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Indaial – 2022 Drenagem Prof.ª Alessandra Janaina Becker Prof.ª Daniele Candido da Costa Prof. Eduardo Santana Aires 1a Edição IrrIgação e Elaboração: Prof.ª Alessandra Janaina Becker Prof.ª Daniele Candido da Costa Prof. Eduardo Santana Aires Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: B395i Becker, Alessandra Janaina Irrigação e drenagem. / Alessandra Janaina Becker; Daniele Candido da Costa; Eduardo Santana Aires. – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 185 p.; il. ISBN 978-85-515-0489-5 1. Produtos agrícolas. - Brasil. I. Becker, Alessandra Janaina. II. Costa, Daniele Candido da. III. Aires, Eduardo Santana. IV. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 630 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Irrigação e Drenagem! Compreender aspectos fundamentais dos sistemas de irrigação e drenagem é essencial para um profissional da área. Com base em conhecimentos adquiridos neste livro, será possível projetar, manejar e avaliar esses sistemas, lembrando que a irrigação aplicada de forma correta permite o aumento da produtividade e da qualidade dos produtos agrícolas. Ainda, reduz os riscos de perdas da produção ocasionados por períodos de seca. A drenagem é a remoção do excesso de água e sais minerais do solo para que esse possa ter uma boa aeração e salinidade. O resultado é o aumento da produtividade, assim, aprofundá-la também é essencial. Esses são conhecimentos que irão complementar sua formação profissional, que você estudará ao longo desse livro. Na Unidade 1, veremos uma introdução sobre a irrigação. Estudaremos a relação entre água, solo e planta, buscando entender como esses três interagem e se impactam. Ainda, aprenderemos o armazenamento de água no solo e discutiremos o uso de recursos hídricos nas atividades agrícolas. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos os sistemas de irrigação. Aprenderemos as aplicações e como elaborar um projeto de irrigação considerando as variáveis técnicas, aspectos econômicos e ambientais. Veremos sobre irrigação localizada, de aspersão, por superfície e como selecioná-las. Por fim, na Unidade 3, estudaremos drenagem. Entendendo os principais efeitos do excesso de água no solo, bem como dimensionar os sistemas de drenagem. Iniciaremos tendo noções de drenagem, após, veremos os efeitos da drenagem no solo e plantas e finalizaremos aprofundando sobre drenagem subterrânea e superficial. Boa leitura! Prof.ª Alessandra Janaina Becker Prof.ª Daniele Candido da Costa Prof. Eduardo Santana Aires APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À IRRIGAÇÃO ..............................................................1 TÓPICO 1 - RELAÇÃO ÁGUA-SOLO-PLANTA ......................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 CARACTERÍSTICAS DO SOLO ............................................................................. 3 3 CURVA DE RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO ......................................................... 7 4 NECESSIDADE HÍDRICA DAS PLANTAS ............................................................. 9 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 14 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 15 TÓPICO 2 - ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO .............................................17 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................17 2 ESTRUTURA E PROPRIEDADES ASSOCIADAS À ÁGUA ...................................17 3 INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO ..................................................................... 18 4 REDISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO SOLO ..............................................................20 5 CAPACIDADE DE ÁGUA DISPONÍVEL ............................................................... 21 5.1 TENSIÔMETRO .................................................................................................................... 22 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................23 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................24 TÓPICO 3 - RECURSOS HÍDRICOS NAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS .................... 27 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................27 2 IRRIGAÇÃO NAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS ...................................................... 27 2.1 ESTRATÉGIAS DE MANEJO DA IRRIGAÇÃO ................................................................. 29 3 QUIMIGAÇÃO ......................................................................................................30 4 IMPACTOS AMBIENTAIS ....................................................................................32 5 USO RACIONAL DE ÁGUA ..................................................................................34 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 37 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 41 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................42 REFERÊNCIAS .......................................................................................................45 UNIDADE 2 — SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO .............................................................49 TÓPICO 1 — IRRIGAÇÃO LOCALIZADA ................................................................. 51 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 51 2 GOTEJAMENTO ..................................................................................................53 3 MICROASPERSÃO ..............................................................................................53 3.1 MONTAGEM DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO LOCALIZADA ........................................... 53 3.1.1 Rede de distribuição .................................................................................................54 4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO ............................................................................... 57 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................59 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................60 TÓPICO 2 - IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO .............................................................63 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................63 2 CONVENCIONAL .................................................................................................64 2.1 MONTAGEM DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO .....................................64 2.1.1 Escolha correta do aspersor ................................................................................... 65 2.1.2 Vazão do aspersor ....................................................................................................66 2.1.3 Aplicação de água ....................................................................................................66 2.1.4 Eficiência do sistema e aspersor e dimensionamento da linha lateral ........67 3 MECANIZADA ..................................................................................................... 67 3.1 SISTEMA AUTOPROPELIDO ..............................................................................................67 3.1.1 Montagem do sistema de irrigação mecanizada autopropelido ...................68 3.1.2 Vantagens e desvantagens do sistema.............................................................. 69 3.2 SISTEMA PIVÔ CENTRAL ................................................................................................. 69 3.2.1 Montagem do sistema de irrigação mecanizada- pivô central. ................... 69 3.2.2 Vantagens e desvantagens do sistema ............................................................. 70 3.3 DESLOCAMENTO LINEAR ............................................................................................... 70 4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO ................................................................................71 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 72 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 73 TÓPICO 3 - IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE ........................................................... 75 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 75 2 SULCOS .............................................................................................................. 76 3 IRRIGAÇÃO POR FAIXAS ................................................................................... 77 4 IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO ...........................................................................78 4.1 IRRIGAÇÃO CONTÍNUA ..................................................................................................... 78 4.2 IRRIGAÇÃO TEMPORÁRIA ................................................................................................79 5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO ............................................................................... 