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59565Livro_Ecologia__EAD_1a_ed

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Prévia do material em texto

2011
Oriel Herrera Bonilla
Eliseu Marlônio Pereira de Lucena
Fundamentos em Ecologia
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados desta edição à SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
(SEAD/UECE). Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer 
meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores.
EXPEDIENTE
 
Design instrucional
Antonio Germano Magalhães Junior
Igor Lima Rodrigues
Pedro Luiz Furquim Jeangros
Projeto gráfico
Rafael Straus Timbó Vasconcelos
Marcos Paulo Rodrigues Nobre
Coordenador Editorial
Rafael Straus Timbó Vasconcelos
Diagramação
Marcus Lafaiete da Silva Melo
Ilustração
Marcos Paulo Rodrigues Nobre
Capa
Emilson Pamplona Rodrigues de Castro
 
 
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Dilma Vana Rousseff
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Carlos Eduardo Bielschowsky
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – DPEAD
Hélio Chaves Filho
SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
Celso José da Costa
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
Cid Ferreira Gomes
REITOR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
Francisco de Assis Moura Araripe
VICE-REITOR
Antônio de Oliveira Gomes Neto
PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO
Josefa Lineuda da Costa Murta
COORDENADOR DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Antonio Germano Magalhães Junior
COORDENADOR GERAL UAB/UECE
Francisco Fábio Castelo Branco
COORDENADORA ADJUNTA UAB/UECE
Eloísa Maia Vidal
COORDENADORA DA LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Germana Costa Paixão
COORDENADORA DE TUTORIA E DOCÊNCIA DA LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Jeanne Barros Leal de Pontes Medeiros
Apresentação ....................................................................................................................... 9
Capítulo 1
Noções gerais ....................................................................................................................... 11
Introdução .......................................................................................................................... 13
Definições de Ecologia ....................................................................................................... 14
Histórico da ecologia .......................................................................................................... 14
Primeiros trabalhos relacionados à ecologia ........................................................................16
As primeiras sociedades de ecologia ....................................................................................16
Os movimentos ecológicos ...................................................................................................18
Áreas de estudo ....................................................................................................................19
Interações da Ecologia com outras áreas de estudo .......................................................... 21
Ecologia: ciência de síntese e de análise ............................................................................ 23
A ecologia vegetal no Brasil ..................................................................................................24
Capítulo 2
Fatores ecológicos ................................................................................................................ 27
Fatores abióticos: climáticos e hídricos .............................................................................. 29
Fatores climáticos .................................................................................................................29
Fatores hídricos .................................................................................................................. 48
Capítulo 3
Fatores ecológicos ................................................................................................................ 57
Fatores abióticos: fatores edáficos ..................................................................................... 59
Conceitos básicos ..................................................................................................................59
As fases do solo .....................................................................................................................62
Ação do clima na formação do solo ......................................................................................64
Ação do relevo na formação do solo .....................................................................................65
Processos mecânicos do intemperismo ................................................................................66
Processos químicos do intemperismo ..................................................................................69
Água do solo .........................................................................................................................70
Salinidade do solo .................................................................................................................70
pH do solo .............................................................................................................................72
Nutrientes inorgânicos .........................................................................................................72
Capítulo 4
Fatores ecológicos ................................................................................................................ 77
Fatores bióticos .................................................................................................................. 79
Introdução .............................................................................................................................79
Definição ...............................................................................................................................80
Tipos de simbiose .................................................................................................................81
Predação ...............................................................................................................................85
Tipos de predação .................................................................................................................86
Estratégia de fuga das presas ................................................................................................87
Amensalismo .........................................................................................................................90
Parasitismo ............................................................................................................................90
Protocooperação ...................................................................................................................92
Mutualismo ...........................................................................................................................93
Síndromes Florais ..................................................................................................................93
Comensalismo .......................................................................................................................94
Capítulo 5
Dinâmica das populações e dos ecossistemas ....................................................................... 99
Dinâmica das populações................................................................................................... 101
Distribuição espacial dos indivíduos .....................................................................................101Atributos biológicos das populações ....................................................................................102
Fatores que regulam o tamanho das populações .................................................................104
Oscilações que limitam o crescimento populacional ............................................................105
Dinâmica dos ecossistemas ...................................................................................................105
Cadeia alimentar ...................................................................................................................106
Produtividade nos ecossistemas ...........................................................................................108
Capítulo 6
Ecossistemas versus Sucessão ecológica ............................................................................... 117
Componentes do ecossistema ........................................................................................... 119
Sucessão ecológica ................................................................................................................120
Sucessão primária e secundária ............................................................................................ 121
Ecese .....................................................................................................................................122
Sere .......................................................................................................................................123
Climax ...................................................................................................................................123
Capítulo 7
Biosfera ................................................................................................................................ 129
Origem e definição ............................................................................................................. 131
Por que se interessar pela biodiversidade? ..........................................................................131
Os genes vs. ecossistemas ....................................................................................................132
A diversidade biológica é o produto da evolução? ...............................................................132
A teoria sintética da evolução ...............................................................................................133
A conservação da natureza e o papel ecológico da diversidade biológica ............................134
Os recursos biológicos ..........................................................................................................134
As relações homem-natureza ...............................................................................................135
Concepção integrada da diversidade biológica .....................................................................136
Mutações e diversidade genética .........................................................................................136
A seleção natural ...................................................................................................................137
A noção de espécie ...............................................................................................................137
A especiação .........................................................................................................................138
A seleção natural leva à criação de novas espécies? ............................................................139
O inventário das espécies ....................................................................................................140
Diversidade vs. funcionamento dos ecossistemas ................................................................143
Características dos ecossistemas e riqueza das populações .................................................143
A diversidade das espécies vs. espécies chave .....................................................................144
Diversidade e estabilidade dos ecossistemas .......................................................................145
A diversidade e a produtividade dos ecossistemas ...............................................................146
Causas da perda da biodiversidade em florestas tropicais ...................................................147
Importância ecológica da cobertura vegetal na conservação da biodiversidade ..................156
Biodiversidade da caatinga ...................................................................................................157
Contrastes .............................................................................................................................159
Dispersão ..............................................................................................................................160
Dados dos Autores ............................................................................................................... 166
A Ecologia é uma ciência relativamente nova, mas seu princípios e conhecimen-
tos são antigos, sendo objeto de muitas praticas conservacionistas por nossos ante-
passados. Para preservaro biodiversidade existentes nos Ecossistemos é necessário 
conhecer primeiro como são realizadas as delicadas interações que ocorrem entre os 
organismos e seu ambiente. 
