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Fisiologia - p. 28 corrigida

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FISIOLOGIA HUMANA
Professor Dr. Samuel Rodrigues Lourenço de Morais
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Vice-reitora
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. José Roberto Marques de Castro
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação 
Comunitária
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva
Pró-reitor Administrativo
Marco Antonio Teixeira
Direção do Núcleo de Educação a Distância
Paulo Pardo
Coordenação Pedagógica do Curso
Fabiana Aparecida Arf
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
B42 Design
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos 
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A 
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Universidade de Marília 
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 
CEP 17.525–902- Marília-SP
Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia
F385m sobrenome, nome
nome livro / nome autor. nome /coordenador (coord.) - Marília: 
Unimar, 2021.
PDF (00p.) : il. color.
ISBN xxxxxxxxxxxxx
1. tag 2. tag 3. tag 4. tag – Graduação I. Título.
CDD – 00000
BOAS-VINDAS
Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos 
nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR – 
Universidade de Marília.
Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não 
conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino 
superior bem feito. 
A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base 
na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão 
de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade, 
capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio, 
a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização 
e da solidariedade humanas.
A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos 
sonhos, conquistas e desafios.
A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de 
350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também 
do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais 
de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram 
suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR.
Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR 
com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática 
e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa 
de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa 
está ligada de forma indissociável à educação.
Nós nos comprometemos com essa educação transformadora, 
investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja 
ofertada e esteja acessível a todos. 
Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu 
futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos 
parceiros neste momento e não mediremos esforços para 
o seu sucesso!
Não vamos parar, vamos continuar com investimentos 
importantes na educação superior, sonhando sempre. 
Afinal, não é possível nunca parar de sonhar! 
Bons estudos!
Dr. Márcio Mesquita Serva
Reitor da UNIMAR
Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida! 
Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado 
em um curso de ensino superior em uma Universidade de 
excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada 
minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino, 
a pesquisa e a extensão universitária. 
Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as 
oportunidades, faça amizades e viva as experiências que 
somente um ensino superior consegue proporcionar.
Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede 
do campus universitário localizado na cidade de Marília, 
navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog 
e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR!
Muito obrigada por escolher esta Universidade para a 
realização do seu sonho profissional. Seguiremos, 
juntos, com nossa missão e com nossos valores, 
sempre com muita dedicação. 
Bem-vindo(a) à Família UNIMAR.
Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu 
projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são 
as pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam 
se estiverem capacitadas para isso.
Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação 
pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo, 
inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você 
tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso, 
que você possa desenvolver as competências e habilidades 
necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu 
presente, neste momento mágico em que vivemos.
A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de 
sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para 
apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo 
seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você 
tem a gente para seguir junto com você. 
Sucesso sempre!
Profa. Fernanda 
Mesquita Serva
Pró-reitora de Pesquisa, 
Pós-graduação e Ação 
Comunitária da UNIMAR
Prof. Me. Paulo Pardo
Coordenador do Núcleo 
EAD da UNIMAR
006 Aula 01:
014 Aula 02:
022 Aula 03:
033 Aula 04:
040 Aula 05:
046 Aula 06:
055 Aula 07:
064 Aula 08:
075 Aula 09:
087 Aula 10:
095 Aula 11:
105 Aula 12:
117 Aula 13:
128 Aula 14:
138 Aula 15:
147 Aula 16:
Introdução à Fisiologia Humana e Homeostase
Sistema Nervoso
Sistema Nervoso Autônomo e Somático
Comunicação Sistema Nervoso: Sinapses
Tecido Muscular Esquelético
Tecido Muscular Esquelético - Controle Neuromotor
Sistema Circulatório I
Sistema Circulatório II
Sistema Neuroendócrino I
Sistema Neuroendócrino II
Sistema Respiratório
Sistema Digestório
Sistema Renal
Sistema Reprodutor Feminino
Sistema Reprodutor Masculino
Sistema Imunológico
01
Introdução à Fisiologia 
Humana e Homeostase
6
Fisiologia Humana: A Ciência que
Investiga o Ser Humano
A Fisiologia Humana é a ciência pertencente às cadeiras básicas da saúde que se
dedicam ao estudo do funcionamento do corpo humano, mais especi�camente
sobre como as células, os tecidos e os sistemas interagem entre si, assim como o
organismo humano se comporta em situações de saúde (homeostase �siológica) e
durante processos ou instalação de doenças (PRESTON; WILSON, 2014).
A �siologia é o estudo da função biológica: como o corpo funciona, da
célula ao tecido, do tecido ao órgão, do órgão ao sistema e de que
maneira o organismo como um todo realiza tarefas particulares
essenciais à vida. No estudo da �siologia, são enfatizados os
mecanismos – ou seja, as questões da �siologia giram em torno do
modo de funcionamento do organismo, e as respostas envolvem
sequências de causa e efeito. Essas sequências podem ser
entrelaçadas em relatos cada vez mais amplos, que incluem descrições
de estruturas envolvidas (anatomia) e que se sobrepõem a outras
ciências, como a química e a física (FOX, 2007, p. 04).
Um dos pontos interessantes nas investigações e estudos em Fisiologia referem-se
ao estudo do organismo em estado saudável (Homeostase �siológica) e quando há
a instalação de doença, o que altera o comum funcionamento do órgão a ser
investigado. E para que isso seja possível há diversos modelos experimentais,
porém, o modelo experimental clássico utilizado para saber qual função realmente
um órgão exerce sobre todo o sistema é a remoção dele. Após a remoção do órgão
ocorre um período observacional sobre os parâmetros �siológicos e
comportamentais dos animais em estudo (FOX, 2007).
Esse tipo de investigação permitiu que tanto a Fisiologia quanto a Patologia (estudo
sobre as doenças) evoluíssem, e permitiu que fosse compreendido o
funcionamento normal e em estado patológico do organismo humano,promovendo a construção da base da medicina moderna.
7
Fonte: TORTORA, 2016.
A Homeostasia Fisiológica
O termo homeostase remete a equilíbrio, e aplicando esse termo aos estudos da
Fisiologia podemos compreender que se refere ao estado de equilíbrio
momentâneo ou permanente do ambiente interno e de todos os seus sistemas.
Mais especi�camente, se refere ao controle dentro de padrões de normalidade do
volume e dos líquidos corporais, soluções aquosas e substâncias químicas que
estão dentro e fora do ambiente celular (células). O líquido que se encontra dentro
do conteúdo celular é denominado de líquido intracelular (LIC) e o conteúdo que se
localiza no meio externo chama-se líquido extracelular (LEC) (FOX, 2007; TORTORA,
2016).
8
A constituição do líquido intersticial se altera de maneira constante, dependendo
diretamente sobre como as substâncias se movem de dentro e para fora das
células em direção ao plasma sanguíneo. Tal troca é fundamental para o
fornecimento de substratos para as células, como, por exemplo, moléculas de
glicose, oxigênio e íons (TORTORA, 2016).
Mas como o organismo consegue manter a homeostase de nosso organismo, uma
vez que há constantes mudanças nos conteúdos celulares internos e externos?
A resposta para essa pergunta é que o controle do estado de homeostase do
organismo é feito por re�nados mecanismos �siológicos denominados de alças de
retroalimentação, as quais informam a todo momento o que ocorre em nosso
organismo aos centros superiores de controle (sistema nervoso central (SNC).          
             
Sistemas de Controle da Homeostase
O sistema de homeostase humano é desa�ado a todo momento por estímulos
oriundos do meio ambiente externo em que vivemos ou por estímulos que se
originam no nosso próprio organismo (meio externo). Esses estímulos representam
perturbações ao estado de equilíbrio do organismo (homeostase), como, por
exemplo, temperatura elevada (dia quente), frio extremo (inverno), redução na
oferta de oxigênio (altitudes elevadas) e demandas energéticas aumentadas
(exercício físico) (TORTORA, 2016).
Tais desarranjos na homeostase do organismo podem ocorrer momentaneamente
ou por períodos prolongados, resultando em estados de estresse severo, podendo
desencadear a instalação de doenças crônicas. No entanto, de maneira satisfatória,
nosso organismo é dotado de mecanismos fantásticos que regulam
minuciosamente as variações de nosso organismo, sempre com o objetivo de
manter o equilíbrio interno. Dentre os componentes desses sistemas podemos
citar os sistemas endócrino e o sistema nervoso central, que de maneira associada
ou isolada, trabalham para a manutenção do meio interno (FOX, 2007; TORTORA,
2016).
O Sistema Nervoso Central (SNC) atua por meio de sinais sensoriais/elétricos
(impulsos nervosos), tanto os recebidos quanto os enviados aos órgãos e tecidos
para que seja normalizado o funcionamento do organismo. Já o sistema endócrino,
por meio de suas glândulas secretoras, libera moléculas sinalizadoras (hormônios)
que atuam tanto no próprio local de liberação ou de maneira sistêmica (em todo o
9
organismo). Interessantemente, os impulsos nervosos desencadeados pelo SNC
promovem respostas muito rápidas, enquanto os hormônios desencadeiam
respostas mais demoradas, porém, mais prolongadas, ambas intermediadas por
alças de retroalimentação positiva e negativa (FOX, 2007; TORTORA, 2016). 
Todo o controle ocorre graças aos sistemas de
feedback positivo e feedback negativo que, de acordo
com a nomenclatura, ou estimulam ou inibem a
intensidade das respostas �siológicas que ocorrem a
todo momento em nosso corpo.
A imagem 2 representa uma alça de retroalimentação.
10
Imagem 2 – Ciclo de retroalimentação da homeostase
Fonte: TORTORA, 2016.
11
Graças aos sistemas de controle da homeostase humana conseguimos
realizar diversas atividades motoras, como, por exemplo, correr em dia
ensolarado e com temperaturas elevadas. Graças a esses mecanismos o
nosso corpo consegue regular a temperatura corporal e manter a
integridade do nosso organismo.
Os mecanismos de feedback pertencentes ao sistema de
retroalimentação são vias de sinalização fantásticas! Uma maneira
segura e divertida de veri�car esses sistemas é estimular o sistema
sensorial (pele - extremidades) com diferentes tecidos e objetos com a
pessoa vendada. Perceberá que dependendo da superfície que o
avaliado tocar, causará conforto, estranheza ou repulsa!
