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A FORMAÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS

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A FORMAÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS 
As constantes e cada vez mais rápidas transformações do ambiente internacional vêm 
alterando as percepções e valores determinantes do comportamento humano, indicando 
claramente que estamos diante de novos padrões de relacionamento entre pessoas, empresas 
e nações. Há alguns anos os países perceberam que, para melhor enfrentar os desafios da 
globalização e aproveitar suas vantagens, deveriam unir-se ou, então, como se costuma dizer, 
integrar-se. Desta concepção surge a ideia para a formação de blocos econômicos. 
Os blocos geralmente compõem-se de países vizinhos, com características comuns e interesses 
complementares, que se unem a fim de fortalecer suas economias e com isso conseguir maior 
poder de barganha com outros blocos, tornando ainda mais efetiva sua participação na 
economia internacional. O que se percebe é uma tentativa destes países em estabelecer 
relações comerciais privilegiadas entre si, buscando atuar de forma conjunta no mercado 
internacional. Visualizando esta integração, muitos países hoje adotam a política de “portas 
abertas”. “Os primeiros que pressentiram essa tendência já apresentam maior especialização 
em suas atividades econômicas, estando com suas posições praticamente consolidadas no 
cenário internacional.” (SUZUKI, 1995, p. 17-18). 
 
GLOBALIZAÇÃO E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
Essa integração de economias regionais obtém-se pela aproximação das políticas econômicas e 
da legislação dos países que fazem parte de uma aliança. Com isso, pretende-se criar um bloco 
econômico que possibilite um maior desenvolvimento para todos os membros da associação. 
No entanto, para se alcançar um patamar de integração sustentável e progressiva, Kunzler 
(1999) afirma que existem algumas etapas que esclarecem o processo de formação dos blocos 
econômicos: 
• Primeira etapa: Zona de livre comércio – nessa zona as mercadorias provenientes dos países-
membros podem circular livremente, as tarifas alfandegárias são eliminadas e há flexibilidade 
nos padrões de produção, controle sanitário e de fronteiras. 
• Segunda etapa: União aduaneira – além das características apresentadas pela zona de livre 
comércio, essa etapa envolve a negociação de tarifas alfandegárias comuns para o comércio 
realizado com outros países. 
• Terceira etapa: Mercado comum – esta etapa engloba as duas fases anteriores e acrescenta 
a livre circulação de pessoas, serviços e capitais. 
• Quarta etapa: União monetária – nessa fase pressupõe-se a existência de um mercado 
comum em pleno funcionamento, possibilitando a coordenação das políticas econômicas dos 
países-membros e a criação de um único banco central para emitir a moeda que será utilizada 
por todos. 
• Quinta etapa: União política - abrange todas as fases anteriores e envolve também a 
unificação das políticas de relações internacionais, defesa e segurança interna e externa dos 
países-membros. 
Desta forma, a união/associação passou a ter um significado novo para os países envolvidos: 
prosperidade. Isto faz com que as nações passem a se adequar a essa grande tendência 
mundial, onde o isolamento e a autossuficiência não têm vez, e o reflexo desta situação está, 
principalmente, na tentativa de diminuição de barreiras alfandegárias e fiscais ao comércio 
internacional. A primeira grande experiência de integração entre nações surgiu em 1957, 
quando seis países europeus resolveram unir-se em um grupo, com o propósito de ganhar 
uma posição mais relevante no mundo. Mas a tendência de regionalização da economia só foi 
fortalecida nos anos 90, com o desaparecimento dos dois grandes “blocos” da Guerra Fria, 
sendo que a cada dia novos países e agrupamentos regionais manifestam seu interesse em 
tomar parte nesse processo, abrindo novas e promissoras perspectivas para o crescimento 
comercial global. Para uma melhor compreensão deste movimento de integração mundial, o 
tópico a seguir vai proporcionar um aprofundamento ao conhecimento da classificação dada 
aos blocos econômicos, suas características principais e os exemplos clássicos abordados pela 
literatura. 
CLASSIFICAÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS 
Nas últimas décadas do século XX, os países no mundo intensificaram um movimento de inter-
relações comerciais nunca visto na história das negociações internacionais. E estes 
relacionamentos vieram para influenciar cada vez mais as ações dos países no contexto 
internacional, trazendo um processo dinâmico de interações onde cada qual busca seus 
interesses, ainda que, conjuntamente, possam estabelecer metas comuns. Desta forma, os 
laços criados entre as nações cumprem tanto objetivos econômicos quanto políticos, tendo em 
vista os principais objetivos para a formação de um acordo multilateral. Lopez e Gama (2010) 
resumem estes objetivos fundamentais na negociação de um acordo entre dois ou mais países: 
• Ampliação do acesso de seus produtos aos mercados externos via preferências tarifárias. 