79 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 81 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................82 TÓPICO 4 - SELEÇÃO DO MÉTODO DE IRRIGAÇÃO ............................................85 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................85 2 ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE IRRIGAÇÃO .................................................88 3 AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO ......................................................89 4 EXEMPLOS DE PROJETOS ................................................................................90 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................93 RESUMO DO TÓPICO 4 ..........................................................................................99 AUTOATIVIDADE .................................................................................................100 REFERÊNCIAS .....................................................................................................103 UNIDADE 3 — DRENAGEM .................................................................................. 107 TÓPICO 1 — NOÇÕES DE DRENAGEM NA AGRICULTURA ..................................109 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................109 2 MAPAS FREÁTICOS .........................................................................................109 2.1 POÇOS DE OBSERVAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO .................................................... 110 2.1.1 Leitura dos poços e equipamentos utilizados .................................................. 112 2.2 PIEZÔMETROS .................................................................................................................. 112 2.3 HIDROGRAMAS ................................................................................................................. 113 2.4 MAPAS DE ISOÍPSAS (ISOHYPSES) ............................................................................. 113 2.5 MAPAS DE ISÓBATAS ...................................................................................................... 114 2.6 MAPA DE VARIAÇÃO DE NÍVEL ..................................................................................... 115 2.7 INTERPRETAÇÃO DOS MAPAS FREÁTICOS................................................................ 115 3 COEFICIENTES DE DRENAGEM ........................................................................117 3.1 COEFICIENTE DE DRENAGEM SUBTERRÂNEO ..........................................................117 3.2 COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL ........................................................117 4 SISTEMA SOLO-PLANTA-ATMOSFERA ..........................................................118 4.1 POTENCIAL HÍDRICO ........................................................................................................ 119 4.2 MOVIMENTO DA ÁGUA ................................................................................................... 120 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 125 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 126 TÓPICO 2 - EFEITOS DA DRENAGEM NO SOLO E PLANTAS ............................. 129 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 129 2 CARACTERÍSTICAS DO SOLO ......................................................................... 129 2.1 TEXTURA DO SOLOS ....................................................................................................... 130 2.2 ESTRUTURA DO SOLO .................................................................................................... 131 2.3 CONSISTÊNCIA ................................................................................................................ 133 2.4 POROSIDADE ................................................................................................................... 134 2.5 DENSIDADE DO SOLO .................................................................................................... 134 2.6 COMPACTAÇÃO DO SOLO ............................................................................................. 135 2.7 ESTABILIDADE DOS AGREGADOS ............................................................................... 135 2.8 RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO .................................................................. 135 3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA DRENAGEM AGRÍCOLA ............................ 136 3.1 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA ..................................................................................... 136 3.1.1 Método de permeâmetro de carga constante ................................................. 138 3.1.2 Método de permeâmetro de carga variável ..................................................... 138 3.1.3 Método do poço ou furo do trado (Auger-Hole) ............................................. 139 3.1.4 Método do poço seco ............................................................................................. 141 3.1.5 Permeâmetro de Guelph ....................................................................................... 141 3.2 POROSIDADE DRENÁVEL.............................................................................................. 143 4 EFEITOS DO EXCESSO DE ÁGUA SOBRE SOLO E PLANTAS .........................144 4.1 EFEITOS DO EXCESSO DE ÁGUA SOBRE O SOLO .................................................... 144 4.1.1 Aeração do solo ....................................................................................................... 145 4.1.2 Estrutura ................................................................................................................... 145 4.1.3 Textura....................................................................................................................... 146 4.1.4 Temperatura do solo .............................................................................................. 146 4.2 EFEITOS DO EXCESSO DE ÁGUA SOBRE AS PLANTAS ......................................... 146 4.2.1 Aeração ......................................................................................................................147 4.2.2 Nutrientes .................................................................................................................147 4.2.3 Temperatura ............................................................................................................ 148 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................149 AUTOATIVIDADE .................................................................................................150 TÓPICO 3 - DRENAGEM SUBTERRÂNEA E DRENAGEM SUPERFICIAL ........... 153 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 153 2 REGIMES DE DRENAGEM ................................................................................154 2.1 REGIME CONSTANTE OU PERMANENTE .................................................................... 154 2.2 REGIME VARIÁVEL OU NÃO PERMANENTE .............................................................. 155 3 EQUAÇÕES DE DRENAGEM ............................................................................. 156 3.1 CÁLCULOS DE DRENAGEM SUPERFICIAL ................................................................. 156 3.1.1 Equação de Manning ...............................................................................................157 3.2 EQUAÇÕES DE CÁLCULO DE ESPAÇAMENTO ENTRE OS DRENOS ....................157 3.2.1 Fórmula de Donnan ............................................................................................... 158 3.2.2 Fórmula de Hooghoudt ........................................................................................ 158 3.2.3 Fórmula de Ernst ................................................................................................... 158 3.2.4 Fórmula de Glover-Gumn .................................................................................... 159 3.2.5 Fórmula de Boussinesq ....................................................................................... 159 4 DRENAGEM SUBTERRÂNEA ........................................................................... 159 5 DRENAGEM SUPERFICIAL ..............................................................................160 5.1 SISTEMA NATURAL .......................................................................................................... 160 5.2 SISTEMA EM CAMALHÃO ............................................................................................... 161 5.3 SISTEMA INTERCEPTOR ................................................................................................ 162 5.4 SISTEMAS COM DRENOS RASOS E PARALELOS .................................................... 162 5.5 ESPINHA DE PEIXE ......................................................................................................... 162 5.6 DUPLO PRINCIPAL .......................................................................................................... 163 5.7 AGRUPAMENTO ............................................................................................................... 163 5.8 SISTEMATIZAÇÃO DE ÁREAS ....................................................................................... 