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GEO-Natasha Fernandes Muniz

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Departamento de Geografia e Meio Ambiente 
 
ANÁLISE HIDROLÓGICA NA INTERFACE URBANO-FLORESTAL 
EM ÁREA SOB A INFLUÊNCIA DO PROJETO DE ESTRUTURAÇÃO 
URBANA DAS VARGENS, RIO DE JANEIRO/RJ 
 
 
Aluna: Natasha Fernandes Muniz. 
Orientador: João Rua 
Co-orientadora: Rita C. M. Montezuma 
 
Introdução 
 O maciço da Pedra Branca vive atualmente um acelerado processo de 
desenvolvimento das atividades urbanas em seu entorno e da subsequente expansão da 
degradação do ecossistema florestal. O novo Projeto de Estruturação Urbana das Vargens 
(PEU das Vargens, 2009) abrange os bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena, 
Camorim, parte do Recreio e de Jacarepaguá e constitui mais um vetor de alteração 
significativa das condições ambientais no Município do Rio de Janeiro. 
 A degradação da qualidade ambiental urbana em decorrência de condutas e 
atividades lesivas ao meio ambiente natural remanescente e cultural (construído) torna-se 
cada vez mais presente e visível no cotidiano das cidades brasileiras, expostas a impactos e 
agressões advindos principalmente da intensa concentração populacional e do contínuo 
processo de urbanização. São novos loteamentos e construções, intervenções urbanísticas 
diversas, serviços de infraestrutura, atividades industriais e comerciais, exploração de 
recursos naturais, enfim, várias atividades e acontecimentos importantes na dinâmica da 
cidade, mas que sem a devida avaliação e controle de suas implicações ambientais acabam 
causando alterações adversas nas características do ambiente [1]. 
 Com isso, a área das Vargens, adjacentes ao maciço da Pedra Branca, torna-se de 
nosso interesse, por ser uma grande área de expansão urbana, ou seja, onde o crescimento dos 
núcleos de ocupação estão em um processo acelerado de investimentos e especulações 
imobiliárias, em contrapartida a isso guardam no seu espaço parte de um conflito 
rural-urbano, cujas resultantes necessitam ser monitoradas. 
 Levando-se em conta o conceito de paisagem e a interação homem-ambiente, 
utilizamos o conceito de Augustin Berque [2] partindo da premissa que a beleza cênica 
remanescente na Baixada de Jacarepaguá, associada a sua vasta planície, são elementos que 
atuam na composição da matriz que influencia na percepção dos principais indutores das 
transformações da paisagem local. Desta forma, no que diz respeito ao conceito de paisagem 
de Berque, “a paisagem é uma marca, pois expressa uma civilização, mas é também uma 
matriz porque participa dos esquemas de percepção, de concepção e de ação – ou seja, da 
cultura” (p.85). Buscamos avaliar as marcas deixadas pelas ocupações atuais e em curso, 
comparando-as quanto à sua forma, função e processos desencadeados. 
 Os processos de urbanização e industrialização tem tido um papel fundamental nos 
danos ambientais ocorridos nas cidades. O rápido crescimento causa uma pressão 
significativa sobre o meio físico urbano, tendo as consequências mais variadas, tais como: 
poluição atmosférica, do solo e das águas, deslizamentos, enchentes etc. [3] 
 A Geomorfologia Urbana procura compreender em que medida essas 
transformações, em sua maioria feita pelo homem, no meio ambiente, podem ser 
responsáveis pela aceleração de certos processos geomorfológicos. A propósito disso, os 
autores [3], dão um exemplo das bacias hidrográficas que são ocupadas por cidades. À 
medida que as árvores são cortadas, ruas asfaltadas, casas e prédios são construídos, encostas 
são impermeabilizadas, rios são canalizados e retificados, ocorre toda série de respostas 
geomorfológicas, bem típicas das cidades grandes: movimentos de massa e enchentes, que 
acontecem com frequência, muitas vezes não sendo necessários totais pluviométricos 
elevados para que esses processos ocorram. 
 Como podemos perceber a Geomorfologia Urbana busca a relação entre os fatores 
físicos (chuvas, solos, encostas, rede de drenagem, cobertura vegetal etc.) e as 
transformações provocados pela ocupação humana, no qual contribuem para a detonação e 
aceleração dos processos geomorfológicos, muitas vezes assumindo um caráter catastrófico. 
 Com isso podemos perceber que as bacias hidrográficas são de grande importância na 
recuperação de áreas degradadas. Para isso, precisamos conhecer a sua formação, 
constituição e dinâmica. Para Guerra [4], os rios possuem um papel importante no modelado 
do relevo terrestre, atuando como importantes agentes geomorfológicos, transportando 
sedimentos, que na maioria das vezes são oriundos das encostas pertencentes às bacias onde 
esses rios estão situados. 
 O homem usa os rios de diversas formas: como fonte de água potável e industrial; 
como meio de transporte; como elemento para produzir energia; como área onde possam ser 
despejados efluentes domésticos e industriais etc. Para tal, são criadas barragens, rios são 
retificados e canalizados, a água é retirada para irrigação, essa mesma água recebe os 
despejos industriais, portos são construídos para possibilitar a navegação, enfim, existe uma 
infinidade de obras que o homem faz nos canais fluviais para facilitar a sua utilização [4]. 
 A maioria das intervenções que o homem faz nos rios produz uma série de impactos, 
que se constituem em riscos para o ambiente e para o próprio homem, necessitando diferentes 
formas de intervenção para corrigir o que foi feito de maneira inadequada, anteriormente, 
produzindo, por exemplo: poluição das águas, onde o esgoto é despejado in natura, 
assoreamento, onde são construídas barragens; erosão acelerada, onde os rios são retificados 
etc. [4]. 
Objetivo 
 O presente trabalho tem como objetivo analisar a transformação da paisagem a partir 
das respostas ambientais face às mudanças socioeconômicas correntes. Analisar o uso e 
cobertura do solo tendo como recorte espacial o setor H do PEU das Vargens, vertente sul do 
Maciço da Pedra Branca, zona Oeste do Rio de Janeiro e analisar os processos hidrológicos 
considerando-os indicadores das mudanças em área florestal e urbana. 
 
