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Análise de Movimentos de Massa e Riscos Geotécnicos

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ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E 
RISCOS GEOTÉCNICOS 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
RESUMO DA UNIDADE 
 
Esta unidade analisará, no âmbito da disciplina Movimentos de Massa e Riscos 
Geotécnicos, as principais tipologias e classificações de deslizamento; noções de 
estabilidade de taludes, seus conceitos, procedimentos e fatores atuantes e 
atenuantes; as modalidades de desastres ambientais, especialmente aquelas 
relacionadas à movimentação de massas, conceituando e caracterizando: Desastre, 
Susceptibilidade, Perigo, Vulnerabilidade e Risco; a relação entre Risco e Perigo 
ambiental; as principais técnicas/procedimentos de mapeamento da vulnerabilidade 
ambiental, abordando a classificação de riscos geológicos, as etapas de avaliação 
dos riscos e as ações estruturais e não estruturais para a redução de desastres. Por 
fim, discutem-se os aspectos técnicos, normativos, metodológicos e legais 
geológicos e geotécnicos, especialmente aqueles relacionados aos principais 
métodos de cartografia, os processos geológicos, geotécnicos e climato-hidrológicos 
regionais que representam risco de desastres naturais e induzidos, os métodos e 
técnicas de monitoramento de áreas de risco, a legislação e as normas técnicas 
aplicadas a desastres e à Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. 
 
Palavras-chave: Movimentos de massa; Estabilidade de Taludes; Desastres 
geológicos-geotécnicos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 5 
CAPÍTULO 1 – MOVIMENTOS DE MASSA NO CONTEXTO DOS DESASTRES 
SOCIOAMBIENTAIS. ................................................................................................. 7 
1.1 Conceituando Movimentos de Massa. ........................................................... 7 
1.2 Tipologias/Classificação. ................................................................................ 8 
1.2.1 Movimentos de Massa tipo: Escorregamento/Deslizamento ........................ 11 
1.2.2 Movimentos Massa tipo: Rastejos ................................................................ 15 
1.2.3 Movimentos de Massa tipo: Corridas de Massa ........................................... 16 
1.2.4 Movimentos de Massa tipo: Queda/Tombamento/Rolamento ...................... 17 
1.3 Noções de Estabilidade de Taludes. ............................................................ 18 
1.3.1 Conceito de Talude ...................................................................................... 18 
1.3.2 Tipos de Taludes. ......................................................................................... 18 
1.3.3 Casos que requerem análise de estabilidade de Talude.............................. 20 
1.3.4 Estudos de estabilidade de Taludes............................................................. 21 
1.3.5 Análise da Estabilidade ................................................................................ 21 
1.3.6 Fatores Atuantes, Causas de instabilidades e seus sinais. .......................... 23 
1.3.7 Estabilização de Taludes ............................................................................. 25 
1.3.8 Métodos de análise de estabilidade de taludes ............................................ 26 
CAPÍTULO 2 – DESASTRES AMBIENTAIS ............................................................ 27 
2.1 Conceituando Desastre, Susceptibilidade, Vulnerabilidade e Risco no âmbito 
dos movimentos de massa. ....................................................................................... 27 
2.1.1 A relação entre Perigo e Risco ..................................................................... 34 
2.1.2 Risco Aceitável, Tolerável e Intolerável. ....................................................... 35 
2.2 Mapeamentos de vulnerabilidade: tipos e metodologias .............................. 36 
2.3 Ações Estruturais e Não Estruturais para a redução dos desastres. ........... 42 
2.4 Perigos, Riscos e Vulnerabilidades: Naturais e Tecnológicas ...................... 44 
2.5 Classificação de riscos geológicos ............................................................... 45 
2.6 Etapas para avaliação de Riscos. ................................................................ 46 
2.7 Caracterização do local e do empreendimento ............................................ 47 
 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
CAPÍTULO 3 – ASPECTOS TÉCNICOS, NORMATIVOS, METODOLÓGICOS E 
LEGAIS GEOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS. ............................................................ 49 
3.1 Princípios e métodos de cartografia geológica e geotécnica. ...................... 49 
3.2 Coleta, tratamento e interpretação digital de dados: o Geoprocessamento da 
gestão de risco .......................................................................................................... 51 
3.3 Processos geológicos, geotécnicos e climato-hidrológicos regionais que 
representam risco de desastres naturais e induzidos ............................................... 53 
3.4 Processos erosivos continentais e marinhos ............................................... 55 
3.5 Métodos e planos de prevenção de acidentes geológicos. .......................... 57 
3.6 Elaboração de cartas qualitativas e quantitativas de risco geológico ........... 58 
3.7 Métodos e técnicas de monitoramento de áreas de risco ............................ 58 
3.8 Legislação e normas técnicas aplicadas a desastres e à Política Nacional de 
Proteção e Defesa Civil ............................................................................................. 59 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64 
 
 
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
O presente módulo visa a explanação, o estudo e o aprofundamento acerca 
dos Movimentos de Massa e Riscos Geotécnicos, especialmente, aqueles 
relacionados aos principais processos geológicos gravitacionais, suas tipologias, 
características e agentes indutores. 
Logo, a compreensão dos processos geológicos, de suas especificidades e dos 
fatores indutores de desastres, no âmbito dos movimentos de massa/deslizamentos, 
é um fator fundamental para a qualidade ambiental e segurança da comunidade 
diretamente atingida por esses eventos. 
Nesse sentido, este módulo está dividido em três eixos temáticos: Movimentos 
de massa no contexto dos desastres socioambientais; Desastres Ambientais; e 
Aspectos técnicos, normativos, metodológicos e legais geológicose geotécnicos. 
Assim, de primeiro plano, o conteúdo orienta o aluno sobre as principais 
características, tipologias e conceitos relacionadas aos principais movimentos de 
massa (escorregamentos, rastejos, corridas de massa e queda ou tombamento), 
abordando as noções gerais sobre estabilidade de taludes, seus tipos e conceitos e 
os principais métodos de análise, bem como, os fatores atuantes, com as causas de 
instabilidades e seus sinais. 
Prosseguindo, após uma compreensão geral dos principais processos 
geológicos e de suas características básicas, discutiremos em seguida os temas 
relacionados aos desastres ambientais no âmbito dos processos gravitacionais de 
movimentos de massa, especialmente, quanto aos conceitos relacionados a 
Desastres, Susceptibilidades, Vulnerabilidades, Ameaças, Perigo e Riscos, bem 
como, as diferenças entre risco aceitável, tolerável e intolerável na visão da 
sociedade; as classificações dos riscos geológicos e as etapas básicas para o 
processo de avaliação de risco de deslizamento de encostas. 
Nesse contexto, abordaremos as principais características que envolvem os 
Mapeamentos de vulnerabilidades, suas tipologias e metodologias, e as ações 
estruturais e não estruturais tão necessárias para a mitigação dos eventos 
desastrosos. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Prosseguindo, discutiremos, enfim, os aspectos técnicos, normativos, 
metodológicos e legais relacionados à geologia e à geotécnica. Nesse contexto, 
abordaremos questões concernentes aos principais métodos cartográficos usados 
no Brasil para catalogação das informações geológicas e geotécnicas existentes no 
país. 
Discutiremos os métodos de coleta, tratamento e interpretação digital dos 
dados, mais especificamente, aqueles relacionados ao Geoprocessamento da 
gestão de risco e ao Sistema de Informações Geográficas (SIG). 
Também analisaremos os processos geológicos, geotécnicos e climato-
hidrológicos regionais que representam riscos de desastres naturais e induzidos 
para as comunidades mais próximas da área afetada, abordando, de forma mais 
específica, os possíveis processos erosivos continentais e marinhos indutores de 
desastres. 
Por fim, discutiremos alguns métodos e planos de prevenção de acidentes 
geológicos, mais precisamente, aqueles relacionados ao monitoramento de áreas de 
risco, bem como, as ações efetivas de mitigação dos efeitos danosos, a legislação e 
as normas técnicas aplicadas a desastres no âmbito da Política Nacional de 
Proteção e Defesa Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 1 – MOVIMENTOS DE MASSA NO CONTEXTO DOS DESASTRES 
SOCIOAMBIENTAIS. 
 