• Complementação econômica e liberalização gradativa do comércio. 
• Discussão e facilitação não apenas de temas relativos ao comércio de mercadorias, como 
também atividades correlacionadas. 
• Desenvolvimento de um pensamento comum sobre políticas comerciais, regras de 
concorrência, questões ambientais e também de crescimento social. 
Assim, a integração se processa por meio de um conjunto de medidas que tem como objetivo 
central a aproximação e união entre as economias e as posturas políticas de dois ou mais 
países. E de acordo com os fatores envolvidos e os objetivos destas nações, a relação pode 
assumir diversos moldes, podendo se manifestar também como fases sucessivas ou então 
como um acordo sem maiores pretensões evolutivas de integração. Contudo, a tendência à 
formação de blocos não é apenas resultado da pressão do processo de globalização da 
economia, mas o movimento possui uma lógica econômica, com foco no crescimento; política, 
como forma de potencializar o poder dos países, e social, no sentido de promover o bem-estar 
e o desenvolvimento para a população. Sendo assim, de acordo com a estratégia dos países e 
seus objetivos, abordaremos a seguir as classificações utilizadas para identificar o nível de 
integração em cada bloco econômico. 
2.1 ZONA PREFERENCIAL Apesar de alguns autores pularem esta classificação como a primeira 
forma de integração regional, indo diretamente para a Área de Livre Comércio, vamos abordar 
este nível de integração, pois ainda existem acordos vigentes que encontram-se neste patamar 
e nestes moldes de bloco econômico. Uma zona preferencial é a classificação dada a uma 
união formada por dois ou mais países, que adotam tarifas preferenciais (menores) para o 
comércio entre os membros do bloco. Em outros termos, as tarifas sobre o comércio de 
mercadorias entre estes países são inferiores àquelas aplicadas às mesmas mercadorias 
quando estas não forem provenientes de um membro do bloco. Um exemplo clássico de bloco 
econômico que tem este formato e está nesta fase de integração é a ALADI (Associação Latino-
Americana de Integração). Este acordo teve seus antecedentes na década de 50, quando 
estudos realizados pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o 
Caribe (Cepal) identificaram a vontade de alguns países desta região em desenvolver um 
modelo de relações comerciais baseado na substituição das importações. O fato é que em 
1960, em um encontro realizado em Montevidéu, foi criada a ALALC (Associação Latino-
Americana de Livre Comércio), onde os países signatários tinham como instrumento básico 
listas nacionais que continham os produtos que fariam parte de um programa de redução 
tarifária que viria a perdurar por 12 anos. Este programa previa quatro rodadas de 
negociações, em que os países se comprometiam a reduzir, em cada um dos encontros, 25% 
do universo tarifário. (LOPEZ; GAMA, 2010). 
No entanto, a proposta de revisão no programa de liberalizaçãodo comércio entre os países 
participantes da ALALC mostrou no final dos anos 70 a incapacidade de se levar adiante as 
pretensões do bloco. Por isso, em 1980 o acordo foi substituído pela Associação Latino-
Americana de Integração, criada pelo Tratado de Montevidéu assinado em 12/08/1980. 
Contudo, a ALADI permaneceu então com os moldes de uma zona preferencial, e os 12 países-
membros citados a seguir permanecem com o tratamento tarifário privilegiado entre si: 
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e 
Venezuela. A ideia ainda é fomentar a negociação entre os países da região, privilegiando os 
produtos oriundos destes participantes. 
2.2 ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO 
Nessa modalidade de integração regional, os países-membros eliminam progressivamente as 
barreiras ao comércio intrabloco, até que atinjam a tarifa de zero por cento para as 
mercadorias negociadas entre as partes. No entanto, cada país-membro tem total liberdade no 
que se refere à adoção de políticas comerciais relativas a países não membros, assim cada um 
mantém sua independência no que diz respeito à adoção de suas normas para com aqueles 
que não pertencem ao acordo. Isto significa que cada país, mesmo tendo o comércio de 
mercadorias livre de tarifas entre os membros, pode estabelecer as suas próprias regras 
tarifárias e não tarifárias para as mercadorias produzidas fora do bloco. O objetivo é que cada 
membro possa ainda ter liberdade na decisão sobre medidas que visam proteger alguns 
segmentos específicos de suas economias. Um aspecto importante a ressaltar é a necessidade 
de se comprovar que a mercadoria que poderá circular livremente entre os países de um bloco 
com esta classificação precisará comprovar a sua origem, ou seja, deverá seguir a regra de 
produção dentro do bloco, e a nacionalidade pode ser garantida com a apresentação de 
Certificado de Origem, devidamente emitido por organismo competente. 