O ser humano faz parte dessa intrincada rede de relações e tem a responsabilida-
de principal de manter o equilíbrio, zelando pela manutenção dele, a fim de que todos 
possam continuar vivendo harmoniosamente. 
Neste livro, elaborado em sete capítulos, apresentamos noções básicas sobre Eco-
logia, conceito, seu histórico, subdivisões e interações com outras ciências. São tam-
bém abordados os fatores ecológicos e a maneira como estes estão relacionados com a 
distribuição e ocorrência natural dos seres vivos em seus ambientes. São analisados 
como a alteração dos fatores ecológicos abióticos principalmente os de índole climáti-
cosestão causando mudanãs na dinâmica das populações e na estrutura das comuni-
dades com a consequente perda de biodiversidade. 
Nos capítulos 5 e 6 são tratados o ecossistema e a sucessãõ de ecológicadas 
espécies em seus ambientes, podendo estes conhecimento auxiliar ao prifissional de 
biologia nos programas de recomposição de ecossistemas degradados. Finalmente no 
capítulo 7, tratamos da biosfera e a biodiversidade,discutindo pontos relevantes que 
nos orientam a interessar-nos e a cuidar dos bancos de gemoplasma presentes nos pa-
íses de faixa tropical. Neste caoítulo mostramos quais são as causas que estão levando 
esses países a perder espécies de plantas e animais desconhecidos ou não catalogados 
pela ciência, incluindo aqui o bioma caatinga, entre os biomas brasileiros ameaçados.
Intencionamos comm este livro, oferecer ao aluno os fundamentos em ecologia, 
de forma tal, que abra o caminho para um aprofundamento maior, com base nos novos 
avanços e descobertas que são feitas diariamente e aprendam a respeitar e amar a vida.
Os Autores
Capítulo
Objetivos:
• Oferecer ao aluno fundamentos sobre Ecologia, sua origem e histórico como a 
ciência do meio ambiente.
• Mostrar como a Ecologia tem se subdividido e como interage com outras áreas de 
conhecimento.
1
Noções gerais
13FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Introdução
A palavra Ecologia, derivada do idioma grego (oikos/casa - logos/
estudo), foi criada no século XIX, pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel (Fi-
gura 1.1), para designar “a relação dos animais com seu meio ambiente 
orgânico e inorgânico”. A ecologia também já foi definida como “o estudo 
das inter-relações dos organismos e seu ambiente”, como “a economia da 
natureza” e como “a biologia dos ecossistemas”. A expressão meio ambien-
te inclui tanto outros organismos quanto o meio físico circundante, sendo 
que as relações entre indivíduos de uma mesma população e entre indiví-
duos de diferentes populações, em umdeterminado ambiente, compõem 
os sistemas ecológicos ou ecossistemas. 
Desde um ponto mais simples, a 
ecologia seria o ramo da Biologia que es-
tuda a relação dos seres vivos entre si e 
com o meio ambiente; sendo assim funda-
mentada no conceito de ecossistema, que 
demonstra a impossibilidade de sobrevi-
vência isolada dos elementos da natureza 
e a necessidade de eles se relacionarem 
em sistemas complexos.
Realizador de uma obra notá-
vel pela amplitude de temas tratados e 
pela profundidade das pesquisas, Ernst 
Haeckel formulou hipóteses polêmicas 
sobre a teoria evolucionista de Charles 
Darwin. O interesse pela zoologia resul-
tou em trabalhos sobre a natureza dos 
organismos inferiores, protozoários e esponjas; além de estabelecer rela-
ções entre esses organismos e espécies superiores, na classificação ani-
mal. Esses trabalhos garantiram-lhe o cargo de professor de zoologia na 
Universidade de Jena, em 1862. 
Haeckel tentou reconstituir o ciclo completo de evolução dos seres vivos 
desde os animais unicelulares até o homem. A partir desses estudos, enun-
ciou sua lei biogenética fundamental, segundo a qual os seres vivos, ao longo 
do processo individual de desenvolvimento (ontogênese), recapitulam estágios 
do desenvolvimento da espécie (filogênese). Possuidor de sólida formação fi-
losófica buscou aplicar o evolucionismo de Darwin à religião e à filosofia. Na 
obra Die Welträtsel (1899; Os enigmas do universo) divulgou a teoria monista, 
que defende a união essencial da natureza orgânica e inorgânica e a tese de 
que espírito e matéria são aspectos diferentes da mesma substância.
Ernst Heinrich Philipp
August Haeckel
Nasceu Potsdam, Prús-
sia (1834). Formou-se em 
medicina pela Universi-
dade de Berlim, em 1857. 
Entre suas diversas obras 
científicas, destacam-se 
“Morfologia Geral dos Or-
ganismos” (1866) e “His-
tória Natural da Criação” 
(1868). Faleceu em Jena, 
Alemanha (1919).
Teoria Evolucionista
“A Origem das Espécies 
por meio da Seleção Natu-
ral” foi a obra que abalou o 
mundo moderno. Publica-
da em 1859, pelo biólogo 
e naturalista Charles Ro-
bert Darwin (1809-1882).
Darwin, C. R. 
Fonte: GOOGLE, 2011.
Figura 1.1 Haeckel, E. H. P. A. 
Fonte: http://www.greenspirit.org.uk/
14 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Definições de Ecologia
As bases conceituais em ecologia são bastante amplas e, por causa 
disso, tem sido definida de várias maneiras:
I. Ecologia é o estudo das relações totais dos animais no seu ambien-
te orgânico como inorgânico e em particular o estudo das relações 
do tipo positivo ou amistoso ou do tipo negativo (inimigos) entre 
plantas e animais no ambiente em que vive ( HAECKEL, 1866).
II. Ecologia é o estudo do “ambiente da casa”, incluindo todos os or-
ganismos contidos nela (incluindo o homem) e todos os processos 
funcionais que a tornam habitável (ODUM, 1983).
