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Estética Capilar e Tricologia ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! Dra. Franciele Neves Moreno https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3413 FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. MORENO, Franciele Neves. Estética Capilar e Tricologia. Franciele Neves Moreno. Maringá - PR.: Unicesumar, 2021. 136 p. “Graduação - EaD”. 1. Estética 2. Capilar 3. Tricologia. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 646.726 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-169-4 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Fotos: Shutterstock Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional Equipe Produção de Materiais NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi DIREÇÃO UNICESUMAR EXPEDIENTE BOAS-VINDAS Reitor Wilson de Matos Silva Neste mundo globalizado e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer educação de qualidade, mas também, acima de tudo, gerar a conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em quatro pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade.Por isso, desenvolvemos para os cursos híbridos, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Olá, aluno(a), tudo bem? Sou a professora Franciele, sou Bióloga, católica e casada. Amo viajar, principalmente para lugares com lindas paisagens naturais, por exem- plo, praias, cachoeiras e regiões monta- nhosas. Apesar de eu ter (um pouco) fo- bia à altura, eu gosto de atividades, como rapel e tirolesa (já realizei duas vezes), e também caminhadas na natureza. Além disso, eu e meu marido praticávamos cor- rida de rua. Há cerca de um ano, nossa vida mudou, nasceu nossa filha (nosso presente de Deus), chama-se Luna. Por ela, tivemos que dar uma pausa nas via- gens, nas atividades radicais e na corrida. Às vezes, é necessário darmos algumas pausas, respeitar nossas limitações e nos reorganizarmos, mas logo voltaremos às viagens e às atividades com a nossa filha. Neste um ano, já aprendi muito e errei também, sinto-me realizada como mãe. Minha vida profissional também mudou (como de muitas mães/pais), pois tinha uma atividade de trabalho intenso e, após o nascimento, não havia retornado até agora. Estava me organizando para retor- nar com uma carga horária menor quando fui convidada para escrever este livro. A princípio fiquei temerosa em aceitar, pois tive medo de não conseguir tempo neces- sário para me dedicar, mas aceitei o desa- fio, estava na hora de voltar a trabalhar, e nada melhor do que fazê-lo em home office. Espero que você também consiga superar seus medos, respeitar seus limites e ter a coragem de se lançar no universo da tricologia. Bons estudos! Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. MEU CURRÍCULO MINHA HISTÓRIA http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4261145U6 REALIDADE AUMENTADA: sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. PODCAST: professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. PÍLULA DE APRENDIZAGEM: uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PENSANDO JUNTOS: ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! EXPLORANDO IDEIAS: com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. EU INDICO: enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store IMERSÃO RECURSOS DE https://apps.apple.com/br/app/unicesumar-experience/id1386242696 APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 9 75 43 105 7 Introdução à Tricologia ESTÉTICA CAPILAR E TRICOLOGIA Recursos aplicados aos cabelos e ao couro cabeludo Anamnese e Alterações Patológicas Cuidados na Estética Capilar 1 3 2 4 PROVOCAÇÕES INICIAIS INICIAIS PROVOCAÇÕES Olá, aluno(a), tudo bem? Você ingressou em um curso que trabalhará com a saúde e o bem-estar das pessoas, e, uma vez que os cuidados com os cabelos e o couro cabeludo são, fundamentalmente, im- portantes para os seres humanos, conhecê-los, saber das principais afecções tricológicas e dos cuidados são pontos essenciais para a formação do profissional de estética. Pensando a respeito, este livro foi, cuidadosamente, preparado para a construção do conhecimento da disciplina estética capilar e tricologia, abordando, inicialmente, a importância que os cabelos e os pelos têm para as pessoas, em seguida, suas características biológicas, químicas, físicas e o ciclo biológico, incluindo seu envelhecimento. Após, contemplam-se as recomendações sobre como realizar uma boa anamnese, os protocolos de tratamentos e as terapias capilares, as principais afecções tricológicas, seus sintomas e os tratamentos mais indicados. Para o cuidado do cabelo e do couro cabeludo, são necessários cosméticos específicos, sendo aborda- dos neste livro, no terceiro ciclo, além de contemplar também seus ativos. Outro ponto importante em relação aos cuidados e aos tratamentos na estética capilar são as técnicas utilizadas, tais como as de texturização, coloração, massagem, drenagem linfática, argiloterapia, esfoliação, reconstrução capilar, laserterapia, radioterapias, microagulhamento,entre outras, que também estão contempladas neste livro. Enfim, você percebe que esta disciplina aborda conhecimentos que contribuirão, de forma efetiva, para a sua formação como profissional de estética e cosmética? Então, convido-o a mergulhar no universo da estética capilar e tricologia. Bons estudos. Vamos lá?! ESTÉTICA CAPILAR E TRICOLOGIA 1 OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM Introdução à Tricologia Dra. Franciele Neves Moreno Neste ciclo, você terá a oportunidade de aprender a importância do pelo para a vida do homem e as principais características anatômicas, fisiológicas, histológicas e químicas dos fios e do couro cabeludo. Também aprenderá as diferenças do cabelo entre as raças, a relação das glândulas exócrinas (sudorípara e sebácea) com o pelo e com o couro cabeludo, conhecerá os tipos de pelos, seu ciclo biológico (anágena, catágena e telógena) e as alte- rações fisiológicas do seu envelhecimento. Estes conhecimentos fornecerão conteúdos fundamentais para exercer sua profissão de esteticista capilar com qualidade, uma vez que serão necessários quando, por exemplo, você for realizar uma avaliação tricológica, ou sugerir tratamentos ou terapias capilares, ou quando for verificar se os hábitos do seu cliente estão corretos, entre outros procedimentos estéticos. Por isso, convido-o a mergulhar no universo do conhecimento da estética capilar e da tricologia. Vamos lá?! 10 UNICESUMAR Você sabia que o cabelo sempre ocupou uma posição de destaque na vida dos homens? Um exemplo disso é como os reis e as rainhas da Idade Média os tratavam. Para eles, os cabelos tinham um destaque especial que sinalizava poder e status, sendo assim, quem governava não poderia ser calvo, careca ou ter alguma doença/disfunção capilar. No entanto, como não tinham produtos adequados para cuidados básicos com os cabelos, desenvolviam algumas doenças capilares, como infestação de piolhos, caspas, seborreias, tricoses da haste, entre outras, e alguns até tornavam-se carecas em função disso, durante o seu reinado. Por isso, naquela época, usavam-se perucas, e elas eram consideradas artigos de beleza de luxo, e quanto mais volumosa, mais bonitas e caras elas eram, ou seja, se, na época, alguém quisesse ostentar, era só usar uma peruca bem volumosa. Atualmente, os cabelos também têm sua importância para as pessoas, determinando sua aparência e humor, além de continuarem ditando tendências no mundo da moda, fazendo os profissionais desta área cada vez mais importantes. Mas, antes de entrar no assunto e aprender tudo o que essa unidade traz, gostaria de fazer uma pergunta: Quantas vezes por dia você mexe no cabelo seja escovando, lavando seja apenas passando a mão? Tanto o cabelo quanto nossos pelos têm fundamental importância para nós enquanto seres humanos. Quando sentimos frio e estamos sem agasalho, nossos pelos se eriçam, e este é um mecanismo importante para manutenção da temperatura corporal. Ou seja, se pararmos para pensar, desde o início da humanidade, os pelos e cabelos tinham a sua importância, e isso foi se modificando ao longo dos tempos, assim como a quantidade desses fios pelo corpo. Conforme os hominídeos iam se dispersando pelos continentes, algumas características morfológicas foram se modificando e se adequando às variações ambientais, tais como quantidade e tipo de pelos e cabelos. Os fios foram se concentrando em algumas regiões corporais com funções e características específicas. E aí, você já parou para pensar por que algumas regiões do corpo possuem mais pelos que outras? O que leva à queda capilar e por que é intensificada nos homens após certa idade? Por que os cabelos ficam brancos? Os fios de cabelo e pelos têm funções fisio- lógicas importantes, como proteção mecânica, imunológica, sensorial, térmica etc. e também possuem características específicas, um ciclo biológico e como todas estruturas do nosso cor- po, também envelhecem. Suas características biológicas podem ser alteradas ou preservadas de acordo com seus hábitos, inclusive, com sua alimentação. Você já ouviu dizer que “você é o que você come”? Embora uma pessoa com alimenta- ção equilibrada não garanta um cabelo ou couro cabeludo saudável, é comprovado que a quantidade de nutrientes e água que você ingere afetará, diretamente, seus cabelos e couro cabeludo. 