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APRESENTAÇÃO: 
“O que poderia ter sido é apenas um vácuo na historicidade do existir”: eis uma das 
minhas frases preferidas – e que pode ser encontrada no meu livro “Isto é (quase) um diário”. De fato, 
você pode ser aquilo que você quiser: inclusive nada – se esta for a sua escolha. O barco está lançado ao 
mar: a direção do leme está em suas mãos. 
Esta é uma apostila feita por mim e distribuída gratuitamente com o intuito de colaborar 
com os (assim como eu) estudantes de Direito nos estudos e no processo de aprovação do tão sonhado 
concurso público. O foco central são os certames para ingresso nos cargos de carreira jurídica. As 
apostilas de fato sofreram influência do curso do G7 Jurídico. 
Ademais, se forem me questionar sobre um bom “cursinho”, eis o que indico de olhos 
fechados. Em tempos em que “nada se cria e tudo se copia”, entendo pertinente um recado: não houve 
cópia de nenhum material fornecido pelo curso, razão pela qual não há violação de nenhum direito 
autoral. Aliás, isso seria criminoso e tenho consciência de que “fichas sujas não passarão” – e eu não 
quero ser um deles. 
Durante a leitura vocês perceberão que as notas de rodapé na maioria das vezes trazem 
comentários feitos exclusivamente por mim como forma de chamar atenção para alguns pontos de 
reflexão – o desenvolvimento de um raciocínio crítico é ponto importante para consolidação do 
conhecimento e aquisição de maturidade jurídica. 
O recurso de indexação automática garante acesso a sites externos através de um 
hiperlink. Assim você pode, em apenas um clique, conferir na internet conteúdos relacionados ao ponto 
abordado. Pode também conferir o inteiro teor daquele julgado que, com certeza, vai cair na prova. 
Você sabe da existência de tal recurso ao ver o texto sublinhado na cor azul. 
Faço aqui um pedido... Melhor! Imploro a vocês algo em especial: caso este material 
tenha sido útil no tão difícil e custoso processo de preparação faça seu relato e me marque no 
Instagram (@danilopmeneses e @apostilasdiretoaodireito). 
A construção deste material faz parte de um projeto gratuito que tem como objetivo levar 
ás pessoas conteúdo de qualidade sem custo. E você é parte importante neste processo: qualquer dica, 
aprimoramento, sugestão ou correção pode ser feita diretamente nos comentários referentes ao 
material baixado pelo site www.diretoaodireito.com . Juntos construiremos um material cada vez 
melhor – tipo um “open source dos concursos”. 
Relembrando: seu relato nas redes sociais e sua ajuda na divulgação é importante para 
manutenção deste projeto. Você é parte essencial em tudo isso. E exatamente por isso, caso o material 
tenha sido útil para sua aprovação (calma, você logo chega lá) eu faço questão de ser convidado para o 
churrasco da posse. 
Sucesso na empreitada e bons estudos. Como dizia o personagem do desenho animado Capitão 
América: “o poder é de vocês!” E antes que eu me esqueça: a cerveja será por sua conta! 
https://www.g7juridico.com.br/
https://www.instagram.com/danilopmeneses/
https://www.instagram.com/apostilasdiretoaodireito/
http://www.diretoaodireito.com/
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www.diretoaodireito.com Distribuição Gratuita 
3 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
Sumário 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................................................4 
 Noções essenciais: ...............................................................................................................4 
 Contextualização histórica:..................................................................................................4 
 Normatividade Internacional: ..............................................................................................5 
 Direitos da criança e do adolescente no plano interno: ......................................................9 
 Evolução do Direito das Crianças e dos Adolescentes no Brasil: .......................................11 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .............................................................................12 
 Noções essenciais: .............................................................................................................12 
 Sujeitos de direito: ............................................................................................................13 
 Princípios norteadores do direito da criança e do adolescente: ........................................15 
 Direitos fundamentais da criança e do adolescente: .........................................................18 
 Política de atendimento aos direitos da criança e do adolescente: ...................................61 
 Ato infracional: ..................................................................................................................77 
 Direitos individuais do adolescente infrator: .....................................................................80 
 Internação provisória: .......................................................................................................83 
 Medidas socioeducativas:..................................................................................................84 
 Remissão: ........................................................................................................................102 
 Regime de execução das medidas socioeducativas: ........................................................105 
 Conselho Tutelar: ............................................................................................................111 
 Acesso à Justiça no Estatuto da Criança e do Adolescente: .............................................117 
 Ministério Público:...........................................................................................................122 
 Procedimentos especiais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente: ...............126 
 Procedimento apuratório de ato infracional (ação socioeducativa): ...............................127 
 Sistema recursal do Estatuto da Criança e do Adolescente: ............................................133 
 
 
 
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4 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 Noções essenciais: 
- conceito de “Direitos da Criança e do Adolescente”: conjunto de normas e princípios que 
disciplinam a tutela dos direitos das crianças e dos adolescentes em suas relações em face do 
poder público, da sociedade e da família; 
- relações  poder público + sociedade + família; 
- trata-se de novo ramo do Direito: 
- o Direito da Criança e do Adolescente possui finalidade e princípios 
específicos (disciplina jurídica autônoma); 
 
 Contextualização histórica: 
- crianças e adolescentes como objeto de direito: no século XIX as crianças não eram titulares 
de direitos, mas sim objeto do direito de propriedade dos seus pais; 
- concepção antiga  criança + adolescente = objeto de direito; 
- crianças e adolescentes não eram sujeitos de direito; 
- as crianças eram vistas por seus pais (economia predominantemente agrícola) 
como meios de produção no trabalho no campo; 
- educação: não era um dever da família – os pais não estavam obrigados a 
instruir os seus filhos; 
- maus tratos: eram socialmente tolerados à época; 
- caso Mary Ellen (EUA – 1874): 
- Mary Ellen era filha de imigrantes irlandeses; 
- com o falecimento do pai de Mary Ellen a sua mãe passou a trabalhar para 
prover o sustento da família e ela passou a viver em uma creche (particular); 
- considerando que a mãe de Mary Ellen não estava conseguindo 
pagar as dívidas na creche, a proprietária do local resolveu entregar a 
criança para uma agência que cuidava de crianças órfãos, sendo ela 
posteriormente encaminhada para adoção; 
- a adoção se deu comuso de documentos falsos e sem ouvir a mãe 
biológica de Mary Ellen – ela simplesmente foi tirada da convivência 
familiar; 
- com o falecimento do pai adotivo de Mary Ellen sua mãe adotiva se casou com 
outro homem – ocasião na qual Mary Ellen passou a sofrer maus tratos 
constantes (subnutrição + cárcere privado + condições desumanas de 
sobrevivência + lesões corporais causadas pela família); 
- uma vizinha então fez uma denúncia para Etta Angell (assistente social do bairro 
onde vivia Mary Ellen) – a assistente então passou a visitar a mãe da criança sob o 
pretexto de descobrir informações dos vizinhos (história cobertura); 
- Etta Angell então procurou os órgãos constituídos e ninguém deu 
atenção à suas graves denúncias sobre a condição da menina – não 
houve, por parte dos órgãos constituídos, nenhum amparo protetivo 
à pessoa de Mary Ellen; 
- a assistente social então se socorreu à Sociedade Americana de 
Proteção dos Animais (por analogia); 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Ellen_Wilson
 
www.diretoaodireito.com Distribuição Gratuita 
5 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- o caso foi a julgamento na Justiça Americana e então surgiu o 
primeiro caso de condenação por maus tratos à criança ou 
adolescente; 
- internacionalização dos Direitos Humanos: 
- após as atrocidades da 2ª Guerra Mundial a comunidade internacional percebeu 
a necessidade de criação de um patamar mínimo (ético universal) a ser observado 
por toda a humanidade; 
- surgiu a necessidade de reconhecimento – no plano internacional – de alguns 
direitos humanos que vinculassem os estados soberanos (mitigação da noção de 
soberania para garantia de um mínimo ético); 
- há atualmente documentos internacionais de alcance geral (voltados a todos os 
seremos humanos) e documentos internacionais de alcance especial (exemplo: 
voltados especificamente a determinados grupos, como crianças e adolescentes); 
 