Não é de hoje que vemos crescer o número de desastres decorrentes de 
deslizamentos de terra nas grandes metrópoles. Os processos de Movimento de 
Massa são considerados, atualmente, um dos fatores de maior incidência de 
desastres socioambientais em áreas de risco no mundo. Assim como as enchentes, 
são eventos que geram consideráveis danos e prejuízos às sociedades e ao meio 
ambiente, notadamente, em regiões bastante adensadas e com relevo íngreme. 
Estudos demonstram que a quantidade de deslizamentos no mundo é maior do que 
a de outros desastres que envolvem a natureza, como terremotos, vendavais e 
erupções. 
 
1.1 Conceituando Movimentos de Massa. 
 
De maneira geral, podemos definir movimento de massa como o deslocamento 
de material desordenado (solos, rochas e vegetais), por meio da ação da gravidade, 
que ocorre em áreas com encostas mais elevadas. 
Comumente conhecidos como deslizamentos, escorregamentos ou queda de 
barreiras, os Movimentos de Massa, conforme explica Tominaga, et al. (2009): 
São processos de movimentos de massa envolvendo materiais que 
recobrem as superfícies das vertentes ou encostas, tais como solos, rochas 
e vegetação. Estes processos estão presentes nas regiões montanhosas e 
serranas em várias partes do mundo, principalmente naquelas onde 
predominam climas úmidos. No Brasil, são mais frequentes nas regiões Sul, 
Sudeste e Nordeste. 
Os movimentos de massa consistem em importante processo natural que 
atua na dinâmica das vertentes, fazendo parte da evolução geomorfológica 
em regiões serranas. Entretanto, o crescimento da ocupação urbana 
indiscriminada em áreas desfavoráveis, sem o adequado planejamento do 
uso do solo e sem a adoção de técnicas adequadas de estabilização, está 
disseminando a ocorrência de acidentes associados a estes processos, que 
muitas vezes atingem dimensões de desastres. 
Movimento de massa é o movimento do solo, rocha e/ou vegetação ao 
longo da vertente sob a ação direta da gravidade. A contribuição de outro 
meio, como água ou gelo se dá pela redução da resistência dos materiais 
de vertente e/ou pela indução do comportamento plástico e fluido dos solos. 
(TOMINAGA, et al., 2009, p.27) 
 
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No Brasil, esse fenômeno é bem recorrente devido a fatores como: aspectos 
climáticos, quando os verões são bastante chuvosos e intensos, especialmente em 
áreas/regiões que apresentam uma certa quantidade de maciços montanhosos 
íngremes; e em centros urbanos, onde os deslizamentos surgem em condições 
catastróficas. 
As ações antrópicas – como retirada de material de taludes, aterros irregulares, 
deposição de lixo, ocupações irregulares, falta de infraestrutura, obras de 
permeabilização que dificultam a drenagem do solo e o corte de árvores – têm 
elevado a vulnerabilidade das regiões íngremes, aumentando a ocorrência de 
desastres que envolvem movimentos de massa. 
Seguindo esse entendimento, Fernandes et al. (2001), ao apontar as atividades 
antrópicas como fatores condicionantes do processo de erosão do solo, explica que 
os deslizamentos que influenciam nas encostas: 
trazem enormes prejuízos econômicos, bloqueiam vias expressas e, com 
frequência, levam à perda de muitas vidas. (...) Nos grandes centros 
urbanos os deslizamentos assumem frequentemente proporções 
catastróficas, uma vez que os inúmeros cortes, aterros, depósitos de lixo, 
desmatamentos, modificações na drenagem, entre outras agressões, geram 
novas relações com os fatores condicionantes naturais associados à 
geomorfologia e à geologia. (...) Consequentemente, torna-se muito difícil a 
efetiva previsão destes fenômenos numa determinada paisagem. (...) A 
questão da previsão da ocorrência dos deslizamentos vem assumindo 
importância crescente na literatura geomorfológica e geotécnica. 
(FERNANDES, et al., 2001, p. 52) 
 
O Brasil, devido às suas dimensões continentais e por apresentar uma variação 
climática considerável, está mais vulnerável à ocorrência de desastres naturais, e 
até mesmo àqueles provocados pela ação do homem, especialmente os que têm 
relação com a supressão de solo. Nesse sentido, os deslizamentos em encostas se 
destacam, não apenas em regiões agrícolas/naturais, mas também em áreas 
urbanas, especialmenteaquelas com uma densidade populacional que extrapola os 
limites de tolerância. 
 
1.2 Tipologias/Classificação. 
 
Quando se fala em movimentos de massas, existem várias classificações e 
tipologias empregadas, uma vez que esse conceito envolve uma grande variedade 
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de materiais e processos. Nesse sentido, estabelecer uma classificação precisa é 
bastante difícil, visto que existem limitações para qualquer metodologia apresentada, 
devido às complexidades envolvidas nos processos de deslizamentos, o que 
dificultada uma padronização e/ou método que abarque todos os casos de forma 
pormenorizada. 
Pode-se afirmar que essa dificuldade reside no fato de que grande parte das 
classificações tem sua aplicação com foco regional, isto é, muito caracterizado pelo 
meio em que o pesquisador está envolvido e/ou trabalhando. 
As práticas/metodologias de classificação dos movimentos gravitacionais são 
variadas em função da multiplicidade de ambientes e da complexidade dos 
processos envolvidos. Nesse sentido, os vários profissionais que se habilitam a 
classificar esses processos, o fazem baseando-se em aspectos como: tipologia do 
solo, estrutura, cinemática, morfologia geológica, tamanho dos blocos, velocidade de 
deslizamento, tipos de deformação do maciço, absorção de líquido, porosidade do 
solo etc. 
Nesse sentido, tomaremos como referência as classificações propostas por 
Augusto Filho (1992) e Varnes (1978), usualmente adotadas no Brasil. 
 
Tabela 1: Principais tipos de movimentos de massa em encostas 
PROCESSOS Dinâmica/Geometria/Material 
Rastejos • vários planos de deslocamento (internos) 
• velocidades muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes 
com a profundidade 
• movimentos constantes, sazonais ou intermitentes 
• solo, depósitos, rocha alterada/fraturada 
• geometria indefinida 
Escorregamentos/ 
Deslizamentos 
• poucos planos de deslocamento (externos) 
• velocidades médias (m/h) a altas (m/s) 
• pequenos a grandes volumes de material 
• geometria e materiais variáveis: 
Planares – solos pouco espessos, solos e rochas com um 
plano de fraqueza; 
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Circulares – solos espessos homogêneos e rochas muito 
fraturadas 
Em cunha – solos e rochas com dois planos de fraqueza 
Quedas/ 
Tombamentos/ 
Rolamentos/ 
• sem planos de deslocamento 
• movimentos tipo queda livre ou em plano inclinado 
• velocidades muito altas (vários m/s) 
• material rochoso 
• pequenos a médios volumes 
• geometria variável: lascas, placas, blocos etc. 
Rolamento de matacão 
Tombamento 
Corridas de 
Massa 
• muitas superfícies de deslocamento 
• movimento semelhante ao de um líquido viscoso 
• desenvolvimento ao longo das drenagens 
• velocidades médias a altas 
• mobilização de solo, rocha, detritos e água 
• grandes volumes de material 
• extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas 
Fonte: (AUGUSTO FILHO, 1992, apud TOMINAGA, 2009, p. 28) Com adaptações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 2: Resumo – Classificação de Varnes (1978) 
 
Varnes (1978) detalha com mais precisão os tipos rochosos que podem ser encontrados em cada 
processo de movimento, baseado nas características do material em deslocamento, a saber: 
Fonte: (VARNES, 1978, apud TOMINAGA, 2009, p. 28) 
 
