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Prévia do material em texto

LIBRAS
MÁRCIA VALÉRIA DE SOUZA DUARTE 
NATACHA PERAZZOLO
SUMÁRIO
Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU-
PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for-
ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os 
direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É 
proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita.
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS 
REITOR
Claudino José Meneguzzi Júnior
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Altair Ruzzarin
DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)
Rafael Giovanella
Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD)
Coordenadora e Designer Instrucional 
Sabrina Maciel
Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem
Igor Zattera, Jaqueline Boeira, Júlia Oliveira, Leonardo Ribeiro 
Revisora
Luana dos Reis
LEGISLAÇÃO 4
ACESSIBILIDADE 5
LIBRAS 5
INCLUSÃO E OS DIREITOS DA PESSOA SURDA 5
SÍNTESE 6
ALFABETO MANUAL DATILOLOGIA 8
SÍNTESE 20
EDUCAÇÃO DO SURDO NO BRASIL E NO MUNDO 22
SÍNTESE 28
CULTURA E COMUNIDADES SURDAS 30
SÍNTESE 32
LINGUÍSTICA DA LIBRAS 34
ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE 35
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 37
FONOLOGIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 37
MORFOLOGIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 38
SINTESE 43
TRANSCRIÇÃO PARA A LIBRAS 45
PRODUÇÃO TEXTUAL DO SURDO E INTERFERÊNCIAS DO PROFESSOR NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA 53
SÍNTESE 55
PAPEL DO INTÉRPRETE NO USO DE LIBRAS E SUA FORMAÇÃO 57
NASCIMENTO DA LIBRAS 58
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 59
TILS- TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS 59
SÍNTESE 62
3LIBRAS
APRESENTAÇÃO
Este material foi elaborado por uma professora surda, líder ativa da comunidade de surdos e por uma 
Tils-Tradutora Interprete de Libras/Português, que atua na área e convive com surdos a mais de quinze 
anos. 
O intuito dessa produção é apresentar para nossos alunos de forma breve, as principais lutas dos sur-
dos para garantirem seus direitos como cidadãos ao longo da história, a oficialização da Libras como se-
gunda língua oficial do país, o trabalho realizado pelos intérpretes de língua de sinais e sua importância em 
sala de aula, como pode ser a comunicação entre ouvintes e surdos. 
Traremos estudos com conceitos dos surdos na visão educacional e clínica, informações sobre a Iden-
tidade Surda, cultura e a comunidade surda, legislação: acessibilidade, reconhecimento à libras, inclusão 
e dos direitos da pessoa surda, educação do surdo no Brasil e no mundo, Linguística de Libras, transcrição 
à Libras, produção textual do surdo e interferência do professor no ensino da Língua Portuguesa, papel do 
intérprete de Libras e sua formação e vocabulário básico. 
Ao final dessa disciplina, o aluno terá sido exposto aos sinais para uma comunicação básica, para que 
o medo desse universo complexo e desconhecido possa ser amenizado, e as pessoas trazidas mais para per-
to umas das outras, diminuindo as dificuldades na comunicação de surdos e ouvintes. 
Seja bem-vindo querido aluno, a esse universo bilingue 
fascinante!
4
LEGISLAÇÃO 
“A língua de sinais é para os olhos, o que as palavras são para os ouvidos”.
5LIBRAS
 SUMÁRIO
ACESSIBILIDADE
Acessibilidade se refere à possibilidade e condição de alcance para utilização, com segu-
rança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, 
informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros servi-
ços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona 
urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. 
A Lei nº 10.098 foi criada para estabelecer normas e critérios básicos para a promoção da 
acessibilidade para deficientes e pessoas com mobilidade reduzida. 
LIBRAS
Libras é a sigla de Língua Brasileira de Sinais, é uma língua natural dos surdos brasilei-
ros, reconhecida no Brasil pela Lei 10.436, de 24 de abril de 2002 e pelo Decreto nº 5626/2005. 
 A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da Lín-
gua portuguesa. Algumas pessoas pensam que a comunicação dos surdos se dá por meio de 
mímica ou gestos, o que é na verdade um grande equívoco, pois a Língua de Sinais possui uma 
estrutura gramatical linguística de modalidade espaço-visual, completa assim como as outras 
línguas. A língua de sinais é a língua natural dos deficientes auditivos e cada país apresenta a 
sua, bem como, alguns sinais diferem de região para região. 
A LIBRAS teve por base a Língua de Sinais Francesa.
A Libras é diferente da Língua Portuguesa e a tradução não deve ser literal. O que dife-
rencia as línguas de sinais das demais línguas orais é sua modalidade visual-espacial, pois se 
organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas. Para conversar em Libras, não 
basta apenas conhecer os sinais de forma isolada, é necessário conhecer a sua estrutura gra-
matical combinando as frases. Seu vocabulário se enriquece através de novos sinais introduzi-
dos pela comunidade surda em resposta às mudanças culturais e aos modos de uso, que sofrem 
mudanças com o passar dos tempos. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura, po-
lítica, esportes, trabalho, etc. 
A Língua de Sinais propicia ao surdo a ampliação de sua rede de comunicação e garante a 
inclusão social do surdo.
INCLUSÃO E OS DIREITOS DA PESSOA SURDA 
Inclusão social é o conjunto de meios e ações que combatem a exclusão e facilitam aos 
deficientes o acesso aos benefícios da vida em sociedade. Minimizando o afastamento provo-
cado pelas diferenças de classe social, educação, idade, deficiência, gênero, preconceito social 
ou racial. A inclusão social visa proporcionar oportunidades iguais de acesso a bens e servi-
ços a todos. Nessa mesma linha de pensamento, a Inclusão Escolar garante para a pessoa com 
deficiência o direito de acesso, de modo igualitário, ao sistema de ensino. O principal foco da 
inclusão escolar são as crianças e jovens com deficiência. A Lei nº 13.146, (popularmente co-
6LIBRAS
 SUMÁRIO
nhecida como Lei da Inclusão) aprovada em 06 de julho de 2015, denominada como Estatuto 
da Pessoa com Deficiência, entrou em vigor no dia 02 de janeiro de 2016, o principal objetivo 
deste Estatuto é abordado no seu art. 1º que é “assegurar e promover em condições de igual-
dade o exercício dos direitos e liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, visando à 
inclusão social e a cidadania”. 
Para que realmente aconteça a inclusão escolar do surdo, é necessário a presença de um 
intérprete de Língua de Sinais, por sala de aula, ou professor bilíngue, materiais adaptados, 
professor surdo, e a equipe gestora deve ter conhecimento sobre a cultura surda e a comuni-
dade surda, já que, essa deficiência não pode ser equiparada as outras, pois possui língua pró-
pria-Libras e conforme a Lei, utiliza o português como forma escrita. 
A escola Bilíngue é o único espaço que possibilita ao surdo acesso à informação através 
da sua língua natural, é o lugar onde ele pode ressignificar as situações do dia a dia que lhe são 
apresentadas e que não tem entendimento. É na escola que sua identidade se constitui, com 
seus pares, com professores, com líderes surdos, que através da ação pedagógica o incenti-
vam a novas descobertas e desafios. Ter acesso a Língua de Sinais, o mais cedo possível, é de 
fundamental importância para o sucesso deste sujeito, tanto na vida acadêmica quanto na sua 
vivência em sociedade.
SÍNTESE
Neste capítulo vimos que a Lei nº 10.098 foi criada para estabelecer normas e critérios 
básicos para a promoção da acessibilidade para deficientes e pessoas com mobilidade reduzi-
da, garantindo o direito de todo o cidadão de utilização, com segurança e autonomia, de espa-
ços, mobiliários, equipamentosurbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, 
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao 
público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural. 