 Normatividade Internacional: 
- Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU, 1948): 
- espécie de instrumento de alcance geral; 
- introdução da concepção contemporânea de direitos humanos: 
 universalidade; 
 indivisibilidade; 
 interdependência; 
- direito a cuidados e assistências especiais para a infância; 
- proteção social ampla das crianças – sejam nascidas dentro ou fora do 
matrimônio; 
- consolidação da ética universal e de um patamar mínimo de respeito aos 
direitos humanos em todas as nações; 
- Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais1 (ONU, 1966): 
- trouxe a proibição de trabalhos nocivos à saúde e à moral das crianças; 
- trouxe a proteção contra exploração social e econômica; 
- Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966)2: 
- direito a não discriminação; 
- direito à aquisição de nacionalidade; 
- direito ao nome; 
- direito à proteção da família; 
- Convenção Americana dos Direitos Humanos de 1969 (Pacto de San Jose da Costa Rica)3: 
- direito garantido às crianças e adolescentes de julgamento por tribunais 
especializados; 
- direito à separação dos maiores de idade em relação aos menores de idade; 
 
1 Red rights. 
2
 Blue rigths. 
3 Serão citados os dispositivos voltados especificamente à proteção dos direitos das crianças e dos 
adolescentes. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial
https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_Universal_dos_Direitos_Humanos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pacto_Internacional_dos_Direitos_Econ%C3%B4micos,_Sociais_e_Culturais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pacto_Internacional_dos_Direitos_Civis_e_Pol%C3%ADticos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conven%C3%A7%C3%A3o_Americana_de_Direitos_Humanos
 
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6 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- direito à aplicação de medidas de proteção de caráter ressocializatório; 
- direito de petição perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos; 
- Declaração de Genebra (1924): 
- primeiro documento no plano internacional voltado especificamente à tutela 
dos interesses da criança e do adolescente; 
- também conhecida como “Carta da Liga sobre a Criança de 1924”; 
- explícito reconhecimento da vulnerabilidade da criança; 
- buscou materializar o desenvolvimento material e espiritual das crianças; 
- visava a implantação da prioridade de atendimento em tempos de dificuldade; 
- instrumento de soft law – desprovido de obrigatoriedade; 
- observação: a Declaração de Genebra ainda trata a criança como um objeto de 
proteção e não como um sujeito de direitos; 
- Declaração dos Direitos da Criança (ONU, 1959): 
- mudança de paradigma  passou a tratar a criança como um sujeito de 
direitos; 
- a proteção pode ser dar, inclusive, em face da própria família; 
- tal mudança traz uma maior proteção à criança e ao adolescente; 
- princípio da universalização dos direitos da criança e do adolescente: 
tratamento da infância como sujeito coletivo de direitos; 
- os direitos devem ser reconhecidos em caráter global, para todas as 
crianças e adolescentes, bastando a condição de se encaixar neste 
grupo (critério etário e objetivo); 
- implantação do princípio do interesse superior da criança; 
- implantação do princípio da prioridade; 
- direito ao nome e à nacionalidade; 
- direito à assistência social; 
- direito à convivência familiar; 
- direito à educação; 
- direito à proteção contra o abandono e contra a exploração no trabalho; 
- instrumento de soft law – porém, com forte conteúdo ético, moral e humanista; 
- Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça Juvenil (Regras de Beijing, 
1985): 
- objetivo: trazer um regramento mais protetivo à criança que delinque – criança 
que pratica ato infracional análogo a algum crime; 
- sistema de justiça específico: Justiça da Infância e Juventude; 
- regras específicas para julgamento pela prática de ilícitos penais; 
- especialização da Justiça da Infância e da Juventude; 
- criação de uma polícia especializada; 
- implantação e colocação em prática de garantias processuais básicas: 
imparcialidade do juiz + ampla defesa; 
- possibilidade de remissão (perdão); 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_Universal_dos_Direitos_da_Crian%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_Universal_dos_Direitos_da_Crian%C3%A7a
https://g.co/kgs/S79zMJ
 
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7 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- excepcionalidade da internação provisória; 
- brevidade (curta duração) das medidas privativas de liberdade; 
- Convenção Sobre os Direitos da Criança (1989): 
- convenção publicada no âmbito das Organizações das Nações Unidas; 
- é o documento mais importante no âmbito da promoção dos direitos das 
crianças – houve inclusive uma grande adesão por parte dos estados membros 
das Nações Unidas4; 
- conceito de criança: todo ser humano com menos de 18 (dezoito) anos de 
idade; 
- menores de 18 (dezoito) anos são considerados crianças pela 
Convenção – salvo se o país trazer regra distinta sobre a maioridade; 
- a criança é considerada um ser humano em desenvolvimento – noção muito 
importante para interpretação das normas voltadas à proteção das crianças; 
- as crianças devem ser consideradas sujeitos de direito no plano individual e 
também no plano coletivo; 
- crianças = sujeito de direito: 
 plano individual; 
 plano coletivo; 
- reconhecimento de mais de 40 (quarenta) direitos fundamentais da criança – 
direitos reconhecidos para todas as crianças independente da sua condição 
(universalização); 
- concepção contemporânea de direitos humanos  universalidade + 
indivisibilidade + interdependência); 
- introdução da doutrina de proteção integral: 
 as criançase adolescentes devem ser vistos como sujeitos de 
direito; 
 os direitos contemplados devem abranger todas as necessidades 
do ser humano para o desenvolvimento da sua personalidade de 
forma plena (direitos humanos comuns aos adultos + direitos 
humanos exclusivos das crianças); 
 os direitos exclusivos das crianças (direitos especiais) possuem 
natureza efêmera; 
- pilares fundantes da Convenção sobre os Direitos das Crianças: 
- princípio da não discriminação  não se admite nenhuma 
discriminação das crianças por critério de raça, social, econômico ou 
religioso; 
- princípio do superior interesse da criança  todas as vezes que a 
intervenção estatal for necessária para a proteção da criança tal 
intervenção deve se dar sobre a ótica daquilo que é melhor para o 
sujeito que sofre a intervenção; 
- o interesse da criança pode inclusive fundamentar 
eventual derrotabilidade normativa – afastamento de 
 
4 196 países ratificaram a Convenção – com exceção dos Estados Unidos da América. 
https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca
 