 
 
 
 
 
 
Área de estudo 
 
A área de estudo é a vertente sul do maciço da Pedra Branca, respectivamente, os bairros de 
Vargem Grande e parte de Vargem Pequena e Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio 
de Janeiro/RJ e o recorte temporal começa no ano de 2009, ano de implementação da lei do 
PEU das Vargens, até 2013, ano de conclusão do projeto PIBIC. 
 
Figura 1: Mapa da área de estudo. 
 
Revisão Bibliográfica 
Ciclo Hidrológico 
 A entrada de água no sistema da bacia de drenagem ocorre através das precipitações. 
Na hidrologia a precipitação é entendida como toda água proveniente do meio atmosférico 
que atinge a superfície terrestre, seja ela através de chuva, neblina, granizo, geada, neve, 
entre outras formas. No caso das chuvas, as mesmas ocorrem a partir do momento em que o 
vapor d’água atmosférico atinge o ponto de saturação, ocorrendo o agrupamento de 
moléculas e a formação de gotas. Para que essas gotas precipitem é necessário que tenham 
um volume tal que seu peso seja superior às forças que as mantêm em suspensão, adquirindo 
assim uma velocidade de queda superior às componentes verticais ascendentes dos 
movimentos atmosféricos [5]. 
 No Brasil essas chuvas estão associadas aos avanços das massas de ar polares em 
direção às massas quentes e úmidas continentais. Precipitações locais estão relacionadas com 
mecanismos convectivos ou orográficos. As precipitações convectivas geralmente ocorrem 
em regiões equatoriais, onde os ventos são fracos e os movimentos de ar são essencialmente 
verticais, sendo, geralmente, de alta intensidade [5]. 
 A precipitação que chega às bacias de drenagem segue por diversos caminhos, sendo 
importante para essa definição de trajetória uma gama de fatores. Parte da precipitação é 
interceptada pela vegetação e serrapilheira sendo evaporada de volta para a atmosfera, 
processo esse chamado de intercepção. Outra parte infiltra no solo,sendo que dessa parcela 
uma parte é transpirada pela vegetação após a sua absorção pelas raízes, parte é armazenada 
no perfil do solo, outra parte percola o solo até recarregar os aqüíferos. Certa quantidade de 
água também não chega a infiltrar no solo e escoa superficialmente em direção aos fundos de 
vales. A água que muitas vezes está presente nos canais provém daquela que escoou 
superficialmente, a que veio subsuperficialmente e também daquela que caiu diretamente 
sobre os rios. Parte dessa água presente nos corpos d’água como os rios e lagos, pode ser 
evaporada diretamente dos mesmos, fechando o ciclo hidrológico. 
Hidrologia de bacias de drenagem 
 Encostas, topos ou cristas e fundos de vales, canais, corpos de água subterrânea, 
sistema de drenagem urbanos e áreas irrigadas, entre outras unidades espaciais, estão 
interligados como componentes de bacias de drenagem. A bacia de drenagem é uma área da 
superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída 
comum, num determinado ponto de um canal fluvial. O limite de uma bacia é conhecido 
como divisor de drenagem ou divisor de águas [6]. 
 Os caminhos tomados pela água determinam muitas das características da paisagem, 
a geração de fluxos de chuva nos canais, que tipos de uso de solo são mais apropriados e 
também as estratégias a serem tomadas para o manejo das áreas. A importância relativa de 
cada tipo de fluxo varia numa determinada região em função da geologia, clima, topografia, 
características do solo, vegetação e uso do solo. Da mesma forma, a importância do tipo de 
fluxo dominante também varia de acordo com as características das chuvas, sejam elas de 
maior ou menor intensidade [7]. 
 O fluxo subterrâneo provém da água subterrânea residente nos solos e nas rochas que 
pode ter ficado estocada por meses ou até milhares de anos, dependendo das características 
do aqüífero. Ele possui uma velocidade muito inferior ao fluxo superficial Hortoniano, isso 
porque percorre maiores distâncias no interior do solo, sendo retardado também pela 
dificuldade da água fluir por entre os grãos que compõem o solo. Na análise de uma 
hidrógrafa (curva de vazão x tempo de um canal) também é possível observar o fluxo que é 
gerado logo após o início do evento de chuva e que, ao atingir os canais de drenagem, 
aumentam sua descarga e vazão: é o fluxo de chuva. 
 Horton [6] integrou o modelo de hidrologia superficial com o modelo de erosão pela 
ação desses fluxos, enfatizando o processo de formação de canais, rede de canais e vales ou 
bacias de drenagem em seus múltiplos níveis hierárquicos. Para o entendimento do fluxo 
