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Comunicação e Produção Textual Completo

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COMUNICAÇÃO E 
PRODUÇÃO TEXTUAL
Prof. Esp. JULIANA SPADOTO
004 Aula 01:
013 Aula 02:
025 Aula 03:
042 Aula 04:
057 Aula 05:
066 Aula 06:
077 Aula 07:
085 Aula 08:
101 Aula 09:
111 Aula 10:
121 Aula 11:
133 Aula 12:
139 Aula 13:
147 Aula 14:
159 Aula 15:
170 Aula 16:
Nossa língua Portuguesa 
Por que nos comunicamos? 
Formas de linguagem e Variações linguísticas 
A era da Informação 
Texto e Contexto 
Redação técnica 
Estratégias de Escrita 
Coesão e Coerência 
Comunicação Interpessoal 
Inadequações entre fala e escrita 
Homônimos e parônimos 
Formas de porquês 
Verbos problemáticos 
Vícios de linguagem: você tem? 
Erros comuns da língua portuguesa 
O novo acordo ortográfico
002
Introdução
Olá, estimado (a)!
Vamos iniciar a disciplina de Comunicação e Produção Textual, e espero que 
você se surpreenda com como é bom rever língua portuguesa, comunicação 
e gramática com outro olhar! 
Muitos graduandos me perguntam: “Por que tenho que estudar comuni-
cação ou língua portuguesa se não vou utilizar o texto como ferramenta 
principal do meu ofício?” - será que não vai? Pois esse questionamento é 
justamente nosso ponto de partida nesta disciplina. Na Aula 1, você vai 
refletir sobre a necessidade de ter consciência de que a boa comunicação, 
além de ser nosso cartão de visitas, é prova de que tivemos estudo em nível 
superior e somos indivíduos que necessitam de uma boa comunicação para 
o sucesso tanto pessoal quanto acadêmico e profissional. O tratamento 
dado à língua enfatiza seu conhecimento de mundo e suas diferentes for-
mas de interagir. O jeito que você usa as modalidades oral e escrita, formal 
e informal é o que dá status a cada uma delas, conferindo-lhes poder de 
expressão e de convencimento em dada circunstância.
Quanto à presente disciplina, vamos pensá-la em duas partes: primeiro, 
aulas mais conceituais para que você tenha uma base e referências sobre os 
estudos da linguagem. Falaremos de linguagem e sociedade, comunicação 
na Era Digital, variações da língua e estilos formais e informais, além de um 
panorama sobre comunicação interpessoal no âmbito profissional. A outra 
parte conterá aulas com assuntos gramaticais tais como escrita técnica, 
problemas de concordância, vícios de linguagem e erros comuns da língua 
portuguesa.
Espero que você faça bom uso deste material. Aproveite o momento para 
refletir sobre o jeito como você se comunica e para se conscientizar da im-
portância da leitura, além de sanar eventuais dúvidas acumuladas ao longo 
do tempo.
Bons estudos, e conte com a gente!
003
01
Nossa língua 
Portuguesa
004
Olá, estimados (as)!
Vamos agora dar início à disciplina de Comunicação e Produção Textual e, para tanto,
começaremos com uma re�exão: por que você, como pessoa adulta e alfabetizada,
ainda deve estudar língua portuguesa?
Para ajudar na re�exão, vamos recorrer a uma autora da área. Em tópicos sucintos,
Brasileiro (2016) diz que:
 – Ter boa comunicação escrita e falada é exigência das empresas.
  – Ainda na graduação, as disciplinas “menos importantes” são as que mais fazem
diferenças nos detalhes
Já o gestor e escritor Max Gehringer diz que: “O português ruim elimina muitos
candidatos a emprego. Empresas não querem contratar funcionários que não saibam
redigir um relatório ou um memorando.” (maxcomvoce.com.br).
As ideias começaram a clarear?
Agora, leia o que Ghiraldelo tem a dizer sobre o assunto:
A necessidade do conhecimento sobre a língua materna é constantemente
retroalimentado pela sociedade. Basta que olhemos os anúncios de empregos
publicados em jornais do país para notarmos que, independente da carreira,
quanto mais altos os cargos na pirâmide hierárquica de uma empresa, mais
exigido é dos candidatos o domínio da comunicação oral e escrita em língua
materna. Há também a mídia retroalimentando a necessidade de tal
conhecimento da língua materna. (GHIRALDELO, s/d, p. 01).
Percebe que são vários os motivos, tanto técnicos quantos sociais? Além disso, há o
fato de que se espera que quem passou por um curso superior cometa menos erros
de gramática porque teve mais contato com leitura, informações de variadas áreas,
opiniões e pontos de vistas. Você cria um repertório próprio ao estudar e �ca mais
preparado para enfrentar o mercado de trabalho e usar o português – falado e escrito
– como ferramenta para atingir seus objetivos pro�ssionais e pessoais.
005
Você já deve ter ouvido que “quem é da área de exatas ou não é de
Letras não sabe escrever bem”. Tal fala é proferida por empregadores,
pelos próprios estudantes de dessas áreas e até mesmo por alguns
professores, o que nos leva a crer que o aluno incorpora uma avaliação
que vem de outras pessoas, não dele mesmo ou de uma autoavaliação.
Trata-se de um estereótipo socialmente criado que deve ser
combatido com interesse pela língua portuguesa e estudo contínuo.
Mas o que é se comunicar bem?
Quando falamos em dominar a escrita e a oralidade formal na língua materna,
pensamos que “escrever bem” é escrever como os grandes escritores da língua
portuguesa, é “escrever rebuscado”; e “falar bem” traz à nossa memória imagens de
pessoas que usam palavras pouco empregadas no dia a dia e que falam sem nenhum
erro gramatical. Mas não é bem assim! Falar bem é entendido como falar para
persuadir, convencer o ouvinte a fazer alguma coisa que desejamos que ele faça.
Além disso, devemos levar em conta que é com a língua e pela língua que nos
constituímos como seres humanos: nossa identidade cultural e nacional dá-se por
meio da língua materna. Assim, é importante aproveitar este momento em que você
faz um curso de graduação para se conscientizar da importância de tirar suas dúvidas
e se aprimorar na escrita e na fala.
Sei que se atualizar na língua portuguesa é um trabalho que exige dedicação e que
não existem fórmulas mágicas: a prática contínua e a re�exão, aliada à leitura de bons
autores, são indispensáveis para a boa comunicação nos vários meios pelos quais a
gente transita.
006
Breve História da
Língua Portuguesa
Há quem diga que uma pessoa inteligente não é aquela que sabe tudo sobre um
assunto, e sim aquela que sabe um pouco de cada assunto. Você concorda?
Seja qual for sua opinião, não podemos negar que um aluno ou pro�ssional que se
expressa bem – ou pelo menos não comete erros crassos na hora de falar e escrever –
causa uma boa impressão, além de ser uma pessoa muito mais agradável e articulada
nos meios sociais. E se expressar bem implicar saber ler, pensar e buscar informações
variadas.
Por isso, que tal saber um pouco mais sobre a história da língua portuguesa, chamada
pelo poeta Olavo Bilac (1865-1918) de “a última �or do Lácio, inculta e bela?”
Lácio é uma região na Itália onde se falava latim. Muitas línguas
derivaram do latim, como o francês, o espanhol e o italiano. A última
delas foi o português, por isso a língua portuguesa foi denominada
pelo poeta brasileiro Olavo Bilac de “última �or do Lácio”, ou seja, o
último idioma que nasceu do latim. E é “inculta” porque é uma variação
do latim vulgar – não clássico – falado na época.
O português é resultado do latim vulgar (uma língua não clássica, variante da língua
romana) e do galego (falado na província da Galícia – hoje, território espanhol). Essas
línguas sofreram muitas transformações ao longo do tempo, e só no século XIII foi
publicado o primeiro texto mais próximo do que hoje consideramos hoje a língua
portuguesa.
007
Na história da humanidade, os colonizadores geralmente utilizavam a própria língua
como instrumento de dominação. Segundo Terciotti,
Os romanos, por exemplo, sempre que dominavam uma nova região,
impunham sua língua — o latim vulgar, falado pelo povo e pelos soldados —
e, por meio das academias militares e escolas, procuravam fazer que o povo
dominado adotasse o latim vulgar como língua o�cial. No entanto, com esse
contato, as duas línguas sofriam modi�cações (...). Isso levou à formação de
uma terceira língua que, com o �m do Império Romano, acabou por tornar-seautônoma e independente. (TERCIOTTI, 2016, p. 10).
Mas por que, apesar de derivarem do latim, as línguas neolatinas (português,
espanhol, galego, italiano, francês e romeno) são tão diferentes entre si? Foi porque
latim se modi�cou durante o período de dominação do Império Romano, e o latim
vulgar foi imposto aos povos da primeira região colonizada – e com o português no
Brasil não foi diferente.
Ao longo dos séculos, o idioma falado no Brasil depois da colonização sofreu várias
in�uências, como as dos povos indígenas que aqui estavam e dos africanos, trazidos
como escravos. Mas imagine que quando o Brasil foi descoberto pelos portugueses,
havia mais de MIL línguas no país, faladas por índios de diversas etnias. Para
estabelecer uma comunicação com os nativos, os portugueses foram aprendendo os
dialetos e idiomas indígenas. (TERSARIOL, 1970).
A partir da segunda metade do século XVIII, a língua portuguesa começou a
predominar em relação à língua dos indígenas e dos africanos, e o crescente número
de falantes do português tornou o bilinguismo das famílias portuguesas no país cada
vez menor. Em 17 de agosto de 1758, a língua portuguesa se tornou idioma o�cial
do Brasil por meio de um decreto do Marquês de Pombal, e no ano seguinte, os
jesuítas, que haviam catequizado os índios e produzido literatura em língua indígena,
foram expulsos do país por Pombal.
008
O diplomata Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, ditando o
decreto da expulsão dos jesuítas do Brasil.
Nessa época, o português já havia passado pela evolução natural que toda língua
passa no decorrer do tempo e apresentava peculiaridades em sua fala, como a
generalização do uso da forma de tratamento que até hoje se mantém no Brasil, mas
que em Portugal era empregada apenas familiarmente: o "você", redução de
"vosmecê", que por sua vez vem de "vossa mercê".