1.2.1 Movimentos de Massa tipo: Escorregamento/Deslizamento 
Trata-se do movimento de massa de maior ocorrência no Brasil. Também 
conhecido como deslizamento, o escorregamento caracteriza-se como um conjunto 
de movimentos gravitacionais de maciços, solos e/ou rochas, que se deslocam para 
fora e para base da encosta, com extrema rapidez. 
De uma maneira mais simples, podemos afirmar que o escorregamento inicia-
se quando a força gravitacional é maior do que o atrito entre as partículas que 
sustentam a massa; melhor explicando, é quando a força interna de resistência 
(atrito entre as partículas) é menor que a forma externa (força gravitacional), 
provocando a instabilidade da encosta, o que leva ao deslocamento do solo para 
baixo, pela ação gravitacional. 
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Pode-se dizer que o fator principal desse desprendimento do solo se dá pela 
penetração de umidade/água no interior do solo gerando a instabilidade do maciço, 
uma vez que a força interna entre as partículas (atrito) passa a ser comprometida 
pela saturação ou pelo encharcamento do maciço. 
O fator velocidade de deslizamento tem relação direta com o grau de 
declividade da área, com a profundidade do solo e com o fator gerador do processo, 
podendo ser imperceptível a “olho nu” ou em movimentos extremamente rápidos. 
Os escorregamentos podem ocorrer de três formas, a saber: Escorregamentos 
Rotacionais/Circulares; Translacionais/Planares; e Tipo Cunha. 
 
a) Escorregamentos Rotacionais/Circulares 
O Movimento de Massa é do tipo rotacional ou circular quando a área que se 
rompe se apresenta curvada na parte superior do terreno, formando uma “concha”, 
cujo movimento se dá através de um deslocamento homogêneo e circular de 
materiais (figura 1). 
De uma maneira geral, os escorregamentos circulares possuem, na grande 
maioria das vezes, áreas de deslizamentos côncavas, apresentando uma série 
encadeada de eventos/rupturas sucessivas e progressivas, cujo raio de ação é 
pequeno se comparado aos movimentos de massas translacionais. 
Sua ocorrência está necessariamente ligada a áreas cujos solos são 
homogêneos e bem densos/espessos, como por exemplo os argilosos. Geralmente, 
o deslizamento ocorre devido à retirada de material/solo da base do maciço, em 
decorrência da implantação de rodovias e/ou como matéria-prima para a construção 
civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 1: Escorregamento Rotacional 
 
Fonte: (SOUZA, 2014, p. 39) 
 
b) Escorregamentos Translacionais/Planares. 
O Movimento de Massa é do tipo Translacional ou Planar quando o ocorre em 
uma área plana e com solos de características menos profundas (solos rasos). 
Sua ocorrência se dá em áreas cujos maciços/solos se caracterizam pela 
grande declividade. Por ocorrerem em solos com profundidade rasa, sua 
falha/ruptura tem a característicade ser de pequena espessura, baixa largura e de 
grande comprimento. Nesse caso, os movimentos de massa, ocorrem em planos e 
de maneira rasa, geralmente entre 50 cm e 5 metros de profundidade, sendo os 
processos geológicos de maior ocorrência e de maior poder de deslocamentos e de 
desastres, uma vez que podem atingir milhares de metros, quando associados a 
períodos chuvosos (figura 2). 
A chuva, nesse caso específico, é um indutor poderoso de desastres, uma vez 
que a presença da chuva/água acelera o desprendimento do solo em intervalos de 
tempo bastante rápidos. Nesses casos, o solo que se desprende muitas vezes traz 
consigo imensos blocos de rochas e, juntamente com a lama que se forma, 
acarretam grandes danos. 
 
 
 
 
 
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Figura 2: Residências atingidas por escorregamentos translacionais rasos 
 
Fonte: (RESERCHGATE.NET, 2010) 
 
A depender da composição do material que se descola (se rocha, solo 
puramente ou rocha e solo), pode ocorrer uma variação do comportamento do 
descolamento, a saber: 
Composição por Rocha: em deslizamentos translacionais de rocha, o 
deslocamento ocorre em planos de fraqueza ligados à estrutura das rochas, como 
por exemplo: falhas, estratificação e xistosidade. 
Composição por Solo puramente: trata-se de deslocamentos de solo que 
ocorrem em uma área plana, estando moldada a algum aspecto estrutural do solo. 
Sua ocorrência se dá no interior do manto de alteração, apresentado aspecto tabular 
que diz respeito à rocha que originou o solo, do relevo predominante da área e do 
clima encontrado. Nesses casos, trata-se de um processo cuja duração é pequena; 
contudo, apresenta um forte poder de dano ambiental devido à velocidade que o 
movimento pode atingir. 
Rocha e Solo: em movimentos de massa translacionais com composição de 
solo e rocha (massas de tálus ou colúvio), o material carregado no processo 
apresenta uma grande quantidade de rocha, gerando grande poder destrutivo. 
 
c) Escorregamentos em cunha. 
O Movimento de Massa do tipo Escorregamento em Cunha é potencialmente 
mais raro por ocorrer em áreas que possuem um relevo extremamente rochoso, 
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fortemente alterado, e caracteriza-se, basicamente, pela presença de duas falhas 
planares que contribuem para a instabilidade do maciço, provocando o 
escorregamento do solo em forma de um prisma que se desloca no sentido 
longitudinal desses planos (figura 3). 
Os escorregamentos em cunhas ocorrem em áreas que, de alguma forma, 
possuem algum processo de erosão natural ou que já tenha sofrido algum processo 
anterior de movimento de massa. 
 
Figura 3: Escorregamento em Cunha. Morro do Bumba, Niterói-RJ, 2010 
 
Fonte: (SOUZA, 2014, p.39) 
 
1.2.2 Movimentos Massa tipo: Rastejos 
Trata-se de movimentos que ocorrem de forma bastante lenta ao longo do 
tempo, sem que seja possível a visualização de sua movimentação a “olho nu”. Não 
existe fratura/ruptura visível que possa ser detectada facilmente. São movimentos de 
massa que apresentam um comportamento bastante lento e que ocorrem de forma 
contínua, englobando na maioria das vezes grandes porções de solo. Apresentam 
como causa geradora, a grande concentração de umidade e temperatura, cujas 
variações provocam a instabilidade do terreno. Épocas com grande variação de 
temperatura, associada a momentos de elevação de umidade são fatores de risco 
que devem ser observados nesses processos de movimentação de massa. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Por se tratar de um processo bastante lento, faz-se necessário observar 
algumas evidências que ajudam a evitar possíveis desastres. Na figura 4, é possível 
observar quais são esses sinais e como identificá-los: 
 
Figura 4: Principais Evidências superficiais do processo de Rastejo 
 
Fonte: (SILVA, s/d, p.36) 
 
1.2.3 Movimentos de Massa tipo: Corridas de Massa 
A característica principal desse tipo de Movimento de Massa é a presença de 
água em abundância na estrutura do solo. Trata-se de deslocamentos de massa de 
características estritamente relacionadas à perda de atrito interno do solo devido à 
presença de água no seu interior. 
Em épocas com grande concentração pluviométrica, os deslizamentos do tipo 
corridas de massa podem atingir distâncias consideráveis e provocar danos 
irreversíveis, que muitas vezes levam à destruição de comunidades e até à morte, 
devido à velocidade de propagação desse processo (figura 5). 
Seu grande potencial de danos é devido à capacidade que esse processo de 
massa tem de arrastar por grandes distâncias, mesmo em regiões com baixa 
inclinação, uma grande quantidade de material, como: árvores, maciços rochosos, 
pedregulhos, água, lama etc. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Souza (2014) complementa, afirmando que o movimento de massa tipo corrida 
tem como uma de suas características: 
alta velocidade (≥ 10 km/h), gerados pela perda completa das 
características de resistência do solo. A massa de solo passa a se 
comportar como um fluido e os deslocamentos atingem extensões 
significativas. A fluidificação do material pode ser originada por adição de 
água em solos predominantemente arenosos, terremotos, cravação de 
estacas ou amolgamento em argilas muito sensitivas. (SOUZA, 2014, p. 40) 
 
Figura 5: Esquema Geral dos principais tipos de Movimentos de Massa 
 
Fonte: (SANTOS, 2016, p. 8) 
 
1.2.4 Movimentos de Massa tipo: Queda/Tombamento/Rolamento 
A principal característica desse processo de movimento de massa é, 
justamente, a ausência de deslocamento do solo, uma vez que se trata de 
desprendimento de taludes de rochas brutas. Trata-se de “queda livre” de blocos de 
rocha que se desprendem do maciço rochoso, muito devido ao processo de 
intemperismo natural ao longo do tempo (Figura 6). 
Sua ocorrência se dá em penhascos ou em taludes com inclinação extrema, e 
tem como principais causas: a dilatação do maciço rochoso devido à variação 
térmica do ambiente, processo erosivo natural, vibração mecânica próxima ao 
talude, em decorrência da localização dessas áreas próximas à rodovias. 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Figura 6: Esquema de Movimento de Massa do tipo Queda/Tombamento/Rolamento 
 
Fonte: (BRASIL,2016, p. s/n) 
 
1.3 Noções de Estabilidade de Taludes. 
 
1.3.1 Conceito de Talude 
De uma forma geral, Talude pode ser definido como uma área que possui uma 
determinada inclinação/ângulo com o plano horizontal, podendo ser natural, como 
encostas, ou artificial, como cortes de solos ou aterros construídos. 
 
