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PDF CERS
 
1 
SOBRE ESTE CAPÍTULO 
 
Essa apostila do nosso curso de Direito Tributário tratou sobre Impostos. 
Agora, vamos as nossas considerações: 
1- “Impostos de competência Federal” é considerado um assunto de alta recorrência no 
Exame de Ordem, estando presente 4 VEZES nos últimos 3 anos! As questões de 01 a 04 
versam sobre o referido assunto! 
2- “Impostos de Competência Estadual” é considerado um assunto de altíssima recorrência 
no Exame de Ordem, estando presente 5 VEZES nos últimos 3 anos! As questões de 05 a 07 
versam sobre o referido assunto! 
3- “Resposta do réu” é considerado um assunto de altíssima recorrência no Exame de Ordem, 
estando presente apenas 9 VEZES nos últimos 3 anos! As questões 08 a 10 versam sobre o 
referido assunto! Dê uma atençãozinha a este assunto, certo? 😉 
Vamos juntos! 
 
 
2 
SUMÁRIO 
DIREITO TRIBUTÁRIO .............................................................................................................................. 4 
Capítulo 10 ................................................................................................................................................ 4 
16. Impostos previstos na Constituição Federal de 1988 .............................................................. 4 
16.1 Impostos federais .................................................................................................................................................. 5 
16.1.1 Imposto de Importação (II) .................................................................................................................. 6 
16.1.2 Imposto de Exportação (IE) .................................................................................................................. 9 
16.1.3 Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) .................................... 12 
16.1.4 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) .......................................................................... 18 
16.1.5 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações 
Relativas a Títulos e Valores Mobiliários (IOF) .......................................................................................... 23 
16.1.6 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) .............................................................. 30 
16.1.7 Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) ........................................................................................ 35 
16.2 Impostos estaduais e distritais ..................................................................................................................... 36 
16.2.1 Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)) ..................................... 36 
16.2.2 Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ....................................... 43 
16.2.3 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ...................................... 57 
16.3 Impostos municipais ......................................................................................................................................... 61 
16.3.1 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) ................................... 61 
16.3.2 Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) ........................................................... 67 
16.3.3 Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS) .............................................................. 72 
16.4 Impostos residuais ............................................................................................................................................. 78 
16.5 Impostos extraordinários ................................................................................................................................ 79 
QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 81 
 
3 
GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 82 
LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 83 
MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 89 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 90 
 
. 
 
4 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Capítulo 10 
16. Impostos previstos na Constituição Federal de 1988 
O imposto, primeira espécie tributária prevista no artigo 145 da Constituição Federal de 19881, “
é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal 
específica, relativa ao contribuinte”, a teor do artigo 16 do Código Tributário Nacional. 
Da literalidade desse dispositivo legal se depreende uma primeira característica relevante: a não 
vinculação de seu fato gerador a uma determinada ação por parte do Estado. Nessa esteira, Eduardo 
Sabbag (2017) define imposto como um tributo unilateral, ou seja, sem caráter contraprestacional, mas 
meramente contributivo. 
Em adição, o artigo 167, inciso IV, da Constituição Federal de 1988 consagra um segundo aspecto 
inerente aos impostos, consistente na vedação, em regra, ao atrelamento da destinação da receita 
arrecadada a determinados órgãos, fundos ou despesas (não afetação): 
Art. 167. São vedados: 
(...) 
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto 
da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços 
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração 
tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às 
operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste 
artigo; (...) 
 
 
1 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; (...) 
 
5 
A ideia do legislador é de, através da arrecadação desse tributo, financiar atividades gerais e 
indivisíveis do Estado (uti universi) que não podem ser custeadas por meio de taxas. Nas palavras de 
Luís Eduardo Schoueri (2018): “Eis o espaço dos impostos: valor cobrado de toda a coletividade para 
cobrir gastos que não se imputam a um ou outro contribuinte, individualmente”. 
 
 
 
Quanto ao fato gerador, impostos são não vinculados; quanto à destinação do produto de 
sua arrecadação, são não afetados. 
 
Outro contorno a se destacar sobre essa espécie de tributo diz respeito ao § 1º do art. 145 da 
CF/1988, ao dispor que os impostos terão, sempre que possível, caráter pessoal, levando em 
consideração as particularidades e a capacidade contributiva de cada contribuinte: 
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade 
econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses 
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as 
atividades econômicas do contribuinte. 
 Feitas tais ponderações, passa-se a analisar de forma pormenorizada cada um dos 
impostos previstos pelo constituinte. 
16.1 Impostos federais 
Os impostos nominados de competência da União foram discriminados pelo constituinte nos 
incisos do art. 153 da CF/19882, sendo 07 (sete) ao total: 
(1) Imposto de Importação (II); 
(2) Imposto de Exportação (IE); 
(3) Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR);2 Vide questão 04 deste material 
 
6 
(4) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); 
(5) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações Relativas a Títulos 
e Valores Mobiliários (IOF); 
(6) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); 
(7) Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). 
16.1.1 Imposto de Importação (II) 
Definido pelo artigo 153, inciso I, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “compete à 
União instituir impostos sobre importação de produtos estrangeiros”, o Imposto de Exportação funciona 
como um mecanismo de controle sobre o comércio internacional, ostentando notória função extrafiscal. 
O fato gerador deste imposto, nos moldes do art. 19 do CTN, é a entrada dos produtos 
estrangeiros no território nacional. Embora o Código Tributário Nacional não especifique esse conceito 
de entrada, o art. 23 do Decreto nº 37/1966 aponta como elemento temporal do fato gerador, para 
efeitos de cálculo do tributo, a data do Registro da Declaração de Importação – ou documento que lhe 
faça substituir – da mercadoria despachada perante a autoridade aduaneira (SCHOUERI, 2018). 
A base de cálculo, por sua vez, varia de acordo com os tipos de alíquota e produto, a saber: 
(1) Se a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria, de acordo a unidade de medida 
adotada pela lei tributária (exemplo: R$ XX,XX por tonelada do produto Y, conforme 
padronização prevista pela Tarifa Externa Comum – TEC). Artigo 20, inciso I, do Código 
Tributário Nacional; 
(2) Se a alíquota for ad valorem, isto é, um percentual fixado em lei, é o preço normal que o 
produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições 
de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País. Em 
outras palavras, é o valor aduaneiro da mercadoria, definido de acordo com as normas do 
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – GAAT (artigo 20, inciso II, do Código Tributário 
Nacional); 
(3) Se a mercadoria importada consistir em um produto apreendido ou abandonado e levado a 
leilão, o preço da arrematação. Artigo 20, inciso III, do CTN. 
De seu turno, preceitua o art. 22 do CTN que é contribuinte do imposto: 
(1) O importador ou a quem a lei a ele equiparar (inciso I); 
 
7 
(2) O arrematante de produtos apreendidos ou abandonados (inciso II). 
 
 
 
 
 
 
 
 
II
Fato gerador
Entrada de produto estrangeiro 
em território nacional
Contribuinte
Importador (ou equiparado)
Arrematante de produto 
abandonado
Base de cálculo
Alíquota específica Unidade de medida
Alíquota ad valorem
Valor normal do 
produto
Produto leiloado
Valor da 
arrematação
 
8 
O Imposto de Importação está sujeito ao princípio da legalidade, sendo inconstitucional a 
alteração de sua base de cálculo sem atuação positiva do legislador. Observe-se que o art. 21 do CTN, 
que prevê que “o Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as 
alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do 
comércio exterior”, é anterior à Constituição Federal de 1988, e não foi recepcionado por ela por 
manifesto conflito material entre as normas. 
Contudo, vale destacar que o Imposto de Importação é sujeito a uma legalidade flexível, tendo 
em vista que o art. 153, § 1º, da CF/1988 autoriza a alteração de alíquota pelo Poder Executivo, através 
de Decreto ou Portaria do Ministro da Fazenda. 
CUIDADO! Nada impede a instituição ou majoração (inclusive por meio de alterações em base de 
cálculo) de um imposto por Medida Provisória, pois mesmo sendo este um ato emanado pelo Poder 
Executivo, a espécie legislativa prevista no artigo 62 da Constituição Federal de 1988 possui força de lei. 
Logo, contanto que a Medida Provisória siga o devido processo legislativo constitucional e seja convertida 
em lei, inexiste qualquer afronta ao princípio da legalidade. 
 
