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0 Profa Ma. Aline Pereira dos Santos Amaro Correia DIREITO TRIBUTÁRIO II Sumário INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1 12. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ..................................................... 2 13. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA................................................................................................ 5 14. DISTRIBUIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS ...................................................................... 6 15. IMPOSTOS DA UNIÃO................................................................................................................ 13 16. IMPOSTOS DO ESTADO ............................................................................................................. 65 17. IMPOSTOS DO MUNICÍPIO (e DF, por força do art. 147, parte final CF) .................................. 88 Obs: a numeração dos capítulos segue a iniciada em Tributário I (1 ao 11). 1 INTRODUÇÃO OBJETIVO GERAL DA DISCIPLINA Conhecer o Sistema Tributário Brasileiro e os tributos em espécie, com ênfase nas características dos impostos da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, de modo a possibilitar o entendimento e assimilação do fenômeno da tributação no exercício da profissão. EMENTA Sistema Tributário Brasileiro: organização, competência, discriminação constitucional das rendas. Tributos em espécie. Tributos federais: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer natureza, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários, Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, Contribuições Sociais, Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico, Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas. Tributos estaduais: Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. Tributos municipais: Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos, Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA BALEEIRO. Aliomar. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar. CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. CARVALHO, Barros Paulo. Curso de Direito Tributário. COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. HARADA, kiyoshi. Direito financeiro e Tributário. PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 2 12. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ARTS 183 A 193 CTN GARANTIAS PRIVILÉGIOS Meio de assegurar o direito, de dar eficácia ao cumprimento de uma obrigação. Medida assecutória. Ex: - garantia real – hipoteca / penhor - garantia pessoal – fiança/aval Regalia que a lei concede a um dado crédito de ser pago com preferência a outros (pgto prioritário). CONSIDERAÇÕES: 1 a 4 GARANTIAS 5 a 8 PRIVILÉGIOS 1- As garantias trazidas pelo CTN não são taxativas, mas exemplificativas (art. 183 CTN). Não se exclui outras que sejam expressamente previstas em lei. Quais garantias são essas? São “todas”... 2- “Todas” (art. 184): totalidade dos bens e das rendas do sujeito passivo, inclusive os gravados com cláusula de impenhorabilidade, salvo o que a lei determina que é impenhorável. Obs: Lei 8.009/90: impenhorabilidade do bem de família: exceção – se a dívida tributária for em função do próprio bem, ex. IPTU, ITR, taxas e contribuição de melhoria. Atenção: art 183, parágrafo único. O fato de ser atribuída uma garantia, por ex hipoteca, não lhe altera a natureza. O crédito não deixa de ser tributário para ser crédito imobiliário. 3 3- Fraude contra credores no Direito Tributário: art. 185 CTN – alterado pela LC 118/2005. Configura-se qdo o devedor alienar bens, após a inscrição em dívida ativa. Antes da LC 118/05, a fraude caracterizava-se somente se houvesse alienação após a citação em EF. Importante: se mesmo ocorrendo a alienação, o devedor manteve bens suficientes para garantir o crédito, não há de se falar em fraude (parágrafo único, art. 185, CTN). Assim: patrimônio 500 mil / tributo 50 mil / vendeu 150 mil – não configura fraude, mesmo estando inscrito em dívida ativa (REsp 1248142 / PR/ 2011). 4- Penhora eletrônica (inserida pela LC 118/05). Cabível qdo esgotados todos os outros meios e formas para encontrar os bens. Limitações da atuação do juiz: §1º e §2º do art 185-A CTN. Após os órgãos e entidades, aos quais se fizer a comunicação, enviarem a relação discriminada dos bens e direitos cuja disponibilidade houverem promovido, o juiz verificará o volume de restrição e, procederá ao desbloqueio do excedente. 5- Ordem de preferência do pagamento do CT - art. 186 CTN (alterado pela LC 118/05). - situação normal: • 1º créditos decorrentes legislação do trabalho e acidente de trabalho • 2º créditos tributários - na falência (art. 83, Lei 11.101/05 – Lei de Falência): • 1º créditos extraconcursais* (conceito art. 188 CTN / art 84 LF). • 2º créditos decorrentes legislação do trabalho e acidente de trabalho (ocorridos antes da falência). • 3º importâncias passíveis de restituição (art. 85 LF) e créditos com garantia real (hipoteca). • 4º créditos tributários (obs; as multas não entram aqui) • (...) 4 • 8º ...multas (penais/tributárias) 6- Art. 187 CTN: a cobrança judicial do CT não é sujeita a concurso de credores. A par do art. 186 CTN, o CT possui prevalência sobre qquer outro, salvo os trabalhistas e acidentários (lembrar tbém a situação da falência). 7- Parágrafo único, art. 187 CTN: o concurso de preferência se verifica somente entre pessoas jurídicas de direito público, assim: • 1º União • 2º Estado / DF/ Território • 3º Municípios Obs: Após embates jurídicos, acerca de tal dispositivo ferir o princípio federativo (art. 60, §4º, I CF), o STF reconheceu sua constitucionalidade, entendendo que ao privilegiar a União, deu-se uma preferência em favor de todos os brasileiros e que o comando é compatível com o art. 19, III, “in Fine”, da CF, que proíbe diferenças entre as pessoas políticas. 8- Art. 189 CTN: O CT tem preferência a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento. Aqui o juiz oficia as repartições fiscais indagando a respeito dos CTs, para assegurar a preferência destes. 5 13. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Arts 194 a 208 CTN - Atividade do Poder Público voltada para a fiscalização e arrecadação tributária. Cuida, assim, de obrigações principais e acessórias. - Elementos: • Procedimentos fiscalizatórios adequados (arts 194 a 200 CTN); • Cobrança judicial dos importes tributários inscritos em dívida ativa (arts 201 a 204 CTN); • Medidas de controle e verificação da regularidade fiscal do contribuinte (certidões negativas – arts 205 a 208). - Pontos importantes: ✓ Súmula 439 STF: limita o exame fiscal de livros “aos pontos objetos de investigação”; ✓ Art. 1.193 CC: restrições obstativas do exame de escrituração devem ser evitadas diante da fiscalização fazendária. ✓ Na recusa por parte do contribuinte à exibição de seus livros, o lançamento poderá ser por “arbitramento” (art. 148 CTN). ✓ Agentes da Adm. Tributária, ainda que acompanhados de força policial, não podem, sem autorização judicial, ingressar em escritório de contabilidade contra a vontade de seu titular (subsunção aoconceito ampliativo – STF – de “casa”, do art. 5º, XI CF). ✓ As diligências deverão obedecer ao prazo máximo para a conclusão da ação fiscal, na forma da legislação aplicável. 6 14. DISTRIBUIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS 14.1 TRANSFERÊNCIA DIRETA E INDIRETA DIRETAS: são aquelas onde ocorre o repasse de parte da arrecadação para um determinado Estado, Município ou para o Distrito Federal. INDIRETAS: são os repasses realizados a Fundos Especiais. 