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BRUNA DUARTE RODRIGUES TEIXEIRA
R. A. 8084278
LETRAS – PORTUGUÊS E INGLÊS
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTFÓLIO CICLO 2
 
 
 
 
 
 
 
Avaliação desenvolvida na disciplina Linguística: fonética, fonologia, estudo do sintagma e semântica, sob a orientação da profª. Drª. Adriana Sertori Sandrin, para obtenção de nota parcial.  
 
 
 
 
DIAMANTINA
2022 
 
Se me perguntassem sobre esse tema antes, eu responderia com toda certeza que nos dois casos são desinências de gênero, sem nem pensar duas vezes, mas pesquisando a fundo, como foi proposto, vi que não é uma resposta tão simples assim.
 Então, vamos ver o que os estudiosos da gramática falam sobre isso, começando com Cunha e Cintra em “Nova Gramática do Português Contemporâneo”, eles classificam tanto o “-o” de lobo, quanto o “-a” de loba como desinências de gênero, “-o” é uma desinência para o masculino e “-a” para o feminino.
 Melo (1978), também classifica as vogais em palavras opositivas (aluno/aluna; lobo/loba) como desinências de gênero, mas em casos que não flexionam em gênero como tronc-o, livr-o, págin-a, nesses casos para ele a vogal final dessas palavras são vogais temáticas.
 Khendi (2001), assim como os autores citados acima, adota as desinências de gênero nas palavras em que se tem uma oposição feminino e masculino, segundo ele o “-o” tem características que associamos com a noção de gênero masculino: “quando se acrescenta a uma palavra feminina uma terminação que contenha ‘-o’, essa palavra passa a ser masculina (ex.: cabeça (feminino) / cabeçalho (masculino) … o povo em sua linguagem espontânea, cria formas sempre em ‘-o’: ‘*coiso’; ‘*corujo’; ‘*crianço’; ‘*madrasto” (p. 30). Entretanto, no artigo Considerações sobre o morfema de gênero “-a” (p.7), a autora Alexsandra Ferreira da Silva refuta Khendi, pois para ela, ele se baseia na noção primária de masculino nas formações populares, optando pelo critério psicolinguístico em detrimento do critério gramatical. 
 Já Mattoso Câmara Jr. (1972, p.100) afirma que a forma masculino não é marcada, ou seja, tem desinência zero e somente a forma feminina é marcada com a desinência “-a”. Portanto de acordo com ele, a ausência da desinência “-a” indicaria o gênero masculino.
 Assim como Mattoso, Luft (1974, p.92), admite somente o “-a” como desinência de gênero feminino e a desinência do masculino zero∅.
 Para se juntar ao time que defende a desinência zero como marcação do gênero masculino está Rocha Lima (2011, p.243) que afirma:
 O masculino se caracteriza por ausência de marca de gênero, ou seja, por uma desinência "zero". Em palavras como gato, ou lobo, ou magro, o o não é índice do masculino (e sim vogal temática), do mesmo modo que o e é vogal temática em palavras como mestre, ou parente. Note-se que, sem embargo da identidade de oposições (gato/gata e mestre/mestra), a ninguém ocorreria interpretar o e de mestre como desinência do masculino. 0 mesmo ocorre com os pares elefante/elefanta, monge/monja, etc. (Rocha e Lima, 2011 p.243).
Rocha Lima só classifica duas desinências “-a” sendo feminina e “-s” plural. Ele afirma que singular e masculino possuem desinência zero ∅, portanto para ele o “-o” de lobo seria vogal temática e o “-a” de loba desinência de gênero. Na página 248 ele fala isso claramente.
 Bechara, diferentemente de todos autores supracitados, acredita que a cumulação de desinência e vogal temática em nomes que têm pares opositivos, é possível. Portanto, para ele o “-o” e o “-a” de lobo e loba, respectivamente, seriam vogais temáticas e desinência de gênero; já quando não há essa oposição de gênero como livr-o, aí seria somente vogal temática.
 Para finalizar, gostaria de citar um livro que traz outra visão sobre o assunto, de acordo com Angela Rodrigues e Ieda Maria no livro “A Construção Morfológica da Palavra” pg. 152, os substantivos não flexionam em gênero, pois de acordo com elas o gênero é uma característica inerente do substantivo, ou seja, lobo e loba não seria uma flexão de gênero, mas sim duas palavras autônomas, com valores semânticos próprios, portanto consideram-se tanto o “-a” de loba quanto o “-o” de lobo, vogais temáticas.
Conclusão
 Em suma, vimos que Melo; Khendi; Cunha e Cintra classificam tanto o “-a” como o “-o” das palavras opositivas masculino/feminino como desinências de gênero. Já para Câmara Jr.; Luft e Rocha Lima admitem somente o “-a” como desinência de gênero e o “-o” vogal temática.
Bechara por sua vez admite a cumulação das duas funções desinência e vogal temática no mesmo morfema, e por fim Angela Rodrigues e Ieda Maria classificam ambos os casos “-o” e “-a” como vogais temáticas.
 Portanto, com exceção de Angela Rodrigues e Ieda Maria, os autores estudados adotam o “-a” de loba como desinência de gênero.
 O que em minha opinião classifico como plausível, pois pra mim e pra maioria dos gramáticos os substantivos flexionam sim em gênero e precisam ter uma desinência para marcar essa flexão que não tem como ser zero.
 O grande problema está no “-o” de lobo, em que a divergência entre os autores é maior. 
 Eu fico com a opinião dos autores que consideram o masculino como desinência zero e o “-o” uma vogal temática. O que me faz concordar com esse posicionamento são palavras como professor, português e mestre, que são masculinas e não tem o morfema “-o”, enquanto que a flexão feminina dessas palavras apresentam o “-a”. Em especial gostaria de citar Câmara Jr. e Rocha Lima, em relação a palavra mestre, que eles citam em seu material, pontuando que é uma palavra termina em “-e” e se colocarmos o “o” como desinência o “-e” também teria que o ser, pois, existe a flexão de mestre e mestra.
Referência bibliográfica
CUNHA, C. e CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.
DUARTE, P. M. T. DO ESTATUTO MÓRFICO DA VOGAL TEMÁTICA E DO MORFEMA DE GÊNERO EM PORTUGUÊS. Revista Philologus, Ano 8, Nº 23. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2002.
LIMA, R. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011. p. 119-249.
RODRIGUES, A. e ALVES I. M. A Construção Morfológica da Palavra. São Paulo: Contexto, 2015.
SCHINAIDER, J. M. e SILVA, D. A. ASPECTOS CONTROVERTIDOS DA MORFOLOGIA: UMA ANÁLISE NORMATIVO-DESCRITIVA DA CLASSIFICAÇÃO DE VOGAIS TEMÁTICAS E DESINÊNCIAS DE GÊNERO. Natal: Revista do GELNE, Vol. 19 – Número 1, 2017. p.19-28. 
SILVA, A.F. Considerações sobre o morfema de gênero “-a”. CONSIDERAÇÕES SOBRE O MORFEMA DE GÊNERO “-a” (filologia.org.br)

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