1.3.2 Tipos de Taludes. 
Os taludes podem ser naturais ou construídos. 
a) Talude Construído 
Com o próprio nome já diz, são aqueles resultantes de ação antrópica, 
caracterizados por retiradas/cortes de material de encostas, de escavações para 
construção de rodovias, e/ou por processos de aterramento para construção de 
residências. em todos esses processos existe a ação do homem como agente 
modificador do maciço. 
Quando se trata da intervenção humana, alguns cuidados devem ser 
observados, a saber: 
 Aterros ou Cortes: deve-se realizar uma análise observando, 
prioritariamente, as modificações ocorridas no talude durante a execução 
da obra e após seu término. Isso possibilita a identificação do sítio onde 
está o ponto de maior desequilíbrio da estrutura/talude. 
 Em casos de barramento, a instabilidade deve ser verificada durante a 
execução da obra e depois que ele for entregue, especialmente, quando o 
nível do material (água, rejeito etc) que está sendo barrado estiver 
apresentando redução rápida de volume. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 De uma forma geral, deve-se observar que os cortes (para retiradas de 
material) devem ser implementados atendendo ao limite de segurança 
quanto à altura, à inclinação e aos planos de corte. 
 
b) Talude Natural 
Quando nos referimos aos taludes naturais, é importante observar sua 
composição. Nesse sentido, os taludes naturais podem ser constituídos por Solo 
Residual ou Solo Coluvionar, a saber: 
 Solo Residual: se forma através do processo de 
deterioração/intemperismo físico e/ou químico da rocha-mãe, modificando 
gradativamente as características geomecânicas dessa rocha. 
Basicamente, dentro do processo de transformação, as rochas gradativamente 
vão se “descamando”, perdendo lascas do seu material periférico (do exterior para o 
interior da rocha) e se constituindo em solo, podendo, ao longo dos anos, 
representarem uma grande extensão de solo residual, a depender do processo de 
intemperismo envolvido. 
Uma característica importante do processo de formação do solo residual é que 
ele pode apresentar vários aspectos, a depender da profundidade do solo, devido ao 
tempo e às ações envolvidas em cada camada. Diante disso, quando são feitas 
análises nesse tipo de solo, geralmente são observadas várias faixas com várias 
características distintas de depósito de sedimentos. Sua composição está 
diretamente relacionada à composição mineralógica da rocha-mãe, conforme 
podemos observar na tabela 5, a seguir: 
 
Tabela 3: Composição do solo em função da rocha-mãe 
 
Fonte: (SOUZA, 2014, p. 32) 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 Solo Coluvionar: é aquele cujos materiais se apresentam de forma 
heterogênea. Esses tipos de solo caracterizam-se pela composição de 
restos da rocha-mãe que sofreram intemperismo e que estão inseridos no 
corpo do maciço. Sua formação se dá pela ação da gravidade e 
geralmente estão localizados na base da encosta. 
Quando existe um solo coluvionar cuja composição apresenta grande 
quantidade de rochas com dimensões maiores, esse solo passa a se chamar Tálus. 
De onde advém o nome Talude. 
A distinção entre solo coluvionar e solo residual é bastante complicada, uma 
vez que dentro do processo de intemperismo existe a decomposição de ambas as 
características de cada solo, inviabilizando sua identificação. 
São justamente os Taludes naturais que estão mais sujeitos à fatores de 
instabilidades, devido à ação da gravidade. As tensões de cisalhamento, devido ao 
intemperismo ao longo do tempo, desestabilizam os maciços rochosos, tornando-se 
desiguais as forças que mantinham a estrutura estabilizada. 
 
1.3.3 Casos que requerem análise de estabilidade de Talude. 
Em alguns casos, a análise da estabilidade dos taludes é obrigatória, sob risco 
de ocorrência de desastres, quais sejam: 
 Encostas Naturais – para avaliação da necessidade de medidas de 
estabilização; 
 Cortes ou Escavações – para a definição da inclinação do corte e/ou para 
avaliar a necessidade de medidas de estabilização; 
 Barragem de Terra – para a definição de seção da barragem e 
configuração economicamente mais viável; 
 Aterros sobre solos compressíveis – para a definição da geometria da 
seção economicamente mais viável; 
 Barragem de rejeito (alteamento a montante) – para a definição da seção 
dos diques e configuração economicamente mais viável; e 
 Retroanálise de ruptura – para avaliação dos parâmetros de projeto. 
(GERSCOVICH, 2012, apud SOUZA, 2014, p. 31-32) 
 
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1.3.4 Estudos de estabilidade de Taludes. 
De maneira geral, os estudos que objetivam a análise da estabilidade dos 
Taludes, sejam eles naturais ou construídos, devem seguir uma metodologia clara e 
objetiva, como forma de garantir a segurança à comunidade que vive em volta da 
área. Nesse sentido, é importante que esses estudos atendam aos seguintes 
fatores: 
 Detalhamento topográfico da encosta/talude a ser analisado; 
 Caracterização das cargas que serão ou estão sendo submetidas ao 
talude; 
 Análise de campo para identificar os aspectos estruturais do solo e a 
presença ou não de lençóis freáticos; 
 Determinação dos fatores críticos de estabilidade do talude, a depender 
da vida útil da construção que se pretende realizar; 
 Determinação dos sítios de onde serão retiradas as amostras 
indeformadas para análise em laboratório; 
 Análise de cisalhamento e de deformidade das amostras, através de 
ensaios laboratoriais; 
 De posse dos resultados laboratoriais, deve-se realizar a determinação 
dos parâmetros projetuais a serem utilizados; e 
 Definir e implementar a metodologia de dimensionamento como forma de 
se garantir a segurança contra as tensões e deformações que, 
porventura, possam surgir. 
 
1.3.5 Análise da Estabilidade 
Vale destacar que a função principal da análise da estabilidade de um talude é 
verificar a probabilidade de surgir um deslizamento de solo que possa ocorrer em 
um talude construído ou mesmo natural. De maneira bem simples, pode-se dizer 
que essa análise se dá pela comparação/relação entre as forças de cisalhamento 
mobilizadas coma as forças de resistência ao mesmo cisalhamento, definindo-se 
assim o fator de segurança para seu uso. 
Simplificadamente, o fator de segurança pode ser representado pela fórmula 
descrita a seguir: 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
 
Nesta equação, f é a resistência mobilizável e mob a resistência mobilizada. 
Onde: 
 f = forças resistentes (resistência ao cisalhamento disponível) 
 mob = forças atuantes (resistência mobilizada) 
 
Tabela 4: Classificação do talude em função de FS 
 
Fonte: (FERREIRA, 2012 p. 6) 
 