O NAFTA (North American Free Trade Agreemen – Acordo de Livre Comércio da América do 
Norte) é um exemplo de bloco econômico neste estágio de classificação, e foi constituído em 
1992 com os seguintes países signatários: Canadá, Estados Unidos e México. 
O acordo entrou em vigor em 1994 e tinha os seguintes pontos contemplados: 
• Comércio de bens com as barreiras tarifárias eliminadas num prazo de 15 anos. E ainda o fim 
das restrições quantitativas (cotas) nas importações entre os países. 
• Os produtos para serem contemplados no acordo devem respeitar a Regra de Origem, ou 
seja, apresentar Certificado de Origem comprovando procedência produtiva. 
• Os investimentos também ganhavam maior força. No entanto, mesmo depois do 
estabelecimento do acordo, as fortes restrições à movimentação de pessoas continuaram 
entre os países, principalmente no fluxo México–Estados Unidos. 
Assim, o controle de imigração mantém forte vigilância nas fronteiras. Ainda hoje existem 
muitas discussões a respeito dos reflexos da formação deste bloco para os países-membros, 
principalmente no que diz respeito a questões ambientais, de justiça social e até mesmo de 
saúde pública. Isso porque os moldes do acordo fazem com que o México, por ser o país 
menos desenvolvido, ficasse com boa parte do ônus da relação comercial, notadamente por 
ter ficado com a parte produtiva e poluidora que abastece os mercados norte-americano e 
canadense. Apesar de tudo, alguns indicadores macroeconômicos, como PIB, taxa de 
desemprego e poupança, evoluíram positivamente entre os países do NAFTA até 2008, quando 
a crise norte-americana trouxe consequências negativas também para os seus vizinhos, que 
viram suas economias entrelaçadas ruírem com os Estados Unidos. Como podemos perceber, 
esta integração pode trazer tanto maior poder econômico para os associados, como 
dependência entre os mercados, e esta, em caso de crise, pode impactar de forma negativa 
todos os membros, mesmo que indiretamente. 
2.3 UNIÃO ADUANEIRA 
A denominação união aduaneira é utilizada para classificar uma integração mais avançada de 
bloco econômico, se comparada a uma área de livre comércio. Nessa fase de integração 
econômica, além da eliminação recíproca de barreiras comerciais tarifárias intrabloco, os 
países-membros passam a adotar uma política comercial comum relativa aos países não 
membros. Um dos mecanismos principais para o estabelecimento de uma política comercial 
comum aos países do bloco é a adoção da chamada Tarifa Externa Comum (TEC), isto significa 
que os membros vão tratar da mesma forma a entrada de mercadorias provenientes de outros 
mercados de fora do bloco. 
O Mercosul, bloco que tem a Argentina, o Brasil, o Paraguai e Uruguai como fundadores, é um 
exemplo de união aduaneira, tendo em vista as características formalizadas e apresentadas até 
os dias atuais. Apesar da nomenclatura que o bloco utiliza, “Mercado Comum do Sul”, o 
objetivo de constituir um mercado comum, a rigor, não se concretizou, tendo em vista o 
controle ainda existente sobre a circulação de pessoas e capital. 
2.3.1 Mercosul: formação e evolução 
A vontade de formação de um bloco econômico sul-americano capaz de apresentar relevância 
mundial já se manifestava desde a década de 70, mas este foi, de certa forma, um processo 
lento. Os encontros entre os líderes políticos de Brasil e Argentina começaram em julho de 
1986, quando na ocasião os mesmos assinaram a Ata para a Integração Argentino-Brasileira 
que deu origem ao Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE), que tinha por 
objetivo proporcionar a abertura seletiva no âmbito comercial entre os dois mercados. No 
entanto, segundo Kunzler (1999), foi apenas em 1988 que Brasil e Argentina assinaram enfim 
um Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, com o objetivo de consolidar um 
espaço econômico comum, através da liberalização comercial de fato e da homogeneização 
das políticas macroeconômicas dos dois países. A partir daquele ano foram assinados 24 
protocolos sobre temas diversos, como: produtos alimentícios industrializados, indústria 
automotriz, cooperação nuclear, bens de capital, entre outros, fazendo com que a integração 
entre Brasil e Argentina fosse avançando. Estes acordos foram abreviados em um acordo 
único, o Acordo de Cooperação Econômica Nº 14 (ACE-14), assinado em 1990. 