12
Você sabe como ocorre o surgimento das febres? Isso mesmo, das
febres, que ocorrem em resposta a focos in�amatórios de origem viral
ou bacteriana e, caso não sejam controladas, podem resultar em
convulsões e até mesmo em óbito. A in�amação de�agra a produção de
mediadores in�amatórios que são percebidos pelo sistema de defesa
do organismo que, por sua vez, sinaliza o evento agressivo à região
hipotalâmica, iniciando o processo de febre!
13
02
Sistema Nervoso
14
Sistema Nervoso Central (SNC): A
Integração do Mundo
O Sistema Nervoso Central (SNC) é o local onde todos os sinais internos
(endócrinos) e externos (meio ambiente) são percebidos, modulados, interpretados
e, então, soluções e respostas bioquímicas e motoras são iniciadas, e re�etem em
ações motoras coordenadas.
Além disso, o SNC é o responsável pela maneira pela qual percebemos o mundo ao
nosso redor, sobre o nosso comportamento frente a diversas situações, memórias
e é o modulador de todos os movimentos volitivos (TORTORA, 2016).
O estudo da Neurociência que envolve toda a comunicação e processamento
central é muito amplo e complexo, portanto, nesta aula, serão apresentados
postos-chave do SNC e de seus desdobramentos �siológicos, iniciando pela sua
organização. 
15
Fonte: SEELEY, 2016.
Organização do SNC
O sistema nervoso é um dos menores sistemas que compõem nosso organismo,
porém, o mais complexo, constituído por milhões de células, os neurônios,
formando um imenso emaranhado de redes de transmissão de impulsos
neuronais, as sinapses, a linguagem utilizada pelos neurônios durante sua
comunicação.
16
Classicamente, o sistema nervoso divide-se em SNC e Sistema Nervoso Periférico
(SNP), no qual o SNC é o responsável por receber, processar e elaborar respostas
decorrentes aos sinais internos e externos. A elaboração das respostas realizadas
pelo SNC é efetivada pelo SNP, como, por exemplo, as ações motoras voluntárias e
involuntárias. Além disso, o SNP desempenha o importante papel de transmitir
sinais sensoriais ao SNC (TORTORA, 2016; FOX, 2007).
O SNC é constituído pelo encéfalo e pela medula espinal, enquanto o SNP é
formado pelos nervos, plexos entéricos e receptores sensitivos, enviando
informações periféricas ao centro de integração de informações (SNC).
Em relação ao SNC, podemos compreendê-lo da seguinte maneira:
O encéfalo é a parte do SNC que está localizada no crânio e contém
cerca de 85 bilhões de neurônios. A medula espinal conecta-se com o
encéfalo por meio do forame magno do occipital e está envolvida
pelos ossos da coluna vertebral. A medula espinal possui cerca de 100
milhões de neurônios. O SNC processa muitos tipos diferentes de
informações sensitivas. Também é a fonte dos pensamentos, das
emoções e das memórias. A maioria dos sinais que estimulam a
contração muscular e a liberação das secreções glandulares se origina
no SNC (TORTORA, 2016, p. 405).
Em relação aos nervos, constituintes do SNP, caracteriza-se por ser um feixe
composto por centenas de milhares de axônios (neurônios), situados em tecidos
conjuntivos e vasos sanguíneos, localizados em regiões fora do encéfalo e da
medula espinal. Da região craniana emergem 12 pares de nervos (nervos
cranianos) e 31 pares de nervos espinais emergem da região craniana, onde cada
um desses nervos tem um caminho de�nido de uma região corporal
(SILVERTHORN, 2017; TORTORA, 2016).
Já os gânglios são pequenas estruturas que fazem parte do tecido nervoso que são
formados principalmente por corpos celulares, situados fora do encéfalo e da
medula espinal, apresentando grande relação com osnervos cranianos e espinais.
  Os plexos entéricos correspondem à comunicação do SNC com o trato
gastrointestinal, presentes nas paredes que revestem os órgãos do sistema
digestório, auxiliando em todo o controle do processo digestivo. Nesse sentido,
todas as atividades do SNC, SNP, SNE e plexos nervosos são suscetíveis aos
processos de feedback positivo e feedback negativo.
17
Feedback Negativo e Positivo
Como citado anteriormente, as alças de retroalimentação têm como função
principal promover o equilíbrio homeostático �siológico por meio de sinalizações
que informam o SNC sobre o que está ocorrendo no SNP e SNE.
O sistema de feedback negativo (Imagem 2) tem como principal característica
reverter uma situação ou condição que antes era controlada �siologicamente. Um
exemplo dessa situação refere-se ao controle da pressão arterial (PA). A PA é
resultante da pressão que o sangue exerce sobre as paredes dos vasos, e essa
variação é monitorada de maneira constante e precisa. Caso algum evento interno
ou externo provoque o aumento da PA acima dos valores normais (normotensão),
nessa situação, os barorreceptores (células nervosas) presentes nas paredes de
determinados vasos presentes no sistema circulatório enviam impulsos em direção
ao SNC (centros de controle especí�cos) que, por sua vez, recebe, analisa,
interpreta e responde por meio de impulsos nervosos para o coração e vasos
sanguíneos (os órgãos efetores). Em resultado a todo esse processo, ocorre a
redução da PA.
No entanto, em uma situação oposta, de hipotensão (redução da PA abaixo de
valores �siológicos mínimos), ocorre a sinalização de feedback positivo:
Ao contrário de um sistema de retroalimentação negativa, um sistema
de retroalimentação positiva tende a aumentar ou a reforçar uma
mudança em uma condição controlada do corpo. Em um sistema de
retroalimentação positiva, a resposta afeta a condição controlada de
modo diferente do sistema de retroalimentação negativa. O centro de
controle ainda fornece comandos para um efetor, mas desta vez o
efetor provoca uma resposta �siológica que se soma ou reforça a
modi�cação inicial na condição controlada. A ação de um sistema de
retroalimentação positiva continua até que seja interrompida por
algum mecanismo (TORTORA, 2016. p. 9).
A seguir, a Imagem 2 apresenta um exemplo de alça de retroalimentação negativa
relacionado ao controle da pressão arterial.
18
Imagem 2 – Controle da pressão arterial por meio de feedback negativo
Fonte: TORTORA, 2016.
19
Mas o que acontece caso não ocorra a normalização da homeostase de um 
sistema? E se esse evento se tornar constante? Em situações em que os sistemas de 
controle por alças de retroalimentação não conseguem promover a normalização e 
manutenção da homeostase, ocorre o surgimento e instalação de patologias de 
caráter crônico.
Os sistemas de feedback positivo e negativo são essenciais para a nossa
sobrevivência diária! Por meio desses sistemas conseguimos nos
adaptar a diversas alterações e desa�os endógenos e exógenos,
permitindo à raça humana resistir às grandes mudanças
experimentadas desde seu surgimento no planeta Terra.
A interação entre o SNP e SNC é fundamental para a sobrevivência
humana, sem essa conexão, ambos os sistemas não seriam capazes de
“sentir” e “compreender” o meio que nos rodeia e muito menos enviar
tais sinais (sensitivos, olfativos, visuais) para regiões cerebrais
especializadas na interpretação de cada um desses estímulos. Dessa
maneira, vale a pena se aprofundar no assunto para que o futuro
pro�ssional de educação física saiba como as atividades motoras
prescritas podem in�uenciar nosso organismo.
20
Quer testar se realmente os sistemas de retroalimentação que atuam
na manutenção da homeostase funcionam? Faça o seguinte, caminhe
por 20 minutos, mas antes de iniciar a caminhada faça a aferição da PA
e da frequência cardíaca (FC) em repouso e, ao �nal da caminhada e
cerca de 10 minutos após ter �nalizado a caminhada, realize as
mensurações novamente.   Perceberá que houve aumentos,
diminuições, mas que, os valores da PA e da FC de repouso voltaram a
valores normais.
21
03
Sistema Nervoso 
Autônomo e Somático
22
Sistema Nervoso Autônomo
O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é responsável pelas respostas e
comportamento neurovegetativo de nosso organismo, ou seja, por atos
involuntários que ocorrem para que seja possível a manutenção da homeostasia
�siológica. Em um primeiro momento, o SNA se assemelha a uma vasta quantidade
de �os que se conectam com o SNC e SNP, formando um emaranhado de
conexões, assemelhando-se com cabos de internet, conectando o mundo à grande
rede.
Em relação à morfologia do SNA, esse sistema é composto por dois tipos de
neurônios motores, os neurônios pré-ganglionares e os neurônios pós-
ganglionares (Imagem 2). O corpo celular dos neurônios pré-ganglionares emerge
da região encefálica ou da medula espinal, e seu axônio é uma �bra do tipo B
mielinizada, realizando sinapse com neurônios pós-ganglionares, o segundo tipo de
neurônio do SNA. Os neurônios pós-ganglionares, diferentemente dos neurônios
pré-ganglionares, localizam-se totalmente fora do SNC, em que seu corpo celular e
dendritos se situam dentro de um gânglio autônomo onde ocorrem as sinapses
com um ou mais neurônios pré-ganglionares. Os axônios dos neurônios pós-
ganglionares são do tipo C não mielinizados, com pequeno diâmetro e �nalizam em
um órgão efetor visceral (FOX, 2007; SILVERTHORN, 2017; TORTORA, 2016).
23
Imagem 2 - Representação dos neurônios pré e pós-ganglionares
Fonte: SEELEY, 2016.
Uma distinção que determina a grande diferença entre o SNA e o Sistema Motor
Somático (SMS) refere-se a como os neurônios dos dois sistemas atuam sobre os
órgãos alvos. Enquanto o SNA atua de maneira involuntária, ou seja, não necessita
de comandos diretos do SNC para efetuar suas tarefas, o SMS executa movimentos
voluntários sob o comando planejado do SNC. Além disso, há diferenças sobre a
morfologia e localização dos neurônios somáticos e autonômicos.