O lançamento do crédito tributário relativo ao Imposto de Importação se dá, em regra, por 
homologação. O incidente sobre bagagens, por outro lado, é lançado por declaração. 
Este imposto, consoante explanado anteriormente, tem como finalidade viabilizar um controle sobre 
o comércio internacional. Diante do caráter regulatório do tributo (extrafiscal) e as recorrentes – e muitas 
vezes súbitas – variações no sistema mercantil, a Constituição Federal classifica esse imposto uma 
exceção às anterioridades previstas no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da Constituição Federal de 1988. 
Por conseguinte, na hipótese de edição de uma lei instituindo ou aumentando tributo relacionado 
à importação de produtos estrangeiros, é permitido à União cobrá-lo de forma imediata, 
independentemente da data de publicação da norma. Com efeito, assim preconiza a Carta Magna: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
III - cobrar tributos: 
 
9 
(...) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou; (anterioridade tributária) 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (anterioridade 
nonagesimal/noventena) 
(...) 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I 
(Imposto de Importação), II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica 
aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de 
cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. 
Ressalte-se que a instituição ou majoração de Imposto de Importação também pode se dar por 
Medida Provisória com efeitos imediatos, independentemente da data de sua conversão em lei, devido 
à expressa autorização pelo constituinte, no artigo 62, § 2º, da CF/1988: “medida provisória que implique 
instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá 
efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em 
que foi editada”. 
16.1.2 Imposto de Exportação (IE) 
Definido pelo artigo 153, inciso II, da CF/1988, segundo o qual “compete à União instituir impostos 
sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados”, o Imposto de Exportação, 
assim como o tributo anterior, é dotado de função extrafiscal, uma vez que também objetiva regular as 
relações comerciais exteriores. 
CUIDADO! Embora o artigo 28 do Código Tributário Nacional consagre uma segunda finalidade 
do Imposto de Exportação, qual seja, a de formação de receitas monetárias, tal norma não foi 
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que veda, em seu artigo 167, inciso IV, a vinculação 
de receita de impostos. Logo, em uma eventual questão de concurso, o candidato deve se ater à 
extrafiscalidade do tributo. 
 
10 
Conforme ensinamento de Leandro Paulsen (2017), são nacionais os produtos produzidos em 
território brasileiro, ao passo que os nacionalizados dizem respeito aos faturados no exterior e 
importados para uso industrial, comercial ou de consumo. 
 
O Imposto de Exportação não recai sobre produto estrangeiro que entra em território nacional 
para simples trânsito ou participação em feira, pois nesses casos não há o propósito de internalizá-lo no 
País, inexistindo, assim, nacionalização (PAULSEN, 2017). 
 
O fato gerador deste imposto, segundo o art. 23 do CTN, é a saída de produtos nacionais ou 
nacionalizados do território nacional. E conquanto o Código Tributário Nacional também não especifique 
o conceito de saída, a legislação tributária, para fins de cálculo do imposto, define como marco temporal 
do fato gerador a data de registro da exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). 
Inteligência do artigo213 do Decreto nº 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro). 
A base de cálculo do imposto depende do tipo de alíquota a ser utilizada: 
(1) Se a alíquota for específica, é a quantidade de mercadoria, de acordo a unidade de medida 
adotada pela lei tributária (exemplo: R$ XX,XX por tonelada do produto Y, conforme 
padronização prevista pela Tarifa Externa Comum – TEC). Artigo 24, inciso I, do Código 
Tributário Nacional; 
(2) Se a alíquota for ad valorem, é o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao 
tempo da exportação, em condições de livre concorrência. Artigo 24, inciso II, do Código 
Tributário Nacional. 
O contribuinte, conforme o art. 27 do CTN, “é o exportador ou a quem a lei equiparar”. Este 
dispositivo é complementado pelo artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.578/1977, que considera a figura do 
exportador como “qualquer pessoa que promova a saída do produto do território nacional”. 
 
 
11 
 
 
 
 
O lançamento do tributo se dá, em regra, por homologação. 
Tal como ocorre com o tributo visto anteriormente, o Imposto de Exportação legalidade flexível, 
sendo inconstitucional a alteração de sua base de cálculo sem atuação positiva do legislador. Observe-
se que o art. 26 do CTN, que prevê que “o Poder Executivo pode, nas condições e nos limites 
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos 
objetivos da política cambial e do comércio exterior”, é anterior à Constituição Federal de 1988, e não 
foi recepcionado por ela por manifesto conflito material entre as normas. Novamente, entretanto, o art. 
153, § 1º, da CF/1988 autoriza a alteração de alíquota pelo Poder Executivo, através de Decreto ou 
Portaria do Ministro da Fazenda. 
O Imposto de Exportação, consoante explanado anteriormente, tem como finalidade viabilizar um 
controle sobre o comércio internacional. Tendo em vista o caráter regulatório do tributo (extrafiscal) e 
as recorrentes – e muitas vezes súbitas – variações no sistema mercantil, a Constituição Federal classifica 
esse imposto também constitui uma exceção às anterioridades previstas no artigo 150, inciso III, “b” e “
c”, da Constituição Federal de 1988. Logo, na hipótese de edição de uma lei instituindo ou aumentando 
tributo relacionado à exportação de produtos nacionais ou nacionalizados, é permitido à União cobrá-lo 
de forma imediata, independentemente da data de publicação da norma. In verbis: 
IE
Fato gerador
Saída de produtos nacionais ou nacionalizados do 
território nacional
Contribuinte Exportador (ou equiparado)
Base de cálculo
Alíquota específica Unidade de medida
Alíquota ad valorem Valor normal do produto
 
12 
§ 1º A vedação do inciso III, b (anterioridade tributária), não se aplica aos tributos 
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II (Imposto de Importação), IV e V; e 154, II; e a vedação 
do inciso III, c (anterioridade nonagesimal/noventena), não se aplica aos tributos 
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II (Imposto de Importação), III e V; e 154, II, nem à fixação 
da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. 
 
E aqui se repete o comando constitucional que permite a instituição ou majoração de Imposto 
de Exportação por Medida Provisória com efeitos imediatos, independentemente da data de sua 
conversão em lei. A respeito, o art. 62, § 2º, da CF/1988: “medida provisória que implique instituição ou 
majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no 
exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi 
editada”. 
16.1.3 Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer 
Natureza (IR) 
Definido pelo art. 153, inciso III, da CF/1988, segundo o qual “compete à União instituir impostos 
sobre renda e proventos de qualquer natureza”, o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer 
Natureza, mais conhecido apenas como Imposto de Renda (IR), tem incontestável função fiscal, incidindo 
sobre o acréscimo patrimonial das pessoas físicas (IRPF) e jurídicas (IRPJ). Quanto aos termos que dão 
nome ao tributo, Paulsen (2017) explica que a renda é o acréscimo patrimonial produto do capital ou 
do trabalho (exemplos: aluguel e salários, respectivamente), ao passo que proventos são os acréscimos 
que não se enquadram no conceito de renda (exemplos: loteria e pensões). 
O fato gerador, de acordo com o art. 43 do CTN, é a aquisição da disponibilidade econômica ou 
jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza. Quanto às nomenclaturas adotadas pelo artigo, 
Eduardo Sabbag (2018) adota a seguinte interpretação: 
 Disponibilidade econômica: é a aquisição da faculdade de usar, gozar e dispor de renda ou 
proventos de qualquer natureza. Representa a acessibilidade material e imediata a eles, ou, 
em termos mais simples, “ter o dinheiro na conta”; 
 Disponibilidade jurídica: é a aquisição de direitos sobre créditos estampados em títulos ou 
documentos de liquidez e certeza (sem condição suspensiva). Representa o “ter direito a”. 
 
13 
Frise-se que o IR somente incidirá se houver acréscimo patrimonial, sem haver necessidade 
de que o rendimento seja efetivamente recebido, bastando que o sujeito passivo tenha 
adquirido o direito de crédito, ou seja, a disponibilidade jurídica. Exemplo: se um 
comerciante vende uma mercadoria no último dia do ano, porém recebe o valor trinta 
dias depois, considera-se, para efeitos de incidência de IR, a data da venda, pois nela o 
comerciante adquiriu a disponibilidade jurídica. (SABBAG, 2018). 
 
Em função do princípio da pecunia non olet, a expressão “de qualquer natureza” abrange até 
mesmo os acréscimos patrimoniais derivados de atividades ilícitas. A irrelevância da origem do 
acréscimo para fins fiscais é sustentada pelo § 1º do artigo 43 do CTN, que assim dispõe: “a incidência 
do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica 
ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção”. Nesse sentido, o Supremo Tribunal 
Federal, no julgamento do HC 77.530-4/RS, exortou que “seria injusto cobrar imposto daquele que 
trabalha honestamente e conceder uma verdadeira ‘imunidade’ ao criminoso”: 
Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet". Drogas: tráfico de 
drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos subtraídos à 
contabilização regular das empresas e subtraídos à declaração de rendimentos: 
caracterização, em tese, de crime de sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça 
Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita, 
mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração tributária dos 
resultados econômicos de fato criminoso - antes de ser corolário do princípio da 
moralidade - constitui violação do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração 
ética (STF, HC 77.530-4/RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado em 
25/08/1998, DJ 18/09/1998). 
 