163 5.9 TIPOS DE DRENOS .......................................................................................................... 164 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 166 RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................171 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 172 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 175 1 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À IRRIGAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a relação água-solo-planta e seu impacto na irrigação; • conhecer os parâmetros envolvidos no armazenamento de água no solo; • conhecer as aplicações da irrigação nas atividades agrícolas; • compreender os impactos ambientais causados pela irrigação e explorar o uso racional da água. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – RELAÇÃO ÁGUA-SOLO-PLANTATÓPICO 2 – ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO TÓPICO 3 – RECURSOS HÍDRICOS NAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 RELAÇÃO ÁGUA-SOLO-PLANTA 1 INTRODUÇÃO Segundo Farias et al. (2001), a imprevisibilidade das variações climáticas confere à ocorrência de adversidades climáticas o principal fator de risco e de insucesso nos cultivos agrícolas. De acordo com o autor, estresses abióticos, como a seca, podem reduzir significativamente os rendimentos da lavoura. Sendo o déficit hídrico, normalmente, o principal fator responsável por perdas na lavoura. A água constitui 90% do peso da planta influenciando em praticamente todos os processos fisiológicos e bioquímicos (CASAGRANDE et al., 2001). Além disso, a falta de água pode afetar a eficiência do processo fotossintético, de forma direta e indireta. A irrigação é uma prática agrícola que se vale de um conjunto de equipamentos e técnicas para que não haja deficiência total ou parcial de água para as plantas. O manejo da irrigação só será eficiente se considerar as relações entre solo- água-planta, pois é indispensável conhecer a realidade local antes de definir as técnicas e manejo a serem adotadas. Desta forma, iremos explorar essas relações e seu impacto no decorrer deste Livro Didático. O manejo da irrigação depende de alguns conhecimentos básicos. As técnicas que você verá ao longo deste livro são todas boas e eficientes, mas devem ser definidas de acordo com as condições de cada produtor rural, das características físicas do local (solo, clima e disponibilidade de água), da planta e da capacidade de investimento. Por isso, no Tópico 1, abordaremos as características do solo, a curva de retenção de água no solo e a necessidade hídrica das plantas. O entendimento desses temas será importante para darmos continuidade aos estudos de irrigação e drenagem. 2 CARACTERÍSTICAS DO SOLO O solo é um componente importante na agricultura e um aliado na irrigação e drenagem, pois funciona como um reservatório de água. Uma característica essencial do solo é seu dinamismo, ou seja, ele está sempre em evolução. A intensidade dessas mudanças depende do ambiente ao qual ele está inserido, incluindo também as interferências antrópicas. Quando falamos de solo, estamos nos referindo à camada externa e agricultável da superfície terrestre (REICHARDT; TIMM, 2004). O solo é formado por corpos naturais, composto por sólidos, líquidos e gases (SANTOS et al., 2018). A fração sólida é composta TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 por substâncias inorgânicas e materiais orgânicos. A fração líquida forma a solução do solo, onde se encontram elementos químicos. E os gases que circulam entre as partículas do solo formam a fração gasosa, sendo resultante de processos bioquímicos como a respiração de raízes, microrganismos e da macrofauna. Na composição do solo, tanto as partículas sólidas quanto os espaços vazios são importantes. Nestes espaços vazios, ou poros, o ar e a água circulam e as raízes podem se desenvolver. Há uma proporção ótima de espaço poroso e água no solo, sendo 25% cada. Proporções maiores de água, ele está encharcado, se menor, ele estará seco. Solos com mais de 50% do volume com sólidos têm maior propensão a compactação. Os solos são examinados da superfície ao subsolo – de cima para baixo – considerando cortes paralelos e organizados em horizontes e camadas. Esses são diferenciados tomando-se por base o material que os formou e que sofrem transformações ao longo do tempo sob influência de fatores como clima, organismos e relevo. Os horizontes refletem os processos de formação do solo, então, como é possível identificar sua origem? Tomando-se por base o intemperismo de rochas e outros sedimentos. Já as camadas quase não são afetadas por esses processos e, em geral, mantém as características do material de origem (PEREIRA et al., 2019). Nesse contexto, a água tem um papel na translocação, adição ou remoção de materiais no interior do perfil do solo. FIGURA 1 – HORIZONTES E CAMADAS DO SOLO FONTE: <https://shutr.bz/3J4VydB>. Acesso em: 10 mar. 2022. 5 A subdivisão do solo em diferentes camadas e horizontes faz que cada um seja analisado individualmente, e, assim, possamos projetar que tipo de manejo deve ser adotado. Essa projeção é importante no manejo da irrigação, bem como nos outros manejos das culturas. A textura do solo tem efeitos diretos na irrigação das culturas. Isso acontece, pois, essa característica influência também na taxa de infiltração de água, na aeração do solo, na capacidade de retenção de água, na nutrição da planta, e nas forças de aderência e coesão nas partículas do solo (ANTÔNIO, 2016). Observe que as proporções das partículas areia, silte e argila (fração granulométrica) presentes no solo formam a sua textura. Classifica-se o tamanho das partículas classificado da seguinte forma: argila (< 0,002 mm); silte (0,002 – 0,05 mm); Areia fina (0,05 – 0,2 mm); areia grossa (0,2 – 2 mm). E as frações mais grosseiras do que a fração areia são: cascalho (2 – 20 mm); calhau (20 – 200 mm); matacão (> 200 mm) (SANTOS et al., 2018; TEIXEIRA et al., 2017). No triângulo textural, existem 13 classes de textura, com base nos valores de argila, silte e areia é possível fazer a sua determinação (FIGURA 2). FIGURA 2 – TRIANGULO TEXTURAL FONTE: <https://shutr.bz/3MC8AS6>. Acesso em: 10 mar. 2022. 6 O termo franco, ou de textura franca, refere-se a uma mistura de partículas de areia, silte e argila, que tem propriedades de cada uma em proporções semelhantes. Isso não quer dizer que estejam presentes na mesma quantidade, já que essas classes não se encontram no centro do triângulo. Uma porcentagem pequena de argila já é capaz de dar ao solo propriedades argilosas, e pequenas quantidades de silte e areia afetam pouco a sua composição – por exemplo, solos com apenas 26% de argila podem ser considerados com textura franco-argiloso. Já, para ser classifi cado como areia-franca ou franco-siltoso, precisa de ao menos 45% de areia ou 50% de silte, respectivamente. Os lados do triângulo textural representam uma escala de 0 a 100% de areia, argila e silte. A interpretação da escala deve ser feita no sentido das setas. E ao encontrar o ponto de encontro, obtém-se a classe textural daquele solo. Para entender melhor como obter esse resultado, aprofunde seus conhecimentos sobre o triangulo textural em: https://bit. ly/35Qc6aP. INTERESSANTE Com o objetivo de simplifi car as análises com relação à textura, especialmente no seu manejo, podemos agrupar os solos em três classes: textura arenosa (solos leves), textura média (solos médios), textura argilosa (solos pesados). Então, qual a relação desses conceitos com a irrigação? A classe do solo determina como será o comportamento da água naquele ambiente. Solos de textura arenosa possuem altos teores de areia e baixos teores de argila o que faz que sejam permeáveis e leves. Têm baixa capacidade de retenção de água e nutrientes e baixo teor de matéria orgânica. O efeito disso é que a água infi ltra com facilidade, mas não fi ca muito tempo retida. Possuem poros maiores e as partículas de areia não possuem íons em superfície fortes para resistir à força da gravidade e, assim, manter a água por muito tempo aderida como nas argilas. A vantagem é que são solos mais fáceis para serem preparados; a desvantagem é que têm baixa capacidade de retenção de nutrientes e são altamente susceptíveis à erosão. São solos que, se incorporados matéria orgânica, têm melhora na retenção de água e nutrientes. Os solos de textura média ou solos médios são caracterizados pelo equilíbrio entre os teores de areia, silte e argila. Em geral, apresentam boa drenagem, boa capacidade de retenção de água e nutrientes e são medianamente suscetíveis à erosão.Essas características proporcionam a esses solos, adaptabilidade a todos os métodos de irrigação implantados. 