11 UNIDADE 1 D IÁ R IO D E B O R D O Uma vez que eles são constituídos por biomoléculas, como as proteínas, que para serem sintetizadas e funcionarem, adequadamente, necessitam de uma quantidade adequada de nutrientes (aminoáci- dos, vitaminas, minerais etc.) e água, absorvidos durante a alimentação. Este é o motivo de distúrbios alimentares, tais como dietas radicais e anorexia, causarem a perda de brilho e queda capilar. Além disso, outros comportamentos podem causar danos à estrutura dos fios ou do couro cabeludo, como excesso de tratamentos químicos, uso inadequado de secadores e pranchas, entre outros. Proponho a você, estudante, que faça um simples exercício se imaginando já como profissional da área, mas apenas para visualizar qual sua conexão com o que conversamos anteriormente. Imagine que você atende uma cliente com característica caucasiana, cabelos ondulados e castanhos, de 35 anos, que não está contente com seu cabelo e relata que ele está sem brilho e quebradiço. Para propor um tratamento a ela, primeiro você deve conhecer as características de um cabelo normal e o que pode causar o problema capilar relatado. Portanto, sugiro que pesquise as características de um cabelo nor- mal caucasiano e o que pode estar causando o problema mencionado por essa cliente (cabelos sem brilho e quebradiço). Você percebeu, em nossa breve conversa, que os seres humanos, no processo da sua evolução, tiveram adaptações morfológicas de acordo com as alterações ambientais que enfrentavam, desenvolvendo características específicas. Além disso, outros fatores influenciam nas características capilares. Pro- ponho uma reflexão sobre isso. A seguir, no Diário de Bordo, anote o que você acha ser característica de um cabelo normal. Anote, também, quais tipos de pelos você acha que existem? E, por fim, anote suas impressões, pensando na seguinte pergunta: Será que a raça, o sexo e a idade podem influenciar nos pelos e cabelos? 12 UNICESUMAR Você já parou para pensar qual é a importância do pelo para a vida do homem moderno? Para compreendermos qual a posição de destaque que o cabelo ocupa em nossa vida, primeiro temos que entender a sua importância no decorrer da história do homem, iniciando pelo homem das cavernas, afinal, para compreendermos o hoje é importante conhecermos o passado, a nossa história. Sendo assim, no homem pré-histórico (homem das cavernas), a quantidade de pelos e cabelos era bem maior uma vez que serviam de proteção contra os fatores ambientais adversos (frio, calor, radiação solar, desidratação, entre outros). Afinal, você deve considerar que, naquela época, eles não tinham roupas e calçados para se protegerem dos fatores ambientais adversos. Mas, com o passar do tempo, a quantidade de pelos foi reduzida, assim como foram adquiridas novas habilidades, como confecção de roupas, calçados, ferramentas etc. Com isso, os pelos conquistaram também outros significados e importância ao homem, como representação sexual, de força e de poder. Ao longo da evolução humana, de acordo com estudos realizados, a pele teve redução de pelos, aumento do número de glândulas sudoríparas, alteração na tonalidade, surgimento do tecido adiposo subcutâneo e redução das unhas (AZULAY, 2006). Pesquisadores sugerem que os principais fatores para a redução dos pelos “através das gerações dos hominídeos foram o processo de desertificação das florestas e a aquisição da postura ereta (bipedalismo) (Figura 1), há aproximadamente cinco milhões de anos” (FIGUEIREDO; ALBUQUERQUE, 2013, p. 59). Figura 1 - Evolução da espécie humana (Homo sapiens sapiens) Com a desertificação das florestas,originando as savanas, os primatas ficaram mais suscetíveis à radia- ção solar e ao mesmo tempo adquiriu a capacidade de andar ereto, isto resultou em um maior gasto de energia e maior geração de calor (FIGUEIREDO; ALBUQUERQUE, 2013). Sendo assim, indivíduos que melhor se adaptaram ao calor químico gerado pelo esforço físico do bipedalismo e ao aumento da radiação solar foram selecionados, favoravelmente, como podemos ver na Figura 1. Ao longo da evolução da espécie humana, ficou evidente que uma pele desnuda e com altos níveis de transpiração constituiu um meio de dissipação de calor eficaz (RIVITTI, 2018). 13 UNIDADE 1 Você sabia que a quantidade de pelos e sua importância foram alteradas por meio da evolução, permanecendo as características que proporcionaram sucesso evolutivo ao homem? Atualmente, os pelos e os cabelos têm importante destaque na vida do homem, fazendo parte da construção do indivíduo. Nota-se que, ao longo dos tempos, além da importância biológica, os fios capilares tiveram outros significados e outra importância e que difere de acordo com os povos, as religiões ou as culturas. Para alguns povos, os cabelos e as unhas continuam relacionados ao indivíduo mesmo após serem cortados, desta forma não po- dem ser removidos do seu corpo nem jogados fora. Nesta linha de pensamento, na quimbanda, o cabelo é utilizado em rituais. Para alguns povos, o cabelo significa virilidade, e, em algumas culturas, o primeiro corte de cabelo é uma ocasião importante, sendo rea- lizadas cerimônias para proteger a criança contra maus espíritos. Já os índios do Xingu raspam os pelos do corpo, deixando apenas os cabelos, fazem isto porque eles acreditam que assim irão se di- ferenciar dos macacos. Nesta tribo, eles preservam os cabelos por serem relacionados com a sexualidade e a sensualidade, cortando-os apenas quando alguém muito próximo morre, sinalizando luto ou como mutilação (OLIVEIRA, 2007). Também é observado que o corte e a disposição dos cabelos demarcam personalidade, função social ou mudança no estilo de vida, desde a Antiguidade. Na Idade Média, os cabelos eram muito importantes, significava poder e status e, a partir desta época, co- meçaram a surgir vários medicamentos para calvície e para outras doenças tricológicas (PEREIRA et al., 2016). Entre os hippies, os cabelos desalinhados eram sinal de liberdade e não aceitação aos valores da época vigentes. Cabelos Black Power foram e ainda são utilizados como afirmação da negritude (OLIVEIRA, 2007). Po- demos dizer que os cabelos vêm marcando épocas, civilizações, religiões, culturas, grupos sociais e ditando tendências (Figura 2). 14 UNICESUMAR Figura 2 - Cabelos e tendências A supervalorização atual do cabelo é evidente uma vez que as pessoas estão em busca do cabelo per- feito. Para isso, alteram cor, cortes, formas, fazem vários tipos de tratamentos, isto tudo para exaltar sua beleza, sua identidade ou, até mesmo, criar um personagem (Figura 3). Você já fez algum tratamento ou mudança capilar? Qual importância você dá aos seus cabelos? Será que para sua cliente (do Estudo de Caso) o cabelo é importante e realizou algum tratamento em seu cabelo que pode ter o deixado quebradiço e sem brilho? Figura 3 - Frases evidenciando os cabelos 15 UNIDADE 1 Atualmente, a valorização do cabelo é facilmente observada entre os jo- gadores de futebol. Você notou que, nas últimas décadas, o cabelo vem ganhando destaque neste esporte? Muitos dizem que o futebol atual não é apenas um esporte, mas uma janela para a moda capilar. Quem nunca reparou no cabelo de algum jogador? Eles fazem cortes personalizados, alteram a cor, fazem penteados, utilizam técnicas capilares inovadoras e ditam tendências. Muitas crianças chegam a pedir a seus pais que querem ficar com o cabelo igual do seu ídolo. Isto também é observado em outros esportes, entre músicos, atores, youtubers, personagens de desenho ani- mado/cinema, entre outros. Além disso, para muitas pessoas, cuidar do cabelo tem efeito terapêu- tico, isto é comumente observado em salões de beleza, como descrito por Oliveira (2007), que, ao entrarem no salão de beleza, algumas pes- soas chegam, aparentemente, deprimidas e, conforme seus cabelos são cortados ou tratados, a postura e o humor se alteram, ficando felizes com a nova imagem do cabelo, como se, de repente, tivessem ganhado uma nova vida. De acordo com a autora, quando os cabelos crescem, perdem o formato e a vitalidade, com isso, a pessoa sente que perdeu a beleza e a identidade e, após o novo corte, a pessoa se reencontra. Observando o quanto as pessoas valorizam sua aparência e seus cabelos, o mercado cosmético e de tratamento capilar vem ganhando cada vez mais espaço, inclusive, no mundo masculino, que, até décadas atrás, era pouco explorado. São facilmente observados a quantidade crescente de produtos para cabelos e barbas, as técnicas e os tratamen- tos capilares, conforme o que se deseja obter. Além, é claro, do número de pessoas que se submete a tudo isso que é enorme, bem como o tempo despendido para estes cuidados, medida da importância que os pelos e os cabelos têm para nossa sociedade. Dentro desse quadro de culto à vaidade ou de cuidados com a vida, os cabelos têm posição de destaque (OLIVEIRA, 2007). Assim, podemos salientar que o cabelo tornou-se fundamental para a construção da identidade do indivíduo. Por isso, a estética capilar e a tricologia (trichos = cabelo/ logia = estudo) tornam-se essenciais para o profissional de estética, principalmente aos que desejam trabalhar com cabelos e/ou pelos uma vez que estes pro- fissionais são responsáveis pelo embelezamento pessoal, pela saúde capilar e pelo bem-estar das pessoas. Você já consegue perceber como é importante esta disciplina para sua profissão e a responsabilidade que você terá? Por estes motivos, você como um futuro profissional de estética de sucesso deve estar em busca constante de aperfeiçoa- mento e aprendizado. Antes Depois Antes Depois 16 UNICESUMAR Visto a importância dos pelos e dos cabelos para a humanidade ao longo dos tempos, percebemos que eles têm funções biológicas importantes. Eles podem servir para proteção contra radiação