III. Ecologia é a ciência que estuda as condições de existência dos seres 
vivos e as interações, de qualquer natureza, existentes entre seres 
vivos e seu meio (DAJOZ, 1983).
IV. Ecologia é a ciência das relações dos seres vivos com o seu meio. 
Termo usado freqüentemente e erradamente para designar o meio 
ou o meio ambiente (DANSEREAU, 1978).
V. Ecologia é a ciência que estuda a dinâmica dos Ecossistemas. É 
a disciplina que estuda os processos, interações e a dinâmica de 
todos os seres vivos com os aspectos químicos e físicos do meio am-
biente, incluindo também aspectos econômicos, sociais, culturais e 
psicológicos peculiares ao homem, que de maneira interativa deve 
sintetizar e gerar informações para a maioria dos demais campos 
do conhecimento (WICKERSHAM, 1975).
VI. Ecologia é o modelo ou a totalidade das relações entre os organis-
mos e seu ambiente (WEBSTER’S, 1976).
VII. Ecologia é o ramo da ciência humana que estuda a estrutura e o 
desenvolvimento das comunidades humanas em suas relações com 
o meio ambiente e sua conseqüente adaptação a ele, assim como 
os novos aspectos que os processos tecnológicos ou os sistemas de 
organização social possam acarretar para as condições de vida do 
homem (FERREIRA, 1985).
VIII. Ecologia é a disciplina da Biologia que lida com o estudo das inter-
-relações dinâmicas dos fatores bióticos e abióticos do meio am-
biente (USDT, 1983).
Histórico da ecologia
A ecologia não apresenta um início bem delineado. Os primeiros an-
tecedentes, na história natural dos gregos, foi um dos discípulos de Aristó-
teles, Teofrasto, que foi o primeiro a descrever as relações dos organismos 
entre si e com o meio. As bases posteriores para a ecologia moderna foram 
lançadas nos primeiros trabalhos dos fisiologistas sobre plantas e animais.
Durante muito tempo desconhecida do grande público e relegada a 
segundo plano, por muitos cientistas, a ecologia surgiu no século passado 
como um dos mais populares aspectos da biologia. Em meados do século 
XX, a ecologia, até então restrita aos meios acadêmicos, ganha dimensões 
sociais devido às crescentes preocupações mundiais com a degradação do 
meio ambiente. Isto porque se tornou evidente que a maioria dos problemas 
Universidade Friedrich- 
Schiller de Jena
 Foi fundada em 02 de fe-
vereiro de 1558, na cidade 
de Jena, Alemanha.
Escudo da Universidade 
de Jena. Fonte: http:// 
upload. wikimedia.org/
O João-de-barro (Furna-
rius rufu): constrói e re-
constrói sua casa levando 
em consideração fatores 
ambientais. Fonte: GOO-
GLE, 2011.
Relações ecológicas.
Fonte: GOOGLE, 2011.
15FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
que o homem vem enfrentando, como crescimento populacional, poluição 
ambiental, fome e todos os problemas sociológicos e políticos atuais, são em 
grande parte ecológicos.
O aumento do interesse pela dinâmica das populações recebeu impul-
so especial no início do século XIX e depois que Thomas Malthus chamou 
atenção para o conflito entre as populações em expansão e a capacidade 
da Terra de fornecer alimento. Raymond Pearl (1920), A. J. Lotka (1925), e 
Vito Volterra (1926) desenvolveram as bases matemáticas para o estudo das 
populações, o que levou a experiências sobre a interação de predadores e 
presas, as relações competitivas entre espécies e o controle populacional. O 
estudo da influência do comportamento sobre as populações foi incentivado 
pelo reconhecimento, em 1920, da territorialidade dos pássaros. Os con-
ceitos de comportamento instintivo e agressivo foram lançados por Konrad 
Lorenz e Nikolaas Tinbergen, enquanto V. C. Wynne-Edwards estudava o 
papel do comportamento social no controle das populações.
No início e em meados do século XX, dois grupos de botânicos, um na 
Europa e outro nos Estados Unidos, estudaram comunidades vegetais de 
dois diferentes pontos de vista. Os botânicos europeus preocuparam-se em 
estudar a composição, a estrutura e a distribuição das comunidades vege-
tais; enquanto os americanos estudaram o desenvolvimento dessas comu-
nidades, ou sua sucessão. As ecologias, animal e vegetal, desenvolveram-se 
separadamente, até que os biólogos americanos deram ênfase à inter-rela-
ção de comunidades vegetais e animais como um todo.
Alguns ecologistas detiveram-se na dinâmica das comunidades e po-
pulações, enquanto outros se preocuparam com as reservas de energia. Em 
1920, o biólogo alemão August Thienemann introduziu o conceito de níveis 
tróficos, ou de alimentação, pelos quais a energia dos alimentos é transferi-
da, por uma série de organismos, das plantas (produtoras) aos vários níveis 
de animais (consumidores). Em 1927, C. S. Elton, ecologista inglês espe-
cializado em animais, avançou nessa abordagem com o conceito de nichos 
ecológicos e pirâmides de números. Dois biólogos americanos, E. Birge e C. 
Juday, na década de 1930, ao medir a reserva energética de lagos, desenvol-
veram a idéia da produção primária, isto é, a proporção na qual a energia é 
gerada, ou fixada, através da fotossíntese.
A ecologia moderna atingiu a maioridade em 1942, com o desenvol-
vimento pelo americano R. L. Lindeman, do conceito tróficodinâmico de 
ecologia, que detalhao fluxo da energia através do ecossistema. Esses estu-
dos quantitativos foram aprofundados pelos americanos Eugene e Howard 
Odum. Um trabalho semelhante sobre o ciclo dos nutrientes foi realizado 
pelo australiano J. D. Ovington.
O estudo do fluxo de energia e do ciclo de nutrientes foi estimulado 
pelo desenvolvimento de novas técnicas (radioisótopos, microcalorimetria, 
computação e matemática aplicada) que permitiram, aos ecologistas, ro-
tular, rastrear e medir o movimento de nutrientes e energias específicas 
através dos ecossistemas. Esses métodos modernos deram início a um novo 
estágio no desenvolvimento dessa ciência (a ecologia dos sistemas), que es-
tuda a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas.
