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Noções fundamentais do direito APOSTILA - UNICV AULA 1: Noções Básicas de Teoria do Direito 2 AULA 2: Ciência do Direito como Teoria da Norma 7 AULA 3: Norma Jurídica e Ordenamento Jurídico 10 AULA 4: Direito Objetivo e Direito Subjetivo 17 AULA 5: Relações Jurídicas 20 AULA 6: Dicotomia entre Direito Público e Direito Privado 26 AULA 7: Ordenamento Jurídico como um Sistema 29 AULA 8: Fontes do Direito e Hierarquia das Normas 32 AULA 9: Direito e Moral 36 AULA 10: Noções de Direito Constitucional 39 AULA 11: Noções de Direito Tributário 44 AULA 12: Noções de Direito Civil 49 AULA 13: Noções de Direito do Trabalho 53 AULA 14: Noções de Direito do Consumidor 55 AULA 15: Direito e Compliance no Âmbito das Organizações 57 AULA 16: Noções sobre Jurisdição, Ação e Processo 61 AULA 1: Noções Básicas de Teoria do Direito Caro(a) aluno(a), o primeiro grande questionamento que você deve estar se fazendo neste momento deve ser: “Para que serve o Direito?” Responder a essa pergunta parece fácil, mas não é! Diante desse questionamento, podemos afirmar que a doutrina vem buscando materializar uma teoria geral do direito que possa, a partir de elementos baseados em nossa Constituição Federal, irradiar em todos os ramos indistintamente (e não são poucos, como veremos adiante). É preciso, assim, deixar mais homogêneos possível os conceitos principais, especialmente aqueles previstos e normas. Mas falar em normas é também mencionar que elas não são as únicas fontes do direito, por isso, deixaremos essa tarefa para mais adiante. Aqui, vamos continuar no objetivo inicial de criar as bases sólidas para entender definitivamente as estruturas jurídicas básicas. Mas voltemos à pergunta inicial! E para respondê-la, vamos caminhar em uma trilha segura. Aspectos gerais: vida em sociedade O ser humano é um ser predominantemente social. Nós precisamos do contato com outras pessoas. Nós precisamos participar de grupos sociais diversos. Vamos fazer uma experiência? Tente se trancar em seu quarto durante 5 dias consecutivos, somente ingerindo comida e bebida. Não saia de lá para nada. Sem televisão, sem internet ou qualquer outro mecanismo que te conecte com o mundo exterior. Será que você consegue? Dificilmente! Isso pelo simples fato de que o ser humano necessita da vida social, sendo completamente inócua a vida isolada. E, vivendo em sociedade, buscamos de forma incessante a satisfação de necessidades, vontades, desejos, etc. A todo momento, objetivamos algo diferente, uma vez que nós, dotados de emoção, sentimentos e peculiaridades, temos parâmetros próprios que nos conduzem a uma vida mais feliz, e é justamente isso que nos faz desejar tantas coisas distintas e diversificadas. Faça uma breve reflexão de quantas coisas você desejou somente nos últimos dez dias, por exemplo! Com certeza, foram muitas. Ocorre que a busca pela satisfação das necessidades e desejos normalmente encontra no próprio meio social resistências concretas. Ora, se vivemos em sociedade, devemos considerar que as outras pessoas também possuem desejos, vontades, objetivos, etc. Mas e quando a vontade de alguém se contrapõe a minha vontade? É justamente aí que surgem os conflitos sociais. Fonte: o autor. O esquema acima é muito claro! Surgidos os conflitos sociais, faz-se necessário que algo os resolva, sob pena de criarmos um ambiente completamente caótico, onde as pessoas se mutilam com o objetivo de fazer prevalecer suas vontades particulares. A partir dessa ideia de convívio social, o estudo do direito enquanto ciência se faz necessário e indispensável. Podemos, então, responder à pergunta feita no início da presente aula: Para que serve o Direito?”, afirmando que o direito apresenta as possibilidades de direcionamento da ação humana para aquilo que é considerado justo e aceitável, criando um ambiente social minimamente pacífico e dando a cada um o que lhe pertence. CONECTE-SE “Em uma sociedade complexa e heterogênea como a nossa, o Direito desempenha diferentes papéis, ora ligados à conservação, ora à transformação. Em um país injusto, que ainda não percorreu todos os ciclos do atraso, a definição do que deve ser conservado e do que deve ser transformado não é banal: ela expressa as escolhas de cada um diante da vida. Estejam do lado da conservação dos direitos fundamentais que conquistamos, sobretudo as liberdades democráticas. Cultivem o horror às ditaduras, à intolerância, à perseguição. Mas sejam, também, agentes da transformação e não servidores do status quo, das distribuições iníquas de poder e de riquezas. Não sejam neutros, não sejam indiferentes. Saibam onde têm o coração e por quem ele há de bater” (Luís Roberto Barroso, Ministro do Supremo Tribunal Federal – STF) ACESSAR Conceito de direito https://go.eadstock.com.br/jV Tarefa também difícil é a de dar uma conceituação ao direito, visto que não há na doutrina uma convergência a um único conceito válido. Por isso, preferimos neste momento trazer a você, que inicia a caminhada no mundo jurídico, conceitos diversos, levando em conta o posicionamento de alguns dos estudiosos que buscaram formular comandos conceituais sobre o tema. Thurman Arnold (1971, p. 47) nos revela aquilo que normalmente o “homem comum” entende por direito. Vejamos: (…) direito corresponde a uma certa atitude, uma forma de pensar, uma maneira de referir-se às instituições humanas em termos ideais. Trata-se de uma exigência do senso comum, profundamente arraigada, no sentido de que aquelas instituições de governo dos homens e de suas relações simbolizem um sonho, uma projeção ideal, dentro de cujos limites funcionem certos princípios, com independência dos indivíduos. Notamos que a ideia acima apresentada é permeada de uma visão sociológica, que se mostra bastante importante, porém não suficiente. Fato é que o direito é muito difícil de ser definido com rigor necessário, e sobre isso o jurista Tércio Sampaio Ferraz Jr. comenta que, por um lado, o direito protege o cidadão comum do poder arbitrário e dá oportunidades iguais e protege os menos favorecidos, mas, por outro lado, apresenta-se como instrumento manipulável, frustra sobremaneira as aspirações desses menos favorecidos e, assim, apresenta-se como instrumento de poder. Talvez diante da complexidade que se apresenta, não devêssemos nos ater à tarefa de conceituar o direito, mas à efetiva aplicação no meio social. Porém, por nosso compromisso com aqueles que se debruçaram sobre o estudo da ciência do direito, apresentamos abaixo algumas construções possíveis. Para Miguel Reale (2012, p. 32), “o direito constitui garantia do bem comum e concretização da ideia de justiça”. O autor concebeu a famosa teoria tridimensional do direito, que considera o direito como sendo fato, valor e norma; teoria essa contraposta à denominada teoria pura do direito concebida por Hans Kelsen, que considera o direito como norma jurídica. Vamos aprofundar o estudo sobre tais aspectos mais à frente, quando tratarmos da ciência do direito como teoria da norma. Fato é que diante das inúmeras definições atribuídas ao direito, realizadas por pessoas que se dedicam ao seu estudo e compreensão cientifica, podemos construir um conceito próprio que agregue todos os elementos que entendemos necessários. Assim, direito é: Complexo normativo que revela os valores sociais, determina e traça formas de como o ser humano deve se portar no meio social, possibilitando assim que haja uma convivência minimamente pacífica, em que se resguarde o sentimento de justiça e impere a paz. NA PRÁTICA O direito está intimamente relacionado com nosso dia a dia. Você já parou para pensar quantos conflitos acontecem em nosso meio social que buscam no direito uma solução pacífica? Então vamos lá: imagine que você mora em um condomínio residencial e possui uma série de vizinhos, sendo que um deles, de maneira imprudente, bate em seu carro quanto tentava estacionar. Caso seu vizinho se negue a amigavelmenteconsertar o seu veículo, o que poderá fazer? Percebe que é justamente o direito que irá lhe auxiliar na solução deste conflito? Poie é, o direito está presente no nosso cotidiano. Sociedade e Direito Agora vamos nos dedicar um pouco a entender algo que já se apresenta como uma certeza: a íntima relação entre sociedade e direito. Essa relação se apresenta a partir de um viés duplo: o direito se constitui e é pensado como um processo de adaptação social, ou seja, deve se ajustar às condições sociais impostas; há a necessidade de adaptação da sociedade em relação ao direito posto. Percebe-se, assim, que o direito pode servir como guia de comportamento social ou às vezes o comportamento social servir de guia para mudanças no direito. A título de exemplo, o adultério já foi crime no Brasil, ou seja, havia a punição estatal, na seara criminal, àquele considerado adúltero. O direito assim dispunha. Ocorre que, com o passar do tempo, entendeu-se que o comportamento social frequente exigia a mudança do direito, e foi o que ocorreu: a possibilidade de punição criminal ao adúltero foi excluída. Nós nos desenvolvemos diariamente em sociedade, nas mais diversas interações que praticamos. Interagimos em nossa faculdade, na Igreja, no meio familiar, em nosso bairro, etc. Vimos acima que a interação social é típica dos seres humanos; interação essa que, porém, pode se desenvolver por meio de três situações corriqueiras: cooperação, competição e conflito. Em pleno século XXI, é fato que a sociedade está em crescente aumento em sua conflituosidade. O direito possui como grande desafio disciplinar as relações e arrefecer os conflitos, apresentando mecanismos eficazes de prevenção e solução, de forma a garantir a manutenção da paz social. Assim, podemos afirmar que há uma relação de mútua dependência entre direito e sociedade, uma vez que o primeiro existe na sociedade e precisa do direito para que as relações se concretizem de maneira absolutamente viável. O direito não pode jamais ficar alheio aos fatos sociais, ou seja, às maneiras de agir e pensar dos indivíduos que compõem determinado seio social. Ocorre que essas maneiras de pensar e agir estão em constante mutação, e cabe ao direito acompanhar esse processo da maneira mais eficaz possível. SAIBA MAIS Não existe sociedade sem direito. Não existe direito sem sociedade. Logo, em qualquer área profissional que formos atuar, é fundamental ter a mínima noção sobre alguns aspectos jurídicos básicos. VIDEO AULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/1-no coes-basicas-de-teoria-do-direito.