superficial Hortoniano considera-se que o solo possui uma taxa máxima de absorção de água 
da chuva, a qual chamou de “capacidade de infiltração”, sendo que essa taxa diminui logo 
após o início do evento chuvoso e tende a se estabilizar após algum tempo. Essa diminuição 
da capacidade de infiltração é explicada pela saturação gradual do perfil do solo como 
também pela selagem da superfície do solo gerada pelo efeito erosivo do impacto das gotas 
da chuva, denominado de erosão por “splash” ou salpicamento [4] Se em algum momento do 
evento chuvoso a intensidade da chuva for superior à capacidade de infiltração, o excedente 
de chuva passa a escoar superficialmente, dando origem ao chamado escoamento superficial 
Hortoniano, mas se a intensidade de chuva for igual ou inferior à capacidade de infiltração do 
solo não haverá escoamento e toda água infiltrará no solo. Esse fluxo é formado pela 
concentração de água em micro-depressões na superfície do terreno, possui alta velocidade e 
algumas vezes tem a capacidade de erodir os solos, sendo que essa erosão pode evoluir 
verticalmente e, depois, lateralmente, dando origem a um canal erosivo e, em seguida, 
alargando suas paredes laterais [6]. 
 Quando um evento de chuva é iniciado, parte da água infiltra e percola o solo até 
atingir a zona saturada. Esse processo de recarga da zona saturada normalmente ocorre 
primeiro na base das encostas, uma vez que o nível freático nessa porção da encosta se 
encontra menos profundo do que na média e alta encosta. Com a subida do nível freático na 
base da encosta ocorre um aumento do gradiente hidráulico em direção ao canal, o que faz 
com que a velocidade dos fluxos subterrâneos aumente, de acordo com a Lei de Darcy. Esse 
fluxo extra de água subterrânea para os canais durante os eventos de chuva é chamado de 
fluxo subsuperficial raso de chuva. Em alguns casos, pode haver um horizonte com menor 
permeabilidade no perfil do solo, como uma camada de argila orgânica ou uma 
descontinuidade hidráulica em função do término da zona de raízes, o que acaba dificultando 
a percolação da água. Dessa forma, a água acumula sobre esse horizonte numa posição acima 
do nível freático e passa a fluir subsuperficialmente em direção à baixa encosta, somando-se 
ao fluxo subsuperficial de chuva. A esse fluxo que escoa subsuperficialmente sobre uma 
camada de menor permeabilidade dá-se o nome de fluxo subsuperficial raso de chuva. 
 O fluxo superficial de saturação possui dois componentes: o fluxo de retorno e 
também a precipitação direta sobre porção saturada. Esse tipo de fluxo ocorre nos fundos de 
vale após o nível freático atingir a superfície do solo, o que faz com que parte da água 
subterrânea aflore em superfície (fluxo de retorno) e se some à precipitação que incide 
diretamente sobre essa porção da encosta que já se encontra saturada (precipitação direta 
sobre porção saturada), gerando assim outro tipo de fluxo superficial de mecanismo diferente 
do escoamento superficial Hortoniano. O fluxo superficial de saturação possui velocidade até 
cem vezes maior que os fluxos subsuperficiais de chuva e pode abastecer os canais gerando 
fluxos de chuva. Esses fluxos podem inclusive mudar os perfis das hidrógrafas com o 
aumento das vazões de pico e a redução do tempo de atraso entre o pico de precipitação e o 
pico de vazão. 
Interceptação vegeta l 
 A interceptação é um processo de retenção superficial feito pela vegetação, de parte 
da chuva precipitada, evitando que ela atinja diretamente o solo, diminuindo o impacto direto 
com o solo e a erosão provocada pelo salpico. A interceptação vegetal depende de vários 
fatores tais como as características da precipitação (intensidade, volume precipitado e chuva 
antecedente), as condições climáticas, o tipo de densidade da vegetação e o período do ano. 
De maneira geral, quanto mais densa for a cobertura vegetal, maior será sua importância no 
processo de interceptação da chuva, o que reduz significativamente a ocorrência de 
problemas ligados à erosão e a formação de enxurradas [8]. 
 Tendo em vista, o plantio de bananas presente na vertente sul do maciço da Pedra 
Branca podemos observar como se dará essa interceptação e a importância dessa plantio 
tanto para encosta quanto para a população local. A substituição parcial da floresta e do 
bananal por formas urbanas mudará a dinâmica hidrológica da área e com isso acreditamos 
que haverá um aumento significativo de inundações devido às altas taxas de 
impermeabilidade. 
 
