Buscar

Cristologia - Unifatecie

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Cristologia 
Professora Dra. Raquel C. Cabral
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2022 Os autores
Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Per-
mitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas 
sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
C117c Cabral, Raquel c. 
 Cristologia / Raquel C. Cabral. Paranavaí: EduFatecie, 
 2022. 
 97 p. : il. Color. 
 
 
 
1. Jesus Cristo – História das doutrinas. 2. Teologia. I. Centro 
 Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. 
 III. Título. 
 
 CDD : 23 ed. 232.954 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTOR
Prof.ª Drª. Raquel C. Cabral
● Doutora em Teologia pela PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) 
em Curitiba - PR.
● Mestra em Teologia Sistemática Pela FAJE (Faculdade Jesuíta) de Belo 
Horizonte – MG.
● Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universitá Urbaniana de Roma. 
● Professora da área de Teologia Sistemática da PUCPR desde 2012 (Teologia 
Fundamental, Cristologia, Trindade, Mariologia e Escatologia).
● Professora de Cristologia e Trindade do curso de Teologia em EAD da Uningá - 
Maringá - PR.
● Pesquisadora com foco temático em Reino de Deus, Dom Helder Câmara e 
Concílio Vaticano II.
Experiência em coordenação de cursos de Teologia para Leigos, pregação de 
retiros espirituais cristãos e práticas meditativas e de relaxamento.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/9662020930739112
http://lattes.cnpq.br/9662020930739112 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Prezado (a) aluno (a),
Seja bem-vindo (a) ao caminho que iremos percorrer juntos graças ao seu interesse 
por esta disciplina do curso de teologia. Nela, você conhecerá os conceitos fundamentais 
da teologia cristã a respeito de Jesus Cristo, sua construção histórica e o conjunto de 
crenças que compõem a fé cristã. 
Nós estaremos juntos nessa jornada por meio das vídeo aulas e do apoio da presente 
apostila preparada especialmente para você. Nela você encontrará outras indicações que 
poderão lhe conduzir a um maior aprofundamento dos temas estudados. 
Na primeira unidade, estudaremos o conceito de cristologia, as características 
fundamentais para que a cristologia seja reconhecida como teológica e as diferentes 
metodologias de estudo. Para exemplificar a importância de uma metodologia adequada 
no estudo da cristologia, estudaremos um acontecimento significativo que ficou conhecido 
como “antiga questão do Jesus histórico”.
Na segunda unidade do curso de cristologia, cujo tema é Jesus, o Messias prometi-
do, procuraremos entender e conhecer às expectativas messiânicas de Israel. Estudaremos 
também as origens da noção de reinado de Deus e como se pensava este modelo no antigo 
testamento. Na sequência, refletiremos um pouco mais a respeito do título que Jesus deu 
a si mesmo, a saber, Filho do Homem, e procuraremos identificar os motivos pelos quais 
Jesus adotou esta figura apocalíptica.
Na terceira unidade do nosso curso iremos visitar os evangelhos observando Jesus 
de Nazaré e nos perguntando se de fato é ele o Messias. Estudaremos as relações que ele 
estabeleceu com a lei com o templo com Deus e com as pessoas, de modo a nos aproximarmos 
dos valores por ele vividos e ensinados. Sendo o Reino de Deus, a temática catalisadora do 
seu projeto salvífico, estudaremos que sentido teve pra Jesus falar em Reino de Deus. Por 
fim, faremos juntos uma leitura teológica da morte e da ressurreição de Jesus.
Finalmente na quarta unidade faremos uma investigação tipicamente dogmática 
para conhecer as cláusulas vinculantes da fé cristã a respeito de Jesus Cristo. Por esta 
razão, de modo sintético, estudaremos as principais decisões conciliares.
Agora você tem em mãos o percurso a ser feito. Que a sua trajetória de conhecimentos 
teológicos na área da cristologia acrescente ao seu horizonte de vida elementos que venham 
lhe tornar uma pessoa melhor para si e para o mundo.
Muito obrigada e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 4
A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
UNIDADE II ................................................................................................... 31
O Messias Prometido e Esperado
UNIDADE III .................................................................................................. 54
Jesus de Nazaré: Vida e missão
UNIDADE IV .................................................................................................. 75
Verdadeiramente Homem e Verdadeiramente Deus
4
Plano de Estudo:
● A Cristologia e as cristologias;
● Métodos, fontes e notas identitárias da cristologia;
● A antiga questão do Jesus histórico;
● A nova questão do Jesus histórico.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar a cristologia e contextualizar a abordagem 
cristã entre outras abordagens e perspectivas;
● Compreender os traços distintivos e identitários da criptologia;
● Estabelecer a importância da historicidade da pessoa de 
Jesus Cristo e nela a revelação do Filho de Deus.
UNIDADE I
A Fé Cristã a Partir 
da Visão Cristã
Professora Doutora Raquel C. Cabral
5UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
INTRODUÇÃO
Muito se diz e se escreve a respeito da pessoa de Jesus de Nazaré, a quem 
chamamos Cristo. O material produzido a respeito da sua pessoa é tão amplo e diversificado 
em quantidade quanto em perspectivas e pontos de vista. Estamos nos referindo a reflexões 
e estudos que envolvem dois séculos de história contados a partir de sua vinda ao mundo e 
mais dois séculos anteriores a ele, importantes para a cristologia. Tudo isso permeado por 
variados moldes e movimentos culturais, implicando evoluções no conceito de Deus, de ser 
humano e de mundo. 
Em poucas palavras, estamos entrando em um campo que implica diversas 
cosmovisões. E fazemos estas considerações para que se solidifique em nós a consciência 
de que não se pode pretender a hegemonia do conhecimento quando o objeto de estudo e 
de pesquisa é comum a métodos olhares e perspectivas diferentes. 
Isso é suficiente para nos convencermos de queé necessário delimitar e esclarecer 
de que ponto de vista estamos falando quando o assunto é Jesus Cristo. No nosso caso 
queremos conhecer a pessoa de Jesus Cristo no quanto ele é importante para a fé cristã 
vista a partir da visão, da história e dos princípios cristãos. Portanto, além de perguntarmos 
quem é Jesus de Nazaré a quem chamamos Cristo, nesta unidade procuraremos nos 
ocupar em responder quem é Jesus Cristo para os cristãos e para a fé que eles professam. 
6UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
1. A CRISTOLOGIA E AS CRISTOLOGIAS
1.1 Inesgotável Mistério em pessoa
Habitualmente, o uso da palavra mistério está relacionado a contextos e 
acontecimentos que fogem ao alcance do conhecimento, da compreensão e de uma 
explicação esclarecedora. Para o uso popular, o que determina a condição mistérica 
daquilo de que se está falando é o desconhecimento e não a real impossibilidade de 
obter informações a respeito. Basta, por exemplo, que algo tenha aparecido quebrado 
e não se saiba quem o quebrou e a palavra mistério caberá bem para falar sobre esse 
desconhecimento. O termo é muito caro aos ambientes e contextos religiosos para indicar 
o desconhecimento a respeito do sagrado e suas repercussões na vida e no destino do 
ser humano e do mundo. Por exemplo: como será a vida depois da morte, porque os bons 
sofrem, por que o ser humano busca a dimensão religiosa, etc.
Teologicamente falando, o termo mistério tem um significado específico e ampliado em 
relação ao uso popular que acabamos de falar. Em especial quando o termo mistério está referido 
a Deus ele quer indicar infinitude. Note que infinitude é diferente de incompreensibilidade. 
Certamente você deve ter estudado no curso de introdução à teologia ou de teologia 
da revelação que todo o conteúdo da teologia cristã vem da automanifestação de Deus 
ao ser humano e que a isso chamamos Revelação. Deus desejou tornar-se conhecido e, 
embora sendo de natureza infinita e ilimitada, Ele deu-nos possibilidade de conhecê-lo até 
onde temos condições de alcançá-lo, considerando as diferenças entre a natureza divina e 
a natureza humana. 
7UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Assim fica mais fácil entender que Deus é Mistério (com letra maiúscula!) que quis se 
tornar acessível através da sua automanifestação ao longo da história. Complementando a 
nossa compreensão a respeito da aplicação do termo Mistério para Deus falta-nos lembrar 
que, por mais que consigamos avançar em pesquisas teológicas e na experiência espiritual, 
jamais esgotaremos o nosso conhecimento a respeito de Deus. Logo, é lícito afirmar 
que Deus é Mistério inesgotável, auto manifesto, aberto ao infinito e somente alcançado 
plenamente por Ele mesmo.
Jesus Cristo foi a manifestação mais eloquente de Deus sobre si mesmo à 
humanidade e à história. Devido à sua natureza plenamente humana e plenamente divina 
é lícito afirmar que ele é o inesgotável Mistério em pessoa.
1.2 Inesgotável complexidade na simplicidade de uma pessoa
No tópico anterior, você entendeu em que sentido afirmamos que Jesus é o 
inesgotável Mistério em pessoa. Agora, ampliando um pouco mais a nossa reflexão, 
é lícito e devemos considerar que Jesus Cristo também é inesgotável complexidade na 
simplicidade de uma pessoa. Vamos procurar citar algumas razões que justificam afirmar 
sua complexidade e ao mesmo tempo sua simplicidade.
