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Métodos para Estimativas de Perdas Reais em Rede de Abastecimento

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Universidade Federal de Mato Grosso 
 
 
 
 
Instituto de Ciências Exatas e da Terra 
Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Métodos para Estimativas de Perdas Reais em Rede de Abastecimento de 
Água: Estudo de Caso - Residencial Domingos Sávio Brandão 
 
 
 
 
 
 
 
Acelmo de Jesus Brito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá 
2012 
Acelmo de Jesus Brito 
 
 
 
 
 
 
Métodos para Estimativas de Perdas Reais em Rede de Abastecimento de Água: Estudo de 
Caso - Residencial Domingos Sávio Brandão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Recursos Hídricos da 
Universidade Federal de Mato Grosso, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
Mestre em Recursos Hídricos. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Gilson Alberto Rosa Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Métodos para Estimativas de Perdas Reais em Rede de Abastecimento de Água: Estudo de 
Caso - Residencial Domingos Sávio Brandão 
 
 
 
 
Acelmo de Jesus Brito 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Recursos Hídricos da 
Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para a obtenção do grau de 
Mestre em Recursos Hídricos. 
 
 
 
Aprovada por: 
 
 
 
Prof. Dr. Gilson Alberto Rosa Lima 
Universidade Federal de Mato Grosso 
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental 
(Orientador) 
 
 
 
Prof. Dra. Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima 
Universidade Federal de Mato Grosso 
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental 
(Examinador Interno) 
 
 
 
 
Prof. Dr. Alexandre Kepler Soares 
Universidade Federal de Goiás 
Departamento de Engenharia Civil 
(Examinador Externo) 
 
 
 
Cuiabá 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para Acelino Brito e 
Dejanira Maria de Jesuspelos 
exemplos, ensinamentos, e apoio. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, por conduzir-me na caminhada da minha vida, estando ao meu lado em 
todos os momentos e direcionando-me até aqui com força e perseverança. 
 
Ao professor e amigo Dr. Gilson Alberto Rosa Lima, pela orientação, sugestões, 
conselho, opiniões e questionamentos, que foram de fundamental importância para o 
desenvolvimento desse trabalho. 
 
Ao professor Dr. Peter Zeilhofer, pelas sugestões e questionamentos, que foram 
de fundamental importância durante a qualificação. 
 
Ao professora Dra. Elina Beatriz Nunes Rondom Lima, pelas sugestões e 
questionamentos, que foram de fundamental importância durante a qualificação e redação 
final do texto. 
 
Ao professor Dr. Alexandre Kepler Soares, pelos questionamentos, críticas e 
sugestões para a elaboração do texto final. 
 
Ao estudante do curso de engenharia sanitária e ambiental Renato Beregula pela 
revisão dos cálculos. 
 
A Anna Patricia Silva Macedo pela compreensão, carinho e cumplicidade 
incondicional. 
 
A Siurlanda Brito, pelo incentivo e pelos encaminhamentos que fizeram a minha 
caminhada até aqui. 
 
Ao Eng. Msc. Cesar Augusto Medeiros Destro, pela ajuda prestada, na discussão 
de conceitos usualmente utilizados na engenharia, bem como pela orientação na utilização 
de algumas ferramentas computacionais. 
 
Ao Eng. Paulo Mario Costa Cardoso, pela ajuda prestada e nas discussões dos 
resultados. 
 
 A todos os professores do Programa de Mestrado em Recursos Hídricos, 
especialmente: Dr. Ricardo Santos Silva Amorim. 
 
Jeferson Alberto de Lima pela companhia, pelas longas conversas, bem como pela 
amizade que surgiu ao longo deste tempo. 
 
A todos os alunos do mestrado em Recursos Hídricos, especialmente: Ildete, 
França, Milena Athie, Mônica Bidarra. 
 
A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), na qualidade de agência financiadora 
do projeto "Estudo de Minimização de Perdas Físicas em Sistema de Distribuição de Água 
Utilizando o Modelo EPANET", convênio 1231/07, cuja infra-estrutura deu suporte ao 
desenvolvimento do presente trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A Evolução é a Lei da Vida, O 
Número é a Lei do Universo, a 
Unidade é a Lei de Deus”. 
Pitágoras 
RESUMO 
 
 
Brito, A. J. (2012), Métodos para Estimativas de Perdas Reais em Rede de Abastecimento 
de Água: Estudo de Caso - Residencial Domingos Sávio Brandão.116 p. Dissertação de 
Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos, Universidade Federal de 
Mato Grosso, Cuiabá-MT. 
 
 
Os programas de controle e redução de perdas são hoje indispensáveis para gestão dos 
sistemas de abastecimento de água devido a crescente demanda por água potável. Nesse 
contexto, este trabalho mostra os resultados do estudo de perdas de água, em um setor do 
sistema de abastecimento Coophema localizado na cidade de Cuiabá, MT. Para quantificar 
o volume de água perdido foram utilizados os métodos de balanço hídrico e vazão mínima 
noturna. Os dados utilizados foram cedidos pela Companhia de Saneamento da Capital 
(SANECAP) e medidos em campo utilizando macromedidores eletromagnético de vazão e 
pressão e datallogers. Antes de serem utilizados para calcular a perda de água, os dados de 
consumo, vazão e pressão passaram por testes de normalidade para verificar a aderencia 
dos valores observados com a função de distribuição teórica. A perda de água calculada 
por ambos os métodos esta acima do índice registrado em 2009 no relatório do Sistema 
Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) para o município de Cuiabá. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-Chave: Perdas de Água, Balanço Hídrico, Vazões Mínimas Noturnas, Sistema 
Coophema, Cuiabá-MT, Brasil. 
ABSTRACT 
 
Brito, A. J. (2012) Methods for Estimates of Real Losses in Water Supplay System, Case 
Study: Residential Domingos Savio Brandão. 116 p. Dissertation submitted to the Water 
Resources Graduation Program for the Master of Science Degree at Federal University of 
Mato Grosso. 
 
 
Water loss control programs are now indispensable for the management of water supply 
systems due to increasing drinking water demand. In this sense, this work shows the results 
of water losses study in a small area of coophema supply system located at the of Cuibá 
city, Mato Grosso state, central Brazil. The methods of water balance and minimal night 
flow were used to quantify the water loss volume. All the data used were provided by the 
Companhia de Saneamento da Capital (SANECAP) and measured in the field using 
electromagnetic flow meters and pressure datallogers. Before being used to calculate the 
water loss, the normality test were applayed to consumption, flow and pressure data to 
verify the adherence of the observed values with the theoretical distribution function. The 
calculated water loss by both methods is higher than the rate recorded in 2009 in the annual 
report of the Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) for the Cuiabá city. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Keywords: Water Loss, Water Balance, Minimal Night Flow, Coophema Distribution 
System, Cuiabá-MT, Brazil. 
 
i 
 
SUMÁRIO 
 
 
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ iii 
LISTA DE TABELAS................................................................................................................ vi 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. viii 
INTRODUÇÃO............................................................................................................................1 
1 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................3 
1.1 Perdas em Sistemas de Abastecimento de Água: Breve Histórico ..........................................41.2 Informações Geradas pelo SNIS ...........................................................................................8 
Índices de Perdas de Acordo com o SNIS ....................................... Erro! Indicador não definido. 
1.3 Estudos Brasileiros de Controle de Perdas de Água............................................................. 11 
1.4 Métodos de Avaliação de Perdas de Água ........................................................................... 15 
1.4.1 Balanço Hídrico (IWA)................................................................................................ 16 
1.4.2 Balanço Hídrico Modificado ........................................................................................ 20 
1.4.3 Vazões Mínimas Noturnas (VMN) ............................................................................... 23 
1.4.4 Fator de Pesquisa (FP) ................................................................................................. 29 
2 METODOLOGIA ................................................................................................................... 30 
2.1 Etapas do Estudo ................................................................................................................ 31 
2.1.1 Primeira etapa - escolha da área de estudo .................................................................... 32 
2.2.1 Segunda etapa - revisão da literatura ............................................................................ 36 
2.2.2 Terceira etapa - aquisição de dados secundários ........................................................... 36 
2.2.3 Quarta etapa - aquisição de dados primários ................................................................. 37 
2.2.6 Sétima etapa - estimativa das perdas de água ................................................................ 44 
2.4 Softwares ........................................................................................................................... 45 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 46 
3.1 Análise dos Dados Primários e Segundários........................................................................ 47 
3.1.1 Análise dos Registros de Consumo Mensal .................................................................. 47 
3.1.3 Vazão Instântanea de Abastecimento ........................................................................... 64 
3.2 Vazão Mínima Noturna (VMN) .......................................................................................... 97 
3.2 Vazão Mínima Noturna (VMN) .......................................................................................... 97 
3.3 Método de Balanço Hídrico - IWA ..................................................................................... 99 
3.5 Balanço Hídrico IWA-Modificado .................................................................................... 101 
 
