Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO ACADÊMICO PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO PAVLOV, WATSON E SKINNER – Comportamentalismo e Educação Autora do resumo: NATALIA COLA DE PAULA, discente do curso de Letras – UNESP São José do Rio Preto (Ibilce) O Comportamentalismo ou Behaviorismo teve origem nos EUA, pelo pesquisador John B. Watson e será objeto de estudo do presente resumo. Essa teoria comportamentalista é o afastamento de conceitos não-observáveis. A principal afirmação behaviorista sobre o fenômeno estudado pela psicologia para que seja considerada ciência é que ela não deve ousar dedicar-se a compreender o ser humano por intermédio da introspecção e nem conceituar aquilo que não é possível de ser objetivamente apreendido. Digamos que os conceitos devem ser objetivos e palpáveis, e não subjetivos e relativos. Certos conceitos como “id” e “superego” colocam a psicologia na difícil situação de precisar recorrer à subjetividade humana, que é variável, para confirmar sua teoria. Para Watson, ao ingressar nesse terreno a psicologia deixa de ser cientifica. Para ser adotado como objeto de estudo, segundo o behaviorismo, deve ser tão somente aquilo que pode ser observado e descrito em termos tão elementares que dispense a subjetividade. A esse objeto de investigação atribuiu-se o nome de comportamento. Para o behaviorismo o objeto de estudo da psicologia era o comportamento. Ademais, essa teoria do comportamentalismo é pautada na compreensão de fatores externos, os antecedentes e consequentes ao comportamento. A aprendizagem pode ocorrer antes da emissão de um comportamento, os estímulos ambientais que o antecedem, bem como os eventos que o sucedem, novos comportamentos da mesma ou de diferente natureza. Tal estrutura pode ser descrita como o binômio contingências e consequências. Nesse sentido, o comportamento é uma resposta do organismo a algo que o impressiona, que lhe afeta, a partir do exterior, os estímulos. A delimitação desses componentes como objeto de estudo deu ao Behaviorismo o nome de “E-R” - estímulo - resposta. Ocorre que o Behaviorismo não foi um movimento homogêneo, havia divergências entre os estudiosos que defendiam basicamente a mesma vertente comportamental. Cita-se, por exemplo, a corrente do Behaviorismo Radical, proposta por Skinner, que incluiu os chamados fatores internos no âmbito das possibilidades de estudo de uma ciência do comportamento. Para isso, começou a considerar os fenômenos não diretamente observáveis, que ele chamou de eventos privados, como comportamentos também. Por isso, a vertente de Skinner é considerada radical, por ter inserido, sob a ótica fundada por Watson, elementos até então desprezados pelo comportamentalismo. Importante ponderar que a inovação de Skinner não pode ser considerada uma abertura à introspecção, pois apenas admitiu o estudo de pensamentos e sentimentos desde que sejam abordados por intermédio de suas manifestações exteriores. Skinner propôs entender as circunstâncias objetivamente apreensíveis que rodeiam o indivíduo quando ele manifesta “tristeza”, ou estudar o comportamento verbal que ele emite quando se diz “deprimido”, por exemplo. Nessa perspectiva, evita- se cair em subjetivismos, porque o que está em pauta são as relações funcionais entre o relato de um estado interior, como a tristeza, e os fatores ambientais a que o organismo está submetido, a exteriorização daquilo. Passada essa breve explicação acerca da corrente do Behaviorismo Radical, é importante abordar um pouco a respeito da possibilidade de controle do comportamento humano para os behavioristas. Watson era categórico, acreditava ser possível transformar o indivíduo por meio da educação e da reeducação. É bem famosa sua afirmação de que poderia tornar um recém-nascido um homem honesto ou um marginal corrupto. Para Watson, o destino de uma pessoa dependeria exclusivamente dos fatores condicionantes organizados em torno dela. Skinner discordou um pouco e amenizou essa concepção em sua teoria radicalista. O paradigma comportamentalista diverge opiniões. Os críticos alegam que a teoria é simplista demais e ignora a infinita riqueza da alma humana. Por seu turno, os defensores do comportamentalismo afirmam que teorias sofisticadas como a psicanálise geram boas ideias literárias com diminutos resultados práticos. Mas o que Palov entendia sobre a questão da aprendizagem? Palov foi um estudioso comportamentalista muito importante que fez um estudo de teoria da aprendizagem em seu laboratório de fisiologia com cães. Se o cão estiver sem alimentação por um tempo, irá salivar se for exposto a uma porção de carne ou outro alimento. O curioso é que o cão pode apresentar o mesmo comportamento (de salivar) mesmo antes de ver ou cheirar a carne. Ele pode salivar simplesmente na presença da pessoa que o alimenta ou ao ouvir seus passos, ou o barulho da vasilha de comida etc. O que Palov quis mostrar com seu experimento é que tudo