No entanto, foi em 26 de março de 1991 que este anseio de integração materializou-se, 
através do Tratado de Assunção, que constituiu o Mercado Comum do Sul, com a participação 
do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai como parceiros comerciais. Vale ressaltar a 
presença do Chile e da Bolívia como associados do Mercosul. Cabe ressaltar que este Tratado 
foi complementado por vários outros protocolos adicionais, destacando-se os seguintes: 
• Protocolo de Brasília (1991): com o objetivo de definir temas relacionados à solução de 
controvérsias no âmbito do Mercosul. 
• Protocolo de Ouro Preto (1994): onde o tema central foram aspectos institucionais que 
definiram a estrutura do Mercosul. Em linhas gerais, Foschete (1999, p. 136) detalha o que 
ficou estabelecido quando da assinatura do Tratado de Assunção: 
• Um programa de liberalização comercial, consistindo de reduções tarifárias progressivas (até 
se atingir a tarifa zero em 31/12/1994), acompanhadas de eliminação de restrições não 
tarifárias. 
• A coordenação de políticas macroeconômicas, que se realizaria gradualmente e de forma 
convergente com os programas de desgravação tarifária e eliminação de restrições não 
tarifárias. 
• Uma tarifa externa comum, que incentivaria a competitividade externa dos Estados-Parte e 
promoveria economias de escala eficientes. 
• Constituição de um Regime Geral de Origem, de um Sistema de Solução de Controvérsias e 
Cláusulas de Salvaguardas. 
• A definição de listas de exceções ao programa de liberação comercial que contemplassem os 
chamados “produtos sensíveis”,as quais seriam reduzidas anualmente em 20%, até 
31/12/1994, com tratamento diferenciado para o Paraguai e o Uruguai. 
Desta forma, o principal objetivo de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai era estabelecer uma 
zona de livre comércio entre os membros do acordo, através da eliminação de taxas 
alfandegárias e com uma política comercial conjunta em relação a terceiros, harmonizando 
gradativamente suas legislações, para assim fortalecer o processo de integração. 
NOTA: No Brasil, o Tratado de Assunção foi ratificado pelo Congresso por meio do Decreto 
Legislativo n° 197, de 25/09/1991, e promulgado pelo Decreto n° 350, de 21/11/1991. 
Para manter o bom andamento dos objetivos do bloco, os países realizam periodicamente 
encontros para discussões e revisões das diretrizes do acordo. Estas reuniões acontecem uma 
vez por semestre e são reconhecidas por Cúpulas do Mercosul. É neste momento que a 
presidência do bloco é repassada entre os presidentes dos países, tendo em vista a mesma ser 
Pro Tempore, e a sequência rotativa é feita em ordem alfabética pelos nomes dos Estados-
Parte. É importante destacar a estrutura do Mercosul, que conta com os seguintes órgãos 
principais: 
• Conselho de Mercado Comum (CMC): é integrado pelos ministros das Relações Exteriores 
dos países-membros, considerado órgão superior, responsável pela condução das políticas de 
integração e das decisões para garantir os objetivos estabelecidos no Tratado de Assunção. 
• Grupo Mercado Comum (GMC): este é o órgão executivo, que toma as providências 
necessárias para o cumprimento das decisões do CMC. 
• Comissão de Comércio do Mercosul (CCM): além de assistir o GMC, entre as suas 
competências está a responsabilidade de supervisionar a aplicação da política comercial para o 
bom e pleno funcionamento da união aduaneira. 
• Comissão Parlamentar Conjunta: órgão representativo dos parlamentos dos países, 
responsável por acelerar os procedimentos de aprovação das diretrizes emanadas no âmbito 
do bloco. 
• Foro Consultivo Econômico-Social: é o organismo que serve como ponto de ligação com os 
diferentes setores da sociedade civil. 
• Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM): é o suporte operacional do bloco e presta 
serviços aos demais órgãos. 
De acordo com Soares (1997), a abertura das economias efetivada em 1994 trouxe estímulos e 
uma certa competitividade aos quatro mercados envolvidos, que com esta união buscaram 
enfrentar e concorrer em igualdade no mercado internacional. O comércio regional entre os 
membros do bloco também foi beneficiado, pois de acordo com Kunzler (1999, p 56), “[...] 
cresceu 312% entre 1991 e 1997”. O reflexo desta nova dinâmica econômica pode ser 
observado ainda no aumento significativo do número de parcerias entre empresas da região 
do bloco, sendo que o resultado mais positivo da integração está na eliminação das barreiras 
tarifárias das operações realizadas entre as nações do Mercado Comum do Sul. Não se pode 
deixar de mencionar a importância que a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC) teve para o 
reconhecimento do bloco como uma União Aduaneira. 
