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Glicólise Anna Carolina Outubro - 2022 Primeiramente a glicose precisa entrar na célula. Essa entrada pode ser feita de duas maneiras: 1. Difusão facilitada utilizando uma das 14 isoformas das proteínas de membrana GLUT (1-14). Como é uma difusão facilitada, esse transporte ocorre no sentido do gradiente de concentração e pode ocorrer uma saturação da proteína carreadora. Cada tipo celular dos diferentes tecidos do corpo apresenta um tipo de GLUT específico; 2. Cotransporte dependente de Na+: ocorre na membrana luminal dos enterócitos durante a absorção dos monossacarídeos da dieta. Trata-se de um transporte ativo secundário que utiliza a energia disponível graças ao gradiente de concentração do Na+. Uma vez dentro, a glicose necessita ser fosforilada para evitar que ela saia da célula, pois quando fosforilada, ocorre um aumento da polaridade da molécula, inviabilizando o retorno via membrana plasmática e, também ocorre uma mudança de conformação, garantindo que ela não saia via os GLUT’s. Ocorre assim a primeira reação da glicólise que é a fosforilação da glicose a glicose-6-fosfato. Essa reação pode ser catalisada por duas enzimas diferentes dependendo do tecido. Na maioria deles, é catalisada pelo hexocinase, que fosforila diversas hexoses e age como sensor de glicose no hipotálamo. A outra enzima que age apenas nos hepatócitos e nas células β das ilhotas de Langerhans do pâncreas, que é a glicocinase. ● Hexocinase apresenta baixo Km (grande afinidade pelo substrato), mas tem baixa Vmáx (só fosforila o que a célula consegue metabolizar); ● Glicocinase possui um Km alto (baixa afinidade pelo substrato); Vmáx alta (alta eficiência); é inibida pela frutose-6-fosfato (inibição alostérica com efetor heterotrópico), é estimulada pela glicose (substrato); quando inativada pela PRGK, fica retida no núcleo até a concentração de glicose aumentar. A glicocinase age como sensor de glicose e atua no limiar de insulina (que é secretada pelas células β das ilhotas de Langerhans). A alta Vmáx da glicocinase facilita a fosforilação da glicose durante a hiperglicemia. A disfunção da glicocinase provoca a diabetes tipo 2. A segunda reação que ocorre na glicólise é a isomerização da glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato, catalisada pela fosfoglicose-isomerase. Essa reação é facilmente reversível. A terceira reação é a fosforilação da frutose-6-fosfato gerando a frutose-1,6-bisfosfato. Essa reação é limitante da velocidade da glicólise e é catalisada pela PFK-1 (fosfofrutocinase-1). A PFK-1 é controlada pela concentração do substrato, pela quantidade de ATP e pela frutose-6-fosfato: (- : NEGATIVO) - ↑ ATP alostericamente - ↑ Citrato: favorece a glicogênese +↑ AMP: célula sem energia + frutose-2,6-bifosfato: previne ciclos inúteis de glicólise e de glicogênese. A quarta reação é a clivagem, catalisada pela aldolase, da frutose-1,6-bifosfato em di-hidroxiacetona-P e gliceraldeído-3-P. Essa é uma reação reversível e não regulada. A quinta reação é a isomerização da di-hidroxiacetona-P, gerando outra molécula de gliceraldeído-3-P. Essa reação é catalisada pela triose-fosfato-isomerase. A sexta reação é a oxidação do gliceraldeído-3-P gerando o 1,3-bisfosfoglicerato (1,3-BGP), via enzima gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase. Essa reação é a primeira oxidação da glicólise. Nos eritrócitos está presente a 2,3-BGP, que é um isômero da 1,3-BGP, que serve como uma opção para uma maior captação de O2. Nessa reação são formados 2 NADH, pois são oxidados dois gliceraldeídos-3-fosfato. A sétima reação é a síntese do 3-fosfoglicerato com produção de ATP. É catalisada pela fosfoglicerato-cinase e tem a produção de 4 ATP’s, gerando um saldo de 2 ATP’s, pois dois são utilizados na etapa de investimento da glicólise (fosforilações da glicose e da frutose-6 fosfato). A oitava reação é a troca do fosfato do carbono 3, para o carbono 2 da molécula de 3-fosfoglicerato, gerando mais estabilidade. Reação catalisada pela fosfoglicerato-mutase e é livremente reversível. A nona reação é a desidratação do 2-fosfoglicerato, redistribuindo a energia na molécula que gera o fosfoenolpiruvato (PEP), promovida pela enolase e é reversível. A décima reação é a formação do piruvato com produção de ATP. A piruvato-cinase transforma o PEP em piruvato. Essa reação é irreversível. A piruvato-cinase (PK) tem feedback positivo com o aumento da concentração de frutose-1,6-bisfosfato e feedback negativo com a presença de glucagon, que atua via AMPc que fosforolisa a piruvato-cinase (inativando-a) e incita a gliconeogênese. Em casos de deficiência de PK, ocorre uma diminuição da quantidade de ATP produzida, assim os eritrócitos ficam sem energia para as bombas de membrana que garantem a manutenção da forma da célula. Desse modo, elas acabam sendo fagocitadas pelos macrófagos do baço antecipadamente, gerando a anemia hemolítica. Em casos de anaerobiose, em tecidos pouco vascularizados e ainda nas células sem mitocôndrias (cristalino, córnea, medula renal, testículos, leucócitos e eritrócitos), o principal destino do piruvato é formado pela redução do mesmo à lactato, nessa reação um NADH é consumido e o NAD+ retorna para a oxidação do gliceraldeído-3-fosfato. 1. Lactato no músculo: durante o exercício a síntese de NADH excede a capacidade oxidativa da cadeia respiratória, aumentando a razão NADH/NAD+, favorecendo a redução do piruvato a lactato. O lactato difunde para a corrente sanguínea e pode ser utilizado pelo fígado para produzir glicose na gliconeogênese. 0. O sentido da reação da lactato-desidrogenase depende das concentrações do piruvato e do lactato e da NADH/NAD+. No fígado essa relação NADH/NAD+ é baixa e a preferência é a utilização do piruvato posteriormente no ciclo do ácido cítrico ou na gliconeogênese. 0. Acidose lática ocorre quando a concentração de lactato no plasma aumenta, decorrente de hipóxia, onde as células são forçadas a fazer glicólise anaeróbica. A glicólise também é regulada pelos hormônios insulina e glucagon, como mostrado abaixo. As flechas mais escuras são as reações irreversíveis da glicólise: . Fosforilação da glicose em glicose-6-fosfato: HEXOCINASE; II. Fosforilação da frutose-6-fosfato em frutose-1,6-bifosfato: FOSFOFRUTOCINASE-1 (PK1) > Marca-passo da glicólise; III. Transformação do fosfoenolpiruvato em piruvato: PIRUVATO-CINASE (PK). O piruvato é descarboxilado oxidativamente pela piruvato-desidrogenase, produzindo acetil-CoA.
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