 
 
14 
 
As questões concernentes à disponibilidade de acréscimos patrimoniais provenientes do exterior 
deverão ser regradas por meio de lei ordinária, como indica o § 2º do art. 43 do CTN: “Na hipótese de 
receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se 
dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo”. 
A base de cálculo do Imposto de Renda é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou 
dos proventos tributáveis, ex vi do art. 44 do CTN. À diferenciação dos termos previstos nesse dispositivo, 
socorre-se à explicação de Ricardo Alexandre (2017, p. 662), abaixo sintetizada: 
 Lucro real: é o lucro líquido calculado pelo contribuinte, já considerados todos os 
abatimentos legalmente autorizados; 
 Lucro presumido: adotado para o cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ)e 
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), respeitados os requisitos previstos no 
art. 530 do RIR/1999. O contribuinte aplica um percentual sobre o valor de sua receita bruta, 
obtendo assim um valor fiscal aproximado; 
 Lucro arbitrado: aplicado em caso de impossibilidade de cálculo do lucro real e não 
preenchimento dos pressupostos necessários à adoção do lucro presumido (por exemplo, 
quando o contribuinte descumpre a obrigação de escriturar livros fiscais). A apuração da base 
de cálculo é realizada mediante critérios estabelecidos em lei, sendo o mais recorrente a 
simples aplicação de um percentual sobre a receita bruta. 
O contribuinte, segundo o art. 45, “caput”, do CTN, é o titular da disponibilidade jurídica ou 
econômica, ainda que se trate de mero possuidor de bens produtores de renda ou proventos tributados, 
bastando que a lei assim preveja. 
 
 
 
 
15 
 
 
O lançamento, em regra, é feito por homologação. 
O Imposto de Renda está sujeito à anterioridade tributária comum, mas é uma exceção à 
noventena. Desse modo, a única restrição é a impossibilidade de produção de efeitos de lei instituindo 
ou majorando o tributo no mesmo exercício financeiro de sua publicação, sendo irrelevante, no mais, a 
data do ato (exemplo: na hipótese de publicação, em dezembro, de uma lei prevendo a majoração do 
Imposto de Renda, nada impede a cobrança do tributo – já nos ditames da nova legislação – no início 
do exercício financeiro seguinte, independentemente do decurso, ou não, do prazo constitucional de 
noventa dias). Nesse sentir, vide o art. 150, § 1º, parte final, da CF/1988: 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, 
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c (noventena), não se aplica aos tributos 
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III (Imposto de Renda) e V; e 154, II, nem à fixação da 
base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. 
O artigo 150, § 2º, inciso I, da Constituição Federal de 1988 impõe a vinculação do Imposto de 
Renda a três princípios constitucionais: 
 Generalidade: segundo esse princípio, o tributo deve abranger todos os contribuintes que se 
encontram em situação similar – in casu, todos que adquirem disponibilidade econômica ou 
jurídica sobre renda ou proventos tributáveis (DEFINI apud PAULSEN, 2017); 
IR
Fato gerador Aquisição de disponibilidade jurídica ou econômica
Contribuinte
Titular da disponibilidade, sem prejuízo de atribuir a lei 
essa condição ao possuidor dos bens produtores de 
renda ou proventos
Base de cálculo Lucro
Real
Presumido
Arbitrado
 
16 
 Universalidade: o tributo deve incidir sobre qualquer renda ou provento, sem distinções. 
Desse princípio decorre o comando do § 1º do art. 43 do CTN (“a incidência do imposto 
independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica 
ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção”); 
 Progressividade: reflexo do princípio da capacidade contributiva. Elucida Paulsen (2017) 
que a progressividade se dá quando as alíquotas do Imposto de Renda – que é pessoal, vale 
reiterar – são graduadas em função do aumento da base de cálculo. Do princípio da 
progressividade derivam as “faixas” de Imposto de Renda: quanto maior a base de cálculo, 
maior a alíquota a ser exigida pela autoridade fiscal. 
 
Se liga, OABeiro! Os Tribunais Superiores já consolidaram o entendimento de que verbas de 
natureza meramente indenizatória não constituem fato gerador do imposto de renda, mormente por 
perfazerem mera recomposição – e não acréscimo – de patrimônio. Tal questão ensejou a edição de 
algumas súmulas pelo Superior Tribunal de Justiça: 
 Súmula nº 136/STJ: “O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço 
não está sujeito ao imposto de renda”. 
 Súmula nº 215/STJ: “A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão 
voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda”. 
 Súmula nº 498/STJ: “Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais”. 
CUIDADO! Se os valores percebidos possuírem natureza remuneratória, haverá incidência de 
imposto de renda. É o caso, por exemplo, da indenização por horas extraordinárias trabalhadas, 
consoante verbete sumular nº 463/STJ: “incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de 
indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo”. Observe-
se tal indenização consiste em uma contraprestação devida pelo empregador em decorrência do 
trabalho desempenhado pelo empregado, enquadrando-se, portanto, no conceito de renda estabelecido 
pelo artigo 43, primeira parte, do Código Tributário Nacional. 
 
17 
Sob o mesmo argumento, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n
º 1.459.779/MA, que tramitou sob o rito dos recursos repetitivos e serviu de paradigma do Tema 881, 
decidiu pela incidência do Imposto de Renda sobre o 1/3 constitucional de férias gozadas: 
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. ADICIONAL DE 1/3 (UM TERÇO) 
DE FÉRIAS GOZADAS. INCIDÊNCIA DA EXAÇÃO. 1. A jurisprudência tradicional do STJ é 
pacífica quanto à incidência do imposto de renda sobre o adicional (1/3) de férias gozadas. 
(...) 2. A conclusão acerca da natureza do terço constitucional de férias gozadas nos 
julgamentos da Pet 7.296/PE e do REsp 1.230.957/RS, por si só, não infirma a hipótese 
de incidência do imposto de renda, cujo fato gerador não está relacionado com a 
composição do salário de contribuição para fins previdenciários ou com a habitualidade 
de percepção dessa verba, mas, sim, com a existência, ou não, de acréscimo patrimonial, 
que, como visto, é patente quando do recebimento do adicional de férias gozadas (STJ, 
REsp 1.459.779/MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 
Primeira Seção, julgado em 22/04/2015, DJe 18/11/2015). 
 
Importante não confundir a verba supracitada com o pagamento de férias não gozadas por 
necessidade do serviço e a indenização de férias proporcionais, que não constituem base de cálculo do 
imposto, a teor das Súmulas nº 125/STJ (“o pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço 
não está sujeito à incidência do Imposto de Renda”) e 386/STJ (“são isentas de imposto de renda as 
indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional”), respectivamente. 
Enfim, ainda sob a mesma ótima, o Superior Tribunal de Justiça também julgou que a verba 
recebida a título de lucros cessantes também incide na base de cálculo do Imposto de Renda. A respeito, 
confira-se: 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC. 
FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. VERBA RECEBIDA EM DECORRÊNCIA 
DE ATO ILÍCITO PRATICADO POR TERCEIRO. NATUREZA DE LUCROS CESSANTES. 
INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. (...) 2. Os valores percebidos a título de 
pensionamento por redução da capacidade laborativa decorrente de dano físico causado 
por terceiro, em cumprimento de decisão judicial, são tributáveis pelo imposto de renda 
e sujeitam a fonte pagadora à retenção do imposto por ocasião do pagamento (STJ, REsp 
1.464.786/RS, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 25/08/2015, DJe 
09/09/2015). 
 
