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Defesa Preliminar

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...
(10 linhas)
Processo nº...
DENUNCIADO..., já qualificado na denúncia oferecida pelo Digníssimo membro do Ministério Público, por seu advogado que esta subscreve (conforme procuração anexa – doc. 01), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar:
DEFESA PRELIMINAR
com fulcro no artigo 514 do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I – DOS FATOS
Em 10 de janeiro de 2020, o denunciado adentra em um estabelecimento comercial e, identifica-se como fiscal de órgão arrecadador estadual, solicitando ao comerciante a disponibilização de blocos de notas fiscais e livros de entrada e saída de mercadorias. O responsável pela empresa, informara ao acusado que os livros solicitados não se encontravam nas instalações da empresa e, justificara que estes localizavam-se junto ao seu contador, razão pela qual o denunciado notificou o comerciante para que, em 24 horas, como de praxe, apresentasse os referidos livros.
No dia seguinte, o acusado retornara às instalações do estabelecimento comercial para então fiscalizar os livros, momento em que lhe fora ofertado um presente pela sua suposta compreensão do dia anterior, sendo este aceito pelo denunciado. Imediatamente, adentraram no estabelecimento policiais e, deram voz de prisão em flagrante, sendo o acusado conduzido para a delegacia. 
Concluído o inquérito policial, este foi remetido ao Ministério Público que ofertara a denúncia, tendo o aqui denunciado como incurso em crime de corrupção passiva, este tipificado pelo artigo 317 do Código Penal.
II – DO DIREITO
Segundo os fatos supra narrados, verifica-se que a denúncia oferecida pelo Digníssimo membro do Ministério Público apresenta conduta atípica, vez que, conforme o artigo 317 do Código Penal, a corrupção passiva, consiste em o funcionário público: “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”.
Da análise do referido diploma legal, constata-se que, deve existir o nexo de causalidade entre a conduta do denunciado e a realização do ato funcional, pois, caso contrário inexistirá o delito questionado.
Quanto da inexistência do nexo de causalidade, como pode-se observar, o presente ofertado pelo comerciante em nada alterou os fatos, visto que, o acusado fora ao estabelecimento com a intenção de fiscalizar os documentos ora supracitados, o que somente não veio a ocorrer em virtude do aparecimento dos policiais que lhe deram voz de prisão. Porquanto, inexiste assim a vantagem percebida e, ou que pudesse ser percebida pelo denunciado, razão pela qual inexiste o crime.
Entretanto, quanto ao presente ofertado, não houvera da parte acusada a consciência de estar aceitando uma retribuição pela prática de um ato de ofício, isto é, não há o elemento de vontade na pratica do ato e, tampouco o propósito de praticar ato ilícito, sendo assim não há de se falar em corrupção passiva, visto não haver a prova do dolo, neste caso, o pedido de vantagem indevida. 
Todavia, nota-se no caso em análise a imposição de flagrante preparado, este já fora rejeitado pelo nosso ordenamento jurídico, conforme disposição da sumula 145 do Supremo Tribunal Federal: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. Havendo o flagrante preparado, pela possível existência de um crime, não podem basificar procedimentos judiciais pela a obtenção de provas por meios ilícitos, nulificando o auto de prisão em flagrante.
Contudo, em virtude da ausência de conduta típica, da existência de flagrante preparado que acarreta em crime impossível e, da falta de preenchimento de todos os elementos do tipo descrito pelo artigo 317 do Código Penal, cabe ser rejeitada a denúncia.
III – DO PEDIDO
Diante do exposto, requer que seja rejeitada a inicial acusatória oferecida pelo representante do Ministério Público, com fulcro no artigo 395, inciso II, do Código de Processo Penal, pela falta de condição para o exercício da ação penal, como medida de inteira justiça.
Nesses termos,
pede deferimento.
Local ..., 26 de janeiro de 2020.
Advogado...
OAB/UF nº ...

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