A complexidade da pessoa de Jesus reside no fato de ele ser o cumprimento 
das promessas feitas por Deus a humanidade por meio de gerações seguidas de líderes 
carismáticos, como registradas na Sagrada Escritura: patriarcas, juízes carismáticos e 
profetas. Porém, como estudaremos mais à frente, ele veio de um modo surpreendente e 
difícil de ser reconhecido de imediato. O caráter complexo que envolve a sua pessoa aparece 
no modo como ele se apresenta. Ele dava pistas sobre a sua pessoa por meio de ações e 
de palavras explícitas e implícitas. A complexidade aparece quando, por exemplo, ele chama 
a Deus de pai com intimidade jamais imaginada. Chamando-o Pai, Jesus estava afirmando 
ser filho do Eterno, Insondável, Perfeitíssimo, Altíssimo, Onipotente... Implicava dar por 
pressuposto que ele tinha a mesma natureza de Deus. Isso era muito impactante no seio 
de uma cultura mergulhada no judaísmo que não ousava nem mesmo pronunciar o nome 
de Deus (SCHNEIDER, 2002). Outros exemplos disso são todas as vezes em que Jesus 
se apresenta com autoridade que somente Deus a tem (A BÍBLIA, 1985): ordenando aos 
ventos e ao mar que se calem (Mc 4, 35-41; Lc 8, 22-25), perdoando pecados (Mt 18, 21-22), 
curando pessoas (Mc 2, 1-12) e libertando-as do mal (Lc 11, 15-26). O conteúdo dos seus 
ensinamentos e a mensagem comunicada por meio de suas ações era o Reino de Deus.
8UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Na verdade, o povo esperava a chegada de um tempo em que o reinado de Deus 
prevalecesse, estabelecendo a justiça e a ordem sociopolítica no país, por uma intervenção 
divina. Jesus anuncia a chegada do Reino de Deus, afirma que o Reino de Deus já está entre 
eles e aponta para sinais que surpreendiam o povo, como teremos oportunidade de estudar 
mais detalhadamente sobre este assunto. Três dias depois de sua morte apareceu vivo, com o 
havia prometido, à algumas pessoas isoladamente e também ao grupo dos doze que o seguiam 
mais de perto. E os seus anunciavam que ele estava vivo e que ressuscitara de entre os mortos 
causando galhofas e indignação. Esses e outros elementos justificam dizer que Jesus é a 
inesgotável complexidade na simplicidade de uma pessoa (DUPUIS, 2007, p. 11).
A simplicidade de Jesus também foi algo notável e você haverá de convir que era 
paradoxal: um ser humano aparentemente igual a todos os outros, portador das mesmas 
necessidades e limites dos seus contemporâneos que dizia que Deus era seu Pai. Por 
exemplo: sentia cansaço, sede e fome, comovia-se diante do sofrimento alheio, diante da 
perda de um amigo sentiu o coração apertar e chorou. Nasceu na condição indigente igual 
a todo recém-nascido, precisando ser alimentado por sua mãe, ser cuidado e protegido. 
Aprendeu a andar, a falar e a se comportar na família e na sociedade conforme os costumes 
e regras sociais e sociopolíticas. 
Foi iniciado na lei judaica como todos os adolescentes seus contemporâneos, 
quando iniciou a vida pública e saiu de sua pequena cidade em direção à capital do país, 
Jerusalém, provocou espanto e admiração pelo fato de demonstrar tanta sabedoria embora 
sendo de origens tão simples. Sua proposta de vida não tinha nada que exigisse alto nível 
intelectual para que fosse acolhida, seus preferidos eram os da periferia da existência, 
aqueles que sobravam das camadas seletas da sociedade. Jesus causou muito incômodo 
às classes dominantes de sua época, no campo civil e também da religião, por isso foi 
perseguido condenado à morte de cruz e executado como um malfeitor que deveria 
ser eliminado para o bem de todos, historicamente, um falido. Poderíamos continuar 
citando quase que ao infinito as razões paradoxais da extrema simplicidade unida à uma 
complexidade incomparável na pessoa de Jesus.
1.3 Falamos de uma Cristologia ou de várias cristologias?
Com sua encarnação, testemunho de vida, ensinamentos e obras, Jesus inaugurou 
uma novidade cujo grupo primitivo recebeu a responsabilidade, ou melhor, a missão de 
comunicar a todos aquilo que ouviu e vivenciou naquela comunidade primitiva formada 
pelos doze apóstolos, o Mestre e tantos seguidores. 
9UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Cada apóstolo e cada discípulo estabeleceu um tipo de relação com o Mestre de 
acordo com a sua caminhada de seguimento e adesão à Boa Nova que Jesus estava 
trazendo. Jesus enviou a todos a pregar ao mundo que eles aprenderam de maneira que 
cada apóstolo gerou o seu discipulado. O perfil desses grupos assistidos pelos apóstolos era 
bastante variado. A pregaçãodos apóstolos transmitindo a Boa Nova de Jesus adaptava se 
a realidade de cada grupo principalmente a proveniência de suas crenças. Anunciar Jesus 
a um pagão requeria uma estratégia diferenciada do anúncio feito há um judeu convertido, 
para citar um exemplo. Esta é uma das razões pelas quais cada um dos evangelistas 
construiu uma narrativa especifica a respeito de Jesus, embora Marcos Mateus e Lucas se 
aproximem mais entre si por terem usado fontes comuns, enquanto João tenho estilo todo 
próprio. Ora, se isso acontece entre os evangelistas imaginemos que ao longo de dois mil 
anos de evangelização são muitas as interpretações existentes a respeito do evento Jesus 
Cristo e do seu significado. Isso indica que o modo como cada um comunicou a experiência 
e aprendizagem feita no discipulado de Jesus teve um enfoque particular.
É bom lembrar que estamos diante de um objeto de estudo sobre o qual tudo o que 
foi absorvido, escrito e interpretado a respeito parece INADEQUADO ou INSUFICIENTE. 
Esta inadequação de que estamos falando não é apenas uma sensação. É uma realidade 
inerente à cristologia devido a seguinte razão:
Os registros do Novo Testamento foram feitos conforme uma seleção do que se 
pretendia narrar a respeito de Jesus Cristo. O Evangelista Lucas inicia o seu evangelho 
explicando que tudo o que conhecera a respeito de Jesus Cristo ele pretende anunciar. 
E explica que está enviando um escrito previamente organizado o que significa certa 
seleção de material. Vale a pena conferir na sua bíblia (A BÍBLIA, 1985): Lc 1,3: “... escrito 
ordenado...”. No capítulo 21 do seu evangelho, o Evangelista João explica que aqueles 
relatos não corresponder a tudo o que Jesus fez e disse. João declara que tal pretensão 
seria impossível. Confira Jo 21, 15: “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem 
escritas uma por uma...” Ainda como exemplo, observe o que o próprio Jesus explica sobre 
a totalidade das coisas que ele gostaria de dizer e ensinar. Porém, ele prefere delegar ao 
paráclito que conduza os seus a verdade plena. Caso Jesus mesmo resolvesse dizer tudo 
os seus não suportariam. Isso está em Jo 16, 12-13: “tenho ainda muito a vos dizer que não 
podeis agora suportar... o Paráclito vos conduzirá à verdade plena...”. 
10UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Não obstante tudo isso, Jesus ordena que o seu evangelho, a sua Boa Nova, seja 
anunciada. Esta palavra de ordem é levada a sério pelas comunidades cristãs primitivas: Mc 
16, 1s: “ide pregai o evangelho...” e até os nossos dias. Haja vista, a título de exemplificação, 
algumas das abordagens recentes reproduzidas pelo olhar mais amplo de uma teologia 
pluralista que considera os contextos específicos da cristologia. Apresentaremos algumas 
delas, baseando-se em Dupuis (DUPUIS, 2007):
●	Abordagem	 histórico	 crítica: esta abordagem atende ao método histórico 
crítico de estudo dos evangelhos. Esse jeito de fazer cristologia tem o propósito de 
demonstrar que o fundamento da cristologia presente no anúncio da igreja primitiva 
está na pessoa concreta do Jesus histórico. Esforça-se para extrair dos evangelhos 
tudo aquilo que é possível afirmar a respeito da experiência terrena de Jesus de um 
modo crítico e comparativo entre o Jesus concreto da história e a tradição de fé dos 
discípulos desde os da primeira geração. 
●	Abordagem	 existencial: esta abordagem baseia-se em uma forma de 
fazer teologia que busca colher o significado do aspecto cristológico estudado, 
considerando a resposta e adesão de fé existencialmente válida que a mensagem 
de Jesus suscita. A abordagem existencial considera que os registros sobre a 
experiência cristã lógica que se encontram nos evangelhos foram formulados a 
partir de uma linguagem típica do tempo utilizando-se dos símbolos e representa 
ações de uma experiência de fé resultante do sentido existencial daquele contexto.
●	Abordagem	 Cristológica	 pelos	 títulos: entre as tantas formas de se fazer 
cristologia está abordagem através dos títulos atribuídos a Jesus Cristo que se 
encontram ao longo dos evangelhos. Analisando a origem e a razão pela qual 
esses títulos são atribuídos a Jesus Cristo nos evangelhos constrói-se uma 
cristologia. Cada título relaciona se a dimensões diferentes da vida e do ser de 
Jesus Cristo. Existem os títulos messiânicos como por exemplo: o Cristo ou o 
servo de Javé ou ainda o Filho do Homem. Outros títulos são mais funcionais. Eles 
indicam a missão salvífica de Jesus em relação à humanidade e ao cosmo. Por 
exemplo: profeta, salvador e Senhor. Podemos citar ainda uma terceira categoria 
de títulos cristológicos que se encontram nos evangelhos. São os chamados títulos 
ontológicos por indicarem o perfil pessoal de Jesus Cristo. Por exemplo: palavra de 
Deus filho de Deus caminho verdade e vida. 
●	Abordagem	crítico	dogmática:	estuda se Jesus Cristo a partir da formulação 
de fé construída principalmente nos primeiros séculos com validada pelos concílios 
ecumênicos antigos. Os dogmas cristológicos estão diretamente relacionados a 
contextos específicos de debates a respeito da pessoa de Jesus, porém, foram 
assumidos pela fé da igreja e continuam válidos até os nossos dias.
11UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Estudar a pessoa e o significado de Jesus Cristo apenas sob o olhar dogmático 
pode-se incorrer no risco de deixar muito fechada a leitura a respeito de Jesus 
Cristo. Embora não sendo do agrado do magistério Oficial da Igreja Católica 
Apostólica Romana oficial (maior representante do cristianismo no mundo), a 
abordagem crítico dogmática estuda a fé professada pelos cristãos através dos 
dogmas por eles assumidos, a partir de uma postura criticamente respeitosa ou 
respeitosamente crítica. 
