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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE LAVRAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA Apostila das Aulas Práticas Microbiologia Geral Professora responsável: Adrielle Pieve de Castro (adriellepieve@unilavras.edu.br) LAVRAS AGOSTO 2022 2 SUMÁRIO 1 NORMAS GERAIS A SEREM SEGUIDAS DURANTE AS AULAS ................... 3 2 PRÁTICA 1: COLORAÇÃO DE GRAM .............................................................. 5 3 PRÁTICA 2: Tipos de meios de cultura, semeaduras e contagem de microrganismos …………………………………………………………………………………………...9 4 PRÁTICA 3: Identificação bacteriana………………………………………………15 5 PRÁTICA 4: Teste de Suscetibilidade aos antimicrobianos .............................. 20 3 NORMAS A SEREM SEGUIDAS NO LABORATÓRIO DE AULAS PRÁTICAS 1. O uso de AVENTAL branco, comprido e abotoado, é OBRIGATÓRIO no laboratório de aulas práticas, a fim de proteger a roupa de possível contaminação. 2. As bolsas, pacotes, livros etc., deverão ser colocados em locais apropriados e nunca sobre as bancadas de trabalho. 3. Não comer no laboratório. Não beber água das torneiras. PROIBIDO USO DE CELULAR. 4. Manter as mãos, canetas, lápis e quaisquer outros objetos sem contato com a boca ou a face. 5. Antes de cada aula prática serão dadas as instruções sobre a maneira de executar os trabalhos. Não iniciar um trabalho prático sem haver lido, cuidadosamente, as instruções e compreendido o modo de execução da experiência e seu objetivo. 6. Consultar o professor se encontrar dificuldades para entender ou para executar os trabalhos práticos. Verificar se o material está completo; no caso de falta de algum, dirija-se imediatamente ao professor ou técnico. 7. Durante o curso serão utilizados microrganismos que devem ser manipulados cuidadosamente. 8. Em caso de qualquer acidente (derramamento de cultura, por exemplo), comunicar imediatamente o professor ou pessoal técnico do laboratório, para que sejam tomadas as providências necessárias. 9. Todo o material contaminado (pipetas, bastões, lâminas, lamínulas etc.) deverá ser colocado em recipientes adequados (provetas, cubas com desinfetantes etc.) para ser esterilizado. Nunca deixá-lo sobre a bancada de trabalho ou na pia. 10. A alça de platina usada para semeadura ou repique de bactérias ou fungos deve ser aquecida até o rubro, tanto antes do uso como depois dele. Antes de tocar o material ou meio de cultura, deve-se esperar que a alça esfrie, mantendo-a próxima à chama. 4 11. Os tubos de cultura deverão ser colocados nas estantes ou suportes adequados e nunca nos bolsos do avental. 12. O estudante é responsável pelo equipamento com que trabalha. Os microscópios devem ser manuseados cuidadosamente e não devem ser arrastados ou manipulados sem autorização prévia. Qualquer dano ou defeito deve ser imediatamente comunicado ao professor. Após o uso do microscópio, limpar a objetiva de imersão, usando lenço de papel, voltar as objetivas e nunca deixar com óleo de imersão e com a lente em objetiva de 100x. 13. Após término dos trabalhos práticos, verificar se as torneiras de água e de gás estão fechadas, as lâmpadas desligadas e os microscópios limpos. Deixar o local de trabalho sempre limpo. 14. LAVAR SEMPRE AS MÃOS, APÓS O TRABALHO PRÁTICO. 5 Prática 1. Coloração de Gram 1. Princípio A coloração de Gram foi desenvolvida em 1884, por Hans Christian Gram. É um dos procedimentos de coloração mais utilizados dividindo as bactérias em dois grandes grupos: as bactérias Gram positivas, ou Gram (+), e as bactérias Gram negativas, ou Gram (-). Nesse procedimento, o esfregaço fixado pelo calor é coberto por um corante básico violeta, geralmente, o cristal violeta. O corante confere cor violeta a todas as células e é denominado corante primário. Após um curto período de tempo, o corante violeta é removido e o esfregaço coberto com lugol (I2+ KI), um mordente que fixa o corante aos componentes celulares. Quando o mordente é lavado os dois tipos de bactérias, Gram (+) e Gram (-), aparecem com uma cor violeta escura ou roxa. Em seguida, a lâmina é lavada com etanol ou com solução etanol-acetona. Esta solução, chamada de solução de descoloração, remove a cor violeta de algumas espécies de bactéria, mas