ii 
 
4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES ............................................................................... 104 
5 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 107 
6 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ................................................................................... 113 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1.1 - Representação conceitual do método de balanço hídrico proposto pela IWA 18 
Figura 1.2 – Representação conceitual do método de balanço hídrico IWA-Modificado .. 22 
Figura 1.3 - Delivery point - limite entre a distribuição e o consumo. .............................. 25 
Figura 1.4 - Representação conceitual do método da vazão mínima noturna nível ........... 27 
Figura 2.1 – Metodologia aplicada para estimar perdas de água na área de estudo ........... 32 
Figura 2.2 – Localização da área de estudo residencial Domingos Sávio Brandão ........... 33 
Figura 2.3 – Sistemas de abastecimento de água da cidade de Cuiabá.............................. 34 
Figura 2.4 - Sistemas de abastecimento Coophema - Linha de distribuição São Gonçalo . 35 
Figura 2.5 – Etapas da construção do residencial Domingos Sávio Brandão .................... 36 
Figura 2.6 – Fotografia das casas do residencial Domingos Sávio Brandão ..................... 36 
Figura 2.7 – (a) Sensor eletromagnético de vazão por inserção (b) conversor .................. 34 
Figura 2.8 – Instalação do macromedidor de vazão e pressão .......................................... 38 
Figura 2.9 – Instalação do data logger de pressão..............................................................39 
Figura 2.10 – Teste de aderência - gráfico de probabilidade ............................................ 44 
Figura 3.1 – Erros de leituras entre 2006 e 2010 .............................................................. 49 
Figura 3.2 – Leituras de sem consumos .............................................................................. 50 
Figura 3.3 – Classes de consumos micro-medidos ................................................................ 51 
Figura 3.4 – Sub-classes de consumos micro-medidos .......................................................... 52 
Figura 3.5 – Resumo da análise dos consumos micromedidos ......................................... 53 
Figura 3.6 – Histogramas dos consumos mensais lidos .................................................... 54 
Figura 3.7 – Teste de aderência do consumo micro-medido - distribuição normal ........... 55 
Figura 3.8 – Consumo mensal do setor ............................................................................ 59 
Figura 3.9 – Teste de aderencia do consumo mensal do setor em cada ano ...................... 60 
Figura 3.10 – Histograma do consumo mensal do setor ................................................... 62 
 
iv 
 
Figura 3.11 – Teste de aderencia do consumo mensal do setor ........................................ 62 
Figura 3.12 – Consumo médio do setor de estudo............................................................ 64 
Figura 3.13 – Vazão instântanea horária de abastecimento durante o ciclo de leitura de 31 
dias............................................................................................................................... 66 
Figura 3.14 – Histograma da vazão instântanea horária de abastecimento........................ 67 
Figura 3.15 – Teste de aderencia da vazão instântanea horária de abastecimento ............. 67 
Figura 3.16 – Vazão instântanea de abastecimento para os primeiros 19 dias do ciclo de 
leitura ........................................................................................................................... 69 
Figura 3.17 – Vazão intântenea de abastecimento para os últimos 12 dias ciclo de leitura
 ..................................................................................................................................... 70 
Figura 3.18 – Média da vazão instantânea horária para cada dia da semana ..................... 72 
Figura 3.19 – Vazão média de abastecimento agrupada por samana ................................ 73 
Figura 3.20 – Vazão média de abastecimento durante 24h horas ..................................... 74 
Figura 3.21 – Vazão intântenea horária de abastecimento ................................................ 77 
Figura 3.22 – Pressão horária instantânea na entrada do setor de abastecimento durante um 
ciclo de leitura de 31 dias ............................................................................................... 79 
Figura 3.23 – Histograma da pressão horária instantânea................................................. 80 
Figura 3.24 – Gráfico de probabilidades do teste de aderência ......................................... 81 
Figura 3.25 – Pressão instantânea diaria, primeiros 19 dias do ciclo de leitura................ 82 
Figura 3.26 – Pressão instantânea diária, durante os últimos 12 dias co ciclo de leitura ... 83 
Figura 3.27 – Pressão média diária para um ciclo de leitura de 31 dias ............................ 85 
Figura 3.28 – Pressão horária média agrupada por semana para um ciclo de leitura ......... 86 
Figura 3.29 – Pressão horária media agrupada no intervalo de 24 horas........................... 87 
Figura 3.30 – Sistema de informação geográfica ............................................................. 90 
Figura 3.31 – Pressão interna no ponto P1 da área de estudo ............................................ 91 
Figura 3.32 – Pressão interna no ponto P5 da área de estudo ............................................ 95 
Figura 3.33 – Pressão média interna do setor ................................................................... 97 
 
v 
 
Figura 3.34 – Curvas de vazão e pressão médias horária na entrada do sistema durante o 
ciclo de leitura na escala de 24 horas ................................................................................ 97 
Figura 3.35 – Volume distribuído acumulado ................................................................ 100 
Figura 3.36 – Balanço hídrico do setor de estudo - IWA................................................ 100 
Figura 3.37 – Balanço Hídrico modificado do setor de estudo ....................................... 102 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1.1 – Í dices de Perdas de Faturamento por Regiões Brasileiras ........................... 10 
Tabela 1.2 – Índices de Perdas de Faturamento no Estado de Mato Grosso ...................... 11 
Tabela 3.1 – Teste de aderência do consumo mensal (P-valor) distribuição normal ......... 56 
Tabela 3.2 – Teste de aderência do consumo mensal (P-valor) distribuição normal sem os 
consumos nulos ............................................................................................................ 56 
Tabela 3.3 – Estatística descritiva do consumo mensal lido ............................................ 57 
Tabela 3.4 – P-valor do teste de aderência do consumo mensal - distribuição lognormal . 58 
Tabela 3.5 – P-valor do teste de aderência do consumo mensal - distribuição Weibull ..... 58 
Tabela 3.6 – P-valor do teste de aderência do consumo mensal do setor .......................... 60 
Tabela 3.7 – Estatística descritiva dos consumos mensais no setor .................................. 61 
Tabela 3.8 – P-valor do teste de aderência do consumo mensal ....................................... 63 
Tabela 3.9 – Estatística descritiva do consumos anual no setor ........................................ 63 
Tabela 3.10 – P-valor do teste de aderência da vazão na entrada do setor ........................ 68 
Tabela 3.11 – Teste de aderência da vazão de abastecimento em intervalos de 24 horas .. 71 
Tabela 3.12 – Teste de aderência da vazão média agrupada por dia da semana ................ 64 
Tabela 3.13 – Teste de aderência da vazão média de abastecimento agrupada por semana74 
Tabela 3.14 – Estatística descritiva da vazão média de abastecimento ............................. 75 
Tabela 3.15 – Teste de aderência da vazão média de abastecimento escala de 24 horas ... 76 
Tabela 3.16 – P-valor do teste de aderência da pressão na entrada do setor ...................... 81 
Tabela 3.17 – Teste de aderência da pressão instantânea horária agrupada por dia .......... 84 
Tabela 3.18 – Teste de aderência da pressão agrupado por dia da semana ........................ 85 
Tabela 3.19 – Teste de aderência da pressão agrupado por semana .................................. 86 
Tabela 3.20 – Estatística descritiva da pressão na entrada do setor................................... 88 
Tabela 3.21 – Teste de aderência da pressão, agrupado por hora ...................................... 89 
 
vii 
 
Tabela 3.22 – Estatística descritiva dos dados de pressão do ponto P1 ............................. 91 
Tabela 3.23 – Teste de aderência da pressão horária no ponto P1 .................................... 93 
Tabela 3.24 – Estatística descritiva da pressão interna média horária do ponto P5 ............ 94 
Tabela 3.25 – Estatística descritiva dos dados de pressão do ponto P5 ............................ 96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
AWWA - American Water Works Association 
BABE - Burst and Background Estimates 
BNH - Banco Nacional de Habitação 
CASAL - Companhia de Saneamento de Alagoas 
COPASA - Companhia de Saneamento Básico de Minas Gerais 
FAVAD - Fixed and Variable Area Discharge Paths 
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos 
FND - Fator Noite e Dia 
FP - Fator de Pesquisa 
GESSAN - Grupo de Estudo e Pesquisa em Gestão do Saneamento 
GCT - Guia de Capacitação e Treinamento 
IP - Indicador Percentual 
IPER - Índice de Perdas por Extensão da Rede 
IPR - Índice de Perdas por Ramal 
IWA - International Water Association 
MCT - Ministério de Ciência e Tecnologia 
ONU - Organização das Nações Unidas 
PAR - Programa de Arrendamento Residencial 
PDVN - Perda na Distribuição na Vazão Noturna 
PECOPE - Programa de Controle Operacional 
PMSS - Programa de Modernização do Setor de Saneamento 
PNDCA - Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água. 
ReCESA - Redep Nacional de Captação e Extensão Tecnológica em Saneamento 
Ambiental 
REDECOPE - Rede de Cooperação de Pesquisa em Eficiência Hidroenergética 
SANECAP - Empresa de Saneamento da Capital 
SANEMAT - Companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso. 
SNIS - Sistema Nacional de Informações de Saneamento 
SQL - Structured Query Language 
TI - Tecnologia da Informação 
 
ix 
 
VDPR - Volumes Diários de Perdas Reais 
VMN - Vazões Mínimas Noturnas 
VMPR - Volume Mensal de Perdas Reais 
VNA - Vazão Noturna de Abastecimento 
VNL - Vazão Noturna Líquida 
WLTF - Water Leakage Task Force 
 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
Apesar do Brasil possuir uma das maiores reservas de água doce do mundo a atual 
situação do país em termos de abastecimento de água é extremamente crítica. Grande parte 
dos centros urbanos brasileiros enfrentam graves problemas de abastecimento de água. 
Entre os fatores concorrentes para esta situação estão: o crescimento populacional 
desordenado, o desperdício, e a carência de planejamento operacional devido à falta de 
dados e informação sobre o comportamento hidráulico dos sistemas. Todos estes fatores 
provocam altos índices de perdas e tornam o processo de gestão mais complexo. Hoje, o 
aumento da demanda por água, somado ao alto índice de perdas obrigam as companhias de 
saneamento a se adequarem e/ou melhorarem os sistemas de distribuição de água para a 
satisfazer os clientes e as metas de universalização da oferta de água potável. A redução da 
perda de água conduz a um maior equilíbrio financeiro, além de evitar a necessidade de 
altos investimentos inerentes à execução de novas captações, tratamento e transporte da 
água. 
Neste contexto esta dissertação mostra o resultado do estudo de caso em um setor 
do sistema de abastecimento Coophema localizado na Cidade de Cuiabá, MT. A 
metodologia fundamentou-se numa abordagem quantitativa onde foram aplicados os 
métodos de balanço hídrico proposto pela International Water Asssociation (IWA), 
balanço hídrico modificado (Almandoz et al., 2006) e vazão mínima noturna para 
quantificar perdas de água durante o processo de distribuição. O estudo foi realizado no 
conjunto residencial Domingos Sávio Brandão, é um setor é totalmente hidrometrado, 
possuindo 211 residenciais. 
A dissertação está estruturada em quatro capítulos. O capítulo 1, aborda os fatores 
preponderantes que motivaram o estudo. Uma revisão dos principais estudos realizados no 
Brasil sobre perdas de água. Também são descritos os métodos, balançohídrico proposto 
 