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/1-nocoes-basicas-de-teoria-do-direito.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/1-nocoes-basicas-de-teoria-do-direito.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 AULA 2: Ciência do Direito como Teoria da Norma Dando continuidade ao que vimos, cabe-nos agora enfrentar uma tarefa bastante delicada: estudar a Ciência Jurídica a partir da Teoria da Norma. É fato que o Direito, como ciência jurídica, coloca-se como importante instrumento de controle social, tal como foi estudado no capítulo anterior, ou seja, a relação entre direito e sociedade é de dependência recíproca. Uma sociedade juridicamente organizada pressupõe que existam critérios gerais estampados em normas, chamadas leis, estabelecidas a partir de algum critério formal predisposto. A importância da norma é tão grande que um dos mais importantes teóricos contemporâneos, Hans Kelsen, viu nela o objeto central e exclusivo do Direito, ao idealizar a denominada Teoria Pura do Direito. CONECTE-SE “A importância de Kelsen pode ser medida em números. Nos últimos dez anos, foram publicados 26 livros e 51 artigos dedicados integral ou parcialmente ao exame de suas teorias. No Supremo Tribunal Federal, entre 1997 e 2010, foram 52 acórdãos fundamentos em seus ensinamentos. Do total, 37 deles nos últimos dez anos” (Rodrigo Aidar) ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/jW) É fato que as normas são instrumentos de controle social, classificadas como normas éticas ou normas técnicas. Aqui, não se pretende iniciar a discussão entre Direito e Moral (ou Ética), o que será feito adiante, mas somente fixar a ideia de que a norma, qualquer que seja ela, possui grande capacidade de controle social. O Direito possui autonomia normativa, ou seja, as normas jurídicas se diferenciam das normas morais ou éticas pelo seu grau de coercitividade, assim entendida a força que exerce sobre as pessoas. NA PRÁTICA Você já parou para pensar por quais motivos alguém que é adepto e fiel à determinada concepção religiosa obedece essas normas ditadas pela respectiva Igreja? Há algum tipo de controle social nessas normas? Parece evidente que sim! Quando alguém opta por fazer parte de uma Igreja, assim o faz em razão de aceitar as normas por ela impostas. Agora vamos pensar no Direito. O que nos leva a cumprir determinada norma jurídica (lei, por exemplo)? A resposta: o medo de ser punido em razão de eventual descumprimento. Percebam que tanto as normas morais (ditadas por determinada religião) quanto as normas jurídicas possuem a característica de controle social, porém, o grau de vinculação dessas últimas é infinitamente maior. Assim, o direito pode ser entendido a partir da perspectiva da norma jurídica como heterônomo, bilateral e coercitivo! Heterônomo: Nasce da atividade do Poder Legislativo, via de regra, ainda que contra a vontade dos cidadãos. Bilateral: O direito se dá na relação entre sujeitos de direitos e obrigações. Coercitivo: Há forte poder de vinculação em relação ao destinatário, ou seja, caso não seja cumprido haverá a incidência de consequências jurídicas específicas. Veremos no próximo capítulo, quando abordarmos os aspectos do Direito Objetivo e do Direito Subjetivo, as questões mais específicas sobre as normas jurídicas e como elas se apresentam como efetivo mecanismo de controle social por parte do Estado. Nós mencionamos Hans Kelsen como aquele que concebeu a visão do Direito a partir da norma, inaugurando assim a Teoria Pura do Direito, mas é preciso também mencionar que a referida teoria é alvo de inúmeras críticas, uma vez que hoje entende-se o Direito como sendo algo muito além da norma jurídica. Para além da Teoria Pura do Direito, cumpre destacar a Teoria Tridimensional do Direito, concebida por Miguel Reale, grande jusfilósofo brasileiro, para quem o Direito era a formado a partir de fatos, valores e normas. Essa visão tridimensional do Direito tinha como preocupação evidente o fato de não ser possível conceber um conjuntos de normas jurídicas que devem ser seguidas sem levar em consideração aspectos culturais e sociais de determinada localidade. Para Reale, o processo de elaboração das normas era precedido de uma análise apurada dos fatos sociais, possibilitando assim a aplicação valorativas a partir do que pode ser entendido como justo ou injusto. SAIBA MAIS O estudo da norma é essencial para o entendimento do Direito. Em qualquer área de atuação, estaremos sempre vinculados a conjuntos de normas jurídicas que determinam o modo como conduzimos nossa vida. Assim, é importante sem estarmos atento às normas! VIDEO AULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/2-ci encia-do-direito-como-teoria-da-norma.html#w-tabs-1-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/2-ciencia-do-direito-como-teoria-da-norma.html#w-tabs-1-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/2-ciencia-do-direito-como-teoria-da-norma.html#w-tabs-1-data-w-pane-0 AULA 3: Norma Jurídica e Ordenamento Jurídico Valores essenciais que são incorporados pelas normas jurídicas: prosperidade, respeito, dignidade, liberdade,fé, igualdade etc. Chegou a hora de estudarmos as normas jurídicas e o ordenamento jurídico como um todo, sempre lembrando da ideia geral de que o Direito é instrumento importante de regulação social, ou seja, por meio dele (e essencialmente da imposição das normas jurídicas) alcançamos a possibilidade de convivência social minimamente civilizada, uma vez que as pessoas possuem seus conflitos sociais amparados pelo aparato estatal. A norma jurídica pode assim ser declarada como um poder organizado; um elemento que integra o Direito e corresponde à disposição que rege a vida em sociedade. Sobre o tema, Maria Helena Diniz assim assevera: O fundamento das normas está na exigência da natureza humana de viver em sociedade, dispondo sobre o comportamento dos seus membros. As normas são fenômenos necessários para a estruturação ôntica do homem. E como a vida do grupo social está intimamente ligada à disciplina das vidas individuais, elas fundam-se também na necessidade de organização na sociedade, exatamente porque não há sociedade sem normas de direito, que têm por objeto uma ação humana, obrigando-a, permitindo-a ou proibindo-a (DINIZ, 2008, p. 339). Percebemos claramente a íntima relação que há entre a necessidade de existência das normas jurídicas e a vida em sociedade. Mas, após fixada essa ideia, um questionamento ressurge: o que distingue uma norma jurídica de outras normas existentes na sociedade? Maria Helena Diniz nos responde dizendo: (...) só é jurídica, na realidade, a norma que for declarada pelo poder. (...) É óbvio que a norma jurídica decorre de um ato decisório do poder (constituinte, legislativo, judiciário, executivo, comunitário ou coletivo e individual). A norma só será jurídica (...) no momento em que for declarada como tal pelo órgão incumbido de levar o grupo a seus fins, e se estiver entrosada com o ordenamento jurídico da sociedade política (DINIZ, 2008, p. 341). Assim, a norma jurídica é fruto de uma opção feita pelo exercício do poder político, via de regra, mas não somente, pelos membros do Poder Legislativo. A partir dessas reflexões, podemos apresentar uma definição para normas jurídicas: Trata-se de regra de conduta social, fruto do exercício do poder político estatal, via de regra por meio do poder legislativo, e aceita pela sociedade como diretriz de conduta, materializando-se expressamente e de forma escrita, com conhecimento público de forma a se tornar obrigatória. CONECTE-SE Um interessante estudo aponta que de 1988 (ano da promulgação de nossa Constituição Federal – a norma jurídica mais importante que temos no ordenamento jurídico) até 2017 o Brasil havia editado mais de 5,4 milhões de normas jurídicas. ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/jX) Tabela 1 - Quadro de normas federais editadas desde 1988, ano da promulgação da Constituição Federal Pelos dados apresentados, percebemos que a produção normativa no Brasil é muito grande, e vale destacar que, como dito anteriormente, essa função é exercida essencialmente pelo poder legislativo; poder esse legitimado pelo cidadão por meio do sistema eleitoral, pois vivenciamos um modelo de democracia representativa. Porém, é preciso lembrar que o poder executivo, que não possui função essencial de legislar, também legisla de maneira secundária no exercício de suas funções atípicas. NA PRÁTICA https://go.eadstock.com.br/jX O chefe do poder executivo federal é o (a) Presidente da República eleito pelo povo através de eleições majoritárias. Ainda que não tenha função precípua de legislar, o Presidente legisla de maneira muito frequente através das edições das chamadas Medidas Provisórias, sendo que tais medidas dependem de posterior convalidação pelo Poder Legislativo. Na prática, quando o Presidente quer legislar sobre determinada matéria, antes mesmo de discussão no poder legislativo, ele o faz através das MPs (medidas provisórias), que possuem como pressupostos básicos a urgência e a relevância. A norma jurídica é a célula formadora do ordenamento jurídico brasileiro, impondo à sociedade uma conduta mínima de comportamento esperado de cada cidadão, desenhando-se a denominada Teoria do Mínimo Ético. SAIBA MAIS A Teoria do Mínimo Ético é uma teoria instituída pelo filósofo britânico Jeremy Bentham e desenvolvida pelo jusfilósofo alemão Georg Jellinek - quem criou a expressão. A teoria afirma que o Direito seria um conjunto mínimo de regras morais obrigatórias para a sobrevivência da moral e consequentemente da sociedade. ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/dWJ) Pela teoria do mínimo ético referenciada acima, o poder legislativo só transforma em norma jurídica aquilo que é efetivamente essencial para que haja a convivência social minimamente civilizada e pacífica, ou seja, existem inúmeras situações sociais que são irrelevantes juridicamente. Vamos a exemplo: SITUAÇÃO 1 Imagine que um senhor chamado José, valendo-se de uma arma de fogo e sem nenhum motivo relevante, dispara contra João e o leva à morte.Todos nós sabemos que José será processado pelo Estado em virtude de ter cometido um homicídio. Dizer isso significa mencionar que José infringiu uma norma jurídica específica, o artigo 121 do Código Penal, que assim o considera. SITUAÇÃO 2 Imagine que uma senhora chamada Joana possui o costume de colocar sua cadeira de balanço todos os dias, no final da tarde, na calçada de sua casa, de forma que possa observar o movimento na rua em que mora. Esse fato tem alguma repercussão para o Direito? A primeira vista, não! Isso porque não há nenhuma norma jurídica que regulamente essa conduta social, ou seja, isso para o mundo do Direito é irrelevante. A norma jurídica emana de um poder atribuído pelo povo ao poder legislativo, via de regra, resguardando em seu texto valores sociais imprescindíveis, tanto que foram elevados à condição de norma jurídica. É exatamente por isso que as normas jurídicas possuem extrema relação com o momento social vivenciado. É importante ressaltar duas características fundamentais das normas jurídicas: IMPERATIVIDADE: As normas jurídicas impõem deveres. Além disso, o seu atendimento é prioritário, prevalecendo sobre as demais espécies de normas existentes no meio social, tal como as normas morais ou religiosas. COERCITIVIDADE: As normas jurídicas vinculam e obrigam o seu cumprimento, sob pena de o Estado aplicar sanções correspondentes. De que adiantaria proibir um comportamento se não houvesse nenhuma sanção em casa de seu descumprimento? Após analisar esses aspectos, é importante lembrar o conceito elaborado por Miguel Reale (2012, p. 95), para quem norma jurídica é “uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organização ou de conduta, que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória”. a) Interpretação da Norma Jurídica Se dissemos que as normas jurídicas são escritas, isso revela a necessidade de interpretá-las, ou seja, buscar alcançar o real sentido para que a avaliação correta sobre o cumprimento ou não dessa norma seja feita de maneira justa. A finalidade principal do Direito é regulamentar a conduta social, dando a cada um aquilo que lhe pertence. A isso, entendemos por distribuição da justiça. Para tanto, faz-se necessário humanizar a letra fria da lei, sendo que essa humanização ocorre justamente com a atividade interpretativa. Sobre a interpretação da norma jurídica, afirma Washington de Barros Monteiro (2005, p. 35) que “interpretar a norma jurídica significa revelar o seu verdadeiro sentido, descobrindo os vários elementos que entram em sua compreensão, e alcance, reconhecendo os casos a que se estende sua aplicação”. Assim, entendemos que o texto normativo deve ser aplicado no meio social com o máximo de respeito à realidade do cidadão e atendendo às finalidades principais do legislador. Assim, o direito é efeito que nasce da realidade social, é produto cultural e sofre constantes modificações na medida em que a sociedade sofre mudanças comportamentais. A interpretaçãoda norma jurídica, ou seja, sua humanização, é a sua efetiva aplicação no meio social, portanto, distorções conceituais na interpretação da lei, fatalmente ensejará em uma ineficácia jurídica e insatisfação social. Nesse sentido, nasce a necessidade de interpretar a norma jurídica, e essa interpretação pode ser classificada de acordo com alguns critérios. São eles: ● Quanto à fonte: interpretação autêntica (realizada pelo próprio órgão ou poder que criou a norma jurídica); interpretação jurisprudencial (realizada pelos juízes e tribunais em seus julgamentos); interpretação doutrinária (realizada pelos juristas, ou seja, aqueles que se debruçam sobre os aspectos mais profundos da ciência jurídica). ● Quanto aos meios: interpretação gramatical ou literal (de acordo com as regras gramaticais, a partir da literalidade do que está no texto); interpretação lógica (de acordo com os aspectos lógicos); interpretação sistemática (de acordo com o conjunto de normas); interpretação histórica (de acordo com fatos que antecederam o seu surgimento). ● Quanto aos resultados da interpretação: interpretação declarativa (o alcance da norma é o que está exposto nela); interpretação extensiva (a redação da norma jurídica diz menos do que o seu verdadeiro alcance); interpretação restritiva (a redação da norma jurídica diz mais do que o seu verdadeiro alcance). b) Validade da Norma Jurídica A norma jurídica tem aplicação no meio social, portanto, sua divulgação para a sociedade é condição essencial e indispensável à sua validade. O conhecimento público da lei surge com a sua divulgação para sociedade por intermédio de publicação no Diário Oficial. Com o conhecimento público, a lei passa a ter força obrigatória a partir da sua vigência, ou seja, o dia em que começar a vigorar (em regra, as próprias leis indicam a data que entrarão em vigor), mas se nada dispuser a respeito, entrará em vigor em todo o território 45 dias após a publicação. Entre a publicação oficial da lei e o início de sua vigência, poderá haver um espaço de tempo juridicamente denominado de vacatio legis. O período de vigência da lei pode ser temporário ou sem prazo determinado. Será determinado que sempre que o legislador, ao elaborar a lei, fixe o tempo de sua duração; ou sem prazo determinado, durando até que seja modificada ou revogada por outra lei. Portanto, a lei vigorará até que seja revogada, ou pelo lapso de tempo ou pelo nascimento de outra norma revogadora, portanto, revogar é tornar sem efeito uma lei ou norma e pode ser expressa ou tácita As formas de revogação são: revogação expressa (quando o elaborador da norma declarar a lei velha extinta em todos os seus dispositivos ou apontar os artigos que pretende retirar) e revogação tácita (quando houver incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de que a nova passa a regular inteiramente a matéria tratada pela anterior). Vale lembrar que a revogação é gênero, apresentando-se em duas espécies: ab-rogação (é a supressão total da lei ou norma anterior), e derrogação (torna sem efeito uma parte da lei ou norma); c) Norma e ordenamento jurídico Visto o conceito de norma jurídica, podemos partir agora para sistematizar o que pode ser entendido como ordenamento jurídica. Para Tércio Sampaio Ferraz Jr. (2013, p. 145), um ordenamento jurídico pode ser entendido como um conjunto de normas, ou seja, o ordenamento jurídico brasileiro nada mais seria do que o conjunto de todas as normas jurídicas existentes. É possível pensarmos no ordenamento jurídico como um sistema dinâmico, em que as normas estão em constantes mutação e são decorrentes das próprias mudanças no seio social experimentadas ao longo da história. REFLITA O ordenamento jurídico é um complexo sistema de normas jurídicas, que são postas à disposição do Estado e dos cidadãos para que a vida em sociedade seja regulada de maneira adequada. VIDEOAULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/3-no rma-juridica-e-ordenamento-juridico.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/3-norma-juridica-e-ordenamento-juridico.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/3-norma-juridica-e-ordenamento-juridico.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 AULA 4: Direito Objetivo e Direito Subjetivo Depois de analisados os conceitos de Direito, norma jurídica e ordenamento jurídico, cumpre agora que façamos a distinção entre direito objetivo e direito subjetivo, iniciando essa abordagem mencionando que essa distinção decorre justamente dos diversos sentidos que podem assumir a palavra direito. Sobre essa dicotomia entre direito objetivo e direito subjetivo, esclarece Tercio Sampaio Ferraz Jr. (2013, p. 116): A dicotomia pretende realçar que o direito é um fenômeno objetivo, que não pertence a ninguém socialmente, que é um dado cultural, composto de normas, instituições, mas que, de outro lado, é também um fenômeno subjetivo, visto que faz, dos sujeitos, titulares de poderes, obrigações, faculdades, estabelecendo entre eles relações. Assim, a partir das lições acima apresentadas, podemos afirmar que o direito pode ser visto a partir desse viés objetivo ou subjetivo dependendo do referencial adotado. Nesse sentido, o direito objetivo pode ser caracterizado como o conjunto de normas jurídicas que regulam os comportamentos das pessoas que vivem em sociedade, formando o que denominamos no capítulo anterior de ordenamento jurídico. Já o direito subjetivo se refere ao direito de determinada pessoa que figure em uma relação jurídica, o que será detalhadamente estudado mais a frente. Nota-se que o direito subjetivo é inerente às pessoas, que se colocam como titulares de direito. NA PRÁTICA Tercio Sampaio Ferraz Jr. (2013, p.117) nos traz um exemplo prático interessante que podemos adaptar para melhor entendimento. Imagine que