Vimos também que Libras é a sigla de Língua Brasileira de Sinais, a língua natural dos 
surdos brasileiros, reconhecida no Brasil pela Lei 10.436, de 24 de abril de 2002 e pelo Decre-
to nº 5626/2005; possui uma estrutura gramatical linguística de modalidade espaço-visual 
completa, assim como as outras línguas. É a língua natural dos deficientes auditivos e cada 
país apresenta a sua, bem como, alguns sinais diferem de região para região. 
A inclusão social visa proporcionar oportunidades iguais de acesso a bens e serviços a 
todos e a Inclusão Escolar garante à pessoa com deficiência o direito de acesso, de modo igua-
litário, ao sistema de ensino. O principal foco da inclusão escolar são as crianças e jovens com 
deficiência, de acordo com a Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. 
7LIBRAS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. O que significa Libras? 
2. A Libras é universal? Explique. 
3. Relacione as colunas: 
a. Lei da Inclusão 
b. Lei da Libras 
c. Lei da acessibilidade 
( ) Lei nº 10.098 
( ) Lei nº 10.436 
( ) Lei nº 13.146
8
ALFABETO MANUAL 
DATILOLOGIA 
É usado pela comunidade surda para representar palavras ou nomes 
próprios que não tenham sinais específicos. 
9LIBRAS
 SUMÁRIO
Alfabeto manual ou Datilologia é um sistema de representação, quer simbólica, quer icó-
nica, das letras dos alfabetos das línguas orais escritas, por meio das mãos. É utilizado pela 
comunidade surda, faz parte da sua cultura e surgiu devido à necessidade de contato com os 
cidadãos ouvintes. Ele é usado pela comunidade surda para representar palavras ou nomes 
próprios que não tenham sinais específicos. 
Pode também ser utilizado pelos ouvintes, a fim de 
perguntar um sinal para os surdos. 
O alfabeto manual brasileiro é o mesmo em todo o país. Quando comparado a outros al-
fabetos manuais percebemos que existem semelhanças. 
O Alfabeto manual pode ser classificado em dois tipos, bimanual, mais usado no Reino 
Unido, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e em algumas zonas do Canadá, e o Unimanual, 
usado nos Estados Unidos, Japão e na língua de sinais internacional Gestuno.
10LIBRAS
 SUMÁRIO
11LIBRAS
 SUMÁRIO
12LIBRAS
 SUMÁRIO
13LIBRAS
 SUMÁRIO
14LIBRAS
 SUMÁRIO
15LIBRAS
 SUMÁRIO
16LIBRAS
 SUMÁRIO
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 SUMÁRIO
18LIBRAS
 SUMÁRIO
19LIBRAS
 SUMÁRIO
1 + 0
20LIBRAS
 SUMÁRIO
SÍNTESE 
Alfabeto manual ou Datilologia é um sistema de representação, quer simbólica, quer icónica, das 
letras dos alfabetos das línguas orais escritas, por meio das mãos. É utilizado pela comunidade surda, faz 
parte da sua cultura e surgiu devido à necessidade de contato com os cidadãos ouvintes. Ele é usado pela 
comunidade surda para representar palavras ou nomes próprios que não tenham sinais específicos. 
Pode também ser utilizado pelos ouvintes, a fim de perguntar 
um sinal para os surdos.
21LIBRAS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Identifique as letras representadas na datilologia a seguir: 
a. Libras 
b. comida 
c. alfabeto 
2. O que significa datilologia e quando podemos utilizar? 
3. O alfabeto manual é igual em todo o mundo? 
4. Ouvintes podem utilizar o alfabeto manual, por quê? 
22
EDUCAÇÃO DO SURDO 
NO BRASIL E NO 
MUNDO 
No Brasil, até no final do século XV, 
os surdos eram considerados ineducáveis. 
23LIBRAS
 SUMÁRIO
A chegada do francês de Ernest Huet, professor surdo, com mestrado em Paris, foi apoia-
da pelo Imperador Dom Pedro II, pois o mesmo tinha a intenção de abrir uma escola para ini-
ciar o trabalho de educação de pessoas surdas. 
No Brasil, até no final do século XV, os surdos eram considerados ineducáveis, porém, 
surgem as novas doutrinas sobre a educação dos surdos vindas da Europa. 
Fundou-se no Rio de Janeiro a primeira escola para surdos no Brasil, O Instituto de Edu-
cação dos Surdos (INES) em 26 de setembro de 1857, devido a isso, o dia do surdo é comemo-
rado nesta data. 
O alfabeto manual, de origem francesa, foi difundido pelos próprios alunos do INES. Na-
quela época, os pais traziam os alunos surdos para o Rio de Janeiro, vindos de todas as partes 
do Brasil. 
Em 1861, Huet foi embora do Brasil devido a problemas pessoais, para lecionar aos surdos 
no México. Foi contratado para o cargo de diretor do INES, Rio de Janeiro, o Dr. Manoel Maga-
lhães Couto, que não tinha experiência na educação com os surdos. 
Em 1868, após a inspeção governamental, o INES foi considerado um asilo de surdos. O 
Dr. Tobias Leite assume a direção. 
Flausino José da Gama, um ex-aluno do INES, publicou o primeiro dicionário de Língua 
de Sinais no Brasil. 
O escultor surdo, Antônio Pitanga, Pernambuco, formando pela Escola de Belas Artes, foi 
vencedor dos prêmios: Medalha de prata (Escultura Menino Sorrindo), Medalha de ouro (Es-
cultura Ícaro) e o prêmio viagem à Europa (com a Escultura Paraguassu). 
O surdo, Vicente de Paulo Penido Burnier, foi ordenado como padre no dia 22 de setembro 
de 1951. Ele esperou durante três anos uma liberação do Papa da Lei direito Canônico, que na 
época proibiam os surdos se tornarem padres. 
O surdo brasileiro, Jorge Sérgio L. Guimarães, publicou no Rio de Janeiro o livro “Até onde 
vai o surdo” (1961), no qual narra as suas experiências em forma de crônicas. 
A Confederação Brasileira de Desporto dos Surdos – CBDS, foi fundada no dia 17 de no-
vembro de 1984, e o primeiro presidente surdo foi Mário Júlio de Mattos Pimentel. 
A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – FENEIS, foi fundada no dia 
08 de janeiro de 1993, Rio de Janeiro – Brasil, sendo uma reestruturação da antiga ex-FENEI-
DA, criada por um grupo de profissionais ouvintes, sendo a organização que implantou seus 
ideais de reabilitação dos deficientes auditivos. Por isso, o nome da Instituição era Federação 
Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos. 
24LIBRAS
 SUMÁRIO
A história dos surdos no mundo registra seus acontecimentos históricos como grupo, 
que possui uma língua, uma identidade e uma cultura. Ao longo das eras, os surdos travaram 
grandes batalhas pela afirmação da sua identidade, da comunidade surda, da sua língua e da 
sua cultura, até alcançarem o reconhecimento que têm hoje, na era moderna. 
Entre a Idade Antiga até a Idade Média, os chineses lançavam os surdos ao mar, os gau-
leses os sacrificavam ao Deus Teutates, em Esparta eram lançados do alto dos rochedos. Na 
Grécia, os surdos eram encarados como seres incompetentes. Aristóteles, ensinava que os que 
nasciam surdos, por não possuírem linguagem, não eram capazes de raciocinar. Essa crença, 
comum na época, fazia com que, na Grécia, os surdos não recebessem educação secular, que 
não tivessem direitos, que fossem marginalizados (juntamente com os deficientes mentais e 
os doentes) e que muitas vezes fossem condenados à morte. No entanto, em 360 a.C., Sócrates, 
declarou que era aceitável que os surdos se comunicassem com as mãos e o corpo. 