solar, atuar no controle térmico, têm ação sensorial, são barreira contra entrada de sujidades e microrganismos, entre outras funções, dependendo da região que se encontra. Por exemplo, os cabelos, que são os pelos da cabeça, exercem proteção contra radiação, impactos e atua no controle térmico do crânio, e isso é necessário uma vez que a nossa cabeça é muito exposta aos raios ultravioletas (UV). O cérebro tem um metabolismo elevado com grande sensibilidade ao aquecimento e necessita que a temperatura seja controlada, e a calota craniana precisa de proteção contra impactos (AZULAY, 2006; FIGUEIREDO; ALBUQUERQUE, 2013). Já os pelos nas axilas, também denominados hircos, e os pelos da genitália, os púbios, atuam na pro- teção contra organismos patógenos e, de acordo com alguns autores, podem ter funções associadas à conservação de moléculas odoríferas produzidas nestas regiões as quais são relacionadas à reprodução, servindo para atração de parceiros sexuais (AZULAY, 2006; FIGUEIREDO; ALBUQUERQUE, 2013). Mas há quem conteste a permanência de pelos nestas regiões, não é mesmo? A maioria das mulheres e alguns homens se submetem a procedimentos dolorosos, ou gastam tempo e dinheiro para removê-los, definitivamente. Atualmente, os homens estão removendo os pelos de algumas regiões do corpo, como tórax, costas, axilas (os hircos) e da região pubiana (os púbios) e destinam os cuidados para os cabelos, pelos da face, a barba, e o bigode (pelos do lábio superior). Os pelos do nariz (vibrissas), da orelha (trágios), dos cílios e supercílios (sobrancelhas) também têm função protetora contra a entrada de microrganismos e outras partículas. Agora, convido você a conhecer a anatomia e fisiologia do pelo e do couro cabeludo bem como as principais diferençasdos cabelos nas grandes raças. Os pelos e os cabelos são órgãos anexos da pele (ou cútis) e fazem parte do sistema tegumentar. Você sabia que a pele é o maior órgão do corpo hu- mano e possui diversas funções, tais como proteção mecânica, imunológica, termorregulação, sensorial, secretora, barreira contra organismos patógenos e radiação solar? (JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018). Dada a importância da pele para o sistema tegumentar e para a estrutura dos nossos fios, foco desta disciplina, convido você a rever um pouco mais sobre ela, pois nas disciplinas de Anatomia Humana e Dermatologia e disfunções da pele, estudamos a pele e seus órgãos anexos, mas, aqui, a contextualização será na área de tricologia e estética capilar. A pele recobre todo o corpo, formando uma camada protetora e tem a capacidade de regenerar-se rapidamente. O couro cabeludo é uma pele que recobre o crânio, possui diversos folículos pilosos (também conhecidos como folículos capilares) e glândulas sebáceas cuja epiderme tem alta regeneração. A pele é constituída por dois tecidos (Figura 4), que são (HALAL, 2016; JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018): 1. Epiderme (mais externa): constituído por um epitélio estratificado pavimentoso querati- nizado (com camada córnea), este tecido resiste à água e protege contra os patógenos. Tem a espessura de cerca de 50 células, e estas se renovam, constantemente. As células mais abundantes são os queratinócitos, os quais são formados por mitose (divisão celular) na camada basal da epiderme e se move em direção à camada mais externa da epiderme, a córnea, modificando-se pelo processo conhecido como queratinização. A epiderme tem mais três tipos de células: os melanócitos, as células de Langerhans e as de Merkel. Esse tecido pode ser dividido em cinco camadas: camada basal ou estrato germinativo; camada espinhosa; camada granulosa; camada lúcida; camada córnea. 17 UNIDADE 1 2. Derme (mais interna): este tecido fica abaixo da epiderme, compõem cerca de 90% do peso seco da pele, ele comunica a hipoderme com a epiderme. Uma vez que a epiderme não é vascularizada, a derme transfere os nutrientes do tecido inferior (hipoderme) para o tecido superior (epiderme), além disso, oferece termorregulação para a pele. Sua espessura pode variar conforme a região do corpo e é importante para a percepção sensorial (tato, temperatura e dor) e proteção imunológica da pele. As camadas que compõem a derme são: camada papilar (camada superficial) e camada reticular (camada interna), são encontrados nesta camada os folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas (entre outras estruturas). Epiderme Derme Hipoderme Haste do cabelo/Eixo do cabelo Poro da glândula sudorípara Cume epidérmico Papila dérmica Receptores sensoriais Músculo eretor do pelo Glândula sebácea Ducto da glândula sudorípara Folículo piloso/Folículo capilar Glândula sudorípara Nervo Veia Artéria Figura 4 - Corte da pele A Hipoderme ou tecido celular subcutâneo (ou tela subcutânea) não faz parte da pele, ele serve para unir a pele aos órgãos adjacentes. É constituído de tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo, formando o panículo adiposo. A sua vascularização fornece os nutrientes e as trocas gasosas às ca- madas da pele. O tecido adiposo, responsável pelas famosas gorduras localizadas, possuem funções importantes, como curvas ao nosso corpo, reserva energética, proteção contra choques mecânicos e como isolante térmico (HALAL, 2016; JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018). Os pelos e os cabelos possuem estruturas filiformes e queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma invaginação da epiderme, nos folículos pilosos (Figura 5), estes, por sua vez, são produzidos nos primeiros meses de vida intrauterina. São observados em quase toda a superfície corporal, exceto em algumas regiões bem delimitadas. A cor, o tamanho e a disposição deles variam de acordo com a cor da pele e região corporal. Existem dois tipos de pelos: o vellus (ou lanugo), pilosidade fina e clara e o pelo terminal, que corresponde ao pelo espesso e pigmentado (cabelos, barba, pilosidade pubiana e axilar). Eles crescem, descontinuamente, intercalando fases de repouso com o de crescimento (JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018)., 18 UNICESUMAR Você sabe quantos folículos capilares existem no couro cabeludo? Apesar de ter uma variação entre as pessoas, de acordo com Halal (2016), existem cerca de 100 mil folículos capilares no couro cabeludo e, em condições normais, podem cair, aproximadamente, 100 fios de cabelos por dia. A unidade folicular é caracterizada por um feixe de folículos pilosos, em uma área de forma hexa- gonal, envolvido por fibras de colágeno, presente na derme superior ou ao nível da entrada do ducto da glândula sebácea dentro do folículo piloso. Cada unidade folicular contém vários pelos do tipo terminal e poucos pelos do tipo vellus (PEREIRA et al., 2016). Tanto os pelos quanto os cabelos podem ser divididos em duas partes (Figura 5) (FRANGIE et al., 2016; RIVITTI, 2018): Epiderme Derme Hipoderme Haste do cabelo/ Eixo do cabelo Raiz do cabelo Músculo eretor do pelo Glândula sudorípara Matiz Folículo piloso/Folículo capilar Papila capilar Nervo Veia Artéria Tecido adiposo Glândula sebácea • Raiz (parte interna): é a parte intradérmica e por onde emerge o eixo do pelo ou do cabelo. Sendo constituída principalmen- te pelo folículo piloso, pelo bulbo capilar, pela papila dérmica; pelo músculo eretor do pelo e pelas glân- dulas sebáceas. • Haste ou eixo do cabelo (parte externa): é a par- te visível do fio, a que se projeta para o exterior da epiderme, é nesta região onde podem ser alteradas a cor e a forma do cabelo. É produzida pela matriz e é constituída pela medula, pelo córtex e pela cutícula. Figura 5 - Estrutura do cabelo/pelo O folículo piloso é uma depressão em forma de túbulo, na pele ou no couro cabeludo, que contém a raiz do cabelo, são distribuídos por todo o corpo, exceto nas palmas das mãos e nas plantas dos pés (FRANGIE et al., 2016). Toda a descrição morfológica do folículo piloso é baseada no pelo terminal em sua fase anágena (período de crescimento dos fios), o qual apresenta toda sua estrutura básica (PEREIRA et al., 2016). Ele tem, anatomicamente, dois segmentos: o superior ou permanente e o inferior ou transitório. 19 UNIDADE 1 Na região superior do folículo piloso, a glândula sebácea se anexa a ele, estende-se desde a inserção do músculo eretor de pelo (ou músculo piloeretor), na bainha radicular externa, até a superfície da pele (PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018). Na região inferior, encontra-se anexo o músculo eretor de pelo cuja contração puxa o pelo para uma posição mais vertical, tornando-o eriçado; compreende a região entre a inserção do músculo eretor do pelo até a base do bulbo (PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018). Em algumas regiões corpóreas, está anexado o ducto excretor de uma glândula apócrina, que desemboca no folículo acima da glândula sebácea (RIVITTI, 2018). O folículo piloso (Figura 6) compreende as seguintes estruturas: no segmento superior, encontra o infundíbulo, situado entre o óstio folicular, que é à saída do infundíbulo na superfície da pele, e ponto de inserção da glândula sebácea; o istmo, compreende a região da inserção do músculo eretor de pelo até a desembocadura da glândula sebácea dentro do folículo; o acrotríquio é a porção intraepidérmica do folículo; e o segmento inferior, situado abaixo do músculo eretor do pelo (PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018). Ep id er m e D er m e Haste do cabelo/ Eixo do cabelo Te ci do a di po so (H ip od er m e) Glândula sebácea Superfície da pele Nervo Músculo eretor do pelo Glândula sudorípara Folículo piloso/ Folículo capilar Bulbo do folículo piloso Papila dérmica Veia Artéria Medula Cabelo Córtex Cutícula Bulbo do folículo piloso Matriz (zona de crescimento) Papila capilar Suprimento sanguine Bainha radicular dérmica Melanócito Estrato basal Membranabasal A queratina é o principal material estrutural que compõe os cabelos, unhas e pele. External epithelial root sheath: Internal epithelial root sheath: Figura 6 - Estrutura anatômica do pelo/cabelo O músculo eretor do pelo é um pequeno músculo liso, que está representado nas Figuras 5 e 6, que se estende da bainha radicular externa até a derme papilar. Ao se contrair, ele deixa o pelo perpendicular em relação à pele, caracterizando o arrepio (PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018). Este músculo tem a finalidade de manter a temperatura corporal quando estamos em ambientes com baixas temperaturas e também está relacionado à função sensitiva (FRANGIE et al., 2016; PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018). 