7 Já os solos de textura argilosa, ou solos pesados, possuem altos teores de argila, baixa permeabilidade e alta capacidade de retenção de água e nutrientes. A força entre as partículas desses solos são altas, difi cultando a penetração das raízes e o uso de implementos agrícolas, já que o solo fi ca aderido a eles com facilidade. Diferentemente dos solos arenosos são mais resistentes à erosão, entretanto, são altamente susceptíveis à compactação. Solos com partículas grosseiras possuem ótimas propriedades quanto à permeabilidade e arejamento, porém, baixa capacidade de retenção de água e nutrientes. Solos com partículas fi nas, têm boa ou satisfatória capacidade de retenção, mas a permeabilidade e o arejamento reduzidos, o que pode prejudicar o desenvolvimento das plantas. ATENÇÃO 3 CURVA DE RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO A curva de retenção de água no solo é uma informação fundamental para o manejo da irrigação. É um gráfi co que relaciona a porcentagem de água retida com o potencial matricial da água no solo que é a força de ligação entre as moléculas de água e as partículas do solo. Quando se fala em tensão do solo, quanto maior o número, mais seco o solo se encontra, por exemplo, solos com tensão de 20 kPa são mais secos do que solos com tensão de 10 kPa. Fatores como o tamanho das partículas do solo, sua forma e arranjo, afetam a retenção de água no solo. 8 FIGURA 3 – CURVA DE RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO (A – TEXTURA ARGILO-ARENOSA; B – TEXTURA ARENOSA). FONTE: Adaptada de Andrade Júnior et al. (2007) E por que é importante conhecer essa curva? Para poder determinar a capacidade de campo do solo, o ponto de murcha permanente e a disponibilidade total de água no solo, variáveis importantes para o manejo de irrigação. A consequência de se irrigar um solo sem saber dessas variáveis pode acarretar na aplicação de mais água do que o solo é capaz de armazenar. A consequência é a percolação da água que se perde abaixo da profundidade da raiz, pois a água abaixo da raiz é um desperdício. Lembre-se, o cenário ideal é irrigar somente onde a raiz puder absorver. Outra possível consequência é aplicar mais água no período noturno em solo com pouca capacidade de armazenamento, como os arenosos, por exemplo. Nessa situação, a água pode percolar durante a noite e assim a planta passará por estresse hídrico durante o dia. Em ambas as situações relatadas, a implicação é a diminuição da produtividade do cultivo. Podemos determinar a curva de retenção de água no solo utilizando a câmara de pressão de Richards, uma espécie de panela de pressão. Por meio dessa metodologia 9 é simulada uma determinada tensão na amostra de solo e posteriormente, por diferença de peso, determina-se o conteúdo de água relacionada à tensão aplicada. Existem dois pontos do gráfico que são os mais importantes de se conhecer: o ponto de Capacidade de Campo (CC) e o Ponto de Murcha Permanente (PM), exploraremos esses pontos no próximo tópico. A determinação da curva de retenção depende de alguns passos que vão desde a correta coleta da amostra, até a obtenção dos dados e construção dos gráficos. O conhecimento desses pontos auxiliará no melhor entendimento de como manejar a irrigação. Assim, entenda o passo a passo para determinação da curva de retenção de água no solo em laboratório acessando: https://bit.ly/367ub43. DICA 4 NECESSIDADE HÍDRICA DAS PLANTAS Sabemos que, de uma forma geral, seres vivos precisam de água, correto? E as plantas também precisam de água, correto? As culturas consomem uma grande quantidade de água para que possam completar seu ciclo de crescimento, e aproximadamente 98% do volume consumido passa pela planta e chega até a atmosfera em razão da transpiração. A água flui continuamente através das plantas: entra pelas raízes e sai pelos estômatos (transpiração). Assim, a transpiração faz que as plantas necessitem de água disponível no solo. Entretanto, você já parou para pensar por que exatamente as plantas precisam de água? Conforme destacado por Pimentel (2004) as funções da água incluem: • permitir a difusão de minerais, solutos celulares e gases, nas células e entre órgãos; • reagente ou substrato para reações celulares como a fotólise da água, processo que dá início a fotossíntese (Figura 4); • fonte do oxigênio molecular existente na atmosfera (produzido na fotossíntese) e do hidrogênio para redução do gás carbônico (CO2) a carboidrato; • hidrólise de macromoléculas (amido em açúcares solúveis), importantes para germinação de sementes e na respiração noturna (não há produção de carboidratos pela fotossíntese à noite); • manutenção da turgescência celular para sustentação das plantas herbáceas, aumento do volume celular e consequente crescimento do vegetal, na abertura dos estômatos e nos movimentos de folhas e flores. 10 FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO SIMPLIFICADA DA FOTOSSÍNTESE FONTE: <https://shutr.bz/3J12f0g>. Acesso em: 10 mar. 2022. Assim, o déficit hídrico tem como efeito primário reduzir o potencial hídrico, acarretando a desidratação celular e resistência hidráulica. Após, afeta a expansão celular, atividades celulares e metabólicas, no fechamento estomático, inibição fotossintética, causa abscisão foliar, entre outros efeitos. Como apresentado anteriormente, o excesso de água no solo também é prejudicial às plantas. Esse excesso pode acontecer tanto em ambientes encharcados quanto em solos compactados. O efeito negativo dessas condições é a remoção do oxigênio do solo por lixiviação de nutrientes e aparecimento de doenças. Estudos comprovam que pode haver redução de rendimento mesmo em anos climaticamente favoráveis, se o déficit hídrico ocorrer no período crítico, ou seja, da pré-floração ao início do enchimento do grão. No caso do milho, durante o período vegetativo, há redução do crescimento, em consequência do decréscimo da área foliar e da biomassa. A soja possui dois períodos críticos bem definidos com relação à falta de água: na semeadura a emergência e no enchimento dos grãos. Durante a germinação, tanto a falta quanto o excesso têm efeitos negativos para a cultura. A deficiência hídrica provoca alterações no comportamento vegetal cuja intensidade ou resistência vai depender do genótipo, da duração, da severidade e do estádio de desenvolvimento da planta (SANTOS; CARLESSO, 1998). 11 Dificilmente a disponibilidade de água de um solo é exatamente a ótima para uma cultura durante todo o seu ciclo. Pode variar de deficiente a excessivo, de um dia para outro ou em intervalos curtos. Existe uma faixa de valores de umidade que possibilita os rendimentos mais elevados para a maioria das plantas cultivadas. O maior desafio é manejar a água no solo de maneira a manter as condições dentro dessa faixa ótima. IMPORTANTE A umidade relativa do ar também afeta a disponibilidade de água no solo, pois ela determina o gradiente de pressão de vapor entre a cavidade estomática foliar e a atmosfera. O efeito da baixa umidade é um amplo gradiente de pressão que, mesmo quando há água no solo, impede a sua absorção. Quanto mais a planta transpirar, mais ela irá demandar água. Em geral, a redistribuição de água nas raízes ocorre durante a noite, pois é durante esse período que a demanda evaporativa das folhas é menor. Para que a irrigação seja eficiente e não haja desperdício ou gastos elevados, é essencial conhecer a necessidade hídrica do cultivo, pois cada espécie tem diferentes necessidades e diferentes ambientes impõem diferentes necessidades. Um ponto importante a ser observado é que a necessidade hídrica aumenta à medida que as plantas crescem. Isso se deve ao incremento da taxa de respiração pelas folhas. Para tal, calcula-se a quantidade de água que o cultivo precisa receber diariamente, e esse valor é conhecido por meio do cálculo da evapotranspiração de cada cultura (ETc). Para conhecero valor é preciso ter acesso a dados climáticos fornecidos por intermédio de estações meteorológicas. A estação meteorológica é um conjunto de equipamentos que fornece dados meteorológicos da região. Ela é capaz de informar dados pluviométricos, temperatura, radiação solar, umidade relativa do ar, e velocidade e direção do vento. É possível encontrar estações automáticas ou convencionais. Nas automáticas, como o nome mesmo representa, os dados são coletados de forma automatizada, e assim não há necessidade de se fazerem anotações diárias. Usa-se um registrador de dados conhecido como Data logger para armazenar esses dados. As estações convencionais precisam de uma pessoa coletando diariamente os dados. Os principais fatores climáticos envolvidos na evapotranspiração são temperatura, chuva e vento, pois influenciam na evaporação da água, na superfície do solo e plantas, e na transpiração da água pelas plantas. E o que é exatamente a evapotranspiração? 12 Evaporação, é o termo utilizado para explicar a passagem da água de líquida para gasosa (considerando temperaturas abaixo do ponto de ebulição da água – 100 °C). Quando temos a evaporação da água por meio de superfícies vivas como uma folha ou a pele de um animal, chamamos de transpiração. Assim, quando esses dois processos ocorrem em um mesmo momento, fala-se em evapotranspiração. As perdas de água por evapotranspiração, somada com a que se perde para as camadas mais profundas do solo, devem ser repostas por meio das regas. ATENÇÃO Com base em medições da evapotranspiração potencial, pode-se calcular a evapotranspiração da cultura e a necessidade de irrigação para uma cultura multiplicando a evapotranspiração de referência por um coefi ciente da cultura (Kc). Idealmente, calcula-se o Kc tomando-se por base dois fatores – cultivo utilizado e local de plantio –, porém, tabelas com valores aproximados também podem ser utilizadas. O coefi ciente da cultura (Kc) representa o efeito das características específi cas de cada cultura com relação às necessidades de água. Veja, na Tabela 1, um exemplo: TABELA 1 – VALORES DE KC POR ESTÁDIO DE DESENVOLVIMENTO PARA ALGUMAS CULTURAS FONTE: Adaptada de Pereira (2014) Evapotranspiração da cultura (ETc) é a quantidade de água que passa para a atmosfera no estado de vapor uma determinada cultura e é determinada pela multiplicação da ETo pelo Kc conforme a equação: ETc = ETo x Kc, onde: ETc = evapotranspiração da cultura, em mm.dia-1; ETo = evapotranspiração de referência, em mm.dia -1; e Kc = coefi ciente da cultura, adimensional. 