2 
 
pela IWA, balanço hídrico modificado e proposto por (Almandoz et al., 2005) e vazão 
mínima noturna utilizados para estimar perdas de água no setor de estudo. 
O capítulo 2 aborda como os dados foram obtidos. Os testes metemáticos de 
aderencia de Shapiro-Wilk, Anderson-Darling e Kolmogorov-Smirnov utilizados para 
analisar os dados de consumo, vazão e pressão antes de serem utilizados para calcular a 
perdas de água no setor estudado. 
O capítulo 3, mostra e discute os resultados dos testes de aderencia dos valores 
observados de consumo, vazão e pressão, e os valores calculados para a perdadde água 
utilizando os métodos de balanço hídrico e vazão mínima noturna. 
O Capítulo 4, descreve as principais conclusões do estudo e recomendações para 
estudos futuros. 
 
3 
 
Capítulo 1 
 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
Na primeira parte deste capítulo é abordado os fatores preponderantes que 
motivaram os estudos sobre controle de perdas em sistemas de abastecimento de água, e a 
importância destes estudos no desenvolvimento de modelos matemáticos para quantificar 
perdas reais e aparentes, assim como os índices de perdas nacionais segundo o Sistema 
Nacional de Informação do Saneamento (SNIS). Na segunda parte são descritos os 
principais estudos sobre controle de perdas realizados no Brasil. Também são descritos os 
métodos, balanço hídrico proposto pela IWA, balanço hídrico modificado proposto por 
(Almandoz et al., 2005) e o método da vazão mínima noturnas os quais foram utilizados 
para estimar perdas de água na área de estudo. A revisão foi contextualizada a partir de 
artigos científicos, dissertações, teses, livros e relatórios sobre o tema abastecimento e 
controle de perda de água. 
 
4 
 
1.1 Perdas em Sistemas de Abastecimento de Água: Breve Histórico 
 
No final do século XX dois fatores preponderantes nortearam os rumos dos 
modelos de negócios em escala mundial. O Primeiro fator foi o desenvolvimento e a 
utilização da tecnologia da informação (TI) para aperfeiçoar os processos administrativos1, 
gerenciais2 e decisórios3. Com o advento da TI, foram desenvolvidos os sistemas de 
informações que provocaram alterações na estrutura e forma das transações de negócios 
das empresas em geral. A gestão (administração) passou a ser realizada com foco em 
processos, regras, atividades e responsabilidade em substituição aos níveis hierárquicos 
preconizados pela teoria clássica da administração (McLEOD, 1994). Com o uso dos 
sistemas de informação as empresas começaram a perceber a importância da informação e 
como esta agrega valor a produtos e serviços. O segundo fator foi a pressão exercida pela 
comunidade ambientalista a não tolerância à ineficiência do uso dos recursos hídricos, 
introduzindo gradativamente regulamentações ambientais em nível internacional. Além 
destes dois fatores a mídia televisiva e outros fóruns de comunicação contribuíram e ainda 
contribuem para fomentar forças competitivas com o foco na eficiência das empresas 
através do uso de tecnologia, mão de obra especializada e alinhamento com as 
regulamentações ambientais. 
 Além destes dois fatores preponderantes, do ponto de vista da pesquisa diversos 
estudos contribuíram para o atual estágio do controle de perdas e gestão dos sistemas de 
abastecimento de água. Em 1973 foi realizado no Reino Unido o primeiro estudo 
importante sobre perdas em sistemas de abastecimento de água, onde em um árduo 
trabalho de campo um extenso questionário foi respondido por diversas companhias de 
saneamento cujo objetivo era analisar a eficiência operacional dos sistemas de 
abastecimento, o resultado deste estudo foi consubstanciado no Report 26 (RIDLEY, 
1980). 
Durante a década de 80 ocorreu o processo de privatização das companhias de 
saneamento do Reino Unido. A partir de 1989 o órgão regulador (Office of Water Services) 
tornou obrigatório para todas as companhias de saneamento apresentação de dados 
 
1 Conjunto de normas e funções elaboradas para disciplinar os elementos de produção. 
2 Elaboração de atividades relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pré-definidos, num certo prazo, com um 
certo custo e qualidade, através da mobilização de recursos técnicos e humanos. 
3 Processo pelo qual são escolhidas algumas ou apenas uma entre muitas alternativas para as ações a serem realizadas. 
 
5 
 
numéricos, e relatórios com informações sobre a aplicação de princípios de ordem técnica 
e econômica na redução de perdas (LAMBERT e McKENZIE, 2002). A partir desta 
decisão, em 1990 à associação das empresas de distribuição de água do Reino Unido 
criaram o National Leakage Control Initiative (NLCI), com o objetivo de atualizar e 
revisar o Report 26. Cabe aqui observar que, nesta época ainda não havia um método 
padrão para análise dos dados. 
Em 1991, a International Water Association (IWA) iniciou um esforço em larga 
escala para avaliar a operação dos sistemas de abastecimento de água do Reino Unido e em 
outros países. O estudo, revelou índices percentuais de perdas de 8 à 24% nos países 
desenvolvidos e chegavam a 45% nos países em desenvolvimento (FARLEY, 2001). 
O relatório elaborado pelo Banco Mundial em 1993 (WORLD BANK, 1993), 
descreveu diversas propostas para utilização dos recursos hídricos. O mesmo enfatizou a 
gestão dos sistemas de abastecimentos urbanos e a necessidade de políticas e programas 
para a conservação e uso racional da água. Recomendando que as empresas de saneamento 
devam esforçar-se para melhorar seu desempenho, aumentar os lucros, e ainda ser 
responsável por um uso eficiente da água captada. 
Em 1994, a série de relatórios sob o título Managing Leakage introduziu o 
conceito conhecido como BABE (Burst and Background Estimates), considerado 
referência internacional (BESSEY et al., 1994). Outro estudo importante publicado em 
1994 foi realizado por John May. O estudo de May estabeleceu a relação entre pressão e 
vazamentos por meio do conceito conhecido como Fixed and Variable Area Discharge 
Paths (FAVAD). O estudo explicou o aparente paradoxo hidráulico entre pressão e 
vazamento na rede de distribuição de água postulando que a seção transversal de certos 
tipos de aberturas de vazamentos pode variar com a pressão. Enquanto a velocidade do 
escoamento continuaria a variar de acordo com a raiz quadrada da pressão. Até então, era 
senso comum que o vazamento, como qualquer escoamento através de orifícios, era uma 
função da raiz quadrada da pressão. Esse conceito explica a aparente inconsistência 
observada nos resultados de estudos sobre controle de perdas utilizando dados de diversos 
países (LAMBERT, 2000a). 
 
 
6 
 
Em 1998, Lambert mostrou que é possível reduzir vazamentos inerentes e perdas 
nos ramais domiciliares ligados à rede, reduzindo a pressão no sistema (LAMBERT et 
al.,1998). Conejo et al. (1999), mostraram a importância de manter as pressões na rede em 
faixa adequada, da ordem de 10 à 30 m.c.a. (100 à 300 kPa). 
Ao longo da década de 90 materializaram-se esforços para desenvolver uma 
metodologia para auditoria e indicadores de desempenho relacionados ao controle de 
perdas de água. O resultado foi a elaboração de um modelo padrão (nomenclatura 
internacional) que pudesse ser aplicado para comparar o desempenho de perdas de água de 
sistemas de qualquer lugar do mundo (IWA, 2000, 2006). O modelo desenvolvido pela 
IWA foi considerado como as melhores práticas por que: a) o estudo foi pioneiro e fornece 
uma estrutura clara da necessidade de dados e informações sobre o comportamento 
hidráulico do sistema de distribuição; b) foi testado exaustivamente usando dados 
provenientes de sistemas de abastecimento de dezenas de países. Desde então vários 
países, incluindo África do Sul, Austrália, Alemanha, Malta, e Nova Zelândia adotaram o 
modelo proposto pela IWA para auditoriade água e indicadores de desempenho como a 
melhor prática para a gestão nacional de perdas de água (THORNTON, J. 2008). 
No ano 2000 foi publicado o Performance Indicators for Water Supply Services 
(ALEGRE et al., 2000) a partir do trabalho da força tarefa liderada pela IWA e que teve 
como objetivo definir um conjunto de indicadores para medir a eficiência de operação dos 
sistemas de abastecimento. Esse instrumento veio ao encontro dos princípios de controle 
de perdas, na medida em que envolve uma série de registros convergindo para informações 
gerenciais para a tomada de decisão. 
Outro estudo importante mostrou que é possível determinar pressões na rede, com 
certo grau de precisão utilizando modelos de simulação hidráulica, permitindo ao operador 
do sistema escolher estratégias para minimizar perdas através da calibração do modelo da 
rede, (INGEDULD et al., 2001). Karney (2004) mostrou que, em certos casos, os 
vazamentos podem ser benéficos para a atividade de operação, na medida em que os 
vazamentos representam pontos de alívio para os transientes hidráulicos que ocorrem 
continuamente no sistema. 
Em 2005 a articulação de desenvolvimento do Banco Mundial lançou uma 
iniciativa para promover o modelo proposto pela IWA como as melhores práticas para a 
 