Os corpos celulares dos neurônios motores (Imagem 3) emergem do SNC e se
caracterizam por serem longos e transmitirem os impulsos nervosos sem que
ocorram sinapses pós-ganglionares, transmitindo os impulsos do SNC, de
característica voluntária, por meio de um único neurônio (neurônios somáticos ou
motores) (FOX, 2007; SILVERTHORN, 2017; TORTORA, 2016).
24
Imagem 3 - Exemplos de neurônios somáticos e autonômicos
Fonte: FOX, 2007.
No entanto, as diferenças entre os dois sistemas vão além dos aspectos
morfológicos, como apresentado na imagem 4.
25
Imagem 4 - Efeitos desencadeados pelos sistemas motor e autonômico.
 
Sistema
nervoso
somático
Sistema nervoso autônomo
Efetor
Músculo
esquelético
Músculo liso, músculo cardíaco e
glândulas
Regulação
Controla todos
os movimentos
conscientes e
inconscientes,
dos músculos
esqueléticos
Regulação inconsciente, embora
seja in�uenciado por funções
mentais conscientes
Resposta à
estimulação
Contração dos
músculos
esqueléticos
Os tecidos-alvo são inibidos ou
estimulados
Organização
neuronal
Um neurônio
estende-se do
sistema nervoso
central (SNC) ao
músculo
esquelético
Existem dois neurônios dispostos
em série; o neurônio pré-
ganglionar estende-se do SNC ao
gânglio autônomo, e o neurônio
pós-ganglionar estende-se do
gânglio autônomo aos órgãos
efetores
Localização do
corpo celular do
neurônio
Os corpos
celulares dos
neurônios estão
em núcleos
motores dos
nervos
cranianos e no
Os corpos celulares dos
neurônios pré-ganglionares estão
em núcleos autônomos de
nervos cranianos e no corno
lateral da medula espinal; os
corpos celulares dos neurônios
pós-ganglionares estão nos
gânglios autônomos
26
Fonte: FOX, 2007.
corno ventral da
medula espinal
Número de
sinapses
Uma sinapse
entre o
neurônio motor
somático e o
músculo
esquelético
Duas sinapses; a primeira, no
gânglio autônomo, e a segunda,
junto ao tecido-alvo
Bainhas axonais Mielinizadas
Axônios pré-ganglionares
mielinizados; axônios pós-
ganglionares não mielinizadosNeurotransmissor Acetilcolina
Neurônios pré-ganglionares
liberam acetilcolina; neurônios
pós-ganglionares liberam
acetilcolina ou noradrenalina
Receptores
Os receptores
para acetilcolina
são do tipo
nicotínico
No gânglio autônomo, os
receptores para acetilcolina são
nicotínicos; nos tecidos-alvo, os
receptores para acetilcolina são
muscarínicos, enquanto os
receptores para noradrenalina
são α ou β-adrenérgicos
27
Sistema Nervoso Autônomo
Parassimpático e Simpático
Enquanto as aferências motoras somáticas apresentam apenas 1 tipo de 
comunicação e divisão, o SNA divide-se em duas partes distintas, o sistema 
simpático e o sistema parassimpático. Classicamente, o sistema simpático é 
associado a situações que demandam alerta, estado de prontidão do organismo, 
estado de luta ou fuga. Por sua vez, o sistema parassimpático está relacionado com 
maior ativação durante situações de repouso e digestão (FOX, 2007; SILVERTHORN, 
2017; TORTORA, 2016). 
O interessante é que os sistemas simpático e
parassimpático promovem efeitos antagônicos, ou
seja, em um mesmo tecido (órgão-alvo) enquanto o
sistema parassimpático diminui a atividade local, o
sistema simpático induz efeito oposto. O aumento ou
redução das respostas do sistema autônomo sobre
os tecidos depende diretamente do tipo do tecido e
do neurotransmissor que será liberado junto ao
órgão-alvo.
No entanto, é preciso deixar claro que nem sempre o sistema parassimpático irá
promover o aumento das atividades junto ao órgão efetor, assim como o
parassimpático induzindo a redução das atividades, há exceções em ambas as
situações, como demonstrado nas imagens 5 e 6.
28
Imagem 5 - Sistema autonômico: Sistema Parassimpático
Fonte: FOX, 2007.
29
Imagem 6 - Sistema autonômico: Sistema Parassimpático
Fonte: FOX, 2007.
30
Infelizmente, quando algumas pessoas sofrem acidentes acabam
lesionando a região medular a tal ponto que podem perder a
comunicação entre o SNC e a periferia. Em outras palavras, perdem a
capacidade volitiva dos movimentos, como, por exemplo, andar, correr,
segurar um objeto. Pesquisas desenvolvidas nessa área demonstram
resultados muito promissores, em que pacientes que haviam perdido o
controle motor começam a recuperar os movimentos motores.
A prática de massagens remonta a milhares de anos, e essa prática é
fundamentada em muitos aspectos �siológicos compreendidos pela
sociedade moderna. Sabe-se que a compressão de nervos que
emergem da região lombossacral promovem uma efetiva liberação de
substâncias opioides, que causam sensação de prazer e bem-estar.
31
Algumas pessoas sofrem de dores que têm como ponto de origem
nervos que emergem da medula espinal. O relato de pacientes que
possuem hérnias discais (discos presentes entre as vértebras) é de
dores constantes que têm como sintomas clínicos dor que irradia pelos
membros inferiores ou superiores, que depende do local do surgimento
das hérnias. A dor ocorre devido ao abaulamento do disco, ou até
mesmo pelo extravasamento de seu conteúdo para o canal medular,
promovendo a compressão de nervos que passam pela região,
resultando em dores severas!
32
04
Comunicação Sistema 
Nervoso: Sinapses
33
Neurônios e Células de
Sustentação
Apesar do alto grau de complexidade, o SNC é composto apenas por dois tipos
celulares, os neurônios e as células de sustentação (neuróglia). Os neurônios são
altamente especializados em responder a estímulos químicos e físicos, sinais os
quais nos permitem sentir e interpretar o mundo que nos rodeia, por meio de
diversos tipos de estímulos. Além disso, a comunicação entre os neurônios recebe
o nome de sinapse, e essa comunicação ocorre ou por liberação de
neurotransmissores (sinais químicos) ou por estímulos elétricos (FOX, 2007).
Já as células de sustentação (imagem 2) auxiliam as funções desempenhadas pelos
neurônios e apresentam uma população cerca de 5 vezes maior do que a dos
neurônios. As células de sustentação, apesar de apresentarem diferenças
signi�cativas entre si, recebem o nome de células gliais (glia signi�ca “cola”) e têm
como principal função promover a sustentação dos neurônios, porém, elas
também participam nos processos sinápticos (SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007).
34
Imagem 2 - Células Gliais e Neurônios
Fonte: TORTORA, 2016.
Tipos de Neurônios
Os neurônios apresentam grande diversidade morfológica, especialmente em
relação às diferentes regiões encefálicas que apresentam funções distintas entre si,
porém, com grande conectividade. Os neurônios podem ser classi�cados da
seguinte maneira (TORTORA, 2016): 
1. Neurônios multipolares: apresentam grande quantidade de dendritos e um
axônio, presentes principalmente na região encefálica e na medula espinal,
35
Imagem 3 - Os diferentes tipos de neurônios
Fonte: TORTORA, 2016.
assim como os neurônios motores (imagem 3A). 
2. Neurônios bipolares: apresentam morfologia mais simples, compostos por
um axônio e um dendrito principal (imagem 3B). 
3. Neurônios unipolares: apresentam dendritos e axônios que se fundem para
formar um prolongamento contínuo que emerge do corpo celular (imagem
3C).
Na imagem 3 é possível observar as diferenças morfológicas dos 3 tipos de células
neuronais.
Sinapses
A comunicação entre as células nervosas, mais especi�camente os neurônios,
ocorrem por meio das sinapses (químicas e elétricas), as quais conduzem
informações, participam no processo de memórias, sentimentos, respostas
motoras, processamento de informações sensoriais e elaboração de tarefas
cognitivas e motoras de alta complexidade (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
Para que as sinapses ocorram é necessário que as células neuronais saiam do
estado de repouso (potencial de membrana negativo), que geralmente gira em
torno de -70 mV. Portanto, para que o potencial de membrana se torne menos
36
negativo e então, ocorra a criação de um potencial de ação (PA), é necessário que o
neurônio receba um estímulo despolarizante e então, o PA inicie a propagação do
sinal para outros neurônios até que o estímulo chegue a seu destino (órgão-alvo). 
Caso o PA seja despolarizante, ou seja, tenha
estímulo su�ciente para estimular a criação de um
estímulo que torne o neurônio menos negativo,
ocorre a abertura de canais de sódio (Na+)
dependentes de voltagem, aumenta o in�uxo deste
íon para o interior dos neurônios tornando-os cada
vez mais positivos.
Após os neurônios atingirem o platô de in�uxo de Na+, cerca de +30 mV, os canais
de Na+ começam a se fechar e ocorre a abertura dos canais de K+, tornando os
neurônios negativos, promovendo o retorno do potencial de membrana a valores
de repouso (-70 mV).
O retorno do potencial de membrana dos neurônios aos valores de repouso
chama-se repolarização, enquanto a criação do potencial de ação, evento que tira o
neurônio de seu estado de repouso, chama-se despolarização (TORTORA, 2016;
SILVERTHORN, 2017).
A imagem a seguir (imagem 4) apresenta o resumo dos eventos apresentados:
37
Imagem 4 - Eventos de um potencial de ação
Fonte: SILVERTHON, 2017.
Por mais estranho que pareça, nosso corpo utiliza eletricidade para se
comunicar! Sim, isso pode ser visto em diferentes tipos celulares, como,
por exemplo, entre os neurônios. As sinapses são o tipo de linguagem
utilizado pelos neurônios para criarem ações voluntárias, promoverem
reações a estímulos sensoriais recebidas do meio ambiente, en�m,
capacitar os seres humanos a interagir e compreender o mundo que
nos rodeia.
38
Os neurônios estão presentes não somente no SNC, mas também em
locais especí�cos, como, por exemplo, nas extremidades dos dedos e na
pele! Uma maneira interessante e simples de testar os neurônios
sensitivos é expor as extremidades dos dedos a diferentes
temperaturas (frio, calor), texturas e substâncias (aquosas, gelatinosas,
ásperas) e não permitir que a pessoa visualize o que está tocando, e ao
mesmo tempo questionar sobre o que ela está tocando.