13 É possível prever a produtividade de uma cultura utilizando as medidas de evapotranspiração durante o ciclo da planta. Isso ocorre, pois há uma relação entre evapotranspiração e acúmulo de massa seca na planta. Quanto maior for a transpiração da planta, maior será a abertura dos estômatos, e, assim, maior a entrada de CO2 na folha para realização da fotossíntese. IMPORTANTE 14 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O solo deve ser manejado de acordo com suas características. Solos de textura arenosa têm teores altos de areia e baixos de argila. Sendo, assim, permeáveis, porém com baixa capacidade de retenção de água e nutrientes e de baixo teor de matéria orgânica. Solos de textura argilosa possuem altos teores de argila e capacidade de retenção de água e nutrientes, entretanto, baixa permeabilidade. • A textura do solo tem efeitos diretos na irrigação das culturas. Isso acontece, pois essa característica do solo influencia também na taxa de infiltração de água, na aeração do solo, na capacidade de retenção de água, na nutrição da planta e nas forças de aderência e coesão nas partículas do solo. • As plantas precisam de água para permitir a difusão de minerais, solutos celulares e gases, nas células entre órgãos. Auxilia nas reações celulares como a fotólise da água, hidrólise de macromoléculas, germinação de sementes e manutenção da turgescência celular. • Tomando-se por base as medições da evapotranspiração potencial, pode-se calcular a evapotranspiração real e a necessidade de irrigação para uma cultura multiplicando o valor potencial por um coeficiente de cultura (Kc). O ideal seria calcular o coeficiente considerando o cultivo utilizado e o local de plantio, mas podem ser usados valores tabelados. O coeficiente da cultura (Kc) reflete o efeito das características específicas de cada cultura sobre a sua necessidade de água. RESUMO DO TÓPICO 1 15 1 Ter o conhecimento dos tamanhos das partículas do solo, ou seja, a textura do solo, é essencial para entendermos qual o melhor manejo a ser efetuado naquele solo. Essa propriedade do solo não é facilmente afetada, sendo, então, considerada uma propriedade permanente do solo. Sobre as classes de textura dos solos, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Solos arenosos. II- Solos argilosos. III- Solos médios. ( ) Equilíbrio entre os teores de areia, silte e argila. Em geral, têm boa drenagem e capacidade de retenção de água e nutrientes. ( ) Solos permeáveis e de baixo teor de matéria orgânica. Possuem baixa capacidade de retenção de água e nutrientes. ( ) Solos que possuem baixa permeabilidade e alta capacidade de retenção de água e nutrientes. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I - III - II. b) ( ) III - II - I. c) ( ) I - II - III. d) ( ) III - I - II. 2 O déficit hídrico reduz o potencial hídrico do solo e causa desidratação da célula, provocando mudanças morfológicas e fisiológicas. Entretanto, o excesso de água também é igualmente prejudicial. Provocando morte dos tecidos da raiz e redução na absorção de nutrientes e água pela falta de energia. Sobre a razão pela qual o excesso de água afeta o desenvolvimento da cultura, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Remoção do oxigênio do solo. b) ( ) Remoção do gás carbônico do solo. c) ( ) Excesso de oxigênio do solo. d) ( ) Excesso de gás carbônico do solo. 3 A água é um elemento fundamental para a produção agrícola. Porém, alguns fatores influenciam no consumo total e, consequentemente, na demanda hídrica das culturas. Alguns são tipo de cultura, estágio de desenvolvimento, clima, tipo de solo e cobertura do solo. Sobre o consumo de água pelas plantas, assinale a alternativa CORRETA: AUTOATIVIDADE 16 a) ( ) Resultante da evaporação. b) ( ) Resultante da transpiração. c) ( ) Resultante da evapotranspiração. d) ( ) Resultante da respiração. 4 A evapotranspiração da cultura (ETc) é a quantidade de água que passa para a atmosfera no estado de vapor uma determinada cultura, sendo determinada com base na evapotranspiração de referência e do coeficiente da cultura. O resultado será a necessidade hídrica da cultura. Considerando o contexto apresentado, disserte sobre o porquê da necessidade de conhecer a demanda hídrica de cada planta. 5 De acordo com Pimentel (2004, p. 13), “A importância da água nos sistemas biológicos é devida às propriedades físico-químicas únicas da sua molécula, como o alto valor de calor específico e de vaporização, o que estabiliza a temperatura de um sistema, como a biosfera, com a evaporação da água dos oceanos, permitindo a vida animal e vegetal”. Considerando o contexto, disserte sobre as funções da água nas plantas. FONTE: PIMENTEL, C. A relação da planta com a água. Seropédica: Edur, 2004. 17 ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO 1 INTRODUÇÃO A forma como o solo absorve a água impacta diretamente no seu manejo. No Tópico 1, vimos que os diferentes tipos de solo têm efeitos diferentes sob a absorção da água. Agora iremos aprofundar alguns conceitos sobre armazenamento de água no solo que serão importantes no entendimento do manejo de área irrigadas. Entender o que acontece com a água que chega ao solo nos ajudará a compreender a dinâmica da irrigação e como deve ser o seu manejo. A quantidade de água no solo, ou sua umidade, tem influência na facilidade comque as plantas absorverão a água. Portanto, nem toda água armazenada estará disponível para a planta. Esse fenômeno acontece porque quanto mais seco o solo, maior as forças de retenção e menos água disponível, dificultando a sua absorção. Assim, para auxílio no entendimento desses fenômenos, no Tópico 2, abordaremos a infiltração da água no solo, redistribuição de água e a capacidade de água disponível do solo. 2 ESTRUTURA E PROPRIEDADES ASSOCIADAS À ÁGUA A importância da água em tantos processos que acontecem no solo ocorre por causa da sua estrutura molecular. A água é composta por um átomo de oxigênio (O) e dois átomos de hidrogênio (H), sendo esses muito menores. Os elementos formam uma ligação por covalência, visto que cada átomo de hidrogênio compartilha seu elétron com o de oxigênio. Uma propriedade essencial da água é a sua polaridade. Os átomos de hidrogênio estão ligados ao oxigênio em um arranjo em forma de “V” formulando um ângulo de 105°. Por essa razão, a água é considerada uma molécula assimétrica, e seus elétrons orbitam mais tempo próximos ao oxigênio. Assim, as moléculas de água apresentam polaridade, visto que as cargas não estão posicionadas de forma uniforme. Essa característica, a da polaridade, é a explicação do porquê as moléculas de água são atraídas por íons eletrostáticos e superfícies coloidais. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 18 Alguns cátions de hidrogênio, sódio, potássio e cálcio, hidratam-se por meio da sua atração pelo lado, onde se situa o oxigênio das moléculas de água. No solo, essas propriedades da água fazem que as superfícies da argila (carregadas negativamente) atraiam a água por meio do lado positivo do hidrogênio da molécula. Outro fenômeno essencial são pontos de hidrogênio, conhecidos também como ligação de hidrogênio. Quando uma molécula de água tem seu átomo de hidrogênio atraído pelo oxigênio de outra molécula de água, ele forma uma ligação entre as duas moléculas. As pontes de hidrogênio permitem que existam duas forças responsáveis pela retenção e movimentação água pelo solo, conhecidas como coesão e adesão. A coesão é a atração das moléculas umas pelas outras, já a adesão é a atração por superfícies sólidas. Quando a molécula de água fi ca retida na superfície dos sólidos do solo, usa-se o termo adsorção. Essas forças (adesão e coesão) permitem que os sólidos do solo retenham água, e também permitem que haja plasticidade no solo. A tensão superfi cial também infl uencia signifi cativamente seu comportamento no solo. Nas interfaces lí quido-ar, a tensão superfi cial decorre do fato de as moléculas de água terem uma maior atração entre si (coesão) do que pelo ar (BRADY; WEIL, 2009). O resultado é que há uma força direcionada da superfície da água para o seu interior, e isso acarreta o seu comportamento como se a superfície fosse coberta com uma membrana elástica esticada. Essa tensão afeta o fenômeno da capilaridade. A tensão superfi cial é um fator importante para o fenômeno da capilaridade, que determina como a água é retida no solo. 3 INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO A forma como a água entra no solo é chamada de infi ltração. Inicialmente, o seu valor é elevado e vai diminuindo com o tempo, sendo o valor constante quando o solo se encontra saturado. A água chega ao solo trazida pela chuva, pelo degelo em regiões frias ou pela irrigação, para fi car