não de outras. Após a remoção do excesso do álcool, a lâmina é recoberta com um segundo corante básico (fucsina com cor rósea). O esfregaço é lavado novamente e, depois de retirado o excesso de água com um papel de filtro, observado ao microscópio. Na primeira coloração, todas as células coram-se em violeta ou roxo. As bactérias que retém a cor violeta após o tratamento com álcool são classificadas como Gram (+) e as bactérias que perdem a coloração violeta são classificadas como Gram (-). Como essas últimas perdem a coloração violeta com o tratamento com álcool, elas não poderão ser facilmente observadas. Por isso a fucsina (um corante básico) é aplicada ao esfregaço, corando essas bactérias com coloração rósea. Surge daí o nome de contra corante para o segundo corante (fucsina). Como as bactérias Gram + retêm a cor violeta, elas não são afetadas pela coloração rósea da fucsina. Diferenças estruturais na parede celular das bactérias Gram (+) e Gram (-) afetam a retenção ou a liberação do complexo cristal Violeta- mordente. Entre essas diferenças destaca-se a espessa camada de peptídeglicanano, parede celular das bactérias Gram (+). Ao contrário, a parede 6 das bactérias Gram (-) mostra-se delgada e inclui a membrana externa rica em lipopolissacarídeos (LPS), não encontrado na parede das bactérias Gram (+). Soluções: -Violeta de Genciana: Cristal violeta (1 g), Ácido Fênico (2g), Álcool Absoluto (10 ml) e Água Destilada (100 ml). - Lugol: Iodo (1 g), Iodeto de Potássio (2 g) e Água destilada (300 ml). - Álcool-acetona: Álcool etílico (800 ml) e acetona (200 ml) - Fucsina Diluída: Fucsina (0,25 g em 10 ml álcool etílico) e Água destilada (90 ml). Prática 1. a. Esterilizar a alça de platina na parte mais quente da chama do bico de Bunsen (limite da chama azul) até incandescer, formando um ângulo de 45 ºC. b. Preparo do esfregaço de culturas de bactérias: Colocar uma gota (ou colônia) de cada uma das culturas bacterianas (disponíveis nas bancadas) sobre uma lâmina de vidro, misturar gentilmente com o auxílio da alça (um microrganismo para cada lâmina). Esperar secar o esfregaço. Fixar o esfregaço pelo calor flambando rapidamente a lâmina. Esperar esfriar a lâmina para não ocorrer a cristalização do corante. 2. Técnica da coloração de Gram: 1. Colocar o corante Violeta de Genciana (Cristal violeta) sobre o esfregaço e deixar em repouso por 1 minuto. 2. Escorrer o corante da lâmina. Adicionar a solução de lugol em quantidade suficiente para cobrir todo o esfregaço. Esperar por 1 minuto. 3. Escorrer o lugol da lâmina e em seguida lavar com água corrente (fio de água). 4. Descorar o esfregaço gota a gota com álcool-acetona por 15 segundos. Não gotejar diretamente sobre o esfregaço. 5. Corar o esfregaço com fucsina diluída e esperar por 1 minuto. 7 6. Lavar a lâmina com água corrente e secar com papel de filtro. Não esfregar a lâmina com o papel. d. Visualizar o material utilizando o microscópio ótico (Ler: “Como utilizar o microscópio ótico”, a seguir). e. Observe e anote a coloração e morfologia das bactérias. 3. Como utilizar o microscópio ótico Primeiro conhecer o microscópio (Ver Figura). - Descer a platina e colocar na objetiva de menor aumento, caso não esteja. - Colocar a lâmina sobre a platina. - Aproximar a lâmina da lente objetiva de 10X com o auxilio do macrométrico até focalizar a imagem. Tome cuidado para que a objetiva não toque a lâmina. - Após a focagem naobjetiva de menor aumento, girar o revólver para a próxima objetiva (40X). Ao mudar de objetiva, ajuste novamente a focagem, utilizando o micrométrico. - Definido o campo, colocar uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço e observar ao microscópio com a lente objetiva de imersão (100X). - Usar óleo de imersão somente na objetiva de 100X. Após a utilização limpar a objetiva com papel macio. Figura 1. Microscópio óptico 8 4. Observação e descrição dos resultados: Analise as estruturas no microscópio e descreva e desenhe abaixo o que foi visualizado, comparando as estruturas observadas e diferenciando-as em Gram (-) e Gram (+). __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ QUESTÕES: 1. Descreva a estrutura e composição da parede celular das bactérias Gram- positivas e Gram-negativas. 