Para que um potencial de ação seja criado é necessário uma série de
eventos que incluem o estímulo despolarizante e a ofertasu�ciente de
íons que participam do processo de despolarização e repolarização.
Nesse sentido, o aumento ou a diminuição da oferta de Na⁺ ou K⁺,
podem alterar a sensibilidade nos processos de despolarização e
repolarização, modulando os valores das voltagens necessárias para
criação dos potenciais de ação.
39
05
Tecido Muscular 
Esquelético
40
Imagem 2 - Tipos de tecidos presentes no organismo humano
Fonte: SEELEY, 2016.
Tipos de tecido muscular
O organismo humano é formado por quatro tipos principais de tecido muscular
(imagem 2):
a. tecido muscular;
b. tecido nervoso;
c. tecido epitelial;
d. tecido conjuntivo. 
Salientando que esta aula terá foco nas características �siológicas do tecido
muscular estriado e cardíaco, o músculo liso será abordado nas aulas sobre o
sistema circulatório. 
Esses tecidos diferem tanto em morfologia, histologia quanto em relação a
aspectos contráteis. Por exemplo, os músculos esqueléticos (estriado e cardíaco)
apresentam como característica principal serem inseridos no tecido ósseo, por
meio de cartilagens e tecido conjuntivo, enquanto os músculos lisos são
encontrados revestindo os órgãos e vasos sanguíneos.
Os tecidos que constituem o coração e os músculos são classi�cados como
estriados devido à presença de estrias em sua estrutura (�lamentos grossos e �nos
de miosina e actina), apresentando cores claras e escuras. Já o músculo liso
apresenta como principal função induzir a movimentação dos conteúdos de dentro
para fora do corpo, como observado no sistema digestório (SILVERTHORN, 2017).
41
Em relação ao tecido muscular estriado, tanto as �bras cardíacas quanto as
musculares estriadas esqueléticas apresentam características histológicas muito
semelhantes, principalmente sobre os componentes celulares que as constituem.
Em relação ao processo de acoplamento e relaxamento das �bras musculares, o
processo se assemelha bastante, diferindo apenas sobre alguns aspectos
bioquímicos. Em relação à morfologia externa, as �bras cardíacas apresentam
núcleo centralizado e a presença das junções comunicantes que auxiliam na
propagação das ondas de despolarização do coração, como um sincício.
Já as mio�brilas apresentam vários núcleos que se localizam perifericamente e, não
há a presença de junções comunicantes (STANFIELD, 2013; TORTORA, 2016;
SILVERTHORN, 2017). As mio�brilas apresentam núcleos dispostos na periferia das
�bras e ausência das junções comunicantes (Figura 1) (STANFIELD, 2013;
SILVERTHORN, 2017). Além disso, a constituição desse tecido apresenta mais
detalhes importantes:
O tecido muscular esquelético é constituído por �bras musculares,
envoltas pelo sarcolema, uma membrana de tecido conjuntivo
denominada, e o citoplasma dessas células recebe o nome de
sarcoplasma. Cada �bra muscular é revestida por tecido conectivo,
assim como suas �bras adjacentes, originando os fascículos
musculares, e entre os fascículos, são encontrados os nervos, vasos,
�bras colágenas e elásticas (SILVERTHORN, 2017, p. 371).
Na região do mioplasma do tecido muscular, há grande volume de estruturas
denominadas retículos sarcoplasmáticos (RS) que envolvem as mio�brilas
musculares, e se caracterizam por serem grandes tubos longitudinais responsáveis
pelo armazenamento e liberação de íons de cálcio por meio das cisternas
terminais.
As cisternas, por sua vez, têm como função sequestrar o cálcio citosólico e liberar
quando necessário (e.g. processo de contração e relaxamento muscular).
Acoplados aos RS, os túbulos transversais (Túbulos T) se direcionam ao sarcolema e
ao mioplasma, promovendo a comunicação do meio interno com o externo
(imagem 3) (STANFIELD, 2013; TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
42
Imagem 3 - Tecido muscular esquelético
Fonte: TORTORA, 2016.
Imagem 4 - Tecido muscular cardíaco
Fonte: TORTORA, 2016.
Na imagem 4 é possível observar as diferenças histológicas quando comparados os
tecidos que constituem o coração e o músculo esquelético.
Como citado anteriormente, os tecidos musculares apresentam similaridades e
diferenças tanto histológicas quanto estruturais, que são apresentadas na imagem
5.
43
Imagem 5 - Características dos tecidos musculares
Você sabia que o coração é o único órgão que não depende do SNC
para efetuar suas atividades? Pois é, as �bras cardíacas são
autoexcitáveis, ou seja, uma pequena porcentagem das �bras cardíacas
possui a capacidade de gerar potenciais de ação e estimular as �bras
cardíacas a se contraírem.
44
A cena de um coração se contraindo fora do tórax de uma pessoa
promoveu grande sucesso em “Indiana Jones e o Tempo de Perdição”,
�lme clássico dos anos 1980. Na cena, o sacerdote de uma tribo realiza
o sacrifício humano e apresenta o coração aos demais integrantes como
forma de oferenda aos deuses. Mas como isso é possível? O coração
ainda continuou a se contrair devido aos estímulos despolarizantes
de�agrados pelas células marcapasso do coração, mais especi�camente
o nodo sinoatrial.
O coração apresenta o mecanismo de acoplamento e relaxamento das
pontes cruzadas semelhantes ao tecido muscular esquelético. Nesse
sentido, para que um potencial de ação seja criado é necessário uma
série de eventos que incluem o estímulo despolarizante e a oferta
su�ciente de íons que participam do processo de despolarização e
repolarização. Por isso, o aumento ou a diminuição da oferta de Na⁺ ou
K⁺, podem alterar a sensibilidade nos processos de despolarização e
repolarização, modulando os valores das voltagens necessárias para
criação dos potenciais de ação.
45
06
Tecido Muscular 
Esquelético - Controle 
Neuromotor
46
Imagem 2
Fonte: TORTORA, 2016.
Tipos de mo�mentos musculares
Os seres humanos apresentam três tipos padrões de movimento muscular:
movimentos re�exos, voluntários e rítmicos. Os movimentos re�exos (imagem 2)
caracterizam-se por apresentar menor complexidade em comparação com os
demais padrões de movimento, em que os movimentos são integrados na região
medular. No entanto, mesmo que a maioria dos movimentos re�exos seja
modulado em nível modular pode sofrer referências de centros superiores
(SILVERTHORN, 2017).
Os movimentos re�exos recebem grande in�uência de aferências sensoriais (sinais
de entrada), como, por exemplo, a ação dos fusos musculares e os órgãos
tendinosos de Golgi (OTG), e então, os sinais são encaminhados para o encéfalo e
participam do processo de coordenação dos movimentos voluntários e re�exos
posturais, que participam na manutenção da postura corporal em atividade
estática ou em movimento. 
A integração dos sinais ocorre ao nível do tronco encefálico (imagem 4), local onde
sinais sensoriais oriundos do meio ambiente e endógenos se integram (visão, tato,
região vestibular, músculos). Em relação aos músculos, os OTGs, receptores
musculares e articulares fornecem informações sobre a propriocepção muscular,
como o corpo se coordena e em que posição se comporta em relação ao ambiente,
detalhes importantes para os centros superiores (córtex motor, cerebelo)
(SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007).
47
Os sinais enviados pelo sistema vestibular e pela visão permitem que sejamos
capazes de manter nossa posição em relação ao espaço:
Por exemplo, usamos o horizonte para nossa orientação espacial em
relação ao chão. Na ausência de pistas visuais, contamos com as
informações táteis. As pessoas que tentam se movimentar em uma
sala escura instintivamente buscam a parede ou algum móvel que as
ajudem a se orientar. Sem as pistas visuais ou táteis, as nossas
habilidades de orientação podem falhar. A falta dessas informações é
o que faz os aviões não poderem ser pilotados sem instrumentos
quando há neblina ou muitas nuvens (SILVERTHORN, 2017, p. 427).
48
Imagem 2 - Características dos movimentos musculares
Controle neural do movimento
  Função
Recebe
aferência
de
Envia eferência
integrativa para
Medula
espinal
Re�exos espinais;
geradores de padrão
locomotor
Receptores
sensoriais e
do encéfalo
Tronco encefálico,
cerebelo,
tálamo/córtex
cerebral
Tronco
encefálico
Postura, movimentos
das mãose dos olhos
Cerebelo,
receptores
sensoriais
visuais e
vestibulares
Medula espinal
Áreas
motoras
do córtex
cerebral
Planejamento e
coordenação de
movimento complexo
Tálamo
Tronco encefálico,
medula espinal
(trato
corticospinal),
cerebelo, núcleos
da base
Cerebelo
Monitora a sinalização
eferente de áreas
motoras e ajusta os
movimentos
Medula
espinal
(sensorial),
córtex
cerebral
(comandos)
Tronco encefálico,
córtex cerebral
(Nota: Todo débilo
é inibidor)
Tálamo Contém núcleos de
retransmissão que
modulam e passam
Núcleos da
base,
cerebelo,
Córtex cerebral
49
Fonte: SILVERTHORN, 2017.
mensagens para o
córtex cerebral
medula
espinal
Núcleos
da base
Planejamento motor
Córtex
cerebral
Córtex cerebral,
tronco encefálico
Os movimentos voluntários apresentam padrões diferentes em relação aos demais
padrões (imagem 3), de acordo com a sua nomenclatura, e apresentam o maior
grau de complexidade dentre os padrões de movimentos musculares. Para que os
movimentos voluntários sejam realizados há a necessidade do envolvimento de
diferentes áreas encefálicas até que o envio das informações chegue ao destino
(tecido muscular - órgão efetor) de maneira correta. Dentre as regiões cerebrais
envolvidas no processo voluntário do movimento, podemos citar o córtex cerebral,
o cerebelo e o tronco encefálico (STANFIELD, 2013; TORTORA, 2016; SILVERTHORN,
2017).