●	Abordagem	histórico	salvífica:	esse modo de fazer cristologia destaca se por 
considerar primordial o evento Jesus Cristo. Abordagem parte da encarnação do filho 
de Deus considera toda a sua experiência de vida como evento salvífico e vai até a 
ressurreição. A cristologia construída a partir da perspectiva histórico salvífica está 
centrada no significado teológico do evento Jesus Cristo que veio para a salvação 
do gênero humano e de toda a criação restabelecendo a comunhão com Deus.
●	Abordagem	da	cristologia	da	libertação:	nesta abordagem importa colher da 
experiência de encarnação do filho de Deus na história em seus comportamentos 
e práticas a chave para uma interpretação prática de todas as realidades atuais 
necessitadas de libertação. Ela baseia-se na teologia da libertação que se levantou 
a partir do Concílio Vaticano II. A teologia da libertação ganhou muita expressão na 
América Latina devido a ser um continente que concentra muitas injustiças sociais 
resultando no desrespeito à dignidade da pessoa humana e à vida no universo. 
Esta produção cristológica pergunta-se sobre o sentido prático da fé cristã, ou seja: 
o que muda na justiça social de um país ou continente em que a sociedade é 
constituída por uma maioria de cristãos? Que respostas podemos encontrar nos 
ensinamentos e na praxe de Jesus para o escândalo da miséria e da fome?
●	Abordagem	Inter-religiosa:	é uma das abordagens mais novas da cristologia. 
Ela se insere na dinâmica do diálogo micro e macro ecumênicos. A cristologia do 
diálogo está sempre relacionada a algum tema específico da cristologia. Um bom 
exemplo de uma cristologia inter-religiosa é aquela que foi envolvida entre teólogos 
judeus e cristãos nos anos 1980, procurando resgatar a profunda inserção de Jesus 
na cultura e na prática religiosa do seu povo reconstruindo as evidências de que 
Jesus foi um autêntico judeu. 
Poderíamos continuar citando diferentes modelos de cristologia alargando o 
leque temporal para algumas abordagens mais antigas, já em desuso. Neste momento da 
nossa reflexão, gostaríamos de deixar clara a importância de uma abordagem integral da 
cristologia simplesmente definida pela buscade entender como é que os cristãos dão razão 
à sua própria fé do ponto de vista histórico, bíblico e dogmático.
12UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
2. MÉTODOS, FONTES E NOTAS IDENTITÁRIAS DA CRISTOLOGIA
Os bons resultados de qualquer empreendimento dependem em grande parte de 
um bom planejamento que preveja desde o ponto de partida aos detalhes da execução. 
O êxito dos resultados depende ainda das estratégias e dos meios escolhidos para se 
alcançar um determinado fim. Os instrumentos ou materiais utilizados também precisam 
estar alinhados e adequados ao tipo de empreendimento falando mais especificamente do 
planejamento é imprescindível determinar o ponto de onde se quer partir, ou seja, o início 
da ação empreendedora.
É importante também incluir no planejamento um ponto de onde partir, os direcionamentos 
a serem tomados durante o processo e os procedimentos em vista da sua conclusão. 
Você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com o nosso curso 
de cristologia. Dizíamos na introdução ao módulo que faríamos uma construção de 
conhecimentos juntos e de fato é o que estamos realizando.
Cabe-nos agora conversar um pouco sobre os métodos da cristologia.
2.1 Os métodos descendente e ascendente da cristologia
Antes de explicarmos cada uma desses métodos é importante entender que o que 
aqui se chama de método diz respeito à determinação do ponto de partida da construção 
cristológica. As duas visões qual respondem a 2 perguntas: na elaboração da cristologia 
devemos proceder a partir de Deus ou a partir do homem? Deve-se fazer a cristologia 
apoiar-se sobre um dogma de fé ou deve-se construi-la sobre a base da história? É o que 
você irá entender agora.
13UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
2.1.1 O método descendente da cristologia
A cristologia segundo o método descendente implica partir de pressupostos a 
respeito da natureza divina de Jesus Cristo, seus atributos de semelhança a Deus como 
ponto de partida. O estudo inicia tendo já em mãos os resultados das grandes discussões a 
respeito da identidade de Jesus, desde os seus contemporâneos até os primeiros conselhos 
ecumênicos da história da igreja. 
O método descendente da cristologia é também chamado cristologia de cima 
(LOEWE, 2000). A razão disso é que a cristologia descendente ou de cima parte das 
realidades pré-existentes do filho de Deus, por exemplo, inicia pelo estudo da sua condição 
eterna pré-existente de ser filho de Deus, em seguida, estuda a sua ressurreição e por 
último a sua experiência terrena, ou seja, a realidade da sua encarnação.
A desvantagem do método descendente de fazer cristologia está Inter como 
pressupostos cláusulas quem incluem a profissão de fé cristã. Este, a priori, dificulta a 
aprendizagem e a compreensão de pessoas que não professam a fé cristã. Um outro 
motivo pelo qual este método caiu de uso, é por divergir do modo como Deus revelou a si 
mesmo na história. Você entenderá melhor esta avaliação depois que apresentarmos os 
dois métodos, dando-lhe condições de uma comparação avaliativa.
2.1.2 O método ascendente da cristologia
Ao contrário do método descendente da cristologia, o método ascendente da cristologia 
parte da perspectiva histórica de Jesus, como pressupostos apenas dos registros do antigo 
testamento que por sua vez também são estudados conforme a progressividade da Revelação. 
A cristologia ascendente é também chamada cristologia de baixo (LOEWE, 2000) 
porque parte das realidades histórico existenciais vividas por Jesus Cristo, o Verbo de 
Deus encarnado e segue a sequência dos próprios acontecimentos registrados na sagrada 
escritura a saber a ressurreição, a experiência da igreja primitiva, as controvérsias e 
discussões a respeito da identidade de Jesus Cristo, até estudar por último a formulação 
do dogma cristológico a partir do estudo dos concílios ecumênicos antigos.
O consenso entre teólogos contemporâneos aponta para o método ascendente de 
fazer cristologia como o mais adequado há uma teologia lúcida e coerente com o processo 
da revelação. Quando Deus quis dizer disse ele adotou a progressividade da história sem 
nenhum pressuposto a não ser ele mesmo sinalizando o seu ser e a sua presença no 
mundo. Fez isso na história de Israel desde o antigo testamento até o cume da revelação 
com a vinda de Jesus. 
Estão representados:
14UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
FIGURA 1 - MÉTODO ASCENDENTE E DESCENDENTE DA CRISTOLOGIA
 
Fonte: A autora (2021).
15UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
3. A ANTIGA QUESTÃO DO JESUS HISTÓRICO
 
Entre os elementos que compõem a fé e o anúncio cristãos o que mais causa 
dificuldades, desde o primeiro século, é a dupla natureza de Jesus Cristo, humana e divina 
ao mesmo tempo. Para a cultura e a concepção religiosa judaica era impossível inadmissível 
pensar que Deus pudesse assumir a imperfeição de um corpo visível e tudo o mais que 
compõem a natureza humana: a corporeidade, a historicidade, a temporalidade e assim por 
diante. Deus estaria contradizendo a sua própria natureza, negando-a.
A dupla pertença de Jesus natureza humana e divina foi causa de muitos debates 
teológicos durante a formulação e a sistematização do dogma cristológico. A grande maioria 
das heresias que surgiram durante os seis ou sete primeiros séculos do cristianismo 
discutiam este assunto e apresentavam formulações ou respostas teológicas julgadas 
incorretas no corpo das verdades sobre a pessoa e o significado de Jesus Cristo. Embora 
desde o primeiro Concílio Ecumênico da história da igreja (Concílio de Niceia – 325 d.C.) 
afirme-se que Jesus, o Filho de Deus, possuía a mesma natureza divina que o Pai, até hoje 
muitos não creem que verdadeiramente Jesus Cristo é o Filho de Deus e que tem a mesma 
natureza divina que o Pai.
Neste momento do nosso curso de cristologia, queremos voltar a nossa atenção 
para o debate que surgiu no auge da época moderna e ficou conhecido como a questão do 
Jesus histórico. O movimento intelectual moderno atravessou os séculos XVIII, XIX e XX e 
encontra-se ativa até os nossos dias. 
16UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Embora tenha causado muitos desconfortos aos cristãos foi importante porque 
mobilizou aprofundamentos teológicos sobre a natureza de Jesus, melhorou o modo 
como estudar a sagrada escritura e enriqueceu a Cristologia enquanto tal. O debate ficou 
muito conhecido devido a densidade das argumentações entre os participantes e o quanto 
confrontavam a fé cristã e negavam o seu núcleo: a extraordinariedade da divindade de 
Jesus. A Questão do Jesus histórico nasceu do processo que se desencadeou no encontro 
entre autocompreensão da fé cristã e a cultura moderna no final do século XVIII. Uma 
espécie de confronto entre a fé e a razão.
A nossa razão possui uma lógica conceitual e é segundo ela que acontece o contato 
com todas as realidades que o ser humano conhece. Quando algo desconhecido nos é 
apresentado, naturalmente a nossa razão busca nos arquivos já existentes um grupo ao 
qual esta nova realidade desconhecida poderia se enquadrar. Vamos procurar entender 
melhor a partir do seguinte exemplo: imaginemos que seja apresentado um limão há uma 
pessoa que não o conhece. Em frações de segundo, a mente começa a buscar nos seus 
arquivos grupos aos quais aquela novidade poderia se encaixar. Quanto à forma definirá 
que é algo redondo em base a outros objetos redondos já conhecidos. Quanto à espécie 
associará ao grupo frutas. E agora, para definir de que fruta se trata, a mente inteligente 
recorrerá ao que mais lhe aproxima, talvez a uma laranja. Imaginemos agora que a razão 
seja colocada diante de um ser que se afirme pertencente a duas naturezas ao mesmo 
tempo. Na mais absurda das hipóteses imagine um ser com aparência de um papagaio 
afirmando ser ao mesmo tempo cobra. A tendência natural é de descrença. Simplesmente 
a razão não consegueenquadrar essa novidade em nenhuma das categorias que ela 
possui. Simplesmente acontece a negação da razão sobre a existência deste elemento não 
alcançável pela razão. Por este motivo, percebe-se a limitação da habilidade racional e à 
necessidade que ela tem de outras faculdades do ser humano.