Sobre a in�uência de várias culturas responsáveis pelas transformações no
português, Câmara Jr. diz:
Após a independência do Brasil, o trá�co de escravos diminui até cessar por
volta de 1850. Novos imigrantes europeus tais como alemães e italianos
chegaram ao país. O novo contato do português brasileiro com outras
línguas foi um dos fatores que gerou as diversas variedades regionais
existentes hoje no Brasil. A discussão sobre as distinções entre a fala de
Portugal e a do Brasil se mantêm até hoje. O brasileiro incorporou
empréstimos de termos não só das línguas indígenas e africanas, mas do
francês, do espanhol, do italiano e mais recentemente do inglês, devido ao
avanço das tecnologias, computação e cultura. (CÂMARA JR., 1979, grifo meu).
009
A Língua Portuguesa
hoje no mundo
 
Sabia que aqueles que falam a língua portuguesa são chamados de “lusófonos” (luso =
de Portugal; fono = fala)? E que 250 milhões de pessoas falam o idioma português
hoje no mundo?
Segundo dados do Governo do Brasil (2012), o português é a oitava língua mais falada
no mundo e a terceira entre os países ocidentais, atrás apenas do inglês. e do
espanhol, e adotado o�cialmente em oito países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné
Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste – além de Macau,
região autônoma na costa sul da China.
Além disso, o português é uma das línguas o�ciais da União Europeia desde que
Portugal passou a integrar o grupo em 1986.
Acesse: Disponível aqui
Assista a uma videoaula sobre a in�uência da língua portuguesa sobre
outros idiomas e sua importância no mundo:
Apesar de ser predominante no Brasil, o português falado varia conforme a região e a
localidade, e prova disso são os diferentes sotaques encontrados no nosso país.
Outro aspecto é que, embora a língua portuguesa seja a o�cial, ela não é a única:
pesquisadores calculam que, além dela, ainda existam pelo menos 180 línguas
indígenas no Brasil. A elas, somam-se as línguas alóctones (de descendentes de
010
https://www.youtube.com/watch?v=o9RotGIEvXk
imigrantes), línguas crioulas, práticas linguísticas diferenciadas dos quilombos e a
língua brasileira de sinais (Libras). Ou seja, vendo por essa perspectiva, o Brasil pode
ser considerado um país multilíngue!
Mas uma medida visando à preservação e uni�cação do português que causou e
ainda causa polêmica foi o Acordo Ortográ�co da Língua Portuguesa, �rmado em
2009  cujo �m do seu período de adaptação foi em 2014, que prevê a padronização da
escrita entre os oito países que têm a língua portuguesa como o�cial e integram a
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o objetivo de ampliar o
intercâmbio cultural e cientí�co. Você já a estudou? Está por dentro das novas regras?
Fonte: Disponível aqui
A USP disponibiliza um arquivo em PDF com uma guia prático sobre as
mudanças depois do novo acordo ortográ�co. Vá em:
011
https://www.ime.usp.br/~yw/guia_reforma_ortografica_melhoramentos.pdf
Fonte: Disponível aqui
Sabia que existe o Dia Internacional da Língua Portuguesa? É dia 5 de
maio, comemorado anualmente entre os países lusófonos. A data
celebra a importância cultural e histórica da língua portuguesa para
toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, e em 2018, a �m
de celebrar o dia, o diretor Miguel Gonçalves Mendes produziu o vídeo
“Sotaques” a partir da leitura do livro infantil de Valter Hugo Mãe “O
paraíso são os outros”. Nele, percebemos a beleza dos vários sotaques
da língua portuguesa, lembrando que não existe um jeito certo de se
falar o português mesmo dentro do Brasil. Con�ra:
012
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/05/videos/1494013953_142270.html
02
Por que nos 
comunicamos?
013
“Quem não se comunica se trumbica” - Chacrinha, comunicador
Nas nossas duas primeiras aulas, creio que �cou claro a importância de estudar a
língua portuguesa no âmbito da comunicação e da expressão, certo?
Ter uma boa comunicação escrita e falada pode ampliar as oportunidades no
mercado de trabalho, pois demonstra que você tem um nível a mais de educação e
que está preparado para se comunicar em situações diversas, sejam elas com seus
colegas de trabalho, clientes ou fornecedores.
Falar e escrever bem é importante tanto ao participar de um processo seletivo, por
exemplo, como para atuar ativamente bem no seu trabalho, a�nal, do que adianta ser
um pro�ssional com grande experiência e boa formação se você não tiver uma
comunicação clara, que transmita todo o seu conhecimento? Acredite: um português
bem falado e bem escrito faz a diferença.
Comunicação e sociedade
Então, estimado (a) aluno (a), pense nas seguintes questões:
Por que precisamos nos comunicar?
Comunicar-se é essencial para a vida ou é possível “existir” sem ter contato com
a escrita, a fala e o contato social?
Agora pense na sua casa, seu bairro, sua escola, sua turma. Esses certamente foram
os primeiros meios sociais em que você viveu, e a comunicação foi o canal pelo qual
sua cultura foi transmitida a você.  
Foi usando a linguagem, falando e ouvindo, escrevendo e lendo, que você aprendeu
a ser membro de sociedade (DÍAZ BORDENAVE apud INFANTE, 1991), que adotou seu
modo de pensar e de agir, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus. Não foram os
professores na escola que lhe ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com
pais, irmãos e amigos, na rua, no ônibus, no jogo, no bar e na igreja que lhe
transmitiu, ainda criança, as qualidades essenciais para viver em sociedade e ser
cidadão.
014
Utilizar bem a linguagem vai muito além do que apenas falar ou escrever: é fazer
parte de grupos sociais, crescer pessoal e pro�ssionalmente, adquirir e
compartilhar conhecimento. A comunicação confunde-se com nossa própria vida.
Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos ou andamos.
Somente percebemos sua importância quando, por um acidente ou doença,
perdemos a capacidade de nos comunicar. Você sabia que pessoas que foram
impedidas de se comunicar durante longos períodos enlouqueceram ou �caram perto
da loucura?
Assim, vale ressaltar a importância de estar atento ao modo como nos comunicamos
em diferentes meios que convivemos.Misturá-los é perigoso, causa uma impressão
errada e pode até lhe retirar de algum meio de convívio social.
Acesse: Disponível aqui
No �lme “O Náufrago”, de Robert Zemeckis, Chuck Noland (Tom Hanks)
�ca sozinho em uma ilha deserta depois de um desastre de avião. A
certa altura da trama, ele “faz amizade” com uma bola de vôlei, à qual
ele chama de Wilson – a marca da bola. À primeira impressão, o
espectador pode achar que Chuck �cou louco por conversar e dedicar
sentimentos a uma bola, mas o que se percebe é o contrário: ele sabe
que �cará louco se não socializar com alguém na ilha. Logo, conversa
com um objeto e a ele atribui características humanas para evitar ir à
loucura enquanto está sozinho.
 Leia um artigo sobre as teorias da comunicação do �lme a seguir.
015
https://www.sosestudante.com/biblioteca/diversos/o-naufrago-e-as-terorias-da-comunicacao.html
Fonte: Harari, 2018.
Breve História da
Comunicação
A marca de uma mão humana de cerca de 30 mil anos atrás, na parede de uma
caverna em Chauvet-Pont-d’Arc, na França, indica que alguém tentou dizer: “Passei
por aqui!”
A comunicação, segundo Bordenave (1996), é um dos fenômenos mais importantes
da espécie humana e, para compreendê-lo, é preciso voltar no tempo, buscar as
origens da fala e das linguagens. Você consegue imaginar como era a comunicação
nos tempos dos homens da caverna, nos primórdios da existência do homo sapiens?
Até hoje os estudiosos buscam chegar a uma conclusão de�nitiva sobre como os
homens primitivos começaram a se comunicar entre si: se foi por gritos ou grunhidos,
por gestos ou pela combinação dos dois. À medida que o homem foi combinando um
som e um gesto ou um desenho para designar alguma coisa, surgiu a necessidade de
organizar essas combinações, pois se usadas de forma desordenada, transmitir
alguma mensagem seria uma tarefa muito difícil – e foi essa situação que deu origem
à comunicação. 
016
Peça de argila com escrita pictográ�ca dos sumérios, a mais antiga conhecida pela
humanidade.
Com o passar do tempo, a comunicação foi evoluindo e �cando mais clara. Os
sumérios foram os primeiros a usar a escrita, conhecida como sistema pictográ�co,
que data de aproximadamente 8 mil anos antes da era cristã – ou seja, mais de 10 mil
anos atrás!
No começo, o homem contava os acontecimentos na mesma ordem em que eles
aconteciam: um caçador descrevia sua rotina na mesma sequência dos fatos. Quando
pegava um instrumento usado como arma, enfrentava um animal, matava-o e comia-
o, ele desenhava os pictogramas nessa ordem.
017
Acesse: Disponível aqui
Disponibilizados na Plataforma do Letramento, dois
minidocumentários do MEC abordam a construção da escrita ao longo
da história, desde os sistemas de escrita pictográ�cos egípcio, sumério
e cretense, passando pelos ideogramas chineses e japoneses, até o
primeiro alfabeto, desenvolvido pelos gregos por volta de 800 a.C. Vale
a pena assistir!
Da Pré-história à História
Tenho certeza de que ao longo de suas experiências escolares e pessoais em algum
momento você precisou traçar mentalmente uma linha cronológica do que foi a pré-
história e o que veio depois dela até os dias atuais. Todas as datas conhecidas sobre a
evolução da comunicação são datas presumidas, sem muita exatidão, mas é
necessário a�rmar que ela acompanhou a evolução biológica da humanidade.
018
http://www.plataformadoletramento.org.br/acervo-para-aprofundar/348/a-construcao-da-escrita.html
Fonte: Pixabay.
Acesse: Disponível aqui
A história da escrita sempre despertou o fascínio dos homens. Antes
que a tecnologia ocidental de impressão surgisse para disseminar os
textos, as cópias manuscritas circulavam entre os poucos que
decifravam seus códigos. Nas expedições que fazia, Alexandre, o
Grande, carregava consigo a “Ilíada”, de Homero, um dos dois principais
livros da Grécia Antiga, e uma biblioteca com cerca de meio milhão de
manuscritos foi erguida na cidade que levou seu nome, Alexandria.
PERLES, J.B. Comunicação: conceitos, fundamentos e história.
Disponível em a seguir.
019
http://www.bocc.ubi.pt/pag/perles-joao-comunicacao-conceitos-fundamentos-historia.pdf
Papiro egípcio.
