreciada pelo STF e ter sua eficácia suspensa, pelo Senado Federal, nos exatos termos do artigo 52, X, da CF. Há, contudo, a possibilidade de ajuizamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental, previsto no artigo 102, §1º da CF, tendo por objeto lei municipal confrontada perante a Constituição Federal, pois no artigo 1º, parágrafo único, I, da Lei 9.882/99, lei esta que regulamenta a ADPF, cabe o ajuizamento de ADPF quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo, federal, estadual, municipal. MAGISTRATURA FEDERAL – TRF5 – 2015 - CESPE Disserte sobre o tema controle de constitucionalidade, abordando, necessariamente, os aspectos a seguir. 1- No que se refere ao controle preventivo de constitucionalidade de lei federal pelo Judiciário, considere os seguintes pontos: controle concreto ou abstrato; legitimados ativos e passivos; a(s) hipótese(s) de cabimento; meio(s) viável(is) para a realização de tal controle; e os efeitos da decisão. 2- Com relação ao controle abstrato de constitucionalidade de lei municipal, considere os seguintes pontos: possibilidade e hipóteses de controle; normas-parâmetro; corte(s) competente(s) para a realização de tal controle em cada hipótese; legitimados à propositura da ação abstrata em cada hipótese; efeitos da decisão em cada hipótese. 3- Ainda no que tange ao controle abstrato de constitucionalidade de lei municipal, considere o cabimento ou não de recurso extraordinário em face de acórdão do tribunal local que declarar a inconstitucionalidade de lei municipal. [valor: 6,00 pontos] SUGESTÃO DE RESPOSTA: A doutrina aponta que o controle de constitucionalidade pode ser preventivo (atua antes da promulgação normativa) ou repressivo (atua posteriormente à promulgação do ato normativo). O controle repressivo é muito associado ao Judiciário pelo fato de ser uma atividade rotineiramente perpetrada por aludido Poder, havendo muita divergência acerca da possibilidade de o Tribunal de Contas, com base na antiga e criticada súmula 347 do STF, poder apreciar a constitucionalidade de normas. O controle preventivo é feito, por exemplo, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, pelo chefe do Executivo Federal (ao vetar um artigo, por exemplo) e, como aponta a jurisprudência do STF, em viés de extrema excepcionalidade pelo Judiciário. Assim, de acordo com entendimento do STF, o controle jurisdicional prévio ou preventivo de constitucionalidade sobre projeto de lei ainda em trâmite somente pode ocorrer de modo incidental, na via de exceção ou defesa. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 24 Assim, é assente a jurisprudência do STF admitindo a impetração de Mandado de Segurança por Parlamentar, no exercício do mandato, a fim de tutelar direito líquido e certo à observância do devido processo legislativo constitucional. O que a jurisprudência do STF tem admitido, como exceção, é a legitimidade do parlamentar - e somente do parlamentar - para impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei ou emenda constitucional incompatíveis com disposições constitucionais que disciplinam o processo legislativo. Nessas excepcionais situações, em que o vício de inconstitucionalidade está diretamente relacionado a aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa, a impetração de segurança éadmissível porque busca corrigir vício já efetivamente concretizado no próprio curso do processo de formação da norma, antes mesmo e independentemente de sua final aprovação ou não. Em relação ao controle abstrato de constitucionalidade de lei municipal, ela poderá ocorrer pela via de ADI estadual (ou representação de inconstitucionalidade) perante o TJ pertinente, bem como pela ADPF, mas no STF. Importante salientar que o controle abstrato de constitucionalidade de normas municipais terá, como parâmetro, a Constituição Estadual do respectivo Estado e, como dito, será analisada pelo Tribunal de Justiça. Acerca dos legitimados, é preciso verificar quem são eles, nos termos do art. 125, §2º, da CRFB, isto é, não pode ser apenas um órgão legitimado para tal intento. Atinente aos efeitos da decisão, eles serão erga omnes e ex tunc, mas pode haver modulação além de, obviamente, existir o caráter de vinculatividade do comando judicial. A possibilidade de ajuizamento de ADPF junto ao STF guarda previsão no art. 1º, parágrafo único, I, da Lei nº 9.882/99. Os legitimados são os mesmos da ADI e da ADC, inclusive no que tange aos efeitos (pode haver modulação e a parametrização envolve a norma constitucional). Por fim, é viável a interposição de recurso extraordinário da decisão proferida pelo Tribunal