que aprendemos deve ser explicado pelo modo como os estímulos ambientais e internos (do sistema nervoso) são dispostos para produzirem respostas. O apresentado modelo de aprendizagem é denominado “condicionamento” e pode ser visto em nosso cotidiano. Assim como o cão do experimento de Palov, nós também salivamos ao ver os prantos sobre a mesa, mesmo antes de ver a comida, significando que passamos por um processo de condicionamento. Além disso, cumpre ressaltar que Palov compreendia o psiquismo humano como um conjunto de conexões ou associações entre estímulos e respostas. Vamos agora passar para o estudo da aprendizagem segundo Skinner (behaviorismo radical). Ele realizou seus experimentos em ratos de laboratório em uma gaiola, que ficou popularmente conhecida como “Gaiola de Skinner”. Consistia em um compartimento onde havia uma alavanca junto a um comedouro. Dentro da gaiola, o rato se movimentava rápido, tocando a alavanca algumas vezes. Aumentar a frequência desse comportamento era o objetivo de Skinner. E como os resultados desse experimento podem ser transpostos para a aprendizagem humana? Da seguinte forma, o educador deve fornecer ao seu aluno um estímulo do qual o organismo esteja privado. No caso do rato, se ele estiver privado há horas de comida, basta ligar um mecanismo que, a cada toque na alavanca, introduza alimento no comedouro. O rato aumentará o comportamento desejável de acionar a alavanca significativamente, devido à recompensa recebida. Tecnicamente chama-se reforçador de estímulo ao que produz esse efeito. No caso dos ratos, o reforçador de estímulo é o alimento. A esse procedimento atribuiu-se o nome de “condicionamento operante”, na medida em que o resultado obtido depende de uma operação do organismo que altera o ambiente físico. Para Skinner, somos o resultado de interações que mantemos com nosso ambiente. Diferentemente da visão de Watson, que entendia que o indivíduo é totalmente moldável a partir das influências que o cercam. Antes de passarmos para outro aspecto da teoria comportamentalista é bom trazer um aviso a título de ponderação, o comportamentalismo refere-se sempre a probabilidades, e nunca a certezas. Cientificamente falando, o máximo que se pode afirmar é que um reforçador aumenta a probabilidade de repetição de um comportamento. E o grau de certeza sobre a ocorrência de uma resposta é grande quando lidamos com experimentos de laboratório (situações altamente controladas), todavia, diminui na medida em que nos aproximamos de situações reais da vida cotidiana (situações infimamente controladas). Por seu turno, vale a pena ressaltar uma crítica feita às características técnicas do comportamentalismo, que é o fato dos comportamentalistas igualarem homens e animais inferiores, desconsiderando a peculiaridade psicológica, histórica e cultural dos seres humanos. Cita-se uma frase de crítica ao behaviorismo feita por Steven Rose, em seu livro “O cérebro Consciente”:“o behaviorismo seria uma ciência chimpomorfista, pois reduz o ser humano às características de um chimpanzé. Embora a transposição dos resultados obtidos em experimentos com animais para nós humanos seja um tanto quanto problemática, muitas conclusões obtidas por intermédio das estratégias experimentais do comportamentalismo podem servir de inspiração de trabalho ao professor. Existem resultados indicadores de que organismos em geral, e o ser humano em particular, respondem de modo parecido a certos estímulos ambientais. No que tange ao comportamentalismo na escola, os professores utilizam esquemas dessa teoria mesmo sem saber. Atribuir uma boa nota nada mais é do que a tentativa de fazer aumentar a frequência de um comportamento adequado. Deste modo, embora o comportamentalismo seja de difícil transposição para a escola, devido ao seu rigor científico, notamos que ele está presente no dia a dia da sala de aula. Estando ciente dos paradigmas teóricos e técnicos, o professor pode incrementar e aperfeiçoar seus métodos de trabalho, modificar suas próprias atitudes e tentar obter melhores resultados no que tange à aprendizagem de seus alunos. Skinner considerava que as escolas vinham perdendo muito tempo para ensinar mal, com conteúdos que poderiam ser ensinados de forma mais célere e eficiente (busca da eficiência máxima). Para atingir essa meta, bastaria que os conhecimentos escolares fossem elaborados de forma simples, sem grandes divagações e que se exigisse do aluno respostas objetivas sobre os assuntos abordados. Ao aplicar esquemas de reforçamento, a escola (máquina de ensino) instala e suprime comportamentos com objetividade. Portanto, para o behaviorismo, o aluno nada mais é do que o resultado de condições ambientais, estímulos, condições e operações que a escola organiza para atingir suas metas. Referência bibliográfica: CUNHA, M.V - Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008. Texto 10. CAPÍTULO II. PAVLOV, WATSON E SKINNER. - COMPORTAMENTALISMO E EDUCAÇÃO.
Compartilhar