 
Projeto de Estruturação Urbana das Vargens 
 O Projeto de Estruturação Urbana das Vargens (PEU das Vargens) [9] criado em 
2009 com lei Complementar (104/09) modifica as regras urbanísticas dos bairros da Vargem 
Grande, Vargem Pequena, Camorim, parte do Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá e da 
Barra da Tijuca. O PEU das Vargem tem uma área maior que 77.000km
2
 aproximadamente 5 
vezes os territórios de Copacabana, Ipanema e Leblon. O PEU está dividido em 11 setores de 
A a L e subdividido em zonas de uso residencial e serviços (ZRU e ZRM) e uso residencial, 
comércio e indústria (ZUM1 a ZUM3). E como podemos observar na lei a aplicação da 
outorga onerosa do direito de construir em 10 dos 11 Setores (excetua-se apenas o Setor H): 
Aumento de gabaritosde altura, número de pavimentos, Índice de Aproveitamento do 
Terreno (IAT) e Taxa de Ocupação e Redução de Taxa de Permeabilidade. 
 O setor H (figura 1) está localizado numa área de interface com o Parque Estadual da 
Pedra Branca, estabelecida entre as cotas de 25 m e 100 m, para a qual está proposta 
ocupação a partir de lotes unifamiliares de 5000 m
2
, com gabarito de 2 pisos com o IAT de 
0,4, taxa de ocupação de 20% e taxa de permeabilidade de 60%. 
 
 
Figura 2: Mapa da área do PEU das vargens com destaque do setor H. 
Procedimentos metodológicos 
 No começo, fizemos alguns levantamentos bibliográficos a partir de conceitos como 
paisagem, sobre as interações homem-natureza. Posteriormente, após quatro visitas de 
campo, foi decidido que a área selecionada teria como limite norte o divisor de drenagem e o 
limite sul a cota 25 m (figura 2), limite inicial do setor H do referido PEU. Entretanto, tendo 
em vista a extensão da área, optou-se por estabelecer como recorte espacial do estudo um 
limite menor que o considerado pelo Instituto Pereira Passos (Microbacia da Zona dos 
Canais), utilizou-se o limite da bacia do rio Morto, o limite oeste do PEU das Vargens e área 
de maior heterogeneidade topológica, o que permite testar as principais possibilidades de uso 
e cobertura dentro dos objetivos propostos. Posteriormente, o desenvolvimento da chave de 
classificação de uso e cobertura de superfície e, a partir da delimitação da área, foi dado 
início à classificação dos usos e coberturas de superfície. Para tanto, vem sendo estudado um 
conjunto de conceitos que dará base para a elaboração de uma chave de classificação dividida 
em níveis hierárquicos decrescentes, onde a primeira categoria foi designada como 
Vegetação. A partir dessa decisão foi iniciada a identificação das classes de cobertura 
vegetada presente no recorte espacial estabelecido. 
Com base na bibliografia vem sendo realizada a leitura e fundamentação 
terminológica das categorias de classificação e análise de superfície florestal/vegetada, tendo 
como principais referências o Manual técnico da Terra/IBGE [10] e o Manual técnico da 
Vegetação do IBGE [11], além do suporte metodológico de diversos autores, tendo como 
referência principal Richard T. Formam
 