Antes de avançarmos na nossa reflexão, é interessante considerar que a razão 
não é a única forma com que o ser humano entra em contato com as realidades que ele 
conhece. Nos últimos vinte anos, muitas pesquisas têm sido feitas a respeito de outras 
formas com que o ser humano pode conhecer e interagir com o meio em que vive. Estudos 
sobre a mente humana constatam que ela emite e capta sinais ao seu redor auxiliando 
o ser humano na percepção e no conhecimento das realidades existentes. É próprio da 
antropologia teológica estudar o ser humano a partir da visão da teologia, segundo a qual 
ele é imagem e semelhança de Deus, dotado de um corpo material e de uma alma espiritual 
capaz de se comunicar com seres também espirituais, como é Deus. 
17UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
O âmbito da espiritualidade também tem se desenvolvido muito reconhecendo a 
natural sensibilidade que o ser humano possui para captar e interagir com as realidades 
transcendentes, capaz, portanto, de professar a fé. 
A pesquisa do Jesus histórico teve cunho histórico crítico. Foi construída por 
pensadores racionalistas, iluministas e empiristas. Ela ia contra todo tipo de concepção 
transcendente, especialmente a fé de que Jesus era mais que um homem comum. A crítica 
recaiu especialmente sobre a fé cristã por causa da grande influência do cristianismo sobre 
a sociedade. É bom que você perceba que não se tratou de um trabalho com o objetivo de 
análises teológicas pois tratou-se de um evento eminentemente científico e cultural.
Tudo começou entre 1774 e 1778 com a publicação de fragmentos da gigantesca 
obra de Hermann Samuel Reimarus (1694-1768) por um discípulo seu chamado Lessing 
(LOEWE, 2000, p. 24). A obra enciclopédica tinha cerca de quatro mil páginas e era intitulada 
Fragmentos de um anônimo de Wolfenbüttel. Era uma narrativa crítica da vida de Jesus Cristo 
construída a partir de uma leitura dos evangelhos de cunho histórico crítico. Ele fez questão de 
considerar apenas os dados históricos, cortando tudo o que está relacionado ao perfil divino 
extraordinário de Jesus que suscitava a fé dos discípulos: a concepção graciosa, as curas, os 
milagres, o perdão dos pecados, as profecias e a ressurreição (LOEWE, 2000, p. 25). 
Segundo a análise Reimarus, existe uma clara distinção entre a doutrina de Jesus e 
a doutrina dos apóstolos. Segundo ele, aquele Jesus que existiu realmente em Nazaré não 
é o mesmo daquele que os apóstolos anunciavam. Logo, para conhecer a Jesus é preciso 
distinguir metodologicamente a apresentação dos apóstolos daquilo que realmente foi a 
vida e os ensinamentos de Jesus. Para ele, Jesus não teria ensinado mistérios nem nada 
que fosse significativo para sustentar uma fé religiosa. O Reino de Deus ensinado por Jesus 
era diferente da concepção judaica. O que aparece nas palavras e gestos de Jesus é um 
modelo sociopolítico tão desafiador para as classes dominantes da época que resultaram 
na decisão de eliminá-lo. E Jesus foi crucificado e morto violentamente (LOEWE, 2000). 
Loewe (2000) segue explicando que para Reimarus o Reino de Deus anunciado 
por Jesus não era deste mundo e que a sua morte não foi um fracasso porque na verdade 
Jesus morreu para salvar a humanidade dos seus pecados e, portanto, ele não estava morto 
ressuscitou e eles o viram vivo. A ressurreição foi um modo dos discípulos não se envolverem 
com o fracasso do mestre. Para defenderem-se das consequências de um falimento público, 
os discípulos teriam roubado o cadáver de Jesus e anunciado que ele ressuscitou. 
18UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Assim, a partir da morte de Jesus abre-se um novo cenário de pregação que já não 
é correspondente aos ensinamentos de Jesus e sim a pregação dos apóstolos. Para ele, as 
histórias da ressurreição são tão contraditórias que nos permitiram acordar deste torpor. Em 
conclusão dos seus estudos, Jesus teria sido um histórico, revolucionário, religioso e nacionalista, 
um grande mestre ético. E o cristianismo não foi resultado das intenções dele, mas uma fraude 
da parte dos discípulos que mergulhou gerações inteiras no engano (LOEWE, 2000).
Como você há de convir, essa publicação causou muitas inquietações, especialmente 
para os cristãos. Os escritos de Reimarus foram suprimidos por causa do extremismo de 
suas posições e pelas reações que causou. O debate sobre a questão do Jesus histórico 
dividia-se entre duas posições. De uma parte, os racionalistas defendiam Reimarus. De 
outra parte, os sobrenaturalistas o combatiam defendendo a doutrina segundo a qual a 
bíblia vale em cada uma das suas palavras literais (LOEWE, 2000, p. 25). 
Houve muitas publicações de ambas as concepções. Não teríamos espaço suficiente 
neste curso para estudá-las. Alguns autores tentavam reconciliar a posição sobrenaturalista 
com a racionalista. Procuravam encontrar algo esclarecedor e convincente entre a visão da 
modernidade sobre o cristianismo e a vertente tradicional de uma leitura literal das sagradas 
escrituras sobre Jesus. Porém, não se chegou a resultados apaziguadores.
Para você conhecer um pouco mais apresentaremos uma das posições mais 
polêmicas (LOEWE, 2000). Adolf von Harnack (1851 - 1930) considerado o mais notável 
teólogo protestante e historiador da Igreja do fim do século XIX e do início do século XX, é 
exemplo dessas tentativas, embora tenha também desmerecido a narrativa cristã. Segundo 
Harnak, era necessário romper com o dogmatismo teológico e, através de uma análise do 
cristianismo primitivo e da história da doutrina cristã. Somente assim se poderia chegar ao 
evangelho do próprio Jesus e à essência do cristianismo. Ele proferiu muitas conferências 
sobre ao assunto. Em 1901, foi publicada a obra A Essência do Cristianismo. É uma síntese 
das dezesseis conferências proferidas por ele a seiscentos estudantes na Universidade de 
Berlim entre os anos 1899 e 1900. Vamos conhecer a posição dele de forma sintética:
● A essência do cristianismo é Jesus e sua mensagem extraída dos evangelhos 
mediante uma análise histórica, especialmente de Marcos, o mais próximo dos fatos;
● Jesus desviou a atenção de si em sua pregação, apontando para alguns temas 
bem específicos colocando-se como modelo desse conteúdo: Deus como Pai, a 
filiação divina e o amor universal que é eternizante. 
● Os ditos de Jesus sobre a vinda do Reino têm dupla vertente: um reino além 
desta vida e também relacionado a uma realidade presente na história.
19UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
● A Igreja exige a profissão de fé em coisas tão complexas e está deixando de lado 
a vida simples e a mensagem concreta de Jesus.
● Discutir se Ele é o Filho de Deus, de igual natureza, verdadeiramente homem e 
Deus... não seria a casca do cristianismo?
● Jesus pertence à essência do cristianismo não porque era filho de Deus, mas 
porque “era a realização pessoal e a força de sua mensagem, e ainda é visto assim”, 
pelo poder de sua personalidade.
Como você já deve ter notado, o teólogo joga o cristianismo contra o Jesus histórico, 
sua experiência de vida e seus ensinamentos. Resulta para Harnak que, eliminando dos 
evangelhos o que ele chama de “a casca do cristianismo”, o sobrenatural, obtém-se uma 
narrativa confiável sobre Jesus Cristo e os seus ensinamentos. Harnak foi contestado 
e também apoiado de modo a não chegar a uma solução para o problema em aberto. 
Afinal, há ou não diferenças entre a experiência de Jesus na história e o que os apóstolos 
e discípulos anunciaram a seu respeito? Se existem diferenças, até que ponto ela torna 
inválida a fé da Igreja? (LOEWE, 2000).
Fazendoum balanço desta primeira fase da pesquisa do Jesus histórico ficou claro 
que o programa faliu pelo preconceito dogmático que visava substituir a imagem ortodoxa 
do Cristo pela de um Jesus conforme aos pressupostos históricos, cientificistas e até 
mesmo nacionalistas da teologia liberal alemã. Restou o incômodo para os cristãos de não 
encontrar resposta satisfatória em nenhuma das tentativas de conciliação.
Em 1906 entram no cenário três personagens que dão início a reavaliações sobre 
o percurso feito nos debates sobre a questão do Jesus Histórico iniciada no final do século 
XVIII. Os teólogos Albert Schweitzer (1875 - 1965), Rudolf Karl Bultmann (1884 - 1976) 
e Karl Barth (1886 - 1968) reavaliam os resultados obtidos na primeira fase das buscas, 
retomam a discussão e abrem um período considerado o tempo intermediário entre a antiga 
e a nova questão do Jesus Histórico, como veremos no próximo tópico.
20UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
4. A NOVA QUESTÃO DO JESUS HISTÓRICO
4.1 Introdução
Os resultados da antiga questão do Jesus Histórico, considerando as várias 
posições dos pensadores que se pronunciaram, deixou no ar uma tremenda insatisfação. 