20 UNICESUMAR O bulbo piloso ou bulbo capilar (Figura 6) situa-se no segmento inferior do folículo, é a estru- tura mais espessa e em forma de bastonete. Nesta estrutura, contém a matriz do fio, onde os pelos e os cabelos crescem, também é o local em que se intro- duz a papila dérmica (Figura 6). Esta, por sua vez, é uma pequena elevação em forma de cone localizada na base do folículo piloso, que se molda ao bulbo piloso, é ricamente vascularizada e inervada, tendo como principal função fornecer nutrientes necessá- rios para o crescimento dos fios. Se você puxar o fio de cabelo desde a raiz conseguirá ver o bulbo piloso. E os melanócitos ativos encontram-se na matriz do fio (FRANGIE et al., 2016; RIVITTI, 2018). A parte externa do pelo ou do cabelo, a haste, é constituída pela medula, pelo córtex e pela cutícula (Figura 6). É a parte que vemos e que, frequentemen- te, a alteramos com cortes, cores e formas. É desta região do cabelo que a sua cliente reclamou e que, provavelmente, está prejudicada. A Medula é a parte mais interna do fio, mas nem sempre está presente no cabelo. Quando presente, ela é variável, possuindo diferenças morfológicas signi- ficativas, podendo ser classificada como grossa, fina, fragmentada ou ausente. Possui entre duas e cinco fileiras de células dispostas lado a lado cujas frequên- cia e dimensões podem variar, ainda, na cabeleira de um mesmo indivíduo (HALAL, 2016). Estudos recentes apontam que ela atua nas propriedades me- cânicas e da cor do cabelo (HALAL, 2016). Mas, de acordo com o autor, para a cosmetologia, a medula é um espaço vazio e não envolve os serviços de salão. O Córtex compõe, predominantemente, a massa capilar, cerca de 90% do peso total do cabelo, con- fere a ele resistência, flexibilidade, elasticidade e cor (HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016). É constituído de células queratinizadas, de forma retangular, que se conectam, hermeticamente. O córtex possui dois tipos de células denominadas paracórtex (rico em enxofre) e ortocórtex (pobre em enxofre). A cor natural do cabelo existe em função do pigmento que está presente nesta região (HALAL, 2016). Sendo assim, quando você altera, permanentemente, a cor ou a forma do seu cabelo, é nesta região que os produtos atuam. A estrutura proteica do córtex é responsável pelas propriedades físicas do cabelo (HALAL, 2016). As colorações permanentes agem, basicamente, da seguinte forma: ocorre o clareamento dos pigmentos naturais do cabelo e, ao mesmo tempo, deposita os pigmentos que deseja (HALAL, 2016). Você acha que as tintas temporárias também atuam no córtex? A resposta é não, este tipo de tinta atua em outra estru- tura do cabelo, na cutícula, que, na maioria das vezes, é transparente. A cutícula, por sua vez, é formada por células so- brepostas transparentes que revestem o córtex. Con- tém uma camada externa, a epicutícula a qual recobre as células cuticulares e duas camadas mais internas, a exocutícula, que se situa logo abaixo da epicutícula e é extremamente resistente, e a endocutícula, a qual não é queratinizada e é hidrofílica (HALAL, 2016). Em geral, a cutícula é rígida e queratinizada, tem a função de proteger o córtex e a medula e também é responsável por proporcionar brilho, maciez e toque sedoso do ca- belo saudável (FRANGIE et al., 2016; HALAL, 2016). A aparência externa saudável é regular, de textura lisa e coesa. A sua deterioração pode ser causada por ação mecânica, associada à ação de produtos cosméticos e do intemperismo (HALAL, 2016). Se a cutícula é uma barreira impenetrável a qual protege o córtex, inclusive da ação de produtos químicos, como são possíveis os procedimentos de coloração e alisamentos ou per- manentes? Para que isto ocorra, é necessário um pH alto associado ao calor, com isto, a cutícula dilata-se, abrindo os poros cuticulares, e os produtos conseguem penetrar e chegar ao córtex (HALAL, 2016). Nos cabelos saudáveis, as três camadas (medu- la, córtex e cutícula) “se apresentam completamen- te seladas devido suas proteínas, onde há ceramida e gordura que são produzidas naturalmente pelos fios, compondo assim o cimento intercelular, quando ocorre a deficiência de algum desses componentes, as escamas começam a se abrir deixando o fio frágil” (AUDI, 2017, p. 6). 21 UNIDADE 1 Você percebeu que estas informações podem ajudá-lo(a) a explicar o Estudo de Caso? Aqui, você começa a entender as características de um cabelo saudável, em que os produtos atuam nas possíveis causas dos problemas capilares. Você já refletiu sobre por que os cabelos possuem formas diferentes uns dos outros (lisos, ondulados, enrolados, encaracolados, crespos)? As diferenças nos formatos de cabelos estão relacionadas à origem genética do indivíduo. E isto pode ser caracterizado pelos três grandes grupos raciais, que consideram a formação primária dos continentes em blocos, provavelmente, na época cenozóica, durante o período quaternário (HALAL, 2016). As três grandes classes raciais são a mongolóide, a caucasóide e a negróide, suas principais características estão representadas na Figura 7 (BRAGA, 2014; HALAL, 2016). Mongolóide • Inclui os descendentes de esquimós, dos povos do Extremo Oriente e dos índios americanos; • Cabelos lisos, denominado lisótrico, grossos e resistentes; • Possui onze camadas cuticulares; • São cabelos difíceis de colorir e de fazer permanente; • Quando cortados curtos, �carão perpendiculares ao couro cabeludo. Caucasóide • Inclui os descendentes de europeus; • Cabelos ondulados, denominado cinótrico, e resistentes; • Possui de oito a dez camadas cuticulares; • Respondem positivamente aos tratamentos desde os mais simples aos mais complexos, ou seja, são os mais fáceis de trabalhar. Negróide • Inclui os descendentes de africanos e miscigenados; • Cabelos encrespados, denominado ulótrico, �nos e frágeis, tendem a serem mais ressecados, necessitando de cuidados especiais; • Possui seis camadas cuticulares; • São os cabelos mais frágeis para alisar e descolorir; • Seus �lamentos de micro�brilas, na formação do seu córtex, possuem poucas ligações dissulfetos, acarretando pouca resistência; • Possui algumas variações: cacheados, encaracolados e frisados. Figura 7 - Características gerais sobre os cabelos dos três grandes grupos raciais Fonte: a autora. 22 UNICESUMAR Lembrando que esta classificação é baseada na formação primária dos continentes, em blocos, que se- parou a raça humana da época. Atualmente, temos uma alta miscigenação, podendo encontrar pessoas descendentes de japoneses com característica caucasóide ou negróide, entre outras variações. Sua cliente tem características de cabelo caucasóide, sendo assim, possui as características citadas anteriormente. Como vimos, o folículo pi- loso possui pelos, camadas proteicas e anexos, tais como as glândulas exócrinas (su- doríparas e sebáceas). Todo o folículo piloso é acompanha- do por uma glândula sebácea (BRAGA, 2014). Então, que tal conhecer a relação das glândulas exócrinas (su- dorípara e sebácea) com o pelo e o couro cabeludo? Iniciaremos pela glândula sebácea (Figura 8). Lembre-se: os pelos e os cabelos são órgãos anexos da pele, possuem estruturas filiformes e queratinizadas que se desenvolvema partir dos folículos pilosos. Existem dois tipos de pelos: o vellus (ou lanugo) e o pelo terminal. Eles crescem, descontinuamente, intercalando fases de repouso com fase de crescimento e podem ser divididos, anatomicamente, em: • Raiz (parte interna): constituída pelo folículo piloso; bulbo capilar; papila dérmica; mús- culo eretor do pelo e glândulas sebáceas. • Haste ou eixo do cabelo (parte externa): constituída pela medula, córtex e cutícula. Os fios possuem um ciclo biológico, constituído por três fases (anágena, catágena e telógena) e em, determinado momento, fatores intrínsecos (como hereditariedade) e extrínsecos, que determinam o seu envelhecimento. Glândula sebácea Folículo piloso e glândula sebácea Célula basal Sebo Sebócitos Figura 8 - Glândula sebácea As glândulas sebáceas situam-se na derme e seus ductos desembocam na porção terminal dos folículos pilosos, são glândulas exócrinas e holócrinas (Figura 8). Isto quer dizer que suas células que sintetizam a secreção morrem e fazem parte do produto por elas sintetizado, que, posteriormente, é expelido, secreção. Neste caso, sua secreção é conhecida como sebo ou óleo, a qual fornece a oleosidade natural do cabelo. Seu tamanho é, inversamente, proporcional ao tamanho do pelo e está distribuído pelo corpo todo, exceto na palma das mãos, na planta dos pés e no lábio inferior da boca (BRAGA, 2014). 