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Ação de Interdição • Nem toda pessoa que tem aptidão para contrair direitos e obrigações tem capacidade para exercê- los. A capacidade jurídica ou de gozo não se confunde com a dinâmica da ação; • A incapacidade impede “ser parte” por si em juízo; • Para integralizar esta capacidade, deverá a parte ser representada ou assistida por outra pessoa que exercerá esta função; • O índio que não for integrado à comunhão nacional fica sob tutela – independentemente de procedimento judicial – da União, que exercerá através do competente órgão federal de assistência, no caso a FUNAI; • Legitimidade para promover a ação de interdição: o cônjuge ou companheiro, os parentes consanguíneos ou afins, os tutores, o representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando e o MP; - Nos três primeiros casos, a petição inicial deverá conter documentação que demonstre a condição de legitimado do recorrente; - A possibilidade de interdição a requerimento do MP é mais restrita, subsidiária à atuação dos demais, cabendo aos casos em que não existir ou não promover a interdição nenhum dos outros legitimados, ou, existindo, for incapaz o cônjuge, o companheiro ou o parente consanguíneo ou afim; • Petição inicial: será endereçada ao juízo da vara da família, onde houver, do domicílio do interditado; - Deverá descrever de forma especificada os fatos que indiquem a incapacidade do interditando para praticar os atos para as quais se pretende nomear lhe curador, assim como o momento em que se revelou a incapacidade; - Bem como deverá constar laudo médico que comprove o alegado, salvo quando informado a impossibilidade de fazê-lo. Sendo caso de urgência, poderá haver pedido justificado para nomeação de curador provisório, que poderá ser concedida pelo juiz para a prática de determinados atos; • Procedimento: - Recebida a petição inicial, o interditando será citado para realizar entrevista com o juiz, momento em que este poderá tomar conhecimento pessoalmente daquele que se pretende interditar e suas condições mentais; - É possível que esse diálogo ocorra no local onde esteja o interditando, caso não possa se locomover; - O juiz buscará saber minuciosamente sobre a vida, seus negócios, seus bens, suas vontades, suas preferências, seus laços familiares e afetivos, sobre o que mais lhe parecer necessário, a fim de identificar uma situação de falta ou prejuízo de discernimento; - É procedimento de jurisdição voluntária (todos os esforços vão no sentido do interesse na proteção daquele que poderá ser interditado; - Existe a possibilidade do juiz proceder a oitiva de parentes e pessoas próximas; - Após essa audiência, o interditado poderá se defender nos autos, opondo-se à sua interdição, impugnando o pedido. - A contestação será apresentada em até 15 DIAS, contados da audiência de interrogatório; Os tutores são nomeados em favor dos menores e os curadores nos demais casos. - Haverá participação do MP como fiscal da ordem; - Serão, também, tomadas providências para se viabilizar a defesa do interditando, que poderá ocorrer por advogado constituído ou, na ausência deste, por curadoria especial, que será exercida pela DP; - Na ausência de resposta não há de se falar em incidência dos efeitos da revelia; - No caso de não constituição de advogado, pelo interditando, poderá o cônjuge, companheiro ou qualquer parente suscetível ingressar no feito, na qualidade de assistente; - Somente após o prazo para impugnação é que haverá perícia para se investigar se o interditando se de fato incapaz para a prática de atos da vida civil; - Essa perícia, quando não dispensada, poderá ser elaborada por equipe profissional com formação multidisciplinar; - A interdição parcial tem espaço, por exemplo, no caso dos excepcionais sem desenvolvimento mental completo e pródigo; - Em seguida o juiz decidirá sobre a interdição; - No caso de sentença que imponha interdição, será nomeado curador, o prazo e os limites da curatela, de acordo com o estado e o desenvolvimento mental do incapaz, levando em conta suas características pessoais, suas potencialidades, habilidades, vontades e preferências; - A curatela será exercida: Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito. §1 o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto. § 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos. § 3 o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador. - O curador poderá ser o requerente da interdição e a curatela será conferida àquele que melhor atenda o interesse de ambos; - Caso o interdito tenha sob guarda e reponsabilidade pessoa incapaz, a curatela será atribuída a quem melhor ao interesse de ambos; - A autoridade do curador estende-se a quem melhor atenda ao interesse de ambos; - A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado; - É possível, ainda, pleitear-se a anulação, por meio de ação própria, de negócio jurídico realizado pelo interdito antes da decretação da interdição, fundamentando-se a incapacidade no momento da celebração, demonstrada pela sentença da ação de interdição; - Caso não se possa fixar seu termo inicial, será considerado o momento da propositura da ação; - À sentença deve se dar ampla publicidade, como divulgação na imprensa local e disponibilizada no sítio do respectivo tribunal e na plataforma do CNJ, onde deve ficar por 6 MESES; bem como divulgada no órgão oficial, por três vezes, com intervalo de 10 DIAS; - Deverá ser inscrita no registro de pessoas; - Da sentença de interdição cabe recurso de apelação; • Levantamento: encerrado procedimento e imposta a curatela, poderá haver seu levantamento quando cessar a causa que a determinou, mediante requerimento do interdito, do curador ou do MP, que será apensado aos autos da interdição; - Será nomeado perito ou equipe multidisciplinar que realizará o exame do interdito a fim de verificar se há a superação da situação de incapacidade; - Ao acolher o pedido o juiz ordenará o levantamento da interdição e a sentença será publicada nas mesmas condições da sentença que impôs a medida. - Nota-se que o levantamento da interdição pode ser parcial, se demonstrada a capacidade do interdito para praticar alguns atos da vida civil; - O procedimento de levantamento da interdição é diferente do de interdição, que não exige audiência de instrução e julgamento obrigatória e tem rol de legitimado a requerê-la mais amplo que o primeiro.
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