2. Explique o fundamento da técnica da coloração de Gram. Qual a etapa crucial na execução da coloração de Gram? 3. Qual a importância da coloração de Gram para as diferentes áreas da Morfologia 1: ______________________ ______________________ ______________________ Morfologia 2: ______________________ ______________________ ______________________ 9 Microbiologia? Prática 2. Tipos de meios de cultura, semeaduras e contagem de microrganismos Esta prática será composta por diferentes atividades: 1- Preparo de meios de cultura; 2- Método da estria em placa ou esgotamento e; 3- Método do Espalhamento com alça de Drigalsky. 1. Introdução Para o cultivo e identificação de microrganismos, usam-se soluções e substâncias nutritivas chamadas meios de cultura, que devem atender às exigências nutricionais das espécies a serem cultivadas. 2. Prática- Preparo meios de cultura Para o preparo dos meios de cultura são necessários o meio em pó e água destilada. 1.Verifique no rótulo do meio de cultura as instruções para seu preparo e faça os cálculos da quantidade de pó de meio de cultura necessária para o preparo das quantidades de meio abaixo: Meio de cultura 1: _____________________________________________ a. Qual a massa necessária para preparar 350 mL do meio de cultura? b. Qual a massa necessária para preparar 480 mL do meio de cultura? Meio de cultura 2: ____________________________________________ a. Qual a massa necessária para preparar 230 mL do meio de cultura? b. Qual a massa necessária para preparar 740 mL do meio de cultura? 10 Após pesagem das quantidades adequadas para o preparo do volume necessário, seguem-se os passos: Ferver em micro-ondas ou placa aquecida agitando sempre para dissolver na água por 1 minuto; Verificar o pH final para cada meio de cultura; Autoclavar em erlenmeyer a meia rosca por 15 minutos a 121 º C/1 atm; Distribuir em placas ainda quente, antes de solidificar; Após solidificar, armazenar as placas em geladeira (8 ºC) e realizar os testes de qualidade do meio de cultura antes do uso. QUESTÕES: 1.Cite 03 meios de cultura (rico, seletivo e diferencial) e explique a diferença entre eles e suas principais aplicações. 2.Como é realizado o controle de qualidade dos meios de cultura produzidos no laboratório? 3. Prática -Semeadura de cultura bacteriana Normas: Toda vez que se fizer uma semeadura os seguintes procedimentos deverão ser observados: A. As alças de vidro (Drigalsky) e de platina deverão ser flambadas antes e depois de qualquer operação de semeadura. A alça de Drigalsky deverá ser esterilizada mergulhando a mesma em uma placa de Petri ou Becker com álcool e, em seguida, levada rapidamente à chama do bico de Bunsen por tempo suficiente para iniciar a combustão do álcool. Cuidado! Não manter a alça sobre o fogo para que não se quebre. B. A alça de platina, por sua vez, deverá permanecer na chama do bico de Bunsen, formando um ângulo de 45º C, até incandescer. C. A alça de platina deverá ser esfriada na parede interna do tubo ou, se for o caso, no meio da placa de Petri ainda não inoculada. A alça de Drigalsky deve ser 11 esfriada na face interna da tampa da placa de Petri antes de entrar em contato com a amostra. D. Toda vez que se fizer uma semeadura em tubos de ensaio, deve-se flambar a boca dos mesmos, imediatamente após a retirada das tampas ou do algodão. A tampa deverá ser retirada com o dedo mínimo da mão que estiver segurando a alça de platina ou a pipeta. Após a retirada da amostra com as células, flambar novamente a boca do tubo, antes de recolocar a tampa. E. Não esquecer de identificar as culturas com o número do grupo de trabalho, seja no fundo da placa ou nas paredes dos tubos. Não marcar as tampas, pois elas podem ser trocadas acidentalmente, o que dificultará a posterior identificação do material. F. As placas de Petri e os tubos de ensaio deverão ser abertos e semeados próximo ao bico de Bunsen, para evitar contaminações com microrganismos presentes no ar. Em seguida, colocar o material na estufa a 37 ºC com a parte semeada voltada para baixo (no caso de placas), para evitar que a água que irá se condensar na tampa caia sobre as colônias. Princípio Estudos envolvendo a análise de materiais, como materiais biológicos, alimentos, leite, água e em alguns casos o ar, requerem o conhecimento da quantidade de microrganismos presentes nesses materiais. Diferentes métodos foram desenvolvidos para a quantificação de bactérias, como a contagem direta das bactérias em microscópio ou contadores eletrônicos. Outras abordagens incluem medição da massa celular; medida da turbidimetria da cultura e método da diluição seriada de uma cultura celular, seguida de semeadura em meio sólido (contagem de células viáveis ou unidades formadoras de colônias - U.F.C.). 