Sua popularização ocorre especialmente após 1967, ano de um gran-
de acidente com o petroleiro Torrey Canyon, na França. Nesse período, 
além do estudo do mundo natural, a ecologia incorpora sua reflexão na re-
lação: homem e natureza. Emerge assim, ao lado de outras ciências, como 
instrumento indispensável para a compreensão e solução das principais 
questões ambientais.
Teofrasto
Nasceu no ano de 372 
a.C., oriundo de Eressos, 
em Lesbos. Filósofo e su-
cessor de Aristóteles na 
escola peripatética. Fale-
ceu em 287 a.C..
Teofrasto. Fonte:http:// 
wa2.www.artehistoria. 
jcyl.es/Teofrasto
Thomas Robert Malthus
Nasceu em Rookery, Sur-
rey, Inglaterra (1766). Es-
tudou no Jesus College, 
Cambridge, e em 1797 
foi ordenado sacerdote da 
Igreja anglicana. A partir 
de 1805 ensinou economia 
política em Haileybury. 
Publicou, anonimamente, 
a obra Essay on Popula-
tion (1798) - Ensaio sobre 
a população, no qual afir-
ma que a população cresce 
em progressão geométrica, 
enquanto a produção de 
alimentos aumenta em 
progressão aritmética. 
Morreu em Saint Catheri-
ne, Somerset (1834).
Malthus, T. R. Fonte: 
http://upload.wikimedia.
16 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Primeiros trabalhos relacionados à ecologia
Entre os primeiros trabalhos relacionados à ecologia, destacam-se:
•	 Forbes (1843) - Estudou a distribuição dos animais no mar Egeu;
•	 Möbius (1877) - Introduziu por ocasião do seu estudo sobre os ban-
cos de ostras, o termo BIOCENOSE;
•	 Final do século XIX e início do XX - Foram publicados diversos tra-
balhos tratando das relações entre seres vivos e o ambiente;
•	 Entre 1900 e 1944 - Começou o estudo da ecologia separado da Bio-
logia. Acumularam-se os primeiros trabalhos relacionados à ecolo-
gia, dentre os quais devem ser destacados os seguintes:
•	 Shelford (1913) - Estudo das comunidades animais na Amé-
rica temperada;
•	 Adams (1913) - Guia para o estudo da ecologia animal;
•	 Davenport (1915) - Estudo ecológico das pradarias e inverte-
brados das florestas;
•	 Volterra (1926) - Variações e flutuações do número de indivídu-
os em convivência animal;
•	 Elton (1927) - Ecologia animal (primeira tentativa de definição 
das bases teóricas da ecologia);
•	 Chapman (1931) - Ecologia animal com especial referência 
aos insetos;
•	 Uvarov (1931) - Insetos e o clima;
•	 Gause (1935) - Verificações experimentais da teoria matemáti-
ca da luta pela vida;
•	 Ferri (1944) - No Brasil, primeira tese de ecologia (Ecologia 
do Cerrado).
As primeiras sociedades de ecologia
No transcurso da segunda década de 1900 são fundadas as primei-
ras sociedades ecológicas, dentre as quais devem ser destacadas as duas 
seguintes:
•	 British Ecological Society (1913);
•	 Ecological Society of America (1916).
Os primeiros periódicos de ecologia
Entre os primeiros periódicos especializados em temas ecológicos que 
foram editados, destacam-se:
•	 Journal of Ecology (1913);
•	 Ecology (1920);
•	 Ecological Monographs (1931);
•	 Journal of Animal Ecology (1932).
O conceito básico unificador
Até o fim do século XX, faltava à ecologia uma base conceitual. A eco-
logia moderna, porém, passou a se concentrar no conceito de ecossistema 
Biótopo
Corresponde a uma deter-
minada região que apre-
senta regularidade nas 
condições ambientais, e 
nas populações de ani-
mais e vegetais.
Nicho ecológico
Representa o conjunto de 
atividades que a espécie 
desempenha, incluindo 
relações alimentares, ob-
tenção de abrigos e locais 
de reprodução; ou seja, é 
o modo de vida de cada 
espécie, no seu habitat.
Biocenose, Biota ou 
Comunidade biológica
Representa os organismos 
vivos que habitam uma 
determinada região.
17FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
(Figura 1.2) - uma unidade funcional composta de organismos integrados, 
e em todos os aspectos do ambiente, em qualquer área específica. Envolve 
tanto os componentes abióticos quanto os componentes bióticos, através 
dos quais ocorrem o ciclo dos nutrientes e os fluxos de energia. Os ecos-
sistemas precisam conter algumas inter-relações estruturadas entre solo, 
água e nutrientes, de um lado, e entre produtores, consumidores e decom-
positores, do outro.
Figura 1.2 Esquema da composição de um ecossistema. Fonte: GOOGLE (2011).
Os ecossistemas funcionam graças à manutenção do fluxo de energia 
e do ciclo de materiais, desdobrados numa série de processos e relações 
energéticas, chamadas cadeia alimentar, que agrupa os membros de uma 
comunidade natural. Existem cadeias alimentares em todos os habitats, por 
menores que sejam esses conjuntos específicos de condições físicas que cer-
cam um grupo de espécies. As cadeias alimentares são complexas e várias 
cadeias se entrecruzam de diversas maneiras, formando uma teia alimen-
tar que sustenta o equilíbrio natural de plantas, herbívoros e carnívoros.
Os ecossistemas tendem à maturidade (estabilidade) e ao atingí-la, 
passa de um estado menos complexo para um mais complexo. Essa mudan-
ça direcional é chamada sucessão. Sempre que um ecossistema é utilizado, 
e que a exploração se mantém, sua maturidade é adiada.
Petroleiro Torrey Canyon
Petroleiro de bandeira li-
beriana foi construído 
em 1958, no estaleiro de 
Newport News Shipbuil-
ding (Virgínia, EUA). No 
Japão, em 1964, houve 
uma operação de aumen-
to de porte – tinha em 
média 267,30m de com-
primento por 41,25m de 
largura maior (boca). Em 
1967, o navio tomou o 
caminho de Milford Ha-
ven, Grã-Bretanha, onde 
deveria entregar um car-
regamento de petróleo. 