Os romanos, influenciados pelo povo grego, tinham ideias semelhantes acerca dos surdos, 
vendo-os como seres imperfeitos, sem direito a pertencer à sociedade, de acordo com Lucrécio 
e Plínio. Era comum lançarem as crianças surdas (especialmente as pobres) ao rio Tibre, para 
serem cuidadas pelas Ninfas. O imperador Justiniano, em 529 a.C., criou uma lei que impossi-
bilitava os surdos de celebrar contratos, elaborar testamentos e até de possuir propriedades ou 
reclamar heranças (com excepção dos surdos que falavam). Em Constantinopla, as regras para 
os surdos eram basicamente as mesmas. No entanto, lá os Surdos realizavam algumas tarefas, 
tais como o serviço de corte, como pajens das mulheres ou como bobos, de entretenimento do 
sultão. 
Mais tarde, Santo Agostinho defendeu a ideia deque os pais de filhos surdos estavam a 
pagar por algum pecado que haviam cometido. Acreditava que os surdos podiam se comunicar 
por meio de gestos, em equivalência à fala, e dessa forma poderiam obter a salvação da alma. 
Os cristãos, até à Idade Média, criaram que os surdos, diferente dos ouvintes, não possuíam 
uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os sacramentos. 
John Beverley, em 700 d.C., ensinou um surdo a falar, pela primeira vez (em que há re-
gisto). Por essa razão, ele foi considerado por muitos como o primeiro educador de surdos. Foi 
só no fim da Idade Média e início do Renascimento, que saímos da perspectiva religiosa para a 
perspectiva da razão, em que a deficiência passa a ser analisada sob a óptica médica e científica. 
Entre a Idade Média e Idade Moderna, Pedro Ponce de León, um monge católico da or-
dem dos beneditinos, inicia, mundialmente, a história dos surdos, tal como a conhecemos hoje 
em dia. Para além de fundar uma escola para surdos, em Madrid, ele dedicou grande parte da 
sua vida a ensinar os filhos surdos, de pessoas nobres, que de bom grado lhe encarregavam os 
filhos, para que pudessem ter privilégios perante a lei (assim, a preocupação geral em educar 
os surdos, na época, era tão somente econômica). León desenvolveu um alfabeto manual, que 
ajudava os surdos a soletrar as palavras (há quem defenda a ideia de que esse alfabeto manual 
foi baseado nos gestos criados por monges, que se comunicavam entre si desta maneira, pelo 
fato de terem feito voto de silêncio). 
Nesta época, era costume que as crianças que recebiam este tipo de educação e trata-
mento fossem filhas de pessoas que tinham uma situação econômica boa. As demais eram co-
25LIBRAS
 SUMÁRIO
locadas em asilos com pessoas das mais diversas origens e problemas, pois não se acreditava 
que pudessem se desenvolver em função da sua “anormalidade”. 
O Abade Charles-Michel de L’Épée, fundador da primeira escola para surdos, nascido em 
1712, ensinava, numa primeira fase, os surdos, por motivos religiosos. Muitos o consideravam 
criador da língua gestual, embora saibamos que a mesma já existia antes dele, L’Épée reco-
nheceu que essa língua realmente existia e que se desenvolvia (embora não considerasse uma 
língua com gramática). 
 Os seus principais contributos foram: 
• Criação do Instituto Nacional de Surdos-Mudos em Paris (primeira escola de Surdos do 
mundo).
• Reconhecimento do surdo como ser humano, por reconhecer a sua língua.
• Adoção do método de educação coletiva.
• Reconhecimento de que ensinar o surdo a falar seria perda de tempo, antes que se devia 
ensinar-lhe a língua gestual.
Em 1880, nasce Hellen Adams Keller, nos Estados Unidos. Hellen ficou cega e surda aos 
18 meses de idade por causa de uma doença. Aos 7 anos, Hellen havia criado cerca de 60 gestos 
(br: sinais) para se comunicar com os familiares. Anne Sulivan, a professora de Hellen, isolou-
-a do resto da família, conseguindo disciplinar e ensinar Hellen. Sullivan ensinou a Hellen o 
método de Tadona, que consiste em tocar os lábios e a garganta da pessoa que fala, sendo isso 
combinado com datilologia na palma da mão. Hellen aprendeu a ler inglês, francês, alemão, 
grego e latim, através do braile. Aos 24 anos, formou-se em Radcliffe. Foi sufragista, pacifista 
e apoiante do planeamento familiar. Fundou o Hellen Keller International, uma organização 
para prevenir a cegueira. Publicou muitos livros e foi galardoada por Lydon B. Johnson, com a 
Presidential Medal od Freedoms.
CONGRESSO DE MILÃO 
Para Perlin e Strobel (2006) o fato mais marcante na história da Educação de Surdos foi 
o Congresso de Milão ocorrido no ano de 1880, no qual, através de uma votação, com o público 
predominante de professores ouvintes, ficou decidido que a Língua de Sinais seria abolida da 
educação de surdos, prevalecendo o uso da língua oral. 
Segundo as autoras, essa decisão teve um impacto arrasador na educação dos surdos, que 
foram proibidos de utilizarem sua língua e tiveram que abandonar sua cultura por um período 
de aproximadamente cem anos. 
Esse foi um momento obscuro na história dos surdos, até o momento em que um grupo 
de ouvintes tomou a decisão de excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a 
pelo oralismo (o comitê do congresso era unicamente constituído por ouvintes). Em consequ-
26LIBRAS
 SUMÁRIO
ência disso, o oralismo foi a técnica preferida na educação dos surdos durante fins do século 
XIX e grande parte do século XX. 
 O Congresso durou 3 dias, nos quais foram votadas 8 resoluções, sendo que apenas uma 
(a terceira) foi aprovada por unanimidade. As resoluções são: 
• o uso da língua falada no ensino e educação dos surdos, deve preferir-se à língua gestual; 
• o uso da língua gestual em simultâneo com a língua oral, no ensino de surdos, afetar a 
fala, a leitura labial e a clareza dos conceitos, pelo que a língua articulada pura deve ser 
preferida; 
• os governos devem tomar medidas para que todos os surdos recebam educação; 
• o método mais oportuno para os surdos se apropriarem da fala é o método intuitivo (pri-
meiro a fala depois a escrita); a gramática deve ser ensinada através de exemplos práti-
cos, com a maior clareza possível; devem ser facultados aos surdos livros com palavras e 
formas de linguagem conhecidas pelo surdo; 
• os educadores de surdos, do método oralista, devem aplicar-se na elaboração de obras 
específicas desta matéria; 
• os surdos, depois de terminado o seu ensino oralista, não esqueceram o conhecimento 
adquirido, devendo, por isso, usar a língua oral na conversação com pessoas falantes, já 
que a fala se desenvolve com a prática; 
• a idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é entre os 8-10 anos, 
sendo que a criança deve permanecer na escola um mínimo de 7-8 anos; nenhum edu-
cador de surdos deve ter mais de 10 alunos em simultâneo; 
• com o objetivo de se implementar, com urgência, o método oralista, deviam ser reunidas 
as crianças surdas recém admitidas nas escolas, onde deveriam ser instruídas através da 
fala; essas mesmas crianças deveriam estar separadas das crianças mais avançadas, que 
já haviam recebido educação gestual, a fim de que não fossem contaminadas; os alunos 
antigos também deveriam ser ensinados segundo este novo sistema oral. 
• uma década depois do Congresso de Milão, acreditava-se que o ensino da língua gestual 
quase tinha desaparecido das escolas em toda a Europa, e o oralismo espalhavase para 
outros continentes.
Nesta breve abordagem sobre a história da educação de surdos, é importante destacar 
os métodos utilizados pelos professores envolvidos no processo de ensino e comunicação de 
surdos, sendo eles:
27LIBRAS
 SUMÁRIO
Como abordado pelas autoras Perlin e Strobel (2006), com a proibição da Língua de Si-
nais no ano de 1880, o método de comunicação passou a ser apenas a oralização ou método 
oralista, baseado na concepção de que o surdo deveria se expressar através do treino da fala e 
utilizar-se da leitura labial – (leitura dos lábios de quem está falando). 