  Para �car mais fácil a nossa compreensão, fez-se a divisão da evolução em Pré-
História e História. Inclusive, pré-história é considerada toda forma de civilização
anterior à invenção da escrita e data aproximadamente de 500.000 a.C. Segundo
Harari (2018), foi nessa época que surgiram os neandertais onde hoje seriam a
Europa e o Oriente Médio.
A transição da Pré-história para a História aconteceu no �nal da Idade dos Metais, que
foi por volta de 4.000 a.C. e assim denominada porque foi quando o homem começou
a utilizar cobre, ferro e bronze no seu dia a dia. Nessa época, os egípcios criaram a
escrita hieroglí�ca.
020
Papiro egípcio.
Junto com a evolução da linguagem, desenvolveram-se também os meios de
comunicação. Hoje, na História Moderna – também chamada de Era Atual –, temos
arquivos que registram os acontecimentos. Mas no passado, a invenção da técnica de
imprimir ilustrações, símbolos e a própria escrita foi a possibilidade de tornar a
informação acessível a um número cada vez maior de pessoas, mudando assim o
modo de viver e de pensar das sociedades existentes.
Em 1455, a invenção da imprensa foi um dos maiores avanços e contribuições para a
comunicação no mundo moderno. A tipogra�a permitiu que os textos, antes escritos
à mão, fossem impressos com letras móveis produzidas em cobre e colocadas em
uma base de chumbo onde recebiam a tinta e eram prensadas no papel, como um
carimbo, uma a uma. Dessa maneira, a imprensa, como �cou conhecida a invenção do
alemão Johannes Gutenberg, passou a in�uenciar a produção e divulgação de
conhecimento e a contribuir para um maior desenvolvimento da produção literária e
de informações em geral na Europa e no mundo.
021
Réplica da prensa de Gutenberg.
Os tipos - letras da prensa de Gutenberg.
Depois da prensa, veja as principais invenções a favor da comunicação:
022
Fonte: Elaborado pela autora.
JORNAL - o primeiro exemplar data de 59 a.C., em Roma, quando Julio César queria
informar o povo sobre os mais importantes acontecimentos sociais e políticos do
império. Até hoje,  o jornal tem praticamente a mesma função.
RÁDIO -  sua primeira transmissão foi em 1900, Trata-se de um marco na história da
comunicação, pois ao contrário do jornal, as ondas do rádio tinham um alcance de
pessoas e uma velocidade de informação muito superiores.
TELEVISÃO -  em 1924, era a junção dos componentes grá�cos (imagens e �guras) de
um jornal com os componentes de áudio do rádio (a fala), o que tornou possível ver
imagens em movimento juntamente com o áudio.
INTERNET - desenvolvida em 1969 nos EUA para �ns de comunicação militar,  tinha o
nome de ArpaNet. Com o �m da Guerra Fria, o sistema tornou-se praticamente
desnecessário para �ns militares e o Exército decidiu levá-lo a público por meio das
universidades.
Fazendo um resumo, vemos que houve um processo crescente em que o homem
desenvolveu a linguagem depois dos desenhos nas cavernas, com a escrita, o papel,
as impressões manuais e as mecânicas, e assim a informação passou cruzar grandes
distâncias geográ�cas, culturais e cronológicas.
Passamos pelos meios de comunicação como jornais e revistas, rádio e televisão, e
chegamos à nossa época, que podemos chamar de Era da Tecnologia e da
Informação. Na era da tecnologia, o computador é o carro-chefe. Quando foi
desenvolvido em 1943, era uma máquina gigantesca que ocupava uma sala inteira e
só servia para fazer cálculos, até 1971, quando surgiu nos EUA o primeiro
microcomputador.
Andando lado a lado com a evolução dos computadores, está a Internet, que nem
sempre foi da maneira que a conhecemos: na verdade, ela foi desenvolvida para �ns
militares e não passava de um sistema de comunicação entre as bases militares dos
EUA. Em 1971, a até então chamada ArpaNet passou a ser usada por acadêmicos e
professores universitários, principalmente nos EUA, por meio da qual trocavam ideiase mensagens, e então recebeu o nome de Internet. A disseminação e a popularização
da rede no Brasil aconteceram no �nal da década de 1990 e início dos 2000, e aos
023
poucos foi se tornando aquilo que conhecemos hoje: indispensável para a nossa vida,
pois estar conectado à rede mundial é uma fonte de conhecimento, interatividade,
diversão e, acima de tudo, de comunicação.
024
03
Formas de linguagem e 
Variações linguísticas
025
Nos diferentes espaços sociais em que vivemos, temos a oportunidade de encontrar
diversas formas de linguagem escolhidas dependendo da intenção de quem
transmite a mensagem – ou emissor. Vejamos algumas informações sobre as
características e os aspectos mais relevantes que marcam as formas de linguagem,
sejam elas no plano verbal ou no plano não verbal.
No instante em que você põe os olhos em um texto, você o lê. E por que você o leu?
Porque, a partir do momento em que você se alfabetizou, ler se torna um ato
instintivo, automático. Placas, sinais, canções, �lmes, livros, bilhetes, posts de internet,
todas essas manifestações só existem porque existe a linguagem aprendida.
Quando falamos em linguagem, não estamos falando apenas da
linguagem escrita e do português padrão, correto e formal. A
comunicação utiliza vários tipos de linguagens tais como a linguagem
corporal, o tom de voz, os símbolos, as cores, etc. Além dos diferentes
tipos de linguagens, devemos considerar a diversidade de contextos
sociais e indivíduos culturais diferentes entre si. O diálogo realizado
entre amigos no �nal da tarde em um happy hour não é o mesmo
diálogo realizado pelos colegas dentro da empresa ou em uma reunião
com a diretoria. Todos os lugares possuem suas regras próprias,
inclusive os locais considerados informais. Ninguém chega à casa de
um amigo e vai entrando no quarto sem pedir licença. Assim, acontece
com a linguagem.
Vamos aos tipos de linguagem.
026
CUIDADO!
TRÂNSITO DE
EMPILHADEIRA
Linguagem verbal
Quando conversamos com alguém ou lemos um texto, estamos utilizando a palavra
como código. Quando alguém escreve um e-mail ou uma mensagem no WhatsApp,
por exemplo, está usando a linguagem verbal, ou seja, está transmitindo
informações através das palavras.
Esse tipo de linguagem é conhecido como linguagem verbal, pois a palavra – escrita
ou falada. É certamente a forma mais comum no nosso dia a dia e devemos usar
corretamente nas diferentes situações exigidas.
Linguagem não verbal
Ao contrário da linguagem verbal, a linguagem não verbal não utiliza palavras, pois o
código utilizado é um símbolo. Nessa forma de comunicação, o objetivo é utilizar
outros meios comunicativos tais como �guras, placas, gestos, objetos, cores, etc. para
transmitir a mensagem pretendida.
027
Empilhadeira.
Por exemplo: um jogo de futebol só acaba quando o juiz apita, e um motorista só para
no sinal quando ele está vermelho. Ninguém deu ordem para parar, mas, como se
conhece a simbologia utilizada, apenas o apito e o sinal da luz vermelha já são
su�cientes para compreender a mensagem. Portanto, a linguagem não verbal é
construída a partir de símbolos não verbais como imagens e cores.
Linguagem mista ou híbrida
Como o próprio nome diz, a linguagem mista (ou híbrida) é o uso simultâneo da
linguagem verbal e da linguagem não verbal – ou seja, palavras escritas e �guras ao
mesmo tempo. As histórias em quadrinhos, as charges e os outdoors são um exemplo
deste tipo de linguagem, já que possuem imagens, símbolos e diálogos ao mesmo
tempo.
028
Acesse: Disponível aqui¹ Disponível aqui²
Sabia que a Libras, a Língua Brasileira de sinais, não é uma
linguagem, mas uma língua; 
um idioma o�cial do nosso país?
Leia o decreto que regulamenta a Libras e sua inserção como disciplina
curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o
exercício do magistério¹. 
Conheça a origem da Libras no Brasil.²
029
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm
http://blog.handtalk.me/historia-lingua-de-sinais/
Linguagem Formal e Informal
A linguagem formal é baseada na norma culta, que é o modelo de padrões
linguísticos que determinam seu uso correto. Em outras palavras, é aquela linguagem
sem erros e gírias, utilizada em livros, revistas,  documentos o�ciais, etc. Como
podemos ver, a linguagem formal é voltada principalmente para a comunicação
escrita e vai de acordo com a gramática vigente.
Por outro lado, quando conversamos espontaneamente e fazemos o uso de gírias e
formas reduzidas tais como “cê” (você), “tai” (está aí), “pra” (para), por exemplo, temos
a linguagem informal. Neste caso, nos comunicamos principalmente por meio da
fala e de maneira coloquial. Um famoso exemplo da diferença existente entre tais é o
poema “Pronominais”, de Oswald de Andrade. Veja:
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
O primeiro verso foi escrito de acordo com a norma culta, logo, em uma linguagem
formal, pois o verbo (dar) vem antes do pronome (me) = Dê-me. A gramática diz que o
pronome (no caso “me”) nunca deve vir antes do verbo em começo de frase. No
último verso, já ocorre o contrário: o pronome (me) vem antes do verbo (dar),
representando assim a forma como falamos e também a linguagem informal = Me dá.
Mas não podemos dizer que se trata de uma forma errada: é somente inadequada
em ocasiões e discursos formais.
Resumindo :
LINGUAGEM FORMAL = NORMA CULTA
Preserva as convenções gramaticais sempre respeitando a norma culta da língua
portuguesa.
É utilizada para comunicação com autoridades e superiores em organizações,
em conferências, palestras e seminários, documentos o�ciais e discursos
030
públicos.
Envolve a comunicação entre pessoas que não se conhecem ou possuem pouca
ou quase nenhuma a�nidade.
Também chamada de norma culta ou padrão.
LINGUAGEM INFORMAL = COLOQUIAL
Preza pela descontração e pelo relaxamento quanto às regras gramaticais.
Permite o uso de palavras mais simples, abreviadas e até gírias.
É muito utilizada na comunicação entre amigos, colegas, familiares e pessoas
com alto grau de envolvimento e relacionamento.
Também chamada de linguagem coloquial.