23 UNIDADE 1 O sebo é controlado por hormônios, principalmente a testosterona, equilíbrio emocional, clima e alimentação gordurosa (BRAGA, 2014; OLIVEIRA et al., 2008). Ele lubrifica a pele, participa da elaboração do filme hidrolipídico de superfície e mantém a flexibilidade do estrato córneo. Além dis- so, o sebo possui propriedades antibacterianas, antifúngicas e veicula os feromônios, que dão a cada indivíduo um odor característico (BRAGA, 2014). Já as glândulas sudoríparas podem ser classificadas em écrinas e apócrinas e estão localizadas em quase toda a extensão da pele, sendo mais concentradas nas axilas, no conduto auditivo, nas pálpe- bras, nas aréolas dos seios, na região perianal, no púbis, nos pequenos lábios e no prepúcio. Elas nem sempre estão anexadas a um pelo, sua secreção ajuda a equilibrar o pH do couro cabeludo e do cabelo e é despejada no funil folicular, localizado acima do canal excretor da glândula sebácea, possui canal excretor curto e retilíneo e se situa, mais profundamente, na derme (BRAGA, 2014). Estas glândulas estão representadas nas Figuras 4, 5 e 6. O problema de cabelo sem brilho, como relatado no estudo de caso, pode estar relacionado com alguma disfunção destas glândulas, em especial, da glândula sebácea, que proporciona a oleosidade e o brilho natural dos fios. Você já parou para pensar como ocorre o mecanismo de reposição capilar? Este mecanismo foi descrito pela primeira vez, em 1891, pelo Adeodato Garcia e ficou conhecido como ciclo biológico do pelo (anágena, catágena e telógena), que está representado na Figura 9 e é composto por três fases, as quais são (HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016): • Fase anágena: consiste no período de crescimento do fio, ou seja, o cabelo encontra-se em uma ativa produção de novas células no folículo piloso. É o período em que a matriz se mantém em atividade mitótica, produzindo o cabelo e a bainha radicular interna. A duração desta fase varia de três a cinco anos. Após o tempo máximo de crescimento do cabelo, a matriz para de se proliferar, indicando o término desta fase e iniciando a fase catágena. • Fase catágena: esta fase consiste no período de transição, sinalizando o final da fase anágena. Nela, percebemos o encolhimento do fio de cabelo em cerca de um terço de seu comprimento, colocando a papila dérmica bem abaixo e sua parte inferior, abaixo da glândula sebácea. Tam- bém ocorre o desaparecimento do bulbo capilar e a terminação da raiz fica com aparência de um bastão arredondado. As células param de produzir melanina, e a raiz fica com a aparência esbranquiçada. Nesta fase, também ocorre a preparação para um novo ciclo biológico do pelo, sendo produzidas as células germinativas. Esta fase dura de duas a três semanas, até que a região proximal da haste fique totalmente ceratinizada, assumindo a forma ovalada, denominada de clava, tendo em seu interior grânulos de melanina, entrando na fase telógena. • Fase telógena: também conhecida como fase de repouso, pois o folículo permanecerá em repou- so por um período de três a quatro meses. Esta fase consiste no período de queda do fio. Aqui, a bainha radicular interna desapareceu totalmente, e na externa resta apenas um saco epitelial que envolve a clava, o cabelo é eliminado após dois a quatro meses. O fio pode se ancorar nas paredes foliculares e, desta forma, se mantém na região até que um novo fio o empurre ou por meio de ação mecânica direta, como de pentear os cabelos. A desmogleína 3 pode estar envolvida na fixação do pelo telógeno ao segmento superior do folículo piloso. O pelo é eliminado com a clava limpa, ou seja, sem o saco epitelial. Esta fase não é inativa e apresenta uma atividade me- tabólica intensa, controlando a fase de expulsão do fio telógeno, que é a teloptose ou exógeno. 24 UNICESUMAR REALIDADE AUMENTADA Ciclo Biológico do Pelo/Cabelo Figura 9 - Ciclo biológico do pelo/cabelo Anágena Catágena Telógena Anágena precoce Haste do cabelo/ Eixo do cabelo Papila dérmica Matriz do cabelo Coluna epitelial Glândula sebácea Músculo eretor do pelo Em um primeiro momento, na clava do pelo telógeno são produzidas substâncias que inibem a formação de um novo anágeno, e, quando a clava é eliminada, essas substâncias de- saparecem e um novo pelo anágeno começa a ser formado (PEREIRA et al., 2016). Somente no final da fase telógena as células-tronco começam a se proliferar, e o novo pelo telógeno é projetado (PEREIRA et al., 2016). O ciclo se repete a cada quatro ou cinco anos de forma ininterrupta, sendo que o tempo de vida médio de um fio de cabelo é de quatro anos. Nos seres humanos, cada pelo está em uma fase independente dos demais, isto é conhecido como “crescimento em mosaico”, desta forma nosso couro cabeludo e nossa pele não fica desnuda, exceto quando ocor- rem as alopecias (PEREIRA et al., 2016). Se o ciclo de vida de todos os fios fosse ao mesmo tempo, teríamos épocas em que ficaríamos sem cabelos ou pelos. Imagine como seria se não tivéssemos pelos ou cabelos algum no corpo. Para mim seria muito estranho. 25 UNIDADE 1 Quando se analisa o couro cabeludo, verifica-se que 85% dos fios se encontram na fase anágena, 1% na fase catágena e 14% na fase telógena. Admitindo-se uma média de 100 mil fios de cabelos no couro cabe- ludo, uma queda de até 100 fios diários é considerada normal. O crescimento dos pelos ocorrem sob influência de vários fatores, tais como (OLIVEIRA et al., 2008): • Genético: confere a distribuição, a quantidade, a cor, a espessura dos pelos, o aumento e a queda capilar. • Hormonal: vários hormônios são envolvidos, entre eles há os tireoi- dianos que estimulam a atividade folicular e os hormônios sexuais que influenciam o crescimento dos pelos. • Ambiental: altas temperaturas es- timulam o crescimento dos fios; no verão, os cabelos tendem a cres- cer mais rápido do que nos demais períodos do ano (locais onde pos- sui as estações do ano definidas). • Metabólicos: carência de alguns nutrientes, como ferro, vitaminas, proteínas e minerais, e uma dieta hipercalórica podem promover aumento na queda dos cabelos. • Emocionais: alterações emocio- nais (ansiedade, depressão, estres- se) podem levar à queda de cabelos e, até mesmo, à alopecia areata. 26 UNICESUMAR O pH do cabelo é uma característica importante dos cabelos, principalmente para você, futuro pro- fissional de estética capilar. Para compreender esta característica, antes recordaremos a escala do pH (Figura 10) à qual se refere o potencial hidrogeniônico de um meio, ou seja, ela indica as concentrações de íons de hidrogênio(prótons, H+) e de íons hidróxido (OH-). Ela é logarítmica e representa a con- centração de H+, indica a acidez ou a alcalinidade em uma solução aquosa. Esta escala mede a acidez (H+), mas não a alcalinidade (OH-); no entanto subentende que a alcalinidade aumenta, enquanto a acidez diminui, ela varia de 0 (1 × 10-0) à 14 (1 × 10-14), sendo que pH menor que 7 são considerados ácidos, acima de 7 alcalinos e 7 neutros (HALAL, 2016; NELSON; COX, 2014). O pH da pele é 5,4 a 5,8, e o pH do cabelo é 4,5 a 5,5, considerado levemente ácido, como pode ser observado na Figura 10 (BRAGA, 2014; HALAL, 2016). ÁCIDO NEUTRO ALCALINO Figura 10 - Escala do pH Qual a importância do pH na estética capilar? Ter o conhecimento sobre o pH do cabelo e da pele é importante para utilização de soluções e tratamentos. Por exemplo: o que é um xampu neutro? Se perguntar a qualquer químico, ele responderá que são xampus com pH igual a 7, este se refere ao pH químico, mas, ao considerarmos o pH fisiológico, haverá uma variação, sendo considerado aqueles com pH semelhante ao do cabelo (BRAGA, 2014). Ao utilizar produtos capilares com o mesmo pH do cabelo, a estrutura capilar não é alterada, e tanto a textura quanto o brilho serão normalizados (BRAGA, 2104; HALAL, 2016). As soluções ácidas (pH 1,0 – 4,5) contraem e endurecem o cabelo, as cutículas fecham, e a porosi- dade é reduzida, consequentemente, seu brilho aumenta. Agora, se você quer volume no cabelo, pode usar produtos com pH 5,5 a 10,0, eles aumentam a porosidade à medida que as cutículas dilatam-se, porém os cabelos podem ficar com aparência ressecada e opaca. Substâncias muito ácidas ou muito alcalinas podem dissolver os cabelos (HALAL, 2016). Você notou que o brilho e a maciez do cabelo podem estar relacionados com o pH? Portanto, uma possível explicação para o Estudo de Caso pode ser relacionada com este parâmetro. Provavelmente, o pH capilar da cliente está acima de 5,5 (fisiologicamente, alcalino) e, consequentemente, as cutículas estão dilatadas, resultando em um cabelo ressecado e opaco. Qual seria o tratamento ideal neste caso? Qual tipo de produto poderia ser usado para recuperar o pH capilar? Você percebeu que nosso cabelo gosta de acidez, portanto, produtos ácidos proporcionarão aos cabelos equilíbrio químico e fisiológico, ou seja, recupera o pH fisiológico dos cabelos. Porém, em al- guns casos, é necessário o uso de produtos alcalinos para alcançar o efeito estético desejado (BRAGA, 2014), isto será trabalhado um pouco mais nos próximos ciclos. 