O segundo método utilizado na educação de surdos, na verdade, é resultado da junção da 
Língua Oral com a Língua de Sinais, sendo chamado de método da comunicação total. Lem-
brando que a Língua de Sinais tem características gestuais/visuais, diferenciando-se da língua 
oral. 
Esse método, na verdade, pouco contribuiu, podendo até mesmo ter levado ao uso ina-
dequado da Língua de Sinais, pois deu origem ao que denominamos, atualmente, de português 
sinalizado; utilizado por quem não conhece verdadeiramente a Língua de Sinais em sua estru-
tura e características próprias. 
O terceiro método denomina-se bilinguismo, sendo baseado no aprendizado da Língua 
de Sinais como primeira Língua do Surdo. Segundo essa proposta, a criança surda deve iniciar 
precocemente o contato com adultos surdos, que a ensinem a Língua de Sinais, sua Língua 
natural e,somente a partir desse momento, terá condições de iniciar o aprendizado da Língua 
Oral como segunda Língua.
FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDOS: ORALISMO 
O oralismo tem como característica principal, a ideia de que o surdo necessita aprender a 
língua oral de seu país e não pode usar a Língua de Sinais. 
FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDOS: COMUNICAÇÃO TOTAL 
A Comunicação Total, em oposição ao Oralismo, acredita que somente o aprendizado da 
língua oral não assegura pleno desenvolvimento da criança. A Comunicação Total valoriza a 
comunicação e a interação, e não apenas a língua; seu objetivo não se restringe ao aprendiza-
do de uma língua. Outro aspecto bem interessante nesta filosofia é que a família é respeitada e 
valorizada, além de mostrar o papel da família na hora de compartilhar valores e significados. 
A Comunicação Total defende a utilização de qualquer recurso linguístico, seja a língua 
de sinais, ou a língua oral para facilitar a comunicação com as pessoas. 
FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDOS: BILINGUISMO 
O bilinguismo tem como pressuposto básico, a necessidade do surdo ser bilíngue, ou seja, 
deve adquirir a Língua de Sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, como língua 
materna e como segunda língua, a língua oral utilizada em seu país. Estas duas não devem ser 
utilizadas simultaneamente para que suas estruturas sejam preservadas. 
28LIBRAS
 SUMÁRIO
SÍNTESE
O Congresso de Milão, em 1880, foi um momento obscuro na história dos surdos, quando um grupo 
de ouvintes tomou a decisão de excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo 
(o comitê do congresso era unicamente constituído por ouvintes). Em consequência disso, o oralismo foi 
a técnica preferida na educação dos surdos durante fins do século XIX e grande parte do século XX. Essa 
decisão teve um impacto arrasador na Educação dos surdos, que foram proibidos de utilizarem sua língua 
e tiveram que abandonar sua cultura por um período de aproximadamente cem anos. 
Houveram retrocessos e variadas formas de tentar ensinar os surdos, entre eles: oralismo, comuni-
cação total e por fim o bilinguismo. 
Já em 1856, com a chegada do conde francês Ernest Huet ao Brasil, trazido pelo Imperador Dom Pe-
dro II, fundou-se no Rio de Janeiro a primeira escola para surdos no Brasil, O Instituto de Educação dos 
Surdos (INES) em 26 de setembro de 1857, devido a isso, o dia do surdo é comemorado nesta data. 
29LIBRAS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Qual é o dia do surdo no Brasil e por quê? 
2. Faça uma breve síntese do que aconteceu no Congresso de Milão e fale sobre as consequências, explicitando sobre oralismo, comunicação total e bilinguismo. 
3. Assista ao filme “O Milagre de Anne Sulivan” e deixe seus comentários. 
https://www.youtube.com/watch?v=uvtaTbdcxsE
https://www.youtube.com/watch?v=uvtaTbdcxsE
30
CULTURA E 
COMUNIDADES 
SURDAS 
Existe a cultura surda? Por que muitos sujeitos dizem que não existe cultura 
surda? O povo Surdo, de fato, produz uma cultura? (STROBEL, p.15 - 2008). 
31LIBRAS
 SUMÁRIO
Na teoria moderna, a cultura se torna sabedoria grandiosa ou arma ideológica, uma forma isola-
da de crítica social. Esta teoria possui a ideia de uma cultura única e perfeita, a alteridade e a diferença 
são vistas como mancha para a sociedade, fazendo com que tenham a necessidade de transformação 
do outro, isto é, como já ilustrado anteriormente, moldando os sujeitos para serem iguais a eles. 
Cultura surda é o jeito do sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo, a fim de tor-
ná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a 
definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas. Isto significa que abrange 
a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo (STROBEL, p.24 – 2008). 
As comunidades surdas no Brasil têm uma longa história. O povo surdo brasileiro dei-
xou muitas tradições e histórias em suas organizações. Essas organizações – as associações de 
surdos, federações de surdos, igrejas e outros – também tiveram e têm o papel importante que 
é a transmissão cultural, esportiva, política, religiosa e fraternal pelos povos surdos.
Vejamos alguns artefatos mais importantes: 
a. Artefato cultural: experiência visual 
É a experiência visual em que os sujeitos surdos percebem o mundo de maneira diferente, 
a qual provoca as reflexões de suas subjetividades. 
Os sujeitos surdos, com a sua ausência de audição e do som, percebem o mundo através 
de seus olhos. 
b. Artefato cultural: linguístico 
A Língua de Sinais é um aspecto fundamental de cultura surda, os gestos denominados 
“sinais emergentes” ou “sinais caseiros” dos sujeitos surdos de zonas rurais ou sujeitos isola-
dos de comunidades surdas que procuram entender o mundo através dos experimentos visuais 
se procuram comunicar apontados e criam sinais, pois não tem conhecimentos de sons e de 
palavras. 
c. Artefato cultural: familiar 
O nascimento de uma criança surda é um acontecimento alegre na existência para a maio-
ria das famílias surdas. Acontece que em famílias ouvintes, com filhos surdos, acarreta com 
muita frequência, o aconselhamento dos médicos e profissionais da área, para que os pais não 
usufruam da Língua de Sinais, desmotivando os filhos para que não usem também, alegan-
do que isto provocaria atraso na aquisição da Língua Portuguesa. Na verdade, não prejudicam 
nada atraso de aquisição de L2 (Língua Portuguesa) e desenvolvimento com a Língua de Sinais 
compartilhada L2. 
É importante que a família conheça a cultura e comunidade surda para ajudar no cresci-
mento e desenvolvimento da linguagem. 
d. Artefato cultural: literatura surda 
A Literatura se multiplica em diferentes gêneros: poesia, história de surdos, piadas, lite-
ratura infantil, clássicos, fábulas, contos, romances, lendas e outras manifestações culturais. 
32LIBRAS
 SUMÁRIO
Em Língua de sinais, têm sido gravados em CD-ROM, vídeos e DVD, servindo como fon-
tes para as várias pesquisas realizadas pelos sujeitos surdos e ouvintes na universidade.
A literatura surda também envolve as piadas surdas que exploram a expressão facial e 
corporal, o domínio da língua de sinais e a maneira de contar piadas naturalmente. 
e. Artefato cultural: vida social e esportivo 
São acontecimentos culturais, tais como casamentos entre os surdos, festas, lazeres e 
atividades nas associações de surdos, eventos esportivos e outros. 