7 
 
redução e controle de perdas. A iniciativa envolveu cursos de formação e manuais 
fornecidos aos serviços públicos de água dos países em desenvolvimento. Através deste ato 
o modelo de gestão de perda de água desenvolvido no Reino Unido provou ser (no 
contexto do Banco Mundial) uma tecnologia facilmente transferível e foi adotado na África 
do Sul, Malásia, Austrália, Nova Zelândia, Brasil e Canadá. Iniciativas realizadas na 
década de 90, na Malásia e no Brasil com investimentos em curso de mais de US$ 100 
milhões em cada projeto foram concluídos. Os projetos incluem auditoria, gerenciamento 
de pressão, melhoria nas técnicas de monitoramento de detecção de vazamentos, reparo e 
melhoria na infra-estrutura e receita. Outro relatório elaborado pelo Banco Mundial (ONU, 
2005), descreveu propostas relacionadas ao estudo e quantificação das perdas de 
faturamento. Estabelece que perdas de faturamento contem três componentes: perdas reais 
(ou físicas), perdas comerciais (ou aparente), e consumos autorizados e não faturados. 
No Brasil, o tema foi abordado seguindo a mesma linha de conduta do Reino 
Unido com o inicio das privatizações das companhias de saneamento incentivadas pelo 
Banco Mundial. Em 1980, foi criado o Programa de Controle Operacional (PECOPE), 
pelo antigo Banco Nacional de Habitação (BNH), com linhas de financiamento específicas 
para empresas de saneamento desenvolver programas de redução de perdas. Porém, poucas 
ações foram mantidas e finalizadas. Anos mais tarde, em 1993, deu-se início o Programa 
de Modernização do Setor de Saneamento (PMSS). O PMSS financiou investimentos em 
expansão e melhorias operacionais nos sistemas de abastecimento. O Programa investiu 
cerca de US$ 500 milhões (metade financiado pelo Banco Mundial) na primeira fase, 
encerrada no ano 2000. A segunda fase contou com mais de US$ 200 milhões para serem 
aplicados, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil (PMSS, 
2003). Em 1997, outra ação governamental criou o Programa Nacional de Combate ao 
Desperdício de Água (PNCDA) para conservação e uso racional da água de abastecimento 
público na esfera federal (PNDCA, 1998). 
Neste cenário, a exemplo do Reino Unido em 1996, foi criado o Sistema Nacional 
de Informações sobre Saneamento (SNIS). O sistema contém informações de caráter 
institucional, administrativo, operacional, gerencial, econômico-financeiro e de qualidade 
sobre a prestação de serviços de água. Seguindo recomendação do Banco Mundial o 
Ministério de Ciência e Tecnologia através das organizações governamentais de fomento a 
pesquisa (FINEP, CNPq, FUNASA, ELETRONORTE e as fundações Estaduais de 
 
8 
 
Amparo à Pesquisa) tem disponibilizado recurso para o financiamento de projetos 
relacionados à gestão dos sistemas de abastecimento de água no Brasil. Um exemplo de 
projeto realizado em nível nacional foi a Rede Nacional de Capacitação e Extensão 
Tecnológica em Saneamento Ambiental (ReCESA) cujo propósito foi reunir, articular e 
integrar um conjunto de instituições e entidades com o objetivo de promover o 
desenvolvimento institucional do setor mediante soluções de capacitação, intercâmbio 
técnico e extensão tecnológica. 
 
1.2 Informações Geradas pelo SNIS 
Com relação a perdas em sistemas de abastecimento de água, estudos técnicos têm 
considerado, de forma unânime, que os indicadores percentuais de perdas, ou seja, que 
utilizam apenas relações entre volumes, não são os mais apropriados para avaliar perdas. O 
principal questionamento com os percentuais é que esses conferem uma aparência de 
homogeneidade dos serviços embora trabalhem sob condições operacionais muito 
diferentes. Dentre as alternativas propostas a esses indicadores, alguns autores adotam 
fórmulas que associam volumes perdidos a algum parâmetro físico do sistema de 
distribuição, como extensão de rede e quantidade de ligações prediais. Outra forma de 
tratamento da questão, proposta por alguns autores, é a utilização de indicadores em 
percentual, complementados por indicadores físicos, adotados na análise de forma 
combinada. 
Foi enfatizado no inicio deste capítulo, que o conceito de sistema de informação 
foi um dos fatores preponderantes para o atual estágio da gestão de sistemas de 
abastecimento de água porque a informação é o fator que mais contribui para o 
planejamento eficaz de uma empresa. A tomada de decisões em uma empresa de 
saneamento exige o pleno conhecimento dos serviços prestados, na forma de dados, os 
quais precisam ser gerados e principalmente transformados em informação útil e de 
qualidade. 
 O sistema contém dados de caráter operacional, gerencial e financeiro sobre a 
prestação de serviços e qualidade da água. Os dados operacionais, em teoria, permitem 
avaliar a qualidade e quantidade dos serviços prestados e da produção de água. Foram 
 
9 
 
criados indicadores para avaliar o grau de atendimento e cobertura dos serviços, 
identificando as demandas e ofertas para auxiliar a avaliação dos déficits dos serviços. Os 
dados gerenciais, financeiros e de balanço permitem avaliar o desempenho dos prestadores 
de serviços, sob os aspectos físicos, econômicos e financeiros, analisando e medindo a 
eficiência e a eficácia da gestão. 
 Em principio uma análise dos dados disponíveis no SNIS deveria servir para 
orientar a aplicação de recursos e investimentos. Porém, quando os dados contidos no 
SNIS são analisados na tentativa de transformá-los em informação, o que se verifica é a 
quase total ausência de controle operacional em decorrência de uma prática muito comum, 
na esfera das organizações governamentais, ou seja, a “falta” ou “coletânea demasiada” de 
dados, que não são possíveis de serem transformados em informações. Essa opinião foi 
reforçada por Pereira e Paranhos (2002) ao afirmar que as organizações municipais 
executam as rotinas de acumulação de dados, porém não os transformam em informações e 
conhecimentos. Como consequencia da falta de análise, terminam perdendo sua capacidade 
de utilização. 
Do ponto de vista operacional, as perdas são concebidas como o volume de água 
disponibilizado e não contabilizado pela empresa prestadoras do serviço. Thornton (2008) 
classifica as perdas em perdas reais e perdas aparentes. Perda real também chamada de 
perda física, são as fugas de água da rede de abastecimento, inclui os vazamentos em 
canos, juntas e acessórios; vazamento de reservatórios e tanques, e as perdas de água 
causada pelo rompimento da tubulação; E perda aparente também chamada de perda de 
faturamento, são causadas por imprecisões associadas ao processo de medição do 
consumo,são erros de leituras (normalmente sub-medição4), consumo não autorizado 
(fraude) e tambem o consumo autorizado não faturado. 
 As perdas reais correspondem ao volume de água que saiu da rede sem ser 
consumida; e as perdas aparentes representam o volume de água consumida e não 
registradas ou cobradas. 
Segundo o diagnóstico oficial dos serviços de água e esgoto do SNIS, em 2002, o 
índice de perda de faturamento nos sistemas brasleiros foi de 40,5% (SNIS, 2003) segundo 
o indicador I13, demonstrando uma situação preocupante. O indicador I13 é medido pela 
 
4 Sub-medição - imprecisão na medição feita pelos hidrômetros residenciais. 
 
10 
 
relação entre os volumes faturados e disponibilizados para distribuição. Segundo (SILVA 
et al., 1998; ALEGRE, 2000) este indicador, não considera as perdas no tratamento e na 
captação. Na Tabela 1.1 é mostrado o índice médio de perdas de faturamento para as cinco 
regiões Brasileiras. 
Tabela 1.1 Índices de Perdas de Faturamento por Regiões Brasileiras 
Regiões 2009 2008 2007 2006 
(%) (%) (%) (%) 
Norte 53,7 53,0 61 58,1 
Nordeste 44,0 44,8 34,5 44,1 
Sudeste 26,0 36,2 37,6 39,3 
Sul 25,3 26,7 34,4 29,7 
Centro-Oeste 33,8 33,7 40,1 36 
Brasil 37,1 37,4 39,1 39,8 
Fonte: SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 
 
 
De acordo com o diagnostico realizado pelo SNIS em 2005, o Brasil perdia, em 
média, 44,81% da água distribuída em relação à água captada, apesar do índice médio de 
cobertura do serviço de água para as populações urbanas ser de 96,3%. Isso quer dizer que 
quase a metade da água que é tratada é desperdiçada antes de chegar ao consumidor. Os 
melhores sistemas brasileiros, neste quesito, têm perdas de 18%, valor ainda alto para os 
padrões europeus, onde há índices de perdas menores que 5%”. 
Todos os índices apontam para a necessidade de redução das perdas. Algumas 
companhias com índices da ordem de 25%, mas com a média nacional em torno de 50% 
segundo o SNIS. 
O Estado de Mato Grosso enfrenta os mesmos problemas que outros estados 
Brasileiros principalmente em regiões de grandes concentrações populacionais, como é o 
caso da cidade de Cuiabá. De acordo com a SNIS (2005) o estado de Mato Grosso possui o 
maior número de cidades com índices de perdas de água maiores que 50%. A Tabela 1.2 
mostra os índices de perda de faturamento do estado de mato grosso de 2006 à 2009. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 Tabela 1.2 - Índice de Perda de Faturamento no Estado de Mato Grosso 
Ano Índice (%) 
2006 30 à 40 
2007 30 à 40 
2008 30 à 40 
2009 40 à 50 
 