Existem diferentes situações de comunicação. Uma mesma pessoa pode escolher
uma forma de linguagem mais conservadora numa situação formal ou um linguajar
mais informal, em situação mais descontraída. Quantas vezes isso não acontece
conosco no dia a dia? Na família e com amigos falamos de uma forma, mas em uma
entrevista para procurar emprego, é muito diferente.
O sucesso da comunicação não depende apenas de saber utilizar os elementos do
processo comunicativo. É preciso que o emissor considere, antes de qualquer coisa,
quem é o seu público-alvo. Após estar ciente de quem receberá sua mensagem, você
deve, então, adequar sua mensagem utilizando uma linguagem que atinja seu
receptor da melhor forma. Para isso, é imprescindível levar em conta o contexto de
comunicação, ou seja, se é um ambiente formal ou informal. Além disso, é
importante compreender as expressões, gírias ou jargões especí�cos do público-alvo
para que a comunicação �ua da forma mais natural possível. 
Exercício prático
Façamos agora um exercício de substituição da linguagem informal para a formal,
pois expressões coloquiais e gírias não devem aparecer em seus textos acadêmicos
ou pro�ssionais. Imagine que você precisa reescrever as ideias abaixo em um
relatório, e-mail, etc. Assim, procure transformar as frases na linguagem padrão
escrita, mais formal. E ATENÇÃO: NÃO EXISTE UMA ÚNICA FORMA CERTA OU ERRADA!
031
Faça a sua anotação e, depois, clique na frase para comparar com as sugestões
dadas.
a) Vê se tu bota a cuca para funcionar e não dê mais mancada.
Sugestão: Por favor, tenha mais atenção para que isso não aconteça novamente.
b) Aquele picareta entregou um cheque frio pra gente! Dá pra ver isso pra mim?
Sugestão: Gostaria de avisar que xxxx nos emitiu um chequesem fundos. Por gentileza,
veri�que a situação e me dê um retorno.
c) Estou mais perdido que cego em tiroteio com essa matéria.
Sugestão: Você poderia passar alguma instrução sobre a matéria?
d) Estou cru em matemática, mas não vou colar de ninguém.
Sugestão: Embora eu ainda não dominasse matemática, vou fazer o trabalho sozinho.
e) Se der ruim, dá um toque.
Sugestão: Caso tenha algum problema, avise-me.
f) Não vá nessa: quando você estiver por fora da jogada, cara, o melhor é pedir
orientação para o mandachuva do trampo.
Sugestão: Eu sugiro que você analise a situação com cuidado e peça orientação ao
gestor/coordenador/diretor do projeto.
g) Os caras atrasaram a entrega. Fala com o cliente, porque eu não to a �m de
treta.
Sugestão: Houve um atraso na entrega. Por favor, entre em contato com o cliente e deixe-o
a par da situação.
h) Valeu, mano! Já estou �cando joia em português, e o negócio agora é curtir
matemática, que é o meu forte.
Sugestão: Obrigado(a)! Agora que estou melhor em português, vou estudar matemática,
que é o meu forte.
032
Adaptado de Telles, 2009.
i) Corta essa, não sei bulhufas desse lance de ser dedo-duro de colega de
trabalho.
Sugestão: Desculpe-me, não é do meu feitio entregar as ações de colegas de trabalho.
Em escritas mais formais, acrescentar “por favor” ou “por gentileza”,
“grato(a)”, “gostaria de” ou “gostaríamos de”, “veri�que se”, “seria
interessante se você..,” “eu sugiro que…” nas mensagens sempre
passa uma boa impressão de cuidado com o texto e
consequentemente com o destinatário da sua mensagem – alguém de
cargo hierárquico superior, cliente, parceiro de negócios, gestores, etc.
Na fala, esse recurso também sempre causa boa impressão!
Variações linguísticas
Além do português padrão, há outras variedades que são usadas em situações
informais diversas e diferentes de acordo com o contexto e sujeitos do processo
comunicativo. Fatores tais como escolaridade, nível social, idade, região, etc. são
responsáveis por determinado tipo de linguajar que pode ser discriminado inclusive
dentro de situações informais.
Infelizmente, a língua é vista como um status social e há muito preconceito em
relação às pessoas que não sabem utilizar a norma-padrão e culta da língua
portuguesa, mas conhecer as variações linguísticas é importante justamente para
combater esse preconceito.
Leia o seguinte trecho:
033
Em escritas mais formais, acrescentar “por favor” ou “por gentileza”,
“grato(a)”, “gostaria de” ou “gostaríamos de”, “veri�que se”, “seria
interessante se você..,” “eu sugiro que…” nas mensagens sempre
passa uma boa impressão de cuidado com o texto e
consequentemente com o destinatário da sua mensagem – alguém de
cargo hierárquico superior, cliente, parceiro de negócios, gestores, etc.
Na fala, esse recurso também sempre causa boa impressão!
Carlos Drummond de Andrade, in: Quadrante (1962), obra coletiva.
Reproduzida em Caminhos de João Brandão, José Olympio, 1970.
É perceptível que nele existem expressões que já não usamos mais, tais como
mademoiselles, janotas, pé-de-alferes, balaio, botica, ceroulas, outrora. O texto de
Drummond fala exatamente disso: de como se falava antigamente.
Caso fôssemos adequá-las ao vocabulário atual, como �caria? Os termos em destaque
seriam substituídos por “mina”, “gatinha”, “cantadas”, “da hora”, “os caras”, “a galera,”
“farmácia”, “cuecas” e assim por diante.
Perceberam que a língua é dinâmica? Ela sofre transformações com o passar do
tempo em virtude de vários fatores advindos da própria sociedade, que também é
totalmente mutável.
Ou seja: todo mundo tem seu jeito de falar, seja por história pessoal ou coletiva. O
que vale lembrar é que não existe certo ou um errado quando a questão é sotaque,
por exemplo, ou vocabulário diferente de uma geração ou região para outra.
Errado é o que não está de acordo com a gramática vigente. As diferentes formas de
falar a língua portuguesa são chamadas de variações linguísticas.
Segundo Moysés (2014),
  “[...] o português, como qualquer outra língua, não é estático e imutável.
Assim sendo, podemos dizer que uma língua não é uma unidade homogênea
e uniforme. Ela poderia ser de�nida como um conjunto de variedades. É esta
034
diversidade que faz surgir os níveis de linguagem que variam de acordo com o
nível social, econômico, cultural e geográ�co. No Brasil há uma grande
variedade de pronúncia e vocabulário: há diferentes sotaques: o sotaque
mineiro, o gaúcho, o nordestino, etc. Também no vocabulário observam-se
diferenças entre regiões e também na fala de quem mora na capital e de
quem vive na zona rural” (MOYSÉS, 2014).
Assim, essas variações são dividas em: 
VARIAÇÃO HISTÓRICA - a língua sofre variações devido ao tempo que passou:
conforme o tempo transcorre, o modo que as pessoas falam, o vocabulário e as
estruturas vão mudando.
VARIAÇÃO REGIONAL - a língua sofre variações devido ao lugar em que o falante
vive.
VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL - a língua sofre variações devido à condição social,
econômica e educacional e ao meio cultural em que o falante vive.
Variação Histórica 
É aquela que sofre transformações ao longo do tempo. Por exemplo, a palavra “você”,
que no tempo do Brasil colônia era “vossa mercê” e depois virou “vosmecê”. O mesmo
acontece com as palavras escritas com PH, como era o caso de pharmácia, agora,
farmácia.
035
Variação Regional 
São as variações ocorridas de acordo com a cultura de uma determinada região
como, por exemplo, a palavra mandioca, que em certas regiões é tratada por
macaxeira e aipim; e abóbora, que também é conhecida como jerimum dependendo
do estado brasileiro. O sotaque também é uma variação regional, como em regiões
que puxam o “r” ou ainda falam “tu” mesmo que não conjugue o verbo corretamente
(tu é, tu vai, etc.).
036
Diga aí: como a fruta abaixo é chamada onde você mora?
(     ) bergamota
(     ) mexerica
(     ) mimosa
(     ) poncã
(     ) laranja-cravo
(     ) clementina
(     ) fuxiqueira
(     ) vergamota
(     ) mandarina
(     ) bitter Orange - se você vive no exterior! 
Pois saiba que todas as opções são diferentes nomes dados à fruta,
dependendo da região encontrada. Assim, quando se fala em variação
regional, não há certo ou errado!
037
É aquela pertencente a um grupo especí�co. Neste caso, podemos destacar as gírias,
a linguagem coloquial usada no dia a dia das pessoas e a linguagem formal, que é
aquela utilizada por pessoas com maior grau de instrução.
Também fazem parte deste grupo as gírias e os jargões, que pertencem a uma classe
pro�ssional mais especí�ca, como é o caso dos médicos, pro�ssionais da informática
e policias, dentre outros.
Fonte: adaptado de: Disponível aqui
GÍRIA X JARGÃO
A gíria teve sua origem na maneira de falar de grupos marginalizados
que não queriam ser entendidos por quem não pertencesse ao grupo.
Hoje, entende-se a gíria como uma linguagem especí�ca de grupos
especí�cos, como os jovens. Já o jargão é o modo de falar especí�co de
um grupo, geralmente ligado à pro�ssão. Existe, por exemplo, o jargão
dos médicos, o jargão dos especialistas em informática, os jargões dos
jogadores de futebol, etc.
Variação Sociocultural
038
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/giria-e-jargao-a-lingua-mudaconforme-situacao.htm
VERSUS
alinhar as agendas x combinar
“Olá, como vai?” x “E aí, beleza?”
passear x dar um rolê
trabalho x trampo
paquera x crush
aventar x sugerir
cefaleia x dor de cabeça
incrível, sensacional x top
“Por obséquio, qual é a sua graça?” x “Por favor, qual é o seu nome?”
caranga x possante
Diante de tantas variantes linguísticas, é inevitável perguntar qual delas é a correta.
Resposta: não existe uma opção correta em termos absolutos, mas sim, a mais
adequada a cada contexto. Dessa maneira, falar bem signi�ca se mostrar capaz de
escolher a variante adequada a cada situação e conseguir o máximo de e�ciência
dentro da variante escolhida.
Usar o português próprio da língua escrita formal em uma situação descontraída da
comunicação oral é falar de modoinadequado. Soa como pretensioso, pedante,
arti�cial. Por outro lado, é inadequado em situação formal usar gírias, termos chulos,
desrespeitosos, fugindo das normas típicas dessa situação.