Este instrumento foi implementado no Brasil pelo Decreto n° 1.343, de 23/12/1994, para 
vigorar em 1995. Este mecanismo veio para equilibrar as condições de concorrência intrabloco, 
garantindo o tratamento preferencial para as mercadorias do Mercosul e a mesma postura 
para com os bens originários de terceiros países. 
IMPORTANTE: Precisamos destacar os critérios gerais para considerar um bem originário do 
bloco: 
- os produtos elaborados integralmente no território dos países-membros; 
- os produtos que tenham sido extraídos, cultivados ou colhidos no território dos signatários, 
mesmo submetidos a processos primários de embalagem e conservação necessários à 
comercialização, sem que isso mude a sua classificação fiscal. 
No entanto, devido à diversidade de estruturas nos setores da economia de cada país, desde a 
agricultura aos segmentos industriais, ainda existem listas de exceções formadas por produtos 
sensíveis em cada Estado-Parte, e, com a devida aprovação do bloco, cada um define suas 
regras de comércio, ou melhor, suas alíquotas, para estes bens específicos. De qualquer forma, 
nas reuniões da cúpula do Mercosul, os países podem levar as suas solicitações para revisão 
das alíquotas comuns aplicadas aos terceiros, tanto para aumentá-las nos casos de maior 
proteção às produções do bloco, como para reduzi-las nos casos de bens relevantes e não 
produzidos pelos membros. Desta forma, pode-se alegar que o Mercosul tornou-se 
irreversível; porém, nos últimos anos, bastante ameaçado pela pressão norte-americana para 
a formação de um bloco ainda mais ambicioso, envolvendo todos os países do Continente 
Americano, exceto Cuba. 
Contudo, ainda que a atual situação dos países do Mercosul tenha sido marcada por 
instabilidade e alguns impasses econômicos, a relação comercial entre os membros, muitas 
vezes, apresenta-se viável não só pela qualidade dos produtos comercializados, mas também 
pela liberalização alfandegária que, geralmente, traz uma maior competitividade às 
mercadorias transacionadas. Podemos dizer que o Mercosul tem uma particularidade, que é o 
fato de ser considerado um bloco que tem uma postura regionalista aberta, ou seja, desde a 
sua criação o bloco não tem como objetivo só o incremento do comércio e das relações 
intrazona, mas também existe um movimento de integração com outros países do Continente 
Sul-americano, principalmente. Assim, nós temos Estados Associados do Mercosul, como a 
Bolívia (desde 1996), o Chile (desde 1996), o Peru (desde 2003), a Colômbia e o Equador 
(desde 2004). Além da Venezuela, em estágio mais avançado de integração, que teve sua 
entrada aprovada com a assinatura em julho de 2006 do Protocolo de Adesão da República 
Bolivariana da Venezuela ao Mercosul. 
2.4 MERCADO COMUM 
É a fase de integração em que, além de se adotar uma política comercial comum para com os 
terceiros países e abolir as restrições sobre os produtos negociados intrabloco, permite-se 
também a livre circulação dos fatores de produção (trabalho e capital). Desta forma, a mão de 
obra, o capital e as empresas podem movimentar-se livremente entre os países do bloco. Um 
exemplo clássico de Mercado Comum era o bloco formado por alguns países europeus, em um 
estágio anterior ao formato atual da União Europeia. O bloco era então reconhecido como 
Comunidade Econômica Europeia (CEE). Este acordo teve sua origem com a constituição de 
união aduaneira em 1948, entre a Bélgica, Holanda e Luxemburgo, que ficou conhecido como 
BENELUX, e três anos mais tarde houve uma ampliação do acordo, incluindo também 
Alemanha Ocidental, França e Itália, que constituíram a CECA (Comunidade Europeia de 
Carvão e Aço), para fomentar a comercialização livre destes produtos que movimentavam as 
economias destas nações na época e manter ainda uma postura comum para o que não fosse 
produzido por estes países. 
No entanto, as reuniões que sucederam este período fizeram com que em 1957 os seis países 
precursores do bloco oficializassem, pelo Tratado de Roma, a Comunidade Econômica 
Europeia, que entraria em vigor no ano seguinte. Neste momento, então, os objetivos do bloco 
não se restringiam apenas à livre circulação de mercadorias com a eliminação tarifária, mas 
acabaram também os obstáculos à movimentação de capital e pessoas entre os países. Nos 
anos que se seguiram, outros países foram incorporados ao bloco: Reino Unido, Irlanda e 
Dinamarca em 1972, Grécia em 1981, Espanha e Portugal já em 1986. 