Tudo começou com a pergunta sobre possível diferença entre a pessoa e a pregação de 
Jesus em si e o que os apóstolos e discípulos anunciaram a seu respeito. Certamente 
existiram diferenças, como é comum em todas as narrativas a respeito de fatos históricos e 
dos seus significados. Quando alguém ou um grupo conta uma vivência acentua os traços 
da experiência feita pela própria pessoa ou por aquele grupo específico. E se cada pessoa 
envolvida no acontecimento for ouvida em suas narrativas, os enfoques serão específicos e 
diferenciados. Porém, há de se manter o teor regente do acontecimento, a sua veracidade.
4.2 A fase intermediária dos debates
Para Albert Schweitzer a pesquisa antiga fracassou por não ter conseguido trazer 
o Jesus da história à tona sem destruir o mestre de salvação, não atendeu à exigência de 
sentido. Para ele, o que pode ajudar e é importante para o nosso tempo não é a busca por 
Jesus conforme historicamente conhecido, mas Jesus espiritualmente ressuscitado dentro 
dos homens (LOEWE, 2000).
Rudolf Karl Bultmann e Karl Barth falam a partir do movimento teológico “Teologia 
da Palavra” segundo o qual o texto da Bíblia desapareceu na poeira do tempo, mas torna-se 
palavra salvífica de Deus, pelo poder do Espírito Santo, quando é proclamada no púlpito, 
porque põe os ouvintes em crise frente a sua condição de vida atual e seu destino eterno 
(LOEWE, 2000). A Palavra proclamada exige uma resposta imediata do ouvinte em crise. 
21UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Sem tempo nem interesse por uma análise histórica, ele dá uma resposta de 
adesão na fé.
Barth afirma que o que há de mais precioso na Palavra escapa à crítica histórica, 
por isso ela é irrelevante. E Para Bultmann (LOEWE, 2000) a busca do Jesus histórico é, 
de fato, impossível e, em princípio ilegítima, por dois motivos. Primeiro porque, segundo 
ele, os textos estão de tal modo impregnados pela fé da Igreja primitiva que é impossível 
retroceder por eles até o Jesus histórico. Para ele, não se deve nem tentar buscá-lo. Como 
bom luterano que era, ele cita Lutero: “os seres humanos são justificados pela graça de 
Deus recebida na fé e não pelos seus próprios esforços...”
Nestes termos, Schweitzer, Barth e Bultmann defendem a fé cristã contra os 
resultados da pesquisa crítica histórica de até 1953 (LOEWE, 2000).
A autoconcepção da fé entrou em crise no encontro com a consciência científica 
empírica e histórica da modernidade. É inegável! Porém, será que para um estudo dos 
evangelhos e do evento cristão o método utilizado pela ciência empírica e histórica da 
modernidade foi adequado? É a questão impulsionadora da segunda fase da pesquisa do 
Jesus histórico que ficou conhecida como a nova fase ou simplesmente a nova pesquisa do 
Jesus histórico (LOEWE, 2000).
4.3 A nova questão do Jesus histórico
Em 1953, Ernest Kasemann, ex-aluno de Bultmann, apresentou um trabalho “a 
questão do Jesus histórico” em um círculo de estudos em Marburg. Kasemann defende 
que há continuidade entre o que se pode saber a cerca de Jesus, pelo método de estudo 
crítico histórico e a figura de Jesus como Cristo, apresentado pelo Novo Testamento e pela 
tradição cristã. Ele afirma que esta pesquisa era legítima, necessária e possível e deve 
continuar. Assim explica Kasemann (KONINGS, 1997):
●	Legítima:	a pesquisa que foi considerada falida, a do Jesus histórico é legítima 
porque os evangelistas escrevem falando sobre Jesus, portanto não é tentativa de 
salvação por obra humana, é legítimo do ponto da fé cristã, buscar acesso a Jesus 
como podemos hoje;
●	Necessária:	a dicotomia entre o Jesus histórico e o Cristo bíblico, mito e história, 
gera uma posição insustentável nos cristãos com relação aos evangelhos. O 
impasse sem respostas justifica retomar a questão do Jesus histórico;
●	Possível:	para Kasemann, o problema da impossibilidade e do falimento foi devido 
ao emprego de método adequados ao estudo na sagrada escritura. Portanto, se for 
adotada uma metodologia que atenda às exigências do estilo de literatura bíblica, a 
pesquisa é possível e deve ser retomada.
22UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Kasemann estava fazendo alusão ao método histórico crítico de leitura da Bíblia 
desenvolvido por August Ludwig Schlözer à época do Iluminismo tardio. Ele foi reelaborado 
por muitos biblistas, inclusive com a colaboração de Bultmann, de onde surgiu o método 
de estudo bíblico denominado “crítica das fontes”. Esta percepção foi de suma importância 
para que houvesse um significativo eu vou avanço na cristologia a partir do estudo das 
Fontes bíblicas (KONINGS, 1997). 
O método nasceu da consideração do material primário do qual cada evangelho 
é construído. A partir da diferença das Fontes, foi possível perceber a semelhanças que 
fazem com que os evangelhos de Mateus Marcos e Lucas sejam semelhantes entre si e 
diferentes do evangelho segundo João (FABRIS, 1988). 
A leitura crítico histórica da vida de Jesus a partir da narrativa dos evangelhos, 
além de considerar as fontes, considera também os contextos redacionais, as questões 
linguísticas e tantos outros detalhes que ajudam a compreender melhor os registros do 
Novo Testamento a respeito da vida de Jesus. O método da crítica das fontes, inclui a crítica 
das formas e também a crítica redacional. 
Com este trio metodológico, pode-se considerar a tradição oral que está atrás de 
cada um dos escritos, a pré-história de cada um dos documentos situados entre a morte 
de Jesus e as primeiras redações dos evangelhos. Assim é possível identificar o gênero 
literário e distinguir o material da fonte dos materiais aportados pelo autor para dar liga ao 
texto. A partir da crítica redacional são estudados e levados em consideração os contextos, 
ou seja, o ambiente vital de onde surgiu o texto. São muitos e diversos entre si os contextos 
culturais envolvidos e eles são importantes para que se possa colher os padrões redacionais 
adotados pelos evangelhos e as opções de disposição dos redatores distintamente. 
A nova pesquisa do Jesus histórico abriu horizontes para um conhecimento muito 
mais amplo e profundo a respeito da experiência terrena de Jesus resolvendo muitas 
das questões a presentadas na antiga pesquisa do Jesus histórico, de modo particular 
as suspeitas quanto ao caráter divino de Jesus e à fé desenvolvida desde a primeira 
comunidade cristã (FABRIS, 1988).
O objetivo do registro escrito da vida e dos ensinamentos de Jesus não é 
simplesmente um diário de ações útil para a formulação de uma biografia, como pensada 
pela ciência moderna da história. Os evangelhos foram escritos para narrar a experiência 
feita pela comunidade que recebeu a figura histórica e teológica de Jesus. O legado dos 
evangelhosconsiste no sentido conferido pela comunidade primitiva ao evento Jesus Cristo, 
desde o seu nascimento até o complexo contexto da sua morte e ressurreição. 
23UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
Por este motivo, qualquer pesquisa feita a partir dos escritos dos evangelhos que tenha 
o objetivo de compilar uma biografia construída por uma sequência lógica de fatos existenciais 
sobre Jesus, é fadada a falir. O motivo pelo qual cada registro foi feito, não é oferecer aos 
leitores uma lógica cronológica dos fatos. Cada evangelho possui um perfil delimitado pelos 
mais diversos fatores e, por isso, ora omite informações que atenderiam à nossa curiosidade 
histórica, ora desce a mínimos detalhes de uma determinada cena. O importante é que consiga 
transmitir a experiência de fé feita pelos apóstolos e discípulos de Jesus.
24UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
SAIBA MAIS
Você já deve ter observado como é imensa a quantidade de artigos e livros publicados a 
respeito de Jesus Cristo. Deve também ter notado que o material produzido diverge um 
do outro quanto as suas opiniões e pontos de vista a respeito de quem tenha sido Jesus 
Cristo e o significado da sua existência na história. Então, eu quero fazer uma pergunta 
provocante: é lícito falar sobre Jesus a partir dos contextos de quem o estuda? Pode-
se fazer uma leitura cristológica de cunho cultural atualizado nas diversas culturas?!!! 
Sim, é possível! Mais ainda: há que se considerar as novas cristologias de ontem e de 
hoje, como o faz o teólogo jesuíta, Manuel Hurtato, em um artigo muito interessante, 
NOVAS CRISTOLOGIAS: ONTEM E HOJE ALGUMAS TAREFAS DA CRISTOLOGIA 
CONTEMPORÂNEA, publicado na revista Perspectiva Teológica, disponível online. 
Fonte: HURTATO, M. Novas cristologias: ontem e hoje algumas tarefas da cristologia 
contemporânea. Revista Perspectiva Teológica, ano XL, número 112, set/dez. 2008. DOI: https://doi.
org/10.20911/21768757v40n112p315/2008
https://doi.org/10.20911/21768757v40n112p315/2008
https://doi.org/10.20911/21768757v40n112p315/2008
25UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
REFLITA
Você já parou para pensar como o mundo seria diferente se o os cristãos vivessem 
radicalmente a sua fé? Será que o número de cristãos no Brasil é insuficiente para 
combater os sinais de injustiça social e a má divisão dos bens da natureza? O que será 
que está faltando? Leia e compare essas duas matérias:
1- “O Anuário Pontifício 2017 e o Anuarium Statisticum Ecclesiae 2015, do Departamento 
Central de Estatística da Igreja do Vaticano, indica que o Brasil ocupa o primeiro lugar no 
conjunto de dez países do mundo com maior consistência de católicos batizados, com 172,2 
milhões de católicos. Ficando à frente de países como o México, com 110,9 milhões, Filipinas 
com 83,6 milhões, Estados Unidos da América (72,3), entre outros. O número de católicos 
brasileiros representa 26,4% de católicos no continente americano. Na pesquisa do Instituto 
Pew Research Center, o Brasil figura na lista dos maiores países cristãos do planeta, com 
aproximadamente 175 milhões de seguidores de Jesus, atrás apenas dos Estados Unidos, 
246 milhões, e à frente do México, terceiro colocado, com 107 milhões”. 