de Justiça quando do exercício do controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais. Porém, deve haver amoldamento às hipóteses constitucionalmente elencadas. Frise-se que, via de regra, da decisão do Tribunal de Justiça em controle abstrato de lei estadual ou municipal tendo a Constituição Estadual como parâmetro não cabe recurso para o STF. Afinal, ele é o intérprete máximo de lei (federal, estadual ou distrital de natureza estadual) perante a CRFB. Mas, em cunho excepcional, a norma estadual parâmetro pode ser uma norma de norma de observância obrigatória ou compulsória pelos Estados-Membros (norma de reprodução obrigatória). Assim, se a lei estadual municipal macula a Constituição Estadual, ela pode também, como pano de fundo, macular a própria CRFB. Tendo em vista que o Tribunal de Justiça é incompetente para analisar referida violação, há a possiblidade de se interpor o recurso extraordinário para que o STF profira sua análise. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 25 Reclamação com fundamento na preservação da competência do Supremo Tribunal Federal. Ação direta de inconstitucionalidade proposta perante Tribunal de Justiça na qual se impugna Lei municipal sob a alegação de ofensa a dispositivos constitucionais estaduais que reproduzem dispositivos constitucionais federais de observância obrigatória pelos Estados. Eficácia jurídica desses dispositivos constitucionais estaduais. Jurisdição constitucional dos Estados-membros. Admissão da propositura da ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça local, com possibilidade de recurso extraordinário se a interpretação da norma constitucional estadual, que reproduz a norma constitucional federal de observância obrigatória pelos Estados, contrariar o sentido e o alcance desta” (Rcl 383, Rel. Min. Moreira Alves, j. 11.06.1992, DJ de 21.05.1993). PROCURADOR AUTÁRQUICO - UNICAMP - 2018 – VUNESP Considere a seguinte situação hipotética: A Assembleia Legislativa do Estado X, visando aumentar a arrecadação do ente federativo, instituiu por lei ordinária um novo imposto a ser pago por todos os contribuintes de forma mensal. Mélvio, residente no Estado X, efetuou o pagamento do imposto por 3 (três) meses, mas, por duvidar da constitucionalidade da lei em questão, ajuizou uma ação declaratória de inexistência de débito, cumulada com repetição de valores pagos, aduzindo, dentre outros argumentos e de forma incidental, que a nova lei estadual é inconstitucional. Distribuída a ação, o juiz da 1a Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital do Estado X julgou improcedentes os pedidos iniciais por entender que a norma está em plena consonância com a Constituição Federal. Irresignado com a sentença, Mélvio interpôs recurso de apelação que foi distribuído à 4a Câmara de Direito Público do respectivo Tribunal de Justiça do Estado. Ao julgar o recurso, a 4a Câmara do Tribunal de Justiça acolheu os argumentos da apelação e, embora não tenha declarado expressamente a inconstitucionalidade da lei, afastou a sua incidência. Considere ainda que no momento do julgamento a matéria não havia sido analisada pelo órgão especial ou pleno do Tribunal de Justiça, tampouco pelo Supremo Tribunal Federal. A partir do caso e das informações apresentadas, responda ao seguinte: a) Discorra sobre a Cláusula de Reserva de Plenário. b) No caso hipotético indicado, a 4a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça violou a Cláusula da Reserva de Plenário? Justifique. SUGESTÃO DE RESPOSTA: A cláusula de reserva de plenário é um mecanismo constitucional relativo ao controle difuso de constitucionalidade brasileiro, insculpida no art. 97 da CRFB, a qual determina que o julgamento da inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo do Poder Público, quando realizada por um Tribunal, só será possível pelo voto da maioria absoluta dos seus membros ou dos membros de seu órgão especial. A 4ª Câmara do Tribunal de Justiça do Estado X violou a Cláusula da Reserva de Plenário, pois, no exercício do controle difuso de constitucionalidade, nos termos apregoados pelo art. 97 da CRFB, o julgamento da inconstitucionalidade de uma lei ou Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 26 ato normativo do Poder Público, quando realizada por um Tribunal, só será possível pelo voto da maioria absoluta dos seus membros ou dos membros de seu órgão especial. No caso hipotético apresentado, muito embora não tenha declarado expressamente a inconstitucionalidade da norma, o órgão fracionário (4ª Câmara) afastou a incidência da norma, e, conforme Súmula Vinculante nº 10, viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. Por derradeiro, não há, no caso, as hipóteses de mitigação da cláusula de reserva de plenário previstas pela jurisprudência do STF e reafirmada pelo artigo 949, parágrafo único, do CPC/2015, quais sejam: 1) existência de pronunciamento do plenário ou órgão especial do próprio Tribunal; ou 2) pronunciamento do plenário do STF sobre a questão; e, o enunciado afirma expressamente que a matéria não foi objeto de análise pelo plenário do TJ Estadual, tampouco pelo STF. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: INCONSTITUCIONALIDADE - INCIDENTE - DESLOCAMENTO DO PROCESSO PARA O ÓRGÃO ESPECIAL OU PARA O PLENO - DESNECESSIDADE. Versando a controvérsia sobre ato normativo já declarado inconstitucional pelo guardião maior da Carta Política da Republica - o Supremo Tribunal Federal - descabe o deslocamento previsto no artigo 97 do referido Diploma maior. O julgamento de plano pelo órgão fracionado homenageia não só a racionalidade, como também implica interpretação teleológica do artigo 97 em comento, evitando a burocratização dos atos judiciais no que nefasta ao princípio da economia e da celeridade. A razão de ser do preceito está na necessidade de evitar-se que órgãos fracionados apreciem, pela vez primeira, a pecha de inconstitucionalidade arguida em relação a um certo ato normativo. (AI 168149 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma, julgado em 26/06/1995, DJ 04-08-1995 PP-22520 EMENT VOL-01794-19 PP-03994) PROCURADOR DO ESTADO - PGE/RO - 2011 - FCC Uma câmara do Tribunal de Justiça considerou inconstitucional dispositivo de lei, afastando a incidência da lei no caso, sem, entretanto, declarar expressamente a sua inconstitucionalidade.Diga se a Câmara agiu em acordo ou desacordo com a medida. SUGESTÃO DE RESPOSTA: Prevista no art. 97 da CRFB, a cláusula de reserva do plenário (também chamada de “fullbench”) menciona que o julgamento da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, quando efetuada por tribunal, só será possível pelo voto da maioria absoluta dos seus membros ou dos membros de seu órgão especial. Saliente-se que isso não impede que os juízos singulares declarem a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo no controle difuso, bem como não se aplica às turmas recursais dos juizados especiais, pois turma recursal não é tribunal. http://www.jusbrasil.com/topico/872507/artigo-97-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 27 Um entendimento importante por parte do STF é que a cláusula de reserva de plenário é aplicável somente aos textos normativos erigidos sob a égide da atual Constituição. As normas editadas quando da vigência das Constituições anteriores se submetem somente ao juízo de recepção ou não pela atual ordem constitucional, o que pode ser realizado por órgão fracionário dos Tribunais sem que se tenha por violado o art. 97 da CRFB. Diante disso, a câmara deveria ter submetido a questão ao Plenário do Tribunal ou ao respectivo Órgão Especial e, depois, ficando reconhecida a inconstitucionalidade, decidir o mérito do recurso de apelação, observando o que foi decidido pelo plenário ou pelo órgão especial. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: Súmula Vinculante nº 10 –Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. O art. 97 da Constituição, ao subordinar o reconhecimento da inconstitucionalidade de preceito normativo a decisão nesse sentido da "maioria absoluta de seus membros ou dos membros dos respectivos órgãos especiais", está se dirigindo aos tribunais indicados no art. 92 e aos respectivos órgãos especiais de que trata o art. 93, XI. A referência, portanto, não atinge juizados de pequenas causas (art. 24, X) e juizados especiais (art. 98, I), os quais, pela configuração atribuída pelo legislador, não funcionam, na esfera recursal, sob regime de plenário ou de órgão especial. [ARE 792.562 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 18-3-2014, 2ª T, DJE de 2-4-2014.] AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. LEI 4.156/62. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. ARGUIÇÃO DE AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DA DECISÃO. OFENSA REFLEXA. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). INOCORRÊNCIA. NORMA ERIGIDA SOB A ÉGIDE DA CONSTITUIÇÃO ANTERIOR. RECEPÇÃO DA LEI POR ÓRGÃO FRACIONÁRIO. POSSIBILIDADE. 