2.5 UNIÃO ECONÔMICA E MONETÁRIA 
Esta é a classificação de bloco econômico que apresenta um processo de integração mais 
evoluído. Tem como palavra de ordem a SUPRANACIONALIDADE, ou seja, o bloco é algo maior, 
mais importante do que as nações que fazem parte do mesmo. Nesta etapa os países 
participantes do bloco possuemlivre comércio de mercadorias; política externa comum para 
com aqueles que não pertencem ao acordo; os fatores de produção (pessoas e capital) podem 
circular livremente e ainda existe a adoção de políticas macroeconômicas uniformes. Assim, os 
membros passam a ter também moeda única, políticas fiscais e sociais unificadas, Parlamento 
unificado e Banco Central único. A União Europeia é a expressão maior, senão única, de uma 
união econômica e monetária. 
Depois da consolidação da Comunidade Econômica Europeia, os países membros deste bloco, 
que já eram 12 nações, firmaram em 1992 o Tratado de Maastricht – também conhecido como 
Tratado da União Europeia –, este tinha por objetivo central ampliar a integração entre os 
Estados-Parte e iniciou trazendo uma nova denominação ao bloco: União Europeia (EU). 
O planejamento do Tratado era possibilitar a integração total entre os países até 1999, e isso 
incluía: livre circulação de mercadorias, serviços, pessoas e capitais, política externa e de 
segurança comum, e o principal, a adoção de moeda única. O projeto também incluía a 
tendência de ampliar o número dos participantes paulatinamente, principalmente para os 
países da Europa Central e Oriental. A União Europeia que teve como precursores a Bélgica, 
Holanda, Luxemburgo, Alemanha, França, Itália, e em seguida a adesão da Dinamarca, Irlanda, 
Reino Unido, Grécia, Espanha, Portugal, no final da década de 90 já contava também com a 
Áustria, Finlândia, Suécia. Em 2004 o Chipre, a Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, 
Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca aderiram à UE. E em 2007, Bulgária e Romênia 
completaram os 27 estados membros que compõem o bloco atualmente. No entanto, o 
marco deste bloco foi a criação da moeda única, o euro (€). 
Mas para chegar neste patamar precisamos entender alguns fatos que antecederam o 
surgimento do euro. O primeiro passo dado pelos países do bloco para a consolidação do nível 
de integração na esfera monetária e econômica foi a criação do Sistema Monetário Europeu 
(SME), em 1979. O objetivo do SME era controlar a inflação e as taxas de câmbio, através do 
estabelecimento de uma taxa central fixa que serviria de parâmetro para as conversões das 
moedas vigentes nos países-membros do bloco. No entanto, as políticas nacionais, a crise do 
petróleo de 1979 e as divergências entre os países acerca dos critérios para a criação da 
moeda única mostraram a fragilidade deste sistema, que perdurou até meados da década de 
90. A ferramenta utilizada como referência de conversão foi a European Currency Unit (ECU), 
unidade monetária que permitia equalizar as diferentes moedas europeias de acordo com o 
peso econômico de cada uma. 
Esta unidade servia principalmente para nortear as transações entre os bancos centrais, para 
emissão de documentos de capital e crédito e no comércio exterior dos países europeus 
signatários. A criação de uma moeda única era eminente e necessária, pois utilizar diferentes 
moedas dentro do Bloco poderia ser uma alternativa que traria custos para os operadores 
econômicos. A instituição da moeda única, aparentemente, resultaria em benefícios maiores. 
Assim, o Conselho Europeu estabeleceu que em 1° de janeiro de 1999 o Euro substituiria a 
ECU, não sem antes anunciar a criação do Banco Central Europeu em 1998. No prazo, apenas 
11 países-membros tinham cumprido os requisitos necessários para adotarem a moeda única. 