18 
 
 Por derradeiro, o art. 158, inciso I, da CF/1988 estabelece que a totalidade do produto da 
arrecadação do Imposto de Renda Recolhido na Fonte (IRRF) pertence aos Municípios. Trata-se de uma 
previsão constitucional de repartição de receita tributária. 
16.1.4 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 
Definido pelo artigo 153, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “compete à 
União instituir impostos sobre produtos industrializados”, o IPI se presta a tributar operações que 
envolvam produtos atingidos por um processo de industrialização. O parágrafo único do artigo 46 doCódigo Tributário Nacional, em cotejo com o artigo 4º do Regulamento do IPI (Decreto nº 7.212/2010), 
considera como industrializado o produto submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza, 
o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo, 
citando como exemplos a transformação, o beneficiamento, a montagem, o acondicionamento, o 
reacondicionamento, a renovação e o recondicionamento. Para fins desse imposto, a industrialização não 
precisa estar finalizada, bastando sua versão incompleta, parcial ou intermediária (artigo 3º do Decreto 
nº 7.212/2010). 
O fato gerador deste imposto está previsto nos incisos do artigo 46 do Código Tributário Nacional: 
(1) Caso o produto possua origem estrangeira, é o desembaraço aduaneiro; 
(2) A saída do produto de qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou 
arrematante; 
(3) A arrematação de produtos apreendidos ou abandonados e levados a leilão. 
De seu turno, a base de cálculo varia conforme o fato gerador em pauta: 
(4) Se o produto industrializado tiver proveniência estrangeira, é seu preço normal, acrescido do 
montante do imposto sobre a importação, das taxas alfandegárias, e dos encargos cambiais 
efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; 
(5) Se houver a saída do produto de qualquer estabelecimento de importador, industrial, 
comerciante ou arrematante, é o valor da operação de que decorrer tal ato, ou, em sua 
ausência, o preço corrente da mercadoria no mercado atacadista da praça do remetente; 
 
19 
(6) Se o produto for apreendido ou abandonado e posteriormente leiloado, é o preço da 
arrematação. 
O contribuinte, por fim, é identificado pelo art. 51 do CTN, sendo o importador ou industrial (ou 
legalmente equiparados), o comerciante e o arrematante. 
 
 
 
 
 
 
 
O lançamento se dá, em regra, por homologação. 
Os incisos I e II do § 3º do artigo 153 da Constituição Federal de 1988 e os artigos 48 e 49 do 
Código Tributário Nacional impõem a observância obrigatória do Imposto de Renda a dois princípios 
constitucionais, quais sejam, a seletividade e não cumulatividade. 
 Seletividade: o IPI deve ter suas alíquotas estabelecidas de acordo com a essencialidade do 
produto industrializado. Assim, um produto considerado como essencial, a exemplo de itens 
IPI
Fato gerador
Desembaraço aduaneiro (produto estrangeiro)
Saída do produto de estabelecimento de importador, 
industrial, comerciante ou arrematante
Contribuinte
Importador, industrial (ou equiparados), comerciante ou 
arrematante
Base de cálculo
Preço normal + Imposto de Importação + taxas 
alfandegárias + encargos cambiais (produto estrangeiro)
Valor da operação ou preço corrente da mercadoria (saída 
do produto de estabelecimento de contribuintes)
Valor da arrematação (produto leiloado)
 
20 
de alimentação básica, devem tributados com alíquotas reduzidas (ou mesmo zero), ao passo 
que aos itens supérfluos se atribui maior tributação. Com base nesse princípio é possível 
concluir pelo notório interesse estatal em regular o mercado, tendo o Imposto sobre Produtos 
Industrializados função predominantemente extrafiscal (ainda que a função fiscal do tributo 
exista e tenha insofismável relevância); 
 Não cumulatividade: dispõe o artigo 153, § 3º, inciso II, da Constituição Federal de 1988 que 
o IPI será “não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o 
montante cobrado nas anteriores”. O intuito de tal princípio é impedir um “efeito cascata” da 
tributação, com o qual seria possível, em um cenário de uma cadeia de industrializações, 
incidências sucessivas sobre uma única base econômica (PAULSEN, 2017). Em síntese, é 
inconstitucional a realização de múltiplas tributações a título de IPI sobre o mesmo produto, 
ainda que em fases de industrialização diversas (por exemplo, efetuar a cobrança do tributo 
sobre um insumo e repeti-la quando o produto tiver se transformado de insumo para produto 
final). Desse modo, na hipótese de incidências sucessivas, os valores já pagos deverão ser 
compensados. 
CUIDADO! O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o EREsp 1.403.532/SC, sob a sistemática de 
recursos repetitivos, manifestou-se em favor de uma nova incidência do Imposto sobre Produtos 
Industrializados na operação de revenda: “os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência 
do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não 
tenham sofrido industrialização no Brasil” (STJ – EREsp 1.403.532/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia 
Filho, Rel. para o acórdão Min. Mauro Campbell Marques, Corte Especial, j. 14.10.2015). 
Em razão de sua função predominantemente extrafiscal, o Imposto sobre Produtos Industrializados 
está sujeito a uma legalidade flexível, sendo autorizada a alteração de alíquota pelo Poder Executivo, 
através de Decreto ou Portaria do Ministro da Fazenda, ex vi do art. 153, § 1º, da CF/1988. 
O IPI é uma exceção à anterioridade tributária comum, mas está sujeito à noventena. Desse 
modo, a única restrição é a impossibilidade de produção de efeitos de lei instituindo ou majorando o 
tributo antes de decorridos noventa dias da data de sua publicação, não importando, porém, o exercício 
financeiro (exemplo: na hipótese de publicação, em janeiro, de uma lei prevendo a majoração do Imposto 
sobre Produtos Industrializados, nada impede a cobrança do tributo – já nos ditames da nova legislação 
– no mês de maio do mesmo exercício). Nesse sentir, vide o artigo 150, § 1º, parte final, da Constituição 
Federal de 1988: 
 
21 
§ 1º A vedação do inciso III, b (anterioridade tributária comum), não se aplica aos 
tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV (Imposto sobre Produtos Industrializados) 
e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, 
I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos 
arts. 155, III, e 156, I. 
 
A instituição ou majoração de Imposto sobre Produtos Industrializados também pode se dar por 
Medida Provisória com efeitos imediatos, independentemente da data de sua conversão em lei, devido 
à expressa autorização pelo constituinte, no artigo 62, § 2º, da Constituição Federal de 1988: “medida 
provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, 
IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até 
o último dia daquele em que foi editada”. 
 
O Constituinte concedeu algumas imunidades em relação ao Imposto sobre Produtos 
Industrializados. Deveras, são imunes ao IPI: 
 As exportações de produtos industrializados (artigo 153, § 3º, inciso III, da Constituição 
Federal de 1988); 
 Os livros, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão (artigo 150, inciso VI, 
“d”, da Constituição Federal de 1988); 
 O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial (artigo 
153, § 5º, da Constituição Federal de 1988); 
 Energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais (artigo 155, § 3º, da 
Constituição Federal de 1988). 
 
 
22 
 
Os Tribunais Superiores consolidaram outros dois entendimentos relacionados ao Imposto sobre 
Produtos Industrializados que merecem destaque: 
 De partida, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 723.651/PR, 
ao qual se atribuiu repercussão geral (Tema 643), fixou a seguinte tese: “incide o IPI em importação de 
veículos automotores por pessoa natural, ainda que não desempenhe atividade empresarial, e o faça 
para uso próprio” (STF, RE 723.651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, Plenário, julgado em 03 e 04/02/2016). 
 Enfim, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Embargos de Divergência em Recurso 
Especial nº 734.403/RS, firmou, por unanimidade, o entendimento de que aocorrência de roubo ou 
furto de mercadoria após sua saída do estabelecimento do fabricante afasta a incidência do Imposto 
sobre Produtos Industrializados: 
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IPI. FATO GERADOR. 
ROUBO DA MERCADORIA APÓS A SAÍDA DO ESTABELECIMENTO DO FABRICANTE. 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA DA CONTRIBUINTE PROVIDOS. 1. Discute-se nos presentes 
autos se a saída física do produto do estabelecimento industrial ou equiparado é suficiente 
para a configuração do fato gerador do IPI, sendo irrelevante a ausência de concretização 
do negócio jurídico subjacente em razão do furto e/ou roubo das mercadorias. 2. A 
controvérsia já se encontra superada em ambas as Turmas de Direito Público do Superior 
Tribunal de Justiça, restando consolidado o entendimento de que a operação passível de 
incidência da exação é aquela decorrente da saída do produto industrializado do 
estabelecimento do fabricante e que se aperfeiçoa com a transferência da propriedade do 
bem, porquanto somente quando há a efetiva entrega do produto ao adquirente a 
operação é dotada de relevância econômica capaz de ser oferecida à tributação. 3. Na 
hipótese em que ocorre o roubo/furto da mercadoria após a sua saída do estabelecimento 
do fabricante, a operação mercantil não se concretiza, inexistindo proveito econômico para 
o fabricante sobre o qual deve incidir o tributo. Ou seja, não se configura o evento 
ensejador de incidência do IPI, não gerando, por conseguinte, a obrigação tributária 
respectiva. (...) (STJ, EREsp 734.403/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira 
Seção, julgado em 14/11/2018, DJe 21/11/2018). 
 