27 UNIDADE 1 Você que deseja se aprofundar um pouco mais no universo da Trico- logia, indico a leitura do livro: Milady® Tricologia e a química cosmética capilar /John Halal (2016). Este livro explica, de forma minuciosa e com uma linguagem clara, os principais conceitos sobre os cabelos, os produtos e as técnicas utilizadas na estética capilar. Também pode ajudar você a resolver o estudo de caso. Bom estudo! Agora, convido você a dar um zoom nos fios, mergulhando nas principais características histológi- cas, químicas e físicas do cabelo, ou seja, nas principais células que os constituem (características histológicas), nas moléculas químicas do cabelo (como a queratina) e, por fim, nas características físicas (forma, cor, elasticidade etc.). Começaremos pela raiz do cabelo. Ela é formada na papila dérmica através das células que a recobre e de onde emerge o eixo do cabelo (JUNQUEIRA, 2017). Na fase de crescimento, as células da raiz multiplicam-se e se diferenciam em vários tipos celulares, da seguinte forma: nos pelos grossos e nos cabelos, as células centrais da raiz produzem células grandes, vacuolizadas e fracamente queratiniza- das, formando a medula; ao redor da medula, diferenciam-se células mais queratinizadas e dispostas, compactamente, originando o córtex; as células mais periféricas formam a cutícula, constituída por células fortemente queratinizadas que envolvem o córtex como escamas; e, por fim, as células epiteliais mais periféricas, originam-se duas bainhas epiteliais, que envolvem o eixo do cabelo na sua porção inicial, as quais são (1) a bainha externa contínua com o epitélio da epiderme e (2) a interna que desaparece na altura da região onde desembocam as glândulas sebáceas no folículo (JUNQUEIRA, 2017). Separando o folículo capilar do tecido conjuntivo que o envolve, encontra-se a membrana vítrea, que é uma membrana basal muito desenvolvida. O tecido conjuntivo que envolve o folículo forma a bainha conjuntiva do folículo capilar (JUNQUEIRA, 2017). Figura 11 - Filamento intermediário da queratina 28 UNICESUMAR Você sabia que o cabelo tem uma força extraordinária? Estima-se que o cabelo saudável, com cerca de cem mil fios, pode levantar mais de 12 mil toneladas, devido à sua estrutura de subfibras e ligações de dissulfeto. A proteína que constitui o cabelo é a α-queratina (Figura 11), co- mumente conhecida como que- ratina. É uma proteína fibrosa, adaptada à função estrutural e é encontrada apenas em mamí- feros (NELSON; COX, 2014). Nos seres humanos, constitui, praticamente, todo peso seco dos cabelos, pelos, unhas e epi- derme (NELSON; COX, 2014). Elas foram desenvolvidas para força, isto foi possível, devido a seu arranjo molecular, tendo sua conformação primária do tipo hélice α voltada para a direita. Cutícula sobreposta Células com 18-MEA e outros lipídios na superfície Seção transversal da cutícula Célula cortical Proteína da matriz Micro�brila Macro�brila Medula Córtex Cutícula Figura 12 - Estrutura do cabelo e seus filamentos Duas cadeias de α-queratina, orientadas em paralelo, enroladas uma sobre a outra, formando uma es- piral supertorcida, semelhante às fibras trançadas de uma corda, resultando em força (NELSON; COX, 2014). Estas se combinam em estruturas mais complexas, chamadas de protofibrilas, e cerca de quatro protofibrilas formam os filamentos intermediários, presentes no interior das células do cabelo (Figura 12) (NELSON; COX, 2014). As proteínas são formadas por aminoácidos, ligados entre si por uma ligação covalente, denomi- nada ligação peptídica, também conhecida como ligação terminal, e longas cadeias de aminoáci- dos formam os polipeptídeos, como a α-queratina (NELSON; COX, 2014). A α-queratina é rica nos aminoácidos hidrofóbicos alanina (Ala), valina (Val), leucina (Leu), isoleucina (Ile), metionina (Met) e fenilalanina (Phe), os quais conferem a sua característica hidrofóbica (NELSON; COX, 2014). 29 UNIDADE 1 As cadeias polipeptídicas são conectadas por li- gações peptídicas e ligações laterais. Unidas, elas formam as fibras e a estrutura capilar, e estas li- gações conferem ao cabelo em sua conformação natural, força e elasticidade. As ligações peptídi- cas são as ligações mais fortes do cabelo e, dificil- mente, ocorre o seu rompimento, porém, quando isso ocorre, os fios podem se quebrar (HALAL, 2016). As ligações laterais unem as cadeias po- lipeptídicas, aumentando, assim, sua resistência. Na α-queratina, são três: as ligações dissulfeto, as ligações salinas (ligações iônicas) e as ligações de hidrogênio (HALAL, 2016; NELSON; COX, 2014). Os procedimentos de mudança temporá- ria e permanente do fio (escovas, relaxamentos e alisamentos) são possíveis por meio de alte- rações destas ligações, então, entendê-las faz-se necessário para o domínio das técnicas capilares (HALAL, 2016). As ligações dissulfeto são ligações covalentes, que estabilizam a estrutura quaternária da α-que- ratina. Elas ocorrem entre pares dos resíduos de Cys (cisteínas), pela união dos átomos de enxofre (S), formando a cistina (HALAL, 2016; NELSON; COX, 2014). Os produtos químicos de ondula- ção permanente, relaxamento e alisamento atuam modificando estas ligações. As ligações salinas ou iônicas são ligações Vamos lembrar um pouco da Química básica: • Ligações covalentes: interação en- tre átomos não metálicos, por meio de compartilhamento de elétrons. Elas são consideradas fortes umavez que, para romper esta intera- ção, é necessária uma alta energia de dissociação de ligação. • Ligações salinas ou iônicas: é a interação de íons com cargas elé- tricas opostas. • Ligações de hidrogênio: ocorre por meio de uma atração eletrostática entre o hidrogênio (polo positivo) de uma molécula com oxigênio, ou nitrogênio, ou flúor (polo negativo) de outra molécula. Esta interação é comumente observada na molécu- la de água. fracas, que podem ser alteradas pela ação de soluções alcalinas (pH 8 – 14), isto resulta na abertura da cutícula (HALAL, 2016). As ligações de hidrogênio são ligações mais fracas, comparadas com as anteriores, podendo ser rompidas apenas com adição de água e retornar à sua conformação natural quando seco naturalmente. O cabelo, ao absorver água, as ligações de hidrogênio se rompem e, com isto, as cadeias polipeptídicas se afastam, fazendo que o fio se dilate (HALAL, 2016). As mudanças temporárias na forma do cabelo, muito utilizadas em penteados e escovas, são rea- lizadas por causa do rompimento das ligações de hidrogênio, que permite mais flexibilidade ao fio, o suficiente para ser alinhado com o auxílio de ferramentas (escova ou prancha). Quando a água é removida (ao secar), as ligações de hidrogênio são novamente formadas. Lembrando que quando o cabelo é molhado novamente, a forma natural retorna (HALAL, 2016). É muito comum vermos as mulheres correrem da chuva para não estragar a “chapinha”, aqui está a explicação. 30 UNICESUMAR Você já percebeu que, em dias muito úmidos, as escovas ou os alisamentos temporários não têm um bom resultado? Isso acontece uma vez que o cabelo absorve a água presente na atmosfera, as ligações de hidrogênio são rompidas, e o cabelo retorna sua conformação natural, não permanecendo na forma desejada. O Quadro 1 mostra as ligações do cabelo e suas características de forma resumida: Quadro 1- Cabelo e suas características LIGAÇÃO FORÇA ROMPIDA POR RECUPERADA POR Hidrogênio Média Água Secagem Salina Fraca Alterações no pH Normalizando o pH Dissulfeto Forte Permanentes e relaxantes de tióis; relaxantes hidróxidos; calor extremo Oxidação com neutralizador; con- vertido em ligações de lantionina (é um aminoácido) Peptídica Forte Depiladores químicos Não recupera, o cabelo se dissolve Fonte: adaptado de Frangie et al. (2016). O cabelo é composto, aproxi- madamente, de 90% de proteína (α-queratina) e o restante por água e lipídios. Como sabemos, todos constituintes do cabelo são formados por elementos químicos que são o carbono (C), oxigênio (O), hidrogênio (H), nitrogênio (N) e enxofre (S), comumente conhecidos como elementos COHNS. O Quadro 2 demonstra o percen- tual médio de cada elemento presente nos cabelos. Quadro 2 - Percentual médio de cada elemento presente nos cabelos Elemento químico Percentual Carbono (C) 51% Oxigênio (O) 21% Hidrogênio (H) 6% Nitrogênio(N) 17% Enxofre(S) 5% Fonte: Halal (2016, p. 96). As propriedades físicas do ca- belo são: espessura, elasticidade, permeabilidade, densidade, cor e forma ou padrão de onda, ca- racterísticas que você consegue perceber facilmente. A espessu- ra refere-se ao diâmetro do ca- belo, podendo ser classificado como fino, médio ou grosso. Como é uma propriedade im- portante, será abordada em tó- pico específico ainda neste ciclo (FRANGIE et al., 2016). 