 
O índice de perdas de faturamento é o indicador de perdas mais utilizado no Brasil 
embora sua denominação indique perdas do ponto de vista financeiro, na prática é muito 
utilizado para estimar perdas de água. Essa é uma forma equivocada, pois os volumes de 
água faturados são normalmente superiores aos volumes de água consumidos. Tal fato 
decorre dos critérios de faturamento, adotados de forma quase unânime no Brasil conforme 
descreve Miranda (2003) e comprovado neste estudo. Embora o governo tenha demandado 
esforços seguindo a conduta adotada no Reino Unido, após 15 anos ainda não conseguiu 
atingir o objetivo. Os modelos, balanço hídrico e indicadores de perdas, propostos pela 
IWA e SNIS enfocam apenas perdas de faturamento e as prestadoras de serviços 
continuam operando com valores altos de perdas reais e financeiras. Miranda (2002) 
realizou uma pesquisa do amplo rol de indicadores existentes no cenário nacional e 
internacional, e uma análise comparada entre eles, os quais serviram de base para uma 
proposta padrão, aplicável aos sistemas brasileiros. 
 
1.3 Estudos Brasileiros de Controle de Perdas de Água 
 Destaca-se o estudo de controle de perdas reais através do gerenciamento e 
redução de pressão em conjunto com o monitoramento da vazão mínima noturna, realizado 
por Gonçalves (1998). O resultado do estudo mostrou que dos métodos utilizados, o mais 
simples para redução de perdas foi o uso de válvulas redutoras de pressão com saída 
constante, incluindo-se nessa categoria também os reservatórios de quebra de pressão. A 
alternativa mais eficiente, entretanto mais onerosa, é a válvula redutora de pressão com 
vazão modulada, com a qual se pode variar a pressão de saída com a hora do dia, 
otimizando a performance do sistema quanto a perdas. 
 
12 
 
Apesar das válvulas redutores de pressão serem equipamentos frequentemente 
utilizados para o controle de pressão, Gonçalves e Ramos (2008), promovem a utilização 
de outras soluções com caractrísticas semelhantes. Para os autores o uso de turbinas ou de 
bombas que podem funcionar como turbinas, constitui um meio econômico como sistema 
redutor de perdas de água e gerador de energia. Através do excesso de energia disponível 
no sistema, as turbinas podem ser uma alternativa valiosa para produção de energia dentro 
de uma gerência sustentável de baixo custo. 
Werdine (2002) descreveu um estudo de caso realizado na Companhia de 
Saneamento Básico de Minas Gerais (COPASA) em um bairro com 315 residências na 
cidade de Itajubá, onde foi realizada uma avaliação da perda de água no sistema de 
abastecimento utilizando o índice percentual de perdas. O resultado apontou uma perda de 
36%. A estimativa foi realizada para um período de 30 dias. 
Soares (2003) desenvolveu uma rotina computacional a qual foi implementada no 
simulador hidráulico EPANET, utilizando dados de rede hipotética com vistas à calibração 
em termos das rugosidades absolutas, demandas, diâmetros, cotas topográficas e 
parâmetros do modelo de vazamentos. Soares utilizou modelos inversos resolvidos com o 
suporte da tecnologia dos Algoritmos Genéticos e procedimento híbrido (Algoritmos 
Genéticos e Método Simplex). O algoritmo desenvolvido considera vazamentos e 
demandas dependentes da pressão e determina a demanda de água de maneira interativa. 
Barroso (2005), estudou as possibilidades de minimizar as perdas físicas em um 
setor do sistema de distribuição de água de Santa Maria – RS, utilizando o simulador 
hidráulico EPANTE. Foram simuladas redes no EPANET com diferentes pares de 
parâmetros da relação pressão versus vazamento, a fim de verificar a variação nas pressões 
e conseqüentemente nos vazamentos, devido às manobras nas válvulas redutoras de 
pressão. A aplicação do modelo se mostrou muito satisfatória, após a calibração, foi 
possível criar um termo de comparação e simular intervenções na rede como ajustes de 
válvulas redutoras de pressão entre outros. 
Itonaga (2005) apresentou a metodologia proposta pela National Leakage Control 
Initiative, do Reino Unido, para o controle de perdas de água como cenário para a 
aplicação de modelos de simulação de redes de água reais do Distrito Federal. 
 
13 
 
Moura (2006) aplicou e avaliou a utilização de software de modelagem hidráulica, 
em sistema de distribuição da Cidade de Cuiabá utilizando o EPANET 2.0 estudos de 
perdas na rede de abastecimento. O modelo EPANET mostrou-se adequado ao sistema de 
abastecimento Coophema, mas seus resultados poderiam ser melhores caso os parâmetros 
de entrada fossem mais precisos, isto é, mais próximos da realidade. A realização do 
estudo de caso permitiu uma análise crítica da qualidade dos dados operacionais, que 
conclui na necessidade de investimento para a melhoria dos dados antes de um estudo de 
controle de perdas no sistema e um estudo mais completo de modelagem do sistema 
completo onde existam intermitência operacionais. 
Borges (2007) avaliou a magnitude do erro de medição no parque de hidrômetros 
da cidade de Uberlândia em Minas Gerais quando o mesmo está submetido à variações de 
demanda, usando medidores mais sensíveis à medições de baixas vazões, chegando à uma 
perda aparente de 13,56% em média, ocorrente de sub-medições. 
Galvão (2007) investigou o efeito da redução de pressãoem redes de 
abastecimento, através de válvulas redutoras, na região metropolitana de São Paulo, na 
redução do consumo de água. Utilizando uma metodologia estatística, baseada em critérios 
de filtragem e testes paramétricos de hipóteses, os resultados indicaram que embora tenha 
ocorrido uma tendência de redução, tal fato não pude ser atribuido a implementação das 
válvulas. 
Silva (2008) verificou os fatores que provocam erros de medição de vazão e que 
estes erros tem fundamental importância para o controle de perdas nos sistemas de 
abastecimento de água. A imprecisão na medição feita pelos hidrômetros residenciais, 
notadamente, representa uma parcela significativa das perdas aparentes. 
Cohim et al. (2009), em pesquisa realizada no município de Simões Filho-BA, 
caracterizou o consumo de água em residência num condomínio de classes populares, 
como forma de promover uma gestão eficiente, baseada em uma distribuição próxima a 
demanda, chegando a conclusão que naquela região o consumo percapta estava entre 74,34 
e 85,99 litros/hab/dia. Valores abaixo da média regional e nacional que foram 
respectivamente 120 e 148,5 litros /hab/dia, no mesmo ano segundo o SNIS. 
 
14 
 
 Nakagawa (2009) apresentou outros trabalhos e campanhas que foram 
desenvolvidos no Brasil nos âmbitos estadual, municipal, nos setores públicos e privados, 
com vistas ao combate às perdas e desperdícios de água. 
Vinciguera (2009) correlacionou os valores de perdas de um sistema real e do 
mesmo setor com mínima pressão de abastecimento através da utilização de válvulas de 
controle de pressão e inversores de freqüência, cenários esses, simulados através do 
software EPANET, e utilizando o Balanço Hídrico antes de depois da metodologia, 
concluíram que a mesma são alternativas eficazes no combate às perdas em sistemas de 
abastecimento de água, pois são consideradas de baixo e investimento com resultados 
imediatos de redução de perdas físicas. 
Motta (2010) apresentou o impacto da redução de pressão na rede de distribuição 
sob as perdas reais de água através da análise das curvas de consumo em microzonas 
controladas por válvulas redutoras de pressão. 
Odan (2010) desenvolveu um estudo focado na problemática da previsão de 
demandas em Sistemas de Abastecimento de Água em tempo real, objetivando identificar 
o modelo que produza os melhores ajustes. Foram estudadas as Redes Neurais Artificiais 
Percepton de Múltiplas Camadas, a Rede Neural Dinâmica e duas Redes Neurais 
Artificiais híbridas. Utilizou-se dados de consumo horário de água das cidades de São 
Carlos e Araraquara, SP, e variáveis meteorológicas, tais como temperatura, umidade 
relativa do ar e ocorrência de chuva como dados de entrada. Os resultados apontaram que 
os melhores modelos de previsão foram os que utilizaram a Rede Neural Dinâmica, tanto 
pela facilidade no manuseio, quanto pelo erro médio absoluto de previsão, que se manteve 
na magnitude de 8% e 4% do consumo médio para Araraquara e São Carlos 
respectivamente. 
Santos (2010), calibrou uma rede de distribuição de água no município de Itajubá-
MG, utilizando uma rotina computacional desenvolvida por Silva (2003), que utiliza o 
procedimento inverso, também conhecido como implícito para calibrar o sistema, avaliar a 
eficiência hidráulica e otimizar a operacionalização de rede, tendo como ferramenta de 
busca os algoritmos genéricos. Os resultados mostraram-se coerentes em termos de 
parâmetros ajustados e de valores de pressões e vazões medidos e simulados. 
 