23 
 
16.1.5 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e 
sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários 
(IOF) 
Definido pelo artigo 153, inciso V, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “compete à 
União instituir impostos sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores 
mobiliários”, o IOF, comumente conhecido pela locução “Imposto sobre Operações Financeiras”, possui 
função extrafiscal, uma vez que objetiva regular o funcionamento do mercado financeiro. 
CUIDADO! Embora o artigo 67 do Código Tributário Nacional consagre uma segunda finalidade 
do Imposto de Exportação, qual seja, a de formação de receitas monetárias, tal norma não foi 
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que veda, em seu artigo 167, IV, a vinculação de 
receita de impostos. Logo, em uma eventual questão de concurso, o candidato deve se ater à 
extrafiscalidade do tributo. 
Note-se que o legislador menciona quatro bases econômicas outorgadas à tributação: 
 Operações de crédito: possuem como premissa básica um negócio jurídico de crédito, 
consistente na “troca de um bem presente por um futuro, ou seja, é o ato por intermédio do 
qual se realiza uma prestação presente em troca de uma promessa de prestação futura” 
(MOSQUERA, 1999, p. 107). É o caso, por exemplo, dos financiamentos e empréstimos 
bancários a juros. E embora seja o mais comum, as operações de crédito não 
necessariamente estão associadas a instituições financeiras. Com efeito, assim indicam as 
alíneas do artigo 2º, inciso I, do Decreto nº 6.306/2007: 
Art. 2º O IOF incide sobre: 
I - operações de crédito realizadas: 
a) por instituições financeiras; 
b) por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços 
de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração 
 
24 
de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas 
mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring)3; 
c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física. 
 Operações de câmbio: são “os negócios jurídicos consistentes na entrega de uma 
determinada moeda a alguém em contrapartida de outra moeda recebida” (MOSQUERA, 
1999, p. 110). Dizem respeito às casas de câmbio, em que há troca de moedas (exemplo: 
trocar reais por dólares ao realizar uma viagem internacional). 
 Operações de seguro: definidas pelo artigo 757 do Código Civil, segundo o qual “pelo 
contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir 
interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados”. 
 Operações relativas a títulos ou valores mobiliários: englobam todos os documentos 
representativos de direitos passíveis de negociação, a exemplo dos títulos de crédito e das 
ações (PAULSEN, 2017). 
 O fato gerador do tributo, consoante o art. 63 do CTN, depende do tipo de operação financeira 
sob análise: 
(1) Tratando-se de operações de crédito, é a entrega (total ou parcial) ou disponibilização do 
montante referente à prestação acordada entre as partes. Exemplo: receber depósito do valor 
solicitado em contrato de empréstimo bancário; 
(2) Quanto às operações de câmbio, é a entrega ou disponibilização da moeda nacional ou 
estrangeira (ou documento que a represente), em valor correspondente à moeda oferecida 
em troca. Exemplo: receber dólares ao trocá-los, em uma casa de câmbio, pelo valor 
correspondente em reais; 
(3) Nas operações de seguro, é a emissão da apólice (ou documento equivalente) ou o 
recebimento do prêmio; 
(4) Enfim, quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários é a emissão, transmissão, 
pagamento ou resgate destes. 
 
3 Especificamente sobre a incidência de IOF sobre as operações de factoring, vide decisão proferida pelo STF, por unanimidade, 
no julgamento da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.763 (STF, ADI 1.763 MC, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 20/08/1998). 
 
25 
CUIDADO! O parágrafo único do artigo 63 do Código Tributário Nacional visa a impedir o 
bis in idem em operações de crédito, prevendo expressamente que “a incidência definida no 
inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou 
resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito”. Em consequência, é 
vedada a múltipla incidência de IOF sobre uma mesma operação de crédito, ainda que as 
cobranças sejam motivadas por fatos geradores aparentemente diversos; havendo emissão, 
transmissão, pagamento ou resgate em uma operação de crédito, o IOF deverá incidir 
apenas uma vez. 
 
Para o Supremo Tribunal Federal, o simples saque em caderneta de poupança não é fato gerador 
do IOF, em razão da inexistência, em tal operação, de uma promessa de prestação futura (requisito 
obrigatório de uma operação de crédito). Nesse sentido, a Súmula nº 664/STF: “é inconstitucional o 
inciso V do art. 1º da Lei n. 8.033/1990, que instituiu a incidência do imposto nas operações de crédito, 
câmbio e seguros – IOF, sobre saques efetuados em caderneta de poupança”. Sobre o tema, confira-se 
TRIBUTÁRIO. IOF SOBRE SAQUES EM CONTA DE POUPANÇA. LEI N. 8.033, DE 12 -04 -
1990, ART. 1º, INCISO V. INCOMPATIBILIDADE COM O ART. 153, V, DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL. O saque em conta de poupança, por não conter promessa de prestação futura 
e, ainda, porque não se reveste de propriedade circulatória, tampouco configurando título 
destinado a assegurar a disponibilidade de valores mobiliários, não pode ser tido por 
compreendido no conceito de operação de crédito ou de operação relativa a títulos ou 
valores mobiliários, não se prestando, por isso, para ser definido como hipótese de 
incidência do IOF, previsto no art. 153, V, da Carta Magna. Recurso conhecido e improvido; 
com declaração de inconstitucionalidade do dispositivo legal sob enfoque (STF, RE 
232.467/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, julgado em 29/09/1999). 
 
Em igual sentido já definiu a Súmula nº 185/STJ: “nos depósitos judiciais, não incide o Imposto 
sobre Operações Financeiras”. 
 
26 
 
A base de cálculo do IOF, estabelecidapelo art. 64 do CTN, também depende do tipo de operação 
financeira: 
(1) Quanto às operações de crédito, é o montante (principal acrescido de juros) da obrigação; 
(2) No que tange operações de câmbio, é o respectivo montante em moeda nacional, recebido, 
entregue ou posto à disposição; 
(3) Nas operações de seguro, é o valor do prêmio. 
(4) Por derradeiro, em relação às operações relativas a títulos e valores mobiliários, pode ser o 
(a) o nominal, acrescido do ágio4, da emissão; (b) o valor nominal da transmissão; (c) o preço 
do pagamento ou resgate. 
 O contribuinte do imposto, por fim, é qualquer das partes envolvidas na operação tributada, 
nos termos da lei. Inteligência do art. 66 do CTN. 
 
 
 
 
 
 
 
4 Entenda-se ágio como a diferença de cotação (valor) entre moedas distintas. 
 
27 
 
 
O lançamento se dá, em regra, por homologação. 
O Imposto sobre Operações Financeiras está sujeito ao princípio da legalidade, sendo 
inconstitucional a alteração de sua base de cálculo sem atuação positiva do legislador. Observe-se que 
o art. 65 do CTN, que prevê que “o Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em 
lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da monetária
”, é anterior à Constituição Federal de 1988, e não foi recepcionado por ela por manifesto conflito 
material entre as normas. Contudo, vale destacar que o tributo é sujeito a uma legalidade flexível, tendo 
em vista que o artigo 153, § 1º, da CF/1988 autoriza a alteração de alíquota pelo Poder Executivo, através 
de Decreto ou Portaria do Ministro da Fazenda. 
Também é importante ressaltar que o IOF, consoante dito no início deste tópico, tem como 
finalidade viabilizar um controle sobre o mercado financeiro. Tendo em vista o caráter regulatório do 
tributo (extrafiscal), a Constituição Federal classifica esse imposto uma exceção às anterioridades 
previstas no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da Constituição Federal de 1988. 
IOF
Fato gerador
Valor entregue ou posto à disposição (crédito e câmbio)
Emissão de apólice ou recebimento de prêmio (seguro)
Emissão, transmissão, pagamento ou resgate (títulos ou 
valores)
Contribuinte Qualquer das partes na operação tributada, nos termos da lei
Base de 
cálculo
Obrigação principal + juros (crédito)
Valor nominal ou cotação em Bolsa (câmbio)
Montante do prêmio (seguro)
Títulos ou valores mobiliários: Montante principal + ágio 
(emissão), valor nominal (transmissão) ou preço (pagamento ou 
resgate)
 
28 
Por conseguinte, na hipótese de edição de uma lei instituindo ou aumentando tributo relacionado 
a operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários, é permitido à 
União cobrá-lo de forma imediata, independentemente da data de publicação da norma, nos termos do 
§ 1º do artigo 150 da Constituição Federal de 1988: 
§ 1º A vedação do inciso III, b (anterioridade tributária comum), não se aplica aos 
tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V (IOF); e 154, II; e a vedação do inciso 
III, c (anterioridade nonagesimal/noventena), não se aplica aos tributos previstos nos 
arts. 148, I, 153, I, II, III e V (IOF); e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos 
previstos nos arts. 155, III, e 156, I. 
E a instituição ou majoração de Imposto sobre Operações Financeiras também pode se dar por 
Medida Provisória com efeitos imediatos, independentemente da data de sua conversão em lei, devido 
à expressa autorização pelo constituinte, no artigo 62, § 2º, da Constituição Federal de 1988: “medida 
provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, 
IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até 
o último dia daquele em que foi editada”. 
 