Próximo ao destino final, 
o navio encalhou (colidiu) 
nos rochedos de Pollard's 
Rock, situados ao largo 
das ilhas Scilly. Ocorreu, 
imediatamente, o vaza-
mento de 30.000 galões 
de petróleo, que, devido 
à ação das marés e dos 
ventos, começaram a po-
luir os litorais ingleses e 
franceses. Por falta de ex-
periência, no domínio so-
bre métodos antipoluido-
res, britânicos e franceses 
usaram, em suas praias, 
produtos de limpeza ain-
da mais tóxicos do que o 
líquido derramado pelo 
petroleiro naufragado. 
De fato, isso se tornou a 
maior catástrofe ecológica 
marítima européia.
Petroleiro Torrey Canyon. 
Fonte: http://toxipedia.
org/
18 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
A principal unidade funcional de um ecossistema é sua população, 
a qual ocupa um nicho funcional específico, relacionado à sua função no 
fluxo de energia e ciclo de nutrientes. Tanto o ambiente quanto a quantida-
de de energia fixada em qualquer ecossistema são limitados. Quando uma 
população, numericamente, atinge os limites impostos pelo ecossistema, 
seu tamanho precisa ser estabilizado e, caso isso não ocorra, deve declinar 
em conseqüência de doença, fome, competição, baixa reprodução e outras 
reações comportamentais ou psicológicas. Mudanças e flutuações no meio 
ambiente representam uma pressão seletiva sobre a população, que deve se 
ajustar. O ecossistema tem aspectos históricos: o presente está relacionado 
com o passado e o futuro com o presente. Assim, o ecossistema é o conceito 
que unifica a ecologia vegetal e animal, a dinâmica, o comportamento e a 
evolução das populações.
Os movimentos ecológicos
O crescimento acelerado e desorganizado da sociedade urbanoindus-
trial tem provocado graves impactos ao ambiente, especialmente, no que tan-
ge à poluição do ar, das águas e do solo; gerando os desmatamentosdescon-
trolados, a desertificação, a extinção de espécies, o efeito estufa, a destruição 
da camada de ozônio e a ocorrência de chuvas ácidas. Em última instância, 
os estudiosos acreditam num colapso total dos sistemas naturais, uma vez 
que o modelo capitalista de crescimento ilimitado é incompatível com a fi-
nitude de recursos do planeta. Os ecossistemas também são incapazes de 
assimilar e processar a enorme quantidade de detritos produzidos pelas in-
dústrias. Segundo os mais brilhantes e frutuosos ecologistas, a superação do 
problema do esgotamento e do colapso da natureza envolve uma redefinição 
da idéia de progresso, que carece tornar-se ecologicamente sustentável. A in-
tervenção do homem no ambiente, ao longo da história, principalmente após 
a revolução industrial, foi sempre no sentido de agredir e destruir o equilí-
brio ecológico, não raro com conseqüências desastrosas. Nesse sentido, a luta 
pela preservação do ambiente intensifica-se a partir da década de 40, com a 
criação de uma série de organizações governamentais e não-governamentais, 
as ONGs de atuação mundial. Em 1948 é fundada a União Internacional 
para a Conservação da Natureza (UICN), com sede na Suíça. A partir de en-
tão, as entidades conservacionistas difundem-se pelo mundo, com destaque 
para o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), surgido em 1961 e sediado na 
Suíça; para o Greenpeace e para os Amigos da Terra Internacional, fundada 
nos EUA, em 1971. O movimento também se institucionaliza nos partidos 
políticos, os chamados Partidos Verdes, que disputam eleições em vários lu-
gares do mundo, como Alemanha, França e Brasil.
Existem basicamente três tipos de recursos naturais: os renováveis, 
como os animais e vegetais; os não-renováveis, como os minerais e fósseis; 
e os recursos livres, como o ar, a água, a luz solar e outros elementos que 
existem em grande abundância. O movimento ecológico reconhece os recur-
sos naturais como a base da sobrevivência das espécies e defende garantias 
de reprodução dos recursos renováveis e de preservação das reservas de 
recursos não-renováveis.
No Brasil, o movimento conservacionista está em ascensão. Em 1934, 
foi realizada no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a I Conferência Brasilei-
ra de Proteção à Natureza. Três anos mais tarde criou-se o primeiro parque 
nacional brasileiro, na região de Itatiaia - RJ.
Meio abiótico
Representa o componente 
não vivo do meio ambien-
te. Inclui as condições fí-
sicas e químicas do meio.
Meio biótico
Representa o componente 
vivo do meio ambiente. In-
clui as interações entre os 
organismos.
Cadeia alimentar
Sequência hierárquica de 
organismos que se ali-
mentam uns dos outros.
Sucessão
A circunstância em que 
uma espécie se desenvol-
ve sobre um determinado 
ambiente, proporcionan-
do o surgimento de outras 
espécies.
População
O conjunto de organismos 
de uma mesma espécie 
que habitam uma deter-
minada área, num espaço 
de tempo definido.
Pressão seletiva
É o termo designado para 
relacionar o papel do meio 
ambiente na seleção dos 
genes de uma população. 
Assim, dependendo de 
qual for o ambiente onde 
os organismos estão inte-
ragindo, através da sele-
ção natural, alguns genes 
terão maior chances de 
sobreviver do que outros.
Um dos maiores proble-
mas ambientais do Brasil 
é a destinação inadequa-
da de resíduos sólidos ge-
rados, sendo que, muitas 
vezes, estes são deposita-
dos em lixões, onde não 
há nenhum tratamento 
preliminar. Atualmente, 
no país, ocorrem cerca de 
180 mil toneladas de resí-
duos por dia.
19FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Além dos grupos conservacionistas, surgiu, no movimento ecológico 
um novo tipo de grupo - os ecologistas. A linha divisória entre eles nem sem-
pre está bem demarcada, pois muitas vezes os dois tipos de grupos se con-
fundem em alguma luta específica comum. Os ecologistas, porém, apesar 
de mais recentes, têm peso político cada vez maior. Vertente do movimento 
ecológico que propõe mudanças globais nas estruturas sociais, econômicas 
e culturais, esse grupo nasceu da percepção de que a atual crise ecológica 
é conseqüência direta de um modelo de civilização insustentável. Embo-
ra seja também conservacionista, o ecologismo caracteriza-se por defender 
não só a sobrevivência da espécie humana, como também a construção de 
formas sociais e culturais que garantam essa sobrevivência.