039
Dessa forma, todos os falantes são capazes de adaptar seu jeito de falar às diferentes
circunstâncias sociais escolher quais formas são as mais apropriadas para o
momento.
Quanto à escola, seja qual for a etapa de estudo, deve proporcionar re�exões acerca
dos variados usos da língua, sem apresentar a norma-padrão como a única aceita. É
com esse ensino plural que os estudantes poderão desenvolver suas competências
linguísticas, lembrando que o ensino da língua padrão continua a ser dever da
escola e um direito do aluno, mas não precisa ser substitutivo e, por isso, não implica
a erradicação das variedades não padrões.
040
Acesse: Disponível aqui
Sotaques são fascinantes. É curioso perceber como uma entonação ou
palavra são tão diferentes em lugares distintos do mesmo país, e com
um país tão grande e diverso como o Brasil. Então escolha sabiamente,
pois a chave para o sucesso está em alguma pronuncia entre o
Oiapoque ao Chuí! Assista a uma sketch bem-humorada do grupo
Porta dos Fundos sobre um inusitado candidato com diversos sotaques
em uma entrevista de emprego.
EXERCÍCIOS !
Teste seus conhecimentos sobre o signi�cado de algumas variações linguísticas:
Expressões típicas da região norte e nordeste: o que signi�ca...?
cambito - perna �na / caxaprego - lugar muito longe / fastiado - sem fome / gaia - chifre,
corno / égua de largura - muita sorte / Levar o farelo - morrer / liso - sem dinheiro /
mangar - ridicularizar, tirar sarro / varapau -  pessoa alta / xanha - coceira na pele / Vigie
bem - preste atenção / Zé ruela - besta, abestado
Expressões típicas da região sul: o que signi�ca... ?
alçar a perna - montar a cavalo / campo santo - cemitério / maleva - bandido, pessoa
perversa / niqueleira - porta-moedas / cacetinho - pão francês / pandorga - pipa,
papagaio / solito - sozinho
Gírias antigas: o que signi�ca... ?
tinindo - ter vigor, energia / esbórnia - bagunça, farra / supimpa - muito bom /
chorumelas - bobeira, conversa �ada / andar nos trinques - andar bem vestido, ser
elegante / �m da picada - situação fora do comum  e ruim / peita - camiseta
041
https://www.youtube.com/watch?v=GVTQO9czBsI
04
A era da 
Informação
042
“Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte.” - Zygmunt
Bauman.
Era da Informação e Era Digital são os termos utilizados para designar os avanços
tecnológicos resultantes da Terceira Revolução Industrial em um espaço virtual que se
tornou possível por meio da informática e da internet.
A Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução
Informacional, teve início em meados do século XX, quando a eletrônica
surgiu como meio de modernizar a indústria. Isso se deu após a II
Guerra Mundial (1939-1945) e abrange o período que vai de 1950 e até
os dias atuais. As principais características da Terceira Revolução
Industrial são:
o uso de tecnologia e do sistema de informação na produção
industrial;
o desenvolvimento da robótica, da engenharia genética e da
biotecnologia;
a aceleração da economia capitalista e geração de emprego;
a utilização de várias fontes de energia, inclusive as menos
poluentes, e a conscientização ambiental;
o amento da consciência ambiental e
a expansão das empresas multinacionais.
A obtenção ágil da informação – e principalmente da informação de qualidade – é o
grande desa�o destes nossos tempos. De um microcomputador doméstico, um
notebook ou um smartphone podemos ter acesso ao resultado de uma pesquisa
eleitoral ou de mercado, acontecimentos registrados em forma impressa, áudio e
vídeo, depoimentos de celebridades e chefes de Estado, resultados esportivos,
043
anúncios de acordos, fusões e novos produtos, entretenimento sem �m e
relacionamentos pessoais por meio de uma simples conexão à Internet (adaptado de
JAMIL E NEVES, 2000). 
Assim, �ca claro que a exposição a essa enxurrada de informações causa algum
impacto, positivo ou negativo, nas nossas relações, no modo como enxergamos o
mundo e como interpretamos aquilo que lemos. Mas será que apenas ler a
informação que nos é apresentada na Internet é o su�ciente para adquirir
conhecimento?
Para esclarecer essa dúvida, vamos primeiro discutir o conceito de analfabetismo, em
especial o funcional.
044
O analfabetismo funcional
Sempre ouvimos que analfabeto era aquele cidadão que não sabe ler e escrever, logo,
por extensão, analfabetismo é a condição daqueles que não sabem ler e escrever.
Hoje, porém, acrescenta-se a essa terminologia o “analfabetismo funcional”, cujo
estudo nos será útil para entender algumas falhas e acertos na interpretação de
informação advinda de meios digitais (Internet, Facebook, WhatsApp, Twitter, etc.)
Segundo Soares (apud Balem, 2009),
“o conceito de alfabetização tem variado ao longo da história; houve épocas
em que saber assinar o nome era prova de que se estava alfabetizado. (...) Até
a década de 40, o formulário do Censo de�niu o indivíduo como analfabeto
ou alfabetizado, perguntando-lhe se sabia assinar o nome: as condições
culturais, sociais e políticas do país, até então, não exigiam muito mais do
que isso da população. As pessoas aprendiam a desenhar o nome apenas
para poder votar ou assinar um contrato de trabalho. A partir dos anos 40, o
formulário do censo passou a usar uma outra pergunta: sabe ler e escrever
um bilhete simples?” (Soares apud Balem, 2002).
O termo “alfabetismo funcional”, apesar de parecer recente, foi de�nido nos
Estados Unidos na década de 1930 e utilizado pelo exército norte-americano durante
a Segunda Guerra para indicar a capacidade de entender instruções escritas
necessárias para a realização de tarefas militares (Castell, Luke & MacLennan apud
Balem, 2002). A partir de então, o termo passou a ser utilizado para designar a
capacidade de utilizar a leitura em contextos cotidianos, domésticos ou de trabalho.
Pense nesse tipo de fenômeno relacionado ao termo analfabetismo funcional como
grupos que mesmo tendo alguma vez aprendido a ler e escrever, não usam dessas
habilidades e voltam à condição de analfabetos: apesar de terem aprendido a ler e a
escrever na escola, não conseguem aplicar essas habilidades na sua vida diária. E é
esse tipo que mais encontramos hoje quando se fala de analfabetismo funcional em
meios digitais.
045
Adaptado de: Disponível aqui
Quais seriam as causas do analfabetismo funcional no Brasil?
Esse fenômeno está ligado a algumas causas pontuais, entre as quais:
Ensino Básico de baixa qualidade
Ine�ciência no sistema de alfabetização atual
Prezar somente pelo signi�cado das palavras e não pelo contexto
Ausência de campanhas de incentivo à leitura
Descaso do governo com a educação
Falta de políticas públicas para o oferecimento de o�cinas, cursos
ou minicursos de leitura e interpretação.
E quais as soluções?
As medidas são sutis, e a evolução é gradual, mas o investimento na
educação básica deveria ser prioridade.
Dentro do que já é aplicado nas escolas brasileiras, por ora, segundo
Paulo Freire, a real solução para a extinção do analfabetismo funcional
é ensinar o contexto de uma palavra, jamais apenas seu signi�cado,
pois limitar uma sentença ao seu signi�cado é limitar a capacidade de
interpretação de quem a aprende ou a lê.
046
http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/as-causas-do-analfabetismo-funcional/
O analfabetismo funcional e as redes sociais
Segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional, o INAF, três em cada dez brasileiros
têm limitação para ler, interpretar textos, identi�car ironia e fazer operações
matemáticas em situações da vida cotidiana. Por isso, são considerados analfabetos
funcionais.
Entretanto, mesmo apresentando di�culdades, os analfabetos funcionais são usuários
frequentes das redes sociais: 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e
31% têm conta no Instagram. O problema é que essas pessoas não tiram o máximo
proveitodas redes sociais para conseguir informações, conhecimento e garantir
direitos justamente porque não conseguem “peneirar” os conteúdos ou �ltrar
informações segundo credibilidade e fontes con�áveis.
É fato que a Internet criou novos hábitos de comunicação entre as pessoas. Nós
nos adaptamos às facilidades da nova tecnologia, e isso vale tanto para a leitura, em
vista da enorme quantidade de textos veiculados na rede, quanto para a escrita,
principal meio de expressão do internauta – bem, apesar de até as conversas “via
áudio” já estão se tornando mais corriqueiras… logo, as gerações vindouras nem mais
saberão como é sua caligra�a!
Podemos concluir então que cada vez mais o acesso às redes sociais é irrestrito,
porém, as pessoas não sabem separar as informações mais valiosas para a
aquisição do conhecimento daquelas meramente de entretenimento,
super�ciais ou falsas.
Veja o exemplo a seguir:
INTERPRETAÇÃO NAS REDES SOCIAIS
Você posta:
“Oi, meu nome é Lilian e vendo bolo de cenoura. Estarei hoje das 14h às 17h em
frente à facul. Cada fatia é cinco reais, Interessados podem aparecer por lá ou
encomendar pelo whats 9999-6666”
E as pessoas perguntam:
047
“Tem bolo de quê?”
“Quanto custa?”
“Posso buscar às 18h?”
“Como faço pra comprar?”
O exemplo foi inspirado em um meme, uma mensagem que viralizou nas redes como
inúmeras que você já deve ter visto por aí. Na verdade, ele não traduz o
analfabetismo funcional como conceito, mas re�ete um tipo de falta de interesse
comum entre os usuários de redes sociais: a preguiça. Sim, preguiça de ler. Você
certamente já deixou de ler um post ou comentário por considerá-lo “muito longo” - e
já existe neologismo para isso: o “textão”.
Somam-se a isso a falta de leitura fora dos meios digitais (livro, jornal, revista, etc.) e o
próprio caráter de leitura rápida (o “passar os olhos”) das tecnologias e temos o
resultado: a falta de prática em leitura longa e desinteresse do usuário em dispor de
um tempo maior para ler um enunciado mesmo que consideravelmente curto.
Quando ele se depara com textos e enunciados grandes em provas e testes, a
primeira sensação é de estar perdido quanto ao que fazer e por onde começar a ler
(dica: pelo começo!).
Algumas re�exões pertinentes sobre o assunto:
048
Fonte: adaptado de: Disponível aqui Disponível aqui
Estamos vivendo a era da instantaneidade, em que o mais
importante parece ser a velocidade da publicação e não mais a
qualidade e a riqueza do conteúdo.