1. Os princípios da legalidade, do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, da motivação das decisões judiciais, bem como os limites da coisa julgada, quando a verificação de sua ofensa dependa do reexame prévio de normas infraconstitucionais, revelam ofensa indireta ou reflexa à Constituição Federal, o que, por si só, não desafia a instância extraordinária. Precedentes 2. A cláusula de reserva de plenário (fullbench) é aplicável somente aos textos normativos erigidos sob a égide da atual Constituição. 3. As normas editadas quando da vigência das Constituições anteriores se submetem somente ao juízo de recepção ou não pela atual ordem constitucional, o que pode ser realizado por órgão fracionário dos Tribunais sem que se tenha por violado o art. 97 da CF. Precedentes: AI- AgR 582.280, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 6.11.2006 e AI 831.166-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, Dje de 29.4.2011. 3. Agravo regimental desprovido (AgIN 851.849 AgRg / RT 935). http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=5568018 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=5568018 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 28 PROCURADOR DO BANCO CENTRAL – AGU - CESPE - 2013 À luz da chamada cláusula de reserva de plenário, prevista no art. 97 da Constituição Federal, bem como da legislação que rege o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (ADI), da ação declaratória de constitucionalidade (ADC) e da arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), responda, de forma justificada, à seguinte indagação. Ao julgar o mérito de ADPF proposta em face de controvérsia judicial relevante sobre a constitucionalidade de determinada lei, o plenário do Supremo Tribunal Federal poderia declará-la inconstitucional por cinco votos contra quatro, ausentes justificadamente dois ministros? SUGESTÃO DE RESPOSTA: A chamada cláusula de reserva de plenário ou full bench está prevista no art. 97 da CRFB. Por essa ótica, somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. A intenção disso é que para que os tribunais afastem determinada norma por entendê-la inconstitucional, é necessário que a decisão seja proferida pela maioria absoluta da composição do Tribunal ou de seu órgão especial. Isso, de acordo com a doutrina, gera maior segurança e legitimidade nas discussões acerca da constitucionalidade de uma norma. No caso do STF, a decisão por maioria absoluta demanda a presença de pelo menos 2/3 dos Ministros, ou seja, 8 dos 11 Ministros. Nota-se, portanto, que a declaração de inconstitucionalidade deve ser proferida pela maioria absoluta (seis votos), mas desde que presente, ao menos, oito ministros. Porém, de acordo com o STF, a cláusula de reserva de plenário (full bench) é aplicável somente aos textos normativos erigidos sob a égide da atual CRFB, o que invalida de qualquer maneira o quantitativo de ministros presentes ou não. Frise-se que a ADPF não suscita o controle de constitucionalidade, de forma que se verifica o controle de compatibilidade. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: “(...) A cláusula de reserva de plenário (full bench) é aplicável somente aos textos normativos erigidos sob a égide da atual Constituição. 3. As normas editadas quando da vigência das Constituições anteriores se submetem somente ao juízo de recepção ou não pela atual ordem constitucional, o que pode ser realizado por órgão fracionário dos Tribunais sem que se tenha por violado o art. 97 da CF. (...) (ARE 705316 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 12/03/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-070 DIVULG 16-04-2013 PUBLIC 17-04-2013) MAGISTRATURA ESTADUAL - TJMS - 2015 – VUNESP É possível a realização de controle de constitucionalidade no âmbito da ação civil pública? Fundamente sua resposta de modo que aborde o seguinte: a) exercício do Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 29 controle de constitucionalidade mediante instrumentos que qualifiquem a questão constitucional como questão prejudicial ou incidental; b) exercício do controle de constitucionalidade mediante instrumentos que qualifiquem a questão constitucional como questão principal; c) se a ação civil pública serve como instrumento de constitucionalidade de caráter prejudicial/incidental e/ou principal; d) posicionamento do Supremo Tribunal Federal acerca do controle de constitucionalidade na ação civil pública. SUGESTÃO DE RESPOSTA: O controle de constitucionalidade realizado de forma concreta ou incidental é aquele em que a questão da constitucionalidade encontra-se na causa de pedir e não no pedido, ou seja, em qualquer demanda em que se pretenda um bem da vida, a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo poderá ser alegada como questão prejudicial, a
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