Fonte: CNBB- Igreja católica Apostólica Romana. Cristãos no mundo. Disponível em: https://www.cnbb.
org.br/cristaos-no-mundo-7-bilhoes-de-pessoa-dizem-professar-a-fe-crista-segundo-instituto-de-pesqui-
sa-pew-research/. Acesso em: 25 out. 2021.
https://www.cnbb.org.br/cristaos-no-mundo-7-bilhoes-de-pessoa-dizem-professar-a-fe-crista-segundo-instituto-de-pesquisa-pew-research/
https://www.cnbb.org.br/cristaos-no-mundo-7-bilhoes-de-pessoa-dizem-professar-a-fe-crista-segundo-instituto-de-pesquisa-pew-research/
https://www.cnbb.org.br/cristaos-no-mundo-7-bilhoes-de-pessoa-dizem-professar-a-fe-crista-segundo-instituto-de-pesquisa-pew-research/
26UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
2 - “Superando a atual taxa de mortalidade pela covid-19, cerca de 11 pessoas poderão 
morrer de fome por minuto no mundo até o final de 2021. A falta de alimentação mínima 
é agravada por cenários de conflitos armados, pelos efeitos da crise climática e pela 
própria pandemia. A conclusão é de relatório da ONG (organização não governamental) 
Oxfam divulgado nesta 6ª feira (9.jul.2021)” (11 pessoas podem morrer de fome por 
minuto no mundo até fim do ano, diz ONG. 
Fonte: RODRIGUES, F. Jornal digital O poder360. Disponível: https://www.poder360.com.br/internacional/
11-pessoas-podem-morrer-de-fome-por-minuto-no-mundo-ate-fim-do-ano-diz-ong/. Acesso em: 25 out. 2021.
https://www.poder360.com.br/internacional/11-pessoas-podem-morrer-de-fome-por-minuto-no-mundo-ate-fim-do-ano-diz-ong/
https://www.poder360.com.br/internacional/11-pessoas-podem-morrer-de-fome-por-minuto-no-mundo-ate-fim-do-ano-diz-ong/
27UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da primeira unidade do curso de cristologia. Nela, você entendeu 
que o nosso curso está situado no âmbito do cristianismo a partir da própria visão cristã. 
Você pode perceber também a grande variedade de abordagens quando se trata de estudar 
a pessoa de Jesus Cristo.
Durante o percurso, foi oportuno que você tivesse compreendido em que sentido a 
palavra mistério é atribuída a Deus e também a Jesus Cristo. Uma vez que você teve essa 
compreensão, tornou-se mais fácil acrescentar os dados da historicidade da pessoa de Jesus.
Os evangelhos são uma fonte primária da cristologia, porém, para extrair dos 
evangelhos dados a respeito da pessoa de Jesus é necessário adotar uma metodologia 
específica a fim de não forçar o texto dos evangelhos a responderem aí tens que eles 
não possuem. Por esta razão, estudamos a metodologia descendente e ascendente da 
Cristologia, isso suscitou que também estudássemos a questão do Jesus histórico. O 
objetivo da sequência temática escolhida é de que você perceba que é impossível reconstruir 
a história de Jesus a partir de métodos da historiografia moderna. Fica esclarecido que 
a dimensão mistérica de Jesus Cristo faz dele um objeto de estudo que requer que se 
considere a intelecção como também a fé cristã. De outro modo, estaremos estudando o 
fenômeno histórico Jesus e não estaremos colhendo o seu significado teológico que é o 
que sustenta a Cristologia.
Os resultados que se pretendem num curso de cristologia é colher a compreensão 
cristã a respeito da pessoa e do significado de Jesus Cristo e isso ultrapassa infinitamente 
uma mera construção biográfica.
Na próxima unidade, estudaremos Jesus como o Messias prometido por Deus.
28UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
LEITURA COMPLEMENTAR
O Dicionário Crítico de teologia dirigido Por Yves Lacoste, reúne os mais renomados 
teólogos do ocidente escrevendo sobre temas clássicos da teologia. Os verbetes são 
construídos em estilo abrangente, próprio para o aprofundamento de temas específicos. 
No verbete Mistério, você vai encontrar abordagem bíblica, litúrgico sacramental e o 
desenvolvimento do sentido do uso do termo na teologia do oriente e do ocidente. 
Fonte: ALETTI, J. Mistério. In: LACOSTE, J. Y. (Org.) Dicionário Crítico de Teologia. 
São Paulo: Paulinas/Loyola, 2004, p. 1157 - 1161. 
O tema central deste artigo é o dilema que o método histórico-crítico de interpretação 
da Bíblia vive hoje, causado pelo amadurecimento dos princípios que adotou por ocasião de 
seu nascimento, há cerca de 250 anos, como filho legítimo do Iluminismo e do racionalismo. 
O artigo poderá enriquecer os seus conhecimentos por retomar aspectos do nascimento do 
método, sua contribuição e seus limites, de modo esclarecedor e crítico. 
Fonte: LOPES, A. N. O dilema do método histórico-crítico na interpretação bíblica. 
Revista Fides Reformata X, n. 1 (2005): 115-138. Disponível em: https://cpaj.mackenzie.
br/wp-content/uploads/2018/11/6-O-dilema-do-m%C3%A9todo-hist%C3%B3rico-
cr%C3%ADtico-na-interpreta%C3%A7%C3%A3o-b%C3%ADblica-Augustus-Nicodemus-Lopes.pdf. Acesso em: 21 out. 2021.
29UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
LIVRO 1
Título: Introdução à Cristologia
Autor: Jacques Depuis.
Editora: Loyola.
Sinopse: Esta obra procura aprofundar tanto o mistério da pessoa 
como o próprio sentido do acontecimento Jesus Cristo na história 
da humanidade e do mundo. Pretende assinalar uma volta à histó-
ria humana de Jesus, muitas vezes esquecida pelo peso excessivo 
da especulação criptológica.
 
LIVRO 2
Título: Jesus Cristo Libertador
Autor: Leonardo Boff.
Editora: Loyola.
Sinopse: Este livro quer ser um ensaio cristológico pensado e 
escrito dentro do horizonte da experiência da fé como é encarada 
na América Latina. A figura do Cristo aqui apresentada nasceu de 
estudos acurados de exegese; história dos dogmas e de antropolo-
gia. Especialmente a humanidade de Cristo é posta numa luz nova. 
Foi essa humanidade; e não apesar dela; que Deus se manifestou. 
Por isso Deus não pode ser encontrado fora do homem-Jesus. 
Nele Deus revelou a sua face humana; e o homem sua face divina. 
É em Jesus que descobrimos quem é Deus e quem é o homem.
30UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã
FILME/VÍDEO 
Título: Jesus de Nazaré
Ano: 1977.
Sinopse: Aclamado por críticos e espectadores, Jesus de Nazaré 
continua sendo uma das melhores representações da história 
de Cristo. ... O comovente retrato da vida e a morte de Jesus de 
Nazaré, é aqui apresentado desde o seu nascimento, passando 
pelas suas peregrinações ainda enquanto criança e o seu batismo 
por João Batista.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=I3Iz7eLq1Ws
WEB
1- O documentário “Quem foi realmente Jesus” poderá contribuir 
com a evolução das suas reflexões a respeito dos seus conheci-
mentos sobre Jesus Cristo. 
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=MPkJyoT_F1Q 
2- Vídeo: Jesus histórico. Site: Jesus histórico
Neste vídeo você vai ouvir uma exposição ampla sobre a questão 
do Jesus histórico, que nós estudamos, produzida pela faculdade 
São Basílio Magno, FASBAM, proferida pelo filósofo e teólogo 
Rogério Miranda de Almeida. A abordagem é clara e rica em infor-
mações multidisciplinares.
31
Plano de Estudo:
● As expectativas messiânicas de Israel;
● A tradição profética do Filho do homem;
● O Filho do homem segundo o Novo Testamento;
● O Reino de Deus anunciado por Jesus.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o messianismo de Jesus;
● Compreender os tipos de expectativas messiânicas de Israel;
● Estabelecer a importância da figura do Filho do Homem na tradição profética;
● Identificar os pontos de identificação e de ruptura entre o Reino que Jesus 
anunciou e as expectativas de reinado de Deus contemporâneas a Ele.
UNIDADE II
O Messias Prometido 
e Esperado
Professora Doutora Raquel C. Cabral
32UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 32UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
INTRODUÇÃO
Prezados e prezadas estudantes do curso de cristologia, que bom que você concluiu 
a primeira unidade do nosso curso e agora está disposto a fazer a segunda.
O objetivo dessa unidade do curso de cristologia é conhecer a forma toda própria 
como Jesus instaura o reinado de Deus no mundo. Para conhecermos melhor o reinado de 
Deus a partir de Jesus Cristo, nada melhor que darmos atenção ao que ele mesmo dizia a 
seu respeito, como se apresentava e que nomes dava a si. Agora você, vai perceber melhor 
que Jesus, como bom judeu, conservou um fio de continuidade com a tradição judaica e, 
ao mesmo tempo trouxe novidades. Na verdade, Jesus estabeleceu com o judaísmo uma 
relação de ruptura na continuidade. É aqui que se encontra o núcleo da fé cristã em Jesus 
Cristo, razão de ser da cristologia.
Para observar melhor o que acabei de afirmar, é de suma importância visitarmos 
juntos alguns pontos específicos da tradição religiosa judaica, cujos registros encontram-se 
na primeira parte da Bíblia, no Antigo Testamento. De modo mais geral, nesta unidade nos 
ocuparemos em encontrar as razões pelas quais Jesus foi o Messias esperado e prometido. 
No primeiro tópico compreenderemos as esperanças messiânicas de Israel, veremos a 
variedade das problemáticas e das ânsias que determinavam, para cada grupo, o desejo de uma 
intervenção de Deus enviando alguém que respondesse as suas problemáticas específicas.