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8 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
aplicação da norma no caso concreto por ofender tal 
interesse; 
- direito à sobrevivência e ao desenvolvimento  a sobrevivência e 
o desenvolvimento devem ser entendidos em sentido amplo, sendo 
aplicado inclusive no plano moral e afetivo; 
- direito de expressar a opinião  toda vez que se fizer necessária 
uma intervenção na esfera individual da criança é necessária a prévia 
manifestação da criança para legitimar a intervenção; 
- intervenção na esfera individual = necessidade de 
prévia oitiva da criança/adolescente; 
- mecanismos de controle quanto à implementação dos direitos da criança: 
- Comitê sobre os Direitos da Criança  examina os relatórios 
encaminhados pelos Estados-Partes e expede recomendações (sem 
força vinculante); 
- não possui competência para punir (impor sanção); 
- protocolos facultativos à Convenção de 1.989 – cuidam de temas que a 
Convenção dos Direitos da Criança não cuidou: 
- Protocolo Facultativo sobre a venda de crianças, prostituição infantil 
e pornografia infantil (ano 2.000); 
- Protocolo Facultativo sobre o envolvimento de crianças em conflitos 
armados (ano de 2.000); 
Observação: nenhum dos dois protocolos inova substancialmente o 
sistema de proteção, visto que não introduzem a sistemática de 
petições ou comunicações interestatais. 
- Protocolo Facultativo relativo aos procedimentos de comunicação 
(ano de 2.011); 
- direito de petições individuais  a grande inovação se 
dá na criação da possibilidade de petições individuais no 
caso de desrespeito aos direitos das crianças pelos 
sistemas judiciários dos países signatários; 
- o sigilo dos denunciantes pode ser 
preservado; 
- possibilidade de o Órgão Internacional pedir aos 
Estados que tomem medidas provisórias buscando a 
proteção das crianças; 
- possibilidade de expedição de recomendação para 
cumprimento em caráter vinculante; 
- situação no Brasil: o Presidente da República assinou o 
Protocolo em 2.012, havendo referendo do Congresso 
Nacional em 2.017 – ocorre que ainda falta a ratificação 
do Presidente da República para integração ao direito 
interno; 
- instrumentos de controle5: 
 
5 A competência para o exercício de tal controle é do Comitê sobre os Direitos das Crianças. 
https://crianca.mppr.mp.br/pagina-1072.html
https://crianca.mppr.mp.br/pagina-1072.html
http://crianca.mppr.mp.br/pagina-1071.html
http://crianca.mppr.mp.br/pagina-1071.html
http://crianca.mppr.mp.br/pagina-1187.html
 
www.diretoaodireito.com Distribuição Gratuita 
9 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- relatórios: conforme as normas trazidas pela Convenção Sobre os 
Direitos das Crianças; 
- petições individuais: de acordo com o Terceiro Protocolo 
Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Crianças; 
- situação jurídica das Convenções Internacionais no Brasil: 
- Convenção sobre os Direitos das Crianças da Assembleia Geral das 
Nações Unidas  ratificação pelo Brasil em 24/09/1990; 
- 1º e 2º Protocolo Facultativo à Convenção  ratificação pelo Brasil 
em 27/01/2004; 
- 3º Protocolo Facultativo  pendente de ratificação; 
- outros diplomas internacionais importantes: 
- Convenção sobre os aspectos civis do sequestro internacional de crianças (1980); 
- Diretrizes das Nações Unidas para a prevenção da delinquência juvenil (Diretrizes 
de Riad – ONU, 1990); 
- Convenção relativa à proteção das crianças e cooperação em matéria de adoção 
internacional (1993); 
- Convenção sobre a cobrança internacional de alimentos para crianças e outros 
membros da família (2007); 
- incorporação das normas internacionais ao Direito Brasileiro: 
- tratados internacionais comuns  lei ordinária; 
- tratados internacionais sobre direitos humanos  depende; 
- aprovação com procedimento das emendas constitucionais  
norma constitucional (formal e materialmente); 
- aprovação pelo procedimento comum  status supralegal; 
 
 Direitos da criança e do adolescente no plano interno: 
- Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988: 
- a CRFB/88 traz importantes normas protetivas da criança e do adolescente; 
- há um capítulo especificamente designado para a proteção de tal grupo de 
vulneráveis; 
- o artigo 227, caput da CRFB/88 é norma que serve como espinha dorsal do 
sistema protetivo existente no nosso país; 
Artigo 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e ao jovem6, com absoluta prioridade, o direito à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de coloca-los a solvo de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
- princípio da prioridade absoluta  está expressamente previsto na 
CRFB/88; 
 
6 A expressão “jovem” foi incluída no texto constitucional pela EC 65/2010 – tal termo não constava da 
redação original da CRFB/88. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3413.htm
http://crianca.mppr.mp.br/pagina-1075.html
http://crianca.mppr.mp.br/pagina-1075.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3087.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3087.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9176.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9176.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
 
www.diretoaodireito.com Distribuição Gratuita 
10 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- há uma ampla previsão de direitos aplicáveis às crianças, 
adolescentes e jovens no caput do artigo 227 da CRFB/88; 
- trata-se de norma concretizadora do princípio da 
proteção integral; 
- sistema de proteção especial (artigo 227, §3º da CRFB/88): 
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: 
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o 
disposto no art. 7º, XXXIII; 
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à 
escola; (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato 
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por 
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; 
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento,quando da aplicação 
de qualquer medida privativa da liberdade; 
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos 
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de 
guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao 
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. 
- o§4º do artigo 227 da CRFB/88 determina que a lei venha a punir 
severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e 
do adolescente; 
- trata-se de típico mandado de criminalização; 
- cumprimento do mandado pelo 
legislador: artigo 218-B do Código Penal 
Brasileiro – incluído pela Lei 12.015/2009; 
- ainda no mesmo artigo o §5º determina que a adoção deva ser 
assistida pelo Poder Público, na forma da lei – esta estabelecerá 
casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros 
(adoção internacional); 
- direitos idênticos entre os filhos: o §6º determina que os filhos 
(havidos ou não da relação do casamento e também os por adoção) 
terão os mesmos direitos e qualificações; 
- a norma veda qualquer designação discriminatória 
relativa à filiação7; 
- sujeitos envolvidos no artigo 227 da CRFB/88: 
- sujeitos de direito  crianças + adolescentes + jovens; 
- criança < 12 anos; 
- adolescente > ou + 12 anos até < 18 anos; 
- jovem > 15 e <29 anos; 
 
7 Não se admite mais a expressão discriminatória “filhos ilegítimos” para designar os havidos fora do 
casamento. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc65.htm#art2
 
www.diretoaodireito.com Distribuição Gratuita 
11 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- definição trazida pela Lei 12.852/2013 (Estatuto da 
Juventude); 
- sujeitos de deveres  família + sociedade + Estado; 
- família produto do matrimônio, da união estável e 
também a comunidade formada por qualquer dois pais e 
seus filhos; 
- sociedade importante observar que o artigo 4º do 
Estatuto da Criança e do Adolescente também traz a 
previsão da comunidade; 
- Estado inclui os Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário; 
- inimputabilidade penal: o artigo 228, caput da CRFB/88 prevê que são 
penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos; 
- menores de 18 (dezoito) anos = sujeição à legislação especial 
(inimputabilidade penal absoluta); 
- trata-se de uma garantia individual das crianças e dos 
adolescentes – a legislação especial citada é o Estatuto 
da Criança e do Adolescente; 
- critério biológico puro  no caso do menor de 18 (dezoito) anos a 
CRFB/88 entende sempre se tratar de inimputável, não importando 
se no caso concreto o adolescente era capaz de entender o caráter 
ilícito do ato que cometeu e orientar-se de acordo com tal 
entendimento8; 
- cláusulas pétrea: praticamente todos os autores reconhecem nessa 
garantia da inimputabilidade penal dos menores de 18 (dezoito) anos 
como cláusula pétrea – não passível de reforma que tenda a abolir a 
garantia/direito; 
- possibilidade de redução da maioridade penal para 16 
anos: 
- impossibilidade  por ser cláusula pétrea a 
modificação tenderia a abolir a garantia individual, não 
sendo possível; 
- possibilidade  é possível modificar o artigo 228 para 
redução da maioridade penal para 16 (dezesseis) anos, 
visto que tal redução não está abolindo o direito e 
garantia individual, apenas modificando – com 
preservação do núcleo essencial da garantia individual9; 
 
 Evolução do Direito das Crianças e dos Adolescentes no Brasil: 
- 1ª fase – fase da indiferença; 
- não existia nenhum diploma normativo cuidando especificamente dos direitos e 
deveres das crianças e dos adolescentes; 
- 2ª fase – fase da imputação criminal: 
 
8 Em regra o sistema penal brasileiro adota o critério biopsicológico. 
9 Neste sentido: Pedro Lenza + Marcelo Novelino. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#:~:text=Art.%204%C2%BA%20%C3%89%20dever%20da,e%20%C3%A0%20conviv%C3%AAncia%20familiar%20e
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_14.12.2017/art_228_.asp#:~:text=S%C3%A3o%20penalmente%20inimput%C3%A1veis%20os%20menores,%C3%A0s%20normas%20da%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20especial.
 