Segundo aponta a literatura, esse tipo de análise de classificação quanto ao 
fator de segurança é definido como “determinístico”, uma vez que ele 
determina/caracteriza um grau de segurança para o talude que está sendo 
analisado, a depender das forças atuantes. 
O fator de segurança diz respeito ao valor aceitável, mínimo aceito, dentro de 
um projeto e sua variação está em função basicamente do tipo de construção e vida 
útil que se pretender obter. Nesse contexto, pode-se dizer que o valor de 
admissibilidade de segurança é aquele que diz respeito às prováveis consequências 
(econômicas e sociais) que um desastre pode gerar. 
São três as forças exercidas sobre um talude (as devidas ao peso, ao 
escoamento da água e à resistência ao cisalhamento). Diante disso, os métodos de 
análise devem, basicamente, preocupar-se em: 
a) analisar as forças de tensão que estão presentes ao longo do talude, 
calcular e confrontá-las com as forças/tensões consideradas de resistência. 
As zonas de ruptura surgem, quando as tensões existentes ao longo do 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
talude são maiores que as foças de resistência, do contrário pode-se 
determinar que se trata de uma zona de equilíbrio; 
b) analisar isoladamente blocos de massas de forma aleatória, para verificar 
suas condições de equilíbrio, buscando assim aquela que observar um 
desequilíbrio mais acentuado. Trata-se do que comumente se chama de 
método de equilíbrio limite; 
Conforme preceitua a NBR 11.682 (ABNT, 2009), a depender dos riscos 
envolvidos, inicialmente, o projeto deve atender a um grau de segurança necessário, 
a saber: 
6.1.4.1 Grau de segurança necessário ao local. 
Resultará do julgamento das consequências que poderão advir da 
instabilidade de um talude. 
6.14.1.1 Alto grau de segurança, exigido no caso de proximidade imediata 
de edificações habitacionais, instalações industriais, obras de arte (viadutos, 
elevados, pontes, túneis, etc.); condutos (gasodutos, oleodutos, adutoras); 
linhas de transmissão de energia; torres de sistemas de comunicação; 
obras hidráulicas de grande porte (corpo de barragens, canais ou 
tubulações de sistemas de produção hidroelétrica); estações de tratamento 
de água de abastecimento urbano ou esgoto sanitário; rodovias e ferrovias 
dentro do perímetro urbano de cidades de grande porte; vias urbanas; rios e 
canalizações pluviais em áreas urbanas densamente ocupadas e situações 
similares. 
6.1.4.1.2 Médio grau de segurança, possível em todos os casos citados 
anteriormente quando houver, entre o talude e o local a ser ocupado, 
espaço de utilização não per- manente, considerado como área de 
segurança. Também no caso de haver proximidade imediata de leito de 
ferro- vias e de rodovias fora do perímetro urbano; corpo de diques de 
reservatórios de águas pluviais com habitações próximas, rios em áreas 
imediatamente a jusante do perímetro urbano de cidades de grande porte, 
sujeitas a inundações. 
6.1.4.1.3 Baixo grau de segurança, adotável desde que sejam instituídos 
procedimentos capazes de prevenir acidentes em rodovias, túneis em fase 
de escavação, minas, bacias de acumulação de barragens, canteiros de 
obras em geral. (ABNT/NBR 11.682, 2009a, p. 7) 
 
1.3.6 Fatores Atuantes, Causas de instabilidades e seus sinais. 
Vários são os fatores de contribuem para o deslocamento dos taludes, sejam 
eles naturais ou artificiais; contudo, duas causas específicas podem ser notadas em 
todos os processos de movimentação de massa de um talude: aumento de carga no 
bordo superior (fator externo) e diminuição de resistência ao cisalhamento do 
material (fator interno). 
Cabe destacar que, uma outra causa que gera deslizamentos é a construção 
de obras civis na base do talude, quando são realizadas escavações no “pé” do 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
talude, desestabilizando o maciço e provocando acidentes. Essas atividades são 
corriqueiras em médios e grandes centros urbanos, devido à escassez de espaço. 
Baseado nesses dois fatores citados anteriormente (aumento dos esforços e 
diminuição da resistência), apresentamos, conforme o quadro a seguir, os principais 
fatores desencadeadores de movimentos de massa em encostas: 
 
Tabela 5: Fatores desencadeadores de movimentos de massa 
Ação Fatores 
Fenômenos 
Naturais/Antrópicos 
Aumento da 
solicitação 
Remoção de massa (lateral ou 
da base) 
Erosão, escorregamentos 
Cortes. 
Sobrecarga Peso da água da chuva, 
neve, granizo etc. 
Acúmulo natural de material 
(depósitos); 
Peso da vegetação; 
Construção de estruturas, 
aterros etc. 
Solicitações dinâmicas Terremotos, ondas, vulcões 
etc. 
Explosões, tráfego, sismos 
induzidos. 
Pressões laterais Água em trincas, 
congelamento, material 
expansivo etc. 
Redução da 
resistência 
Características 
inerentes ao 
material 
Textura, 
estrutura, 
geometria etc. 
Características 
geomecânicas do material, 
estado de tensões iniciais. 
Mudanças ou 
fatores 
ariáveis 
Mudanças nas 
características 
do 
material 
Intemperismo, redução da 
coesão, ângulo de atrito. 
Elevação do nível d’água. 
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Outras causas Enfraquecimento devido ao 
rastejo progressivo. 
Ação das raízes das árvores 
e buracos de animais. 
Fonte (VARNES, 1978, apud CAPUTO, 2015, p. 549) 
 
1.3.7 Estabilização de Taludes 
A estabilização física dos taludes é uma preocupação de primeira ordem para 
os engenheiros. Quanto mais rápido e adequado for o processo de estabilização 
física do maciço, menos riscos de deslocamentos existem. 
Nesse sentido, apresentamos alguns dos principais procedimentos construtivos 
de estabilização de taludes: 
 Diminuição da inclinação do talude: nesse método, o peso/força superior 
que pode gerar uma instabilidade no talude é reduzido com a diminuição 
da inclinação do talude. Taludes com inclinações baixas são menos 
susceptíveis a rupturas. Um outro artifício é criar planos/patamares 
(degraus) como forma de diminuir o esforço. 
 Drenagem: a instabilidade de um talude, muitas vezes, está associada à 
presença de água superficial ou no interior da estrutura. Para esses 
casos, proceder à drenagem desse líquido reduz, sobremaneira, a 
instabilidade do talude. Essa drenagem, na maioria das vezes, é feita com 
a perfuração e instalação de dutos no interior dos taludes. 
 Revestimento do talude: o recobrimento dos taludes com vegetação é 
outra forma de garantir a sua estabilidade, uma vez que, as erosões 
provenientesda chuva se tornam bem menos ameaçadoras. Em alguns 
casos mais emergenciais, esse revestimento pode ocorrer de forma 
artificial, usando-se mantas plásticas. 
 Mistura de materiais estabilizantes: visando aumentar a estabilidade do 
solo do talude, em alguns casos, mistura-se ao solo produtos (cimentos 
e/ou agregantes químicos) que melhoram a sua resistência e, 
consequentemente, a segurança do talude. 
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 Muros de arrimo e ancoragens: em alguns casos, não raros, são 
construídos muros de arrimos ou instalados tirantes de aço como forma 
de garantir a estabilidade da estrutura. 
 Aplicação de bermas: com o objetivo de aumentar a estabilidade do 
maciço, são colocadas bermas no “pé” do talude, isto é, blocos de terra, 
em geral do mesmo material que o do próprio talude. 
 
1.3.8 Métodos de análise de estabilidade de taludes 
Por fim, cabe destacar que existem dois grandes grupos de métodos que 
podem ser utilizados para analisar a instabilidade de um Talude: os Métodos 
Determinísticos e os Métodos Probabilísticos, a saber: 
 Métodos determinísticos: as condições reais do talude devem ser 
previamente conhecidas. Estes métodos indicam se o talude é ou não 
estável. Trata-se de analisar os valores dos aspectos físicos e resistência 
do material em questão para, a partir deles, estabelecer o fator de 
estabilidade e/ou de segurança do talude. 
 Métodos probabilísticos: nesse método são observadas as probabilidades 
de ruptura do talude sob determinadas condições. Para isso, faz-se 
necessário conhecer os valores das forças de distribuição considerados 
como variáveis aleatórias nas análises, procedendo-se, a partir desses 
valores, aos cálculos do fator de segurança. 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 2 – DESASTRES AMBIENTAIS 
 
2.1 Conceituando Desastre, Susceptibilidade, Vulnerabilidade e Risco no 
âmbito dos movimentos de massa. 
 
Compreender os conceitos relacionados aos desastres é de fundamental 
importância para que o profissional domine, de maneira satisfatória, os fundamentos 
do Gerenciamento de Riscos em desastres, especialmente, aqueles relacionados 
aos movimentos de massa. 
A seguir, veja algumas das principais definições que envolvem o tema em 
questão: 
Desastres: de maneira geral, desastre pode ser considerado um evento de 
natureza adversa, provocado ou advindo de causas naturais que, a depender do 
grau de vulnerabilidade do ambiente em que ocorreu, é capaz de gerar danos 
(econômicos, sociais e ambientais) de difícil reparação (Figura 7). 
Os desastres possuem uma relação direta com o processo de transformação 
social e crescimento populacional, com o modelo contemporâneo de 
desenvolvimento econômico adotado, com o acelerado processo de uso e ocupação 
do solo dos médios e grandes centros urbanos, ou seja, com todos os modelos de 
vida que produzem vulnerabilidades sociais. E é justamente através dessas 
vulnerabilidades sociais associadas à inadequada gestão de riscos e à incapacidade 
de respostas efetivas, que as consequências dos desastres se amplificam. 
Existe uma relação íntima entre os desastres e os modelos de 
desenvolvimentos adotados no mundo contemporâneo que intensificam, 
sobremaneira, a vulnerabilidade ambiental e social de certas comunidades, o que 
agrava a ocorrência dos desastres como: a intensa e massiva pressão sobre os 
recursos naturais, o elevado consumo de produtos e serviços acarretando um 
excesso de resíduos contaminantes etc. 
 