Um marco nessa tendência foi a Conferência das Nações Unidas sobre 
o Ambiente Humano, realização em Estocolmo, da em 1972, que oficializou 
o surgimento da preocupação ecológica internacional. Seguiram-se relató-
rios sobre esgotamento das reservas minerais, aumento da população etc., 
que tiveram grande impacto na opinião pública, nos meios acadêmicos e 
nas agências governamentais.
Em 1992, 178 países participaram da Conferência das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. 
Embora com resultados muito aquém das expectativas dos ecologistas, foi 
mais um passo para a ampliação da consciência ecológica mundial. Apro-
vou documentos importantes para a conservação da natureza, como a Con-
venção da Biodiversidade e a do Clima, a Declaração de Princípios das Flo-
restas e a Agenda 21.
A Agenda 21 é talvez o mais polêmico desses documentos. Tenta unir 
ecologia e progresso num ambicioso modelo de desenvolvimento sustentá-
vel, ou seja, compatível com a capacidade de sustentação do crescimento 
econômico, sem exaustão dos recursos naturais. Prega a união de todos os 
países com vistas à melhoria global da qualidade de vida.
Uma das conclusões da conferência é que se os avanços tecnológicos 
em curso não foram suficientes para assegurar a integridade da biosfera, 
será necessário diminuir os padrões de produção e consumo, especialmente 
nos países industrializados - os maiores consumidores dos recursos natu-
rais. A constatação está expressa no 4º capítulo da Agenda 21, o documento 
mais importante da reunião, ao lado da Carta da Terra.
O tema tem sido abordado nos encontros anuais da Comissão das Na-
ções Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CDS), criada para acom-
panhar a implementação das políticas ambientais firmadas na ECO-92. O 
balanço até 1995 mostrava que os países enfrentariam enormes dificulda-
des políticas, econômicas e sociais para atingir essa meta.
Áreas de estudo
A ecologia se desenvolveu perlongando duas vertentes: a do estudo das 
plantas e a do estudo dos animais. A ecologia vegetal aborda as relações das 
plantas entre si e com seu ambiente. A abordagem é altamente descritiva da 
composição vegetal e florística de uma área e normalmente ignora a influên-
cia dos animais sobre as plantas. Diversamente, a ecologia animal envolve 
o estudo da dinâmica, distribuição e comportamento das populações, e das 
inter-relações de animais com seu ambiente. Como os animais dependem 
das plantas para sua alimentação e abrigo, a ecologia animal não pode ser 
totalmente compreendida sem um conhecimento considerável sobre a ecolo-
Fonte: http://www.wwf.
org
Fonte: http://www.foe.
co.uk/
Fonte: http://www.mma.
gov.br
20 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
gia vegetal. Isso é verdade, especialmente, nas áreas aplicadas da ecologia, 
tal como a de manejo da vida selvagem.
A ecologia vegetal e a animal podem ser vistas como o estudo das in-
ter-relações de um organismo individual com seu ambiente (autoecologia), 
ou como o estudo de comunidades de organismos (sinecologia).
A autoecologia, ou estudo clássico da ecologia, é experimental e indu-
tiva. Por estar, normalmente, interessada no relacionamento de um organis-
mo com uma ou mais variáveis, é facilmente quantificável e útil nas pesqui-
sas de campo e de laboratório. Algumas de suas técnicas são tomadas de 
empréstimo da química, da física e da fisiologia. A autoecologia contribuiu 
com, pelo menos, dois importantes conceitos: a constância da interação 
entre um organismo e seu ambiente, e a adaptabilidade genética de popula-
ções às condições ambientais do local onde vivem.
A sinecologia é filosóficae dedutiva, sendo largamente descritiva, não 
é facilmente quantificável e contém uma terminologia muito vasta. Apenas 
recentemente, com o advento da era eletrônica e atômica, a sinecologia de-
senvolveu os instrumentos para estudar sistemas complexos e dar início a 
sua fase experimental. Os conceitos importantes desenvolvidos pela sine-
cologia são aqueles ligados ao ciclo de nutrientes, reservas energéticas, e 
desenvolvimento dos ecossistemas; tendo ligações estreitas com a pedologia, 
a geologia, a meteorologia e a antropologia cultural.
A sinecologia pode ser subdividida de acordo com os tipos de ambien-
te, como terrestre ou aquático. A ecologia terrestre, por conter subdivisões 
para o estudo de florestas e desertos, por exemplo, abrange aspectos dos 
ecossistemas terrestres como microclima, química dos solos, fauna dos so-
los, ciclos hidrológicos, ecogenética e produtividade.
Segundo Schröter (1896), quem estuda as relações de uma espécie in-
dividual, como o seu ambiente, estuda autoecologia. Esta é que estabelece 
os limites de tolerância e a preferência de cada espécie em relação a cada 
fator ambiental.
Assim, autoecologia é, praticamente, sinônimo de ecologia	 fisioló-
gica. Alguns autores acentuam que ela despreza as interações da espécie 
considerada com as demais, isto é, a interferência dessa espécie com as ou-
tras com as quais convive e vice-versa. Não vemos como isso possa ser feito, 
a não ser, retirando a espécie de seu ambiente para estudá-la com maior 
rigor, não no ambiente que lhe é peculiar, mas num outro, completamente 
artificial. Ora, quem fizer isso não estará, a nosso ver, estudando autoeco-
logia, mas fisiologia. Se, depois fizer ilações de natureza ecológica, estará, 
então, estudando fisiologia ecológica, ou ecofisiologia.
A sinecologia é, por assim dizer, a sociologia de todos os seres vi-
vos, integrados em seus diversos ambientes, não apenas do homem. Assim 
como temos grupos humanos com diferentes características, vivendo em 
ambientes específicos, temos grupos de animais e grupos de plantas. Em 
uma concepção menos antropocêntrica temos grupos de animais (incluin-
do o homem) e de plantas, vivendo em ambientes determinados. Quando 
se observa mudança ambiental, por causas espontâneas (naturais) ou por 
interferência do homem, geralmente, ocorrem alterações nos conjuntos de 
seres da região considerada. Assim, quando um pântano é drenado, certas 
espécies de plantas e animais desaparecem; outras aí surgem, onde antes 
não existiam; e algumas podem resistir às novas condições estabelecidas - 
são as que persistem.