Virou tendência apenas copiar e replicar o que lemos, sem
questionar se aquilo é de fato o que acreditamos ou discordamos.
Nos habituamos ao ctrl+c e ctrl+v e nos esquecemos da nossa
opinião.
Geramos informações, mas não geramos conteúdo. Geramos
textos , mas não geramos conhecimento. Somos autores de blogs
e redes sociais, mas como disse o jornalista André Petry: Qualquer
escrita �oresce no mundo digital, mas a boa leitura murcha. 
Saber ler e escrever há décadas não é mais um diferencial, porém,
ler e escrever bem certamente é um seletor natural. É só pensar
nos processos seletivos e provas que fazemos ao longo da vida,
com suas redações e longos enunciados.
A leitura na internet é apenas uma extensão da leitura em
qualquer outro meio (livro, jornal, revista, etc.) Se na internet as
pessoas não leem, é possível que não leiam também em outros
meios, e se não sabem interpretar texto na internet, não saberão
interpretar em lugar nenhum.
049
https://anapdealmeida.com/2012/12/24/ler-pensar-e-escrever-na-era-digital/
https://www.luis.blog.br/leitura-na-internet-eles-nao-leem-ou-nao-sabem-interpretar-texto/
O fenômeno das fake news
O acesso praticamente irrestrito aos meios de comunicação permite que qualquer
pessoa produza conteúdo e o publique nas redes sociais, mas grande parte da
informação que consumimos não corresponde totalmente à verdade. As chamadas
fake news são um fenômeno da Era Digital, mas que podem ter consequências
nefastas na vida de alguém ou de um grupo.
Algumas fontes que criam notícias falsas têm objetivos ideológicos e querem
promover ou criticar �guras públicas, como candidatos políticos ou personalidades
famosas, mas a situação é tão séria que foi preciso criar agências especializadas em
conferir a procedência dos fatos, as chamadas fact-checking agencies.
050
Fonte: ENGLISH OXFORD LIVING DICTIONARIES, 2016.
Em tradução literal para o português, fake news signi�ca “notícias
falsas”. Segundo a editora inglesa Collins, seriam “informações falsas e
eventualmente sensacionalistas divulgadas sob o disfarce de
notícias”. A expressão também foi escolhida como a “palavra do ano”
em 2017, período em que as menções ao termo na mídia aumentaram
em 365% (dados da BBC Brasil). No ano anterior, 2016, o termo eleito
pelo Dicionário Oxford como a palavra do ano foi pós-verdade,
conceito da Sociologia que já abria caminho para o que viria a ser o
fenômeno das fake news: “circunstâncias em que fatos objetivos são
menos in�uentes na formação da opinião pública do que emoções e
crenças pessoais".
A pós-verdade
A pós-verdade encaixa-se em um mundo virtual em que mentiras e fofocas se
espalham rapidamente em redes de pessoas que acreditam mais uma nas outras do
que em um órgão tradicional da imprensa, nas instituições de pesquisa e até mesmo
na ciência. E isso é grave.
Tal fenômeno social diz que uma pessoa está mais condicionada a acreditar em uma
informação quando ela está alinhada às suas crenças pessoais – ou seja, é um tipo
de “seleção afetiva” de identidade. Muitas vezes, a pessoa recebe aquela foto em
grupos de WhatsApp, por exemplo, e passa adiante inocentemente, mas há
vezes em que o compartilhamento está cheio de más intenções, pois querem
difamar alguém ou promover alguma ideologia. Assim, se você concorda com a
mensagem, a chance de você conferir se as fontes são con�áveis é mínima.
051
As fake news são uma ferramenta da pós-verdade, pois divulgar uma informação falsa
porque é sabido que um grupo de pessoas vai acreditar e se envolver com o assunto
mesmo que não seja verdadeiro é uma forma de manipulação, e isso pode
acontecer tanto no mundo dos esportes e das celebridades quanto em assuntos bem
mais sérios, como política, religião e relações externas.
 De acordo com Paganotti (2019),
[...] vale pensar que fake news não se trata de qualquer boato espalhado por
rede social, visto que são um fenômeno mais especí�co: são sites que
pretendem enganar seus leitores publicando propositadamente informações
incorretas como se fossem verdade. As fake news se espalham porque foram
criadas justamente para isso: para atrair público e tornarem-se virais. Isso
signi�ca que são sites criados propositadamente para divulgar informações
incorretas, mas que soem plausíveis para seu público-alvo, enganando-os a
ponto de atrair visitantes e potencialmente transformar parte de seu público
em novos propagadores de seu conteúdo. 
Mas por que as pessoas acreditam e espalham notícias falsas que podem ser
prejudiciais para uma pessoa, um grupo e até mesmo parte da população? No geral,
como qualquer boato, as fake news apelam para temas polêmicos, que chamam a
atenção do público a ponto de ele interagir e compartilhar. 
052
O termo fake news  teve alcance global por causa do presidente norte-
americano Donald Trump. Durante sua campanha eleitoral, o político
usava o termo frequentemente para desmentir possíveis boatos que
estavam rolando para prejudicar sua imagem. Porém, provou-se que
eram suas equipes de assessores quem disseminavam informações e
estatísticas não fundamentadas para fortalecer sua campanha e atingir
seus adversários. Essas a�rmações, relacionadas à segurança nacional
e ao terrorismo, apelavam diretamente aos sentimentos de revolta e
insegurança da população, que se sentiu representada pelo discurso
sem se preocupar se os dados eram verdadeiros ou não. Entre as
principais declarações dele, estão que Hillary Clinton criou o Estado
Islâmico; o desemprego nos EUA chegava a 42%; Barack Obama é
muçulmano; o Papa Francisco apoiava sua campanha.Motivada por valores pessoais, parte da população americana
acreditou nessas a�rmações e Trump foi eleito presidente.
O combate às notícias
falsas
A �m de combater a divulgação de notícias falsas no Facebook, a própria rede social
criou uma espécie de manual com dez dicas para o usuário virtual. Vale citar que o
conteúdo tem apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
(abraji.org.br) e do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio de Janeiro (itsrio.org).
053
1. Seja cético com as manchetes: notícias falsas geralmente trazem manchetes
apelativas e com pontos de exclamação.
2. Olhe atentamente para a URL (o endereço na web): muitos sites de notícias
falsas imitam veículos de imprensa autênticos fazendo pequenas mudanças na
URL.
3. Investigue a fonte: se a história for contada por uma organização não muito
conhecida, veri�que a seção “sobre” do sitepara saber mais sobre ela.
4. Fique atento a formatações incomuns: muitos sites de notícias falsas contêm
erros ortográ�cos ou apresentam layouts
5. Considere as fotos: notícias falsas geralmente contêm imagens ou vídeos que
pode até ser autênticos, mas foi retirada do contexto. Tente procurar a foto ou
imagem para veri�car de onde ela veio, se é antiga ou recente, etc.
6. Busque outras reportagens: se nenhum outro veículo na imprensa tiver
publicado uma reportagem sobre o mesmo assunto, isso pode ser um indicativo
de que a história é falsa.
7. A história é uma farsa ou uma brincadeira?: algumas vezes, as notícias falsas
podem ser difíceis de distinguir de um conteúdo de humor ou sátira. Veri�que se
a fonte é conhecida por paródias e se os detalhes da história e o tom sugerem
que pode ser apenas uma brincadeira irônica.
 Fonte: adaptado de Disponível aqui
054
http://www.revista.pucminas.br/materia/fenomeno-noticias-falsas/
Fonte: adaptado de Disponível aqui e Disponível aqui
Notícias reais sobre notícias falsas
A agência de fact-
checkingAos
Fatos divulgou
uma pesquisa que
a�rma que 43%
dos entrevistados
descon�am das
informações que
recebem em
aplicativos de
mensagem. Por
outro lado,
metade dos
entrevistados
a�rmou que já
tomou alguma
decisão errada
baseada em Fake
News.
Segundo o
laboratório de
segurança
PSafe, os
brasileiros
acessaram
cerca de 2.9
milhões de Fake
News entre
janeiro a março
de 2018, e o
principal meio
de
disseminação
dessas
informações é
o aplicativo
 WhatsApp.
No Brasil, o Senado
tem se mobilizado em
torno do assunto: em
21 de março de 2018 o
Plenário foi
transformado em
sessão temática para
tratar de notícias
falsas, por iniciativa de
Telmário Mota (PTB-
RR). O senador sugeriu
a criação de delegacias
especializadas para
dar celeridade na
investigação das
notícias falsas
propagadas na
internet tanto sobre o
autor como sobre
quem reproduz o
conteúdo.
Por que as fake
news viralizam?
Porque segundo o
conceito da pós-
verdade, uma
pessoa está
condicionada a
acreditar em algo
alinhado com as
suas crenças.
Quando recebemos
o link de uma
matéria sobre algo
com o qual nos
simpatizamos por
questões políticas ou
morais, temos mais
chances de ignorar
evidências de que
essa notícia seja
falsa e acreditamos
cegamente.
Mas viver na Era Digital é tão ruim assim para a nossa formação como leitor? De jeito
nenhum! Pelo contrário: deveríamos nos sentir privilegiados por, ao alcance de um
clique, no tempo que leva acessar um link, ter à disposição uma profusão de textos,
vídeos e áudios sobre todos os assuntos, de todas as épocas, sob todos os pontos de
vista – e ainda poder debater com gente do mundo todo por um custo mínimo.
Nossa re�exão deve ser justamente acerca de como fazer do nosso notebook ou
smartphone um �ltro de tanta informação que nos ajudará a ler mais e a compreender
melhor.
055
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/manipulacao-de-dados-e-noticias-falsas-poem-internet-em-xeque
https://www.significados.com.br/pos-verdade/
Acesse: Disponível aqui¹ Disponível aqui²
A educação virtual é uma arma importante para detectar informações
falsas no noticiário, segundo especialistas. Para evitar que as fake news
tumultuem o debate público, essa “alfabetização” deve contar com
esforços de vários setores da sociedade, como prestar atenção a dicas
para identi�car fake news e conhecer as agências de fact-checking¹.
Con�ra também a primeira agência brasileira de fact-checking,a
Agência Lupa² e no Twitter: @agencialupa.