[12] e Marina Alberti
 
[13] e vários artigos e 
dissertações sobre o assunto, dando-se preferência para a literatura usada ou elaborada pelos 
órgãos oficiais, tais como EMBRAPA, IBGE, IPP, MMA dentre outros. 
 Em paralelo à definição da chave de classificação, foi realizada a subdivisão da área 
de estudo em unidades de paisagem, usando como parâmetros para a delimitação os 
mapeamentos geológicos, geomorfológicos e de cobertura de Roncarati e Neves [14] e as 
características do tecido urbano. Neste procedimento utilizamos uma imagem GEOEYE de 
alta resolução (0,50m) DE 2011. A primeira unidade de paisagem (UP1) tem como limite 
norte o divisor de drenagem e o limite sul a cota 25 m (setor H). A UP2 tem em seu limite a 
área da zona de deposição. A UP3 tem como limite as planícies paludiais, ou seja, uma área 
pertencente a uma zona de transição entre uma área de urbanização mais horizontal (UP2) e a 
outra uma área de urbanização mais verticalizada (UP4). E por fim, a UP4 que corresponde à 
parte costeira dessa microbacia. 
 Após o mapeamento, instalamos pluviômetros cilíndricos e calhas para monitorar o 
comportamento da chuva através do fluxo de atravessamento e da interceptação da 
precipitação pelas copas das árvores. Tendo em vista que nas áreas do plantio de bananas a 
cobertura é homogênea, será feita uma comparação entre o método de análise do fluxo de 
atravessamento com calhas e com pluviômetros. Serão 18 pluviômetros cilíndricos e 6 em 
calhas dispostos na seguinte maneira: 9 pluviômetros e 3 calhas na área florestal e 9 
pluviômetros e 3 calhas do bananal. 
 
Figura 3: Mapa da Unidade da Paisagem e dos pontos amostrais para monitoramento da 
chuva. 
Resultados preliminares 
 
 As unidades de paisagem (UP1, UP2, UP3 e UP4) foram analisadas para 
compreendermos os processos geográficos em cada área, ou seja, suas características 
geológicas, geomorfológicas, hidrológicas, as mais alagáveis ou susceptíveis a alagamentos, 
as tipologias das áreas mais urbanizadas (horizontal e/ou vertical). Conforme pode ser 
observado na figura 3, a primeira unidade de paisagem (UP1) tem como limite norte o divisor 
de drenagem e o limite sul a cota 25 m (setor H). A UP2 tem em seu limite a área da zona de 
deposição. A UP3 tem como limite as planícies paludiais, ou seja, uma área pertencente a 
uma zona de transição entre uma área de urbanização mais horizontal (UP2) e a outra uma 
área de urbanização mais verticalizada (UP4). E por fim, a UP4 que corresponde à parte 
costeira dessa microbacia. 
Por fim, temos o monitoramento hidrológico da interface florestal que foi monitorado 
de dezembro de 2012 a maio de 2013 por 18 pluviômetros cilíndricos divididos em um 
bananal ativo e uma floresta (ver figura 4 e 5). Além da análise dos dados interceptados pelas 
vegetações, utilizamos também, duas estações pluviométricas da GeoRio (sistema Alerta 
Rio) localizadas na Grota Funda e no Rio Centro afim de comparar a pluviosidade mensal 
sem interceptação vegetal, já que ambas as estações estão em áreas abertas. 
 
 
Figura 4. Dados interceptados por duas vegetações em áreas de bananal e floresta. 
 