15 
 
Embora os resultados obtidos nos estudos cidados anteriormente tenham aplicação 
prática imediata para as companhias de saneamento. O desafio ainda é quebrar as barreiras 
impostas pelas companhias de saneamento para implantar novas metodologias. Este fato 
deve-se principalmente a dois fatores: a) a falta de recursos para investimento em 
modernização e b) a resistência oferecida pelos gestores diante à mudança de paradigma, 
pois ainda hoje após estarmos a mais de 25 anos na era da informação praticamente a 
gestão nas companhias de saneamento é de caráter qualitativo, herança do antigo modelo 
de gestão onde prevalece a experiência do gestor e não a informação. 
 
1.4 Métodos de Avaliação de Perdas de Água 
Conforme abordado na seção 1.1, importantes estudos foram realizados por 
pesquisadores do Reino Unido os quais levaram ao atual estágio da avaliação e controle de 
perdas em sistemas de abastecimento de água (LAMBERT, 1994, FARLEY, 2001, 
McKENZIE e LAMBERT, 2002, TRIPARTITE GROUP, 2002). A IWA deu importante 
contribuição desenvolvendo o método de balanço hídrico, o qual foi referendado pela 
American Water Works Association (AWWA). A literatura técnica fornece várias 
abordagens para o cálculo do balanço hídrico (AWWA 1999; IWA 2000, AWWA 2003). 
O método de balanço hídrico é um método de caráter gerencial por que quantifica 
diretamente a receita advinda do consumo medido (ou estimado no caso da ausencia de 
micromedição), ou seja, quantifica perdas aparentes e a partir desta quantifica perdas reais. 
Em 2005, Almandoz et al. (2005) sugeriram uma modificação na abordagem da IWA. A 
abordagem de Almandoz, segue o mesmo padrão da IWA porem, com características de 
natureza técnica, ou seja, determina se o destino final da água é conhecido. Nesta 
abordagem, todos os consumos não medidos são considerados como não controlados em 
uma tentativa de acomodar a realidade existente em alguns países cujo abastecimento 
possui setor micromedidos e setores sem micromedição. 
A seguir é mostrado o formalismo matemático dos métodos: balanço hídrico 
proposto pela IWA em sua forma original, método da vazão mínima noturna e balanço 
hídrico modificado (proposto por Almandoz et al. (2005)). 
 
 
 
16 
 
1.4.1 Balanço Hídrico (IWA) 
O método de balanço hídrico proposto pela IWA leva em conta dois componentes 
de perdas de água, os quais existem em todos os sistemas de abastecimento, as perdas reais 
e as perdas aparentes. A Figura 1.1 mostra a representação conceitual do método e suas 
componentes. Abaixo segue uma descrição sobre cada um das componentes do método de 
balanço hídrico. 
A - Volume distribuído no sistema/setor (Qd) - esta componente representa o volume de 
água que entra no sistema (setor) de abastecimento em um intervalo de tempo. Pode ser 
quantificado com a utilização de um macromedidor de vazão. 
B - Consumo autorizado (Qa) - esta componente representa o volume de água fornecido 
em um intervalo de tempo a consumidores cadastrados (autorizados) nos sistemas de 
informação das companhias de saneamento e outros que estejam implícita ou 
explicitamente autorizados a fazê-lo, para usos domésticos, comerciais, industriais, 
públicos ou consumo próprio. Pode ser medido através da micro-medição, estimado, não 
medido, faturado ou não. 
B.1 - Consumo autorizado faturado (Qaf) - esta componente representa o volume de água 
consumido em um intervalo de tempo, e corresponde à soma dos volumes de água 
consumidos e medido em cada residência. Pode ser obtido através da micro-medição e/ou 
estabelecidos pelas companhias de saneamento. 
B.1.1 - Consumo medido faturado (Qmf) - esta componente representa o volume medido 
em cada hidrômetro e faturado pelo valor medido. Pode ser obtido através da 
micromedição. 
B.1.2 - Consumo não medido faturado (Qef) - esta componente representa o volume 
consumido em um intervalo de tempo em locais onde não há hidrômetro instalado. Este 
volume é estimado por algum critério estabelecido pelas companhias de saneamento. 
B.2 - Consumo autorizado não faturado (Qanf) - esta componente representa o volume 
oriundo de usos legítimos da água, porém também não gera receita para as companhias de 
saneamento. Podem ser medidos e/ou estimados. 
Consumo autorizado B.1.1
B.1 B.1.2 D
B.2.1
B B.2 B.2.2
Volume Perdido C.1.1
C.1 C.1.2
C.2.1
C.2.2
A C C.2 C.2.3 E
Vazamento - RamaisVazamento - Rede
Consumo autorizado 
faturado
Consumo autorizado não 
faturado
Perdas Aparentes
Volume distribuido no 
sistema/setor
Vazamento- Reservatório
Consumo faturado
Consumo não 
faturado
Perdas Reais
Consumo medido faturado
Consumo medido não faturado
Consumo medido não faturado
Consumo estimado não faturado
Consumo não autorizado
Erro de medição
dQ
af anfQa Q Q 
p d aQ Q Q 
af mf efQ Q Q 
anf mnf nfeQ Q Q 
pa na eQ Q Q 
pr ra rd rtQ Q Q Q  
 
mf jQ Q
 
ef kQ Q
 
mnf m
Q Q
 
enf nQ Q
 
e xQ Q
 
rd yQ Q
 
rt vQ Q
nf d fQ Q Q 
f mf efQ Q Q 
 
na fQ Q
 
ra zQ Q
 
Figura 1.1 - Representação conceitual do método de balanço hídrico proposto pela IWA. 
Fonte: Adaptado de Thornton, J. Sturm, R. and Kunkel, G., Water Loss Control, 2008. 
 17
 
 
18 
 
B.2.1 - Consumo medido não faturado (Qmnf) - esta componente representa o volume de 
água consumido em um intervalo de tempo porém, não gera receita. Consumo para uso 
administrativo, entidades isentas da tarifa, fornecimento de caminhões pipa entre outros. 
Pode ser obtido no setor comercial das empresas de saneamento. 
B.2.2 - Consumo estimado não faturado (Qenf) - esta componente representa o volume de 
água consumido em um intervalo de tempo não medido e não faturado. Exemplo, a água 
utilizada em combate a incêndios, lavagem de ruas, rega de espaços públicos e a água 
utilizada em algumas atividades operacionais. É obtido através de parâmetros e modelos 
matemáticos. 
C - Volume perdido (Qp) - esta componente representa o volume de água distribuída em 
um intervalo de tempo que não foi consumida de forma autorizada. Sua determinação se 
faz pela diferença entre a volume distribuído e o consumo autorizado. 
C.1 - Perdas aparentes (Qpa) - esta componente representa o volume de água produzida 
pela concessionária e consumida pelo cliente em um intervalo de tempo, mas que não é 
contabilizada. É determinado através da soma dos consumos não autorizados mais os erros 
de leituras. 
C.1.1 - Consumo não autorizado (Qna) - esta componente representa o volume consumido 
em um intervalo de tempo por meio de fraudes e ligações clandestinas. Sua determinação 
se faz pela diferença entre as perdas aparentes e os erros de medição. 
C.1.2 - Erro de medição (Qe) - esta componente representa os erros comemtidos no 
processo de leitura em um intervalo de tempo, a sub-medição de hidrômetros com baixa 
sensibilidade para pequenas vazões. Sua determinação é feita pela adição do volume 
registrados como erros de leitura, e os volumes de sub-medição estimados por modelos 
matemáticos. 
C.2 - Perdas reais (Qpr) - esta componente representa o volume que escoa através de 
vazamentos e extravasamentos no sistema em um intervalo de tempo. É determinada pela 
diferença entre o volume distribuído no setor e o consumo autorizado. 
C.2.1 - Vazamentos nos ramais - (Qra) esta componente representa o volume que escoa 
em um intervalo de tempo através de vazamentos e/ou rupturas ocorridas por defeito em 
 
19 
 
peças, má qualidade dos materiais utilizados, pressões hidráulicas de grandes magnitudes, 
entre outros. Os mesmos são determinados através de estimações, por modelos 
matemáticos. 
C.2.2 - Vazamentos na rede (Qrd) - esta componente representa o volume que escoa em 
um intervalo de tempo através de vazamentos ou rompimentos ocasionados por falhas 
construtivas, defeito em peças, má qualidade dos materiais utilizados, idade da rede, 
pressões hidráulicas de grandes magnitudes entre outros. Sua determinação se faz através 
de estimações, por modelos matemáticos. 
C.2.3 - Vazamentos nos reservatórios (Qrt) - esta componente representa o volume que 
escoam em um intervalo de tempo pelos danos das estruturas extravasamentos dos 
reservatórios e limpeza dos mesmos. É obtido através de parâmetros da empresa e modelos 
matemáticos. 
D - Consumo faturado (Qf) - esta componente corresponde o volume de água 
comercializada em um intervalo de tempo no setorde estudo. 
E - Consumo não faturado (Qnf) - esta componente representa a diferença entre o volume 
de água que entra no sistema e o consumo autorizado faturado em um intervalo de tempo. 
A IWA recomenda que todos os componentes devam ser cuidadosamente 
avaliados, medidos e monitorados de modo a serem capazes de gerar informação confiável. 
Recomenda ainda realizar o cálculo padronizado, isto é, as unidades de medida devem ser 
escolhidas e padronizadas para que as mesmas unidades sejam usadas para quantificar cada 
componente do balanço hídrico, assim como determinar o período de auditoria (ano, por 
exemplo, fiscal ou ano civil) e os limites do sistema. 
A primeira vez que se realiza o balanço hídrico padronizado é comum, que os 
volumes calculados tanto para perdas reais como aparentes tenham um nível de confiança 
relativamente baixo, isso ocorre geramente por que os componentes do balanço hídrico não 
foram medidos e/ou os dados utilizados não foram validados. Existe uma relação direta 
entre a precisão e confiabilidade do balanço hídrico com a precisão da medição do volume 
distribuído (macro-medição) na entrada no sistema/setor e volume consumido (micro-
medição). Geralmente o volume consumido é calculado com dados disponibilizados pelas 
prestadoras de serviços de saneamento. 
 