disponível para as plantas, deve infi ltrar. Entretanto, lembre-se de que, mesmo que a água chegue ao solo, não é garantido que ela irá infi ltrar. Essa água pode escoar ou evaporar-se, caso não entre facilmente no solo. A infi ltração é afetada pelo tipo de solo, declividade do terreno, cobertura vegetativa e pelas características da precipitação. A velocidade de infi ltração, ou taxa de infi ltração, depende da textura e da estrutura dos solos. Os solos mais argilosos ou arenosos com partículas agregadas possuem poros maiores e, portanto, velocidades de infi ltração maiores. Quando o espaço poroso do solo está totalmente ocupado pela água, diz- se que o solo está saturado. ATENÇÃO 19 Reichardt e Timm (2004) reforçam que a infiltração determina o balanço de água na zona das raízes, e, assim, o seu conhecimento é essencial para um bom manejo do solo e da água. Ainda segundo os autores, algumas implicações práticas decorrem da infiltração. O comportamento do solo, quando seco durante uma chuva ou irrigação, será de permitir a infiltração da água. Porém, com a diminuição da taxa de infiltração ao longo do tempo, e em caso de intensificação das chuvas, parte da água escoa pela superfície do solo. No caso de áreas irrigadas, cabe ao produtor o correto manejo da irrigação para evitar esse escoamento e uma possível erosão do solo. A textura e a estrutura do solo são características que influenciam a movimentação da água, pois determinam a sua quantidade de macroporos. Vimos no Tópico 1 que, nos solos de textura arenosa, a água infiltra com mais facilidade, em razão da maior quantidade de macroporos. Diferente dos argilosos de textura fixa. Um ponto de atenção é que solos argilosos bem estruturados também podem apresentar taxas de infiltração altas, tanto quanto dos solos arenosos. A razão desse fato é a estabilidade dos agregados, pois quanto maior a resistência dos agregados, maior a taxa de infiltração. Conforme descrito por Santos e Pereira (2013), uma maior agregação e coesão das partículas faz que o solo se torne mais poroso e isso favorece a infiltração, e a matéria orgânica permite essa maior agregação. Outro fator importante que influencia na infiltração é a cobertura do solo. Imaginemos um gramado e uma rua asfaltada, a forma como a água escoa é diferente, correto? O escoamento de uma área sem tanta impermeabilização do solo, será maior. Além disso, a cobertura vegetal protege os agregados do impacto direto da água. Em regiões topográficas planas ou relativamente planas, há maior absorção das águas provenientes de precipitação, e, assim, um menor volume de escoamento superficial (SANTOS; PEREIRA, 2013). Uma ladeira lisa perde mais água por escoamento do que uma que é irregular por causa das variações microtopográficas causadas por torrões, leves depressões ou outros obstáculos na superfície. Destacam-se também, a umidade inicial do solo (quanto mais seco maior a infiltração), a carga hidráulica (quanto maior a espessura da lâmina de água maior a infiltração), a temperatura (quanto maior, maior a viscosidade da água e assim a velocidade de infiltração pode aumentar) (CARVALHO; SILVA, 2006). A compactação do solo pode reduzir a infiltração, já que reduz os macroporos do solo, e por outro lado, raízes decompostas, caminhos feitos por animais, geram caminhos por onde a água pode se movimentar. Com relação ao perfil típico de um solo durante a infiltração, podemos destacar algumas zonas, sendo elas: zona de saturação, zona de transição, zona de transmissão, zona de umedecimento e frente de umedecimento. A seguir, você verá o detalhe do que acorre em cada etapa de acordo com o que foi descrito por Carvalho e Silva (2006, p. 61, grifos nossos). Zona de saturação: corresponde a uma camada de cerca de 1,5 cm 20 e, como sugere o nome, é uma zona em que o solo está saturado, isto é, com um teor de umidade igual ao teor de umidade de saturação. Zona de transição: é uma zona com espessura em torno de 5 cm, cujo teor de umidade decresce rapidamente com a profundidade. Zona de transmissão: é a região do perfil através da qual a água é transmitida. Esta zona é caracterizada por uma pequena variação da umidade em relação ao espaço e ao tempo. Zona de umedecimento: é uma região caracterizada por uma grande redução no teor de umidade com o aumento da profundidade. Frente de umedecimento: compreende uma pequena região na qual existe um grande gradiente hidráulico, havendo uma variação bastante abrupta da umidade. A frente de umedecimento representa o limite visível da movimentação de água no solo. 4 REDISTRIBUIÇÃODA ÁGUA NO SOLO Já vimos a etapa de infiltração, agora iremos falar da redistribuição. Este processo ocorre após o primeiro; algum tempo após o término de uma chuva ou de uma irrigação, a infiltração – passagem de água através da superfície – é finalizada, e parte da água que ocupava os macroporos continua a movimentar-se até zonas mais profundas do perfil por um tempo variável. Inicia-se então a redistribuição. A água continuará a se movimentar no perfil do solo, deixando os poros maiores, onde o efeito da retenção capilar não é tão intenso, continuando a se redistribuir. A água tende a se movimentar de locais onde possui mais energia (macroporos) para outros pontos do perfil onde possui menor energia – microporos –, onde fica retida. Quanto maior a diferença de energia, mais intenso tende a ser o movimento. Lembre-se, a diferença na energia da água entre dois pontos do solo será determinada pela intensidade da atração gravitacional e pela interação entre os poros e a água (forças de adesão e coesão, que se expressam gerando os fenômenos da capilaridade). Durante a redistribuição, a energia da água em diferentes pontos do perfil do solo pode assumir valores muito próximos, com a atração gravitacional sendo equilibrada pela retenção da água nos poros capilares. Se a diferença na energia da água ao longo do perfil for pequena, o movimento se torna cada vez mais lento. Sobre a velocidade inicial dessa redistribuição irá depender da profundidade da camada molhada, da umidade da zona seca mais profunda e da condutividade hidráulica do solo. Conforme apresentado por Reichardt e Timm (2016, p. 154). Se a camada inicialmente molhada for pouco profunda e o solo da parte inferior estiver mais seco, os gradientes de potencial serão altos e a velocidade de redistribuição será́ também relativamente alta. Por outro lado, se a camada inicialmente molhada for profunda e se o solo abaixo estiver relativamente úmido, o gradiente de potencial matricial será́ baixo e o processo de redistribuição será́ mais lento e ocorre, principalmente, sob a influência da gravidade. 21 Ainda, aquela água que passou da zona radicular do solo vai alimentar e recarregar o lençol freático. No meio urbano, é comum que a água nem chegue até esse ponto, já que muitas áreas são impermeáveis, e, por esse motivo, ela escorre podendo causar até enxurradas. Outro efeito no meio urbano é que há uma menor quantidade infiltrando, sendo redistribuída e, consequentemente, chegando ao lençol freático, isso significa também que rios podem reduzir significativamente seu volume. 5 CAPACIDADE DE ÁGUA DISPONÍVEL A definição de capacidade de água disponível no solo é que é o conteúdo de água entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente. Entender esse conceito auxilia no planejamento do uso da terra. Assim, considerando a capacidade total de armazenamento de água no solo, a parte que as plantas conseguem absorver é chamada de CAD (capacidade de água disponível). A CAD de um solo é definida por dois limites de umidade, o superior, chamado de capacidade de campo (CC), e o inferior, chamado de ponto de murcha permanente (PMP). Na CC, é a umidade máxima disponível para absorção pelas plantas, uma vez que permanece retida e disponível. Isto ocorre, porque, neste momento, a força da gravidade exercida para baixo através do peso entra em equilíbrio com as forças de capilaridade dos poros, o que limita a percolação de água. No PMP, a planta não consegue retirar água dos poros, pois o armazenamento é tão pequeno que, mesmo gastando energia a alta tensão da água do solo, não permite essa retirada. E mesmo que volte a ser irrigada, não será recuperada. Relembrando que quando o solo está com todos os seus poros preenchidos com água, dizemos que ele está saturado. A CAD está ligada à proporção e distribuição de macroporos e microporos; dessa forma, cada tipo de solo irá apresentar valores diferentes. Isso ocorre em virtude das diferentes propriedades físicas de cada solo, tais como sua textura, os tipos de argila, a densidade global, estrutura e teor de matéria orgânica. Solos argilosos são mais estruturados e possuem uma maior quantidade de microporos em relação a macroporos, e por isso sua CAD vai ser maior que a de solos arenosos. Entretanto, as propriedades citadas anteriormente estão relacionadas entre si, por exemplo: se a densidade global de um solo for muito alta, mesmo sendo mais argiloso, pode apresentar uma CAD menor, o que mostra que todas as propriedades estão relacionadas. A estrutura do solo também afeta a CAD. Entende-se por estrutura o modo como as partículas estão arranjadas umas em relação às outras. As partículas menores ficam aderidas entre si por causa da ação de agentes cimentantes, formando, assim, 22 os agregados. Esta formação – os agregados – resulta em macroporos que melhoram a permeabilidade do solo à água, sendo esta uma importante condição para a aeração e a penetração das raízes. Podendo ser melhorada com a rotação de culturas, técnicas conservacionistas de cultivo e incorporação de matéria orgânica. 