José da Silva faleceu aos 60 anos de idade, deixando como única herdeira de seu vasto patrimônio sua filha, a Sra. Maria Joaquina. Nesse caso, todos nós sabemos que a herdeira terá direito ao patrimônio deixado pelo falecido, e isso decorre de previsão em normas jurídicas específicas que regulam o direito das sucessões. Assim, quando falamos em direito das sucessões, estamos nos referindo a algo objetivo, logo, no âmbito do direito objetivo. Quando falamos em direito à sucessão pertencente à Sra. Maria Joaquina, herdeira legítima, estamos no âmbito do direito subjetivo. Sobre o tema direito subjetivo, Silvio Rodrigues (1991, p. 248) destaca que se trata da “faculdade conferida ao indivíduo de invocar a norma a seu favor, ou seja, da faculdade de agir sob a sombra da regra, isto é, a facultas agendi”. Pelo exemplo dado na abordagem prática e por tudo que foi mencionado até aqui, podemos reforçar a ideia de que o direito objetivo e o direito subjetivo não são opostos que se anulam, mas sim escancaram prismas distintos sobre a análise. Enquanto o direito objetivo, caracterizado por um conjunto de normas jurídicas, não abre espaço para maiores discussões, surgem algumas teorias que buscam fundamentar a existência dos direitos subjetivos, conforme abaixo sistematizado. A primeira teoria que merece destaque é a teoria da vontade. Para essa teoria, o direito subjetivo é a vontade juridicamente protegida. Tercio Sampaio Ferraz Jr. menciona que “o direito subjetivo é o poder ou o domínio da vontade livre do homem, que o ordenamento protege e confere” (2013, p. 119). CONECTE-SE Sobre o tema Direito Objetivo e Direito Subjetivo, não deixe de ler o texto acessando a seguir. Trata-se de abordagem didática e fundamental para o aprendizado. ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/jY) Algumas criticas são formuladas em relação à teoria da vontade, dentre elas a de que existem direitos subjetivos independem da manifestação da vontade livre. Por exemplo: uma criança menor de idade não possui condiçõesde fazer sua vontade de não receber pensão alimentícia de seu pai. Trata-se de um direito irrenunciável, ou seja, que independe de manifestação da vontade livre. Outra teoria que merece destaque é a denominada teoria do interesse. Essa teoria destaca que o direito subjetivo nada mais é do que o interesse (de alguém) juridicamente protegido pela ordem jurídica. A teoria do interesse também sofreu críticas, pois existem direitos subjetivos que não se ligam a um determinado interesse, bem como existem interesses que não obtêm proteção jurídica. Em que pese as divergências doutrinárias sobre o tema, o entendimento majoritário é no sentido de que haja o reconhecimento de que direito subjetivo nada mais é do que o direito inerente a determinado sujeito no sentido de fazer valer o cumprimento de determinado comando normativo (norma jurídica). SAIBA MAIS Fiquem ligados! O direito objetivo e o direito subjetivo não se anulam, pelo contrário. Há entre eles uma estreita noção de complementariedade. VIDEOAULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/4-dir eitoobjetivo-e-direito-subjetivo.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/4-direitoobjetivo-e-direito-subjetivo.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/4-direitoobjetivo-e-direito-subjetivo.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 AULA 5: Relações Jurídicas Vamos agora seguir no estudo das relações jurídicas. Como vimos na Aula 4, o direito subjetivo se caracteriza pelo fato de estar ligado aos sujeitos de direito e isso tem tudo a ver com que iremos estudar a partir de agora. Já ressaltamos inúmeras vezes ao longo do curso que vivemos em sociedade e somos seres sociais, ou seja, estamos a todo momento envolvidos em relações sociais das mais diversas possíveis. Nem todas essas relações envolvem aspectos jurídicos, mas algumas delas sim, e é justamente por isso que são denominadas relações jurídicas. Podemos então afirmar que as relações jurídicas são as que envolvem direitos e obrigações entre os sujeitos sociais envolvidos. Como dissemos, o direito subjetivo tem um titular, que é justamente o sujeito de direitos. A relação entre os sujeitos de direitos caracteriza a relação jurídica. Sobre o tema, Silvio Rodrigues (1991, p. 35) afirma: “Esse titular do direito subjetivo, como titular da prerrogativa que decorre da norma jurídica, de exigir o seu cumprimento, figura como sujeito ativo na relação jurídica, a qual apresenta um ou vários sujeitos passivos, os quais devem cumprir a obrigação jurídica ou se abster de prejudicar o direito subjetivo, de titularidade do sujeito ativo.” Assim, partimos da ideia de que, toda relação deve necessariamente envolver mais de um sujeito. Nas relações jurídicas, teremos no mínimo dois sujeitos, com direitos e obrigações, e é justamente por isso que essas relações são denominadas de sinalagmáticas, na medida que estamos falando de direitos e obrigações simultâneas entre os sujeitos. Miguel Reale (2012, p. 223) afirma que: (…) ordenamento jurídico destina-se a reger as relações sociais entre indivíduos e grupos. As pessoas, às quais as regras jurídicas se destinam, chamam-se sujeitos de direito, que podem ser tanto uma pessoa natural ou física quanto uma pessoa jurídica, que é um ente coletivo. Para todo direito de alguém, teremos uma obrigação correspondente. Sempre que dois ou mais sujeitos envolverem-se em uma relação jurídica, terão como objetivo a satisfação de um desejo, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial, em torno do qual permeia a relação. NA PRÁTICA Imaginemos a seguinte situação: Rosicleide Chaves resolveu comprar um veículo de Marizete Pereira, fazendo a compradora um contrato de compra e venda de bem móvel. Este contrato nada mais é do que um instrumento que formaliza uma relação entre esses dois sujeitos de direito. Teremos necessariamente a figura de ambos, como vendedor e comprador, bem como os direitos e obrigações recíprocas. À Rosicleide recai a obrigação de pagar o valor ajustado, tendo ela o direito de receber o bem adquirido. À Marizete recai a obrigação de entregar o bem objeto do contrato, tendo ela o direito de receber o valor ajustado. Isso é uma relação jurídica! Assim, a relação jurídica tem como um dos elementos de formação a existência de dois sujeitos de direito, ocupando posições contrapostas. Esses sujeitos, pessoas como manifestação livre de vontade, se juntam ao outro elemento de formação das relações jurídicas, qual seja a existência de objeto lícito (que não viole norma jurídica) e possível. Assim, cumpre neste momento nos debruçarmos sobre esses dois elementos. a) Pessoas com manifestação livre de vontade As pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, são os sujeitos da relação jurídica. Não existe relação jurídica sem pessoas e não existe direito sem relação jurídica. Como já mencionado, podemos estudas as pessoas a partir da existência de dois grupos: os das pessoas físicas (ou naturais) e os das pessoas jurídicas. Pessoas físicas são aquelas que nascem da mulher, ou seja, decorrem de um fenômeno natural do ser humano, o nascimento com vida. Já as pessoas jurídicas são fruto de uma criação do universo jurídico, possibilitando que a elas sejam atribuídos bens, responsabilidades, etc. NA PRÁTICA Nós, seres humanos, somos pessoas físicas. Nascemos de nossas mães e isso nos qualifica como pessoas naturais. Por isso, temo um CPF, que significa Cadastro das Pessoas Físicas. Já uma empresa nasce através de um fenômeno jurídico, qual seja a constituição através de um CONTRATO CONSTITUTIVO DE SOCIEDADE. Logo, as pessoas jurídicas possuem um CNPJ, que significa Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas. É fato que toda pessoa, seja ela física ou jurídica, possui personalidade jurídica, o que nos dizeres de Washington de Barros Monteiro (2005, p.64) significa “o conjunto dos poderes de adquirir direitos e exercer, por si ou por outrem, atos da vida civil”. Assim, para que as pessoas possam estar em relações jurídicas, as mesmas devem possuir, além da personalidade jurídica, capacidade para figurarem como sujeitos de direitos. Podemos dizer que personalidade é o atributo ligado à pessoa que lhe confere a característica de pessoa, ou seja, somente terá personalidade quem for pessoa, sendo que a aquisição se dá a partir do nascimento com vida, para as pessoas naturais. Já em relação às pessoas jurídicas, a aquisição da personalidade se dá através do registro dos atos constitutivos em órgão específico, como por exemplo a Junta Comercial. Desses marcos, os sujeitos (pessoa física ou jurídica) podem ter direitos e obrigações, mas seu exercício dependerá da existência de capacidade para tanto. Assim, capacidade é a possibilidade de o sujeito exercer ou exercitar seus direitos e obrigações. Para as pessoas naturais, marco importantíssimo então se revela o momento em que se opera a aquisição da capacidade, vez que antes desse momento a pessoa não pode em nome próprio exercer seus direitos e cumprir suas obrigações. Esse marco é definido pela norma jurídica civil (Código Civil Brasileiro), que define que a incapacidade plena se dá entre o nascimento e os 16 anos, a capacidade relativa entre os 16 anos completos e os 18 incompletos, e a capacidade plena a partir dos 18 anos completos. Assim, diante da regra legal da capacidade civil, o sujeito menor de 16 anos é plenamente incapaz, não possuindo condições de exercitar seus direitos decorrentes da personalidade, portanto, todo e qualquer ato à ser exercido deve ser por intermédio de seu representante legal. O sujeito que tiver idade entre 16 anos completos e 18 incompletos terá capacidade relativa, ou seja, poderá praticar alguns atos da vida civil, mas sempre com a assistência de seu representante legal. O sujeito com