Os ecossistemas terrestres são mais influenciados por organismos e 
sujeitos a flutuações ambientais muito mais amplas do que os ecossistemas 
Carta da Terra Disponível 
em: http://www.cartada-
terra.com.br/
ECO-92
A ECO-92, Rio-92, Cúpu-
la, Cimeira da Terra ou, 
mais conhecida como a 
Conferência das Nações 
Unidas sobre o Meio Am-
biente e o Desenvolvimen-
to (CNUMAD), realizada 
entre 3 e 14 de junho de 
1992, no Rio de Janeiro. 
O seu objetivo principal 
foi buscar meios de conci-
liar o desenvolvimento só-
cioeconômico com a con-
servação e proteção dos 
ecossistemas da Terra.
Fisiologia
Do grego physis/natureza 
e logos/palavra ou estudo; 
É o conjunto de todos os 
processos físicos e bioquí-
micos que ocorrem no in-
terior de cada organismo 
vivo. Por exemplo: a ati-
vidade cerebral, o funcio-
namento dos músculos, o 
transporte de gases, a di-
gestão dos alimentos etc..
21FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
aquáticos. Estes são mais afetados pelas condições da água e possuem 
resistência à variáveis ambientais, como temperatura. Por ser o ambiente 
físico tão importante no controle dos ecossistemas aquáticos, dá-se muita 
atenção às características físicas do ecossistema, como as correntes e a 
composição química da água. Por convenção, a ecologia aquática, denomi-
nada Limnologia, limita-se à ecologia de cursos da água, que estuda a vida 
em águas correntes, e à ecologia dos lagos, que se detém sobre a vida em 
águas relativamente estáveis. A vida em mar aberto e estuários é objeto da 
Ecologia marinha.
De outro modo, podem-se estudar, especificamente, as correlações re-
cíprocas entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que 
ocupam. Quem isso fizer estará estudando Sinecologia (do grego: Syn sig-
nifica conjunto, oikos, casa e logos estudo). Assim, Sinecologia é a Ecologia 
dos conjuntos de seres vivos, podendo ser praticada de modo estático ou 
dinâmico. No primeiro caso limita-se a descrever os grupos de seres vivos 
que ocorrem em certo ambiente; no segundo, procura examinar as razões 
pelas quais, por exemplo, em determinado ambiente, grupos de seres vivos 
se substituem em tempos mais ou menos longos. Também se pode abordar 
a Sinecologia sob dois aspectos: por exemplo, estudando as relações do am-
biente com os agrupamentos vegetais - Sinecologia mesológica; ou estu-
dando as reações (o comportamento) desses agrupamentos as condições 
do ambiente - Sinecologia etológica.
Outras abordagens ecológicas se concentram em áreas especializadas. 
O estudo da distribuição geográfica das plantas e animais denomina-se 
Geografia	ecológica	animal	e	vegetal. Crescimento populacional, morta-
lidade, natalidade, competição e relação predador-presa são abordadas na 
Ecologia populacional. O estudo da genética e a ecologia das raças locais e 
espécies distintas é a Ecologia genética. As reações comportamentais dos 
animais ao seu ambiente, e as interações sociais que afetam a dinâmica 
das populações são estudadas pela Ecologia comportamental. As inves-
tigações de interações entre o ambiente físico e o organismo se incluem na 
Ecoclimatologia e na Ecologia	fisiológica.
A parte da Ecologia que analisa e estuda a estrutura e a função dos 
ecossistemas pelo uso da matemática aplicada, modelos matemáticos e aná-
lise de sistemas é a Ecologia dos sistemas. A análise de dados e resultados, 
feita pela Ecologia dos sistemas, incentivou o rápido desenvolvimento da eco-
logia aplicada, que se ocupa da aplicação de princípios ecológicos ao manejo 
dos recursos naturais, produção agrícola, e problemas de poluição ambiental.
Interações da Ecologia com outras áreas de estudo
A ecologia é uma ciência multidisciplinar, que envolve biologia vegetal 
e animal, taxonomia, fisiologia, genética, comportamento, meteorologia, pe-
dologia, geologia, sociologia, antropologia, física, química, matemática, ele-
trônica etc. (Figura 1.3). Quase sempre se torna difícil delinear a fronteira 
entre a ecologia e qualquer dessas ciências, pois todas têm influência sobre 
ela. A mesma situação existe dentro da própria ecologia. Na compreensão 
das interações entre o organismo e o meio ambiente ou entre organismos, 
é quase sempre difícil separar comportamento de dinâmica populacional, 
comportamento de fisiologia, adaptação de evolução e genética, e ecologia 
animal de ecologia vegetal. Portanto, se pode dizer que o ecólogo é um cien-
tista eclético, que tenta integrar conceitos que interpretam o mundo.
Limnologia
Do grego limne/lago e lo-
gos/estudo; É a ciência 
que estuda as águas inte-
riores, independentemente 
de suas origens, mas ve-
rificando as dimensões e 
concentração de sais, em 
relação aos fluxos de ma-
téria e energia e as suas 
comunidades bióticas.
Pedologia
Do grego pedon/solo, 
terra e logos/estudo; É o 
nome dado ao estudo dos 
solos, no seu ambiente 
natural. Faz parte da Ge-
ografia Física, e é um dos 
dois ramos das Ciências 
do solo, sendo o outro a 
edafologia.
22 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
 
Figura 1.3 Interações da Ecologia. 
A utilização de uma base multidisciplinar torna a ecologia uma ciên-
cia pautada em raízes lógicas e metodológicas múltiplas. Huggett (1995) usa 
o termo geoecologia para definir uma ciência que se concentra no estudo 
da interação entre os animais, plantas, fungos e microrganismos com a 
pedologia, geografia e geologia. Outro termo utilizado seria a Ecologia da 
paisagem, que integraria os conceitosda formação, modificação e organi-
zação dos ambientes.