O ouro é tributado de acordo com sua finalidade: 
Se utilizado especificamente como ativo financeiro ou instrumento cambial (em outros termos, 
quando destinado ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do país; é o ouro usado 
como moeda), está sujeito exclusivamente à incidência do Imposto sobre as Operações Financeiras 
(IOF-Ouro). 
Nesse caso, o fato gerador do imposto se dá na data da aquisição do ouro ou na data de seu 
desembaraço aduaneiro (quando se tratar de ouro físico proveniente do exterior). Inteligência do artigo 
36 do Decreto nº 6.307/2007. 
 
29 
Os contribuintes, de acordo com o artigo 37 do Decreto nº 6.307/2007, “são as instituições 
autorizadas pelo Banco Central do Brasil que efetuarem a primeira aquisição do ouro, ativo financeiro, 
ou instrumento cambial”. 
Enfim, a base de cálculo do IOF é o preço de aquisição do ouro, considerando-se a cotação vigente 
no mercado doméstico no dia desta operação, ex vi do artigo 38 do Decreto nº 6.307/2007. 
Tal hipótese não é prevista somente por legislação infraconstitucional, estando presente, também, 
no texto da própria Constituição Federal de 1988, em seu artigo 153, § 5º, primeira parte. Por 
consequência, havendo previsão constitucional nesse sentido, a vedação à cumulação de impostos nas 
operações envolvendo o ouro como moeda representa uma autêntica imunidade tributária: 
§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, 
sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" 
deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, 
assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: 
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem; 
II - setenta por cento para o Município de origem. 
E a ideia de imunidade é reforçada pelo constituinte no art. 155, § 2ª, inciso X, “c”, da CF/1988 
§ 2º O imposto previsto no inciso II (ICMS) atenderá ao seguinte: 
(...) 
X - não incidirá: 
(...) 
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º. 
 
Note-se ainda que o § 5º do art. 153 da CF/88 estabeleceu outras duas regras importantes: (1) a 
definição de uma alíquota mínima de 1% (um por cento) sobre a base de cálculo; (2) a repartição 
constitucional de receitas derivadas do IOF-Ouro; embora figure como arrecadadora, a União deve 
transferir o montante adquirido aos entes federativos relacionados com a origem (local de extração) do 
 
30 
ouro tributado, na proporção de 70% (setenta por cento) ao Estado, Distrito Federal ou Território, e 
30% (trinta por cento) ao Município envolvido. 
 
 
 
 
CUIDADO! SE o ouro é utilizado como mercadoria (por exemplo, ao se tornar matéria-prima de 
joalheria), não há incidência de IOF, em razão da inexistência de operação financeira. De outra banda, 
podem ser exigidos II, IE, IPI e ICMS, conforme as circunstâncias de cada caso. 
 
16.1.6 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) 
Definido pelo artigo 153, inciso VI, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “compete à 
União instituir impostos sobre propriedade territorial rural”, o ITR atua como um instrumento de garantia 
da função social da propriedade. 
IOF-
Ouro
Fato gerador
Aquisiçao
Desembaraço aduaneiro
Contribuinte
Instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil 
que efetuarem a primeira aquisição
Base de cálculo Preço da aquisição
Alíquota Mínimo de 1%
Repartição de 
receitas
70% - Estados e DF
30% - Municípios
Cumulação de 
impostos
Vedada (imunidade)
 
31 
A propriedade rural, segundo o art. 186 da CF/1988, deve ser racional e adequada, preservar os 
recursos naturais e o meio ambiente, respeitar as relações de trabalho, e atender ao bem-estar do 
proprietário e dos trabalhadores. A importância atribuída pelo constituinte ao tema se confirma no art. 
184 da CF/1988, que confere à Administração Pública o direito de punir o descumprimento à função 
social ruralcom a sanção de desapropriação para fins de reforma agrária. 
 Logo, o ITR possui notória função extrafiscal, prestando-se a desestimular a manutenção de 
propriedades improdutivas: 
Em virtude de sua nítida função extrafiscal, o ITR sempre foi imposto vocacionado a se 
revestir da condição de veículo auxiliar do disciplinamento estatal da propriedade rural. É 
considerado um importante instrumento de política agrária, nessa medida, de combate 
aos latifúndios improdutivos, fomentando, assim, a reforma agrária e a consequente 
redistribuição de terras no país. O que se quer com tal exação não são “proprietários”, 
mas “proprietários assíduos e produtivos, em prol da nação” (SABBAG, 2017). 
Para tanto, a Emenda Constitucional nº 42/2003 fixou como atributo deste imposto a 
progressividade, ensejando a incidência de alíquotas proporcionais à base de cálculo. Desse modo, o 
proprietário com baixo rendimento ou que não logra êxito em dar destinação econômica a seu imóvel 
rural recebe maior oneração do que o disposto a desempenhar atividades produtivas. Nesse sentido, o 
artigo 153, § 4º, inciso I, da Constituição Federal de 1988 prevê que o ITR “será progressivo e terá suas 
alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas”. 
 O fato gerador do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, a teor do art. 29 do CTN, é a 
propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel rural. Em regra, adota-se o critério da localização: é 
rural o imóvel que se encontra fora da zona urbana do Município5. Entretanto, o art. 15 do Decreto-Lei 
nº 57/1966 definiu que essa divisão territorial não se aplica ao imóvel comprovadamente utilizado em 
exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária e agroindustrial; criou-se assim o critério da destinação, 
segundo o qual um imóvel destinado a atividades rurais fica sujeito ao ITR ainda que se encontre em 
uma zona urbana. 
 A adoção do segundo critério ganhou força em 2009, no julgamento do Recurso Especial 
nº 1.112.646/SP, que tramitou sob a sistemática de recursos repetitivos e serviu de paradigma 
do Tema 174, no qual o Superior Tribunal de Justiça fixou a seguinte tese jurídica: "Não incide 
 
5 Sobre zonas urbanas, vide o subcapítulo referente ao IPTU, mais adiante. 
 
32 
IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que 
comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou 
agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966)". Ressalte-se que a questão ainda é controversa, tendo 
a Receita Federal publicado, em novembro de 2018, a Solução de Consulta nº 198, manifestando 
entendimento contrário ao exarado pelo STJ: 
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR 
EMENTA: IMÓVEL LOCALIZADO EM ZONA URBANA UTILIZADO EM EXPLORAÇÃO 
EXTRATIVA VEGETAL, AGRÍCOLA, PECUÁRIA OU AGROINDUSTRIAL. TRIBUTAÇÃO. 
O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) não incide sobre imóvel localizado 
na zona urbana, ainda quando seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, 
pecuária ou agroindustrial, uma vez que tal hipótese não se encontra prevista na lei 
ordinária instituidora desse tributo6. 
 
 
 
 
 Caso seja confrontado com uma questão acerca do fato gerador do ITR, até o término da 
controvérsia, o candidato deverá adotar como regra geral o critério de localização, e incluir o de 
destinação econômica como uma exceção, especialmente diante do precedente do Superior Tribunal 
de Justiça acima explanado. Em resumo, há de se observar a seguinte ordem: (1) em um primeiro 
momento, analisa-se a lei municipal competente para identificar a zona urbana do Município, 
enquadrando-se como rural toda a área que se encontrar fora dela; (2) dentro dos limites da área urbana 
municipal, passa-se a avaliar as características e atividades exercidas nos imóveis, sendo rurais os 
utilizados para fins de exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial. 
 
 
6 Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=96796. Acesso em 18 
fev. 2020. 
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=96796
 
33 
 A base de cálculo do ITR, tal como preconiza o art. 30 do CTN, é o valor fundiário, que deve ser 
entendido como o valor do terreno (“terra nua”), excluindo-se eventuais construções e benfeitorias. 
 O contribuinte, enfim, é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil (aquele que adquire 
o imóvel por enfiteuse ou aforamento) ou seu possuidor a qualquer título. Inteligência do art. 31 do 
CTN. 
 