3.1 Técnica de Isolamento de Culturas Puras Na natureza, as populações microbianas não são homogêneas, porém contêm misturas de várias espécies de bactérias e demais microrganismos. No 12 laboratório, tais culturas mistas podem ser separadas em culturas puras. Estas últimas, contendo um só tipo de bactéria, são indispensáveis para a identificação e o estudo das propriedades morfológicas, genéticas e bioquímicas da espécie estudada. No presente experimento, utilizaremos uma técnica com a finalidade de produzir colônias individuais. Estas colônias, visíveis macroscopicamente, são massas de bactérias, que resultaram da multiplicação de uma única bactéria depositada na superfície do meio sólido no momento da semeadura. Uma vez que as colônias foram individualizadas e identificadas, elas podem ser transferidas assepticamente para outra placa com meio sólido e assim, obtermos uma colônia ou uma cultura pura. Nesta aula, serão empregados dois métodos de isolamento de bactérias. 3.2 Método da estria em placa ou esgotamento O método da estria é rápido. Trata-se de um método de diluição que envolve o espalhamento por meio de estrias, a partir de um inóculo da cultura numa placa contendo meio de cultura sólido. Procedimento: Mergulhar a alça de platina, depois de devidamente flambada e resfriada, no meio de cultura com as bactérias. Note-se que dentro da alça fica uma leve camada de líquido (contendo bactérias). Levar esta alça até a placa de Petri contendo o meio de cultura e fazer uma estria da amostra bem junto à borda da placa. Fazer um pequeno traço na parte superior da placa. Flambar a alça e esfriá-la, para iniciaruma nova estria a partir do canto da primeira estria. Flambar novamente a alça, esfriá-la e ir fazendo esgotamentos sucessivos até o centro da placa. Incubar as placas a 37 º C por 24 h, para poder observar as colônias isoladas. A seguir tem uma figura que ilustra de forma simplificada o processo de estria em placa para obtenção de colônias isoladas. 13 Figura 2. Método de estria em placa ou esgotamento Figura 3. Esquema representativo do método de estria em placa ou esgotamento a partir de caldo. 3.3 Método do Espalhamento com alça de Drigalsky. Este método requer uma diluição da cultura antes da semeadura na placa, para que se possam obter colônias isoladas. Este método é utilizado quando se deseja determinar o número de células viáveis (vivas) em uma suspensão de bactérias. O procedimento envolve duas etapas importantes: 1. A diluição seriada da cultura de bactérias em condições de esterilidade. 2. A semeadura de amostras das suspensões diluídas em placas de Petri 14 contendo meio de cultura sólido. 3.3.1 Diluição seriada (macrodiluição) Retirar, com o auxílio de uma pipeta, uma amostra de 100 µL da cultura bacteriana não diluída e transferi-la para o eppendorf 1, contendo 900 µL de solução salina (diluição de 10-1 ). Homogeneizar bem. Retirar uma amostra de 100 µL do eppendorf 1 e transferi-la para o eppendorf 2, de modo a obter uma diluição de 10-2 . Homogeneizar bem. Retirar uma amostra de 100 µL do eppendorf 2 e transferi-la para o eppendorf 3, de modo a obter uma diluição de 10-3 . Homogeneizar bem. Retirar uma amostra de 100 µL do eppendorf 3 e transferi-la para o eppendorf 4, de modo a obter uma diluição de 10-4 . Homogeneizar bem. Retirar uma amostra de 100 µL do eppendorf 4 e transferi-la para o eppendorf 5, de modo a obter uma diluição de 10-5 . Homogeneizar bem. Retirar uma amostra de 100 µL do eppendorf 5 e transferi-la para o eppendorf 6, de modo a obter uma diluição de 10-6 . Homogeneizar bem. 1.Semear 100 µL das diluições 10-4, 10-5 e 10-6 no centro das placas de Petri contendo o meio sólido, previamente marcadas com caneta de retroprojetor. 