14.1.1 TRANSFERÊNCIA DIRETA Aqui a União repassa os recursos diretamente aos estados e municípios. Por sua vez, os estados também repassam recursos diretamente aos municípios. A- DOS TRIBUTOS DA UNIÃO Parcelas de receitas destinadas aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios. a) Imposto de Renda Retido na Fonte (IR) → Estados e Municípios O Imposto de Renda é um tributo de competência da União. Mas as receitas retidas na fonte pelos estados e municípios ficarão integralmente com estes. Em outras palavras, 100% dos montantes retidos pelos estados e municípios permanecerão em seus caixas. Por exemplo, o respectivo município irá reter, dos seus servidores, parte da remuneração para pagamento de Imposto sobre a Renda (IR). No entanto, estes valores pagos não serão repassados à União, pois ficarão com o próprio município. Estes regramentos estão inseridos nos incisos I dos arts. 157 e 158 da CF. (Súmula 447 STJ) b) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) → Estados e Municípios De acordo com o art. 159, II, da CF, 10% do produto da arrecadação do IPI, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados, devem ser entregues aos Estados e ao Distrito Federal. Por sua vez, os Estados devem entregar 25% dos recursos que receberem aos municípios, nos termos do art. 159, §3º, da CF. c) Imposto Territorial Rural → Municípios O Imposto Territorial Rural também é de competência da União, mas 50% da arrecadação será destinado aos municípios onde os respectivos imóveis estiverem situados. Contudo, se os referidos municípios decidirem fiscalizar e arrecadar o ITR, eles terão direito a 100% do imposto. Isto se encontra previsto no art. 158, II, da CF. 7 d) Impostos Residuais → Estados Impostos Residuais são aqueles que a União pode criar, além dos que já estão previstos no texto constitucional. Somente a União pode criá-los e eles devem ser não-cumulativos e não podem ter fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição Federal. Por exemplo, a União não pode criar um imposto residual baseado na aquisição de renda, haja vista que esta hipótese já é fato gerador do imposto de renda. Pois bem, de acordo com o art. 157, II, da CF, 20% da receita adquirida com os Impostos Residuais será diretamente repassada aos Estados. e) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) Combustíveis → Estados e Municípios De acordo com o art. 159, III, da CF, a União deve entregar 29% (vinte e nove por cento) da receita arrecadada em razão de CIDE Combustíveis aos estados e ao Distrito Federal. Por sua vez, os estados devem entregar 25% do que receberem aos seus municípios, por força do art. 159, §4º, da CF. Observações: ➥ Não estaria errado dizer que aos municípios cabe 7,25% da CIDE-Combustíveis (pois são 25% sobre 29%). ➥ A participação dos estados, do DF e dos municípios na arrecadação da CIDE-combustíveis não é autoaplicável, pois depende de regulamentação por lei. B- DOS TRIBUTOS DOS ESTADOS a) Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) → Municípios O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é de competência dos estados, mas, por força do art. 158, III da CF, 50% do imposto pertence aos municípios onde os respectivos veículos são licenciados. b) Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) → Municípios O Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Intermunicipal e Interestadual e de comunicação (ICMS) também é de competência dos estados, mas, por força do art. 158, IV, da CF, 25% da arrecadação relativa ao referido imposto pertence aos municípios. https://www.blogger.com/Plebiscito,%20Referendo%20e%20Iniciativa%20Popular:%20Diferen%C3%A7a! 8 14.1.2 TRANSFERÊNCIA INDIRETA A Constituição também prevê a repartição indireta, que ocorre por meio de repasse aos Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios. a) Imposto de Renda e Imposto Sobre Produtos Industrializados (IR + IPI) 49% do produto da arrecadação relativa ao IR e ao IPI será repartido da seguinte maneira: - 21,5% vai para o Fundo de Participação dos Estados e do DF (art. 159, I, a, da CF). - 22,5% vai para o Fundo de Participação dos Municípios (art. 159, I, b, da CF). - 3% vai para o desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste (metade para o semiárido) e Centro-oeste através de suas instituições financeiras de caráter regional (art. 159, III, c, da CF). - 1% vai para o Fundo de Participação dos Municípios, pago no mês de Julho (art. 159, I, d, da CF). - 1% vai para o Fundo de Participação dos Municípios, pago no mês de Dezembro (art. 159, I, e, da CF). OBS: Perceba que, se somarmos, cabe 24,5% da arrecadação ao FPM (22,5% + 1% +1%). Não ocorre repartição de receitas dos seguintes tributos: • Impostos Municipais: ITBI, IPTU e ISS • Impostos de Competência do DF, pois este não pode ser dividido em municípios, por força do art. 32, caput, da CF • Impostos dos estados: Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD) • Impostos da União: Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) e Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) 9 10 Questão 01 - CESPE (CESPE-2018-EMAP-Analista Portuário) Os municípios participam da partilha do produto de tributos, incluída a arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação de petróleo e derivados. ( X ) V ( ) F Justifique: De acordo com o art. 159, III CF, a União deve entregar 29% da receita arrecadada em razão da CIDE-Combustível aos Estados e ao DF. Por sua vez, os Estados devem entregar 25% aos seus municípios, por força do art. 159, §4º CF. Questão 02 - CESPE (CESPE-2018-EMAP-Analista Portuário) Os estados federados poderão condicionar a entrega dos recursos tributários ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias. ( X ) V ( ) F Justifique: A assertiva está correta, com fundamento do parágrafo único, inc. I, do art. 160 CF. 11 Questão 03 - VUNESP (VUNESP-2018-Câmara de Campo Limpo/SP-Procurador) A autonomia dos entes federativos depende da previsão pela Constituição Federal de receitas que lhes sejam reservadas, evitando, com isso, a possibilidade de favorecimento ou desfavorecimento de determinado ente da federação em relação aos demais. A respeito da repartição constitucional das receitas tributárias, é correto afirmar que a) cabe aos Municípios 40% do imposto de renda arrecadado pela União incidente sobre as rendas por eles pagas. ERRADA. Cabe aos municípios 100% do IR arrecadado sobre as rendas por eles pagas (158, I CF) b) cabe ao Distrito Federal 100% das receitas públicas da União, dos Estados e dos Municípios decorrentes dos fatos geradores ocorridos em seu território. ERRADA. O DF tem a repartição de receitas tributárias, mas essa repartição somente ocorre em parcelas previstas expressamente pela CF. c) pertencem aos Municípios 50% do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados. CORRETA. (Art. 158, II CF) d) pertencem aos Estados 25% por cento do produto da arrecadação do imposto sobre operaçõesrelativas à circulação de mercadorias. ERRADA. Quem 25% são os municípios, valor repassado pelos Estados. Desse modo, pode- se dizer que o Estado fica com 75% do ICMS (158, IV CF). e) deve ser recolhido pela União ao Fundo de Participação dos Municípios 25% da arrecadação do imposto de renda. ERRADA. O repasse é de 24, 5% (22,5 + 1 + 1), art. 159 CF. Questão 04 - IESES (IESES-2016-TJ/MA-Titular de Serviços de Notas e Registros) No que se refere a repartição das receitas tributárias, pertencem aos Municípios: 12 I. O produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. CORRETA, art. 158, I CF II. Vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. CORRETA. Art. 158, IV CF III. Quarenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese dos Municípios que assim optarem, na forma da lei. FALSA. (50%) art. 158, II CF IV. Cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios. CORRETA. Art. 158, III CF Questão 05 - TRF 2ª Região (TRF/2-TRF 2ª Região-Juiz Federal Substituto) Acerca da repartição constitucional de receitas tributárias, marque a opção correta: a) Pertence aos Estados e ao Distrito Federal metade do produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos por eles, a qualquer título. FALSA. Ficarão com 100% (art. 157, I CF) b) A União entregará parcela do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI) diretamente ao Fundo de Participação dos Municípios no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano. 13 CORRETA. Art. 159, I, “e” CF. c) A União entregará parcela do produto da arrecadação da CIDE-combustiveis sobre imposto de renda e proventos de qualquer natureza diretamente ao Fundo de Participação dos Municípios. FALSA. Entregará 29% aos Estados e DF. (art. 159, III) d) A União entregará parcela da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados (IPI) diretamente aos Municípios, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados ocorridas em seus territórios. FALSA. Entregará aos Estados e DF (art. 159, II CF) e) A União entregará diretamente aos Estados das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste parcela do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI), de acordo com os planos regionais de desenvolvimento. FALSA. O repasse é indireto (art. 159, I, “c” CF) 15. IMPOSTOS DA UNIÃO Art. 153, incisos I ao VII CF 15.1 IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS ESTRANGEIROS (II) Art. 153, I da CF; arts. 19 a 22 CTN DL 37/66 O Imposto de Importação, também conhecido como Tarifa Aduaneira, grava a inserção, no território nacional, de bens procedentes de outros países (art. 19 do CTN). Tem função eminentemente extrafiscal, ao visar proteger a indústria nacional, como verdadeira arma de política econômica e fiscal. 