 
 
 
 
 O lançamento se dá, em regra, por homologação. 
 Em que pese sua função extrafiscal, o ITR está sujeito ao princípio da legalidade estrita (nem 
mesmo as alíquotas podem ser alteradas por mero ato do Poder Executivo). Outrossim, deve observância 
obrigatória a ambas as anterioridades. Logo, a produção de efeitos de uma lei editada com o fito de 
instituir ou majorar o Imposto sobre a Propriedade Rural está condicionada ao escorrimento dos prazos 
estampados no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da Constituição Federal de 1988. 
 
ITR
Fato gerador
Propriedade, domínio útil ou posse de 
imóvel localizado fora da área urbana
Contribuinte
Proprietário, titular de domínio útil ou 
possuidor a qualquer título do imóvel
Base de 
cálculo
Valor fundiário
 
34 
 A regra presente no artigo 153, § 4º, inciso II, da Constituição Federal de 1988, incluído pela Emenda 
Constitucional nº 42/2003, é dotada de nítido caráter social e visa a proteger o pequeno proprietário 
rural: “§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, 
definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel”. 
Da redação desse dispositivo conclui-se que têm imunidade tributária as propriedades rurais que 
preenchem três requisitos, quais sejam: (1) a condição de pequena gleba rural; (2) a utilização do imóvel 
para fins de exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial; (3) a inexistência de 
propriedade sobre outros imóveis (tanto rurais quanto urbanos). 
CUIDADO! O artigo 2º, parágrafo único, incisos I, II e III, da Lei nº 9.393/1996 previa que o ITR 
não incidiria sobre “pequenas glebas rurais, quando as explorasse, só ou com sua família, o proprietário 
que não possuísse outro imóvel”. Com o advento da Emenda Constitucional nº 42/2003 e a instituição 
da imunidade tributária, o requisito concernente à expressão “só ou com sua família” deixou de ser 
exigível. 
 
Um último tópico a ser destacado sobre este imposto diz respeito à sua parafiscalidade, que se 
configura, conforme já visto no capítulo 1 deste material, com a delegação da capacidade tributária 
ativa. 
Ordinariamente, em razão dos comandos constitucionais de repartição das receitas tributárias, os 
Municípios têm direito à metade do produto da arrecadação do Imposto sobre Propriedade 
Territorial Rural referente a imóvel localizado em seu território. Contudo, o artigo 84, caput, do Código 
Tributário Nacional reconhece a possibilidade de a lei federal o transferir aos Estados, ao Distrito Federal 
ou aos Municípios o encargo de arrecadar impostos federais, sendo-lhes devido o direito de retenção 
do importe arrecadado. 
E essa delegação foi expressamente autorizada pelo constituinte, que previu a hipótese de 
formalização de convênio entre União e Município, em que este passa a assumir a responsabilidade 
de efetuar a cobrança e fiscalização do tributo no lugar da União, recebendo, em contrapartida, o 
direito à totalidade do produto arrecadatório, contanto que esse acordo não implique nenhuma 
redução ou renúncia fiscal. A respeito, a Constituição Federal de 1988: 
 
35 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:(...) 
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: 
(...) 
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde 
que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. 
 
Art. 158. Pertencem aos Municípios: 
(...) 
II - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a 
propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a 
totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III7. 
 
 
 
 A hipótese acima relatada perfaz uma delegação de capacidade tributária ativa. Não confundir 
com competência tributária, que é definida pela Constituição Federal e, no caso em voga, pertence 
somente à União, tendo em vista que a competência é indelegável. 
 
16.1.7 Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) 
 Definido pelo artigo 153, inciso VII, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “
compete à União instituir impostos sobre grandes fortunas, nos termos de lei complementar”. 
 
7 Vide Questões 01 e 02 desse material 
 
36 
No entanto, a União, até o presente momento, não exerceu tal competência, de forma que o 
tributo, consequentemente, não foi efetivamente instituído. 
De todo modo, oportuno mencionar que para a criação do Imposto sobre Grandes 
Fortunas basta a edição da aludida lei complementar, a qualquer tempo (considerando-se que 
a competência tributária é incaducável). 
16.2 Impostos estaduais e distritais 
Os impostos de competência dos Estados e do Distrito Federal foram discriminados pelo 
constituinte nos incisos do artigo 155 da Constituição Federal de 1988, sendo 03 (três) ao total: 
(1) Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD); 
(2) Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); 
(3) Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). 
 
16.2.1 Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação 
(ITCMD)) 
 O imposto sobre as transmissões em geral já era previsto pelo artigo 23, inciso I, da Constituição 
Federal de 1969, sendo os Estados e o Distrito Federal os entes federados competentes para sua 
instituição. Com o advento da CF/1988, houve um desmembramento do tributo, com uma consequente 
bipartição de competência: as transmissões causa mortis e a título não oneroso permaneceram a cargo 
dos Estados, através do denominado Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD); ao 
revés, as transmissões inter vivos e onerosas de bens imóveis passaram à competência exclusiva dos 
Municípios, com a criação do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) (SABBAG, 2017). A 
propósito, as similaridades entre ambos os tributos se revela na coincidência de regras gerais a eles 
aplicáveis, uma vez que os artigos 35 a 42 do Código Tributário Nacional – que é anterior à Constituição 
Federal de 1988 – dizem respeito tanto ao ITCMD quanto ao ITBI. 
 Feita tal consideração inicial, passa-se à análise do ITCMD, mencionado no artigo 155, inciso I, da 
Constituição Federal de 1988, segundo o qual “compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir 
 
37 
impostos sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos”. Em um primeiro 
momento, há de se fazer duas observações acerca da incidência deste imposto de função fiscal: (1) o 
ITCMD tem o condão de atingir dois tipos de transmissões, quais sejam, causa mortis (inclusive por 
morte presumida, de acordo com o Supremo Tribunal Federal – Súmula nº 331/STF) e as realizadas inter 
vivos, mas a título não oneroso (doação, por liberalidade das partes); (2) respeitado o primeiro 
requisito, são tributados tanto bens imóveis quanto imóveis. 
 O fato gerador desse imposto, a teor do artigo 35 do Código Tributário Nacional, pode ser: 
(1) A transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis por 
natureza ou por acessão física8. Embora o artigo não os mencione, devem ser considerados 
também os bens móveis, títulos e créditos, uma vez que a Constituição Federal os inclui no 
campo de incidência do ITCMD; 
(2) A transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de 
garantia9; 
(3) A cessão dos direitos relativos às transmissões acima citadas. 
CUIDADO! O ITCMD não incide sobre transmissões originárias, como usucapião e acessão. 
Apesar de o inciso I do art. 35 do CTN mencionar o termo “acessão”, as duas situações não se confundem. 
Exemplo: se um determinado sujeito adquirir um imóvel devido a uma avulsão (que se configura quando, 
por força violenta da natureza, uma porção de terra se desloca de um prédio e se junta a outro – art. 
1.250 do CC), não se tornará contribuinte do imposto; no entanto, caso ocorra a transmissão desse bem 
imóvel por meio de doação ou sucessão, sobre esta operação incidirá o ITCMD. 
 
A transferência de bens pode se dar de três formas: tratando-se de bens móveis, pela tradição; se 
imóveis, pelo registro imobiliário; e independentemente da natureza do bem, em caso de morte, pela 
abertura da sucessão (artigos 1.226, 1.227 e 1.784, todos do Código Civil). 
 
8 Considere-se acessão física, ou natural, como formação de ilhas, aluvião, avulsão e abandono de álveo, ex vi do art. 1.248 CC. 
9 São direitos reais de garantia o penhor, a hipoteca e a anticrese (art. 1.225, incisos VIII, IX e X, do CC). 
 
38 
 
O parágrafo único do art. 35 do CTN ainda estabelece que “nas transmissões causa mortis, ocorrem 
tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários”. Logo, havendo pluralidade 
de herdeiros ou legatários, cada divisão dos bens do de cujus deve ser considerada individualmente, 
incidindo o imposto sobre cada uma delas. 
 A base de cálculo do ITCMD, por sua vez, é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. 
Inteligência do art. 38 do CTN. 
 Enfim, o art. 42 do CTN indica como contribuinte qualquer das partes envolvidas nas operações 
tributadas. Em geral, o contribuinte tende a ser o adquirente dos bens ou direitos em questão. 
 
 
 
 
 
 O lançamento se dá, em regra, por declaração. 
De seu turno, o tributo deve observância obrigatória a ambas as anterioridades. Logo, 
a produção de efeitos de uma lei editada com o fito de instituir ou majorar o Imposto sobre a 
Transmissão Causa Mortis e Doação está condicionada ao escorrimento dos prazos estampados 
no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da Constituição Federal de 1988. 
ITCMD
Fato gerador
Transmissão da propriedade ou do domínio útil de bens 
imóveis, móveis, títulos e créditos
Transmissão de direitos reais sobre imóveis, exceto os 
de garantia
Cessão de direitos de transmissão 
Contribuinte Qualquer das partes da operação tributada
Base de cálculo Valor venal dos bens ou direitos transmitidos
 
39 
 O ITCMD está sujeito ao princípio da legalidade estrita, e suas alíquotas máximas são fixadas 
pelo Senado Federal, conforme o artigo 39 do Código Tributário Nacional. 
 