No segundo tópico, muito relacionado ao primeiro, estudaremos no que consistia o 
reinado de Deus segundo a concepção judaica, principalmente a partir da monarquia como 
regime governamental de Israel. 
No terceiro tópico do nosso curso, aprenderemos o significado do termo tão caro 
a Jesus quando falava de si mesmo: Filho do Homem. Daremos um mergulho na tradição 
profética para conhecermos a figura apocalíptica na qual Jesus se inspirou para falar de si.
E já no quarto tópico analisaremos o perfil de Jesus comparado a figura do filho do 
homem como aparece na tradição profética, ressaltando os traços identitário da pessoa de 
Jesus Cristo, enquanto filho de Deus encarnado na história.
Desejo-lhe um aprendizado empolgante e rico em significados para a sua vida 
pessoal e sua atuação como teólogo ou teóloga.
33UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 33UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
1. AS EXPECTATIVAS MESSIÂNICAS DE ISRAEL
Introdução
O título desta unidade evoca uma realidade própria da pessoa de Jesus que tornou-se 
uma propriedade de domínio popular, dispensando necessidade de maiores esclarecimentos. 
O curso que você está fazendo proponho um salto de qualidade nos conhecimentos a 
respeito do significado da pessoa de Jesus Cristo para fé cristã. Como o domínio popular 
não é suficiente para descrever o perfil teológico de Jesus Cristo, procuraremos entender 
em que sentido Jesus foi o cumprimento da promessa da vinda de um Messias. 
A título de revisão, é importante recordarmos que estamos construindo uma 
cristologia que visa abordar integralmente as dimensões fazendo com que resulte em um 
estudo de fato teológico. Para tal, é necessário contemplar a dimensão teológica da cristologia 
(considerar que Jesus é o filho de Deus que se encarnou); soteriológica (ter presente que 
Jesus é o Salvador); pneumatológica (não perder de vista que Jesus é o portador por 
excelência do Espírito Santo de Deus) e, por último, a dimensão histórico-antropológica (o 
fato de que o filho de Deus, Jesus Cristo assumiu a realidade histórica é a natureza humana 
tal como ela é). Além dessas dimensões que compõem uma cristologia integral haveremos 
também de incluir alguns princípios. O primeiro deles é atenção dialética. Com essa palavra 
aparentemente difícil estamos nos referindo a dupla natureza de Jesus Cristo que gera uma 
certa atenção, ou seja, Jesus pertence ao mesmo tempo à natureza humana e à natureza 
divina. Segundo princípio é o de totalidade quer dizer, precisamos considerar tudo o que diz 
respeito a sua existência inclusive aos fatos que o precederam.
34UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 34UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
 Outro elemento importante é o da continuidade histórica. Jesus irrompe na história 
um tempo novo que só foi possível ser reconhecido retomando o contexto histórico ao qual 
ele deu continuidade. Os seus apóstolos e todas as gerações de discípulos precisaram 
fazer leituras retrospectivas da Sagrada Escritura e da história de Israel, de modo especial 
sobre o messianismo.
Tendo em vista todas as considerações que fizemos até aqui, devemos nos pergun-
tar: o que é mesmo Messias? Você já parou para pensar? De onde nasceu este termo? Se 
Jesus Messias fora prometido e esperado, quem o prometeu e o que estava no imaginário 
e no desejo dos que esperavam pela sua chegada? Eram várias as expectativas ou uma 
única? As respostas a esses questionamentos são fundamentais para o nosso “início” de 
conversa. É o que iremos construir juntos.
1.1 O Antigo Testamento como chave de compreensão de Jesus, o MessiasJesus de Nazaré era judeu. Ele cresceu e foi educado nas tradições do povo judeu 
e não pode ser entendido sem elas. O Antigo Testamento é um pano de fundo irrenunciável 
para se compreender a cristologia. De modo particular, o conhecimento das expectativas 
salvíficas de Israel, oferecem valiosas indicações para que entendamos a missão Dele.
Jesus compartilhava a fé judaica no Deus Uno. Seus discípulos e os primeiros 
cristãos também eram judeus ou tinham muita aproximação às tradições e fé judaica. Eles 
interpretavam a história de Jesus conforme as escrituras, isto é, baseados na tradição da 
fé e dá Esperança de Israel. Mesmo que precisassem interpretá-la de maneira nova, a 
referência para a compreensão da missão e do ser de Jesus, O Mestre, era a Escritura. A 
profissão de fé e o anúncio de que Jesus seria o Cristo o Messias ou ungido, bem como 
tantas outras imagens e concepções fundamentais que eles utilizavam para compreender 
a figura e a história de Jesus, provém do Antigo Testamento.
Seria errôneo e redutivo afirmar que o Antigo Testamento é a pré-história que 
preparou a vinda de Jesus. Porém, é inegável que o antigo testamento preparou a vinda de 
Jesus e tornou-se um pressuposto interno para a interpretação e o conhecimento da sua 
vida e da sua missão. Muito frequentemente encontram-se nos textos do Novo Testamento 
citações da antiga aliança, da experiência do povo de Deus registrada no Antigo Testamento, 
sinalizando a veracidade do que acabamos de afirmar. Essa dinâmica encontra-se também 
no modo como Jesus se faz reconhecer dentro da história e das expectativas libertadoras do 
seu povo a fim de que se sentissem contemplados na espera da promessa de um Messias.
35UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 35UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
Através da leitura retrospectiva das promessas fundamentais e abrangentes do 
Antigo Testamento de que o próprio já vê viria até o seu povo, os autores do Novo Testamento 
perceberam que aquelas promessas da vinda de Deus como o Justo Juiz por graça e favor 
de Deus estavam sendo realizadas, estavam concretamente presentes em Jesus.
1.2 As esperanças de salvação do Antigo Testamento: expectativas 
messiânicas de Israel
A pergunta que nos ocorre para entrar na dinâmica das expectativas messiânicas 
de Israel é a seguinte: se Israel espera a vinda de Deus em juízo e em graça salvadora, 
como é que o Novo Testamento pode dizer que a vinda de Jesus Cristo, tal como foi, seria 
o cumprimento dessa esperança? O povo tinha ânsia de salvação. Mas, o que será que o 
povo judeu entendia por salvação?
Fazia parte da concepção comum do judaísmo a respeito de Redenção como 
um processo que se realiza no palco da história no meio da comunidade. A salvação ou 
redenção acontece no mundo visível e concreto. Este é o traço característico mais marcante 
e está à base de concepções específicas. De acordo com as variantes da compreensão 
de salvação, variam também a espera por alguém que a concretize. Em poucas palavras: 
as expectativas messiânicas estão intimamente relacionadas à concepção de redenção e 
suas nuances, como veremos a seguir (SCHNEIDER, 2002).
1.2.1 Redenção como vida abençoada
Esta expectativa de Redenção como vida abençoada é muito comum à mentalidade 
de Israel que interpreta o êxito da criação como sinal de salvação. Do mesmo modo os 
sinais catastróficos da natureza, os eventos naturais de destruição, são interpretados como 
castigo de Deus ou retirada da sua benção.
A salvação consiste na plenitude dos bens vitais terrenos, como se fosse o prêmio 
do bom êxito da criação. A abundância em todos os sentidos é recebida como dádiva 
salvífica de Deus: saúde, terra descendência, paz, liberdade, meios de subsistência, etc.
Deus é experienciado como Deus vivo a fonte da vida (Sl 36, 10) e consequentemente, 
fonte da salvação. Ele concede a vida ao ser humano para que ele o siga e o testemunhe.
Diante do caos histórico, da desordem sociopolítica e da privação dos bens 
resultante das injustiças, Israel espera que a intervenção de Deus aconteça por meio da 
renovação das bênçãos (Dt 30, 19s; Ez 18, 4-9) que devolveria para o povo a vida e os bens 
da criação em plenitude (A BÍBLIA, 1984).
36UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 36UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
1.2.2 Redenção como libertação histórica
A Redenção, que é tão esperada, acontece na história concreta e é observada nos 
acontecimentos da vida. De acordo com esta compreensão, a Redenção corresponde a 
libertação verificável no aspecto corporal, social e econômico. Como você pode observar 
essa concepção de Redenção não considera a interioridade.
Uma vez que a história é o palco da Redenção porque é nela que a libertação 
histórica se dá, está incluído nesta forma de compreensão a esperança de mediadores 
humanos como Moisés, Débora, Miriam (Jz 5, 2-31; 3, 9s; 4, 3-10; I Sm 11).
A experiência da libertação da servidão do Egito, no século XIII a.C. é o exemplo 
emblemático da ação redentora de Javé na história e deixou marcas indeléveis na memória 
coletiva. A salvação, para quem trazia no coração esta experiência, era esperada como 
uma intervenção histórica da parte de Deus, com efeitos definitivos de libertação de todo o 
tipo de escravidão, particularmente sócio social política religiosa e econômica. 
O formato da ação de Deus, libertando o seu povo da escravidão do Egito, teve 
caráter normativo, ou seja, orientações bem precisas do agir. O decálogo em Ex 20,2 e Dt 
5,6 instruiu a liberdade do povo na direção da escolha de uma vida em comum, com direitos 
e deveres iguais de pessoas libertas que realmente se tornaram livres. Por esta razão, 
qualquer forma de opressão torna-se abominável. “lembra-te que foste escravo no Egito e 
que já vê, teu Deus, que libertou de lá” (Dt 24, 17s; 15, 12-15). 
Para Israel, que foi escravo, estrangeiro, pobre e fraco no Egito, a opressão passa 
a ser sua maior incoerência e ingratidão para com Deus. Sendo assim, às condições 
históricas favoráveis a vida confortável são um sinal de livramento e salvação histórica 
também por serem acontecimentos da história real, palpáveis e materiais. Israel leva muito 
a sério a criação da terra Deus a criou e é nela que opera a salvação.