14 A - Sujeito Passivo: O sujeito passivo está previsto no art. 22 do CTN e no art. 31 do DL n. 37/66 (redação do DL n. 2.472/88). Podem ser sujeitos passivos: I – o importador (assim considerada qualquer pessoa física ou jurídica que promova a entrada de mercadoria estrangeira destinada a permanecer de forma definitiva no território nacional) ou quem a lei a ele equiparar; II – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados; III – o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; IV – o adquirente de mercadoria em entrepostos aduaneiros. B - Fato Gerador: É a entrada real ou ficta do produto estrangeiro no território nacional, cabendo ao intérprete assimilar o elemento temporal do fato gerador, à luz de uma ficção jurídica, como o momento do início do despacho aduaneiro, assim entendido o momento da apresentação ou registro da Declaração de Importação (DI) ou documento que lhe faça substituir (e demais documentos pertinentes ao desembaraço), perante a autoridade aduaneira (Receita Federal do Brasil) para a liberação da mercadoria estrangeira entrepostada ou depositada. Os arts. 1º e 23 do DL n. 37/66 estabelecem o momento da ocorrência do fato gerador para fins de incidência do II. C - Art 143, CTN: para efeito de cálculo do imposto, os valores em moeda estrangeira devem ser convertidos em moeda nacional, à taxa de câmbio vigente no momento da entrada, no país, da mercadoria importada (será o câmbio do dia do registro, na repartição competente, da declaração de desembaraço aduaneiro). D - Bens com permanência definitiva: a incidência do imposto ocorrerá em casos de permanência definitiva do bem no território, não englobando as mercadorias estrangeiras que ingressam no território nacional, temporariamente, a fim de que cumpram finalidades esporádicas (por exemplo, feiras, exposições etc.). Considerar -se -á ocorrido o fato gerador nas situações de retorno de mercadoria. Tal regra, no entanto, não prevalecerá nos casos seguintes, descritos no §1º do art. 1º do DL 37/66, os quais repudiam o recolhimento, quando houver: a) retorno de mercadoria enviada em consignação, e não vendida no prazo autorizado; b) retorno de mercadoria (= devolução), por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição; c) retorno da mercadoria, em face de modificações na sistemática de importação no país importador; d) retorno da mercadoria, por motivo de guerra ou calamidade pública; e) retorno da mercadoria, por outros fatores, alheios à vontade do exportador. 15 E - Base de Cálculo e Alíquotas: art. 20 CTN ✓ Alíquotas: Podem ser: a) específicas: valor em dinheiro que incide sobre uma unidade de medida prevista em lei, que pode referir -se à metragem, peso etc. Por exemplo, R$ 42,00 por metro cúbico; b) ad valorem: aplicação de alíquota sobre determinado valor de operação. Por exemplo, 10% de R$ 15.000,00; c) mista: combinação das duas formas acima. Por exemplo: 10% sobre R$ 5.000,00 e R$ 5,00 por kg. ✓ Base de Cálculo: A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação. STF (RE 73.419, rel. Min. Barros Monteiro, 2ª T., j. em 02-03-1973), a alíquota aplicável é aquela contemporânea da efetiva introdução do produto estrangeiro no território nacional F - Sobre os princípios constitucionais: O Imposto Importação é exceção: ✓ À LEGALIDADE: art. 153, §1º CF; ✓ À ANTERIORIDADE (anual e nonagesimal): art. 150, §1º CF. G- Zona Franca de Manaus: A política tributária vigente na Zona Franca de Manaus é diferenciada do restante do país, oferecendo benefícios locacionais, objetivando minimizar os custos amazônicos. É uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos 16 fiscais especiais, criada pelo Decreto-lein. 288/67. Foi ela concebida com a finalidade de criar, no interior da Amazônia, um centro industrial, comercial e agropecuário, dotado de condições econômicas que permitissem seu desenvolvimento. A Zona Franca de Manaus – área de livre comércio, para a qual havia benefício garantido até 2013 – teve, em razão da EC n. 42/2003, uma prorrogação de benefício por mais 10 (dez) anos, conforme o art. 92 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Seu prazo final ficou, então, para 2023. Entretanto, em sessão solene do dia 5 de agosto de 2014, o Congresso Nacional promulgou a EC n. 83, a qual prorroga os benefícios tributários da Zona Franca de Manaus até o ano de 2073. De autoria do Executivo, a proposta que resultou na indigitada Emenda acrescenta o art. 92-A ao ADCT, estendendo por mais 50 anos, a partir de 2023, os incentivos fiscais à Zona Franca de Manaus. Como a criação dessa área de livre comércio se deu em 1967, ao término do período (2073), tirante a hipótese de ulterior renovação, a Zona Franca terá completado 106 anos de existência (Sabbag, Manual de Direito Tributário, 2018). Benefícios fiscais federais para a ZFM: • Redução de até 88% do Imposto de Importação (I.I.) sobre os insumos destinados à industrialização; • Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (I.P.I.); • Redução de 75% do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, inclusive adicionais de empreendimentos classificados como prioritários para o desenvolvimento regional, calculados com base no Lucro da Exploração até 2013; • Isenção da contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins nas operações internas na Zona Franca de Manaus. EXERCÍCIOS Questão 1 Questão 2 17 Questão 3 Questão 4 O governo federal, com o objetivo de proteger a indústria nacional fabricante de aço, publicou, no ano de 2015, um decreto que aumentava de 15 para 20% a alíquota do imposto sobre a importação de produtos siderúrgicos, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei formal. O decreto previu que o aumento já valeria para aquele mesmo exercício financeiro. Considerando a hipótese acima, responda aos itens a seguir. A) A majoração da alíquota do imposto de importação poderia se dar por meio de um ato do Poder Executivo? (Valor: 0,65) 18 B) B) O governo federal agiu legalmente ao exigir a alíquota majorada do imposto de importação no mesmo exercício financeiro? (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. Questão 5 O deputado federal Y apresentou dois projetos de lei ordinária federal. O primeiro pretende alterar o Código Tributário Nacional no que se refere aos artigos que tratam de responsabilidade tributária (obrigação tributária) e o segundo pretende instituir uma taxa de licenciamento de importação, cuja base de cálculo é o valor aduaneiro do produto importado. A) Analise a constitucionalidade do primeiro projeto de lei apresentado pelo deputado. (Valor: 0,60) B) A taxa a ser instituída é constitucional? (Valor: 0,65) 15.2 IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO, PARA O EXTERIOR, DE PRODUTOS NACIONAIS OU NACIONALIZADOS (IE) Art. 153, II da CF; arts. 23 a 28 CTN DL 1.578/77 Função extrafiscal. 19 A- Sujeito Passivo: O sujeito passivo do Imposto de Exportação é o exportador – qualquer pessoa que promova a saída do produto nacional ou nacionalizado do território nacional (art. 27 do CTN e art. 5º do DL n. 1.578/77). B – Fato Gerador: O fato gerador do Imposto de Exportação é a saída do território nacional para o exterior, de produtos nacionais* ou nacionalizados**, cabendo ao intérprete assimilar o elemento temporal do fato gerador como o momento da liberação pela autoridade aduaneira ou a data de embarque ou saída constante na Declaração de Exportação. *Nacionais: O produto nacional, por sua vez, é aquele produzido dentro do território nacional. **Nacionalizados: nacionalização da mercadoria representa a sequência de atos que transferem a mercadoria da economia estrangeira para a economia nacional, conforme se depreende do § 1º do art. 221 do Decreto n.91.030/85, que preconiza, in verbis: “Considera -se nacionalizada a mercadoria estrangeira importada a título definitivo” (art. 221, § 1º). C- Alíquotas: Estão previstas na TAB (Tarifa Aduaneira do Brasil), podendo ser: a) específicas: valor em dinheiro que incide sobre uma unidade de medida prevista em lei, que pode referir -se à metragem, ao peso etc. Por exemplo: R$ 42,00 por metro cúbico. b) ad valorem: aplicação alíquota sobre determinado valor de operação. Atualmente, a alíquota do IE é de 30%, sendo facultado ao Poder Executivo aumentá-la em até cinco vezes, conforme a Lei n. 9.716/98. Portanto, a alíquota máxima poderá atingir até 150% (art. 3º do DL n.1.578/77). Como é feito o cálculo do Imposto sobre Exportação? A base de cálculo do IE é definida utilizando como referência o preço normal que sua mercadoria alcançaria em uma venda no mercado externo, em um cenário de 20 livre concorrência e no local de embarque. Desse modo, para a alíquota do IE, a regra geral é de 30%. Vale ressaltar que, a maioria dos produtos está imune e isenta de tributação. Logo, apenas produtos específicos estão sujeitos à incidência do IE, e cada um tem sua alíquota determinada: • Couros e peles: 9%. • Concentrados de açúcar, leite e creme de leite: 100%. • Cigarros contendo tabaco e fumo: 150%. • Entre outros. c) D- Base de Cálculo: a) a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada na Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB), quando a alíquota for específica (aquela alíquota que prevê importâncias fixas, aplicáveis em relação aos modos de apresentação do produto exportado). Por exemplo: teremos um imposto de tantos reais por tonelada, ou por comprimento (art. 20, I, CTN); 21 b) a expressão monetária do produto exportado, isto é, o preço normal – valor aduaneiro previsto no inciso VII, n. 2, do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT – Decreto n. 92.930/86), quando a alíquota for ad valorem (aquela que incidirá sobre o valor aduaneiro do produto exportado); A base de cálculo, desse modo, é o preço normal que o produto alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional. Portanto, o Fisco não está vinculado ao valor consignado na fatura comercial. c) o preço da arrematação do produto adquirido em licitação, que não é o preço normal ou de referência da mercadoria. E- Art. 28 CTN: diz que a receita líquida do imposto de exportação destina-se a formação de reservas monetárias na forma da lei. Flagrante violação ao Art167, IV da CF que proíbe a vinculação de receita de impostos a qualquer órgão, fundo ou despesa. Leandro Paulsen é enfático em dizer que o artigo NÃO FOI RECEPCIONADO pela CF/88. Ele tinha suporte na CF/46, pois há a expressa VEDAÇÃO no art. 167, IV, da CF. Porém, em uma prova objetiva, caso a questão cobre a literalidade do CTN, citando o artigo 28, a resposta seria correta. F - Sobre os princípios constitucionais: O Imposto exportação é exceção: ✓ À LEGALIDADE: art. 153, §1º CF; ✓ À ANTERIORIDADE (anual e nonagesimal): art. 150, §1º CF. G- Desoneração e Incidência: o IE é pouco cobrado nos países, uma vez que retira a competitividade do produto nacional no comércio internacional. Obs: Imunidades nas exportações no Brasil: o texto constitucional prevê regras de isenção sobre a exportação para o ISS (art. 156, § 3º, II, CF), a par de regra de imunidade para o ICMS (art. 155, § 2º, X, CF) e para o IPI (art. 153, § 3º, III, CF). EXERCÍCIOS 22 Questão 1 Questão 2 ESTUDOS DE CASO 1) Determinada empresa efetuou a declaraçãode importação de veículos da Alemanha no SISCOMEX no dia 05/06/2010. Nesta data, a alíquota prevista para o Imposto de Importação era de 30%. Durante a vinda dos bens ao Brasil, o governo aumentou a alíquota do II para 45%, sendo esta a alíquota em vigor no momento em que os veículos transpuseram a fronteira brasileira. Os bens permaneceram por 5 dias em armazém alfandegado, período no qual o governo brasileiro novamente majorou a alíquota do II para 50%. O desembaraço 23 aduaneiro ocorreu, assim, sob a vigência desta alíquota. Diante deste caso, da legislação sobre o II e da jurisprudência consolidada, qual a alíquota que deve ser aplicada neste caso? Você concorda com este entendimento? Justifique. Alíquota de 50%. STF RE 73.419/73 2) Em 2018, ao constatar os riscos representados pela importação irrestrita e crescente de equipamentos de informática, o governo brasileiro resolveu aumentar as alíquotas do imposto de importação sobre esses equipamentos, com aplicação imediata. Essa medida poderia ser tomada? Sim. Exceção princ. legalidade (art. 153, §1º CF) e anterioridade (art. 150, §1º CF). 3) Na intenção de que a produção agrícola não seja exportada, pela necessidade do consumo interno, o governo federal aumentou, por decreto, a alíquota do Imposto de Exportação para 160%, com vigência na data de publicação do ato. O produto da arrecadação do imposto constituirá reserva monetária. Comente a situação. A alíquota não poderá ser superior a 150%, por força do parágrafo único do art. 3º, do DL 1.578/79. A arrecadação do imposto não poderá ser vinculada, conforme art 167, IV CF. 4) Disserte sobre o regime DRAWBACK. Regime aduaneiro especial instituído em 1966, que consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produtos para exportação. 24 15.3 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) Art. 153, IV da CF; arts. 46 a 51 CTN Decreto 7.212/10: em seus mais de 600 artigos regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do IPI. TIPI: TABELA DE INCIDÊNCIA PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS -DECRETO 8.950/16 - Lançamento por homologação - Extrafiscal: porém, a arrecadação do IPI é a segunda entre os impostos federais (só é menor que a do IR), o que demonstra que a finalidade fiscal ganhou grande relevância, justificando o pleito de que se estendesse ao tributo alguma garantia que protegesse o contribuinte contra a elevação repentina da carga do imposto. Ao editar a Emenda Constitucional 42/2003, o legislador constituinte derivado atendeu aos pleitos dos contribuintes, estendendo a noventena aos tributos em geral e não excetuando o IPI. Em síntese, no que concerne ao princípio da não surpresa, o IPI é exceção à. anterioridade do exercício financeiro, embora seja submetido à noventena, conforme predispõe o art. 150, § 1.º, da CF/1988 (Ricardo Alexandre, 2017, p. 665). - O IPI é exceção: ✓ À LEGALIDADE: art. 153, §1º CF; ✓ À ANTERIORIDADE (somente anual, devendo obedecer à noventena): art. 150, §1º CF. 15.3.1 REGRAMENTO CONSTITUCIONAL 25 I- SELETIVIDADE (art. 48 CTN) O imposto sobre produtos industrializados é necessariamente seletivo, de forma que suas alíquotas devem ser fixadas de acordo com a essencialidade do produto, sendo menores para os gêneros considerados essenciais e maiores para os supérfluos (CF, art. 153, § 3.º, I). ·O objetivo final do princípio é conseguir, de maneira indireta, graduar a carga tributária do imposto de acordo com a capacidade contributiva dos consumidores, uma vez que os produtos essenciais são consumidos por todas as classes sociais, devendo, justamente por isso, estar sujeitos a uma suave ou inexistente carga tributária. Já os gêneros supérfluos são presumidamente consumidos apenas (ou, ao menos, principalmente) pelas pessoas das classes sociais mais privilegiadas, devendo ser tributados de uma maneira mais gravosa. SELETIVIDADE: incidência de alíquotas variam à razão da essencialidade, ou da superfluidade, ou da nocividade do bem. Essencialidade: qto mais essencial for o bem, menor será o imposto. (Razão inversa da essencialidade) Superfluidade: qto mais supérfluo for o bem, maior será o imposto. (Razão direta da superfluidade) 26 Nocividade: qto mais nocivo for o bem, maior será o imposto. (Razão direta da nocividade) Sobre os impostos seletivos: ICMS: ART. 155,§ 2º, III CF – seletividade de natureza facultativa IPI: ART. 153, § 3º, I CF – seletividade obrigatória II- NÃO CUMULATIVIDADE (art. 49 CTN) Outro princípio a ser obrigatoriamente obedecido pelo IPI é o da não cumulatividade, permitindo-se a compensação do que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores (CF, art. 153, § 3º, II). A não cumulatividade é técnica que tem por objetivo limitar a incidência tributária nas cadeias de produção e circulação mais extensas, fazendo com que, a cada etapa da cadeia, o imposto somente incida sobre o valor adicionado nessa etapa. Assim, ao final da cadeia, o tributo cobrado jamais será maior que o valor da maior alíquota, multiplicado pelo valor final da mercadoria. No Código Tributário Nacional, a não cumulatividade do IP! está disciplinada no art. 49, nos seguintes termos: Art. 49. O imposto é não cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. 27 III- NÃO INCIDIRÁ O IPI O legislador imunizou as exportações de produtos industrializados à incidência do IPI (CF, art. 153, § 3º, III). Por força .de outros dispositivos constitucionais, são também imunes ao IPI: ✓ - os livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão ( CF, art. 150, VI, d); ✓ - o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial (CF, art. 153, § 5º); ✓ - energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais no País (CF, art. 155, § 3º). 28 IV- INCENTIVO NA AQUISIÇÃO DE BENS DE CAPITAL Com o advento da EC 42/2003, passou-se a prever que o IPI terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. O objetivo do benefício foi incentivar a aquisição de bens de capital (primordialmente, as máquinas) por parte do industrial, principal contribuinte do imposto. Os destinatários são aqueles que têm dúvidas entre manter seus recursos investidos no sistema financeiro ou aplicá-los na chamada "economia real". O que se tenta é estimulá-los a decidir por seguir a segunda opção, fomentando o desenvolvimento. 15.3.2 SUJEITO PASSIVO (art. 51 CTN) Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior; IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante. 15.3.3 FATO GERADOR (art. 46 CTN) O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. 