20 
 
A validação da informação gerada é uma parte importante e integrante da 
realização de um balanço hídrico. Análise de sensibilidade e da utilização de limites de 
confiança de 95% são as melhores práticas para avaliar o impacto que componentes do 
balanço de água individuais têm na precisão global do volume calculado de água não 
faturada e perdas reais e aparentes. 
 
1.4.2 Balanço Hídrico Modificado 
O balanço hídrico proposto por Almandoz et al. (2005), fundamenta-se na 
discriminação de duas componentes que as companhias de saneamento não conseguem 
controlar (medir): o volume de água perdido na rede e ramais (perdas reais) e o volume de 
água consumido, mas não medido (perdas aparentes). O método considera que todo o 
consumo de água não medido é desconhecido e, conseqüentemente representa uma perda. 
A método supõe que a perda real é uma função da pressão, e a perda aparentes uma função 
do padrão de consumo (UK Water Industry 1994; Warren 2002). A Figura 1.3 mostra a 
representação conceitual do método e suas componentes. Abaixo segue uma descrição 
sobre cada um dos componentes do balanço hídrico. 
A - Vazão que entra no sistema/setor(Qe) - esta componente representa o volume de água 
que entra no sistema ou setor de abastecimento (objeto do cálculo do balanço hídrico) em 
um intervalo de tempo. Pode ser obtido através de medidas de campo utilizando macro- 
medidores de vazão. 
 
B - Consumo autorizado medido (Qa) - esta componente representa o volume de água 
consumido em um intervalo de tempo o qual gera receita. Corresponde à soma dos 
volumes consumidos e medidos (constantes nas contas emitidas aos consumidores). Esta 
componenente é dividiva em quatro classes: doméstico, comercial, industrial e público. Os 
valores dos consumos mensais podem ser obtidos no setor comercial das companhias de 
saneamento as quais obtem estes dados através da micromedição. 
B.1 - Consumo residencial medido (Qr) - esta componente representa o volume de água 
consumido em um intervalo de tempo e devidamente medido em todas as unidades 
residenciais que fazem parte do setor de estudo. 
 
Vazão na entrada do sistema/setor Consumo residencial medido B.1
Consumo industrial medido B.2
Consumo público medido B.3 Consumo medido faturado
consumo comercial medido B.4
B
Consumo sem controle Consumo nao medido Erro de leitura C.1.1
Consumo faturado por estimação C.1.2 Perda aparente
Uso operacional e fraudes C.1.3
C.1
Vazamentos Perda real Perda real
A C C.2 C.2.1
Consumo autorizado
eQ
a r i p cQ Q Q Q Q   
sc e aQ Q Q 
nm el fe ofQ Q Q Q  
vz scnmQ Q Q 
 
r jrQ Q
 
i jiQ Q
 
p jpQ Q
 
c jcQ Q
 
of tQ Q
 
pr wQ Q
el xQ Q
fe kQ Q
 
Figura 1.2 - Representação conceitual do método de balanço hídrico IWA-Modificado 
Fonte: Adaptado de Almandoz et al., 2005.
 
21
 
 
22 
 
B.2 - Consumo industrial medido (Qi) - esta componente representa o volume de água 
consumido em um intervalo de tempo e devidamente medido de todas as unidades 
industriais que fazem parte do setor de estudo. 
B.3 - Consumo público medido (Qp) - esta componente representa o volume de água 
consumido em um intervalo de tempo e devidamente medido dos órgãos públicos que 
fazem parte do setor de estudo. 
B.4 - Consumo comercial medido (Qc) - esta componente representa o volume de água 
consumido em um intervalo de tempo e devidamente medido pelas unidades comerciais 
(como lojas escritórios entre outros) que fazem parte do setor de estudo. 
C - Consumo sem o controle da companhia (Qsc) - esta componente representa os 
consumos em um intervalo de tempo, não medido, isto é sem o controle quantitativo. Pode 
ser determinado pela diferença entre o volume de entrada no sistema e o consumo 
autorizado faturado. Esta componente é sub-dividida em trêsa classes. 
C.1 - Consumo não medido (Qnm) - esta componente representa o volume de água 
disponibilizado na rede, em um intervalo de tempo e consumida por uruários não 
autorizados, ou em usos operacionais da própria companhia de saneamento. Nesta 
componente também são computados os consumos estimados por falta de medição e erros 
de leituras. 
C.1.1 - Erro de leitura (Qel) - esta componente representa os erros cometidos durante o 
processo da leitura mensal de consumo e a sub-medição de hidrômetros com baixa 
sensibilidade para pequenas vazões. Tais dados podem ser obtidos no setor comercial das 
companhias de saneamento. 
C.1.2 - Consumo faturado por estimação (Qfe) - esta componente representa o volume de 
água consumido e não medido, em um intervalo de tempo, porém é faturado por estimação. 
C.1.3 - Uso operacional e fraudes (Qof) - esta componente representa o volume de água 
consumido em usos operacionais da companhia de saneamento, ou consumido atraves por 
meio de fraudes e ligações clandestinas. Tais dados podem ser obtidos através de 
estimações feitas por modelos matemáticos. É difil quantificar esta componente com 
exatidão. 
 
23 
 
C.2 - Vazamentos (Qvz) - esta componente é também denominada de perda real. 
Corresponde ao volume de água que escoa por vazamentos em um intervalo de tempo. 
C.2.1 - Perdas reais (Qpr) - esta componente corresponde ao volume de água que escoa em 
um intervalo de tempo por meio de vazamentos, e/ou rupturas ocorridas por defeito em 
peças, pressões hidráulicas de grande magnitude e extravasamentos dos reservatórios. 
 
1.4.3 Vazões Mínimas Noturnas (VMN) 
Um dos principais métodos para avaliar perdas de água em sistemas de 
abastecimento é através da análise da vazão mínima noturna. A vazão mínima noturna foi 
definida por Lambert, (1994) como sendo “a vazão medida na entrada de um dado setor 
do sistema de abastecimento e tem o seu valor mínimo em um período noturno específico”. 
Através da VMN, é possível monitorar o comportamento da distribuição em um setor do 
sistema, analisando o consumo mínimo noturno. Qualquer alteração na vazão mínima de 
um setor de abastecimento pode significar ocorrência de vazamentos (LAMBERT, 2000 e 
2002). 
Segundo Lambert (1994), a vazão mínima noturna ocorre diariamente no horário 
entre 01h:00 e 05h:00 horas o resultado é proveniente de um estudo realizado por Lambert 
em 25 sistemas de abastecimento do Reino Unido. No intervalo deste horário é quando 
ocorrem as maiores perdas e existem maiores facilidades de determinar o que ocasiona 
estas perdas. 
O método da VMN pode ser utilizado para estimar perdas reais porque, no 
momento de sua ocorrência há pouco consumo e as vazões são estáveis (as caixas d’água 
domiciliares estão cheias), e uma parcela significativa do seu valor refere-se às vazões dos 
vazamentos. 
No Brasil o método de VMN tem sido utilizado para estimar pertas em redes de 
abastecimento (CHEUNG et al., 2010). 
Recentemente foi reconhecido pelos membros (Austria, Austrália, Brasil, Canada, 
Ciprus, Croácia, França, Iran e Estados Unidos) da Water Leakage Task Force (WLTF) 
que o método VMN precisa de uma terminologia para as componentes da vazão mínima 
noturna assim como um método para legitimar o que é de fato consumo noturno levando 
 
24 
 
em conta as especificidades de cada sistema. A terminologia atualmente adotada para os 
componentes da VMN foi desenvolvida, em cinco níveis de detalhamento, sendo o nível 1 
o mais simples e o nível 5 mais detalhado. Cada um desses níveis pode ser aplicado em 
diferentes circunstâncias, dependendo de tipo de estimativa de vazamanento utilizada 
(FANTOZZI, 2010). 
Os níveis de detalhamento do métode de VMN impõe a necessidade de 
estabelecer um ponto para definir o limite onde termina a distribuição de água e começa o 
consumo. Esse ponto na terminologia da lingua inglesa é chamado de delivery point5. A 
partir deste ponto qualquer vazamento é parte integrante do consumo e de responsabilidade 
do consumidor. Neste estudo adotamos o hidrômetro como sendo o delivery point 
conforme mostra a Figura 1.2. 
Figura 1.3 – Delivery point - limite entre a distribuição e o consumo. 
Fonte: Adaptado de Fantozzi, 2010 
A Figura 1.3 mostra uma representação conceitual do método da vazão mínima 
noturna levando em conta os cinco níveis de análise. Abaixo segue uma descrição sobre 
cada um das componentes da VMN. 
 