Erroneamente propagado pelas mídias, o termo “memória muscular” não se refere
a nenhum tipo de armazenamento de memória no tecido muscular e, sim, em
centros superiores envolvidos no processo de aprendizagem motora. Isso pode ser
observado em momentos iniciais da prática de algum movimento, esporte ou
atividade lúdica, como, por exemplo, andar de bicicleta. Nas primeiras tentativas
parece ser impossível coordenar tantas tarefas motoras ao mesmo tempo e ainda
se equilibrar. Porém, com a prática, o aprendizado motor ocorre pela ação do
encéfalo inconsciente de reproduzir posições e movimentos voluntários aprendidos
(STANFIELD, 2013; TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
50
Imagem 3 - Sistematização da formação de um movimento voluntário
Fonte: SILVERTHORN, 2017.
A imagem 4 a seguir demonstra a grande complexidade a que o SNC é submetido
por meio da chegada de diversos sinais sensoriais e respostas endógenas. Um
exemplo muito utilizado para explicar os eventos presentes na modulação do
controle neuromotor é a de atletas frente a momentos que devem tomar decisões:
Com o auxílio dos estímulos visuais e somatossensoriais chegando às
áreas sensoriais do córtex, ele está ciente de sua posição corporal à
medida que se estabiliza para o arremesso (1). A decisão sobre qual
tipo de arremesso e a antecipação das consequências ocupa muitas
vias no seu córtex pré-frontal e nas áreas associativas (2). Essas vias
formam alças, passando pelos núcleos da base e pelo tálamo para
modulação antes de retornarem ao córtex. Uma vez que o
arremessador toma a decisão de lançar uma bola rápida, o córtex
motor encarrega-se de organizar a execução desse movimento
complexo. Para iniciar o movimento, a informação descendente é
transportada das áreas associativas motoras e do córtex motor para o
tronco encefálico, a medula espinal e o cerebelo (3 - 4). O cerebelo
ajuda a fazer ajustes posturais, integrando a retroalimentação vinda
de receptores sensoriais periféricos. Os núcleos da base, que auxiliam
51
Imagem 4
Fonte: SILVERTHORN, 2017.
as áreas do córtex motor no planejamento do arremesso, também
fornecem informações ao tronco encefálico sobre postura, equilíbrio e
deslocamento (5) (SILVERTHORN, 2017, p. 429).
A infância é um período muito importante para a aquisição de
habilidades motoras e habilidades especí�cas que irão re�etir na
qualidade de vida durante a fase adulta e do envelhecimento. Nesse
sentido, o estímulo das valências motoras durante esse período é
fundamental para que o indivíduo se desenvolva de maneira adequada
e tenha uma vida saudável durante a vida.
52
Uma maneira simples e prática de testar toda a interação sensorial com
o processo de coordenação motora realizada pelo sistema nervoso
central é por meio de atividades que demandem deslocamentos frontal,
lateral e por meio de comando de voz. O avaliado �ca extremamente
atento e ansioso pelo estímulo verbal, e ao escutar o comando, leva
alguns segundos para tomar a decisão e então executar a tarefa
motora.
53
Diabetes: neuropatia autonômica: As disfunções primárias do
sistema nervoso autônomo são raras, mas a condição secundária,
chamada de neuropatia autonômica diabética, é bastante comum. Essa
complicação do diabetes geralmente inicia como uma neuropatia
sensorial, com formigamento e perda da sensibilidade das mãos e dos
pés. Em alguns pacientes, a dor é o sintoma primário. Cerca de 30% dos
pacientes diabéticos desenvolvem neuropatias autonômicas, que se
manifestam por disfunções dos sistemas circulatório, digestório,
urinário e genital (frequência cardíaca anormal, constipação,
incontinência, impotência). A causa da neuropatia diabética ainda não
está clara. Os pacientes com níveis glicêmicos cronicamente elevados
estão mais propensos a desenvolver neuropatias, porém, a via
metabólica envolvida ainda não foi identi�cada. Outros fatores que
contribuem para a neuropatia incluem estresse oxidativo e reações
autoimunes. Atualmente, não há cura para a neuropatia diabética e a
única forma de prevenção é o controle dos níveis glicêmicos. O único
recurso para os pacientes é o uso de fármacos que controlam os
sintomas (SILVERTHORN, 2017).
54
07
Sistema Circulatório I
55
O Sistema Circulatório
O Sistema Circulatório é composto pelo coração, sangue e os vasos sanguíneos,
con�gurando um sistema fechado com uma bomba propulsora central, que
permite que o sangue e seus elementos �gurados circulem por todo o organismo,
nutrindo os tecidos, transportando substâncias e removendo metabólicos
celulares.
Para que se tenha ideia da magnitude desse sistema, o sangue deve ser bombeado
continuamente pelo coração cerca de cem mil vezes ao dia, resultando em 35
milhões de contrações em 1 ano e aproximadamente 2,5 bilhões de vezes ao longo
da vida (TORTORA, 2016).  Isso signi�ca que o coração de um adulto saudável com
cerca de 70 kg bombeia em torno de 7200 litros de sangue ao dia, 5 litros por
minuto, ou seja, a quantidade de sangue média total de um indivíduo adulto. E,
quando nos exercitamos, qual a magnitude de bombeamento sanguíneo? Durante
a realização de exercícios vigorosos o volume de sangue bombeado aumenta de
maneira impressionante, cerca de 7x a mais do que o observado em repouso!
Nesta aula, vamos iniciar os estudos sobre o sistema cardiovascular abordando as
funções dos vasos e da circulação sanguínea. O sistema circulatório é primordial
para que seja obtida e mantida a homeostase �siológica, devido ao transporte e
distribuição de sangue por todo o organismo com o intuito do fornecimento de
oxigênio, transporte de hormônios e nutrientes (TORTORA, 2016).
Todo esse aporte ocorre graças aos vasos sanguíneos que constituem o sistema
fechado de tubos que leva o sangue para todo o sistema a partir do coração,
permitindo que o sangue seja ofertado a todos os tecidos do corpo e, em seguida,
retornando ao lado direito do coração. Enquanto isso as câmaras cardíacas
esquerdas ejetam o sangue para uma distância aproximada de 100.000 km de
vasos. Já o lado direito do coração ejeta o sangue em direção aos pulmões,
permitindo que o sangue receba oxigênio e libere dióxido de carbono (TORTORA,
2016; SILVERTHORN, 2017). O sistema circulatório é representado na imagem 2, a
seguir.
56
Imagem 2
Fonte: Disponível aqui
Em relação aos vasos sanguíneos, apresentamos cinco tipos distintos: as artérias,
arteríolas, os capilares, as vênulas e as veias (imagem 2). As artérias conduzem o
sangue que sai do coração para todo o corpo (tecidos e órgãos), e se caracterizam
por serem de maiores calibres e mais elásticas quando situadas próximas ao
coração e, ao passo que se rami�cam e se distanciam do coração, essecalibre se
reduz, caracterizando-se em artérias de médio porte.
As artérias de médio porte se rami�cam em pequenas artérias que, por sua vez,
também se rami�cam em artérias menores, denominadas arteríolas, enquanto
estas irrigam os tecidos e seu diâmetro diminui ainda mais. E quando as arteríolas
entram em contato com o tecido elas originam vasos minúsculos conhecidos como
capilares, que por meio de suas �nas paredes permitem as trocas entre as células
teciduais e o sangue (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007).
No parágrafo anterior descrevemos o caminho que o sangue percorre partindo do
lado esquerdo do coração em direção a todo o sistema, no entanto, o caminho
oposto que se refere ao retorno do sangue ao lado direito do coração é realizado
pelas veias. Dessa maneira, os capilares teciduais se unem, resultando na formação
de pequenas veias denominadas vênulas. As vênulas se fundem resultando em
57
https://www.todamateria.com.br/sistema-circulatorio/
vasos sanguíneos maiores denominados veias que, por sua vez, são os vasos que
conduzem o sangue dos tecidos de volta ao lado direito do coração (retorno
venoso) (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007).
Artérias
A nomenclatura das artérias é resultante da sua descoberta no momento da morte,
e acreditou-se que ela continha apenas ar, por isso, o nome dado a esse tipo de
vaso. As paredes das artérias são constituídas por uma espessa camada de túnica
média muscular e elástica (imagem 3). Devido à presença dessas �bras elásticas, as
artérias apresentam grande complacência, capacitando que essas paredes se
estiquem ou expandam facilmente sem que haja danos aos vasos quando ocorrem
aumentos da pressão arterial. 
58
Imagem 3
Fonte: FOX, 2007.
59
As artérias elásticas (imagem 4) são as maiores artérias do corpo humano, variando
de tamanho comparando-as a uma mangueira de jardim (tronco pulmonar) ao
tamanho dos dedos de uma mão (ramos da artéria aorta).
As artérias elásticas desempenham uma função importante: ajudam a
impulsionar o sangue no sentido anterógrado enquanto os ventrículos
estão relaxados. Conforme o sangue é ejetado do coração para as
artérias elásticas, suas paredes se distendem, acomodando facilmente
o pulso de sangue. Quando elas se esticam, as �bras elásticas
momentaneamente armazenam energia mecânica, funcionando como
um reservatório de pressão. Em seguida, as �bras elásticas recuam e
convertem a energia armazenada (potencial) no vaso em energia
cinética do sangue. Assim, o sangue continua se movendo ao longo
das artérias, mesmo quando os ventrículos estão relaxados. Como
conduzem sangue do coração para as artérias médias, mais
musculosas, as artérias elásticas são também chamadas artérias
condutoras (TORTORA, 2016, p. 738).
60
Imagem 4
Fonte: FOX, 2007.
61
Veias varicosas, �ebite e gangrena: As veias dos membros inferiores
estão sujeitas a certos distúrbios vasculares. As veias varicosas ocorrem
quando as veias das pernas são estiradas a ponto de suas válvulas se
tornarem incompetentes. Em função do estiramento das paredes das
veias, as abas das válvulas �cam incapazes de se sobrepor e ocluir a
passagem do sangue no sentido reverso. Como consequência, a
pressão venosa nos membros é superior à normal, resultando em
edema. O sangue �ca estagnado a ponto de se formarem coágulos. Essa
condição pode resultar em �ebite, que é uma in�amação das veias.