 
 
 
 De acordo com a Súmula nº 112/STF, “o imposto de transmissão causa mortis é devido 
pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”. Por outro lado, só poderá haver 
pagamento após a avaliação dos bens e da homologação do cálculo do tributo. Nesse 
sentido, as súmulas nº 113 (“o imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor 
dos bens na data da avaliação”) e 114 (“o imposto de transmissão causa mortis não é exigível 
antes da homologação do cálculo”), ambas do Supremo Tribunal Federal. 
 
 
 Há uma controvérsia doutrinária e jurisprudencial acerca da progressividade do ITCMD. 
A doutrina majoritária se pauta na ideia de que os impostos reais, diferentemente dos pessoais, 
não admitem alíquotas progressivas – salvo o ITR e o IPTU, haja vista expressa previsão 
constitucional específica em relação a eles (SABBAG, 2017). Esta era a posiçãoadotada pelo 
Supremo Tribunal Federal, que assim decidiu no julgamento do Recurso Extraordinário nº 
234.105/SP, referente ao ITBI: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE IMÓVEIS, 
INTER VIVOS - ITBI. ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS. C.F., art. 156, II, § 2º. Lei nº 11.154, de 
30.12.91, do Município de São Paulo, SP. I. - Imposto de transmissão de imóveis, inter 
 
40 
vivos - ITBI: alíquotas progressivas: a Constituição Federal não autoriza a progressividade 
das alíquotas, realizando-se o princípio da capacidade contributiva proporcionalmente ao 
preço da venda. II. - R.E. conhecido e provido (STF, RE 23.4105/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, 
Tribunal Pleno, julgado em 08/04/1999, DJ 31/03/2000). 
A decisão acarretou a edição da Súmula nº 656/STF: “É inconstitucional a lei que estabelece 
alíquotas progressivas para o ITBI com base no valor venal do imóvel”. 
Contudo, em 2013 a Corte adotou posicionamento diverso, declarando a constitucionalidade 
da progressividade de alíquotas de ITCMD acórdão proferido no julgamento do Recurso Extraordinário 
nº 562.045/RS, a que se atribuiu repercussão geral: 
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. LEI ESTADUAL: 
PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E 
DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS. CONSTITUCIONALIDADE. ART. 145, § 1º, DA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL TRIBUTÁRIA. 
OBSERVÂNCIA DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO 
(STF, RE 562.045, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Rel. p/ Acórdão: Min. Cármen Lúcia, 
Tribunal Pleno, julgado em 06/02/2013). 
 O principal argumento adotado pelos Ministros favoráveis ao provimento do aludido 
recurso se sustenta no fato de a progressividade ter como função essencial a concreção do 
princípio da capacidade contributiva e, consequentemente, a promoção da justiça social em 
matéria tributária, premissas às quais todos os impostos se submetem, independentemente de 
sua classificação como pessoais ou reais. Esta é a posição mais atual do STF em relação ao 
ITCMD, o que sugere uma possível futura mudança de jurisprudência quanto ao ITBI, tendo em 
vista as diversas semelhanças entre os dois impostos. 
 CUIDADO! Malgrado constitucional a fixação de alíquotas progressivas do ITCMD, o 
Supremo Tribunal Federal entende de modo pacífico pela impossibilidade de adoção do grau 
de parentesco, da proximidade efetiva e da dependência econômica como critérios para a 
progressividade, à míngua de identidade entre esses parâmetros e a capacidade contributiva: 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. 
CONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL SOBRE PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE 
 
41 
IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS. GRAU 
DE PARENTESCO COMO PARÂMETRO PARA A PROGRESSIVIDADE: IMPOSSIBILIDADE. 
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. O critério de grau de 
parentesco e respectivas presunções da proximidade afetiva, familiar, sanguínea, de 
dependência econômica com o de cujus ou com o doador, não guarda pertinência com o 
princípio da capacidade contributiva. 2. Agravo regimental a que se nega provimento (STF, 
RE 602.256 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Primeira Turma, julgado em 16/02/2016, DJe 
01/03/2016). 
 
A fim de evitar conflitos, o artigo 155, § 1º, da Constituição Federal de 1988 fixou três 
regras de competência relativas ao tributo em comento: 
 Quando há transmissão de bens imóveis e respectivos direitos, o ITCMD compete ao 
Estado (ou Distrito Federal) da situação do bem (inciso I); 
 Havendo transmissão de bens móveis, títulos e créditos, é necessário fazer uma 
distinção: se a transferência decorre de sucessão causa mortis, o ITCMD compete ao 
Estado (ou Distrito Federal) em que se processa o inventário ou arrolamento; se 
decorre de doação, é competente o Estado (ou Distrito Federal) do domicílio do 
doador (inciso II); 
o Em razão dessa regra, a Súmula nº 435/STF (“o imposto de transmissão causa 
mortis pela transferência de ações é devido ao Estado em que tem sede a 
companhia”) não foi recepcionada pela CF/1988. 
 Se o doador possuir domicílio em residência no exterior ou se o de cujus possuía 
bens, era residente ou domiciliado ou teve seu inventário processado no exterior, o 
imposto terá competência para sua instituição regulada por lei complementar. 
Enquanto essa lei não é editada, os Estados definem a competência por lei própria, 
ressalvada a aplicação do art. 41 do CTN: “O imposto compete ao Estado da situação 
do imóvel transmitido, ou sobre que versarem os direitos cedidos, mesmo que a 
mutação patrimonial decorra de sucessão aberta no estrangeiro”. 
 
42 
 
Também é importante destacar o comando exposto no artigo 36 do Código Tributário, 
consoante o qual o ITCMD não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos quando efetuada 
para sua incorporação ao patrimônio de pessoas jurídicas em razão de sua incorporação ou 
fusão, ou de realização de capital. Não confundir com imunidade, pois a regra em voga não 
é estabelecida pela Constituição Federal. 
 A exceção se dá caso a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante 
a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição 
(art. 37 do CTN). 
 O § 1º do art. 37 do CTN estabelece que, para efeitos desse artigo, considera-se 
caracterizada a atividade preponderante de venda ou locação de propriedade ou a 
cessão de direitos relativos à sua aquisição quando mais de metade da receita 
operacional da pessoa jurídica adquirente, nos dois anos anteriores e nos dois 
subsequentes à aquisição, decorrer dessas categorias de transação. 
 Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 
dois anos antes dela, a caracterização dessa preponderância será apurada com base 
nos três primeiros anos seguintes à data de aquisição (§ 2º do art. 37 do CTN). 
REGRAS DE COMPETÊNCIA (ART. 155, § 1º, DA CF/1988)
Transmissão de bens 
imóveis e direitos
Local da situação 
do bem
Transmissão de bens 
móveis, títulos e créditos
Causa mortis
Local do 
inventário ou 
arrolamento
Doação
Local do 
domicílio do 
doador
Domicílio, residência ou 
inventário no exterior
Lei 
complementar
 
43 
 
16.2.2 Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços 
(ICMS) 
 Definido pelo artigo 155, inciso II10, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual 
“compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre operações relativas à circulação de 
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de 
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior”, o ICMS é um imposto de 
função predominantemente fiscal. 
Seu fato gerador, de acordo com os arts. 2º da Lei Complementar nº 87/1996 c/c 155, § 2º, da 
CF/1988, pode ser: 
(1) A circulação de mercadorias. Paulsen (2017) ensina que o termo “circulação” envolve a 
transferência da titularidade jurídica de um bem, e não seu mero transporte físico. De seu 
turno, “mercadoria” se refere a um produto destinado à comercialização no mercado (o que 
não ocorre, por exemplo, na circulação de bens para simples integralização de capital). 
 Em razão desse conceito de circulação, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 
nº 166/STJ: “Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria 
de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte”. Nesse vértice, segue a trilha 
jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal: 
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO 
TRIBUTÁRIO. ICMS. DESLOCAMENTO INTERESTADUAL DE MERCADORIAS. 
ESTABELECIMENTOS DO MESMO TITULAR. NÃO OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. 
INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO ART. 97 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E À SÚMULA 
VINCULANTE Nº 10. DESPROVIMENTO. 1. O deslocamento de mercadorias entre

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