29 Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado* o produto que tenha sido submetido a qualqueroperação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. *Conceito de industrialização Considera -se industrializado, para fins de incidência de IPI, o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para consumo, tais como a transformação, o beneficiamento, a montagem etc. Assim: a) Transformação: com ela, o produto “velho” perde a “individualidade”. É processo mecanizado (ou semimecanizado), automatizado (ou semiautomatizado) exercido sobre matéria -prima (ou produto intermediário), que lhe dá nova forma e finalidade, fazendo surgir um produto com forma, fins e conceitos diversos daqueles que lhe vieram compor na acepção de matéria-prima ou produto intermediário. O bem resultante da transformação tem nova classificação na tabela do IPI (nova classificação de nomenclatura nacional de mercadorias). Por exemplo: – transformação de madeira serrada, de outras matérias -pri mas (tecido, espuma, molas) e de outros produtos intermediá rios (arames, pregos, colas), em um produto novo: a poltrona estofada; – transformação do granito em blocos de pedra -sabão, para asfaltamento (Súmula n. 81 do TFR); b) Beneficiamento: processo de modificação, aperfeiçoamento embelezamento ou alteração de funcionamento de um produto já existente. Nesse processo o produto resultante fica na mesma classificação fiscal originária, ou seja, não tem nova classificação na nomenclatura brasileira de mercadorias. Por exemplo: – envernizamento de móveis, com colocação de puxadores e frisos; – mudança no veículo de cabine simples para cabine dupla; c) Montagem: reunião de produtos e peças já existentes em nova sistematização, resultando em produto novo, quanto à ampliação, funcionamento ou finalidade. Nesse caso, as peças ou partes não perdem sua “individualidade” na obtenção de um produto novo. Nesse processo, o produto surgido pode ter nova classificação fiscal ou manter a do produto originário da montagem. Por exemplo: a própria montagem de veículos, em que praticamente todos os componentes são fabricados por outras empresas e, depois, reunidos, sistematizados e montados pela montadora de veículos; d) Acondicionamento ou reacondicionamento: processo de alteração da embalagem visual do produto, ou seja, modificação da apresentação do produto ao seu consumidor, criando-lhe nova proposta de consumo, novo visual e novo estímulo à aquisição. Exclui -se desse processo a mera alteração de embalagem para fins de transporte. Exemplo: estojo de produtos de higiene pessoal, composto por um sabonete, um perfume e um talco. Esses três produtos são colocados em um estojo, cuja finalidade de embalagem não se atrela ao próprio transporte, e sim à necessidade de criar um visual convidativo, diferenciado, ao ímpeto do consumidor. Esse estojo terá uma classificação fiscal correspondente ao produto do estojo da alíquota maior; e) Renovação ou recondicionamento: é a renovação exercida em um produto usado ou inutilizado, restaurando -lhe a utilização, como se novo voltasse a ser. O produto resultante do processo continua a ter a classificação fiscal originária. Por exemplo: recondicionamento de baterias, de amortecedores. Obs: Ressalte -se que “a legislação do IPI amplia o conceito de produto industrializado, nele incluindo operações como o simples acondicionamento, ou embalagem, que na verdade não lhe modificam a natureza, nem a finalidade, nem o aperfeiçoam para o consumo. Tal ampliação viola o art. 46, parágrafo único, do CTN. Configura, outrossim, flagrante inconstitucionalidade, na medida em que o conceito de produto industrializado, utilizado pela Constituição para definir a competência tributária da União, não pode ser validamente ampliado pelo legislador ordinário”16 (art. 110, CTN) (Eduardo Sabbag, 2018). IMPORTANTE: 1º CASO: INCIDÊNCIA IPI CARRO IMPORTADO POR PESSOA FÍSICA ✓ 1ª Turma STJ, no REsp 1.396.488/SC – Fev. 2015: “não incide IPI no desembaraço aduaneiro de veículo importado por consumidor para uso próprio”. ✓ STF, RE723.651, Fev. 2016: passou a defender a incidência do IPI, em uma impactante virada jurisprudencial. A radical mudança de posicionamento levou a Corte Suprema a conceber como válida a incidência do IPI e, importação de 30 veículos automotores por pessoa física, ainda que esta não desempenhe atividade empresarial e o faça para uso próprio. A matéria é tema de repercussão Geral* Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/ * Repercussão Geral: Instituto processual pelo qual se reserva ao STF o julgamento de temas trazidos em recursos extraordinários que apresentem questões relevantes sob o aspecto econômico, político, social ou jurídico e que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. Foi incluído no ordenamento jurídico pela Emenda Constitucional n. 45/2004 e regulamentado pelos arts. 322 a 329 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e pelos arts. 1.035 a 1.041 do Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015) (fonte: http://www.stf.jus.br/portal/). STJ se alinhou ao Supremo ao definir que incide IPI sobre veículo importado para uso próprio Após decisão do Supremo Tribunal Federal em âmbito de repercussão geral, a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça revisou o Tema 695 dos recursos repetitivos para concluir que, nas hipóteses de importação de veículo por pessoa física para uso próprio, incide o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). STJ se alinhou ao Supremo ao definir que incide IPI sobre veículo importado para uso próprio Lamborghini / Divulgação A tese fixada pelos ministros foi a seguinte: "Incide IPI sobre veículo importado para uso próprio, haja vista que tal cobrança não viola o princípio da não cumulatividade nem configura bitributação". 31 No caso específico, o colegiado negou provimento ao recurso especial do contribuinte. Em 2015, a 1ª Seção deu provimento a esse recurso e fixou tese no sentido da não incidência do IPI na hipótese. A Fazenda Nacional entrou com recurso extraordinário, o qual ficou sobrestado até o julgamento da controvérsia por parte do STF. Ao analisar o tema, o STF definiu que o IPI incide nesse tipo de importação. "Nesse contexto, o Superior Tribunal de Justiça, após o julgamento do RE 723.651, sob a relatoria do ministro Marco Aurélio de Mello, diante do efeito vinculante dos pronunciamentos emanados em via de repercussão geral, passou a adotar o posicionamento do STF segundo o qual incide o IPI na importação de automóvel por pessoas físicas para uso próprio, haja vista que tal cobrança não viola o princípio da não cumulatividade nem configura bitributação", explicou o relator do caso na Primeira Seção, ministro Francisco Falcão. Com informações da assessoria de imprensa do STJ. REsp 1.396.488 https://www.conjur.com.br/2019-set-27/stj-revisa-tese-ipi-importacao-carro-pessoa-fisica 2º CASO: NOVA INCIDÊNCIA IPI NO MOMENTO DA SAÍDA DE PRODUTO DE PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA DO ESTABELECIMENTO DO IMPORTADOR, APÓS A INCIDÊNCIA ANTERIOR DO IMPOSTO NO DESEMBARAÇO ADUANEIRO ✓ 2ª Turma STJ, no REsp 1.429.656/PR – Fev. 2014: entendeu que era legítima a nova incidência IPI no momento da saída de produto de procedência estrangeira do estabelecimento do importador, após a incidência anterior do imposto no desembaraço aduaneiro, a partir de dispositivos afetos ao fato gerador (art. 46, II CTN e art. 51, parágrafo único, CTN). ✓ 1ª Turma STJ, no EREsp 1.411.749/PR – Jun. 2014: entendeu que: “havendo incidência do IPI no desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira (art. 46, I, CTN) , não é possível nova cobrança do tributo na saída do produto do estabelecimento do importador (arts. 46, II, CTN e 51, parágrafo único, CTN), salvo https://www.conjur.com.br/2019-set-27/stj-revisa-tese-ipi-importacao-carro-pessoa-fisica32 se, entre o desembaraço aduaneiro e a saída do estabelecimento do importador, o produto tiver sido objeto de uma das formas de industrialização (art. 26, parágrafo único, CTN)”. Aqui a Corte superior entendeu que se os produtos chegarem em fase de industrialização encerrada, para revenda no mercado nacional, sem qualquer modificação, não incidirá nova cobrança do IPI, na saída do produto do estabelecimento do importador. ✓ Corte Especial do STJ, outubro de 2015 (EREsp 1.403.532/SC) em Recurso Repetitivo: “é legítima a incidência de IPI na saída do produto importado para revenda”. Não há que cogitar de bis in idem, pois tratam-se de fatos geradores distintos: (i) desembaraço aduaneiro restante da operação de compra do produto industrializado do exterior; (ii) saída do produto industrializado do estabelecimento do importador equiparado a estabelecimento do produtor (a primeira tributação recai sobre o preço da compra e a segunda sobre o preço da venda). Desse modo, quando há um importação de bem para uma posterior revenda no mercado interno, o IPI incide duas vezes, uma no desembaraço aduaneiro; outra, na saída do produto do estabelecimento do importador. Obs: atendendo o princípio da não cumulatividade, o valor da saída pode ser compensado com o valor pago ao momento do despacho aduaneiro, com exceção se a revenda for para a Zona Franca de Manaus (ou outras regiões incentivadas), pois a saída não deverá ser tributada. VISÃO DO STJ, EM RECURSO REPETITIVO (EREsp 1.403.532/SC, em 14.10.2015) FATO GERADOR DO IPI (2 MOMENTOS A INCIDIR O IMPOSTO) Art. 46, I, do CTN Art. 46, II, CTN c/c art. 51, parágrafo único, CTN. Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; (...) Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: (...) II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; Art. 51. Contribuinte do imposto é: (...) 