1.2.3 Salvação relacionada ao templo e à dinastia de Davi
Agora vamos conhecer um pouco mais a respeito da expectativa salvífica que se 
criou em torno do templo de Sião e da casa real davídica. 
A origem histórica da esperança messiânica em Israel é política e se encontra na 
instituição e posterior decadência da monarquia hierárquica em Israel que você poderá 
identificar na linha do tempo da história de Israel: 
37UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 37UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
FIGURA 1 – LINHA DO TEMPO DA HISTÓRIA ANTIGA DE ISRAEL
 
Fonte: A autora (2021).
Depois que Israel conquistou A Terra Prometida, foi organizada em 12 tribos conduzidas 
por profetas carismáticos e organizada por juízes instituídos. O país vivia em sistema de 
teocracia direta, ou seja, o próprio Deus era o rei e a arca da aliança era o seu trono. 
Aconteceu que o povo desejou ter a mesma organização das nações vizinhas 
e ser governado por um líder político, um rei que não fosse o próprio Deus. Então, na 
assembleia de Ramá, o povo pediu ao profeta Samuel, último dos juízes que constitui se 
sobre ele um rei que exercesse à justiça e o direito, que o representasse politicamente 
como as outras nas ações (I Sm 8,5s).
Deus ouviu o pedido do povo, saiu do reinado e constituiu um rei temporal conforme 
o desejo do seu povo. Saul foi o primeiro rei. Ele foi rejeitado por ter desobedecido a Deus, 
ter oferecido sacrifício a deusas fenícias e ter recorrido a feiticeiras. (I Sm 13, 12-13; I Sm 
28, 18; I Cr 10,13).
Davi foi o segundo rei. Ele marcou muito a história de Israel. Ficou reconhecido 
como o ungido de Israel. Embora tendo cometido pecadosmuito graves, Davi realizou 
alguns prodígios administrativos como por exemplo: abriu rota de comércio nas fronteiras, 
constituiu um exército formal em defesa do país, construiu sua casa ou seu palácio no alto 
do monte Sião e levou para lá a arca que continha as tábuas da aliança. Intensificou-se 
a consciência de que o rei que governa Israel a partir de Sião, o faz por incumbência de 
Deus a quem ele representa: “senta-te ao lado meu” (Sl 110, 1). Coube a Davi anunciar a 
construção do templo em Sião em função de um futuro messiânico da estirpe de Davi abre 
aspas farei permanecer a tua linhagem depois de ti” (IISm 2, 12-14). 
38UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 38UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
O reinado de Davi adquiriu traços messiânicos pelos seus feitos em favor do povo, 
tornando credível a unção de Deus sobre ele.
O arquétipo ou referência dos juízes e reis terrenos é o próprio Deus. Reinar em 
Seu nome significa promover a defesa e o direito dos pobres, a comiseração dos sem vida, 
o fortalecimento dos fracos e a libertação dos oprimidos. Esta figura contrasta com a tirania 
e a exploração dos pequenos por parte de reis terrenos que Samuel expõem para advertir 
ao povo (I Sm 8).
O terceiro rei, Salomão, deixou o país em crise depois dos 40 anos do seu reinado. 
Entregou se a idolatria se envolveu com idolatria, prestou culto às deusas fenícias da agricultura 
e da fertilidade, casou-se com uma filha pagã do Faraó, gastou muito com mulheres e deixou 
o tesouro público com sérios problemas. A crise levou ao cisma hebraico, que dividiu o reino 
em Reino do norte (Israel) cuja capital era Samaria e Reino do sul (Judá) cuja capital era 
Jerusalém. As relações entre os dois reinos não foram tranquilas até que Israel foi invadida, 
ficou cativa da Assíria de 722 a 586... sua independência e seus reis faliram! 
Esta situação fazia o povo reforçar a figura de Davi como referência. A Esperança 
pela ordem pública, pelo perdão dos pecados e pela intervenção de Deus fazia com que se 
imaginasse a Redenção como o reinado de Deus por meio de alguém parecido com Davi.
Os profetas começam a anunciar um novo começo que Deus quer fazer por 
intermédio não mais de um rei, mas de um Messias: Emanuel, um rei Salvador, que julga 
os pobres com justiça e age em nome de Deus, fiel à unção. 
De fato, as profecias apontam para esta figura salvadora que virá. Porém, a encarnação 
do Filho Deus do modo como se deu, jamais foi imaginada ou predita com clareza. 
39UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 39UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
2. A TRADIÇÃO PROFÉTICA DO FILHO DO HOMEM
2.1 Introdução
A expressão “filho do homem” está presente em alguns escritos do Antigo Testamento 
e também do Novo Testamento. A expressão é utilizada no antigo testamento para referir-se 
a uma figura messiânica, presente na tradição profética, cuja presença simbólica tem um 
significado muito importante para se compreender a pessoa e a missão de Jesus Cristo. 
Afinal de contas quando Jesus se apresenta, muitas vezes, utiliza esta expressão como 
título que define a si mesmo.
Neste tópico do nosso curso de cristologia iremos estudar a origem da figura do 
filho do homem nos livros dos profetas Ezequiel e Daniel. É importante que você tenha sua 
bíblia em mãos e faça a leitura atenta dos textos em questão. 
O objetivo deste conhecimento é chegarmos a responder, no tópico seguinte, à 
pergunta: que tipo de Messias foi Jesus? Ele atendeu às expectativas messiânicas do seu 
tempo? Por que Jesus Cristo se referiu a si mesmo como filho do homem? Em que sentido 
ele se definia assim? Buscaremos as origens da expressão no Antigo Testamento que se 
encontram nos livros dos profetas Ezequiel e Daniel.
2.2 O filho do homem em Daniel e Ezequiel
Logo no início do livro do profeta Daniel encontra-se a narração de uma visão que 
ele teve, envolvendo elementos do cosmo, com uma mensagem a respeito de Deus e da 
história. Na teologia bíblica este tipo de visão se chama teofânica.
40UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 40UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
O autor do livro conta que ficou encantado com o céu aberto e com quatro seres 
celestiais (Ez 1, 4-5) que carregavam algo muito precioso (Ez 1, 26). Ezequiel entende que 
aquele objeto estava representando a glória de Deus que não abandona o seu povo e está 
disposto a estar com ele e o salvar. Deus fala com o profeta chamando-o de “filho de Adão” 
ou “filho do homem”, demonstrando que há diferenças entre Ele e o ser humano, apesar de 
tanta proximidade. A expressão dá força à autoridade amorosa e salvadora de Deus sobre 
a criação. Por isso Ele ordena, indica, conduz e confere a Ezequiel uma missão, visto que 
o profeta é um descendente de Adão. Por isto, o profeta se sente obrigado a ir à “Casa 
Rebelde” ou “Casa de Israel” com a finalidade de anunciar a salvação. Ezequiel revê a 
esperança messiânica popular de cunho pagão e anuncia o verdadeiro conteúdo da Aliança 
e imagem do Messias. Ele não é um simples homem/guerreiro, ele é o príncipe da paz, o 
pastor sereno, cuja missão lhe foi dada por Yahweh (Ez 34, 23s). Ezequiel testemunha 
Deus, anuncia que a Aliança com deus requer renovação interior, culto de adoração e o faz 
como enviado, como filho do homem;
No capítulo sétimo do livro do profeta Daniel, também se encontra uma visão bem 
significativa sobre o final do domínio dos reinos terrestres. A narrativa simbólica é aterradora, 
antes de ser decifrada. Mas tudo ganha sentido ao final. 
Antes de irmos ao texto é importante que você saiba que essa literatura tem 
características que a definem como apocalíptica. Este tipo de escrito era muito usado em 
tempos de perseguições quando não se podia dizer abertamente o que se pensava ou 
tecer críticas a respeito das forças dominantes. Por isso, a utilização de símbolos substituía 
nomes de opressores, pessoas ou instituições a quem se queria denunciar no anonimato, 
evitando perseguição e morte. 
A visão de Daniel acontece em três etapas ou três visões em uma só, confira (A 
BÍBLIA, 1984):
1) Dn 7, 1-8- a visão dos quatro animais
Daniel vê quatro animais surgindo do mar, na concepção vigente o mar era o lugar 
do desconhecido, monstros potentes por superarem o domínio que o ser humano 
poderia ter sobre a realidade indomável. Acreditava-se que os demônios viviam no 
mar, o que indicava que a origem do mal era desconhecida em sua origem.
O número quatro no texto tem diversos significados que lembram tudo o que é 
potente no universo, por exemplo, quatro são as forças cósmicas: o ar, o fogo, a 
água e a terra. Quatro são as potências mundiais que dominaram Israel.
41UNIDADE I A Fé Cristã a Partir da Visão Cristã 41UNIDADE II O Messias Prometido e Esperado
Sendo assim, o número quatro também colabora na composição da mensagem 
simbólica que o texto quer comunicar. Também a aparência dos animais tem 
algo a dizer a animais que aparentam ser outros, em geral eles possuem força 
arrebatadora, membros, dentes ou chifres anormais, tudo usado para destruição. 
O conjunto dos animais está falando de uma totalidade potente e, ao que parece, 
insuperável. Eles representam os quatro impérios que dominaram o mundo até 
então: o babilônico, a meda, o persa e o macedônico. 
Os animais, ou potências mundiais, lutam pelo poder Império e pelo domínio do 
mundo que está em um verdadeiro caos. O cenário se dá em um terrível alvoroço 
caótico exatamente o oposto harmonia da criação. A triste realidade denunciada 
nesta primeira parte da visão é que essas potências mundiais receberam poder e 
tem espaço e autoridade na história.
2) Dn 7, 9-14 – o juízo mundial de Deus em contraposição às potências mundiais
Daniel continua narrando a sua visão. Ele assiste ao movimento de preparação 
para um possível julgamento. Ao centro tem um juiz, um idoso conversas brancas 
cuja brancura esplendorosa enche o espaço de glória.

Outros materiais