5 Neste estudo foi mantido a terminologia da lingua inglesa. 
 
25 
 
Análise nível 1 - é a análise mais simples, possui apenas duas componentes, vazão 
noturna de abastecimento (VNA) e perda na distribuição da vazão noturna de abstecimento 
(PDVN) (veja a Figura 1.2 retangulos em azul). A perda na distribuição da vazão noturna 
de abastecimento é obtido subtraindo estimativas do consumo noturno a partir da VMN. 
Neste nível, a componente de consumo noturno deve também conter o volume de água 
utilizado pela empesa gestora do abastecimento. 
Se o objetivo da análise é verificar perdas na rede e ramal, então a análise de nível 
dois deve ser utilizada. 
Análise de nível 2 - na análise de nível 2, a componente vazão noturna de abastecimento 
(VNA) é sub dividida em duas outras componentes, uso noturno estimado e perda noturna 
do consumidor (veja a Figura 1.2 retangulos na côr azul). 
Análise de nivel 3 - na análise de nível 3, as três componentes, uso noturno estimado, 
perda noturna do consumidor e perda na distribuição da vazão noturna de abstecimento são 
subdivididas em duas outras componentes (veja a Figura 1.2 retangulos na côr laranja). 
Onde o consumo noturno excepcional é definido como a soma de todos os usos acima de 
100 l/h e o consumo noturno regular a soma de todos os consumos abaixo de 100l/h. 
Vazamento residencial é a soma de todos oa vazamentos dentro da residencia. Vazamento 
externo é a soma de todos oa vazamentos fora da residencia, porém antes do delivery 
point. Vazamento visível ou detectavel são todos os vazamentos possiveis de serem detecta 
por métodos acústicos. Vazamanetos não detectavel são todos os vazamanetos não 
deetctados por métodos acústicos. 
Análise de nivel 4 - na análise de nível 4, (veja a Figura 1.2 retangulos na côr verde) a 
componente uso excepcional noturno é subdividida em três outras componentes uso 
proprio da companhia, uso execpcional não residencial, uso excepcional residencial. A 
componente de consumo noturno regular é subdividida em duas outras componentes, 
consumo residencial regular e consumo não residencial regular. A componente vazamentos 
detectáveis detectáveis é subdividida em duas outras componentes,vazamaneto detectáveis 
e reparados e vazamento detectáveis não reparados. 
 
 
 
Figura 1.4 – Representação conceitual do método da vazão mínima noturna nível 5 
 26
 
 
27 
 
Análise de nivel 5 - na análise de nível 5 contem os mesmos componentes no nível 4 
porém, leva em conta a influência da pressão nos componentes da VMN (veja a Figura 1.2 
retangulos na côr cinza). Isso porque quando é realizado uma intervensão de conrole de 
vazamentos é util antes estimar os vazamentos inerentes da rede (o qual é sensivel a 
pressão porem não detectavel) para que os vazamentos detectaveis possam ser estimados 
antes de realizar a intervensão. 
De acordo como o Guia de Capacitação em Treinamento (GCT), editado pelo 
projeto ReCESA a VMN e uma composição da perda noturna, perda inerente e consumo 
noturno, sendo obtida pela seguinte equação onde, Pn é a perda noturna, Pi é a perda 
inerente e Cn o consumo noturno. 
 mn n i nVMN Q P P C    (1.1) 
Como as perdas inerentes e os consumos noturnos no horário de monitoramento da 
vazão mínima são parcelas mínimas que podem ser desconsideradas, sendo a perda noturna 
(perdas reais) caracterizada pela vazão mínima noturna. 
Para se chegar à vazão dos vazamentos é necessário quantificar todos os 
componentes do consumo noturno. Para os consumos residenciais costuma-se assumir 
hipóteses baseadas em medições específicas de consumo e extrapoladas para o conjunto de 
consumidores da área envolvida ou utilizar dados da literatura. As vazões de vazamentos 
assim determinadas representam os valores observados naquela hora do ensaio onde as 
pressões do sistema atingem o máximo. Como a vazão nos vazamentos é bastante 
influenciada pela pressão o valor observado na hora da mínima noturna é a vazão máxima 
diária dos vazamentos que, se simplesmente multiplicada por 24h, estaria supervalorizando 
os volumes diários perdidos. 
Para solucionar esse problema foi definido o Fator Noite-Dia, que é um numero 
(em horas por dia), que multiplicado pela vazão de vazamentos (extraída da Vazão Mínima 
Noturna), resulta no volume médio diário dos vazamentos, ou seja, na perda real média. O 
FND também pode ser entendido como um número que corrige o valor da perda real 
ocorrida no horário da mínima noturna, permitindo obter o valor médio diário da perda 
real. O FND com unidades de horas/dia é influenciado por um parâmetro N1 e pela 
variação das pressões médias horárias no setor de abastecimento. Depois de obter a perda 
 
28 
 
noturna, utiliza-se um fator multiplicador denominado Fator Noite e Dia (FND) com 
finalidade de transformar a perda noturna em volume de perda real diária (VDPR), 
utilizando a equação 1.2. 
mnVDPR FND Q  (1.2) 
O FND é determinado à partir de um somatório de medição de pressão, ao longo de 
24 horas, em um ponto médio representativo do setor, utilizando a equação (1.3). 
12424
1 3 4
Nh
i
i às h
PFND
P
 
  
 
 (1.3) 
Onde 24hiP representa a média das pressões horárias, ao longo das 24 horas dentro 
do sistema ou setor, 3 4às hP representa a pressão medida na entrada do sistema ou setor na 
campanha de mínima noturna das 3h:00 às 4h:00 h. E 1N pode ser calculado, segundo a a 
equação (1.4) 
 
1
1 1
0 0
N
Q P
Q P
 
  
 
 (1.4) 
Onde Q0 e P0 é a vazão na entrada do sistema e a pressão interna ao sistema 
associada ao tempo t0, e Q1 e P1 é a vazão na entrada do sistema e a pressão interna ao 
sistema associada ao tempo t1. 
A vazão é determinada através da macromedição na entrada do setor em estudo. 
Nesse caso, é necessária a medição em intervalos com períodos constantes e regulares. 
Estes intervalos de medição podem ser feitos de acordo com as características e 
capacidades do aparelho registrador. 
Medidas de campo realizadas em vários países indicam que para tubulações 
metálicas N1 = 0,5 e tubulações plásticas 1,5  N1  2,5 (FARLEY e TROW, 2003). 
 
 
29 
 
1.4.4 Fator de Pesquisa (FP) 
De forma similar a VMN, tem-se a definição do fator de pesquisa o qual é 
determinado a partir da relação entre vazão mínima noturna e a vazão média diária (Fraga 
e Silva, 1995). O valor do fator de pesquisa pode ser obtido pela equação (1.5), 
mn
md
QFP
Q
 (1.5) 
onde, Qmn é vazão mínima noturna e Qmd a vazão média diária. O FP é um número entre 
zero e um e quanto mais próximo de um indica maior possibilidade de ocorrer 
vazamentos. Segundo Fávero e Dib (1981), em geral, se o fator de pesquisa for maior que 
0,30, o setor em estudo contém vazamentos economicamente detectáveis. 
Tal como no caso da VMN, o uso do FP deve ser evitado para setores com 
intermitência no abastecimento. Devido à falta de água durante o dia (demanda reprimida), 
há um consumo elevado durante a noite, o que pode dar a falsa impressão de problemas de 
vazamentos quando se calcula o FP. 
A vantagem desse método das VMN esta na maior representatividade do valor 
numérico das perdas reais, retratando a realidade física e operacional do sistema ou setor 
de abastecimento. A desvantagem, o ensaio deve ser feito em uma área relativamente 
pequena, do setor de abastecimento, podendo induzir a equívocos se os valores medidos 
forem extrapolados para representar o setor como um todo. 
 
 
30 
 
Capítulo 2 
METODOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 Este capítulo descreve a área de estudo, os procedimentos utilizados para coletar 
e analisar os dados de vazão, pressão e consumo mensal, utilizados para estimar perdas. A 
metodologia empregada assume que o sistema é hidraulicamente isolado, ou seja, não há 
fugas de água (setor fechado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
2.1 Etapas do Estudo 
 
Neste estudo foram definidas sete etapas necessárias para quantificar perdas de 
água em redes de abastecimento conforme mostra a Figura 2.1. 
 
 
 
Figura 2.1 – Metodologia aplicada para estimar perdas de água na área de estudo. 
 
 
 
32 
 
2.1.1 Primeira etapa - escolha da área de estudo 
 
Nesta etapa buscou-se escolher uma local para a realização do estudo. O local 
escolhida foi o município de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, situado na região 
centro-oeste do Brasil (veja a Figura 2.2). O sistema de distribuição de água do municipio 
de Cuiabá contem oito sub-sistemas de abastecimento. Na área de estudo, foi escolhido um 
setor que: a) possuisse uma estação pitométrica; b) fosse totalmente hidrometrado; c) que 
os consumidores tivessem um padrão sócio econômico similar; d) que todas as residências 
pertencessem ao mesmo ciclo de leitura e e) do ponto de vista da distribuição tivesse uma 
única entrada, ou seja, um setor fechado. 
 Para definir a área de estudo, primeiro foi realizado um estudo documental com 
levantamento de dados operacionais dos oito sistemas de abastecimento de água da cidade 
de Cuiabá, relativos ao período 2005 à 2007 (veja a Figura 2.3). 
 
 
Figura 2.2 – Localização da área de estudo residencial Domingos Sávio Brandão 
 
33 
 
Os oito sub-sistemas de abastecimento atendem um total de 139.169 ligações das 
quais 779 são provenientes da zona rural e 138.390 ligações na zona urbana6. O sistema de 
abastecimento de água da cidade de Cuiabá possui um total de 126.209 ligações ativas, 
11.443 suprimidas ou inativas. Ligações suprimidas ou inativas são todas as ligações 
desligadas (cortadas, suspensa de corte e em processo judicial) do sistema de 
abastecimento de água, as quais não geram contas, embora estejam contidas 
cadastralmente. E 738 ligações isentas de pagamento. 
 
Figura 2.3 – Sistemas de abastecimento de água da cidade de Cuiabá. 
 
Após a análise, foi

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