 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Figura 7: Relação entre Eventos adversos e Vulnerabilidade Ambiental 
 
Fonte: Elaboração própria (2019) 
 
Conforme consta na Instrução Normativa nº 1, de 24 de agosto de 2012, no 
Brasil, os desastres são classificados de acordo com a intensidade, evolução e a 
periodicidade, a saber: 
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº1, DE 24 DE AGOSTO DE 2012 
................................... 
Art. 3º Quanto à intensidade os desastres são classificados em dois níveis: 
a) nível I - desastres de média intensidade; e b) nível II - desastres de 
grande intensidade 
.............................................. 
§ 2º São desastres de nível I aqueles em que os danos e prejuízos são 
suportáveis e superáveis pelos governos locais e a situação de normalidade 
pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou 
complementados com o aporte de recursos estaduais e federais; 
§ 3º São desastres de nível II aqueles em que os danos e prejuízos não são 
superáveis e suportáveis pelos governos locais, mesmo quando bem 
preparados, e o restabelecimento da situação de normalidade depende da 
mobilização e da ação coordenada das três esferas de atuação do Sistema 
Nacional de Proteção e Defesa Civil -SINPDEC e, em alguns casos, de 
ajuda internacional. 
...................................... 
Art. 6º Quanto à evolução os desastres são classificados em: 
I - desastres súbitos ou de evolução aguda; e II - desastres graduais ou de 
evolução crônica. 
§ 1º São desastres súbitos ou de evolução aguda os que se caracterizam 
pela velocidade com que o processo evolui e pela violência dos eventos 
adversos causadores dos mesmos, podendo ocorrer de forma inesperada e 
surpreendente ou ter características cíclicas e sazonais, sendo assim 
facilmente previsíveis.§ 2º São desastres graduais ou de evolução crônica 
os que se caracterizam por evoluírem em etapas de agravamento 
progressivo. 
§ 4º Os desastres de nível I ensejam a decretação de situação de 
emergência, enquanto os desastres de nível II a de estado de calamidade 
pública 
.................................. 
§ 1º Quanto à origem ou causa primária do agente causador, os desastres 
são classificados em: 
I - Naturais; e II - Tecnológicos. 
§ 2º São desastres naturais aqueles causados por processos ou fenômenos 
naturais que podem implicar em perdas humanas ou outros impactos à 
saúde, danos ao meio ambiente, à propriedade, interrupção dos serviços e 
distúrbios sociais e econômicos. 
§ 3º São desastres tecnológicos aqueles originados de condições 
tecnológicas ou industriais, incluindo acidentes, procedimentos perigosos, 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
falhas na infraestrutura ou atividades humanas específicas, que podem 
implicar em perdas humanas ou outros impactos à saúde, danos ao meio 
ambiente, à propriedade, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e 
econômicos. 
.................................... 
Art. 9º Quanto à periodicidade os desastres classificam-se em: 
I - Esporádicos; e II - Cíclicos ou Sazonais. 
§ 1º São desastres esporádicos aquelesque ocorrem raramente com 
possibilidade limitada de previsão. 
§ 2º São desastres cíclicos ou sazonais aqueles que ocorrem 
periodicamente e guardam relação com as estações do ano e os fenômenos 
associados. (BRASIL, 2012, secção 1 DOU, p. 30) 
 
Por fim, cabe argumentar que o grau de intensidade de um desastre está 
diretamente relacionado com a extensão do Evento Adverso e com o nível de 
vulnerabilidade existente no ambiente atingido. Quanto maior for a vulnerabilidade, 
maiores serão os danos provocados (desastres). Muitas vezes, um mesmo evento 
adverso ocorre em ambientes com níveis de vulnerabilidade diferentes. Certamente, 
um ambiente que possui uma vulnerabilidade baixa não sofrerá tantos problemas se 
comparado com um ambiente com alta vulnerabilidade. 
a) Suscetibilidade: trata-se da capacidade que um ambiente apresenta para a 
ocorrência de um determinado processo/evento adverso. Pode ser entendido 
como os fatores condicionantes que podem acarretar um desastre. 
Nesse contexto, pode-se dizer que, para cada evento existe uma 
caracterização de suscetibilidade, uma vez que, dentro do processo de verificação 
da suscetibilidade, faz-se necessário verificar quais aspectos são geradores desses 
desastres. Ou seja, para cada evento adverso que surge existe um conjunto de 
aspectos específicos de suscetibilidade. 
No caso específico de uma área com potencial processo de deslizamento, a 
análise de suscetibilidade de um ambiente deve observar aqueles fatores que 
podem acarretar o possível desastre, tais como: clima, drenagem, ocupação 
residencial do entorno, pluviosidade, tempo de resposta aos eventos, estrutural 
natural do terreno etc. 
Aqui no Brasil, a maioria das análises que são feitas para identificar áreas com 
ameaça de desastres fazem uso da identificação da suscetibilidade local, como 
forma de antecipar os possíveis eventos adversos que, porventura, venham a 
ocorrer. 
 
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b) Ameaças: podem ser entendidas como um indício de um possível 
acontecimento desfavorável, um sinal ou um “aviso” de que o desastre pode 
ocorrer, podendo apresentar diversas origens, a saber: biológicas, naturais, 
meteorológicas, atividades antrópicas e geológica. 
c) Perigo: trata-se de uma situação com grande potencial para gerar problemas 
adversos. O perigo é uma condição com potencial de gerar danos ao meio 
ambiente e à sociedade. Diz respeito à probabilidade de o fato ocorrer. 
Quando analisamos os conceitos de perigo e ameaça, observamos que eles 
são praticamente idênticos. A diferença é que na situação de ameaça não existe a 
variável probabilidade, já quanto ao perigo, existe uma probabilidade de o evento 
existir ou ocorrer. 
Diante do exposto, podemos inferir que o conceito de perigo é diretamente 
proporcional às ameaças e à probabilidade daquele evento ocorrer, pois quanto 
maior for a probabilidade ou a ameaça, maior será o perigo. 
Conforme explica a publicação da UN-ISDR - International Strategy for Disaster 
Reduction (2004), intitulado Living with Risk. A global review of disaster reduction 
initiatives, para se compreender os perigos ambientais, faz-se necessário considerar 
“quase todos os fenômenos físicos da Terra (...), tais como, os geofísicos, 
meteorológicos, hidrológicos, geológicos, tecnológicos, biológicos e até mesmo 
sócio-políticos, individualmente ou em complexas interações.” (UN-ISDR, 2004, apud 
TOMINAGA, et al., 2009, p. 149). 
Nesse sentido, apresentamos, a seguir, a classificação de perigo, conforme 
preceitua a UN-ISDR (2004): 
 