Houve a necessidade de criar as organizações que promovem intercâmbio dos diversos 
eventos esportivos dos surdos. No Brasil, a CBDS – Confederação Brasileira de Desportos de 
Surdo, ICSD – International Committee of sports for the deaf, PANAMDES – Panamericano de 
Desportos de sordos, CONSUDES – Confederación Sudamericana Desportiva de Sordos, que 
buscam adaptações culturais para surdos nas práticas esportivas.
f. Artefato cultural: artes visuais 
Os povos surdos fazem muitas criações artísticas que sintetizam suas emoções, suas his-
tórias, suas subjetividades e a sua cultura. 
g. Artefato cultural: política 
A comunidade surda é a política que consiste em diversos movimentos e lutas do povo 
surdo pelos seus direitos. 
Enfim, há grande dificuldade da sociedade em entender a existência da cultura surda, 
porque a maioria das pessoas baseia-se num “universalismo”. 
SÍNTESE
Cultura surda é o jeito do sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se 
torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem 
para a definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas. Isto significa que 
abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo (STROBEL, p.24 
– 2008).
As comunidades surdas no Brasil têm uma longa história. O povo surdo brasileiro deixou 
muitas tradições e histórias em suas organizações. Essas organizações – as associações de 
surdos, federações desurdos, igrejas e outros – também tiveram e têm o papel importante que 
é a transmissão cultural, esportiva, política, religiosa e fraternal pelos povos surdos. 
33LIBRAS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Explique o que é cultura:
2. O que é cultura surda? 
3. O que você entende por comunidade surda? 
4. Assista o vídeo do link, para você ter uma compreensão mais clara sobre “Piadas Surdas”. 
https://www.youtube.com/watch?v=9iL1cA0ggN0
https://www.youtube.com/watch?v=9iL1cA0ggN0
34
LINGUÍSTICA DA 
LIBRAS 
A língua de sinais é considerada como língua natural. 
35LIBRAS
 SUMÁRIO
Prezado, aluno! Quero começar esse capítulo esclarendo alguns equívocos recorrentes. 
1º Libras é uma Língua, não uma linguagem. 
2º As línguas de sinais não dependem e nem descendem das línguas orais. 
A língua de sinais é considerada como língua natural, pois surgiu através da interação 
espontânea entre os indivíduos. Possui gramática própria, níveis linguísticos, sintático, se-
mântico, morfológico, fonológico e pragmático, sendo assim, confere aos usuários a possibi-
lidade de expressarem os mais variados enunciados (BRITO, 1998). 
Sendo a língua de sinais gestual-visual, seu canal de comunicação é o espaço, onde são 
articulados e produzidos os discursos, sinais e textos. Também é considerada a língua mater-
na dos surdos, já que, a mesma está ligada a um canal que não é o oral-auditivo. Essa língua 
gestual-visual garante ao surdo uma percepção e articulação coerentes e confortáveis, e ainda 
contribui para seu desenvolvimento cognitivo, linguístico e social. 
ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE 
Muitas vezes, as línguas de sinais são consideradas puramente icônicas, devido a sua 
modalidade, existe a crença de que os sinais são criados a partir da representação do referente, 
óbvio que isso pode acontecer, mas não é via de regra obrigatório. Pelo contrário, a maioria dos 
sinais em Libras são arbitrários, já que não seguem uma relação de similitude com o referente 
(STROBEL & FERNANDES, 1998). 
Sinais icônicos: trazem semelhança com seu referente. Exemplo: o sinal de casa é icôni-
co, pois remete a uma:
casa
carro
árvore
36LIBRAS
 SUMÁRIO
Sinais arbitrarios: não tem relação de semelhança com seu referente. Exemplo:
azar
desculpe
fazer
37LIBRAS
 SUMÁRIO
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
A língua está em constante evolução, é dinâmica, um produto social em permanente in-
conclusão, “(...) é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, instável e está sempre em des-
construção e em reconstrução” (BAGNO, 2007, p.35). 
Esse fenômeno linguístico denominado variação, também é percebido na Libras, depen-
dendo da região, da classe social, da faixa etária, do grau de escolarização, sexo, redes de con-
vívio social e área de atuação profissional. 
FONOLOGIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
Apesar da língua de sinais ser de modalidade gestual-visual, sendo percebida pelos olhos 
e expressa pelas mãos, o termo fonologia está presente nos estudos sobre a sua linguística. 
Quadros (2004, p.47) define a fonologia das línguas de sinais da seguinte forma: 
Fonologia das línguas de sinais é o ramo da linguística que objetiva identificar a estru-
tura e a organização dos constituintes fonológicos, propondo modelos descritivos e 
explanatórios. A primeira tarefa da fonologia para língua de sinais é determinar quais 
são as unidades mínimas que formam os sinais. A segunda tarefa é estabelecer quais 
são os padrões possíveis de combinação entre essas unidades e as variações possíveis 
no ambiente fonológico.
Quadros (2004) propôs a decomposição dos sinais em três parâmetros: 
a. Configuração de Mão, (CM), “é definida como a forma assumida pela mão durante a arti-
culação de um sinal” (STROBEL & FERNANDES, 1998). 
b. Locação da mão ou ponto de articulação “é o lugar do corpo onde o sinal será realizado” 
(STROBEL & FERNANDES, 1998). 
c. Movimento da mão, “demonstra o deslocamento da mão durante a execução do sinal, 
possuindo diferentes formas e direções, os sinais podem ter ou não movimento” (STRO-
BEL & FERNANDES, 1998). 
Acrescentando posteriormente outros parâmetros a sua pesquisa da fonologia de sinais: 
d. Orientação da mão, é “a direção que a palma da mão indica na realização do sinal” (QUA-
DROS, 2004). 
e. Expressões faciais e corporais, “distinguem significados entre sinais. Além disso, podem 
traduzir tristeza, alegria, medo, raiva, mágoa, amor, encantamento e outros sentimentos. 
Podem indicar afirmação, negação, interrogação e exclamação” (QUADROS, 2004).
38LIBRAS
 SUMÁRIO
MORFOLOGIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
A morfologia se aplica ao estudo da estrutura interna, como as palavras ou os sinais se 
formam e a forma de classificação. Podemos entender com isso, que as formações de sinais se 
originam a partir de parâmetros relacionados às configurações de mão, ponto de articulação, 
expressão facial, corporal e movimento. Lembrando que os morfemas são as unidades míni-
mas com significado. 
A partir desse conceito, pode-se afirmar que as formações dos sinais se originam da com-
binação dos parâmetros configuração de mão, ponto de articulação, movimento, expressão 
facial e corporal, agora considerados morfemas, ou seja, unidades mínimas com significado, 
como explica Felipe (2006, p. 202): 
Estes cinco parâmetros podem expressar morfemas através de algumas configurações 
de mão, de alguns movimentos direcionados, de algumas alterações na frequência do 
movimento, de alguns pontos de articulação na estrutura morfológica e de alguma 
expressão facial ou movimento de cabeça concomitante ao sinal, que, através de alte-
rações em suas combinações, formam os itens lexicais das línguas de sinais.
39LIBRAS
 SUMÁRIO
Quanto à classe de palavras e categorias lexicais temos: 
a. Para diferenciar o gênero, seja em humanos ou animais, usa-se o sinal de homem ou 
mulher e o do tipo de “animal”. Exemplo:
cachorra
tio
vovó
40LIBRAS
 SUMÁRIO
b. Adjetivos, para expressá-los usa-se expressão facial e intensificação 
do sinal. Exemplo:
lindo
feio
41LIBRAS
 SUMÁRIO
c. Os pronomes se valem da organização espacial, dependendo da pessoa que se quer re-
presentar. Exemplo:
eu
ele
tu
42LIBRAS
 SUMÁRIO
d. Segundo Brito (1997), a questão temporal utiliza itens lexicais ou sinais adverbiais como: 
passado
futuro
presente
43LIBRAS
 SUMÁRIO
SINTESE
Libras é uma Língua, não uma linguagem. As línguas de sinais não dependem e nem descendem das 
línguas orais. 