056
http://infograficos.estadao.com.br/focas/politico-em-construcao/materia/senso-critico-e-arma-para-combater-fake-news
https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/
05
Texto e Contexto
057
Estimado (a) aluno (a), perceba que texto e contexto são duas palavras familiares a
qualquer pessoa que participa ou participou de alguma prática escolar, mesmo que
não tenha necessariamente feito um estudo linguístico especí�co. Não são estranhas
expressões tais como “redija um texto”, “isso está fora de contexto”, “o texto está bem
elaborado”, “no contexto histórico...“, “melhore seu texto”, etc., e justamente por conta
dessa frequência na utilização dos termos, todo leitor tem uma noção sobre o que é
um texto e contexto, e isso é importante principalmente quando falamos em
comunicação.
Texto
Comecemos pela consideração básica sobre texto: “texto não é um aglomerado de
frases” (FIORIN & SAVIOLI, 2007). Ao contrário: ele é um bloco organizado que contém
um sentido. Já Kobs (2012) explica que “texto é um conjunto de ideias acerca de um
tema e deve desenvolver e aprofundar um assunto, a partir do encadeamento e da
progressão de informações”.
Imagina abrir uma revista ou uma página de internet e se deparar com o seguinte:
Fonte: adaptado de: Disponível aqui
Vem aí um novo Titanic, 110 anos após naufrágio
Mas, talvez, nada disso aconteça. Quem conhece bem o controverso
político duvida que ele consiga recriar o lendário navio, embora seja
milionário. “A primeira réplica, anunciada em 2012, nem chegou a ser
iniciada, depois mudou para 2016 e 2018, e agora para 2022”. Tudo
indica que se o Titanic I era inafundável, o Titanic II vai afundar mesmo
antes de existir.
058
https://historiasdomar.blogosfera.uol.com.br/2018/10/30/vem-ai-um-novo-titanic-110-anos-apos-naufragio-sera-mesmo/
No exemplo, �ca claro que algo está errado na composição do “texto”. O bloco acima
tem palavras, orações, períodos e parágrafos, mas nem por isso podemos chamá-lo
de texto. Isso se con�rma logo no início, na primeira frase: no geral, um texto
informativo ou jornalístico não pode começar com uma conjunção, principalmente
adversativa (“mas”), exatamente porque o “mas” serve para ligar duas orações com
sentidos adversos, contrários – e no exemplo acima não há nenhuma oração antes
daquela iniciada com a conjunção. As mensagens são parciais, não há começo, meio e
�m, logo, não há coesão ou coerência.
A palavra “texto” vem de uma das formas do verbo em latim “texo”, que
signi�ca “tecer”. Logo, o texto é um tecido, não um aglomerado
desconexo de �os. O signi�cado de uma frase do texto será
compreendido dentro de uma totalidade. Assim, a mesma frase
colocada em contextos diferentes pode apresentar sentidos diferentes.
E por falar em mensagem, considere o seguinte:
059
Podemos dizer que a imagem acima é um texto? Sim, podemos. Texto não são só
palavras, frases e parágrafos, mas tudo aquilo que transmite mensagem. A imagem
do exemplo não contém nenhuma palavra escrita, mas entendemos sua mensagem,
logo, �zemos uma interpretação dela a partir dos símbolos apresentados (o sinal de
wi-�, a natureza ao redor, a inferência de que é preciso equilibrar conectividade
liberdade, etc.).
Segundo Martins e Zilberknop (2010), mensagem é o que se deseja transmitir. Ela
pode ser visual, auditiva ou audiovisual e deve ter conteúdo e objetivos. Assim, em
um e-mail, a mensagem é o texto. Em um quadro, a mensagem é a imagem retratada,
e em uma canção, a mensagem é a letra mais a melodia.
Em uma entrevista à Revista Letra Magna, o professor linguista José Luiz Fiorin (2007)
diz que
[...] texto não é apenas manifestadoverbalmente, isto é, por meio de uma
língua natural, como o inglês, o francês, o árabe, o português. Na verdade, ele
pode manifestar-se visualmente, como uma pintura, por meio da  linguagem
verbal, visual e musical, como o cinema, por meio da linguagem verbal e
visual como nos quadrinhos. Assim, um romance é um texto; um trecho de
um romance é um texto; uma poesia é um texto; uma escultura é um texto;
uma ópera é um texto.
060
Assim, vale frisar que independentemente da sua forma, o texto é algo produzido por
um emissor para transmitir alguma ideia e produzir interações sociais. Sendo
assim, sua funcionalidade é bem diversa. O texto serve para:
informar
desinformar
formar opiniões
emocionar
manipular
motivar
persuadir
re�etir
esclarecer
descrever
instruir, etc.
O texto é o motor do conhecimento
É possível explicitar uma ideia por meio de uma única palavra? Depende da situação e
do contexto. Uma palavra isolada pode não signi�car nada se não estiver relacionada
a um contexto e, sendo assim, ela não serve para nada.
Por exemplo, a palavra “ABERTO”, na porta de um estabelecimento comercial, serve
para indicar que apesar de a porta estar fechada, o estabelecimento está aberto.
Entretanto, a mesma palavra escrita em uma placa perdida no chão de uma calçada
não tem função social nenhuma, simplesmente indica uma informação deslocada de
seu contexto original. Podemos concluir, assim, que o texto é uma mensagem que
consegue transmitir um sentido completo, ainda que este sentido seja compreendido
por uma única palavra.
Cabe aqui, então, estudar o que é contexto.
Contexto
Quanto ao contexto, para o linguista russo Roman Jakobson (2005), a ideia de
contexto está ligada ao ambiente em que a mensagem foi elaborada, à situação
social em que ela ocorre e a experiência do autor e do leitor em relação a
determinado assunto.
061
Fotos: Cartier-Bresson & Delpire (apud Cartier-Bresson, 1986), p.39. Fonte: arquivo
pessoal.
Façamos um teste mental com as imagens a seguir: imagine quem são essas pessoas,
onde elas estão, como seria o estilo de vida delas e o que estavam sentindo no
momento em que as fotos foram tiradas.
Agora, veja a fotogra�a original:
062
Fotos: Cartier-Bresson & Delpire (apud Cartier-Bresson, 1986), p.39. Fonte: arquivo
pessoal.
Isoladas, as duas fotogra�as podem parecer imagens comuns retratando um
momento do cotidiano de algum vilarejo. Porém, elas fazem parte de uma única
fotogra�a, e o contexto em que ela se insere é o período de intenso preconceito e
segregação racial no sul dos Estados Unidos na década de 1940. De posse dessa
informação, nossa interpretação das imagens em separado é diferente. Ou seja: só
apreendemos a real mensagem da imagem quando conhecemos seu contexto.
Para �ns ilustrativos, vamos analisar as imagens a seguir :
063
CVV. Há 35 anos ajudando as pessoas a verem a vida por um ângulo diferente.
Fonte: adaptado de Koch e Elias, 2009.
Acordei às oito da manhã de hoje. Escovei os dentes. Coloquei o terno.
Tomei o café de sempre. Fui para o trabalho. Papéis. Assinaturas.
Comprovantes. Carimbo. Dois telefonemas. Almoço. Voltei às
13h30min. Reunião. Cafezinho. Fax. Problema. Solução. Cliente. E-mail.
Fim do expediente. Aula de inglês. Presente perfeito. Cheguei em casa.
Meu �lho ainda não tinha dormido. Faltou luz. Tivemos que acender a
lareira. Jantei com minha esposa. Só fui dormir às três da manhã.
QUE DIA HORRÍVEL.
Acordei às oito da manhã de hoje. Escovei os dentes. Coloquei o terno.
Tomei o café de sempre. Fui para o trabalho. Papéis. Assinaturas.
Comprovantes. Carimbo. Dois telefonemas. Almoço. Voltei às
13h30min. Reunião. Cafezinho. Fax. Problema. Solução. Cliente. E-mail.
Fim do expediente. Aula de inglês. Presente perfeito. Cheguei em casa.
Meu �lho ainda não tinha dormido. Faltou luz. Tivemos que acender a
lareira. Jantei com minha esposa. Só fui dormir às três da manhã.
QUE DIA INCRÍVEL.
 
Trata-se de um anúncio do CVV – o Centro de Valorização à Vida, serviço voluntário de
apoio emocional gratuito e atua na preservação do suicídio. O anúncio é composto
por um texto para ser lido como “Um dia horrível” e outro para ser lido como “Um dia
maravilhoso” dependendo do estado e do ânimo do leitor.
064
Perceba, aluno(a), que o texto em si é o mesmo para os dois títulos e, além do recurso
de mudança de cor como contextualizador, se nós não lêssemos o título, a narrativa
não ia fazer sentido. E o que nos transmitiu esse sentido para que entendêssemos a
mensagem do anúncio da CVV? Justamente o contexto explicitado pelo título. Ou seja:
o contexto de um texto é negativo, e o emissor da mensagem encara as atividades
vividas no dia como algo ruim. No segundo texto, o contexto é positivo, pois o emissor
vê o dia vivido como um dia muito bom.
É comum, principalmente em discussões e comentários de redes
sociais, alguém dizer que o outro está interpretando um texto ou
mesmo uma fala “fora de contexto”. Isso acontece geralmente em
campos políticos, religiosos e históricos. Dentre tantos outros, um
exemplo que podemos usar como re�exão – e não como julgamento –
é o caso do youtuber Júlio Cocielo que, em julho de 2018, fez uma piada
considerada racista em relação ao jogador francês Mbappé. Depois da
repercussão negativa, em sua defesa, Cocielo gravou um vídeo em que,
entre outros argumentos, disse que “a frase havia sido interpretada
fora do contexto”. A re�exão que �ca é: será que o youtuber sabia o que
signi�ca contexto? O contexto pode justi�car uma fala preconceituosa e
ofensiva?
Por isso, há que se ter cuidado, tanto como emissor quanto receptor de
uma mensagem, ao usar a expressão “fora de contexto” em uma
argumentação!
065
06
Redação técnica
066
Tenho certeza de que quando você leu a palavra “redação”, sentiu aquele calafrio se
lembrando das aulas do ensino médio, certo? Mas não se trata exatamente da mesma
coisa agora que estamos em um curso superior.
Em algum momento da nossa vida, somos cobrados a escrever um texto técnico.
Pode ser um relatório, um abaixo-assinado, um e-mail que �cará registrado como
documento, um atestado, declaração, memorando, ofício, procuração, recibo,
relatório, requerimento, etc. Conceituando, segundo Medeiros (apud França, 2013),
Redação Técnica “é qualquer espécie de linguagem escrita que trate de fatos ou
assuntos técnicos ou cientí�cos”.