Tabela 6: Classificação de Perigo, baseado em UN-ISDR (2004). 
PERIGO (HAZARD) 
Um evento, fenômeno ou atividade humana potencialmente danoso que pode causar 
perda de vidas ou ferimentos a pessoas, danos a propriedades, rupturas 
socioeconômicas ou degradação ambiental. 
PERIGOS NATURAIS (NATURAL HAZARDS) 
Processos ou fenômenos naturais que ocorrem na biosfera e que podem constituir-
se em um 
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evento danoso. Os perigos naturais podem ser classificados quanto à origem em: 
geológico, 
hidrometeorológico e biológico. 
ORIGEM EXEMPLOS DE FENÔMENOS 
Perigos geológicos 
Processos ou fenômenos naturais que 
podem ser de origem endógena ou 
exógena 
• Terremotos, tsunamis; 
• Atividade e emissões vulcânicas; 
• Movimentos de massa, 
escorregamentos, queda de blocos 
rochosos, liquefação; 
• Colapso superficial, atividade de falha 
geológica. 
Perigos hidrometeorológicos 
Processos ou fenômenos naturais de 
natureza atmosférica, hidrológica ou 
oceanográfica 
• Inundações/enchentes, corridas de 
lama/detritos; 
• Ciclones tropicais, tempestades 
marinhas, ventanias, 
chuvas de tempestades, nevasca, 
relâmpagos; 
• Secas, desertificação, fogo, 
temperaturas extremas, 
tempestade de areias; 
• Permafrost, avalanches de neve. 
Perigo biológico 
Processo de origem biológica ou aqueles 
transmitidos por vetores biológicos, 
incluindo exposição aos micro-
organismos 
patogênicos, tóxicos e 
substâncias bioativas 
• Eclosão de doenças epidêmicas, 
contágios de plantas ou de animais e de 
infestações extensivas. 
PERIGO TECNOLÓGICO (TECHNOLOGICAL HAZARDS) 
Perigo associado com acidentes tecnológicos ou industriais, rompimento de 
infraestrutura 
ou atividades humanas que podem causar perda de vidas ou ferimentos à pessoa, 
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danos à 
propriedades, rupturas socioeconômicas ou degradação ambiental. Exemplos: 
poluição industrial, radioatividade, resíduo tóxico, queda de barragens, acidentes 
industriais etc. 
Fonte: (UN-ISDR, 2004, apud TOMINAGA, 2009, p.150) 
 
d) Exposição: trata-se do quanto o elemento (comunidade, pessoa, ambiente) 
está sujeito a sofrer um evento danoso. Uma ameaça tem potencial para se 
transformar em desastre à medida em que aumenta o nível de exposição do 
elemento (comunidade, pessoa, ambiente) analisado. 
A exposição faz parte da avaliação do grau de vulnerabilidade que o indivíduo 
está passando. No tocante a eventos de movimento de massa em ambientes 
seguros, de fácil locomoção e acesso, a exposição será menor em virtude do tipo de 
uso que se faz desse local (as pessoas possuem mais liberdade para escaparem 
com segurança). Já quando falamos de ambientes acidentados, encostas e morros, 
a exposição é bem mais elevada (as pessoas possuem menos possibilidade de 
locomoção, estando mais vulneráveis aos deslizamentos). 
Nesse sentido, pode-se dizer que o grau de exposição de uma comunidade é 
um fator determinante para a ocorrência de desastres, uma vez que sua medida 
observa o quanto uma área está suscetível à ocorrência de um evento adverso 
(desastre). 
Desse modo, medir a exposição significa medir o quanto uma determinada 
localidade ou comunidade está vulnerável para certo evento. O grau de 
vulnerabilidade é determinado pela medida em que o ambiente está exposto. 
e) Vulnerabilidade:pode ser definida como um conjunto de condições 
necessárias (fatores sociais, econômicos, climáticos/ambientais) que podem 
elevar o nível de suscetibilidade de ocorrência de um evento indesejado. 
A vulnerabilidade está relacionada com a condição às quais estão expostos os 
elementos (indivíduos, comunidades ou meio físico) ao perigo, e pode ser analisada 
através do grau esperado de danos e prejuízos, no caso do evento acontecer 
(Figura 8). 
 
 
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Figura 8: Grau de vulnerabilidade de deslizamento. 
 
Fonte: Foto Globo.com - Deslizamento de terra na Avenida Niemeyer – RJ, 2019. 
 
Quando se fala em vulnerabilidade relacionada a questões de movimentos de 
massa, suas origens dizem respeito, necessariamente, à topografia do terreno, à 
geologia da área, ao grau de drenagem do subsolo, às características da atividade 
que é praticada naquele local e à periodicidade dos movimentos de massa que vêm 
ocorrendo na área. 
Uma possibilidade clara de se combater os consequências danosas 
provocadas por esses eventos é estudar, analisar e antever esses processos, 
possibilitando que ações de evacuação, isolamento e combate aos desastres sejam 
efetivamente bem sucedidas. 
De nada adianta analisar e identificar as áreas com real potencial de ocorrência 
de desastres, se efetivamente nada é feito para que os efeitos sejam mitigados. 
Para isso, faz necessário que tanto o governo quanto a população contribuam para 
os mesmos fins. O governo deve implementar políticas públicas eficazes, e a 
população, na medida do possível, deve reduzir sua exposição ao perigo. 
a) Risco: o risco, por sua vez, é a potencialidade real do dano ocorrer em 
decorrência da ação/atividade que se realiza. É uma combinação de fatores 
que pode levar à ocorrência de eventos de consequências indesejáveis, 
possuindo alta, média ou baixa probabilidade de ocorrência. O risco surge 
em decorrência de uma ação ou atividade mal executada diante de um 
perigo pré-existente. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Conforme aponta o Relatório da ONU, intitulado Estratégia Internacional de 
Redução de Desastres – EIRD/ONU (2004), risco é: 
a probabilidade de que ocorram consequências prejudiciais e/ou danos 
(como, por exemplo, mortes, lesões, prejuízos econômicos, interrupção de 
serviços, entre outros), resultado da interação entre as ameaças e a 
vulnerabilidade. Convencionalmente, o risco é expresso pela equação: 
RISCO = Ameaça x Vulnerabilidade. (EIRD, 2004, apud UFRGS, 2016, p. 
38) 
 
O resultado da inter-relação entre vulnerabilidade e ameaça é o que 
efetivamente provoca o risco (Figura 9), que existirá sempre que uma atividade se 
portar de forma temerária em ambiente cujo grau de vulnerabilidade seja latente. 
 
Figura 9: RISCO = Vulnerabilidade + Ameaça. 
 
Fonte: Elaboração própria (2019) 
 
2.1.1 A relação entre Perigo e Risco 
A relação entre risco e perigo é bastante tênue. No perigo, falamos de 
probabilidade, enquanto que no risco, falamos de potencialidade (risco potencial). 
No caso de moradias instaladas em encostas, por exemplo, pode-se afirmar, 
naturalmente, que o perigo sempre estará presente, existindo constantemente a 
probabilidade de ocorrer algum dano; contudo, nada pode ser falado sobre risco, 
uma vez que este dependerá do fator manuseio para se tornar danoso. Por outro 
lado, as moradias bem instaladas e os maciços dos taludes bem controlados e 
monitorados tendem a não apresentar riscos, mas ainda assim podem ser 
potencialmente perigosos, uma vez que, se ocorrer deslizamento, pode sim, ser 
considerado um risco à segurança das pessoas. 
A percepção do risco varia conforme a maneira como as pessoas o 
interpretam. A depender da atividade que desempenhamos, estamos mais ou menos 
susceptíveis aos riscos. O risco está ligado ao nosso comportamento e ao modo 
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como manuseamos tudo ao nosso redor, como por exemplo a moradia em morros e 
encostas. 
 
Figura 10: Perigo x Risco 
 
Fonte: Elaboração própria (2019) 
 
Diante do exposto, fica claro que a variável a ser CONTROLADA, 
ADMINISTRADA é o RISCO, uma vez que ela decorre da interação humana com o 
perigo, sendo este uma variável binária, isto é, podendo existir ou não. Dessa forma, 
estabelece-se o conceito de Gestão de Riscos (GALANTE, 2015, p. 39). 
 
 
A relação entre RISCO, PERIGO e AMEÇA pode ser descrita da seguinte 
maneira: 
Quanto maiores e melhores forem as medidas de segurança implementadas, 
menores serão os riscos de o dano ocorrer. 
 