31 UNIDADE 1 A elasticidade diz o quanto o cabelo pode ser estirado e con- traído, naturalmente, sem se quebrar, como um elástico. Esta propriedade do cabelo é uma indicação de força das ligações laterais que prendem as fibras individuais do cabelo no lugar (FRANGIE et al., 2016). Um cabelo normal, quando molhado, se esticará até 50% do seu comprimento original, retornando a este comprimento sem se quebrar e, quando seco, pode se estender cerca de 20% de seu comprimento. O cabelo com pouca elastici- dade é frágil e quebra facilmente. Quando o cabelo está assim, os serviços químicos requerem soluções mais suaves, com pH mais baixo para minimizar os danos e evitar novos traumas (FRAN- GIE et al., 2016). Outra possível explicação para a fragilidade do cabelo da cliente do estudo do caso é a pouca elasticidade capilar. Você consegue verificar a elasticidade dos cabelos fazendo o seguinte procedimento: deve pegar quatro mechas pequenas de cabelos molhados de áreas diferentes da cabeça (linha frontal, têmporas, coroa e nuca), após, segure, firmemente, uma única me- cha e tente quebrá-la. Se o cabelo quebrar facilmente, ou demorar em retornar ao seu comprimento original, este tem elasticidade baixa, já se ele retornar ao seu comprimento sem se quebrar, tem elasticidade normal (FRANGIE et al., 2016). A permeabilidade (ou porosidade) refere-se à capacidade de o cabelo absorver umidade (Figura 13). O grau da porosidade está relacionado à condição da cutícula. Um cabelo saudável é, naturalmente, resistente à umidade (baixa permeabilidade), denominado hidrofóbico. Já cabelos porosos têm uma cutícula levantada que absor- ve facilmente a umidade (alta permeabilidade), denomina- dos hidrofílicos (FRANGIE et al., 2016). Para realização de procedimentos em cabelos com baixa permeabilidade, é necessário usar soluções al- calinas que ajudam a levan- tar a cutícula e aumentar a porosidade capilar, já os ca- belos com permeabilidade média são considerados nor- mais, e os serviços químicos ocorrem como o esperado de acordo com a espessura, já os cabelos com alta permeabili- dade são frágeis, danificados e quebradiços, necessitam de produtos com pH mais baixo, que ajudam a prevenir o super processamento e novos danos (FRANGIE et al., 2016). Figura 13 - Porosidade ou permeabilidade do cabelo A explicação do Estudo de Caso relacionado com o pH pode ser complementada com as informações obtidas aqui uma vez que cabelos com pH alto as cutículas se abrem e, consequentemente, aumenta a permeabilidade ou a porosidade, o que leva ao rompimento das ligações laterais da queratina, resul- tando nos cabelos frágeis e quebradiços. 32 UNICESUMAR A densidade refere-se à quantidade de fios existentes por cm2, ou seja, diz a quantidade de fios existentes na cabeça. Ela pode ser classificada como baixa, média ou alta (ou fina, média ou grossa/ densa). Geralmente, a densidade do cabelo é de 2.200 fios de cabelo por 2,5 cm2 (FRANGIE et al., 2016). Existe uma relação interessante entre a densidade e a cor do cabelo, em geral, os ruivos (~140.000 fios de cabelo na cabeça) e os loiros (~110.000 fios de cabelo na cabeça) possuem uma densidade maior que as pessoas com cabelos castanhos (~108.000 fios de cabelo na cabeça) e pretos (~80.000 fios de cabelo na cabeça) (FRANGIE et al., 2016). O pigmento responsável pela cor natural dos cabelos e dos pelos é a melanina. Mas, se apenas a me- lanina dá a cor, por que existem cabelos de cores diferentes, como castanhos, pretos, loiros, vermelhos? Porque a variedade de cor natural é possível, por meio da combinação entre dois tipos de melanina: a eumelanina e a feomelanina. Também tem a tricosiderina, derivada da feomelanina, sua diferença é a presença do elemento ferro (Fe) em sua molécula, conferindo a cor vermelha (HALAL, 2016). A coloração dos cabelos é uma característica genética e resultante da combinação dos pigmentos de melanina no córtex capilar. A eumelanina é o tipo mais comum de melanina, e a coloração resultante vai do marrom ao preto; a feomelanina, do loiro ao vermelho; e o branco é a cor real da queratina sem os pigmentos, ou seja, a única diferença dos cabelos brancos é que eles não têm melanina (HALAL, 2016). A quantidade de grânulos de melanina é importante para a definição da cor do cabelo, que pode alterar, significativamente, entre os 13 e 20 anos de idade, escurecendo. A quantidade de melanina também pode facilitar ou dificultar a mudança de cor dos fios. Em geral, quanto maior a densidade da melanina maior o escurecimento é mais difícil à alteração de cor (HALAL, 2016). A formado cabelo ou o padrão de onda é classificado, basicamente, em liso, ondulado, enrolado ou crespo (Figura 14). Esta é uma característica herdada, geneticamente. Como vimos anteriormente, existem três grandes raças (mongoloides, caucasianos e negroides), porém há uma variação entre elas, devido, principalmente à miscigenação. Mas, vias de regra, os mongoloides tendem a ter cabelos extremamente lisos, os caucasianos tendem a ter cabelos ondulados e os negroides tendem a ter os cabelos encaracolados ou crespos (FRANGIE et al., 2016). Figura 14 - Tipos de cabelo 33 UNIDADE 1 A ondulação pode ter padrão variado de ponta a ponta do fio de cabelo de uma mesma pessoa, ou ter quantidade de ondas diferentes em diferentes áreas da cabeça (FRANGIE et al., 2016). O forma- to da secção transversal do fio determina o grau da ondulação (Figura 15): fio com secção trans- versal redonda é liso; fio com secção transversal ovalada ou achatada é ondulado ou enrolado; e um fio com secção transversal achatada ou elíp- tica é crespo (FRANGIE et al., 2016). Estrutura e disposição do folículo piloso Seção transversal do cabelo Cabelo liso Cabelo ondulado Cabelo encaracolado Figura 15 - Estrutura e arranjo do folículo capilar e corte da seção transversal do cabelo Nos humanos, existem dois tipos de pelo: o vellus/lanugo, que é uma pilosidade fina e clara (pouco desenvolvida) e o pelo terminal, que cor- responde ao pelo espesso e pigmentado (cabelos, barba, pilosidade pubiana e axilar) (HALAL, 2016; JUNQUEIRA, 2017; PEREIRA et al., 2016; RI- VITTI, 2018). Um mesmo folículo piloso é capaz de produzir os dois tipos de pelos. Estes dois tipos de pelos são muito semelhantes, sendo a diferença básica o tamanho (PEREIRA et al., 2016). Os pelos de tipo vellus são curtos, geralmente, tem dois cm de comprimento, finos e sedosos, não possuem medula, melanina e músculo eretor de pelo. São encontrados nas pálpebras, testa, es- calpo calvo, corpo das crianças e dos bebês. Nos bebês recém-nascidos, este pelo recebe o nome de lanugo, sendo classificado por alguns autores como um terceiro tipo de pelo. Após a puberdade, os pelos vellus de algumas regiões do corpo são substituídos por pelos terminais (HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016). O pelo terminal é grosso e pigmentado (ex- ceto os grisalhos), normalmente, possui medula e músculo eretor de pelo. Os pelos curtos, como os encontrados nas sobrancelhas e cílios, são os pelos terminais primários, que, após a puberda- de, em algumas regiões do corpo, são substituídos por pelos terminais secundários. Estes são en- contrados no couro cabeludo, barba, peito, costas, pernas e região pubiana (HALAL, 2016). Na calví- cie masculina, os folículos param de produzir os pelos terminais secundários e passam a produzir o tipo vellus novamente (HALAL, 2016). Alguns pelos terminais possuem denomina- ções especiais, mencionados no início deste ciclo, mas os retomarei, pois você poderá se deparar com essas denominações durante o exercício da sua profissão, as quais são: • Cabelos: pelos da cabeça. • Hircos: pelos das axilas. • Vibrissas: pelos das narinas. • Púbios: pelos da região pubiana. • Trágios: pelos da orelha (meato acústico externo). • Barba: pelos da face. • Bigode: pelos do lábio superior. • Cílios: pelos das bordas livres das pálpe- bras. • Sobrancelhas: pelos dos supercílios. Os pelos podem ser classificados de acordo com seu diâmetro, os do tipo vellus são os fios com diâmetro menor ou igual a 0,03 mm, os interme- diários são pelos com diâmetros que variam de 34 UNICESUMAR 0,03 a 0,06 mm, e os terminais são pelos com diâmetro igual ou maior a 0,06 mm (PEREIRA et al., 2016), porém esta classificação não é amplamente aceita e pode ser arbitrária. A espessura do cabelo é o diâmetro do cabelo individual, podendo ser classificada em fina, média ou grossa e pode variar de fio para fio na cabeça do mesmo indivíduo (FRANGIE et al., 2016; HALAL, 2016). A espessura do cabelo é uma das propriedades controlada, geneticamente, assim, varia de acordo com a origem racial do indivíduo. Em geral, o cabelo fino é frágil e mais suscetível aos danos causados no salão, por este motivo, processa os efeitos dos produtos químicos, rapidamente. Já os cabelos gros- sos são mais fortes e resistentes aos procedimentos em geral (HALAL, 2016). Os cabelos médios são a espessura mais comum e é o padrão de comparação para os demais cabelos, estes não apresentam problemas ou precauções especiais (FRANGIE et al., 2016). Como todas as células vivas, os pelos também envelhecem, e este envelhecimento é gradual e po- tencializado por fatores extrínsecos, tais como exposição excessiva ao sol, alimentação inadequada, uso de álcool, tabaco e poluição do ar (Figura 16), e também fatores intrínsecos ou hereditários, como o envelhecimento cronológico (AUDI et al., 2017). Então, que tal conversarmos um sobre as alterações fisiológicas do envelhecimento do pelo? Fatores ambientais Cabelos dani�cados Cabelos normais Figura 16 - Fatores ambientais causam danos aos cabelos Quando se inicia o envelhecimento dos fios, observa-se a perda da densidade capilar, da sua espessura e da sua cor natural, resultando nos “cabelos brancos” (Figura 17). Além disso, também há a diminuição e o encurtamento dos fios na cabeça, este ocorre na fase de crescimento dos fios, e, com o passar dos tempos, os folículos terminais secundários transformam-se e voltam a produzir os pelos do tipo vellus (AUDI et al., 2017; HALAL, 2016). Estudos demonstram que a rarefação (redução no crescimento capilar) ocorre, normalmente, em ambos os sexos, a partir dos 70 anos de idade. Podem ocorrer algumas tricoses (doenças capilares) que intensificam a queda capilar, tais como a alopecia androgenética; alopecia areata; eflúvio telógeno; líquen plano pila; alopecias cicatriciais, entre outros (AUDI et al., 2017; HALAL, 2016). https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3474 35 UNIDADE 1 Figura 17 - Envelhecimento dos cabelos e da pele Pelos motivos mencionados nesta unidade, comumente, as pessoas buscam ajuda de um especialista para saberem se a quantidade de queda dos cabelos está normal, se os cabelos estão realmente saudáveis ou, ainda, quais são os tratamentos recomendados para seu tipo de cabelo. Sendo assim, é importante você, como