Caso a in�amação se torne mais intensa e em grande área venosa, pode
desencadear a gangrena, uma morte tecidual ocasionada pela
diminuição ou perda do suprimento sanguíneo (SEELEY, 2016, p. 714).
A arteriosclerose é uma das mudanças degenerativas que tornam o
vaso menos elástico. Ela ocorre em muitos indivíduos e torna-se mais
grave com o avanço da idade. A arteriosclerose aumenta muito a
resistência ao �uxo sanguíneo. Como resultado, nos estágios avançados
dessa condição, há uma redução na circulação de sangue pelo
organismo e um aumento exagerado no trabalho cardíaco (SEELEY,
2016, p. 715).
62
A in�amação do pericárdio é chamada pericardite. O tipo mais comum,
a pericardite aguda, começa repentinamente e não tem causa
conhecida na maior parte dos casos, mas, às vezes, está ligada a uma
infecção viral. Como resultado da irritação ao pericárdio, há dor torácica
que pode se irradiar para o ombro esquerdo e pelo braço esquerdo
(muitas vezes confundida com um infarto agudo do miocárdio) e atrito
pericárdico (um som de arranhado ou rangido auscultado por meio do
estetoscópio quando a lâmina visceral do pericárdio seroso atrita contra
a lâmina parietal do pericárdio seroso) (TORTORA, 2016, p. 696).
63
08
Sistema Circulatório II
64
Imagem 1 - O Coração
Fonte: TORTORA, 2016.
Coração: Sistema de Condução
O coração apresenta atividade rítmica compassada e determinada por um tipo de
�bras cardíacas denominadas células marcapasso (1% das �bras cardíacas). Essas
�bras autorrítmicas são autoexcitáveis e criam potenciais de ação que promovem a
despolarização das �bras cardíacas. Esse processo de auto excitação é tão e�ciente
que mesmo quando essas células são removidas do sistema (corpo) continuam a se
contrair, como por exemplo, as contrações que o coração realiza mesmo após sua
remoção da caixa torácica durante um transplante cardíaco (TORTORA, 2016).
As �bras musculares cardíacas, mais especi�camente os discos intercalares e as
�bras cardíacas (imagem 2), tem como funções principais atuar como marcapasso,
ditando o ritmo de contração do coração, e atuando como o sistema de condução.
As células cardíacas funcionam como uma rede de �bras musculares especializadas
que se assemelham a vias que conduzem os ciclos de excitação cardíaca. Esse
processo permite que as câmaras se contraiam de maneira coordenada e e�caz.
No entanto, o descompasso dessas �bras pode resultar em arritmias, aumentando
ou reduzindo as contrações (TORTORA, 2016; FOX, 2997; SILVERTHORN, 2017).
65
Imagem 2 - As �bras cardíacas
Fonte: TORTORA, 2016.
Mas como ocorre a criação do potencial de ação que resulta na sístole (contração) e
diástole (relaxamento) do coração? Bom, tudo se inicia com a criação do potencial
despolarizantes pelo nodo (ou nó) sinoatrial, localizado no átrio direito, seguido por
uma série de eventos a serem apresentados a seguir, em cinco passos sequenciais
(TORTORA, 2016; FOX, 2997; SILVERTHORN, 2017), resumidos na imagem 3:
11
O estímulo despolarizante se inicia no nodo sinoatrial
(SA), localizado na parede atrial direita, se despolarizam
repetida e espontaneamente até atingirem um limiar. A
despolarização espontânea é um potencial
marcapasso, onde, quando o potencial marcapasso
alcança seu limiar dispara um potencial de ação (PA).
Cada PA do nodo SA se propaga pelos átrios por meio
das junções comunicantes nos discos intercalares das
�bras musculares atriais, e em seguida, os dois átrios
se contraem ao mesmo tempo.
66
22
Em seguida, o PA é conduzido ao longo das �bras
musculares atriais alcançando o nodo atrioventricular
(AV - septo interatrial), logo após a abertura do seio
coronário. No nodo AV, o PA perde velocidade,
resultando em atraso e fornecendo tempo hábil para
que os átrios drenem o sangue para os ventrículos.
33
A partir do nodo AV, o PA alcança fascículo
atrioventricular (AV) (feixe de His), local especí�co para
que os PAs possam ser conduzidos dos átrios para os
ventrículos.
44
Após a propagação do PA na região do AV, o PA
estimula os ramos direito e esquerdo, os quais, se
estendem ao longo do septo interventricular em
direção ao ápice do coração.
55
Por �m, os ramos subendocárdicos calibrosos, as �bras
de Purkinje, conduzem rapidamente o PA, iniciando o
processo no ápice do coração e subindo em direção ao
miocárdio ventricular, resultando em contração dos
ventrículos, ejetando o sangue em direção às válvulas
semilunares.
67
Imagem 3 - Despolarização e Repolarização das �bras cardíacas
Fonte: TORTORA, 2016.
O resumo dos eventos de condução do PA cardíaco está descrito na imagem 4.
68
Imagem 4 - Condução de estímulos elétricos pelocoração
Fonte: TORTORA, 2016.
O interessante é que os eventos elétricos do coração são mensuráveis, ou seja, o
processo de contração e relaxamento que é resultante da criação de estímulos
elétricos pelas células marcapasso podem ser monitorados por meio do
eletrocardiograma (ECG). O ECG (imagem 5) consiste em ampli�car os sinais
elétricos que o coração produz, resultando em 12 traçados distintos, que são
obtidos por meio de eletrodos que são aderidos a diferentes regiões do tórax em
relação à posição do coração.
69
Por meio do ECG é possível determinar se a via
condutora está normal; se o coração está dilatado; se
há danos em regiões do coração e se há presença de
dores torácicas.
E como interpretar os resultados do ECG? O exame resulta na produção de três
ondas reconhecíveis que surgem a cada batimento cardíaco, ondas P, Q, R, S e T:
A primeira, chamada onda P, é um pequeno desvio para cima no ECG.
A onda P representa a despolarização atrial, que se propaga do nó SA
ao longo das �bras contráteis em ambos os átrios. A segunda onda,
denominada complexo QRS, começa com uma de�exão para baixo,
continua como uma grande onda vertical triangular, e termina como
uma onda descendente. O complexo QRS representa a despolarização
ventricular rápida, conforme o potencial de ação se propaga ao longo
das �bras contráteis ventriculares. A terceira onda é um desvio para
cima em forma de cúpula chamada de onda T. Indica a repolarização
ventricular e ocorre apenas quando os ventrículos começam a relaxar.
A onda T é menor e mais larga do que o complexo QRS, porque a
repolarização ocorre mais lentamente do que a despolarização.
(TORTORA, 2016, pg. 711).
70
Imagem 5 - Traçado de um ECG
Fonte: TORTORA, 2016.
Controle da Pressão Arterial e do
Débito Cardíaco
De acordo com o que foi apresentado no conteúdo dessa aula, o coração é auto
excitável, sendo capaz de se auto estimular. Dessa maneira, pode-se concluir que
ele não necessita de outros sistemas para que consiga se contrair e bombear
sangue su�ciente para todo o sistema, correto? Em partes, sim, porém, a demanda
71
metabólica (aumento ou diminuição da oferta de sangue aos tecidos) sofre
in�uência direta de estímulos sensoriais e motores, como o estresse e a prática de
exercícios, por exemplo. Dessa maneira, o sistema autônomo e hormônios também
fazem parte do controle da frequência cardíaca (FC) e da pressão arterial (PA).
E tais in�uências determinam diretamente o volume do débito cardíaco (DC), que é
a quantidade de sangue ejetado no sistema pelo ventrículo esquerdo (VE) a cada
minuto. O DC é obtido pelo volume sistólico (VS - quantidade de sangue ejetado
pelo VE a cada ciclo cardíaco) multiplicado pela frequência cardíaca (FC -
batimentos do coração por minuto), conforme fórmula a seguir (TORTORA, 2016;
SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007):
DC (mℓ/min) = VS (mℓ/batimento) × FC (batimentos/min) 
Durante a prática de exercícios, o DC chega a
aumentar sete vezes em relação ao estado de
repouso, ou seja, o VE ejeta cerca de 35 litros de
sangue a cada minuto durante a realização de
exercícios (intensidade média). Dessa maneira, é
perceptível que o DC é dependente do VS e da FC,
portanto, ajustes �nos na FC são muito importantes
no controle a curto prazo do DC e da PA. Parte desse
controle ocorre por in�uência do sistema autônomo,
onde a inervação vagal tende a manter a FC em torno
de 100 bpm.
Em uma situação de necessidade de aumento das atividades motoras, como
observado durante a prática de exercícios, o sistema simpático é ativado,
resultando em aumento da FC, aumento do �uxo sanguíneos para os tecidos em
atividade com o objetivo de fornecer nutrientes, oxigênio e remoção de
metabólitos (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017; FOX, 2007).
Dentre os diversos fatores que participam da regulação cardíaca podemos destacar
a divisão autonômica e os hormônios secretados pelas glândulas suprarrenais
(epinefrina e norepinefrina). As alterações da FC e da PA são monitoradas a todo
72
Imagem 6 - Controle da frequência cardíaca
Fonte: TORTORA, 2016.
momento por estruturas denominadas proprioceptores, quimioceptores,
barorreceptores e inferências dos centros superiores encefálicos (Córtex cerebral,
Sistema Límbico e Hipotálamo) (imagem 6).
Angiogênese é o crescimento de novos vasos sanguíneos. É um
processo importante no desenvolvimento embrionário e fetal, que na
vida pós-natal desempenha funções importantes, como a cicatrização
de feridas, a formação de um novo revestimento no útero após a
menstruação, a formação do corpo lúteo após a ovulação e o
desenvolvimento de vasos sanguíneos em torno de artérias coronárias
obstruídas. Várias proteínas (peptídios) são conhecidas por promover e
inibir a angiogênese (TORTORA, 2016, pg. 736).
73
Na aterosclerose, as paredes das artérias elásticas se tornam menos
complacentes (mais rígidas). Qual efeito a complacência reduzida tem
sobre a função de reservatório de pressão das artérias? (TORTORA,
2016, pg. 737). Com a redução da complacência a pressão que o sangue
exerce sobre o lúmen dos vasos é maior, promovendo aumento da
pressão arterial.