A língua de sinais é considerada uma língua natural, pois surgiu através de interação espontânea en-
tre os indivíduos. Possui gramática própria, níveis linguísticos, sintático, semântico, morfológico, fono-
lógico e pragmático, sendo assim, confere aos usuários a possibilidade de expressarem os mais variados 
enunciados (BRITO, 1998). 
Sendo a língua de sinais gestual-visual, seu canal de comunicação é o espaço, onde são articulados 
e produzidos os discursos, sinais e textos. Também é considerada a língua materna dos surdos, já que a 
mesma está ligada a um canal que não é o oral-auditivo. Essa língua gestual-visual, garante ao surdo uma 
percepção e articulação coerentes e confortáveis, e ainda contribui para seu desenvolvimento cognitivo, 
linguístico e social. 
44LIBRAS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Assinale V para verdadeiro e F para falso: 
( ) A linguagem de sinais é natural para os surdos e surgiu espontaneamente. 
( ) Como Libras não usa a fala, não tem som, é impossível ter fonologia. 
( ) Devido a Libras ser uma língua gestual-visual, sua estruturação gramatical fica im-
possibilitada de estudo. 
2. Como podemos demarcar questões de tempo durante o discurso em língua de sinais? 
3. Sobre questões de gênero, como é possível demarcá-los no discurso em língua de sinais? 
4. O que é iconicidade, dê exemplos. 
5. O que é arbitrariedade, dê exemplos.
45
TRANSCRIÇÃO À 
LIBRAS 
Você conhece o sistema de transcrição à Libras? 
46LIBRAS
 SUMÁRIOÉ necessário esclarecer que a Transcrição para a Libras, não é o mesmo que 
a Escrita da Libras (SignWriting).
O Sistema de transcrição para língua de sinais, tem sido utilizado por pes-
quisadores em várias partes do mundo e no Brasil em outros países utiliza-se a 
língua escrita e sinalizada própria de cada país.
Vejamos: 
Exemplo A: no Brasil, os sinais da Libras são representados por itens lexi-
cais da Língua Portuguesa em letra maiúscula: 
ÁRVORE 
CERTO 
CARRO 
47LIBRAS
 SUMÁRIO
Exemplo B: um único sinal da Libras, correspondente a duas palavras na Língua Portu-
guesa, deve ser escrito com hífen:
GUARDA-CHUVA 
CORTAR-COM-TESOURA 
48LIBRAS
 SUMÁRIO
Exemplo C: para dois ou mais sinais da Libras, correspondentes a uma única palavra em 
Português, deve-se unir as palavras com o acento circunflexo entre elas e o sinal de igualdade, 
mostrando seu resultado. Observe: 
CAVALO^LISTRA = ZEBRA 
49LIBRAS
 SUMÁRIO
Exemplo D: quando se tratar de Datilologia, cada letra deve ser apresentada separada 
por hífen. 
Exemplo F: quando houver empréstimo de uma língua para a outra (Português →Libras) 
a palavra deverá ser escrita em itálico: 
D-A-N-I-E-L
NUNCA
NUNCA
50LIBRAS
 SUMÁRIO
Exemplo G: em Libras, não ocorre desinência de gênero e/ou número, para tal represen-
tação utiliza-se o carácter @: 
ME@ (minha/ meu) 
EL@ (ele/ ela)
EL@ (ele/ ela)
51LIBRAS
 SUMÁRIO
Os sinais da Língua Portuguesa podem ser empregados livremente, contando que se ob-
serve a forma correta de uso. 
A forma de Transcrição da Libras é de fácil compreensão, como percebemos, basta aten-
ção e cuidado para passar a mensagem de forma clara ao interlocutor.
SÍNTESE
A Transcrição da Libras é usada principalmente por pesquisadores, para que possam ex-
pressar de forma escrita algumas palavras, tendo essa convenção, fica mais fácil a compreen-
são do que se pretende transmitir ao interlocutor. Essa forma de transcrição também é usada 
em outras partes do mundo, em outras línguas de sinais, geralmente com os mesmos fins.
52LIBRAS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Considerando que você queira escrever alguns sinais utilizando a Língua Portuguesa escrita como base, qual a forma correta de fazê-lo? 
2. Como represento um sinal que dependa de duas ou mais palavras da Língua Portuguesa? 
3. Como represento uma palavra da Língua Portuguesa que dependa de dois ou mais sinais da Libras? 
4. Em relação a desinência de gênero, qual a forma adequada de representação? 
53
PRODUÇÃO TEXTUAL 
DO SURDO E 
INTERFERÊNCIAS 
DO PROFESSOR NO 
ENSINO DA LÍNGUA 
PORTUGUESA 
Você conhece as dificuldades que a comunidade surda enfrenta? 
54LIBRAS
 SUMÁRIO
A história nos relata as dificuldades enfrentadas pelos surdos para a aquisição da apren-
dizagem da língua escrita e da leitura, sendo que, estas sempre foram atribuídas à surdez. 
Entretanto, graças a estudos recentes, tem-se observado que, na verdade, o fato de não 
haver consideração com as especificidades linguísticas dos surdos na hora do ensino, é o que 
se interpõe entre o surdo e o aprendizado adequado. A maioria dos surdos adultos e jovens, não 
teve um ensino escolar que respeitasse suas especificidades linguísticas, ou seja, baseada na 
língua de sinais (FERNANDES, 2006; KARNOPP e PEREIRA, 2012).
“Assim como o ouvinte que entra em contato com um idioma diferente de sua língua 
materna, o surdo toma como base os elementos da língua que mais domina para o 
entendimento da outra, aproximando-as e confrontando-as, para a construção do sig-
nificado” (ALMEIDA, SANTOS E LACERDA, 2015).
Para que o surdo possa aprender o português como segunda língua L², é necessário usar 
como base uma língua que ele compreenda- a língua de sinais L¹, que deverá ser o seu Norte 
para a construção do conhecimento (LODI, 2004). 
Ensinar o português para um surdo, em sala de aula, onde a maioria é ouvinte, com cer-
teza é uma péssima estratégia, fadada ao fracasso, pois o professor conduzirá a aula de forma 
a atender a maioria ouvinte, da qual o português é a língua materna, contrário do surdo, que a 
língua materna é a de sinais (ALMEIDA, SANTOS E LACERDA, 2015). 
O que traz à discussão mais uma questão importante: e o surdo privado da companhia de 
seus iguais, que não domina a língua de sinais? Que base ele terá na hora da aprendizagem? A 
falta de convívio com pares iguais, usuários de língua de sinais, adicionada a toda a discrimi-
nação feita por ouvintes referente a oralização, e ainda, levando em conta o fato que a maioria 
das famílias é compostas por ouvintes, nas quais frequentemente os ouvintes são em numero 
maior e não conhecem/usam a língua de sinais, pergunto, que oportunidade esse sujeito surdo 
terá de desenvolver a linguagem de forma adequada? 
Tendo em vista os inúmeros fracassos em trabalhos acadêmicos dos surdos que foram 
incluídos na rede regular de ensino, é iminente a necessidade de uma mudança no modo de 
ensino que vem ocorrendo. Um número demasiadamente grande de surdos egressos da educa-
ção básica, não teve a oportunidade de serem alfabetizados (ALMEIDA, SANTOS E LACERDA, 
2015). Em algumas vivências mencionadas por intérpretes, foram raras às vezes que os surdos 
compreenderam o que estavam lendo de forma satisfatória.
Como uma pessoa que não sabe o que significam as palavras que lê ou escreve terá opor-
tunidades iguais aos outros? Num concurso, por exemplo, muitas pessoas surdas têm a enorme 
vontade de crescer na vida, de passar num concurso público e ter tranquilidade na vida profis-
sional, no entanto, as provas são digitadas em português, com inúmeras pegadinhas próprias 
da língua.