33 Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante. (OAB - XXX Exame) A pessoa jurídica X, na condição de importadora de produtos industrializados, ajuizou medida judicial pleiteando a restituição de valores pagos a título de Imposto sobre Produtos Industrializados (“IPI”). No caso em questão, o contribuinte pagou o tributo em operação de revenda por ocasião da saída de seu estabelecimento e entendeu que o pagamento foi feito indevidamente, uma vez que não houve processo de industrialização no Brasil. Em seu pleito, a pessoa jurídica X requereu, em sede de antecipação de tutela, a compensação dos valores pagos a título de IPI, objeto de contestação. Com base nos fatos apresentados acima, responda ao item a seguir. A) A ausência de operação de industrialização no Brasil inviabiliza a cobrança do IPI na revenda pelo importador? Não. A ausência de operação de industrialização no Brasil em relação ao produto importado não impede a cobrança do IPI na revenda pelo importador, pois de acordo com o Art. 46, inciso II, do CTN, o IPI tem como fato gerador a saída do produto industrializado do estabelecimento do importador. Assim, tendo em vista a ocorrência do fato gerador, o tributo é devido. 15.3.4 BASE DE CÁLCULO (art. 47 CTN) A base de cálculo do imposto é: I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante: a) do imposto sobre a importação; b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; II - no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente; III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação. A base de cálculo do IPI é variada, conforme o FATO GERADOR, à luz do art. 46 do CTN: 34 FATO GERADOR BASE DE CÁLCULO O desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira (art. 46, I, CTN). O preço normal (art. 47, I, CTN). A saída do produto industrializado do estabelecimento de qualquer natureza, ou seja, de importador, industrial, comerciante ou arrematante (art. 46, II, CTN c/c art. 51, parágrafo único, CTN). O valor da operação de que decorre a saída da mercadoria (art. 47, II, “a”, CTN). A arrematação do produto industrializado, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão (art. 46, III, CTN). O próprio preço da arrematação (art. 47, III, CTN). 4.3.5 ALÍQUOTAS O IPI é imposto proporcional, uma vez que, em princípio, sua alíquota varia de forma constante, em função da grandeza econômica tributada. Em abono à seletividade do IPI, as alíquotas do vertente gravame variam de 0% (zero) a 365,63% (no caso de cigarros). O IPI será calculado mediante aplicação da alíquota do produto (constante da TABELA DE INCIDÊNCIA DE IPI -TIPI, que tem por base a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), constante do Decreto n. 2.376/97), sobre o respectivo valor tributável. Destaque -se que a arrecadação oriunda de bebidas, cigarros e veículos perfaz a maior parte da arrecadação deste imposto. ATIVIDADE A Empresa XXX S/A, produtora de cosméticos recolheu a maior o IPI incidente sobre a saída dos respectivos produtos vendidos a terceiros, tendo sido incluído, no preço da venda, o montante do tributo. Verificado o equívoco, a empresa ingressou com pedido, junto à Receita Federal competente, ao efeito de ser declarado o pagamento indevido e restituído o seu montante. A Receita Federal reconheceu o pagamento indevido, tendo, contudo, negado o pedido de restituição. 35 Esclareça se é possível a repetição do indébito no caso vertente, quem deveria requerer e com qual fundamento. Justifique com base no ordenamento jurídico em vigor. Dicas: - Citar o artigo 165 do CTN ou esclarecer o cabimento da repetição do indébito, em função do pagamento a maior realizado pela empresa. - Identificar que o IPI é tributo indireto, ou seja, o ônus financeiro é, via de regra, suportado por terceiro, chamado de contribuinte de fato. A norma do Código Tributário Nacional sobre a questão é o artigo 166 do CTN, onde fica consignado que cabe a restituição do tributo pago a maior, desde que provado pelo requerente que suportou o encargo financeiro, ou está autorizado a receber o valor pago de forma equivocada por quem ficou com este ônus. Ver Súmula 546 do STF. Endereçamento... NOME DA EMPRESA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., com sede na Rua..., nº..., Cidade ..., Estado ..., CEP nº ..., endereço eletrônico ..., vem respeitosamente, perante vossa excelência, por intermédio de seu advogado abaixo assinado (procuração anexa), com escritório na Rua ..., nº ..., Bairro ..., Cidade ..., CEP nº ..., onde recebe intimações, propor, com fulcro nos artigos 319 do Código de Processo Civil - CPC, 165, I (e 166, para tributo indireto) do Código Tributário Nacional - CTN, a presente AÇÃO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO Em face da União/Estado/Munícipio, Fazenda Pública... pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., com sede na Rua ..., nº ..., Bairro ..., Cidade ..., CEP nº ..., Endereço eletrônico ..., pelos motivos de fato a direito abaixo aduzidos: 1. Dos Fatos Narrar os fatos de acordo com a proposta de peça da prova e finalizar com a frase de fechamento. “Assim , não restou outra alternativa ao autor senão acionar o Judiciário”2. Da Tempestividade https://app.vlex.com/vid/38859567/node/165 https://app.vlex.com/vid/38859567 https://app.vlex.com/vid/38859567 https://app.vlex.com/vid/38859567/node/166 https://app.vlex.com/vid/38859567 https://app.vlex.com/vid/40924035 https://app.vlex.com/vid/40924035 36 Nos termos do artigo 168, I, do CTN, o sujeito passivo tem cinco anos, a contar da extinção do crédito tributário, para pleitear restituição. Considerando que, nos tributos sujeitos a lançamento de oficio e por declaração, a extinção do crédito tributário ocorre com o pagamento indevido ou a maior, a presente ação é tempestiva. Sugestão para tributos sujeitos a lançamento por homologação: Por decorrência do art 3º da LC nº 118/ 2005, entende-se extinto o crédito tributário para tributos sujeitos a lançamento por homologação na data do pagamento antecipado; logo a presente ação é tempestiva. 3. Do Direito 1º Parágrafo – apresentar a norma 2º Parágrafo – subsunção do fato a norma 3º Parágrafo – conclusão 4. Da Correção dos Juros Para Tributos Estaduais, Distritais e Municipais: Nos termos do artigo 167 parágrafo único, do CTN, a aplicação dos juros devera ser a partir do trânsito em julgado. No mesmo sentido, menciona-se a Súmula nº 162 do STJ. E a correção será o pagamento indevido, conforme entendimento da Súmula nº 188 do a STJ. No caso dos tributos Federais: Á luz do artigo 39, § 4º , da Lei nº 9.250/95, aplica-se a taxa do SELIC desde o pagamento indevido do tributo. 5. Dos Pedidos a) A citação do réu para que, caso queira, apresente resposta, sob as penas de revelia, declarando o autor o desinteresse na designação de audiência de conciliação, nos termos do artigo 319, VII, do CPC (realizar esse pedido de acordo com a proposta); b) Que seja julgado procedente a ação/ o pedido, a fim de condenar a Ré à restituição das quantias pagas indevidamente; 37 c) Que seja calculada a restituição, juntamente com a correção monetária, nos termos do artigo 167, Parágrafo Único, do CTN, Súmula nº 162 e 188 do STJ (se tributos municipais ou estaduais) e com base no artigo 39, §4º, da Lei nº 9.250/95 (se tributos federais); d) A condenação da ré nas custas e honorários de sucumbência, de acordo com os artigos 82 a 85, §3º, do CPC; e) A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a prova documental, conforme art. 319, VI, do CPC). Dá-se a causa o valor de R$ ........ Nestes termos, Pede deferimento Local e Data Advogado OAB nº 15.4 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO OU SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS (IOF) Art. 153, V da CF; arts. 63 a 67 CTN Decreto 6.306/07: regulamenta o IOF - Lançamento por homologação - Extrafiscal: O IOF tem função preponderantemente extrafiscal, uma vez que serve como instrumento da União para regular o mercado financeiro. Segundo Hugo de Brito Machado o IOF é muito mais um instrumento de manipulação da política de crédito, câmbio e seguro, assim como de títulos e valores mobiliários, do que um simples meio de obtenção de receitas, embora seja bastante significativa a sua função fiscal, porque enseja a arrecadação de somas consideráveis. 38 - É classificado como um imposto direto, pois quem suporta o ônus econômico da tributação é o próprio contribuinte, não havendo transferência do encargo financeiro para um terceiro. - O IOF é exceção: ✓ À LEGALIDADE: art. 153, §1º CF; ✓ À ANTERIORIDADE (anual e noventena): art. 150, §1º CF. A alteração das alíquotas do IOF pode ser feita apenas por decreto do Presidente da República? A resposta é negativa. O STJ entende que é possível a alteração de alíquota do IOF por meio de portarias interministeriais (REsp 1.123.249, Rei. Min. Eliana Calmon, 2a Turma, j. 17.11.2009). Vale a observação de que apenas as alíquotas podem ser alteradas pelo Poder Executivo, para ajustar o imposto aos objetivos da política monetária. A base de cálculo só pode ser alterada por lei, uma vez que a CF não recepcionou o art. 65 do CTN que permite a alteração da base de cálculo por ato infralegal. 