Cabe destacar que na época um país que tivesse a intenção de adotar o Euro deveria provar 
que sua economia era saudável e ainda cumprir os critérios do Tratado de Maastricht: manter 
o déficit e a dívida pública dentro dos limites especificados, apresentar estabilidade de taxas 
de câmbio e inflação e, ainda, taxas de juros dentro de determinados limites. (COMISSÃO 
EUROPEIA, 2011). Hoje, apenas a Dinamarca, o Reino Unido e a Suécia ainda mantêm a decisão 
de não participar da chamada “Zona do Euro”, mas foi apenas em 2002 que o Euro passou a 
ser utilizado como papel-moeda circulante nas economias. Segundo a Comissão Europeia 
(2011), a introdução do Euro trouxe, à sua época, a ideia de construção de uma verdadeira 
cultura de estabilidade em toda Europa. Isso era indispensável para uma base econômica 
sólida como também era o complemento lógico na estratégia de atuação e evolução de um 
mercado único. Mesmo que a União Europeia tem uma moeda forte, sendo um bloco 
econômico bastante competitivo, onde as relações comerciais são facilitadas em um nível 
superior aos demais acordos regionais, contando com uma liberdade na circulação dos fatores 
de produção, a crise financeira mundial de 2008 revelou a vulnerabilidade desses países, 
evidenciando a influência e a interdependência que esses ainda mantêm em relação a países 
de fora do bloco. 
Devemos destacar que essas formas de integração não se processam necessariamente como 
se fossem estágios obrigatórios, pelos quais todas as experiências de integração regional 
devem passar. Na prática, uma fase pode se sobrepor a outra, e assim uma área pode 
apresentar simultaneamente características comuns ou, ainda, o bloco pode permanecer no 
mesmo estágio, sem a intenção de avançar na integração. 
3 ACORDOS BILATERAIS 
Como podemos perceber, as relações internacionais têm apresentado uma influência cada vez 
maior para a economia, a política e o desenvolvimento dos países. De uma forma ou de outra, 
as nações, em pleno século XXI, continuam buscando alternativas para seu crescimento nas 
trocas com outros mercados. E isto tem possibilitado um aprimoramento também nas 
parcerias internacionais. Vimos que os países interagem de diversas maneiras, e para melhorar 
essa interação, por vezes, têm utilizado formatos diversos de acordos que visam diminuir as 
barreiras e facilitar principalmente o fluxo nas trocas comerciais com outras nações. Neste 
contexto é importante destacar que o Brasil, mesmo no âmbito do Mercosul, para enfrentar os 
novos desafios do cenário mundial também negocia e firma acordos bilaterais que visam 
intensificar as trocas com parceiros internacionais em segmentos específicos, e para tanto 
tem-se os Acordos de Complementação Econômica (ACE). Abaixo citamos alguns acordos que 
se encontram em vigência, dos quais o Brasil é signatário, seja individualmente ou juntamente 
com os parceiros do Mercosul: 
• Mercosul - Chile (ACE-35). 
• Mercosul - Bolívia (ACE-36). 
• Brasil - México (ACE-53). 
• Mercosul - México (ACE-54). 
• Automotivo Mercosul - México (ACE-55). 
• Mercosul - Peru (ACE-58). 
• Mercosul - Colômbia, Equador e Venezuela (ACE-59). 
• Brasil - Guiana (ACE-38). 
• Brasil - Suriname (ACE-41). 
• Mercosul - Cuba (ACE-62). 
• Mercosul – Índia. 
• Mercosul - Israel. 
Com o amadurecimento das transações internacionais, os acordos bilaterais servem de 
mecanismo para favorecer os países que buscam ampliar suas trocas, compartilhar tecnologia, 
aproximar os parceiros e proporcionar o crescimento das operações realizadas em segmentos 
de interesses ou até mesmo com mercados de interesse. 
RESUMO DO TÓPICO 
Neste tópico você estudou sobre: 
• O movimento de integração entre os países no mundo como forma de obter maior 
representatividade e desenvolvimento econômico no contexto internacional. 
• A classificação dos blocos econômicos que leva em consideração principalmente os objetivos 
de integração dos participantes, assim como foi possível um maior detalhamento sobre os 
acordos mais importantes no cenário mundial. 
• Destacamos também o Mercosul, bloco do qual o Brasil participa, sua evolução, os princípios 
norteadores, estrutura e principais reflexos para as trocas comerciais do nosso país e dos 
outros membros. 
• A relevância dos acordos bilaterais para as relações comerciais entre os países, que com 
estes mecanismos elevaram as transações internacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÕES:Considerando o cenário atual no mercado internacional, o qual ainda sente os reflexos da crise 
que se iniciou em 2008, aponte e comente três consequências positivas e três negativas que as 
grandes potências da Europa vêm enfrentando, considerando que as mesmas fazem parte do 
bloco econômico mais evoluído de que temos conhecimento. 
Com base no tema estudado, responda: qual princípio dos termos do Mercosul não vem sendo 
respeitado tendo em vista as medidas adotadas no primeiro semestre deste ano por Brasil e 
Argentina (utilize os textos complementares abaixo para elucidar a resposta)? Explique por 
que o bloco ainda não pode ser considerado um Mercado Comum. 