Massagem do seio carótico: Como o seio carótico está próximo da face
anterior do pescoço, é possível estimular os barorreceptores nesse local
por meio de compressão do pescoço. Os médicos às vezes usam a
massagem do seio carótico para reduzir a frequência cardíaca em uma
pessoa com taquicardia paroxística supraventricular, um tipo de
taquicardia que se origina nos átrios. Qualquer coisa que distenda ou
comprima o seio carótico, como a hiperextensão da cabeça, colarinhos
apertados ou o transporte de cargas pesadas sobre o ombro, também
pode desacelerar a frequência cardíaca e causar síncope do seio
carótico, desmaio decorrente da estimulação inadequada dos
barorreceptores do seio carótico (TORTORA, 2016, pg. 753).
74
09
Sistema 
Neuroendócrino I
75
Sistema Neuroendócrino
Como o próprio nome sugere, a Neuroendocrinologia estuda a interação entre o
sistema nervoso e as glândulas endócrinas, e ambos atuam juntos para manter em
harmonia os sistemas de nosso organismo. As sinapses são caracterizadas por
impulsos nervosos que resultam na liberação de mediadores químicos,
denominados de neurotransmissores, resultando em alterações das atividades
celulares. Já o sistema endócrino controla as atividades celulares dos tecidos por
meio da liberação de mediadores químicos conhecidos como hormônios
(SILVERTHORN, 2017; TORTORA, 2016).
Um hormônio é uma molécula mediadora liberada em alguma parte
do corpo que regula a atividade celular em outras partes do corpo. A
maioria dos hormônios entra no líquido intersticial e, depois, na
corrente sanguínea. O sangue circulante leva hormônios às células de
todo o corpo. Tanto os neurotransmissores quanto os hormônios
exercem seus efeitos ligando-se a receptores encontrados nas suas
“células-alvo” (TORTORA, 2016, pg. 619).
Enquanto a estimulação e respostas mediadas pelo sistema nervoso (SN) são
rápidas, a atuação do sistema endócrino é mais lenta, porém, mais duradoura,
ampla e atua sobre praticamente todos os tecidos do corpo humano. Apesar das
diferenças, os dois sistemas atuam de maneira integrada e são extremamente
efetivos.
O SN interage com o sistema endócrino por meio da liberação de fatores tró�cos
que atuam sobre as glândulas endócrinas (imagem 1), que por sua vez, secretam os
hormônios no líquido intersticial que circundam as células secretoras. A partir do
líquido intersticial, os hormônios se difundem para os capilares sanguíneos,
chegando até o órgão-alvo. Exemplos de glândulas endócrinas são a hipó�se,
tireoide, paratireoide, suprarrenais e pineal.
76
Imagem 1 - Glândulas endócrinas
Fonte: TORTORA, 2016.
Alguns órgãos não são considerados totalmente
órgãos endócrinos, mas possuem células que
secretam hormônios, como por exemplo, hipotálamo,
timo, pâncreas, ovários, testículos, rins, estômago,
fígado, intestino delgado, pele, coração, tecido
adiposo e placenta (SILVERTHORN, 2017; TORTORA,
2016; FOX, 2007).
77
A importânciados receptores nas ações
hormonais
Como citado, após sua secreção, os hormônios ganham o líquido intersticial e em
seguida a corrente sanguínea, percorrendo todo nosso organismo. Porém, os
hormônios irão promover mudanças nos tecidos-alvo por meio de ligações
especí�cas em receptores proteicos de membrana ou nucleares.
A interação entre hormônio e receptor se compara com a relação entre chave e
fechadura, em outras palavras, as células-alvo de um determinado hormônio
possuem receptores que se ligam a apenas a um hormônio especí�co
(SILVERTHORN, 2017; TORTORA, 2016; FOX, 2007).
“Os receptores, assim como outras proteínas celulares, são
constantemente sintetizados e degradados. Em geral, uma célula-alvo
possui 2.000 a 100.000 receptores para um determinado hormônio. Se
a concentração de um hormônio estiver muito elevada, o número de
receptores na célula-alvo pode diminuir – efeito chamado de
infrarregulação. Por exemplo, quando determinadas células dos
testículos são expostas a uma elevada concentração de hormônio
luteinizante (LH), o número de receptores de LH diminui. A
infrarregulação torna uma célula-alvo menos sensível ao hormônio.
Em contrapartida, quando a concentração de um hormônio é muito
baixa, o número de receptores pode aumentar. Esse fenômeno,
conhecido como suprarregulação, torna uma célula-alvo mais sensível
a um hormônio” (TORTORA, 2016, pg. 621).
Classificação Química dos
Hormônios
Em relação às suas respectivas características químicas, os hormônios podem ser
lipossolúveis e hidrossolúveis, onde os diferentes tipos de hormônios resultam em
efeitos distintos nas células-alvo. Os hormônios lipossolúveis são os esteroidais,
hormônios da tireoide e o óxido nítrico (NO - neurotransmissor). Já os hormônios
esteroidais (esteroides) derivam-se do colesterol, onde cada hormônio esteroide é
78
único em decorrência de diferentes grupos químicos �xados em vários locais nos
quatro anéis no núcleo da sua estrutura, resultando em grandes diferenças em
suas funções. Os hormônios da tireoide (T3 e T4) são derivados de aminoácidos, e
da conexão de iodo ao aminoácido tirosina, e a presença de anéis de benzeno
tornam essa classe de hormônios extremamente lipossolúveis (SILVERTHORN,
2017; TORTORA, 2016; FOX, 2007).
Os hormônios hidrossolúveis caracterizam-se por serem aminados, proteicos e
peptídicos e eicosanoides. A classe de hormônios aminados resulta da
descarboxilação ou modi�cação de aminoácidos especí�cos, e recebem esse nome
por apresentarem um grupo amina em sua composição. Exemplos dessa classe
hormonal são a epinefrina, norepinefrina e dopamina.
Em relação aos hormônios peptídicos e proteicos, apresentam como derivação
os aminoácidos, variando sua constituição entre 3 a 49 aminoácidos e os maiores
entre 50 a 200 aminoácidos. Exemplos de hormônios peptídeos são o hormônio
antidiurético e a Ocitocina, e o hormônio do crescimento e a insulina são proteicos.
Já o hormônio tireoestimulante classi�ca-se como glicoproteico por apresentar
grupos de carboidratos a�xados em sua estrutura. Outra classe de hormônios são
os eicosanoides que se derivam do ácido araquidônico, onde os dois principais
hormônios são as prostaglandinas (PG) e os leucotrienos (LT) (SILVERTHORN, 2017;
TORTORA, 2016; FOX, 2007). 
Mecanismos de Ação Hormonal
Os mecanismos de ação hormonal dependem diretamente do tipo do hormônio e
de sua célula-alvo, as quais respondem diferentemente ao mesmo hormônio. Um
exemplo dessa resposta hormonal pode ser observado na ação insulínica, onde o
hormônio estimula a síntese de glicogênio nos hepatócitos e a síntese de
triglicerídeos nos adipócitos.
79
Um fator que deve ser ressaltado é que comumente
se espera que a ação hormonal promova o aumento
da atividade celular dos órgãos-alvo, porém, nem
sempre é essa a resposta observada. Alterações na
permeabilidade da membrana plasmática, aumento
na taxa de transporte de substâncias para o meio
interno ou externo celular, velocidade das reações
metabólicas alteradas e estímulos de contrações da
musculatura lisa e/ou cardíaca, são exemplos de
efeitos hormonais (SILVERTHORN, 2017; TORTORA,
2016; FOX, 2007).
Porém, para que todas as ações que foram citadas anteriormente ocorram, é
necessário que ocorra a interação entre o hormônio especí�co, que se situa nas
membranas plasmáticas dos tecidos ou no interior das células. Os receptores dos
hormônios lipossolúveis localizam-se dentro das células-alvo, e os receptores dos
hormônios hidrossolúveis estão presentes na membrana plasmática das células-
alvo.
Ação dos Hormônios Lipossolúveis
Os hormônios lipossolúveis iniciam suas ações por meio da ligação com receptores
especí�cos presentes no interior celular, mais especi�camente no citosol ou núcleo,
resultando na ativação dos mesmos, formando o complexo hormônio-receptor. Em
resposta, ocorre modi�cações na expressão gênica, ativando ou desativando genes
especí�cos do DNA nuclear (imagem 2).
Em resposta ao estímulo transcricional, ocorre a formação de novo RNA
mensageiro, migrando do núcleo e entra na região citosólica, ocorrendo a síntese
(ou não) de nova proteína ou enzima, que ocorre nos ribossomos. As proteínas
resultantes das ações hormonais promovem alterações signi�cativas nas células,
promovendo alterações especí�cas do hormônio em questão (SILVERTHORN, 2017;
TORTORA, 2016; FOX, 2007). 
80
Imagem 2 - Mecanismo de ação dos hormônios lipossolúveis.
Fonte: TORTORA, 2016.
81
Ação dos Hormônios
Hidrossolúveis
Por não apresentarem a�nidade com colesterol, os hormônios aminados,
peptídicos, proteicos e eicosanoides não conseguem transpassar a barreira da
bicamada lipídica das membranas plasmáticas e se ligar ao receptor especí�co no
interior das células-alvo. Dessa maneira, os hormônios hidrossolúveis se ligam em
receptores localizados na superfície do órgão-alvo, chamados de proteínas
transmembrana integrantes, atuando como primeiro mensageiro no processo de
atuação hormonal.
A ligação do hormônio a esse primeiro receptor resulta na produção de um
segundo mensageiro no interior da célula, como por exemplo, o AMP cíclico (cAMP)
que atua comumente como segundo mensageiro. A ação dos hormônios
hidrossolúveis ocorre da seguinte maneira (TORTORA, 2016): 
11
O hormônio hidrossolúvel se liga ao receptor especí�co
que se localiza na superfície externa da célula-alvo,
formando o complexo receptor-hormônio, resultando
na ativação de proteínas que irá atuar como segundo
mensageiro no interior da célula. Essa proteína é
denominada de proteína G, que por sua vez ativa o
adenilato ciclase.