2.Com o auxílio da alça de Drigalsky, previamente mergulhada em álcool, flambada e resfriada, espalhar a gota uniformemente na superfície da placa. 3.Incubar as placas a 37 ºC por 24 h. Na próxima aula, serão contadas as colônias crescidas nas diferentes placas, para quantificar o número de células viáveis presentes na cultura original. QUESTÕES: 1.Que vantagens os meios de cultura sólidos apresentam para o estudo dos microrganismos? 2.Quais as diferenças entre a microdiluição e macrodiuição seriada na microbiologia? Cite aplicações dessas técnicas na prática clínica. 15 Prática 3. Identificação bacteriana com testes bioquímicos Analisar distintas reações bioquímicas e sua utilização como método diagnóstico para enterobactérias. Introdução A família Enterobacteriales é a maior e mais heterogênea família de importância médica. São considerados atualmente 27 gêneros, 102 espécies e 8 grupos indefinidos. São bacilos Gram negativos, não esporulados, com motilidade variável, oxidase negativos, e que crescem em meios básicos, meios ricos e seletivos. São anaeróbios facultativos (crescem em aerobiose e anaerobiose), fermentam a glicose com ou sem produção de gás, catalase positivos e reduzem nitrato a nitrito. A maioria das enterobactérias é encontrada no trato gastrointestinal de humanos, no reino animal, na água, solo e vegetais. Alguns também são considerados enteropatógenos por causarem preferencialmente infecções gastrointestinais como a Salmonella typhi, outras espécies de Salmonella, Shigella spp., Yersinia enterocolitica e alguns sorotipos de Escherichia coli, embora possam também causar infecção em outros locais. As enterobactérias representam 80% ou mais de todos os gram negativos de importância clínica isolados na rotina microbiológica. São responsáveis por de cerca de 70% das infecções urinárias e 50% das septicemias. As enterobactérias que atualmente predominam em infecções hospitalares são Escherichia coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp. (90%) seguidos de Proteus spp., Providencia spp., Morganella spp., Citrobacter spp., Salmonella spp., Shigella spp., Serratia spp. As enterobactérias menos isoladas são Edwarsiella spp., Hafnia spp., Yersinia spp. Baseado em dados de prevalência e importância clínica, considera- se necessário que os laboratórios de microbiologia utilizem metodologia que permita discriminar com ≥80% de acerto. O meio proposto por Rugai & Araújo 16 (1968) tinha por objetivo a identificação presuntiva de bacilos intestinais Gram- negativos. Este meio que era composto por um conjunto de provas foi modificado por Pessoa & Silva (1972) onde foram incorporadas mais provas bioquímicas. Com o conjunto destas provas agrupadas em um único tubo, analisam-se diferentes reações enzimáticas, produção de gás e motilidade. O objetivo do meio de Rugai com lisina é o de triar bioquimicamente as colônias suspeitas que, se encontradas, devem ser identificadas por um sistema mais sensível e apropriado. O meio de Rugai com Lisina apresenta uma série bioquímica contendo nove provas que são agrupados em um único tubo, sendo elas: reação de indol (IND), desaminação do aminoácido L-triptofano (LTD), fermentação da sacarose (SAC), produção de sulfeto de hidrogênio (H2S), produção de gás (GAS), hidrólise da ureia (URE), fermentação da glicose (GLI), descarboxilação da lisina (LIS) e motilidade (MOT). Prática a- Retirar da embalagem a quantidade de tubos a serem usados e colocar os mesmos em estufa bacteriológica a 35 ± 2°C até adquirirem esta temperatura; b- Retirar os tubos da estufa e identificar cada um seguindo os critérios adotados pelo laboratório; c- Usando a agulha bacteriológica estéril, encostar na superfície de uma colônia. d- Inocular através de uma picada central, passando pela fase intermediária, atingindo o meio LMI, sem tocar o fundo do tubo de vidro. e- Retornar a agulha em direção à superfície, percorrendo o mesmo caminho e ao atingir a superfície fazer o estriamento em todo o ápice do meio; f- Incubar em estufa bacteriológica a 35 ± 2°C por 18 a 24 horas com a tampa frouxa. g- Realizar leitura das provas nos meios. 