 
 
TEXTO 1: ARGENTINA AUMENTA BARREIRAS COMERCIAIS CONTRA O BRASIL 
O governo da presidente Cristina Kirchner aplica uma saraivada de medidas protecionistas que 
restringem ou atrasam a entrada de produtos brasileiros no mercado argentino. Segundo a 
consultoria portenha Abeceb, do total de exportações realizadas pelo Brasil para a Argentina, 
23,9% são alvo de barreiras - quase um quarto do total das vendas. A proporção indica um 
salto em relação ao ano passado, quando as medidas protecionistas atingiam 13,5% dos 
produtos Made in Brazil destinados à Argentina. Assustado com o crescente superávit 
comercial brasileiro, o governo Kirchner costuma argumentar que as medidas protegem a 
indústria nacional das “assimetrias”. De janeiro a abril, o Brasil acumula saldo positivo de US$ 
1,33 bilhão com a Argentina. A previsão da consultoria Abeceb é que o superávit chegue a US$ 
6,5 bilhões este ano. Nos últimos 12 meses, o governo argentino dificultou a entrada de 
eletrodomésticos, chocolates e máquinas agrícolas; aplicou valores critério (preço mínimo) 
para a importação de bidês e vasos sanitários; e tomou medidas adicionais de segurança para 
brinquedos. Já constavam da lista de restrições de anos anteriores autopeças, material de 
transporte, calçados e toalhas. De quebra, pairam ameaças sobre as vendas de carne suína. A 
situação preocupa o Brasil, que estuda uma retaliação para breve. Segundo fontes do governo, 
“não adianta conversar com os argentinos”. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e 
Comércio Exterior, Fernando Pimentel, esteve em Buenos Aires em fevereiro e voltou com o 
compromisso de que os produtos brasileiros seriam excluídos das barreiras. Mas as promessas 
não foram cumpridas, o que irritou um dos auxiliares mais próximos da presidente Dilma 
Rousseff. FONTE: Jornal O Estado de São Paulo, 09 de maio de 2011. 
 
TEXTO 2: BRASIL DIFICULTA ENTRADA DE CARROS IMPORTADOS NO PAÍS 
Carro importado que chega ao Brasil agora, vai ficar parado na alfândega. Antes, a liberação 
acontecia imediatamente. Agora, pode durar até 60 dias. A Argentina será a mais prejudicada, 
já que quase metade dos carros importados que desembarcam no Brasil sai do país vizinho. 
Para o governo, não é nada contra os argentinos. “Não é retaliação, nós não usamos este tipo 
de prática, embora seja previsto na regra da OMC, mas jamais fizemos isso com nenhum país e 
não faríamos com a Argentina, que é um grande parceiro comercial nosso”, fala o ministro do 
Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Recentemente a Argentina adotou medidas severas 
contra os produtos brasileiros. É uma tentativa de equilibrar uma balança comercial que pende 
para o lado brasileiro há sete anos. Para proteger sua indústria, a Argentina aumentou a lista 
de produtos que não podem entrar de imediato: eletroeletrônicos, autopeças, motos, 
automóveis, brinquedos. O efeito mais visível do freio nas autorizações automáticas de 
importação são mais de três mil carros de luxo retidos neste porto em Zárate, na Província de 
Buenos Aires. Mas é no que não se vê que pode estar o maior impacto dessa medida. As 
bicicletas do país dependem de pedais e assentos que vêm do Brasil. As montadoras precisam 
de peças que não se fabricam na Argentina, e que acabam travadas na fronteira. O presidente 
da Câmara de Comércio Brasil-Argentina, Jorge Aparício, está preocupado. A espera pode ser 
fatal em alguns setores que não têm estoque de produtos essenciais para manter o ritmo da 
produção. Para Jorge, a medida é irracional, até porque os empresários não foram 
consultados. Agora, o governo criou uma comissão para rever alguns casos. “Dada a relação 
econômica e política que temos com o Brasil, deveria ter negociado antes de tomar essas 
medidas”. “O freio nas importações - como medida de emergência em tempos de crise - pode 
até funcionar, mas como política industrial é ineficaz”, diz o ex-ministro de Indústria e 
Comércio, Dante Sica. Para ele, o dano não é só econômico. “A Argentina perde credibilidade 
com os principais sócios comerciais e a confiança no país como destino de importação”. 
FONTE: JORNAL DA GLOBO. Disponível em: . Acesso em: 13 maio 2011. 3

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