idade igual ou superior aos 18 anos terá capacidade plena podendorealizar qualquer ato da vida civil, sem a necessidade de intervenção de representante ou assistente. Além de serem capazes, as pessoas, sujeitos das relações jurídicas, devem manifestar inequivocamente sua intenção, de forma livre e consciente, sob pena de macular toda a relação jurídica. O consentimento nada mais é do que a anuência necessária e válida do sujeito a respeito da adesão à uma relação jurídica sobre determinado objeto. Fato é que a manifestação livre e consciente do sujeito pode sofrer influências externas, capazes de distorcer a manifestação de vontade, chamadas de vícios do consentimento, tais como o erro, o dolo e a coação, que se fundam no desequilíbrio da atuação livre do sujeito, aderem à sua vontade e forçam a deliberação, formando uma divergência entre a vontade real e a vontade declarada, invalidando o ato jurídico. b) Objeto lícito e possível Para configuração de uma relação jurídica, é preciso também que o objeto da mesma seja algo lícito e possível, ou seja, não há que se falar em relação jurídica de objeto ilícito e impossível. Vamos aos exemplos de forma a deixar tudo mais claro: não é possível falar em relação jurídica, como direitos e obrigações recíprocas, quando dois sujeitos (ativo e passivo) acertam a compra e venda de uma entorpecente, isso pelo fato de que o objeto desse aparente contrato é algo ilícito e reprovado pelo ordenamento jurídico. Também não é possível falar em relação jurídica quando dois sujeitos acertam a compra e venda da lua. Todos nós sabemos que se assim ocorresse, o objeto desse contrato seria impossível, o que descaracterizaria por completo a relação jurídica. Pois bem, falamos em personalidade jurídica, tanto das pessoas físicas como também das jurídicas, mas é importante aqui destacar a classificação doutrinaria sobre os direitos decorrentes dessa personalidade. Carlos Bittar (1994, p. 244) classifica esses direitos em: Direitos físicos: Referentes à estrutura material ou corporal do ser humano (integridade corporal), como os direitos à vida, à integridade física, à imagem e à voz. Direitos psíquicos: Relativos aos elementos intrínsecos da personalidade (integridade psíquica, compreende a liberdade, a intimidade, o sigilo etc.), como os direitos à liberdade (de pensamento, de expressão, de culto), à intimidade e à privacidade, à incolumidade da mente e ao segredo (inclusive profissional). Direitos morais: Abrange atributos da pessoa na sociedade (patrimônio moral, compreende a identidade, a honra, as manifestações do intelecto), como os direitos à identidade (nome e outros sinais que individualizam a pessoa), à honra (reputação ou consideração social), ao respeito (dignidade e decoro) e às criações intelectuais. CONECTE-SE O Superior Tribunal de Justiça já sumulou entendimento no sentido de que pessoa jurídica pode ter direito à indenização por danos morais, ou seja, existem direitos morais ligados à personalidade jurídica dessas pessoas. Trata-se da Súmula 227, que pode ser acessada pelo link abaixo. ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/jZ) Importante ressaltar aqui que o objetivo do presente capítulo não é aprofundar o estudo sobre as particularidades e especificidades das pessoas físicas ou jurídicas, mas sim, caracterizá-las minimamente dentro do contexto das relações jurídicas. Porém, como ponto de finalização do presente capítulo, convém apresentar as espécies de pessoas jurídicas existentes. A primeira divisão que se faz é entre pessoas jurídicas de direito privado e pessoas jurídicas de direito público. Ainda adentraremos a diferenciação entre Direito Público e Direito Privado no decorrer do curso, porém, já cabe mencionar que esses mundos se diferenciam em relação aos interesses envolvidos. As pessoas jurídicas de direito público podem ser: pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados, Municípios, DF, autarquias e associações públicas) e pessoas jurídicas de direito público externo (Estados estrangeiros); as pessoas jurídicas de direito privado podem ser: associações, sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos e empresas individuais de responsabilidade limitada. Visto isso, concluímos a presente aula e assentamos as ideias sobre as relações jurídicas. ATENÇÃO: Não existe direito sem a existência das relações jurídicas. Das relações jurídicas decorrem os direitos e obrigações inerentes aos sujeitos que dela fazem parte. https://go.eadstock.com.br/jZ ATENÇÃO: estamos em diversas relações jurídicas, todos os dias: quando compramos um carro, quando contratamos um serviço, quando somos contratado por uma empresa, etc. VIDEOAULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/5-rel acoes-juridicas.html#w-tabs-1-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/5-relacoes-juridicas.html#w-tabs-1-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/5-relacoes-juridicas.html#w-tabs-1-data-w-pane-0 AULA 6: Dicotomia entre Direito Público e Direito Privado Primeiramente, devemos partir da premissa básica de que o direito é único e indivisível. Não podemos conceber a existência de um direito fragmentado, sem o sentimento de ciência única, formada pelo mesmo valor e ideal social. Desta forma, a divisão do direito em público e privado é meramente didático, e tem por finalidade possibilitar ao estudioso do direito uma melhor compreensão deste universo científico-social, mas o estudo desses dois segmentos não pode se afastar do sentimento de unidade, nem mesmo dos princípios que regem a ciência jurídica ou o direito. O direito privado é aquele composto predominantemente por normas de ordem privada, que vigoram apenas enquanto a vontade dos interessados não dispuser de modo diferente do previsto pelo legislador. O direito público é composto inteira ou predominantemente por normas de ordem pública, que são normas imperativas, de obrigatoriedade absoluta. São ramos que compõem o direito privado: ● Direito civil; ● Direito de família; ● Direito comercial e empresarial; ● Direito do consumidor; ● Direito agrário. São ramos que compõem o direito público: ● Direito constitucional; ● Direito administrativo; ● Direito financeiro; ● Direito penal; ● Direito internacional público; ● Direito processual, entre outros. NA PRÁTICA Quando somos contratados por uma empresa, por exemplo, e temos a Carteira de Trabalho (CTPS) anotada, inicia-se uma relação jurídica entre empregado e empregador, relação essa denominada de relação de emprego. É o Direito do Trabalho, ramo do direito vinculado ao direito privado, que irá estudar essa relação jurídica. Vamos estudar alguns desses ramos do direito nas aulas que estão por vir, porém, faz-se necessário pontuar neste momento que, hoje em dia, não há mais como utilizar dessa absoluta separação nos dias atuais. Essa dicotomia é fruto do Direito Romano. O direito brasileiro, com suas bases fundamentais advindas do direito romano, sempre utilizou desse parâmetro de separação, o que hoje em dia, é alvo de severas e fundamentadas críticas. CONECTE-SE Interessante artigo sobre a superação dessa dicotomia entre direito público e direito privado pode ser acessado pelo link abaixo. Vale a leitura! ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/j0) Tercio Sampaio Ferraz Jr (2013, p. 109) assim defende: “Desse modo, a distinção entre a esfera pública e a privada, confusa e sem nitidez, faz da separação entre direito público e privado tarefa difícil de realizar-se. Surgem campos jurídicos intermediários, nem públicos nem privados, como o direito do trabalho, e os tradicionais conceitos dogmáticos sentem dificuldade de impor-se. Não obstante, apesar de inúmeras críticas, a dicotomia ainda persevera, pelo menos por sua operacionalidade pragmática.” Nota-se assim que, nos dias atuais, essa dicotomia é apenas relativa. Isso se deu com muito mais clareza no Brasil apósa promulgação da Constituição Federal em 1988. Esse texto normativo, o mais importante do ordenamento jurídico, sempre foi a gênese do direito público, rivalizando com o Código Civil, esse considerado a “constituição do direito privado”. Pois bem, desde 1988 observamos o fenômeno da constitucionalização do direito, ou seja, mesmo as normas de direito privado passaram a ter um viés público marcante, o que torna impossível a manutenção dessa dicotomia em critérios absolutos. SAIBA MAIS A dicotomia entre direito público e direito privado não é absoluta! Serve apenas para fins metodológicos e para a aplicação pragmática. Assim, nenhum ramo do direito é absolutamente de direito público e nem absolutamente de direito privado. VIDEOAULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/6-di cotomia-entre-direito-publico-e-direito-privado.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/6-dicotomia-entre-direito-publico-e-direito-privado.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/6-dicotomia-entre-direito-publico-e-direito-privado.