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12 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- existência de leis voltadas especificamente às crianças e adolescentes, porém 
com viés punitivo; 
- as leis buscam criar mecanismos para que os adolescentes que 
praticassem atos infracionais fossem punidos por sua conduta; 
- exemplo: Ordenações Afonsinas e Filipinas + Código Criminal do 
Império (1830) + Código Penal de 1890; 
- 3ª fase – fase tutelar: 
- diplomas normativos com caráter assistencialista; 
- não havia preocupação com a promoção global e universal dos direitos das 
crianças e adolescentes; 
- somente duas situações atraíam a atuação do Poder Público: 
 abandono/miserabilidade; 
 delinquência; 
- exemplo: Código Mello Mattos de 1927 + Código de Menores de 1979; 
- 4ª fase – fase da proteção integral: 
- a fase foi inaugurada com a Constituição da República Federativa do Brasil de 5 
de outubro de 1.988; 
- preocupação central: promoção e proteção de todos os direitos fundamentais 
das crianças e adolescentes, independente da situação em que se encontrem 
(universalidade); 
- a proteção não se vincula à situação econômica, situação de risco, 
situação de abandono ou de delinquência; 
- objetivo: promover o desenvolvimento da criança e do adolescente de forma 
plena; 
- exemplo: Estatuto da Criança e do Adolescente10 (Lei 8.069/90); 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 Noções essenciais: 
- doutrina da proteção integral: 
- o artigo 1º da Lei 8.069/90 traz a disposição de que a referida lei cuida da 
proteção integral à criança e ao adolescente; 
- doutrina da proteção integral já adotada no início do texto 
normativo; 
- outras previsões normativas da doutrina da proteção integral: CRFB/88 + 
Convenção dos Direitos das Crianças de 1989 + Estatuto da Criança e do 
Adolescente11; 
- doutrina da proteção integral VS doutrina da situação irregular12: 
 
10 O Estatuto da Criança e do Adolescente busca tutelar as pessoas por ele protegidas (crianças + 
adolescentes). Trata-se de lei principiológica que determina a necessidade de observância de vários 
postulados em todas as relações de crianças e adolescentes com a sociedade, com o Estado e com a 
família. 
11 Em outras normas dispersas no citado diploma normativo. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619693/artigo-1-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca#:~:text=A%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20os%20Direitos,Foi%20ratificado%20por%20196%20pa%C3%ADses.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
 
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13 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
 
- a doutrina da situação irregular era vigente à época do Código de 
Menores – tanto a CRFB/88, quanto a Convenção de 1989 e o 
Estatuto da Criança e do Adolescente trazem a previsão da doutrina 
da proteção integral; 
- diferença importante: 
- doutrina da situação irregular  criança = objeto de 
proteção  proteção em situação específica  
intervenção máxima do Poder Judiciário; 
- doutrina da proteção integral  criança = sujeitos de 
direito  proteção global intervenção mínima do 
Poder Judiciário; 
 Sujeitos de direito: 
- artigo 2º do ECA: 
- criança: pessoa com 12 (doze) anos incompletos; 
- adolescente: pessoa com 12 (doze) aos 18 (dezoito) anos incompletos; 
- observação: o Estatuto da Criança e do Adolescente inovou em comparação à 
Convenção de 1989; 
- diferenças de tratamento entre crianças e adolescentes no Estatuto da Criança e do 
Adolescente: 
 
 CRIANÇA ADOLESCENTE 
Colocação em família 
substituta 
Somente opina (artigo 
28, §1º do ECA) 
Necessário o 
consentimento do 
adolescente (artigo 28, 
§2º do ECA) 
Trabalho Não pode trabalhar Pode trabalhar. 
- 14 anos = condição de 
 
12 Quadro disponível em: http://ibrase-pe.blogspot.com/2009/05/sistema-de-garantia-de-direitos.html 
https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/o-que-e-codigo-de-menores/43799#:~:text=O%20lema%20do%20C%C3%B3digo%20de,eram%20chamados%20de%20%E2%80%9Cmenores%E2%80%9D.
https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/o-que-e-codigo-de-menores/43799#:~:text=O%20lema%20do%20C%C3%B3digo%20de,eram%20chamados%20de%20%E2%80%9Cmenores%E2%80%9D.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#:~:text=Disposi%C3%A7%C3%B5es%20Gerais-,Art.,a%20sua%20opini%C3%A3o%20devidamente%20considerada.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#:~:text=Disposi%C3%A7%C3%B5es%20Gerais-,Art.,a%20sua%20opini%C3%A3o%20devidamente%20considerada.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#:~:text=Disposi%C3%A7%C3%B5es%20Gerais-,Art.,a%20sua%20opini%C3%A3o%20devidamente%20considerada.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#:~:text=Disposi%C3%A7%C3%B5es%20Gerais-,Art.,a%20sua%20opini%C3%A3o%20devidamente%20considerada.
http://ibrase-pe.blogspot.com/2009/05/sistema-de-garantia-de-direitos.html
 
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14 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
aprendiz; 
- 16 anos = 
normalmente  não 
pode trabalho insalubre 
ou perigoso 
Prática de ato infracional Aplicáveis medidas de 
proteção 
Aplicáveis medidas de 
proteção + medidas 
socioeducativas13 
Viagens domésticas sem a 
companhia dos pais ou 
responsáveis 
Depende de autorização 
judicial (regra) 
Independe de 
autorização judicial – a 
partir dos 16 anos (Lei 
13.812/19) 
 
- aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente para maiores de 18 (dezoito) anos: 
- artigo 2º, parágrafo único do ECA: nos casos expressos em lei, aplica-se 
excepcionalmente o Estatuto da Criança e do Adolescente às pessoas entre 
dezoito e vinte e um anos de idade; 
- teoria da atividade: nos termos do artigo 104, parágrafo único do ECA, a idade a 
ser considerada é a da data do ato; 
- liberação compulsória: ocorre aos vinte e um anos de idade; 
- 21 anos  liberação do adolescente que cumpre medida 
socioeducativa; 
- o adolescente que pratica ato infracional antes dos 18 (dezoito) anos está sujeito 
às normas do Estatuto da Criança e do Adolescente até que complete 21 (vinte e 
um) anos de idade – passada tal idade, inaplicável a legislação especial; 
- embora o Estatuto da Criança e do Adolescente preveja 
expressamente o intervalo entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos 
apenas para o caso de internação (medida provisória mais grave), o 
entendimento do STJ é de que a mesma regra é aplicável para as 
demais medidas socioeducativas; 
Súmula 605 do STJ  a superveniência da maioridade 
penal não interfere na apuração de ato infracional nem 
na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, 
inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a 
idade de 21 anos; 
- a Lei do SINASE autoriza o juiz da infância e juventude a dar continuidade a uma 
ação socioeducativa mesmo que o adolescente tenha completado a maioridade 
penal (artigo 46, §1º da Lei 12.594/1214); 
- infância e juventude: 
- 1ª infância  período entre os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta 
e dois) meses de vida das crianças; 
 