22
O adenilato ciclase converte o ATP em AMP cíclico
(cAMP), que ativa as proteinoquinases, que apresentam
a função de fosforilar outras proteínas celulares.
82
33
As proteínas fosforiladas pelas proteinoquinases
resultam em respostas �siológicas, respostas que são
dependentes dos diversos tipos de proteinoquinases.
Elas resultam em síntese de glicogênio, outra pode
causar a degradação de triglicerídio, uma terceira pode
promover a síntese de proteína.
44
Após determinado período a enzima fosfodiesterase
inativa o cAMP e a resposta da célula é desativada,
desde que não ocorra a ligação de novas moléculas
hormonais a seus receptores na membrana plasmática
continue.
83
Imagem 3 - Mecanismos de ação hormônios hidrossolúveis
Fonte: TORTORA, 2016
84
O diabetes melito – condição metabólica associada com alterações da
função da insulina – é conhecido desde os tempos antigos. Descrições
clínicas detalhadas do diabetes por de�ciência de insulina estavam
disponíveis aos médicos, mas estes não tinham meios de tratar a
doença. Os pacientes inevitavelmente morriam em decorrência da
doença. Em 1921, Frederick G. Banting e Charles H. Best identi�caram
uma substância antidiabética nos extratos do pâncreas. Banting, Best e
outros pesquisadores injetaram extratos pancreáticos em animais
diabéticos e descobriram que os extratos reverteram a elevação dos
níveis de glicose sanguínea causada pela doença.
Os hormônios são pequenas moléculas que em pequenas
concentraçõessão capazes de desencadear respostas muito
signi�cativas sobre as células que se ligam. Dessa maneira o uso de
hormônios deve ser realizado de maneira muito especí�ca e com a
orientação médica de pro�ssional especialista na área. Erros podem
signi�car risco de doenças graves e até mesmo óbito!
85
O hipotálamo é referido como um dos principais centros reguladores do
controle hormonal de todo o organismo. Isso ocorre devido a região
receber aferências sensoriais e de centros superiores do encéfalo,
caracterizando a região como centro integrador de informações. A
partir dessa imensa quantidade de informações que o hipotálamo
recebe, o mesmo envia ordens a hipó�se para coordenar a secreção
hormonal sistêmica.
86
10
Sistema 
Neuroendócrino II
87
Controle da Secreção Hormonal
A secreção da maior parte dos hormônios ocorre em “salvas breves”, com pausas,
onde ocorre a interrupção da secreção ou apenas poucas secreções. No entanto, as
secreções dos hormônios pelas glândulas ocorrem em resposta a estímulos que
são coordenados pelos sistema hipotalâmico-hipo�sário. Dessa maneira, a
secreção hormonal é regida pelos sinais oriundos dos SNC, alterações bioquímicas
sanguíneas e pela secreção de outros hormônios (TORTORA, 2016).
Podemos citar como fatores que in�uenciam a secreção hormonal os impulsos
simpáticos que inervam a suprarrenal para a liberação da epinefrina, as
concentrações plasmáticas de Ca2+ que são moduladas pelo paratormônio (PTH), o
estímulo da liberação do Cortisol pelo hormônio adrenocorticotró�co pelo córtex
da glândula suprarrenal.  Outro exemplo clássico sobre a atuação hormonal refere-
se ao processo de parto, onde a Ocitocina estimula o útero a realizar contrações, e
tal estimulação aumenta ainda mais a estimulação de ocitocina por meio do
sistema de feedback positivo (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017).
Nesse cenário, a glândula hipó�se é considerada a principal em relação ao controle
e comando da secreção de todos os hormônios. É ela quem coordena a secreção
hormonal das glândulas, porém, sofre in�uência direta do hipotálamo, considerada
a glândula ”mestre”:
Essa pequena região do encéfalo abaixo do tálamo é a principal
conexão entre os sistemas nervoso e endócrino. As células no
hipotálamo sintetizam, pelo menos, nove hormônios diferentes e a
hipó�se secreta sete. Juntos, esses hormônios desempenham funções
importantes na regulação de praticamente todos os aspectos do
crescimento, desenvolvimento, metabolismo e homeostasia.
(TORTORA, 2016. pg. 627). 
88
Sistema porta Hipo�sário
Fonte: SEELEY, 2016.
Hormônios da Adeno-hipófise
A adeno-hipó�se é constituída por cinco tipos celulares distintos: Somatotrofos;
  Tireotrofos; Gonadotrofos; Lactotrofos e Corticotrofos. Como vimos
anteriormente, o comando para a secreção hormonal é realizado pelo hipotálamo,
onde os hormônios liberadores e inibidores que são sintetizados pelas células do
hipotálamo neurossecretoras, e em seguida, são transportadas por axônios e
liberados nos terminais axônicos.
Os hormônios se difundem por meio dos capilares do sistema porta hipo�sário e
encaminhados para as veias porto-hipo�sárias, em direção ao plexo secundário do
sistema porta-hipo�sário, que em seguida, são distribuídas às células-alvo na
adeno-hipó�se. A seguir são listados os hormônios e as células secretoras
localizadas na adeno-hipó�se (TORTORA, 2016; SILVERTHORN, 2017): 
1. Os somatotrofos secretam hormônio do crescimento (GH), hormônio
fortemente relacionado ao crescimento e por in�uenciar o metabolismo de
carboidratos e lipídeos, também conhecido como somatotro�na. O GH
89
promove a secreção de fatores de crescimento em tecidos-alvo, como por
exemplo o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF), envolvido no
processo de desenvolvimento da estatura e metabolismo muscular.
2. Os tireotrofos secretam hormônio tireoestimulante (TSH - tireotro�na), o
qual, controla a secreção dos hormônios tireotró�cos (T3, T4, calcitonina),
in�uenciadores do metabolismo energético geral do organismo.
3. As células gonadotró�cas secretam o hormônio foliculoestimulnate (FSH) e o
hormônio luteinizante (LH). Ambos atuam sobre as gônadas resultando em
secreção de estrogênios, progesterona, maturação dos ovócitos no
organismo feminino, e a produção dos gametas masculino e secreção de
testosterona nos testículos.
4. Os lactotrofos estão intimamente relacionados com a secreção de prolactina
(PRL), que inicia a produção de leite nas glândulas mamárias durante o
período gestacional ou por estímulos externos.
5. Os corticotrofos secretam o hormônio adrenocorticotró�co (ACTH -
corticotro�na) que é responsável pelo aumento da secreção de
glicocorticoides (Cortisol) por estímulo do córtex da glândula suprarrenal.
Além disso, uma pequena parcela das células corticotró�cas secreta o
hormônio melanócito-estimulante (MSH).
As principais funções dos hormônios da adeno-hipó�se, assim como seus
inibidores são apresentados na tabela 1.
90
Tabela 1 - Características dos diferentes tipos de hormônios: comparação entre
hormônios peptídicos, esteroides e derivados de aminoácidos
Hormônios
peptídicos
Hormônios
esteroides
Hormônios amínicos
(derivados de tirosina)
Catecolaminas
Hormônios da
tireoide
Síntese e
armazenamento
Síntese prévia;
armazenamento
em vesículas
secretoras
Sintetizados a
partir de
precursores,
de acordo com
a demanda
Síntese prévia;
armazenamento
em vesículas
secretoras
Síntese prévia;
precursor
armazenado em
vesículas
secretoras
Liberação pela
célula-mãe
Exocitose
Difusão
simples
Exocitose
Proteínas
transportadoras
Transporte no
sangue
Dissolvidos no
plasma
Ligados a
proteínas
carreadoras
Dissolvidos no
plasma
Ligados a
proteínas
carreadoras
Meia-vida Curta Longa Curta Longa
Localização do
receptor
Membrana
celular
Citoplasma ou
núcleo; alguns
também têm
receptor na
membrana
Membrana
celular
Núcleo
Resposta da
ligação ligante-
receptor
Ativação de
sistemas de
segundo
mensageiro;
pode ativar
genes
Ativação de
genes para a
transcrição e
tradução;
pode ter
efeitos não
genômicos
Ativação de
sistemas de
segundo
mensageiro
Ativação de
genes para a
transcrição e
tradução
Resposta geral
do alvo
Modi�cação de
proteínas
existentes e
indução da
síntese de novas
proteínas
Indução da
síntese de
novas
proteínas
Modi�cação de
proteínas
existentes
Indução da
síntese de
novas proteínas
Exemplos
Insulina,
hormônio da
paratireoide
Estrogênio,
androgênios,
cortisol
Adrenalina,
noradrenalina,
dopamina
Tiroxina (T.)
Fonte: SILVERTHORN, 2017.
91
Hormônios da Neuro-hipófise
A neuro-hipó�se (tabela 1), diferentemente da adeno-hipó�se, não sintetiza seus
próprios hormônios, apenas os armazena e secreta quando recebe estímulos
hipotalâmicos. Os hormônios secretados pela neuro-hipó�se são sintetizados pelo
hipotálamo, por células neurossecretoras hipotalâmicas, cujo os corpos celulares
se encontram nos núcleos paraventricular e supraóptico hipotalâmico.
Os axônios dessas células formam o trato hipotálamo-hipo�sário, iniciando seu
trajeto no hipotálamo, terminando próximo aos capilares sanguíneos na região da
neuro-hipó�se. Os corpos neuronais dos núcleos paraventricular e supraóptico
sintetizam os hormônios Ocitocina (OT) e antidiurético (ADH – vasopressina). Esses
hormônios são embalados em vesículas e armazenados na neuro-hipó�se até o
momento de sua secreção.
A secreção de Ocitocina (OCT) ocorre durante e após o processo de parto e tem
como tecidos-alvo o útero e as glândulas mamárias.   Durante o processo de
expulsão do bebê, ocorre o alongamento do colo uterino que resulta em
estimulação na liberação de OCT (feedback positivo), aumentando ainda mais as
ondas de contrações uterinas. Após o nascimento do bebê a OCT estimula a ejeção
do leite pelas glândulas mamárias. Esse processo ocorre em resposta ao estímulo
mecânico induzido pela sucção exercida pelo bebê, e também o choro. Além disso,
a OCT parece estar relacionada a sensações de prazer durante o ato sexual e
comportamento parental de cuidado em relação aos �lhos.

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