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 AULA 7: Ordenamento Jurídico como um Sistema Caros(as) alunos(as), já estudamos a norma jurídica e o ordenamento jurídico. Na ocasião, mencionamos que o ordenamento jurídico deve ser visto como um sistema dinâmico e neste momento cabe a nós dedicarmos um pouco de nosso tempo para profundar essa noção, o que será extremamente proveitoso quando começarmos a nos deparar com as noções fundamentais de cada um dos principais ramos do direito, cada qual com um conjunto normativo próprio e com institutos também particulares, convivendo dentro desse sistema dinâmico. Pois bem, iniciamos lembrando o que diz Tercio Sampaio Ferraz Jr (2013, p. 146): “Um ordenamento, como sistema, contém um repertório, contém também uma estrutura. Elementos normativos e não normativos (repertório) guardam relações entre si. Por exemplo, quando dizemos que as normas estão dispostas hierarquicamente, umas são superiores, outras inferiores estamos pensando em sua estrutura.” A partir dos ensinamentos expostos acima, podemos entender o ordenamento jurídico como um sistema que possui um repertório (elementos normativos e não normativos) e uma estrutura. Se o ordenamento jurídico é um sistema único, há que se ter em mente que o repertório e a estrutura são envolvidos por princípios que o organizam e são capazes de manter a harmonia nesse sistema, tal como defende Orlando Gomes, para quem: “As normas de Direito Positivo são agrupadas sistematicamente, formando os institutos jurídicos. A coordenação dos diversos institutos jurídicos em um todo harmônico forma, por sua vez, o sistema jurídico. Todo instituto jurídico tem no sistema seu lugar próprio. Encontrá-lo é determinar-lhe a natureza. A localização (sedes materiae) ajuda a compreensão e a aplicação das regras agrupadas (2007, p. 12).” Assim, entendemos o ordenamento jurídico como um sistema, ou seja, um todo harmônico e dinâmico, uma vez que as normas jurídicas estão em constante mutação, isso em decorrência do transcurso da história e da evolução das relações sociais. NA PRÁTICA Prova desse caráter dinâmico do sistema que é o ordenamento jurídico, é o fato de que com o passar do tempo as normas jurídicas vão sendo alteradas e adaptadas às novas realidades sociais. No Brasil, já tivemos uma norma jurídica penal que criminalizava o adultério, por exemplo. Com o passar do tempo as coisas mudaram, e hoje tal prática não é mais considerada crime, ou seja, não existe mais norma jurídica prevendo a tipicidade penal da conduta. Analisar o ordenamento jurídico como um sistema pressupõe necessariamente tocar na denominada “teoria dos sistemas” defendida por Niklas Luhmann, em que se sustenta a existência de um sistema jurídico. Para ele, ao invés de um ordenamento jurídico, existiria um sistema jurídico, ou seja, um conjunto de normas jurídicas coesas. O sistema jurídico teria várias “normas-origem”, ou seja, não apenas a Constituição, mas também, por exemplo: “Um plano econômico inconstitucional, mas declarado válido, uma interferência econômica ilegal, mas que gera efeitos práticos, as leis dos vencedores de guerra, que modificam pedaços do ordenamento dos vencidos, as leis das comunidades que vivem parcialmente à margem do estado de direito (MASCARO, 2007, p. 150).” Niklas Luhmann, assim, defende que o sistema o qual prevê os próprios meios de alteração é um “sistema autopoiético”, no sentido de que “nas sociedades contemporâneas, o próprio direito prevê mecanismos de sua reprodução, de sua reforma e adaptação às mudanças em relação ao que é exterior ao direito”. Nesse sentido, autopoiético significa justamente a “qualidade de se autoconstruir, autorreproduzir” (MASCARO, 2007, p.151). CONECTE-SE Para quem deseja saber um pouco mais sobre a aplicação da Teoria dos Sistemas, de Niklas Luhman, ao Direito, vale a leitura do artigo científico abaixo: ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/j1) Observar o ordenamento jurídico como um sistema jurídico harmônico significa que deve ser buscada sempre a manutenção da coerência do mesmo, o que não anula a possibilidade de surgirem, no âmbito desse sistema, conflitos em duas ou mais normas jurídicas, o que vem a ser denominado de antinomia jurídica. Assim, estaremos diante de uma antinomia sempre que duas normas, integrantes do mesmo sistema, se apresentarem em conflito aparente. Maria Helena Diniz (2008, p. 481) classifica as antinomias quanto ao critério de solução: Antinomia aparente: Quando os mecanismos para solução dessa antinomia forem normas que integram o ordenamento jurídico. Antinomia real: Quando não houver no ordenamento jurídico um critério específico para solução do conflito. SAIBA MAIS: É possível considerar o ordenamento jurídico um sistema jurídico composto por normas jurídicas, que convivem de maneira harmônica e se relacionam frequentemente. VIDEOAULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/7-or denamento-juridico-como-um-sistema.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/7-ordenamento-juridico-como-um-sistema.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/7-ordenamento-juridico-como-um-sistema.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 AULA 8: Fontes do Direito e Hierarquia das Normas Vamos agora estudar as fontes do direito e a hierarquia das normas jurídicas! Podemos dizer que fontes do direito se relacionam ao processo de formação das normas jurídicas ou mesmo do ordenamento jurídico. Para Miguel Reale (2012, p. 141), as fontes de Direito correspondem às formas de poder, que são: o processo legislativo; a jurisdição; os usos e costumes jurídicos, os quais exprimem o poder social; a fonte negocial ou da autonomia da vontade. De fato, Direito é uma forma de exercício de poder, por isso a definição dada pelo autor é bastante relevante. É comum a classificação das fontes do direito em fontes diretas e fontes indiretas. Fontes diretas: Leis e costumes. Fontes indiretas: Doutrina e jurisprudência. Vamos agora falar um pouco sobre as leis, os costumes, a doutrina e a jurisprudência. Não há dúvidas de que a fonte formal de maior importância é a lei. Ela representa força e pode ser uma vinculação, e é justamente por isso que possui a capacidade de fazer com que os indivíduos sejam conduzidos a agir de uma forma ou de outra. O que nos interessa para o estudo do direito são as leis humanas, ou seja, aquelas que são fruto da produção do ser humano, e não as leis da natureza. As leis humanas são decorrentes do exercício de um poder que é emanado de uma autoridade competente, e há legitimidade no sentido de que a sociedade como um todo se vê representada. No Brasil,a função legiferante (produção de leis) é exercida de maneira precípua pelo poder legislativo, por meio de parlamentares que possuem mandatos outorgados pela representatividade popular adquirida no voto. Assim, o legislador, que é o indivíduo humano escolhido, agirá em nome do povo e elaborará a lei com o fim de buscar e garantir a harmonia social que permita a manutenção da paz. O ordenamento jurídico é formado pelo conjunto de todas essas leis, neste sentido, o povo se autogoverna através das leis. Logo, as punições previstas em lei são atos de vontade do povo, que pune a si próprio, de livre e espontânea vontade. A lei criada, ainda que seja para punir ou castigar, é ato de vontade do povo. Para Washington de Barros Monteiro (2005, p. 13), as leis são preceitos (normas de conduta) normalmente de caráter geral, ou seja, voltam-se “a todos os membros da coletividade”. Isso quer dizer que as leis são, via de regra, abstratas, e não há previsão concreta no âmbito do comando normativo. No entanto, quanto às pessoas a quem se dirigem, as leis podem ser classificadas em gerais (por exemplo, o Código Civil), especiais (por exemplo, a Consolidação das Leis do Trabalho) e individuais (por exemplo, lei que conceda pensão a determinada pessoa). Veremos mais adiante que as leis não se confundem com a Constituição, justamente pelo que revela a ideia de hierarquia das normas jurídicas. É preciso ainda destacar que lei não é sinônimo de norma jurídica. Existem normas jurídicas que não são leis em sentido estrito, uma vez que, por exemplo, decorrem de ato do Poder Executivo (uma Medida Provisória é norma jurídica diversa de lei, vez que ela emana do chefe do poder executivo – Presidente da República). REFLITA Toda lei é uma norma jurídica. Nem toda norma jurídica é uma lei. Quanto aos costumes, como bem lembra Washington de Barros Monteiro (2005, p. 18), apresentaram-se na antiguidade como uma relevante forma de expressão do direito, mantendo-se até os dias atuais com certa relevância em alguns países, como por exemplo a Inglaterra. Nos países com tradição jurídica de direito positivo, como é o caso do Brasil, os costumes perderam força para o direito decorrente da legislação, porém, ainda se mostram relevantes em alguns ramos do direito e na interpretação de alguns fenômenos jurídicos. Segundo Maria Helena Diniz (2008, p. 313), o costume jurídico é formado por dois elementos: 1. O uso, ou seja, a prática uniforme, com constante repetição (reiteração) de certos comportamentos. 2. A convicção de que esse comportamento corresponde a uma necessidade jurídica e social. Quando as fontes diretas forem ineficazes à solução de algum impasse, nasce a importância das fontes indiretas do direito, compostas pelas doutrinas (obras e estudos científicos), bem como das jurisprudências (conjunto de decisões judiciais sobre determinado assunto), que servirão de base para a solução de casos conflituosos no meio social. CONECTE-SE Vale a leitura sobre os costumes e o direito brasileiro. ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/j2) Analisada as fontes do direito, cumpre agora tecer alguns comentários acerca da hierarquia das normas jurídicas. Como já mencionamos anteriormente, o ordenamento jurídico é um sistema jurídico harmônico, em que os elementos (normativos e não normativos) são postos juntamente com as estruturas (como, por exemplo, a hierarquização das normas). Diversas são as normas que compõe o Direito, mas cada uma delas possui força regulamentadora distinta. No sentido amplo e genérico, podemos chamar todas essas normas de leis, porém, é preciso reconhecer em cada uma delas sua força específica, fazendo uma análise a partir de critérios mais estritos. Surge aí uma espécie de pirâmide normativa, sendo que no topo da pirâmide vamos encontrar a Constituição Federal de 1988, norma jurídica fundamental e fundamento de validade de todas as demais, responsável pelo disciplinamento de todo o ordenamento jurídico brasileiro e que impõem às demais normas o atendimento aos seus princípios básicos. Dessa forma, teremos a hierarquização normativa. NA PRÁTICA A Constituição Federal, como norma jurídica que é, convive dentro do ordenamento jurídico com as demais espécies normativas, a exemplo das leis ordinárias. Imagine a situação em que uma lei ordinária proveniente do Congresso Nacional trate de matéria que colide com o que dispõe a Constituição. Teremos aí uma antinomia de normas jurídicas, porém sempre devemos lembrar da fundamentabilidade das normas constitucionais. Logo, deverá haver controle de constitucionalidade para que a lei perca sua eficácia e não haja assim qualquer violação ao que dispõe a Lei Fundamental (Constituição). Constituição Federal: É a norma fundamental do Estado; o fundamento de validade de todas as demais normas e instrumento de organização política e administrativa do Estado. A Constituição Federal de 1988 será estudada mais amplament no capítulo que aborda o Direito Constitucional. Leis Complementares: Têm como objetivo complementar as previsões constitucionais, ou seja, suas hipóteses de cabimento estão previstas na Constituição Federal. A aprovação de uma Lei Complementar pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional) exige quorum especial, portanto, diferente das leis ordinárias, por isso são mais difíceis e exigem maior discussão nas casas legislativas. Leis Ordinárias: É uma regra de direito ditada pelos representantes do povo que exercem o poder político, regulamentando os mais diversos aspectos da vida em sociedade. CONECTE-SE O artigo abaixo indicado aponta para o fato de que existe um grande número de leis que são julgadas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou seja, por estarem em desacordo com a Constituição, essas leis perdem a eficácia. Vale a leitura! ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/j3) VIDEOAULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/8-fo ntes-do-direito-e-hierarquia-das-normas.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://go.eadstock.com.br/j3 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/8-fontes-do-direito-e-hierarquia-das-normas.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/8-fontes-do-direito-e-hierarquia-das-normas.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 AULA 9: Direito e Moral Após tudo que já foi estudado nas aulas passadas, chegou o momento de saber como se dá a relação entre Direito e Moral, algo que não é tarefa das mais fáceis. A todo momento estamos em meio a dilemas morais que acabam desaguando no Poder Judiciário, pois muitas vezes as normas jurídicas e o processo de legislativo (criação das normas, em sua essência) se colocam distantes desses embates. A primeira grande tarefa é diferenciar as Normas Éticas das Normas Técnicas. Já estudamos a norma jurídica e suas principais características, inclusive o alto poder de coercitividade que elas possuem, ao contrário das normas éticas ou morais, que apesar de vincular as pessoas, não emanam de um poder instituído e não possuem efetiva coercitividade. Mas o que entendemos por Ética? E o que entendemos por Moral? Seriam sinônimos? Para responder esses questionamentos, buscaremos a etimologia de cada uma dessas expressões. Nesse aspecto, o termo ética deriva do grego ethos, que significa costume, modo de agir etc. Já o termo moral deriva do latim moris, que significa costume. Assim, etimologicamente, os termos se apresentam como sinônimos, porém é possível que identifiquemos algumas diferenças marcantes. A primeira diferença que pode ser apontada é que a ética está no campo da teoria, e a moral no campo da prática. Existem assim concepções éticas que circundam determinada sociedade e influenciam o modo de agir das pessoas. É fato que o ser humano, por ser um ser social, vive permeado de relações das mais diversas possíveis, e as ações humanas são frequentemente passíveis de julgamentospor parte dos pares sociais, o que também é um padrão de análise comportamental. É justamente por esse fato que criamos padrões comportamentais sobre o que é certo e sobre o que é errado. NA PRÁTICA O que nos faz avaliar se determinado comportamento é certo ou errado é justamente a vinculação que nos sujeitamos a esses padrões do que é certo e do que é errado. Antes de dirigir um veículo após a ingestão de bebida alcoólica, certamente nos pautamos em uma avaliação intrínseca sobre o comportamento e se é certo ou errado, isso a partir do que entendemos no íntimo de nosso psicológico. Da mesma forma, agimos em quase todas as ações que realizamos em nosso dia a dia. A partir do exemplo apontado acima, podemos separar o que são questões éticas e o que são questões morais. Ao nos perguntarmos por que é errado dirigir embriagado, estamos diante de um questionamento abstrato, que não se relaciona ao nosso comportamento especificamente. Assim, nesse caso, estamos diante de uma questão ética importante. Ao questionar se, concretamente, podemos dirigir embriagado, estamos diante de um dilema moral relevante. Continuando na tarefa de diferenciar ética e moral, é possível identificar que os problemas de índole moral são individuais, já os de índole ética são gerais e amplos. Logo, é correto afirmar que os problemas éticos influenciam as decisões morais. A partir dessas considerações, é possível afirmar que no meio social existem vários códigos de conduta distintos, a depender do meio social em análise, das questões econômicas e políticas, etc. Já a ética é um todo mais homogêneo, que influencia o processo de criação das normas jurídicas dentro da perspectiva de que o ordenamento jurídico representa um mínimo ético necessário para que a vida em sociedade se mostre mais harmônica possível. O fundamento de estudo sobre a moral deve ser a própria sociedade, que é dinâmica, mutável e adaptável. Logo, é possível afirmar que os padrões morais no seio social também se modificam com o passar do tempo. O Direito também deve acompanhar esse dinamismo, ou seja, as normas jurídicas devem manter ao máximo a coerência com os padrões éticos e morais que vigoram na sociedade em determinado momento da história. Mas, infelizmente, muitas vezes o Direito não consegue acompanhar o dinamismo da sociedade e na maior parte do tempo está atrasado e em débito com pretensões relevantes. Todas essas considerações só são relevantes pela consideração de que vivemos em sociedade. O indivíduo que permanece isolado possui neutralidade moral, ou seja, perde as referências práticas sobre o que é certo e sobre o que é errado, e a moral não tem nenhuma relevância como instrumento de manutenção da estrutura social. Vale lembra da teoria do mínimo ético, pela qual o Direito representa apenas o mínimo de moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver. Para essa teoria, o Direito não é algo diverso da Moral, mas uma pequena parte dela. O Direito tutela muita coisa que não é moral, ou seja, muitas normas que não possuem repercussão alguma no campo ético. Como dito anteriormente, existem muitas questões relevantes que envolvem o Direito e os dilemas morais relevantes. Por exemplo, a questão do relacionamento homoafetivo, que envolve um dilema moral histórico, deparou-se com a necessidade de enfrentamento pelo Poder Judiciário, tendo o Supremo Tribunal Federal decidido pela necessidade de equiparação da união homoafetiva à união estável e ao casamento, em uma nítida tentativa de reparar problemas históricos de exclusão e difusão do preconceito. CONECTE-SE O artigo abaixo indicado traz uma visão interessante sobre Direito e Moral. Vale a leitura! ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/j4) SAIBA MAIS O Direito e a Moral estão intimamente relacionados, porém, não se confundem. O grande desafio do Direito é não deixar que o subjetivismo das interpretações morais influenciem as decisões judiciais importantes a ponto de se sobreporem à essência das normas jurídicas. VIDEOAULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/9-dir eito-e-moral.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/9-direito-e-moral.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/9-direito-e-moral.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 AULA 10: Noções de Direito Constitucional Caros(as) alunos(as), vamos agora começar o estudo sobre alguns dos principais ramos do Direito. Aqui, não pretendemos adentrar profundamente os aspectos mais peculiares sobre todos os ramos existentes, pois isso seria impossível, mas sim abordar os aspectos mais relevantes de alguns deles, aqueles que são essenciais no exercício da cidadania e na formação do conhecimento jurídico básico. O primeiro a ser estudado é o Direito Constitucional, o mais importante sem sombra de dúvidas, entendido como o ramo do Direito que disciplina a organização do Estado, determina a distribuição das competências do poder político e reconhece a existência de direitos e garantias fundamentais no âmbito de proteção do indivíduo. Pelo exposto, é o Direito Constitucional quem cuida da designação normativa relativa à estruturação do Estado. Assim, não há Estado organizado sem Constituição. É possível definir ainda Direito Constitucional como o conjunto de normas jurídicas “relativas à forma do Estado, à forma do governo, ao modo de aquisição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos e aos limites de sua ação” (FERREIRA FILHO, 1995, p. 14). Assim, fica evidente que a Constituição Federal se revela como a norma jurídica fundamental do Estado por meio da qual ele se organiza política e administrativamente. Sob a ótica científica, é possível dizer que o Direito Constitucional se trata de um ramo do direito público interno que estuda as normas que organizam e estruturam o Estado e suas relações de poder. É possível ainda afirmar que se trata de um sistema normativo encarregado da organização e da estruturação do