13 Exemplo: internação + semiliberdade. 
14 Tal norma encampou a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13812.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13812.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm
 
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15 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- conceito extraído do artigo 2º da Lei 13.257/16 – Estatuto da 
Primeira Infância; 
- jovem  pessoa com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade; 
- conceito extraído do artigo 1º, §1º da Lei 12.852/13 – Estatuto da 
Juventude; 
- pessoa entre 15 e 18 anos (adolescente jovem): nesta faixa etária 
aplica-se prioritariamente o Estatuto da Criança e do Adolescente, 
aplicando em caráter complementar o Estatuto da Juventude – 
naquilo que não conflitar com o diploma anterior (regra do artigo 1º, 
§2º do Estatuto da Juventude); 
 
 Princípios norteadores do direito da criança e do adolescente: 
- princípio da proteção integral: 
- previsão constitucional: artigo 227, caput; 
- previsão legal: artigo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente; 
- devem ser protegidas todas as crianças, independente das suas condições 
pessoais; 
- princípio da prioridade absoluta: 
- previsão constitucional: artigo 227, caput; 
- previsão legal: artigo 4º, parágrafo único do Estatuto da Criança e do 
Adolescente; 
 primazia no recebimento de proteção e socorro; 
 precedência no atendimento nos serviços públicos; 
 preferência na formulação e execução de políticas públicas; 
 preferência no uso dos recursos públicos; 
- em razão do princípio da prioridade absoluta todos os direitos da criança e do 
adolescente integram o mínimo existencial – não se admite, nestes casos, 
alegação de reserva do possível15; 
- princípio do superior interesse da criança e do adolescente: 
- previsto expressamente na Convenção de 1989 (artigo 3º) e no Estatuto da 
Criança e do Adolescente (artigo 100, inciso IV); 
- ideia central  toda intervenção estatal nos direitos da criança e do 
adolescente será feito à luz daquilo que melhor atender ao interesse da criança e 
do adolescente; 
- a regra é aplicável de forma extensiva e ampla: executor de políticas 
públicas + legislador + Poder Judiciário; 
- toda a legislação deve ter o princípio do superior interesse da criança como 
critério primário para atividade interpretativa; 
 
15 O tema “reserva do possível” (doutrina alemã) é muito mal compreendido pela doutrina e pela 
jurisprudência brasileira – que deu (equivocadamente, diga-se de passagem) uma feição puramente 
monetária à tese. A doutrina, busca em essência, analisar a possibilidade de extensão de um direito no 
caso concreto – criando um critério de proporcionalidade na extensabilidade a pretensão aduzida junto 
ao Poder Judiciário. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_227_.asp#:~:text=227%20%C3%89%20dever%20da%20fam%C3%ADlia,al%C3%A9m%20de%20coloc%C3%A1%2Dlos%20a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#:~:text=Art.%201%C2%BA%20Esta%20Lei%20disp%C3%B5e,%C3%A0%20crian%C3%A7a%20e%20ao%20adolescente.&text=Nos%20casos%20expressos%20em%20lei,e%20um%20anos%20de%20idade.
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_227_.asp#:~:text=227%20%C3%89%20dever%20da%20fam%C3%ADlia,al%C3%A9m%20de%20coloc%C3%A1%2Dlos%20a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#:~:text=Art.%204%C2%BA%20%C3%89%20dever%20da,e%20%C3%A0%20conviv%C3%AAncia%20familiar%20ehttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#:~:text=Art.%204%C2%BA%20%C3%89%20dever%20da,e%20%C3%A0%20conviv%C3%AAncia%20familiar%20e
https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
 
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16 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- o STJ já decidiu contra texto expresso de lei em várias oportunidades com o 
fundamento da defesa do princípio do superior interesse da criança; 
- é interessante observar algumas decisões do Superior Tribunal de Justiça em 
que foi aplicado o princípio do superior interesse da criança: 
 retratação do genitor biológico acerca do consentimento para a 
adoção antes da sentença e manutenção da criança com a família 
que buscava a adoção (em tese a retratação seria possível, mas o juiz 
entendeu que no caso concreto a adoção atenderia melhor o 
interesse da criança); 
 manutenção da criança em ambiente familiar em vez de 
acolhimento institucional; 
 adoção por família não inscrita no cadastro de adoção quando 
existente vínculo afetivo consolidado (em tese o cadastro é requisito 
essencial da adoção – pela lei); 
 restrição ao direito de visitação do pai ou mãe que não tenha a 
guarda do filho em caso de risco à integridade física e emocional 
dele; 
 mitigação do princípio da perpetuação da jurisdição em caso de 
mudança de endereço da criança ou adolescente; 
 manutenção do vínculo registral entre o filho e o pai quando não 
comprovado erro ou falsidade do registro de nascimento; 
 possibilidade de adoção de neto por avós, desde que 
demonstrado atender ao interesse do adotado (hipótese 
absolutamente contra legem); 
- funções garantistas do princípio do superior interesse da criança: 
 critério hermenêutico a ser levado em consideração na 
interpretação das normas protetivas da criança e do adolescente; 
 criação de deveres para o Poder Público; 
 máxima operatividade e mínima restrição aos direitos; 
 conformadora do exercício do poder familiar – aquele que detém 
o poder familiar deve exercer tal prerrogativa em consonância com o 
interesse da criança e do adolescente; 
- princípio da responsabilidade primária e solidária do Poder Público: 
- o Poder Público de todas as esferas da federação é responsável pela proteção e 
promoção dos direitos da criança e do adolescente; 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso III do ECA; 
- importante observar que tal princípio não impede a municipalização do 
atendimento e a execução de programas dirigidos por entidades não 
governamentais; 
- princípio da privacidade: 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso IV do ECA; 
- a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ocorrer 
com respeito à intimidade, à imagem e à vida privada; 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
 
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17 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- exemplo: artigo 143 do ECA –> veda a divulgação de atos judiciais, policiais e 
administrativos que digam respeito a criança e adolescentes a que se atribua 
autoria de ato infracional; 
- princípio da intervenção precoce: 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso VI do ECA; 
- a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a 
situação de perigo seja conhecida – como forma de evitar que ocorra o dano aos 
direitos das crianças e dos adolescentes; 
- princípio da intervenção mínima: 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso VII do ECA; 
- a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições 
cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da 
criança e do adolescente; 
- o encaminhamento para os órgãos policiais, para o Ministério Público e para o 
Poder Judiciário deve ocorrer de forma subsidiária; 
- princípio da proporcionalidade e atualidade: 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso VIII do ECA; 
- a intervenção deve ser apenas a necessária e adequada à situação de perigo em 
que a criança ou o adolescente se encontra no momento em que a decisão é 
tomada; 
- exemplo: baixa frequência escolar e aplicação de medida proporcional por parte 
do órgão de defesa competente (Conselho Tutelar) + bagatela imprópria 
(desnecessidade de aplicação da medida socioeducativa em função da ausência 
de atualidade – necessidade da medida no caso concreto); 
- princípio da responsabilidade parental: 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso IX do ECA; 
- a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres 
para com a criança e o adolescente; 
- os pais não podem transferir os deveres que lhe são próprios na 
tarefa de educar as crianças e adolescentes para o estado; 
- princípio da prevalência da família: 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso X do ECA; 
- na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser 
dada prevalência à medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família 
natural ou extensa, ou, em caso de impossibilidade, que promovam a sua 
integração em família substituta; 
- a institucionalização deve ser a última das opções (opção 
subsidiária); 
- princípio da obrigatoriedade da informação: 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso XI do ECA; 
- a criança e o adolescente, respeitado o seu estágio de desenvolvimento e 
capacidade de compreensão, deve ser informado pelos seus pais ou responsáveis 
sobre seus direitos, sobre os motivos que determinaram eventual intervenção e 
também sobre a forma como esta se processa; 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10596750/artigo-143-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,atribua%20autoria%20de%20ato%20infracional.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
 