2.1.2 Risco Aceitável, Tolerável e Intolerável. 
O grau de aceitabilidade de um risco tem relação direta com a análise feita pela 
pessoa/comunidade em medir as consequências que estão ligadas ao risco em si. 
Trata-se do risco que a população está disposta a suportar, após considerar os 
vários fatores intrínsecos e extrínsecos inerentes aos riscos. 
Um risco é considerado tolerável pela sociedade quando os custos para mitigá-
lo são elevados, não sendo vantajoso implementar ações no sentido combatê-lo. Em 
uma escala hierárquica, pode-se dizer que o risco tolerável é proporcionalmente 
mais elevado do que aquele risco considerado por muitos como aceitável. Trata-se 
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daquele risco aceito pela comunidade em virtude dos fatores econômicos e sociais 
envolvidos para mitigá-los. Ou seja, para a sociedade não vale apena trabalhar para 
solucionar os riscos, uma vez que os seus custos são elevados. 
Por fim, pode-se dizer que o risco intolerável é aquele que a sociedade não 
aceita, em hipótese alguma, sua existência, uma vez que não existe nenhuma 
vantagem (econômica e/ou social) em continuar exposta ao risco. 
Vale destacar que, em muitos casos/ambientes/comunidades, a natureza do 
risco pode ser aceita devido a diversos fatores (econômicos, sociais, de lazer, de 
comodidade etc.), a depender da prioridade que é dada para o fato em si. 
O desafio, por parte do poder público, está justamente em estabelecer o 
momento de atuar sobre o risco existente, especialmente, quanto aos desastres que 
envolvem movimentação de massas, uma vez que, estabelecer o limite do que seja 
tolerável ou aceitável é bastante delicado, devido aos vários aspectos sociais, 
culturais e econômicos envolvidos. 
 
Figura 11: Esquema representativo da diferenciação entre risco aceitável, tolerável e 
inaceitável. 
 
Fonte: (UFRGS, 2016, p. 88) 
 
2.2 Mapeamentos de vulnerabilidade: tipos e metodologias 
Como já observado anteriormente, os conceitos de Suscetibilidade e 
Vulnerabilidadeestão bastante interligados. Enquanto a Suscetibilidade diz respeito 
a quanto um ambiente está sujeito a determinado processo ou evento, a 
vulnerabilidade diz respeito a um conjunto de condições necessárias (fatores sociais, 
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econômicos, climáticos/ambientais) que podem elevar no nível de suscetibilidade de 
ocorrência de um evento indesejado. 
O mapeamento das áreas vulneráveis deve abarcar a análise de todos os 
aspectos que fazem parte da área que apresenta certo grau de exposição ao perigo. 
Nesse sentido, ele deve buscar levantar todos os elementos que potencialmente 
estão associados aos perigos aos quais a comunidade está exposta. Reduzir a 
vulnerabilidade é acima de tudo catalogar, analisar e implementar ações (estruturai e 
não estruturais) para correção e mitigação dos riscos. 
Nesse contexto, o processo de mapeamento da vulnerabilidade ambiental, com 
vistas a alcançar os resultados esperados, deve seguir alguns passos básicos, a 
saber: 
 Execução de trabalhos de campo: aqui é feita a 
catalogação/levantamento de todos os elementos que de alguma forma 
estão expostos ao risco. Para isso, é importantíssimo que se observem os 
aspectos físicos e ambientais, o sistema de infraestrutura existente, o 
grau de atendimento dos serviços/ações governamentais, e as 
características sociais da comunidade que vive no local. 
 Trabalho de escritório: diz respeito à compilação e à geração de 
informações a partir dos dados coletados in loco. Nesse momento, são 
usadas algumas ferramentas como os Sistemas de Informações 
Geográficas (SIG), que facilitam o mapeamento dessas áreas, permitindo 
análises mais detalhadas através da compilação e integração de diversos 
dados e informações relevantes. 
Para que o processo de mapeamento da vulnerabilidade seja efetivo, faz-se 
necessário que se observem as três dimensões da vulnerabilidade: Física, Social e 
Funcional (função), a saber: 
a) Vulnerabilidade física: está relaciona a um tipo de dano direto que a 
residência, bem ou pessoa pode sofrer no caso de um evento adverso 
ocorrer, teoricamente variando entre altamente vulnerável (espera-se grande 
grau de perda) e não vulnerável (sem danos). É importante observar a 
localização e o padrão construtivo das edificações e da infraestrutura, sua 
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exposição a situações que as colocam em perigo e o possível dano 
esperado. 
b) Vulnerabilidade Funcional (de função): visa medir o potencial de danos 
causados aos sistemas de serviços e infraestruturas. Quando essas funções 
públicas são afetadas por eventos adversos, há impactos diretos e indiretos 
à população, devido à deficiência na qualidade da prestação do serviço. Por 
exemplo, mesmo que um deslizamento não atinja o hospital diretamente, 
mas impeça o seu acesso (fechamento de estradas), configura um prejuízo 
caracterizado pela vulnerabilidade de função. Nestes casos, as 
consequências são sentidas por aqueles que estão a vários quilômetros de 
onde ocorreu o desastre. 
Quando se fala em desastres de evolução instantânea/súbita, como 
deslizamentos, soterramentos e desmoronamentos, diversos problemas sociais são 
sentidos pela comunidade, uma vez que os danos não estão restritos apenas às 
questões econômicas em si, mas principalmente aos aspectos sociais. 
Nesse contexto, as principais funções que devem ser analisadas em um 
processo de mapeamento de vulnerabilidade ambiental são as seguintes: 
 Presença de Segurança pública: Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, 
Defesa civil, Sistema de alerta e proteção; 
 Presença efetiva de Saúde pública: controle sanitário, Resposta a 
emergências antes, durante e depois do evento; 
 Presença de Infraestrutura básica: água potável, sistema de esgotamento 
sanitário, comunicação, energia elétrica, oferta de combustível, drenagem 
urbana, limpeza urbana e sistema de transporte; 
 Comunicação efetiva com a comunidade como forma de esclarecer os 
riscos e procedimentos em casos de desastres; 
 Presença de sistema de ensino/educação pública de qualidade; 
 Presença de igrejas/templos etc. 
c) Vulnerabilidade Social: diz respeito aos aspectos sociais que definem o grau 
de vulnerabilidade de uma comunidade quanto aos efeitos de um desastre. 
Basicamente, sua medida se dá através do quanto uma população é capaz 
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de resistir a esses efeitos adversos, ou seja, o quanto ela está preparada 
para fazer frente a um desastre. 
Para que haja um mapeamento e uma avaliação dos riscos existentes quanto 
aos deslizamentos, faz-se necessário o levantamento de uma série de dados 
(mapas sobrepostos), que muitas vezes são analisados de forma qualitativa pela 
dificuldade de obtenção dos dados quantitativos, a saber: 
• a suscetibilidade do terreno às ameaças estudadas; 
• a probabilidade temporal das ameaças, ou seja, o perigo dos fenômenos; 
• a vulnerabilidade dos elementos expostos ao risco (ex.: população, 
infraestrutura, atividades econômicas); 
• os danos e prejuízos associados ao desastre em potencial (ex.: número de 
mortos, feridos, danos materiais, prejuízos diretos e indiretos esperados) 
(UFRGS, 2016, p. 123). 
 
No Brasil, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT e o Serviço Geológico do 
Brasil – CPRM, no âmbito da identificação/mapeamento de áreas de risco, utilizam 
métodos quantitativos para obtenção desses dados. 
Quando as avaliações são realizadas, basicamente, dois importantes 
documentos informativos são elaborados: a carta de suscetibilidade e a carta de 
setorização dos riscos geológicos para cada área mapeada, que indicam os sítios 
com alto risco de movimentos de massa (figura 12 e tabela 7). 
 
Tabela 7: Definições das Castas 
 
Fonte: (IPT/CPRM, 2014, p. 10) 
 
No tocante aos processos de Movimentos de Massa, essa técnica de 
zoneamento qualitativo dos riscos tem possibilitado um melhor resultado quanto à 
probabilidade de ocorrência do desastre. 
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Segundo preceitua a Lei 12.608/2012, que Institui a Política Nacional de 
Proteção e Defesa Civil – PNPDEC e autoriza a criação de um sistema de 
informações e monitoramento de desastres, é objetivo principal da Política contra 
Desastres identificar as ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades de desastres, 
como forma de mitigar suas ocorrências. 
Para atender a esse preceito normativo, essa mesma lei determina a criação 
de um “cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de 
deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos

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