Estado e das relações de poder que envolvem órgãos estatais. Por fim, a partir de uma concepção subjetiva, falar em direito constitucional significa se referir à posição jurídica de vantagem que se deve reconhecer a alguém, em virtude da incidência concreta das normas integrantes do direito constitucional objetivo. NA PRÁTICA Do ponto de vista subjetivo, é possível entender o direito constitucional como algo atrelado à determinada pessoa. Imagine que João da Silva é preso ilegalmente, ou seja, sua liberdade é restringida sem que estejam preenchidos os requisitos legais autorizadores. Neste caso, João da Silva possui um direito constitucional a ser protegido e restabelecido, qual seja o direito relacionado à liberdade de locomoção. Trata-se de um direito fundamental, inclusive, podendo ser protegido por uma garantia constitucional denominada de Habeas Corpus. Assim, podemos sistematizar alguns objetos do Direito Constitucional enquanto ramo da ciência jurídica relativamente autônomo: ● Forma e organização do Estado ● Estruturação dos modos de aquisição e exercício do poder do Estado, incluindo a recíproca divisão de funções entre os órgãos estatais ● Direitos e garantias fundamentais dos indivíduos ● Finalidades básicas que devem ser buscadas pela atuação estatal ● Produção e organização das normas que estabelecem, integram ou modificam determinado ordenamento constitucional, independentemente do conteúdo dessas normas ● Normas que disciplinem qualquer matéria cujo estudo interesse à ciência do direito constitucional SAIBA MAIS Como já mencionado anteriormente, o Direito é um todo harmônico, ou seja, os ramos estudados gozam de autonomia relativa e não absoluta, pois há constante relação entre eles. Não é diferente com o Direito Constitucional autônomo, científica e dogmaticamente, porém, com intensa relação com os demais ramos do sistema jurídico.Direito Constitucional não é sinônimo de norma constitucional, pois essa última representa justamente o elemento normativo objeto do Direito Constitucional enquanto ramo da ciência jurídica. As normas constitucionais possuem algumas características básicas, quais sejam: Supremacia constitucional Ao Direito Constitucional pertencem as normas “superiores” do ordenamento jurídico, de modo que as demais devem ser organizadas e interpretadas conforme a normas constitucionais em vigor. Divide-se em: ● Supremacia material: quanto ao conteúdo. As matérias tratadas pelas normas constitucionais gozam de supremacia em relação às demais, simplesmente por tratarem de questões mais fundamentais. ● Supremacia formal: quanto à forma. Tudo que está dentro da Constituição Federal é norma constitucional e por isso suprema dentro do sistema jurídico. Politicidade As normas constitucionais possuem claro viés político, no sentido de representarem as opções políticas de determinado Estado. Transversalidade As normas constitucionais são transversais na medida em que dialogam com vários assuntos distintos e alcançam questões ambientais, criminais, fiscais etc. É o denominado poder constituinte originário que dá origem à Constituição, entendida como a norma jurídica suprema. Surge assim uma nova ordem jurídico-constitucional, sendo que as disposições anteriores que forem incompatíveis com aquela não são recepcionadas, acarretando sua consequente revogação. É possível classificar as Constituições Federais a partir de alguns critérios: a) Quanto a origem ● Outorgadas (BR 1824, 1936, 1967): impostas. ● Promulgadas (BR 1891, 1934, 1946 e 88). ● Cesaristas (plebiscito de carta feita por ditador ou de um projeto elaborado por um imperador – Venezuela 2000). São chamadas também de Bonapartistas. ● Pactuadas – anacronismo (relação instável entre duas forças políticas rivais, como no período da monarquia estamental da Idade Média – monarca vs burguesia). Constituição Francesa de 1830 (monarca e representantes populares – legislativo). DIFERENCIAÇÃO ENTRE CARTA (OUTORGADA) E CONSTITUIÇÃO (NOMEN JURIS DA LEI FUNDAMENTAL PROMULGADA). b) Quanto à forma ● Escritas (instrumental). ● Não escritas (costumeiras ou consuetudinária). c) Quanto à extensão ● Sintéticas. ● Analíticas. d) Quanto ao conteúdo ● Materialmente Constitucional. ● Formalmente Constitucional. A abertura da Constituição para dispositivos materialmente constitucionais e o art. 5º, §§ 2.º e 3.º da CF/88. Os princípios implícitos (non bis in idem, nemo tenetur se detegere (proteção contra a autoincriminação), duplo grau de jurisdição etc.) Os tratados internacionais e sua posição de proeminência. e) Quanto ao modo de elaboração ● Dogmáticas. ● Históricas. f) Quanto à alterabilidade – estabilidade – mutabilidade ● Rígidas: admissão de reformas constitucionais, mediante processo de modificação mais complexo e rigoroso do que os exigidos para a aprovação de legislação ordinária. ● Flexíveis: as reformas constitucionais podem ser feitas por processos semelhantes da legislação comum. ● Semirrígidas: parte das alterações é feita por processo complexo e as demais normas por processos simples. ● Imutáveis: não admite reformas. SAIBA MAIS A partir dos critérios acima apresentados, podemos classificar a Constituição Federal de 1988, atualmente em plena vigência, como: RÍGIDA, PROMULGADA, ESCRITA, ANALÍTICA e FORMAL. E como o Direito Constitucional se relaciona com o nosso dia a dia? Responder a esse questionamento é essencial para que possamos compreender a importância de termos ao menos um conhecimento básico sobre o tema. O Direito Constitucional, como mencionado, é o ramo do Direito com maior importância, sendo justamente na Constituição que encontramos a essência de nossos direitos fundamentais, além de entendermos como se dá a organização política do Estado. Seria fundamental que todo cidadão, e não só aqueles com formação jurídica, pudesse ter acesso e conhecimento sobre Direito Constitucional. Certamente teríamos um ganho exponencial no que tange o efetivo exercício da cidadania, com plena percepção de direitos e deveres inerentes à vida em sociedade. CONECTE-SE O artigo abaixo traz um importante panorama da necessidade do ensino do Direito Constitucional nas escolas. Trata-se de uma pesquisa realizada em 2017, com mais de 2000 alunos da rede pública, que aponta os seguintes dados: ● Apenas 4% dos alunos conhecem mais de 10 artigos da Constituição Federal; ● 83% dos alunos não sabem quantos artigos tem a Constituição Federal; ● 91% dos alunos não sabem o que são cláusulas pétreas; ● mais de 70% dos alunos não sabem o que é uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional). ACESSAR (https://go.eadstock.com.br/j5) VIDEOAULA: https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/10-n ocoes-de-direito-constitucional.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://go.eadstock.com.br/j5 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/10-nocoes-de-direito-constitucional.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/574290/mod_resource/content/1//book/10-nocoes-de-direito-constitucional.html#w-tabs-0-data-w-pane-0 AULA 11: Noções de Direito Tributário Vimos que a nossa Constituição Federal (CF) vigente dá ao Estado uma série de obrigações, e para que ele desenvolva seus serviços e atividades públicas em benefício dos cidadãos, torna-se fundamental a arrecadação de recursos que serão utilizados no custeio dos serviços básicos tais como a saúde, educação, saneamento básico, etc. A atividade arrecadatória do Estado é coercitiva e impõe aos cidadãos o dever de contribuir para que possa haver a promoção do bem comum. Assim, é correto afirmar que o Estado possui um poder de tributar, que deve ser regulado – e esse o papel do Direito Tributário. SAIBA MAIS No ato de pagamento do tributo não existe o elemento VONTADE. Isso quer dizer que, caso estejamos incluídos nas condições expostas na lei, temos a obrigação, o dever fundamental de pagar o tributo. Trata-se de um dever atrelado à ideia de solidariedade social. Direito Tributário é o ramo do direito intimamente relacionado ao nosso dia a dia. Costumamos dizer que existem duas coisas certas na vida: a morte e o pagamento de tributos. A Constituição Federal de 1988 aproveitou parte do sistema tributário nacional que já existia e tratou de algumas situações, tais como: ● União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm o poder de instituir impostos, taxas e contribuição de melhoria. ● Somente a União pode instituir empréstimo compulsório, mediante Lei Complementar. ● Passam a existir as chamadas contribuições sociais, de competência exclusiva da União e mediante Lei Complementar. ● São previstas as limitações ao poder de tributar. Juntamente à Constituição Federal, a nível infraconstitucional (abaixo da Constituição), temos o Código Tributário Nacional, Lei n° 5.172, de 25.10.66, Ordinária na sua origem, é recepcionada pela Constituição Federal como Lei Complementar, denominando-a de Código Tributário Nacional e responsável por definir as regras gerais de direito tributário. Fato é que o Estado exerce atividade financeira e assim possui despesas e necessita de receitas, o que garante que na máxima essência sejam prestados os serviços necessários à sociedade. Assim, a cobrança de tributos se mostra como principal fonte de receitas públicas. Logo, o Direito Tributário pode ser conceituado como o ramo do direito, tradicionalmente alocado no campo do direito público, que regula a relação entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias, protegendo assim o contribuinte dos abusos do poder de tributar. Como já mencionado anteriormente, o Direito é uno. As autonomias científicas possuem fins didáticos e metodológicos, ou seja, não há autonomia absoluta nem do Direito Tributário e nem de qualquer outro ramo do direito. Didaticamente, o Direito
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