55LIBRAS
 SUMÁRIO
Peço que reflita conosco, de forma empática: você chega a um país que não fala sua lín-
gua, os profissionais da educação não estão preparados para ensinar a você uma forma ade-
quada de aprendizado dessa língua escrita, mas você precisa estar ali, é sua casa agora, você 
precisa trabalhar, mesmo que no seu ambiente de trabalho ninguém saiba como se comunicar 
com você, alguns até tentam por gestos, mímica, mas uma conversa profunda, uma piada, um 
desabafo...isso não tem como acontecer, ninguém entende o que você quer, o que você precisa...
no restaurante, no mercado, na farmácia, no médico...Consegue se colocar de fato nesse papel? 
É desesperador, desolador. 
SÍNTESE
Para que o surdo possa aprender o português como segunda língua L², é necessário usar 
como base uma língua que ele compreenda - a língua de sinais L¹, que deverá ser o seu Norte 
para a construção do conhecimento (LODI, 2004). 
Ensinar o português para um surdo, em sala de aula onde a maioria é ouvinte, com cer-
teza é uma péssima estratégia, fadada ao fracasso, pois o professor conduzirá a aula de forma 
a atender a maioria ouvinte, da qual o português é a língua materna, contrário do surdo, que a 
língua materna é a de sinais (ALMEIDA, SANTOS E LACERDA, 2015).
56LIBRAS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Coloque V para verdadeiro e F para falso 
( ) Para ensinar o surdo a ler e escrever basta o professor conhecer profundamente a Língua Portuguesa. 
( ) Numa sala de aula, onde a maioria de pessoas é ouvinte, o professor priorizará a maioria. 
( ) É impossível ensinar um surdo a ler e escrever sem respeitar suas especificidades linguísticas. 
( ) No Brasil, a língua materna dos ouvintes é o Português, que para estes é conhecida como L¹, para os surdos a língua materna é Li-
bras, e para estes também é a L¹. 
( ) Quando um ouvinte adquire a proficiência em Libras, ela passa a ser sua segunda língua, nesse caso a L². Da mesma forma acontece 
com o surdo quando aprende a ler e escrever em Português, essa passa a ser sua segunda língua L². 
Para mais informações a respeito do assunto, sugiro a leitura do artigo “O ensino do Português como segunda língua para surdos: 
estratégias didáticas”. 
Disponível na revista online através do link: 
http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=23&idart=470http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=23&idart=470
57
PAPEL DO 
INTÉRPRETE NO USO 
DE LIBRAS E SUA 
FORMAÇÃO 
“Até hoje mais de um sinal utilizado em nosso país tem sua explicação em 
algum costume francês”. 
58LIBRAS
 SUMÁRIO
NASCIMENTO DA LIBRAS 
Caro, aluno! Como aprendemos no capítulo 3, foi com a chegada do conde francês, Ernest 
Huet, ao Brasil, em 1856, que a Língua Brasileira de Sinais teve sua origem. O material trazido 
pelo conde, que era surdo, foi a base da Libras (Menezes, 2006, p. 92), inclusive, até hoje, mais 
de um sinal utilizado em nosso país tem sua explicação em algum costume francês, podemos 
citar como exemplo o sinal de sexta feira:
• Configuração de mão: “X” 
• Ponto de articulação: queixo 
• Movimento: raspa-se o dedo 
indicador do lado do lábio 
inferior. 
Esse sinal na França significava 
peixe, os religiosos no Brasil costuma-
vam comer peixe na sexta feira, sendo 
assim, incorporou-se o sinal em nossa 
língua, mas com outro significado. 
59LIBRAS
 SUMÁRIO
Como vimos, primeira instituição no Brasil a desenvolver trabalhos com surdos surgiu em 
1857, nomeada “Instituto dos Surdos-Mudos do Rio de Janeiro”, hoje registrada como “Ins-
tituto Nacional de Educação de Surdos (INES)”, sede dos principais divulgadores da Libras. A 
criação dos símbolos, chamada de iconografia dos sinais, só foi divulgada em 1873, por Flausi-
no José da Gama, aluno surdo. Um misto da Língua de Sinais Francesa com a Língua de Sinais 
Brasileira antiga (MENEZES, 2006).
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
O início (muito singelo) da consciência sobre a discriminação, teve sua origem em 1948, 
com a aprovação da Declaração dos Direitos Humanos, pela Assembleia Geral das Nações Uni-
das, que pregava o direito de toda pessoa à Educação. 
O Brasil apresentou encaminhamentos buscando assegurar a todos esses direitos. 
Nossas constituições de 1967 e 1969 consideraram os princípios da declaração (Reily, 
2004, p. 114): 
Artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na 
escola” como um dos princípios para o ensino e aponta como dever do Estado a oferta 
do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de en-
sino (Art. 208).
TILS - TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS 
O Tils existe há séculos, pessoas da família, religiosos, simpatizantes que se dispunham 
a auxiliar os surdos. 
A profissão foi regulamentada e reconhecida por lei, recentemente: 
Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010, regulamentando a profissão de tradutor e intér-
prete da Libras. 
Atendendo aos Arts. 2° e 4° (Brasil, 2010, p. 1), o tradutor e intérprete terá competência 
para realizar interpretação das duas línguas de maneira simultânea ou consecutiva e profici-
ência em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa. 
Para que o aluno surdo tenha acesso à educação, seus direitos devem ser respeitados e o 
Tils é imprescindível, pois esse profissional bilíngue deve estar presente em todos os ambien-
tes que possam circular pessoas surdas.
O papel do Tils “educacional” é mediar a comunicação entre o aluno, professor, colegas 
e funcionários da instituição. 
60LIBRAS
 SUMÁRIO
Aluno surdo
Aluno surdo
Tils
Tils
Tils
Tils
Professor
Colegas
Alunos
Pessoas em geral
Professor surdo
Aluno/professor surdo
61LIBRAS
 SUMÁRIO
Para tanto, o profissional deve ser proficiente em Libras e Português, tendo certificação 
apropriada e reconhecida pelo MEC em curso de Capacitação em Tradução e Interpretação e o 
certificado de Proficiência em Libras/Português- PROLIBRAS, ou graduação em Letras/Libras. 
Esses cursos preparam o profissional para fazer a tradução (se escrita), ou a interpreta-
ção (se simultânea) da L¹ (língua fonte), para a L² (língua alvo) e vice-versa, desenvolvendo 
competências linguísticas e tradutórias, técnicas de expressão facial e corporal (parte inte-
grante da Língua de sinais), ensinam a utilizar o espaço reservado ao seu trabalho, apresentam 
ao profissional as normas éticas que regem a profissão, entre muitas outras coisas essenciais 
para um trabalho profissional e de qualidade irrepreensível. 
Toda tradução/interpretação deve ser cultural.
O trabalho do intérprete não pode ser visto apenas como um trabalho linguístico; tam-
bém é necessário considerar a esfera cultural e social na qual o discurso está sendo anunciado, 
sendo fundamental conhecer o funcionamento e os diversos usos da linguagem (LACERDA, 
2011, p. 21). 
O profissional não segue o que chamamos de “português sinalizado” (nesse caso para 
cada palavra em português, utiliza-se um sinal), o que muitas vezes causa confusão nos es-
pectadores ouvintes com conhecimento “básico” da Libras, pois para que a tradução/inter-
pretação seja apropriada e fiel ao enunciado nem sempre os “sinais” utilizados correspondem 
ao que está sendo falado em português. Essa mediação entre culturas exige muita capacidade 
tradutória e conhecimento prévio das duas línguas, bem como, das culturas em questão, cos-
tumes e expressões - chamamos isso de “escolhas tradutórias” e são subjetivas, baseadas nas 
idiossincrasias do profissional. 