5.1 TENSIÔMETRO Acompanhar o nível de umidade no solo, especialmente na zona de atividade das raízes, é importante para verificar também a efetividade das irrigações. E é possível realizá-lo indiretamente, medindo a tensão em que a água se encontra retida no solo. As medidas podem ser tanto superficiais quanto em profundidade, e, com base nela, você consegue saber se o solo está seco e necessita de água, ou se já está úmido e você deve cessar a irrigação. No ano de 1922, o americano Willard Gardner, também considerado o pai da física moderna do solo, criou uma ferramenta chamada de tensiômetro (Figura 5). Esse aparelho é utilizado para medir a tensão com que a água está retida pelas partículas do solo, ou seja, seu potencial matricial. É como se ele pudesse imitar a raiz de uma planta. Em solos muito úmidos, a raiz não precisa fazer muita força para absorver água, e o tensiômetro também não precisará, o que quer dizer que a tensão daquele solo é baixa. E o contrário ocorre em solos secos, onde a tensão aumentará e o equipamento irá indicar em seu visor essa maior tensão. FIGURA 5 – TENSIÔMETRO FONTE: <https://shutr.bz/3KDoDxj>. Acesso em: 10 mar. 2022. Lembrando-se de que, no manejo da irrigação, é interessante que a planta não gaste energia para realizar a absorção e, dessa forma, evitar possíveis quedas na produtividade. Assim, deve-se procurar manter a umidade do solo sempre acima do ponto onde não há gasto de energia, isto é, na água disponível. https://shutr.bz/3KDoDxj 23 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A velocidade de infiltração, ou taxa de infiltração, depende da textura e da estrutura dos solos. Os solos mais argilosos ou arenosos com partículas agregadas possuem poros maiores e, portanto, velocidades de infiltração maiores. • Uma maior agregação e coesão das partículas faz que o solo se torne mais poroso, e isso favorece a infiltração. • A diferença na energia da água entre dois pontos do solo será determinada pela intensidade da atração gravitacional e pela interação entre os poros e a água (forças de adesão e coesão, que se expressam gerando os fenômenos da capilaridade). • A capacidade de campo (CC) é a umidade máxima disponível para absorção pelas plantas, uma vez que permanece retida e disponível. Isto ocorre, porque, neste momento, a força da gravidade exercida para baixo, por meio do peso, entra em equilíbrio com as forças de capilaridade dos poros, o que limita a percolação de água. No ponto de murcha permanente (PMP), a planta não consegue retirar água dos poros, pois o armazenamento é tão pequeno que mesmo gastando energia a alta tensão da água do solo não permite essa retirada. • A agregação resulta na formação de macroporos, que melhoram a permeabilidade do solo à água, a condição para a aeração e a penetração das raízes. 24 1 A água nas célulasé essencial para que as reações bioquímicas ocorram e para assim permitir que haja atividade metabólica celular. Assim, analisar os mecanismos que controlam a entrada e saída da água na célula, ou seja, sua movimentação, permite a compreensão do comportamento celular. Considerando a movimentação da água, sobre o fenômeno que afeta na pressão nos vasos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Respiração. b) ( ) Exsudação. c) ( ) Transpiração. d) ( ) Fotossíntese. 2 A água que chega ao solo em razão de chuvas, degelo ou mesmo pela irrigação, para ficar disponível para as plantas, deve infiltrar. Assim, a infiltração é um fenômeno muito importante para o manejo da área irrigada, e alguns fatores podem auxiliar ou impedir que a água percorra o solo. Acerca da infiltração da água no solo, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A velocidade de infiltração da água no solo depende da intensidade da chuva ou da irrigação aplicada. b) ( ) A velocidade de infiltração é afetada pelo tipo de solo da região. c) ( ) O comportamento dos solos secos e úmidos quanto à infiltração é semelhante quando irrigados. d) ( ) Os diferentes tipos de solo possuem as mesmas taxas de infiltração de água. 3 O manejo ideal envolve compreender os fatores ligados ao solo e suas características, como a maneira que ele se comporta ao absorver água. E é importante refletir sobre quando, o quanto e como irrigar. Considerando o contexto apresentado, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Uma boa prática de manejo é aplicar a quantidade máxima requerida pela planta duas vezes ao dia. b) ( ) O excesso de água no solo é indicado, pois garante que não haja déficit hídrico em nenhuma hipótese. c) ( ) É primordial respeitar a fisiologia e necessidades hídricas da planta. d) ( ) A irrigação deve ser realizada até haver um escoamento superficial significativo. AUTOATIVIDADE 25 4 Reichardt e Timm (2006, p. 143) mencionam que “Denomina-se infiltração o processo pelo qual a água entra no solo e perdura enquanto houver disponibilidade de água em sua superfície. Esse processo é de grande importância prática, pois sua taxa (ou velocidade), muitas vezes, determina o deflúvio superficial (runoff) ou enxurrada, responsável pelo fenômeno da erosão durante precipitações pluviais”. Considerando esse contexto, disserte sobre os fatores que afetam a infiltração do solo. FONTE: REICHARDT, K.; TIMM, L. C. Água e sustentabilidade no sistema solo-planta-atmosfera. Barueri: Manole, 2016. (Série Sustentabilidade). 5 A capacidade de água disponível no solo para as plantas é definida como o conteúdo de água entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente, e tem vasta aplicação prática no planejamento do uso da terra. Disserte sobre o que é capacidade de campo e ponto de murcha permanente. 26 27 TÓPICO 3 - RECURSOS HÍDRICOS NAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS 1 INTRODUÇÃO O uso da irrigação é comum no nosso dia a dia, e não apenas no meio rural. Usa- se nos gramados de campos de futebol e em condomínios residenciais (ANA, 2021). E claro, também na produção de alimentos. Em geral, a irrigação no meio rural vem acompanhada de outras tecnologias e práticas de manejo, e o conjunto dessas práticas tem impactos no ambiente de produção. A irrigação tem um peso na conservação do solo, mesmo assim, ainda é comum encontrar sistemas de irrigação sem um projeto adequado ou que não leva em consideração as necessidades da cultura. Não adotar esses sistemas bem dimensionados gera desperdício de água, impacto ambiental e não traz a produtividade esperada. Dessa forma, o manejo da irrigação e do solo possibilita a utilização de áreas destinadas ao plantio sem degradar os recursos. Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos a irrigação nas atividades agrícolas, quimigação, impactos ambientais e uso racional de água. 2 IRRIGAÇÃO NAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS Como já visto nos tópicos anteriores, a água tem um papel essencial na fisiologia das plantas. Assim, dentro na busca de maximizar a produtividade, manter a planta hidratada é chave para ter retorno financeiro da produção. Nesse contexto, a irrigação é um importante aliado do produtor rural. A irrigação tem um papel importante para transformar a terra e a sociedade, visto que viabiliza a produção confiável de alimentos. A principal razão é garantir a produção mesmo quando não há garantia de chuvas, expandindo o período de produção ao longo do ano. O objetivo da prática de irrigação é fornecer água às culturas de forma a atender às exigências hídricas durante todo seu ciclo. Espera-se que o resultado seja alta produtividade e produto de boa qualidade. UNIDADE 1 28 Embora o consumo de água pela agricultura seja alto, um manejo mais racional da pode levar à economia de grandes volumes. Estima-se que para produzir 1 kg de batata (plantio até chegar ao consumidor) gasta-se 133 L de água e de arroz, 2.500 L. Essas quantidades provam que o manejo racional é essencial. Embora a irrigação seja uma decisão individual do produtor, a água é um bem público e, para usá-la na propriedade em projetos de irrigação, é preciso pedir autorização. A outorga de direito de uso de recursos hídricos é o ato administrativo, e é por meio dela que um órgão competente concede ao produtor o direito de seu uso. Esse instrumento foi estabelecido como parte da Política Nacional de Recursos Hídricos pelo Art. 5º da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Já em seu Art. 1º fundamenta os seguintes pontos: I – a água é um bem de domínio público; II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV – a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. (BRASIL, 1997, p. 1). Antes que uma outorga seja emitida, é preciso que o órgão gestor conheça ou estime a disponibilidade hídrica da bacia hídrica. Quando a emissão de outorga tem como finalidade a irrigação informações como a disponibilidade Hídrica da bacia hidrográfica, a demanda hídrica do empreendimento é fundamental na análise do pedido. A análise na bacia leva em conta a disponibilidade hídrica que é o levamento do volume de água disponível e como ele está distribuído; e a demanda por águas, por exemplo, o número de usuários de água que existem, para que a usam e onde estão localizadas. E quem emite a outorga? Depende da localização e da natureza de cada bacia ou corpo d’água. Nos casos de águas subterrâneas, rios, lagos reservatórios e açudes são emitidas pelos Estados, considerando o local que tenha sua nascente e foz dentro daquele território. À União compete rios e lagos que fazem divisa entre Estados e outros países e as águas armazenadas em reservatórios ou açudes construídos ou administrados pelo poder federal, sendo a outorga emitida pela Agência Nacional de Águas (ANA). 