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18 DIREITOS DA CRIANÇA &DO ADOLESCENTE 
- ideia central  todas as medidas aplicadas a uma criança ou a um adolescente 
devem ter sua motivação devidamente esclarecida para a criança ou adolescente 
e também para seus familiares; 
- princípio da oitiva obrigatória e participação: 
- previsão legal: artigo 100, parágrafo único, inciso XII do ECA; 
- a criança ou o adolescente tem o direito de ser ouvido e participar nos atos e nas 
medidas de promoção de direitos e de proteção, devendo ser sua opinião 
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente; 
 
 Direitos fundamentais da criança e do adolescente: 
- direito à vida: 
- previsão constitucional: artigo 5º, caput, CRFB/88 + artigo 227, caput, CRFB/88; 
- previsão internacional: artigo 6º da Convenção Sobre os Direitos da Criança; 
- previsão legal: artigos 7º a 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente; 
- dimensões de proteção do direito à vida16: 
- existência  proteção da própria existência e da vida da criança do 
adolescente – tal grupo deve ter atuação positiva por parte de todos 
para que tais bens jurídicos não sejam violados; 
- integridade física e psíquica  a sociedade, a família e o Estado 
devem cuidar para que as crianças e os adolescentes não sejam 
expostos a qualquer tipo de violência física ou psíquica; 
- integridade moral  todos devem proteger a integridade moral das 
crianças e dos adolescentes, evitando que os valores que devem ser 
introjetado na educação delas sejam corrompidos; 
- Estatuto da Criança e do Adolescente VS vida do nascituro: 
- posição minoritária  não se aplica a proteção do Estatuto da 
Criança e do Adolescente ao nascituro, vez que o artigo 2º dispõe 
expressamente que objeto de proteção são as crianças e os 
adolescentes (interpretação literal); 
- posição majoritária  os nascituros devem ser protegidos com 
base nos dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente 
(posição do STJ); 
- fundamento: artigos 7º e 8º do Estatuto da Criança e 
do Adolescente; 
- Lei 13.257/16 (Lei da Primeira Infância) – reforçou a 
tese de incidência do Estatuto da Criança e do 
Adolescente aos nascituros por alguns motivos: 
- garantia de nutrição adequada da 
gestante, atenção humanizada da gravidez, 
do parto, do pré-natal, perinatal e pós-
natal; 
- garantia de assistência psicológica à 
gestante; 
 
16 Segundo a doutrina do professor José Afonso da Silva. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604215/artigo-100-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=ECA%20%2D%20Lei%20n%C2%BA%208.069%20de,dos%20v%C3%ADnculos%20familiares%20e%20comunit%C3%A1rios.
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/constfed.nsf/fc6218b1b94b8701032568f50066f926/54a5143aa246be25032565610056c224?OpenDocument#:~:text=Texto%20do%20Cap%C3%ADtulo-,Art.,%C3%A0%20propriedade%2C%20nos%20termos%20seguintes%3A&text=(Estatuto%20dos%20Estrangeiros).
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_227_.asp#:~:text=227%20%C3%89%20dever%20da%20fam%C3%ADlia,al%C3%A9m%20de%20coloc%C3%A1%2Dlos%20a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm
 
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19 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- garantia de acompanha saudável durante 
a gestação; 
- garantia de busca ativa para que a 
gestante não abandone o procedimento de 
pré-natal; 
- o nascituro é titular de direitos (teoria 
concepcionista17); 
- direito à saúde: 
- previsão constitucional: artigo 6º da CRFB/88 + artigo 196 a 200 da CRFB/88; 
- previsão legal: artigo 7º a 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente; 
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, 
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o 
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas 
de existência. 
- direito social18: direito a prestações positivas – criação de políticas públicas para 
concretização do direito; 
- controle judicial de políticas públicas: é possível a exigência via Poder Judiciário 
para implementação e concretização do direito à saúde, visto que tal direito 
integra o mínimo existencial (fundamental para preservação da dignidade da 
pessoa humana); 
- em eventual ação civil pública não pode o Estado alegar a 
insuficiência de recursos como motivação para não implementação 
de tais direitos – não cabe alegação da reserva do possível19; 
- a proteção à saúde da criança e do adolescente é prioridade 
absoluta; 
STJ, REsp. 577.836/SC  obrigatoriedade do Poder Público de 
prestar assistência médica (consultas e cirurgias) satisfatória e 
prioritária às crianças e aos adolescentes, com imposição de 
cronograma para conferir celeridade aos atendimentos; 
- direito à saúde e direito de acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança 
ou adolescente; 
- previsão legal: artigo 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente; 
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde 
da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, 
observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para 
promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 
13.257, de 2016) 
 
17 E em função disso pode postular o descumprimento das normas acima apontadas. Exemplo típico 
seria o cabimento de indenização por danos morais ao nascituro por desobediência aos direitos que lhe 
são assegurados (no REsp. 399.028/SP o STJ entendeu cabível indenização por danos morais 
considerando o atropelamento do pai do nascituro). 
18 Os direitos sociais demandam a criação de políticas públicas para que eles ganhem efetividade e 
sejam concretizados na vida social. 
19 Trata-se da “doutrina brasileira da reserva do possível” – visto que a doutrina alemã em si não tem 
nenhuma ligação com a fundamentação dada no Brasil a ela (no Brasil em vez de considerar a reserva do 
possível como extensibilidade geral do direito, buscou-se uma via puramente monetária para explicar a 
doutrina – fugindo da sua origem alemã). 
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_6_.asp
http://conselho.saude.gov.br/web_sus20anos/20anossus/legislacao/constituicaofederal.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7233920/recurso-especial-resp-577836-sc-2003-0145439-2/inteiro-teor-12990890
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art21
https://www.stj.jus.br/websecstj/cgi/revista/REJ.cgi/IMG?seq=18388&nreg=200101473190&dt=20020415&formato=PDF
 