4.4.1 DA INCIDÊNCIA – FATO GERADOR (art. 2º Dec. 6.306/07) I - operações de crédito II - operações de câmbio III - operações de seguro realizadas por seguradoras IV - operações relativas a títulos ou valores mobiliários V - operações com ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial 39 EXPLICANDO OS FATOS GERADORES I) Operações de crédito (arts. 3º ao 10, Dec. 6.306/07) ✓ Art. 3º- Fato Gerador: Aqui, o fato gerador é a efetivação da operação de crédito pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado. Operação de crédito é aquela em que uma das partes se obriga a uma prestação futura, enquanto a outra, credora da prestação futura, tem como obrigação a entrega de bens ou direitos presentes. O exemplo: empréstimo de dinheiro. O saque efetuado em· caderneta de poupança pode ser equiparado à operação de crédito? De acordo com a doutrina e com a jurisprudência, não se pode classificar como operação de crédito um mero saque efetuado em caderneta de poupança. Embora o art. 1º, V, da Lei 8.033/1990 tenha definido o saque efetuado em caderneta de poupança como uma das hipóteses de incidência do IOF, o STF declarou a inconstitucionalidade desse dispositivo, sob o fundamento de que o saque em conta de poupança não representa uma promessa de prestação futura: TRIBUTÁRIO. IOF SOBRE SAQUES EM CONTA DE POUPANÇA. LEI N° 8.033, DE 12.04.90, ART. 1°, INCISO V. INCOMPATIBILIDADE COM O ART. 153, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O saque em conta de poupança, por não conter promessa de prestação futura e, ainda, porque não se reveste de propriedade circulatória, tampouco configurando título destinado a assegurar a disponibilidade de valores mobiliários, não pode ser tido por compreendido no conceito de operação de crédito ou de operação relativa a títulos ou valores mobiliários, não se prestando, por isso, para ser definido como hipótese de incidência do IOF, previsto no art. 153, V, da Carta Magna. Recurso conhecido e improvido; com declaração de inconstitucionalidade do dispositivo legal sob enfoque. (RE 232.467, 1999). Esse entendimento foi cristalizado na súmula 664 do STF, segundo a qual é inconstitucional o inciso V do art. 1 o da lei 8.033/1990, que instituiu Incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros – IOF, sobre saques efetuados em caderneta de poupança. Também não incide o imposto sobre operações financeiras sobre depósitos judiciais (súmula 185 do STJ). A incidência do IOF sobre depósitos judiciais não está prevista na Lei 8.033/90, sendo uma criação da Instrução Normativa 62/1990, do diretor do Departamento da Receita Federal, o que configura uma ofensa ao princípio da legalidade tributária. Justamente por isso, o STJ decidiu que o princípio da legalidade não autoriza a incidência do IOF na liberação de depósitos judiciais para garantia da instância. Tais 40 procedimentos não são operações financeiras para fins de tributação (STJ, REsp 226.027, Rei. Min. José Delgado, 1ª Turma). ✓ Arts. 4º e 5º - Sujeito Passivo / responsável: Contribuintes do IOF são as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras de crédito. No caso de alienação de direitos creditórios resultantes de vendas a prazo a empresas de factoring, contribuinte é o alienante pessoa física ou jurídica. São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional: I - as instituições financeiras que efetuarem operações de crédito; II - as empresas de factoring adquirentes do direito creditório, nas hipóteses da alínea “b” do inciso I do art. 2º ; III - a pessoa jurídica que conceder o crédito,nas operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros. ✓ Art. 6º - Alíquota: máxima 1,5% ao dia, sobre o valor das operações de crédito (base de cálculo). ✓ Art. 7º - Base de Cálculo: o montante da operação, compreendendo o principal mais juros. II) Operações de câmbio (arts. 11 ao 17, Dec. 6.306/07) ✓ Art. 11- Fato Gerador: câmbio é a entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este. ✓ Arts. 12 e 13 - Sujeito Passivo / responsável: Contribuintes do IOF são os compradores ou vendedores de moeda estrangeira nas operações referentes às transferências financeiras para o ou do exterior, respectivamente. São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional as instituições autorizadas a operar em câmbio. ✓ Art. 15 - Alíquota: máxima 25% sobre o montante em moeda nacional, correspondente ao valor da moeda estrangeira, da operação de câmbio (base de cálculo). ✓ Art. 14 - Base de Cálculo: montante em moeda nacional, correspondente ao valor da moeda estrangeira, da operação de câmbio. 41 III) Operações de Seguro (arts. 18 ao 24, Dec. 6.306/07) ✓ Art. 18- Fato Gerador: é o recebimento do prêmio. ✓ Arts. 19 e 20 - Sujeito Passivo / responsável: Contribuintes do IOF são as pessoas físicas ou jurídicas seguradas. São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional as seguradoras ou as instituições financeiras a quem estas encarregarem da cobrança do prêmio. ✓ Art. 22 - Alíquota: máxima 25% sobre o valor do prêmio pago (base de cálculo). ✓ Art. 21 - Base de Cálculo: montante do valor do prêmio pago. IV) Operações relativas a Títulos e Valores Mobiliários (arts. 25 ao 35, Dec. 6.306/07) ✓ Art. 25 - Fato Gerador: a aquisição, cessão, resgate, repactuação ou pagamento para liquidação de títulos e valores mobiliários. ✓ Arts. 26 e 27 - Sujeito Passivo / responsável: Contribuintes do IOF são: I - os adquirentes, no caso de aquisição de títulos ou valores mobiliários, e os titulares de aplicações financeiras, nos casos de resgate, cessão ou repactuação; II - as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional as instituições elencadas nos incisos I ao VI (art. 27), como por exemplo: I - as instituições autorizadas a operar na compra e venda de títulos e valores mobiliários; II - as bolsas de valores. ✓ Arts. 29 a 33 - Alíquotas: variáveis Obs: Tributação do IOF no Tesouro Direto: IOF Regressivo 42 Fonte: http://www.itauinvestnet.com.br/itauinvestnet/fundos/conheca_fundos/iof_pop.htm ✓ Art. 28 - Base de Cálculo: diversas, como exemplo, valor da aquisição, resgate, cessão ou repactuação de títulos e valores mobiliários; operação de financiamento realizada em bolsas de valores. V) Operações com Ouro (arts. 36 ao 40, Dec. 6.306/07) ✓ Art. 36- Fato Gerador: negócio jurídico com o ouro, devido na operação de origem, com a finalidade de ativo financeiro ou instrumento cambial. Art. 36. O ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial sujeita-se, exclusivamente, à incidência do IOF (Ver Lei no 7.766, de 1989, art. 4o) (ver art 153, §5º CF). § 1o Entende-se por ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial, desde sua extração, inclusive, o ouro que, em qualquer estado de pureza, em bruto ou refinado, for destinado ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do País, em operação realizada com a interveniência de instituição integrante do Sistema Financeiro Nacional, na forma e condições autorizadas pelo Banco Central do Brasil. ✓ Art. 37 - Sujeito Passivo / responsável: Contribuintes do IOF são as instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil que efetuarem a primeira aquisição do ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial. http://www.itauinvestnet.com.br/itauinvestnet/fundos/conheca_fundos/iof_pop.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7766.htm#art4 43 ✓ Art. 39 - Alíquota: 1% sobre o preço de aquisição (base de cálculo). ✓ Art. 21 - Base de Cálculo: o preço de aquisição. Pergunta-se: a determinação constitucional da incidência única do IOF sobre o ouro definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial pode ser considerada uma imunidade tributária? Sim. A doutrina observa que a incidência única acima referida traduz- se numa imunidade para as operações subsequentes. Além disso, haveria imunidade também em relação a outros tributos que viessem a ser instituídos sobre o ouro como ativo financeiro, pois o art. 153, § 5° da CF é expresso ao dizer que o· ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF. Atenção: • Art 67CTN não foi recepcionado, por força do art. 167, IV CF, sobre o princípio da não afetação dos impostos. • IOF e factoring: a matéria foi prevista no art. 58 da Lei 9.532/97. Pergunta-se: haveria inconstitucionalidade no art. 58 da Lei 9.532/97 ao prever a Incidência do IOF sobre operações de factoring, praticadas por instituições não- financeiras? Apesar de a constitucionalidade desse dispositivo ter sido questionada perante o Supremo Tribunal Federal, esta Corte entendeu que, mesmo que a operação de factoring não configurasse uma operação de crédito, é admissível sua classificação dentro do espectro de operações relativas a títulos ou valores mobiliários. Ou seja, mesmo as instituições distintas das financeiras, ao praticarem operações de factoring, estariam sujeitas à incidência do IOF. Além disso, não houve, na CF ou no CTN, ao tratar sobre os contribuintes do IOF, qualquer limitação que justifique sua exigência apenas em relação às instituições financeiras. O IOF incide sobre as operações de factoring (ADInMC 1.763-DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Pleno, j. em 20-08-1998), enquanto não deve incidir sobre as operações de poupança (RE 232.467-SP, rel. Min. Ilmar Galvão, Pleno, j. em 29-09-1999). Sobre a matéria ver o art. 3º, II do Decreto 6.306/07. 