29 A Agência Nacional de Águas (ANA) emite outorgas para rios, reservatórios, lagos e lagoas sob o domínio da União, que são aqueles corpos de água que passam por mais de um estado brasileiro ou por território estrangeiro. Assista ao vídeo do canal ANA, no YouTube, que explica mais da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos. Disponível em: https://bit.ly/3tNeo2r. DICA A cultura irrigada desempenha um papel cada vez mais importante para garantir segurança alimentar, viabilizando escala de produção de alimentos, qualidade e os padrões nutricionais que são mundialmente requeridos. Segundo Rodrigues, Domingues e Christofidis (2017, p. 26), a “[…] agricultura irrigada induz, direta ou indiretamente, maior aportede técnicas, tecnologias, inovações, informações, conhecimento com desenvolvimento de capacidades”. Segundo os autores, o uso de irrigação traz aumento de produtividade das culturas, impacto social positivo, retorno financeiro, e aumenta o respeito aos ecossistemas. Gava et al. (2015) realizaram um estudo para identificar o impacto da falta de água durante o ciclo da cultura da soja. Os autores chegaram à conclusão de que a soja teve redução na sua produtividade causado pela redução da altura total das plantas, o número de vagens por planta, além do número de grãos por planta e o peso de 100 grãos. 2.1 ESTRATÉGIAS DE MANEJO DA IRRIGAÇÃO Algumas estratégias de manejo para aumentar a eficiência do uso da água na irrigação podem ser adotadas. Podemos citar a irrigação sem déficit, como uma dessa estratégias. Segundo Camargo (2016, p. 16), “[…] o objetivo é aplicar uma quantidade de água capaz de suprir totalmente o déficit hídrico e de proporcionar a máxima produção por unidade de área, evitando perda de produtividade ou de qualidade do produto por deficiência de água”. Como já comentado, deve-se ter muito cuidado, pois o excesso de água afeta a aeração do solo, causa a lixiviação de nutrientes e aumenta a incidência de doenças. Já a irrigação com déficit tem busca o máximo de produtividade por volume de água aplicada (CAMARGO, 2016). Visto que, se o consumo real de água pela cultura for inferior à evapotranspiração da cultura, se reduz a percolação, os custos e a lixiviação. Embora haja a redução da produtividade, há o aumento da eficiência produtiva. 30 Camargo (2016) também cita a irrigação com déficit aplicado por etapa, na qual se busca aplicar uma quantidade de água que supre totalmente o déficit hídrico, mas somente nas etapas fenológicas mais sensíveis ao estresse hídrico e que tem efeito direto da produtividade das culturas. Geralmente é na etapa de florescimento das culturas, mas é importante conhecer a fisiologia de cada uma delas para identificar qual seria a etapa mais adequada. A estratégia de irrigação com déficit é adotada nas outras etapas fenológicas. O manejo de irrigação pode ser feito via solo ou via clima. Ou, ainda, um manejo integrado, no qual a irrigação é baseada nas condições do clima e do solo. De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR, 2019), manejar a irrigação via solo significa tomar a decisão de irrigar observando a umidade do solo. E via clima é realizado pela reposição da evapotranspiração diária da cultura ou ainda pela soma do consumo de dias anteriores a data da última irrigação. 3 QUIMIGAÇÃO A quimigação é a aplicação de produtos químicos nas culturas por meio da água da irrigação, técnica compatível com vários sistemas de irrigação, em qualquer fase de desenvolvimento das culturas, independentemente de sua altura ou do seu espaçamento. Em razão de a solução estar misturada à água de irrigação, a uniformidade de aplicação dos produtos químicos mistura-se com a da aplicação da água, e, assim, é necessário ter cautela na uniformidade de aplicação do produto (BRITO, 2022). Nesse contexto, os sistemas pressurizados vêm sendo utilizados mais e mais, já que auxiliam a manter o sistema uniforme. Tais sistemas podem auxiliar na aplicação de fertilizantes, herbicidas, inseticidas, fungicidas, bioinseticias, entre outros. Injeta-se na tubulação principal ou lateral, sendo o ponto de aplicação o aspersor ou o emissor utilizado. A irrigação, principalmente quando associada à fertirrigação, é provavelmente a prática agrícola que permite maior aumento de produtividade na agricultura, inclusive viabilizando a produção de frutas e de hortaliças em regiões com baixa disponibilidade hídrica e, até mesmo, em solos arenosos e de pouca fertilidade. (SOUSA et al., 2011, p. 24) Podem ser utilizados diferentes métodos e equipamentos, porém, a qualidade dos resultados depende do cálculo correto das taxas de injeção, quantidade de produto, volume do tanque, dose do produto a ser aplicada na área irrigada, concentração do produto na água de irrigação etc. 31 A correta manutenção e calibração do sistema também é algo a ser observado periodicamente para que, assim, seu funcionamento esteja de acordo com os parâmetros com os quais foi dimensionado. Por exemplo, se a vazão calculada é a que está efetivamente sendo aplicada e/ou se a taxa de injeção calcula está sendo a aplicada a campo. Para que essa calibração seja realizada de forma correta, ela deve ser feita no local onde será usado o produto, evitando usar apenas os dados do fabricante e revendedores. Alguns pontos que devem ser conhecidos para tal, são: capacidade do sistema de irrigação, capacidade do sistema injetor, tempo necessário para irrigar uma determinada hora, quanto de produto será aplicado, qual o tipo da solução, qual a lâmina de irrigação e, por fim, quantos hectares serão tratados. Outro ponto importante a ser observado é a preparação da solução desejada. Alguns produtos devem ser diluídos, portanto as características do produto devem ser bem conhecidas. Tais como sua solubilidade, princípio ativo, densidade e/ou concentração, limite de tolerância pelas culturas, entre outros. Lembrando que a quantidade a ser aplicada depende da dose recomendada pelo fabricante e a indicação do engenheiro agrônomo responsável pelo receituário agronômico. Há possibilidade de a aplicação ser parcelada. Assim como os demais insumos agrícolas, o tipo e a concentração da solução dependem das recomendações estabelecidas para a cultura. O conhecimento do tempo e da área a ser irrigada são informações importantes para o cálculo da quantidade de produto a ser injetado no sistema. As vantagens desse sistema incluem: • redução do custo de aplicação: por causa da redução da mão de obra e do custo operacional de máquinas; • uniformidade de aplicação dos produtos: em geral, a distribuição dos produtos químicos via água de irrigação é mais uniforme; • redução dos riscos de contaminação do operador: o operador não mantém contato com o produto distribuído; • redução da compactação do solo: pois o tráfego de máquinas na lavoura é eliminado; • redução dos danos físicos às culturas: sem o tráfego de máquinas, não há quebra de galhos, flores e a danificação de frutos; • aplicação na profundidade desejada: controlando a lâmina de irrigação, é possível incorporar produtos até a profundidade desejada. As desvantagens são: 32 • custo inicial de infraestrutura do sistema; • necessidade de mão de obra treinada para a operação do sistema; • necessidade de conhecimentos técnicos com relação aos produtos, cálculo de dosagens e épocas de aplicação, principalmente quando relacionados à fertirrigação; • eventualmente pode haver o molhamento sem necessidade. 4 IMPACTOS AMBIENTAIS O manejo adequado da irrigação não é independente do processo produtivo e assim também compromisso com a manutenção da produtividade do cultivo e também pelo uso eficiente da água, buscando minimizar impactos ambientais. As demandas hídricas das plantas são supridas tanto pela chuva quanto irrigação. No caso da irrigação, há garantia que haverá produção mesmo se não houver chuva, e é possível também estender os meses de produção. Entretanto, essa prática pode ser intensiva além de depender de energia e água, demandando, assim, cuidados. Desse modo, a adoção da agricultura irrigada requer que sejam observados alguns aspectos ambientais. Ignorar esses aspectos afeta negativamente a sustentabilidade do ambiente. No momento da elaboração do projeto de irrigação, deve-se quantificar esses impactos e considerar medidas que os reduzam. Com o projeto em operação, também deve-se continuar considerando esses aspectos ecológicos e realizando manutenções periódicas para manter a eficiência do sistema, evitando, dessa forma, o desperdício de água. O uso de água de irrigação com teores elevados de sais pode acarretar a deposição destes no solo, pois há evaporação
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