Os princípios básicos da redação técnica são os mesmos de qualquer tipo de redação:
clareza, correção, coerência, e ordenação lógica, embora sua estrutura e seu estilo
apresentem algumas características próprias. Assim, a Redação Técnica é
necessariamente objetiva quanto ao ponto de vista, logo, opiniões pessoais,
experiência pessoal, crenças, �loso�a de vida e deduções são necessariamente
subjetivas. 
Objetividade e
subjetividade textual
Ser objetivo em um texto é basicamente ser imparcial, característica essencial em
textos técnicos. É ter um ponto de vista neutro sobre o assunto ou o objeto descrito,
sem dar opiniões pessoais. Para isso, o texto deve ser uma constatação, uma
comprovação, algo concreto que pode ser observável de forma igual por todos.
Já a subjetividade tem a ver com as impressões pessoais do emissor da mensagem. É
um texto cheio de adjetivos de valor, que varia de acordo com o julgamento de
cada pessoa, e que cada um pode interpretar da sua maneira.
Qual conceito combina mais com a área de exatas? -  a objetividade, claro!
Veja os dois enunciados seguintes :
067
Adaptado de: Disponível aqui
Percebe, estimado(a) aluno(a), como os adjetivos (barulhento, negligente,
assustadoras, etc.) transformam um relato objetivo em subjetivo? Pois quanto mais
direto for o texto, mais objetivo ele é.
Vamos fazer um teste? Imagine que você precisa descrever uma sala qualquer. Você
tem dois caminhos: ser objetivo (descrever o cenário de forma que não permite que
ninguém discorde do que você relatou) ou ser subjetivo (descrevê-lo com palavras,
principalmente adjetivos, que demonstre a sua opinião).
Como EXERCÍCIO  , pegue uma folha de papel ou abra o bloco denotas do Word e
descreva o ambiente abaixo, com o máximo de elementos possíveis, das duas formas:
068
https://www.srzd.com/brasil/moradores-de-predios-da-rua-dos-invalidos-organizam-manifestacao/
ATENÇÃO: NÃO EXISTE UMA ÚNICA FORMA CERTA OU ERRADA! Faça a sua anotação
e, depois, clique para comparar com as sugestões dadas.
Sugestão de descrição objetiva: A sala tem paredes brancas, com três janelas grandes e
piso de taco (madeira). Ao centro, uma mesa branca, provavelmente de laca, com oito
cadeiras de estilo moderno com pés de madeira mais escura. Em cima da mesa, há três
enfeites, dois com um tipo de planta. No canto, há uma televisão de plasma, e uma das
paredes tem um relógio pendurado entre duas janelas. O teto tem estruturas de metal ou
aço.
Sugestão de descrição subjetiva: A sala é linda/não é tão bonita, tem paredes brancas,
com três janelas grandes sem cortina, o que causa certo desconforto/o que a deixa mais
moderna, e um elegante piso de taco (madeira)/ e piso de taco, que é meio cafona. Ao
centro, uma mesa branca, provavelmente de laca – material muito versátil/muito ruim de
limpar. A mesa tem oito cadeiras de estilo moderno com pés de madeira mais escura que
não combinam/que combinam. Em cima da mesa, há três enfeites, dois com um tipo de
planta. No canto, há uma televisão de plasma, e uma das paredes tem um discreto/
superchique relógio, que poderia ser maior, pendurado entre duas janelas. O teto tem
estruturas de metal ou aço, o que deixa o ambiente mais arrojado/o que desvaloriza a
sala.
069
Relatório
Em algum momento da sua vida pro�ssional, vou vai ter que escrever um relatório.
Trata-se de uma descrição objetiva de fatos, acontecimentos ou atividades, seguida de
uma análise com o objetivo de tirar conclusões ou tomar decisões (ALMEIDA E
ALMEIDA, 2008). Por isso, o relatório deve ser claro e �el aos acontecimentos.
Podemos encontrar várias espécies de relatório, depende do que é pedido que se
faça, mas os principais são:
1. Relatórios administrativos: de gestão, sociais, de rotina, de inspeção,
informativos, etc. Esses relatórios podem ser anuais, mensais, semanais,
provisórios, progressivos, gerais e parciais.
2. Relatórios técnicos ou cientí�cos: relatório de estágio, trabalhos de pesquisa,
resumos de livros, comunicados cientí�cos, etc.
Características do relatório
1. Um relatório deve responder primeiro a uma pergunta: O que
acontece/aconteceu (o fato ou fatos)? No relatório, devemos de�ni-los e
descrevê-los, trabalho que exige uma observação cuidadosa. Mas a descrição
deve se limitar ao essencial e ao útil, tendo em vista o objetivo de selecionar as
melhores informações.
2. Depois, deve responder: Qual é a conclusão sobre o acontecido? Aqui pode
haver a interferência do autor do relatório, pois ele vai contribuir com sua
experiência e conhecimento para analisar os fatos, classi�car seus elementos
de forma imparcial e apresentar conclusões e soluções possíveis.
3. Ao �m, deve-se responder: O que fazer? São sugestões para a solução dos
problemas (se esse for o caso), com suas devidas justi�cativas.
Divisão do relatório
1. O relatório deve ter uma introdução com:
local e data,
título (assunto)
070
vocativo (para quem é destinado)
motivo
2. Desenvolvimento
data e local do fato relatado (quando for relatório de ocorrência, por exemplo)
método utilizado para o levantamento das informações (quando for o caso)
discussão do assunto ou exposição dos fatos pela ordem apropriada
3. Conclusão
considerações e recomendações de medidas ou providências necessárias a
serem tomadas
assinatura
Vamos ver um exemplo de relatório?
071
MODELO DE RELATÓRIO
Itatiba, 20 de outubro de 1998
Assunto: Distribuição das novas máquinas.
Sr. Marcos,
Sou encarregado de efetuar um planejamento para a melhor
distribuição das novas máquinas de �ação. Assim, envio par o seu
conhecimento o relatório das providências que, nesse sentido, tomei:
Em 10 de setembro de 1998, contratei a �rma FACCINA – Assessoria
Empresarial, especializada no assunto, que nos enviou dois de seus
técnicos para o planejamento.
Os trabalhos começaram em seguida sob a minha supervisão direta.
A área estudada para a distribuição das máquinas é de 300 m²
(trezentos metros quadrados) e a área a ser ocupada pelas máquinas é
de 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados).
De acordo com os estudos e levantamentos feitos pelos técnicos,
conseguimos o melhor aproveitamento do espaço físico, conforme os
mapas em anexo com uma perfeita visão da área.
Do exposto, concluo que é viável a distribuição das novas máquinas no
Galpão B.
Aproveito a oportunidade para agradecer pela con�ança depositada
nesta tarefa.
Atenciosamente,
José Comune
Gerente Regional
072
Em relatórios e outras redações técnicas, não chame o destinatário de
“vossa senhoria” (V. Sª.) ou “digníssimo”, pois se trata de vocativos
arcaicos, antigos. Pre�ra “senhor(es)”, “senhora(s)” e, no máximo,
“ilustríssimo” (Ilmo.)
Cuidados na hora do envio
Pense na seguinte situação: você precisa redigir algo importante. Esmera-se no
conteúdo, consulta gramáticas, faz a revisão do texto. Como é comum hoje em dia, o
envio deve ser feito por e-mail. Mas na hora de escrever o e-mail, você descuida da
linguagem, usa vocativos errados e apresenta uma comunicação ruim. É grande a
probabilidade de o destinatário colocar em dúvida a credibilidade do conteúdo do
texto enviado.
Assim, é importante que haja cuidado em todas as etapas do processo de troca de
informações, do começo ao �m. E falando especi�camente do e-mail, que é o meio de
envio mais comum tanto na esfera acadêmica quanto pro�ssional, veja algumas dicas
valiosas para a elaboração de seu e-mail, listadas por Brasileiro (2016):
Independentemente de quem seja o seu interlocutor, seja sempre cordial. A
apresentação inicial de seu e-mail colaborará para o interesse por parte do
destinatário, bem como para a dedicação de retorno.
 Os e-mails corporativos devem sempre ser mais formais e, muitas vezes, são
considerados documentos. Nada impede que você seja mais informal com quem
tenha a�nidades, porém dentro dos limites pro�ssionais.
 É importante evitar a linguagem utilizada na internet, ou seja, usar abreviaturas,
símbolos e emojis que demonstram falta de pro�ssionalismo.
 Atente para o conteúdo que você vai desenvolver. Na maioria das vezes, o texto
do e-mail deve ser claro e objetivo. No entanto, em algumas eventualidades,
você poderá vir a ser mais abrangente, detalhando as informações para que
073
�quem mais claras ao destinatário. Tudo dependerá do assunto a ser tratado e
da facilidade de entendimento do destinatário.
 Evite escrever com todas as letras em caixa alta (maiúscula). Elas representam
que você está sendo indelicado e/ou gritando.
 Demonstre no campo “assunto” a informação que conterá no e-mail de forma
clara e objetiva. Não deixe o título do assunto em branco.
 Sempre avise no corpo do e-mail quando estiver enviando documentos
anexados.
 Para �nalizar um e-mail, utilize termos formais como “atenciosamente” e, caso
haja contexto, pode padronizar com “um abraço”, “abraço” etc.;
 Não se esqueça de “assinar” seu e-mail com seu nome, cargo, empresa e
telefone, se julgar adequado. Evite, porém, excesso de informações após a
assinatura. Elas poluem o texto e ainda podem confundir o leitor.
074
Adaptado de França, 2013.
Como NÃO escrever um e-mail:
Olá, Bom dia!
Escrevo para lembrar sobre o e-mail que passei no outro dia, assunto de
seu interesse. Espero que já tenha resolvido aquilo e já esteja resolvendo
outro sobre o qual conversamos pessoalmente.
 
Nesse exemplo, �ca impossível saber do que se trata e quem enviou.
Assim, não use palavras inde�nidas e demonstrativas sem referências:
“no outro dia”, “aquilo”, “outro”, “seu colega de trabalho”. Outra
Informação interessante é sobre as saudações “Bom dia, Boa tarde e
Boa noite”. Se o e-mail é uma correspondência digital, não se pode
prever quando e em que horário o receptor irá ler. Por isso, pre�ra o
horário em que você, emissor,

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