44 ATIVIDADES 1 - (ESAF- Analista-Tributário) O ouro, quando não for considerado como simples metal, mas definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do_____________ . Esse imposto é devido na operação_________ . Está sujeito à alíquota___________, já estabelecida na Constituição. O produto da arrecadação pertence ___ ______________. a) ICMS I de origem I máxima I ao Estado. b) ICMS I de destino I máxima I ao Estado de destino. c) IOF I de origem I mínima I ao Estado e ao Município de origem. d) IOF I de origem I máxima I A União e, compartilhadamente, ao Estado e Município de origem. e) IOF I de destino I mínima I ao Estado e ao Município de destino. 2 - (Vunesp - Procurador do Município - Prefeitura São José dos Campos-SP/2012) Em razão de permissivo constitucional, é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas de determinados impostos. Dentre eles, pode ser citado o imposto sobre a) a propriedade territorial rural. b) operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários. c) renda e proventos de qualquer natureza. d) propriedade de veículos automotores. e) propriedade predial e territorial urbana. 3 - (ESAF - Auditor-Fiscal- RFB/2009) Analise os itens a seguir, classificando-os como verdadeiros (V) ou falsos(F). Em seguida, escolha a opção adequada às suas respostas: I. as operações de câmbio constituem fato gerador do IOF – imposto sobre operações decrédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; 11. o câmbio traz um comércio de dinheiro, no qual este se torne mercadoria e, como tal, tem custo e preço; 111. operações de câmbio são negócios jurídicos de compra e venda de moeda estrangeira ou nacional, ou, ainda, os negócios jurídicos consistentes na entrega de uma determinada moeda a alguém em contrapartida de outra moeda recebida. a) Somente o item I está correto. b) Estão corretos somente os itens I e 11. c) Estão corretos somente os itens I e 111. d) Todos os itens estão corretos. e) Todos os itens estão errados. 4 - (FCC - Procurador do Município - Prefeitura São Paulo-SP) Em relação aos impostos, haverá exceção aos princípios da anterioridade anual e nonagesimal a majoração de: a) alíquotas do IPI. b) alíquotas do IR. c) alíquotas do IOF. d) base de cálculo do IPTU. e) base de cálculo do IPVA. 45 5- (CESPE- Procurador do MPTCDF- 2013) "Nas operações de câmbio, o fato gerador do imposto sobre operações de crédito câmbio e seguro (IOF) consiste na efetivação da operação - configurada pela entrega de moeda nacional ou estrangeira ou de documento que a represente - ou na colocação à disposição do interessado do montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional por ele entregue ou por ele posta à disposição". CERTO ( ) ERRADO ( ) 6- (CESPE- Promotor de Justiça - Pl - 2012) "O saque em caderneta de poupança não atrai a incidência do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, nem sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários, visto que a referida operação não se enquadra em seu fato gerador:' CERTO ( ) ERRADO ( ) QUESTAO DISCURSIVA (CESPE- Procurador do Banco Central- 2009) Uma pessoa jurídica, atacadista de gêneros alimentícios, contratou a empresa de factoring Alfa-7, para a prestação de serviços referentes a avaliação de riscos, seleção de créditos e gerenciamento de contas a receber e a pagar, associada à aquisição pro soluto de créditos. No curso da execução do contrato, a empresa Alfa-7 foi obrigada a recolher o imposto sobre operações financeiras (IOF), inclusive sobre saques em caderneta de poupança de sua titularidade. Considerando a situação hipotética apresentada acima e as normas aplicáveis ao IOF, redija um texto dissertativo que responda, de modo justificado, aos seguintes questionamentos. A< O IOF incide sobre operações de factoring praticadas por instituições distintas das financeiras? B< É legítima a incidência do IOF nos saques em caderneta de poupança? C< Quais operações configuram o fato gerador do IOF? 15.5 IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR) Art. 153, VI da CF; arts. 29 a 31 CTN Lei 9.393/96 regulamentada pelo Decreto 4.382/02 - Lançamento por homologação 15.5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS Distingue-se do IPTU, já que, enquanto o ITR tributa propriedade rural, O IPTU recai sobre imóveis urbanos. Além disso, o imposto federal incide apenas sobre o imóvel por natureza, 46 sem que se considere eventuais acessões físicas, ao contrário do IPTU, que, como o próprio texto constitucional indica, ao mencionar o adjetivo "predial” recai sobre as edificações e construções incorporadas ao solo pelo homem. Essa é a observação de Leandro Paulsen1: A base econômica estampada no art. 153, VI, da Constituição, portanto, ao se referir à propriedade territorial rural, enseja a tributação da grandeza dimensionada pela propriedade da terra nua, ou seja, da terra em si, sem a consideração de eventuais benfeitorias. (PAULSEN & MELO, 2012, p. 192) Em relação à função, a doutrina tem entendido que o ITR possui função preponderantemente extrafiscal servindo de instrumento ao cumprimento da função social da propriedade rural. Isso porque a Constituição, em seu artigo 153, § 4°, inciso I determina que o ITR será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. A Lei 9.393/96, cumprindo o mandamento constitucional relativo à progressividade do ITR, fixou alíquotas que são mais elevadas quanto maior o imóvel rural e quanto menor o grau de utilização. Mesmo sendo classificado como um imposto extrafiscal, o ITR deve obediência à anterioridade nonagesimal e à de exercício, sendo que suas alíquotas só podem ser alteradas por lei. Com isso, pode-se concluir que as excepcionalidades presentes nos demais impostos extrafiscais (11, IE e IOF), não se aplicam ao ITR. Obs: o IPI obedece a nonagesimal. É também classificado como um imposto direto, pois quem suporta o ônus econômico da tributação é o próprio contribuinte, não havendo transferência do encargo financeiro para um terceiro. 15.5.2 FATO GERADOR O Código Tributário Nacional prevê o ITR em seu artigo 29, mencionando que o fato gerador do imposto é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, a ser definido em lei civil. O que significa a expressão "imóvel por natureza"? A expressão "imóvel por natureza" já estava presente na legislação civil quando o CTN a ela fez referência, remetendo sua definição à lei civil. Quando da edição do CTN, estava em vigor o Código Civil de 1916, que definia o imóvel por natureza como "o solo com os seus acessórios e adjacências naturais compreendendo a superfície, as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo" (artigo 43, 1). O Código Civil de 2002, contudo, não define o que seria imóvel por natureza, abandonando a classificação antiga do Código Civil de 1916, o que faz com que se leve em consideração para efeitos tributários, ainda atualmente, o Código Civil de 1916. 1 PAULSEN, Leandro & MELO, José Eduardo Soares de. Impostos Federais, Estaduais e Municipais. 7a Edição. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012. 47 Esse é o entendimento de Hugo de Brito Machado2: Em face do novo Código Civil - Lei n. 10.406. de 10.1.2002 -, suscita-se a questão de saber se a remissão feita pelo Código Tributário Nacional à lei civil, onde devem ser buscados os conceitos pertinentes aos bens imóveis, há de ser entendida como remissão à lei civil então vigente, ou à lei civil vigente na data da aplicação dos dispositivos do Código Tributário Nacional que albergam dita remissão. Entendo que os dispositivos da lei civil vigentes na data da edição do Código Tributário Nacional, aos quais este faz remissão, integraram-se em suas normas, que permanecem inalteradas em face da mudança havida na lei civil. (MACHADO, 2005, p. 344) Desse modo, percebe-se que a propriedade das edificações, das benfeitorias e demais construções ou melhoramentos realizados pelo homem não se compreendem no fato gerador do ITR. A localização do imóvel também é fundamental para a definição do fato gerador do tributo. Os imóveis localizados na zona rural ensejarão a incidência do ITR. Essa zona rural é definida por exclusão da zona urbana dos municípios, que por sua vez deve ter requisitos mínimos previstos no artigo 32 do CTN: art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. § 1° Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima
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