futuro profissional da área, conhecer e saber como são as características de um cabelo e couro cabeludo saudável e como tratá-los. A partir disso, você conseguirá avaliar e indicar o melhor tratamento ou cuidados diários a seus clientes. Bom, acredito que você tenha percebido o quanto é importan- te conhecer as características dos pelos e do cabelo, como eles se desenvolvem e quais possíveis alterações estruturais podem ser prejudiciais à saúde capilar. Também é possível resolver o estudo de caso do início, tendo a alteração no pH do cabelo da sua cliente como uma possível causa do seu problema capilar uma vez que o aumento do pH capilar leva à abertura da cutícula. Isso aumen- ta a permeabilidade/porosidade, que pode causar o rompimento das ligações laterais dos filamentos de queratina, resultando na fragilidade, na redução do brilho e maciez do cabelo. A alteração do pH pode ocorrer, devido ao excesso de tratamentos químicos. Para resolver o problema, inicialmente, deve-se recuperar o pH do cabelo, indicado por meio de tratamentos. Para ajudar você com a escolha dos produtos e dos tratamentos adequados, os próximos ciclos ajudarão. Além disso, a causas do problema do Estudo de Caso podem ser outras, as quais você terá a oportunidade de conhecer nos próximos ciclos. Jovem Velho Cabelo pigmentado Pele mais lisa Cabelo grisalho Rugas profundas 36 M A P A M EN TA L Olá, aluno(a)! Estamos chegando ao encerramento deste primeiro ciclo e convido você a fazer uma verificação crítica dos conhecimentos que você adquiriu, preen- chendo o Mapa de Empatia a seguir, ao responder às seguintes questões: O que PENSA E SENTE? O quevocê pensa sobre a importância dos pelos e cabelos para o homem? Como você se sente sobre os conhecimentos adquiridos neste ciclo? Quais são seus sonhos ao estudar a Estética capilar e Tricologia? E quais são suas preocupações? O que OUVE? Quais pessoas e ideais te influenciam na Estética Capilar e Trico- logia? O que você escuta sobre os pelos? O que ouve sobre as propriedades físicas do cabelo? Quais características do cabelo que você mais escuta as pessoas reclamarem? O que VÊ? Qual parte do cabelo você vê (haste ou raiz)? Qual(is) forma(s) de cabelo você vê com maior frequência (liso, ondulado, enrolado ou crespo)? O que FALA E FAZ? Que você faz para aprender mais sobre os cabelos? O que você fala sobre o ciclo do cabelo? O que você fala sobre os tipos de pelos? O que você faz com seus cabelos? Quais são as DORES? Qual dos conhecimentos, abordados neste ciclo, você teve maior dificuldade em compreender? Qual(is) dificuldade(s) precisa superar para conseguir o que deseja com o curso? Quais são as NECESSIDADES? O que você acha que precisa fazer para superar suas dificuldades? O que você deseja alcançar com este curso? 37 M A P A M EN TA L A G O R A É C O M V O C Ê 38 1. Os pelos e os cabelos são órgãos anexos da pele (ou cútis) e fazem parte do sistema tegumentar. Eles são estruturas filiformes e queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma invaginação da epiderme, nos folículos pilosos e podem ser divididos, anatomicamente, em duas partes: haste e raiz (FRANGIE et al., 2016; JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018). Com base nas informações apresentadas sobre os pelos e os cabelos, avalie as asserções a seguir: I) A raiz do cabelo é a parte intradérmica do fio e é constituída principalmente pelo folículo piloso; bulbo capilar; papila dérmica; músculo eretor do pelo e glândulas sebáceas. II) A haste do cabelo ou eixo do cabelo é a parte externa do fio, é produzida pela matriz e constituída pela medula, pelo córtex e pela cutícula. III) O folículo piloso é uma depressão em forma de túbulo na pele ou no couro cabeludo, que contém a raiz do cabelo, são distribuídos por todo o corpo, exceto nas palmas das mãos e plantas dos pés. IV) A unidade folicular é caracterizada por um feixe de folículos pilosos, e esta contém apenas um tipo de pelo. É correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) I e II, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III e IV. 2. Uma mulher negra, de cabelos crespos, foi até uma clínica de estética capilar com o desejo de fazer modelagem e finalização dos fios (cachos permanentes). Sabemos que esses cabelos me- recem uma atenção especial, devido às características dos fios, sendo esses classificados como finos e frágeis (BRAGA, 2014; HALAL, 2016). Sendo assim, o esteticista capilar necessita conhecer as características biológicas do cabelo crespo e onde e como os produtos atuam, evitando, assim, danificar os cabelos de sua cliente. Levando em consideração as informações apresentadas, qual das afirmações a seguir melhor condiz com as características naturais do cabelo desta cliente: a) Os cabelos crespos são considerados frágeis para alisamentos, isto se deve por ter muitas ligações laterais em seus filamentos de microfibrilas. b) A medula é a camada mais interna dos fios e, nos cabelos crespos, esta estrutura confere resistência para descolori-lo uma vez que possui pigmentos de melanina. c) A cutícula é formada por células sobrepostas transparentes que revestem o córtex e, nos cabelos crespos, ela é considerada fina, contendo apenas seis camadas de células cuticulares. d) Os cabelos crespos são frágeis por não conterem a medula uma vez que esta é a estrutura que compõe, predominantemente, a massa capilar, confere ao cabelo resistência, flexibilidade, elasti- cidade e cor. e) A cutícula reveste o córtex e, nos cabelos crespos, ela é considerada grossa, contendo onze ca- madas de células cuticulares. A G O R A É C O M V O C Ê 39 3. A proteína que constitui o cabelo é a α-queratina, uma proteína fibrosa, adaptada à função es- trutural e é encontrada apenas em mamíferos. As proteínas são constituídas por aminoácidos ligados entre si por ligações peptídicas, formando as cadeias polipeptídicas, que são unidas por ligações laterais (NELSON; COX, 2014). Essas ligações conferem ao cabelo, em sua conformação natural, força e elasticidade (HALAL, 2016). Quais são as ligações laterais? Diferencie-as. 4. O Córtex compõe, predominantemente, a massa capilar, confere ao cabelo resistência, flexibili- dade, elasticidade e cor. A cor natural do cabelo existe em função do pigmento que está presente nesta região, a melanina (HALAL; 2016; PEREIRA et al., 2016). Sobre a coloração do cabelo, avalie as asserções a seguir: I) A variedade de cor natural é possível através da combinação entre dois tipos de melanina: a eumelanina e a feomelanina. II) Os cabelos ruivos são possíveis por causa de um pigmento denominado tricosiderina, este é derivado da feomelanina e contém o elemento ferro (Fe) em sua molécula, que confere a cor vermelha aos cabelos. III) A eumelanina é o tipo mais comum de melanina, e a coloração resultante vai do marrom ao pre- to; a feomelanina, do loiro ao vermelho; e o branco é a cor real da queratina sem os pigmentos. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e II. 5. O pH refere-se ao potencial hidrogeniônico de um meio, sendo que o pH da pele é 5,4 a 5,8, e do cabelo é 4,5 a 5,5. Ter o conhecimento sobre o pH do cabelo e da pele é importante para utilização de soluções e tratamentos. Sendo assim, diga, de forma sucinta, o que acontece com o cabelo quando se utiliza soluções com os seguintes pH: a) solução com pH 3 b) solução com pH 8 c) solução com pH 5 A G O R A É C O M V O C Ê 40 6. O mecanismo de reposição capilar foi descrito pela primeira vez, em 1891, por Adeodato Garcia, e ficou conhecido como ciclo biológico do pelo, que é composto por três fases: anágena, catágena e telógena (HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016). O ciclo se repete a cada quatro ou cinco anos, de forma ininterrupta, até que se inicie o envelhecimento dos fios, que é gradual e potencializado por fatores extrínsecos. Sobre o ciclo biológico do pelo e seu envelhecimento, avalie as seguintes afirmações: I) A fase anágena consiste no período de crescimento do fio. Esta fase dura de três a cinco anos, após, inicia-se a fase catágena que consiste em um período de transição, sinalizando o final da etapa anterior, dura de três a cinco semanas. E, por fim, a fase telógena, que consiste no período de queda do fio, tem duração de três a quatro meses. II) A fase catágena também é conhecida como fase de repouso, importante para a preparação da fase telógena e início de um novo ciclo biológico. III) Durante o envelhecimento, ocorre a diminuição e o encurtamento dos fios na cabeça e, com o passar dos tempos, os folículos terminais secundários transformam-se e voltam a produzir os pelos do tipo vellus. IV) O envelhecimento dos fios ocorre de todos ao mesmo tempo, sendo observada a perda da densidade capilar, da sua espessura e da sua cor natural, resultando nos cabelos brancos. É correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) I e III, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. C O N FI R A S U A S R ES P O ST A S 41 1. Resposta certa é a alternativa d) I, II e III, apenas. 2. Resposta certa é a alternativa c. 3. As ligações laterais presentes nos filamentos de queratina são as seguintes: Ligação de hidrogênio: é um tipo de ligação fraca, rompida facilmente com água ou calor e recuperadas com secagem ou resfriamento. Ligações iônicas/salinas: são um tipo de ligação fraca, rompida por meio de alterações no pH e recuperada ao normalizar o pH. Ligações dissulfetos: consideradas fortes, rompidas por produtos químicos que desfazem as pontes dis- sulfeto e são
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