17 Figura 4. Meio RUGAI Leitura: LEITURA REALIZADA NA BASE - Fermentação da Glicose OBS: esta prova deve ser obrigatoriamente positiva para todas as enterobactérias, devendo-se atentar para o fato de que, nos casos de bactérias que produzem H2S ou hidrolisam a ureia, a cor amarela é mascarada. Reação positiva: meio amarelo Reação negativa: meio inalterado - Produção de Gás: Reação positiva: Formação de bolhas ou rachaduras Reação negativa: meio inalterado - Produção de Sulfeto de Hidrogênio (H2S) Reação positiva: presença de pigmento negro Reação negativa: ausência de pigmento negro. - Hidrólise da Ureia Reação positiva: coloração azul esverdeada Reação negativa: meio inalterado 18 LEITURA REALIZADA NO ÁPICE - Desaminação do L-Triptofano: Reação positiva: meio verde escuro ou acastanhado Reação negativa: meio inalterado - Fermentação da Sacarose: Reação positiva: meio amarelo Reação negativa: meio inalterado -Meio de Lisina - Descarboxilação da Lisina Reação positiva: meio com coloração púrpura Reação negativa: meio com coloração amarelo - Motilidade Reação positiva: turvação do meio Reação negativa: crescimento do micro-organismo apenas na picada central Prova do Indol - Realizar a leitura imediata, após pingar 1 a 2 gotas do Reativo de Kovacs. Reação positiva: viragem da cor do reativo para rosa Reação negativa: reativo com coloração inalterada (amarela). Após realizar leitura dos resultados das provas, consultar tabelas para identificaçãopresuntiva. A qualidade dos resultados de análises microbiológicas está intimamente ligada à qualidade da amostra, as melhores práticas pré-analíticas, como cuidados extremos com a assepsia do processo ou paciente, assim como a utilização de meios de cultura indicados e de boa qualidade garantem um melhor resultado. Resultados esperados: Figura 5 . Resultados esperados de acordo com cada microrganismo 19 Tabela 1. Reações bioquímicas para identificação presuntiva das principais espécies da família Enterobacterales: QUESTÕES: 1. Os ensaios feitos na aula prática demonstraram alguns princípios empregados na identificação/diagnóstico de bactérias de interesse médico. Pesquise sobre as técnicas empregadas para o diagnóstico de bactérias em laboratórios de análise clínica e as compare com o que foi feito em sala de aula. 20 Prática 4. Teste de suscetibilidade aos antimicrobianos (antibiograma) Antibiograma: Método de Disco-difusçao em ágar (Kirby-Bauer) O antibiograma é um teste que permite a verificação da sensibilidade de uma bactéria aos antimicrobianos. O perfil de sensibilidade é demonstrada através da formação de uma zona ou halo de inibição de crescimento que se forma ao redor do disco de papel contendo antimicrobiano. De acordo com o diâmetro formado do halo de inibição e com a interpretação determinada por protocolos (BrCast/ CLSI), diz-se que a bactéria é sensível ou resistente àquele antimicrobiano testado. Procedimento: 1. Preparar o inóculo bacteriano a partir do crescimento bacteriano em placa de ágar: selecionar 4-6 colônias puras e colocar em caldo TSB/TSA ou solução salina 0,9% até atingir a turvação de acordo com a escala de McFarland; 2. Umedecer o swab na suspensão bacteriana, retirando o excesso ao aperta-lo contra a parede interna do tubo; 3. Espalhar a suspensão bacteriana em toda a superfície do meio de cultura, de modo homogêneo, inclusive nas bordas; 4. Colocar os discos de antimicrobianos com auxílio da pinça sobre a superfície do meio e de modo equidistante; 5. Incubar as placas a 37 º C por 18-24 horas. Resultados Leitura e interpretação: Verificar a presença ou ausência de halo de inibição ao redor dos discos. Medir o DIÂMETRO dos halos, vide figura a seguir, e verificar se o microrganismo é resistente, parcialmente resistente ou sensível. A seguir tem uma tabela que mostra alguns halos de inibição de crescimento para alguns antimicrobianos testados em aula. 21 Tabela 2. Interpretação do halo de inibição para alguns antimicrobianos. Preencha a tabela abaixo de acordo com os resultados obtidos na aula prática: Antimicrobiano Concentração Sigla Perfil QUESTÕES: 1. Quais procedimentos deveriam ser tomados para a determinação da concentração inibitória mínima (MIC) dos antimicrobianos testados? 2. Quais fatores podem interferir no perfil de sensibilidade a antibióticos em uma linhagem bacteriana. 22
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