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20 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
§ 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem 
discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e 
específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, 
de 2016) 
§ 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que 
necessitarem, medicamentos, órteses 20 , próteses e outras tecnologias 
assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e 
adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas 
necessidades específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças 
na primeira infância receberão formação específica e permanente para a 
detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como 
para o acompanhamentoque se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº 
13.257, de 2016) 
- ideia central  qualquer criança ou adolescente que chegue às portas do 
Sistema Único de Saúde (SUS) e precise de um atendimento médico deve 
necessariamente ser atendido; 
- fornecimento de medicamentos para crianças e adolescentes: 
- STF, Tema 793, Repercussão Geral  a responsabilidade é solidária 
dos entes federados, podendo figurar no polo passivo qualquer um 
deles, em conjunto ou isoladamente. Contudo é vedado o 
chamamento ao processo da União quando a ação judicial for 
manejada apenas em desfavor do Estado, do Município ou de ambos; 
- STJ, AGInt no REsp. 1.597.584/RJ  os entes federados devem 
fornecer os medicamentos necessários para o tratamento da doença 
mencionada na petição inicial, ainda que supervenientes ao ingresso 
da ação, desde que constantes em receita médica; 
- STJ, REsp. 1.650.762  caso não seja fornecido o medicamento ou 
tratamento, é possível o bloqueio de valores dos entes federados e a 
fixação de multas (astreintes) para garantir a efetivação da decisão 
judicial; 
- STF, RE 657.718/MG  trata dos medicamentos experimentais e 
medicamentos sem registro na ANVISA. Entendeu a Suprema Corte 
que em regra a ausência de registro na ANVISA impede a 
obrigatoriedade de fornecimento. Excepcionalmente é possível a 
manutenção desta obrigatoriedade, desde que preenchidos alguns 
requisitos cumulativos: existência de pedido de registro no Brasil21 + 
existência de registro em renomadas agências do exterior + 
inexistência de substituto terapêutico registrado no Brasil. No que 
tange aos medicamentos experimentais o STF entendeu pela não 
obrigatoriedade no fornecimento; 
- neste caso as demandas deverão necessariamente ser 
propostas em face da União – há interesse direto da 
ANVISA; 
- direito à saúde e direito ao aleitamento materno: 
 
20
 Tem por finalidade ou imobilizar ou facilitar a mobilidade da criança e do adolescente (exemplo: 
gesso + bota de imobilização + muleta). 
21 Salvo no caso de doenças raras e doenças ultrararras em que tal requisito resta dispensado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art21
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4678356&numeroProcesso=855178&classeProcesso=RE&numeroTema=793
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/863298699/agravo-interno-no-recurso-especial-agint-no-resp-1597584-rj-2016-0099019-7/inteiro-teor-863298786
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/860584275/recurso-especial-resp-1650762-pe-2016-0337442-3/inteiro-teor-860584299
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4143144&numeroProcesso=657718&classeProcesso=RE&numeroTema=500
 
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21 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- previsão legal: artigo 9º do Estatuto da Criança e do Adolescente; 
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão 
condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães 
submetidas a medida privativa de liberdade. 
§ 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações 
sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à 
implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao 
aleitamento materno e à alimentação complementar saudável, de forma 
contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor 
de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano. (Incluído 
pela Lei nº 13.257, de 2016) 
- ideia central  o aleitamento materno de forma correta promove melhores 
condições de saúde de desenvolvimento saudável para a criança; 
- mães em condições especiais: 
- mães presas  o artigo 5º, inciso L da CRFB/88 prevê o direito das 
mães de permanecer com os filhos durante o período de 
amamentação e o artigo 83, §2º da Lei de Execução Penal prevê a 
necessidade de presença de berçários nas unidades prisionais para as 
crianças até seis meses de idade (no mínimo); 
- mães internadas  o artigo 63, §2º da Lei 12.594/12 (Lei do 
SINASE22) prevê que as mães internadas durante todo o período de 
amamentação tem o direito de ficar com os seus filhos; 
- mães empregadas  o artigo 396 da CLT prevê condições especiais 
que possibilitem que as mães empregadas amamentem seus filhos – 
2 (dois) descansos especiais de meia hora cada, para amamentação, 
até que a criança atinja 6 (seis) meses de idade; 
- o artigo 8º, §10 do Estatuto da Criança e do Adolescente traz norma importante 
– incluída pela Lei 13.257/16: 
Artigo 8º, § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher 
com filho na primeira infância23 que se encontrem sob custódia em unidade 
de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e 
assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em 
articulação com o sistema de ensino competente, visando ao 
desenvolvimento integral da criança. 
- direito à saúde e obrigação dos hospitais: 
- previsão legal: artigo 10 do Estatuto da Criança e do Adolescente; 
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de 
gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: 
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários 
individuais, pelo prazo de dezoito anos; 
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar 
e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas 
normatizadas pela autoridade administrativa competente; 
 
22
 Disciplina a execução de medidas socioeducativas aplicadas à adolescentes. 
23 Até 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta e duas) semanas de vida. IMPORTANTE: 1ª infância  até 
6 anos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art20
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_5_.asp
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11692465/paragrafo-2-artigo-83-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984#:~:text=O%20estabelecimento%20penal%2C%20conforme%20a,trabalho%2C%20recrea%C3%A7%C3%A3o%20e%20pr%C3%A1tica%20esportiva.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1449898#:~:text=396%20da%20CLT%20estabelece%20que,de%20meia%20hora%20cada%20um.&text=389%20da%20CLT.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619217/artigo-8-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
 
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22 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de 
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar 
orientação aos pais; 
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as 
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; 
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência 
junto à mãe. 
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando 
orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na 
unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. 
- o descumprimento das obrigações previstas no citado artigo (incisos 
I a IV) atrai a incidênciados crimes previstos nos artigos 228 e 229 do 
Estatuto; 
- o artigo 13, §1º prevê como dever do hospital que as gestantes e mães que 
manifestem interesse em entregarem seus filhos para adoção serão 
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimentos, à Justiça da Infância e 
Juventude; 
- a doutrina nomeia tal encaminhamento como direito ao parto 
anônimo; 
- o descumprimento do dever de encaminhamento caracteriza a 
infração administrativa do artigo 258-B do Estatuto; 
- o artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente traz os programas de 
assistência médica e odontológica da criança e do adolescente: 
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência 
médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que 
ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação 
sanitária para pais, educadores e alunos. 
§ 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas 
autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.257, 
de 2016) 
§ 2 
o 
O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das 
crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com 
as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela 
Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 3 o A atenção odontológica à criança terá função educativa protetiva e 
será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por meio de 
aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo 
segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei 
nº 13.257, de 2016) 
§ 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será 
atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
§ 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros 
dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento construído com a 
finalidade de facilitar a detecção, em consulta pediátrica de 
acompanhamento da criança, de risco para o seu desenvolvimento 
psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) (Vigência) 
- direito à liberdade: 
- previsão legal: artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente; 
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10584413/artigo-229-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20o%20Estatuto%20da,aos%20exames%20referidos%20no%20art.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10584413/artigo-229-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20o%20Estatuto%20da,aos%20exames%20referidos%20no%20art.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618641/artigo-13-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003174/artigo-258b-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=Art.-,258%2DB.,A%20OBSERV%C3%82NCIA%20DOS%20REQUISITOS%20LEGAIS.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art24
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13438.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13438.htm#art1
 
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23 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, 
ressalvadas as restrições legais; 
II - opinião e expressão; 
III - crença e culto religioso; 
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; 
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; 
VI - participar da vida política, na forma da lei; 
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. 
- inciso I  as crianças e os adolescentes tem o direito de ir e vir nos 
espaços de locomoção públicos e comunitários – o descumprimento 
de tal direito pode configurar a infração penal prevista no artigo 230, 
caput do Estatuto da Criança e do Adolescente; 
- “toque de recolher”: determinação dos juízes da Vara 
da Infância e Juventude via portaria (de caráter geral) 
proibindo a circulação de crianças e adolescentes a 
partir de determinado horário – medida ilegal24; 
- fundamento da ilegalidade: a portaria 
possui conteúdo genérico, caráter abstrato 
e prazo indeterminado25; 
- inciso II  as crianças e adolescente podem livremente manifestar 
sua opinião e se expressarem; 
- inciso III  liberdade de crença é a liberdade de professar ou não 
uma determinada religião, já a liberdade de culto religioso é a 
liberdade de exteriorizar a crença; 
- artigo 7º-A da Lei 9.734/97 (Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação): ao aluno regularmente matriculado é 
assegurado no exercício da liberdade de consciência e de 
crença ausentar-se de prova ou aula marcada para o dia 
em que seja vedado o exercício de tais atividades por 
sua religião – deve ser atribuída prestação alternativa 
(prova + aula de reposição + trabalho escrito + outra 
modalidade a critério da instituição); 
- inciso IV  o direito de brincar deve ser assegurado de maneira 
plena, vez tratar-se de direito efêmero – caso não garantido no 
tempo certo, seu objeto é perdido; 
- inciso VI  o artigo 53, inciso IV do Estatuto prevê que a criança e o 
adolescente podem organizar e participar em entidade estudantil, 
enquanto o artigo 14, §1º, inciso II, alínea “c” da CRFB/88 prevê que 
o adolescente (com 16 anos) tem a faculdade de votar; 
- direito a respeito e à dignidade: 
- intenção da norma = proibição de exposição da intimidade + proibição da 
prática de condutas cruéis e violentas + vedação à prática do bullying; 
 