Isso não significa dizer que o Tils mudará o foco ou sentido do enunciado, ao contrário, 
esse jogo entre as culturas é o que garante que o real sentido do discurso seja respeitado. 
Em sala de aula, o Tils é desafiado a todo o momento, pois deverá receber o enunciado, 
ou seja, o conteúdo apresentado pelo professor da disciplina (que talvez ele não domine e nem 
tem essa obrigação), compreender, organizar mentalmente as informações recebidas em uma 
língua e cultura e entregá-las ao sujeito para quem está interpretando em outra língua e cul-
tura, todo esse processo tradutório exige elevada atenção e capacidade cognitiva. Por isso, é 
recomendado que a cada duas horas, no máximo, o profissional faça uma pausa, evitando as-
sim, LER- Lesão por Esforço Repetitivo e/ou diminuição da capacidade cognitiva e tradutória 
decorrente da exaustão mental e física. 
A presença do Tils em sala de aula é de suma importância, pois sem ele se torna impossí-
vel para o aluno surdo participar do processo de ensino aprendizagem. Professor e Tils devem 
trabalhar juntos, dialogar dentro e fora da sala de aula, sobre formas assertivas de apresentar 
o conteúdo para o aluno, lembrando que o Tils nem sempre domina o conteúdo a ser exposto e 
também precisa de explicações e auxílio para compreendê-lo, de outra forma será impossível 
interpretar coerentemente. Lacerda et al. (2011, p.18) afirmam que:
62LIBRAS
 SUMÁRIO
é necessário que haja uma mudança de postura por parte do professor, que também 
tem o dever, como educador, de auxiliar o intérprete da Língua de Sinais em suas prá-
ticas. Se o professor não assumir práticas que favoreçam a atuação do intérprete da 
Língua de Sinais, consequentemente, a compreensão do aluno surdo ficará compro-
metida.
Lacerda et al. (2011, p. 5) mencionam: “o objetivo principal não é apenas traduzir, mas 
buscar, juntamente com o professor, meios diferenciados de ensino para que o aluno surdo 
possa ser favorecido por uma aprendizagem especificamente elaborada e pensada, e, conse-
quentemente, eficiente.” Tanto professor como Tils devem reconhecer seus papéis no pro-
cesso educacional, cada qual com sua função, o Tils jamais deve substituir o professor na sua 
ausência (LACERDA, 2002; QUADROS, 2004). 
A função do professor(a) não é tão somente ensinar, mas a do intérprete é apenas inter-
pretar (ALMEIDA & CÓRDULA, 2019). 
SÍNTESE
Para que de fato os direitos das pessoas surdas sejam respeitados, é imprescindível a 
presença de um Tils- Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais. 
Antes da contratação de um Tils, devem ser observados alguns quesitos: formação ade-
quada, certificação reconhecida pelo MEC e proficiência comprovada em Libras/Português. 
O trabalho do Tils deve ser respeitado, bemcomo, os intervalos necessários para garantir 
sua saúde física, capacidade tradutória e cognitiva. 
O Tils educacional não tem obrigação de ensinar o surdo, essa função é do professor, seu 
papel é mediar a comunicação entre os personagens envolvidos no ensino e na aprendizagem. 
Professor e Tils devem trabalhar em conjunto, lembrando que nem sempre o Tils domina 
o assunto, e para fazer uma interpretação adequada, depende do auxílio prévio do professor 
responsável pela disciplina.
63LIBRAS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Você compreende o que significa a Sigla Tils? 
2. Qual a diferença entre tradução e interpretação? 
3. Faça um exercício mental: “imagine-se em um auditório lotado, você em cima do palco 
ao lado do palestrante, com câmeras apontadas para você transmitindo sua imagem 
num telão e na plateia, além de ouvintes, surdos, também algumas pessoas com enten-
dimento básico da Libras, a palestra dura 3 horas ininterruptas e você está em pé”. 
a. Pesquise quantos segundos de “delay”, em média, ocorrem numa interpretação 
simultânea. 
b. Pesquise e a partir do exercício mental e empático que você fez, fale sobre trocas 
de Tils durante o evento e de quanto em quanto tempo essas trocas são recomendadas. 
c. Ligue a tv ou o rádio e por mais ou menos cinco minutos ininterruptos repita tudo 
que o locutor disser, tenha o cuidado de manter o objetivo principal do enunciado, mas 
mude todas as palavras por sinônimos, se possível grave sua fala. Relate como foi sua ex-
periencia:
4. Assinale V para verdadeiro e A para absurdo. 
( ) Na ausência do professor em sala de aula, o Tils deve assumir o controle da turma e 
apresentar o conteúdo referente ao dia. 
( ) Se não houver Tils na instituição, o recomendado é que o professor peça ao aluno surdo 
que se sente com algum colega e copie dele suas anotações. 
( ) Sempre que um aluno surdo se matricular numa disciplina, o professor deve ser infor-
mado com antecedência, para que possa estudar e preparar-se da melhor maneira para aten-
der esse aluno, afinal o ensino do conteúdo é de responsabilidade do professor, não do Tils. 
( ) Após o término de uma disciplina de Libras, o aluno pode dizer que é Tils e aceitar tra-
balhos na área. 
( ) A fluência em Libras só é possível após um longo processo de aprendizagem e imersão 
nessa cultura, assim como, para obter fluência em qualquer outra língua, a Libras exige anos 
de estudo e formação adequada para a obtenção do certificado de proficiência. 
( ) Qualquer pessoa fluente em Libras/Português pode atuar como Tils. 
5. Reflita e enumere lugares onde você acredita que a presença de um Tils deve ser impres-
cindível, explique suas afirmações. 
64LIBRAS
REFERÊNCIAS SUMÁRIO
ALMEIDA, S. M.S. & CÓRDULA, E. B. L. O papel do intérprete de Libras no processo de ensino-aprendizagem do(a) aluno(a) surdo(a). Revista Educação Pública. Rio de Janeiro. 2019. B3 em ensi-
no - Qualis, Capes. Acesso em 23/01/2019 às 21:11 https://educacaopublica.cederj.edu.br/artigos/17/14/o-papel-do-intrprete-de-libras-noprocesso-de-ensino-aprendizagem-do-a-aluno-a-
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2006. 
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Paulo: Plexus, 2006. p. 348-367. 
GÓES, M. C. R.; TARTUCI, D.. Alunos surdos e experiências de letramento. In: LODI, A.
65LIBRAS
REFERÊNCIAS SUMÁRIO
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LODI, A.C.B. A leitura como espaço discursivo de construção de sentidos: Oficinas com surdos. 2004, 282f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem), Pontifícia Univer-
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66LIBRAS
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SALLES. Heloísa Maria Moreira Lima. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília. 2° volume. MEC, SEESP. 2004. 
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STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Editora da UFSC – Florianópolis - 2008
	LEGISLAÇÃO 
	Acessibilidade
	Libras
	Inclusão e os Direitos da Pessoa Surda 
	Síntese
	ALFABETO MANUAL DATILOLOGIA 
	Síntese 
	EDUCAÇÃO DO SURDO NO BRASIL E NO MUNDO 
	Síntese
	CULTURA E COMUNIDADES SURDAS 
	Síntese
	LINGUÍSTICA DA LIBRAS 
	Iconicidade e Arbitrariedade 
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	Fonologia da Língua Brasileira de Sinais 
	Morfologia da Língua Brasileira de Sinais 
	Sintese
	TRANSCRIÇÃO PARA A LIBRAS 
	PRODUÇÃO TEXTUAL DO SURDO E INTERFERÊNCIAS DO PROFESSOR NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA 
	Síntese
	PAPEL DO INTÉRPRETE NO USO DE LIBRAS E SUA FORMAÇÃO 
	Nascimento da Libras 
	Declaração dos Direitos Humanos 
	Tils- Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais 
	Síntese

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