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
Dezembro
(2012)
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio
m
m
 
Interceptação no Bananal
Interceptação na Floresta
 
Figura 5. Estações Pluviométricas da Grota Funda e do Rio Centro (Fonte: AlertaRio) 
 
 
Como podem ser percebido, nas figuras 4 e 5, as estações Grota Funda e Rio Centro 
apresentam uma pluviosidade média de 158 mm no período analisado, não aparentando ter 
diferenças significativas entre elas. Como o período de monitoramento ainda é curto, ao fim 
de 2013, com a série completada, será feita análise estatística comparativa a fim de avaliar a 
existência de diferenças significativas entre as estações. 
Quanto às tipologias de uso, até o presente, os dados indicam que a capacidade de 
estocagem da floresta é mais elevada do que na área do bananal, possivelmente em face da 
arquitetura da copa, que neste último favorece a concentração e convergência dos fluxos que 
incidem sobre ela, confirmando o que vem sendo apontado na literatura. 
Como passos futuros, além da finalização do monitoramento, serão feitas avaliações 
dos aspectos morfofuncionais das duas tipologias de uso. Serão realizadas as análises 
fitossociológicas de ambas, além da quantificação da serrapilheira estocada e sua capacidade 
potencial de retenção de água, a título de obtermos uma maior compreensão da estocagem 
total que cada uso desempenha nesse segmento da bacia hidrográfica. 
Referências Bibliográficas 
1. ARAÚJO, L. A. de: Danos Ambientais na idade do Rio de Janeiro. In: Impactos 
Ambientais Urbanos no Brasil. Orgs.: GUERRA e CUNHA, Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil,2001, pp. 347-403 
2. BERQUE, A. Paisagem-Marca, Paisagem-Matriz: Elementos da Problemática para 
uma Geografia Cultural. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny 
(Orgs.). Paisagem, Tempo e Cultura. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1998. p. 84-91. 
3. GUERRA, A. J. T.; MARÇAL, M. S.. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 2009. 2º edição. 
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
260
280
300
320
340
360
Dezembro
(2012)
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio
m
m
 
Estação Rio Centro
Estação Grota Funda
4. GUERRA, A.J.T. "Processos erosivos nas encostas”, in Geomorfologia; uma 
atualização de bases e conceitos, (Guerra, A.J. T; Cunha, S.B, orgs.) Rio de Janeiro, 
2009, 9º edição. 
5. TUCCI, C.E.M., BERTONI, J.C. (2000): “Hidrologia: ciência e aplicação”, 
Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 2 ed. Porto Alegre, 943p 
6. COELHO NETTO, A.L. “Hidrologiade encosta na interface com a geomorfologia”, 
in Geomorfologia; uma atualização de bases e conceitos, (Guerra, A.J. T; Cunha, S.B, 
orgs.) Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, pp.93-148. 2009, 9º edição. 
7. SATO, A.M. (2008): Respostas geo-hidroecológicas à substituição de pastagens por 
plantações de eucalipto no médio vale do rio Paraíba do Sul: a interface 
biota-solo-água. 
8. TORRES, F. T. P., MACHADO, P. J. de O. Introdução à hidrogeografia. São Paulo: 
Cengage Learning, 2012. 
9. Projeto de Estruturação Urbana das Vargens. Lei Complementar n.º 104 de 27 de 
novembro 2009.Disponível no site: 
http://www.nima.puc-rio.br/grupos-pesquisa/nimajur/arquivos/peu/PEU%20VARGENS%2
0compara%C3%A7%C3%A3o%20LC%2079%20c%20LC%20104.pdf 
10. IBGE. Manual Técnico de Uso da Terra, Manuais Técnicos em Geociências. 2. ed., n. 
7, IBGE, Rio de Janeiro. 2007. 
11. IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 1992. 92p. 
12. FORMAN, R. Urban Regions – ecology and planning beyond the city. Cambridge 
University press. Cambridge, UK. 2008. 408p. 
13. ALBERTI, M. Advances in Urban Ecology – integrating Humans and ecological 
processes in urban ecosystems. Spring, Washington, USA, 2009. 366p. 
14. RONCARATI, H. e NEVES, L.E. (1976). Projeto Jacarepaguá. Estudo geológico 
preliminar dos sedimentos recentes superficiais da Baixada de Jacarepaguá, RJ. 
Petrobrás, CENPES. 
http://www.nima.puc-rio.br/grupos-pesquisa/nimajur/arquivos/peu/PEU%20VARGENS%20compara%C3%A7%C3%A3o%20LC%2079%20c%20LC%20104.pdf
http://www.nima.puc-rio.br/grupos-pesquisa/nimajur/arquivos/peu/PEU%20VARGENS%20compara%C3%A7%C3%A3o%20LC%2079%20c%20LC%20104.pdf

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