24
 Neste sentido: STJ, HC 207.720. 
25 Sendo bem direto: apesar de se tratar formalmente de uma portaria, na verdade ela tinha conteúdo 
de lei (e magistrado legislando é “o fim” – não possui ele legitimidade democrática para tal). 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10584335/artigo-230-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=230.,seis%20meses%20a%20dois%20anos.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10584335/artigo-230-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=230.,seis%20meses%20a%20dois%20anos.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10611702/artigo-53-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990#:~:text=A%20crian%C3%A7a%20e%20o%20adolescente,acesso%20e%20perman%C3%AAncia%20na%20escola%3B&text=V%20%2D%20acesso%20%C3%A0%20escola%20p%C3%BAblica%20e%20gratuita%20pr%C3%B3xima%20de%20sua%20resid%C3%AAncia.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21270485/habeas-corpus-hc-207720-sp-2011-0119686-3-stj/inteiro-teor-21270486
 
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24 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
- o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente traz algumas regras; 
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade 
física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a 
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideais e 
crenças, dos espaços e objetos pessoais. 
- há ainda importante previsão no artigo 143 do mesmo Estatuto: 
Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos 
que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato 
infracional. 
- STJ, REsp. 1.795.572  a infringência da norma prevista no artigo 
143 do ECA caracteriza a infração prevista no artigo 247 do mesmo 
estatuto, sem prejuízo de eventual demandajudicial em razão dos 
danos morais (dano moral in re ipsa); 
- há ainda previsão importante no artigo 13 do Estatuto: 
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de 
tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou 
adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da 
respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. 
- dever dos estabelecimentos de saúde de comunicar maus-tratos às 
crianças ou adolescentes – comunicação ao Conselho Tutelar; 
- crianças na faixa etária da 1ª infância  máxima prioridade a ser 
conferida por todos os órgãos (Lei 13.257/16); 
- rede de ensino  também possui tal dever de comunicação – a não 
comunicação configura infração administrativa do artigo 245 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente; 
- proteção contra o bullying26: 
- conceito de bullying 27 (artigo 1º, §1º da Lei 13.185/15 28 ): 
intimidação sistemática ou bullying é todo ato de violência física oi 
psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação 
evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais 
pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e 
angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as 
partes envolvidas; 
- sujeitos do bullying: intimidador + vítima + espectador; 
- tipo penal: não existe nenhum tipo penal incriminador na norma de 
combate ao bullying – trata-se de programa normativo que busca a 
 
26 Polemizando: querer tornar qualquer conflito infantil bullying é a receita certa para criação de uma 
sociedade de mimados e fracassados (neste sentido: Theodore Dalrymple). Antes de “apontar o dedo 
para o filho dos outros” e querermos ensiná-los a serem respeitosos com os demais pela via legislativa, 
busquemos tornar os nossos filhos mais fortes (psicologicamente falando). O mundo é cruel e preparar 
os pequenos para tal crueldade é papel dos pais – criá-los em bolhas é garantir que eles nunca serão 
“ninguém na vida”. 
27 Bully (em inglês) significa brigão, valentão ou acossador. 
28 Instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática. 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/713193864/recurso-especial-resp-1795572-ms-2018-0130100-7/inteiro-teor-713193873
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm
https://jus.com.br/artigos/67158/da-comunicacao-obrigatoria-de-maus-tratos-contra-a-crianca#:~:text=245%20do%20Estatuto%20da%20Crian%C3%A7a,%E2%80%9CArt.&text=Para%20o%20ECA%2C%20o%20m%C3%A9dico,da%20pr%C3%A1tica%20de%20maus%2Dtratos.
https://jus.com.br/artigos/67158/da-comunicacao-obrigatoria-de-maus-tratos-contra-a-crianca#:~:text=245%20do%20Estatuto%20da%20Crian%C3%A7a,%E2%80%9CArt.&text=Para%20o%20ECA%2C%20o%20m%C3%A9dico,da%20pr%C3%A1tica%20de%20maus%2Dtratos.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodore_Dalrymple
 
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25 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
implementação de políticas públicas de promoção ao respeito mútuo 
e combate à intimidação sistemática29; 
- formas de exteriorização da intimidação sistemática: 
 ataques físicos; 
 insultos pessoais; 
 comentários sistemáticos e apelidos pejorativos; 
 ameaças; 
 grafites depreciativos; 
 expressões preconceituosas; 
 isolamento social consciente e premeditado; 
 pilhérias; 
- cyberbullying: uso da rede mundial de computadores para 
depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o 
intuito de criar os meios de constrangimento psicossocial; 
- espécies de bullying: verbal + moral + sexual + social + psicológico + 
físico + material + virtual; 
- dever do estabelecimento de ensino: assegurar medidas de 
conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à 
intimidação sistemática; 
- dever de proteção contra tratamento desumano, violento, aterrorizante, 
vexatório ou constrangedor; 
- a Lei 13.010/14 (conhecida como “Lei da Palmada” ou “Lei do 
Menino Bernardo”30) inseriu os artigos 18-A e 18-B no Estatuto da 
Criança e do Adolescente): 
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e 
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, 
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, 
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer 
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: 
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso 
da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: 
a) sofrimento físico; ou 
b) lesão; 
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento 
em relação à criança ou ao adolescente que: 
a) humilhe; ou 
b) ameace gravemente; ou 
c) ridicularize. 
 
29 A adequação típica é realizada com os tipos legais existentes no ordenamento jurídico. Exemplo: vias 
de fato + difamação + injúria + ameaça + invasão de dispositivo informático. 
30 Com perdão da ironia, tal lei também poderia se chamar “Lei Nutella”, “Lei Nesquik de Morango” ou 
“Lei Danoninho”. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm
 
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26 DIREITOS DA CRIANÇA & DO ADOLESCENTE 
 Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os 
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer 
pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, 
educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel 
ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer 
outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às 
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: 
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à 
família; 
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; 
V - advertência. 
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo 
Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. 
- ideia central: direito das crianças e adolescentes serem educados 
sem o uso de castigo físico31; 
- repercussão penal: a Lei da Palmada não criminaliza o castigo físico 
moderado, apenas o considera um ilícito civil; 
- direito à educação: 
- previsão constitucional: artigo 208 da CRFB/88; 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a 
garantia de: 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) 
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a 
ela não tiveram acesso na idade própria; 
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino; 
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos 
de idade; 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um; 
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; 
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por 
meio de programas suplementares de material didáticoescolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde. 
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 
§ 2º O não-oferecimento

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