Pode-se observar que o campo da ecologia é muito vasto e Margalef 
(1989) extrapola seu campo de atuação para áreas onde se trabalham ques-
tões do tipo: (1) descrição e ordenação geográfica da paisagem; (2) questões 
prática de agricultura e pecuária; (3) interação do ambiente com a fisiologia 
e a etologia das espécies; (4) demografia, com introdução de pontos de vista 
matemáticos. Cada uma dessas questões indica que a ecologia é, intrinse-
camente, multidisciplinar.
A ciência da Ecologia trabalha algumas questões básicas, dentre as 
quais podem ser citadas as seguintes:
a) Como e por que os organismos estão distribuídos em um determi-
nado ambiente?
b) Qual o efeito de determinado parâmetro ambiental sobre os orga-
nismos?
c) Qual a razão de se ter no ambiente um conjunto de espécies e como 
se processam as interações entre estas?
d) Qual o efeito das alterações no ambiente sobre o homem?
Em termos formais, o produto deste espectro, faz com que a Ecologia 
possua diferentes divisões, com limites às vezes não muito nítidos. Assim 
sendo, diferentes pesquisadores se dedicam a várias subáreas, dentre as 
quais é importante destacar (Figura 1.4):
Caatinga
Vegetação típica da região 
semiárida do Nordeste 
brasileiro, constituída por 
plantas cujas principais 
características são folhas 
pequenas, às vezes trans-
formadas em espinhos, 
casca grossa, formação 
de uma camada de cera e 
raízes com capacidade de 
armazenar água.
Pampas
Denominação dada às 
vastas planícies do Rio 
Grande do Sul, cobertas 
de excelentes pastagens, 
que servem para criação 
de gado, principalmente 
bovino, cavalar e lanígero.
Araucária
É um gênero de árvores 
coníferas, da família Arau-
cariaceae. Existem 19 
espécies no gênero, com 
distribuições, altamente, 
separadas na Nova Cale-
dônia (onde 13 espécies 
são endêmicas), Ilha Nor-
folk, sudeste da Austrália, 
Nova Guiné, Argentina, 
Chile, e sul do Brasil.
A Ecologia é, ao mesmo 
tempo, uma ciência de 
análise e de síntese.
23FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Figura 1.4 Subdivisões da Ecologia. 
Ecologia: ciência de síntese e de análise
A Ecologia é uma ciência de síntese de conhecimento, pois, para des-
crever e explicar a distribuição dos diferentes seres vivos, nos vários am-
bientes, tem que buscar conhecimento nas ciências mais diversas. 
Liga-se, naturalmente, aos ramos da Zoologia e da Botânica, bem 
como da Microbiologia, da Fisiologia, da Genética, da Física, da Quími-
ca, e ainda, entre outras, também a Estatística - esta pode fornecer méto-
dos que dirão da validade dos resultados obtidos; e a Fitogeografia	- esta 
parece mais estática, quando descreve a atual distribuição dos conjuntos 
vegetais na Terra. Entretanto, se considerarmos, como é imprescindível a 
história geológica do planeta e a distribuição dos grupos vegetais, que se 
sucederam através do tempo geológico, observa-se que esta ciência também 
encara, dinamicamente, a evolução das comunidades vegetais.
A procura da razão, de certos fenômenos, faz da Ecologia uma ciên-
cia de análise. Por exemplo, no Nordeste brasileiro há predominância do 
bioma caatinga. No Sul, encontramos os campos que se prolongam nos 
pampas uruguaios e argentinos, bem como matas de Araucária. Por que 
estes campos e estas matas não ocorrem no Nordeste e por que faltam, no 
Sul, as caatingas nordestinas? Para tentar explicar problemas como estes 
são necessários uma soma enorme de dados fornecidos pela Climatologia, 
Pedologia e pela Geomorfologia, entre muitas outras ciências. É preciso 
analisar o comportamento das diferentes espécies que compõem os diversos 
grupos que ocorrem em vários ambientes.
Feliz Rawitscher
Organizador do Depar-
tamento de Botânica, da 
Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras da Uni-
versidade de São Paulo, 
fundada em 1934, no go-
verno de Armando de Sal-
les Oliveira.
Mário Guimarães Ferri
Nasceu em São José 
dos Campos, São Paulo 
(1918). Foi professor da 
Universidade de São Pau-
lo (USP). Foi um ecólogo 
pioneiro no Brasil. Pro-
curava informar o público 
através de livros e artigos 
de divulgação sobre eco-
logia e poluição: em lin-
guagem clara e precisa 
apresentava informações 
necessárias pra compre-
ender a importância da 
conservação do ambiente. 
Morreu em São Paulo ca-
pital (1985).
Cedrela	fissilis	(Cedro)
Espécie rara, que ocorre 
em diversas formações 
florestais brasileiras. Essa 
árvore frondosa produz 
uma das madeiras mais 
apreciadas no comércio, 
tanto brasileiro quanto in-
ternacional.
24 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
A ecologia vegetal no Brasil
Deve-se considerar o Brasil como um dos países pioneiros no campo 
da Ecologia Vegetal. O fato de um livro básico, pioneiro em Ecologia, Lagoa 
Santa, de Warming, conter estudos levados a cabo no que era, na época, 
um “lugarejo miserável”, próximo de Belo Horizonte, não foi casual o fato 
de Feliz Rawitscher, vindo da Alemanha, ter introduzido, no País, estudos 
experimentais de Ecologia.
Em 1942 iniciou a divulgação de Problemas de Fitoecologia com 
Considerações Especiais sobre o Brasil Meridional. Este trabalho foi com-
pletado dois anos mais tarde quando considerou, particularmente, os de-
mais fatores climatológicos: luz, oxigênio, vento, fatores pedológicos e gás 
carbônico. Ao mesmo tempo em que se divulgavam, em nossa língua, co-
nhecimentos dessa nova ciência, também estimulava o desenvolvimento 
de trabalhos experimentais.
Em 1942 publicou Algumas Noções sobre a Transpiração e o Balanço 
d’Água de Plantas Brasileiras, e no mesmo ano, com Ferri, publicou um 
trabalho sobre a metodologia para estudo da transpiração cuticular em Ce-
drela fissilis, trabalho esse que contém algumas considerações ecológicas. 
E em 1943, Rawitscher, Ferri e Rachid; publicaram o primeiro trabalho ex-
perimental sobre a vegetação dos nossos cerrados, correlacionando-a com 
as reservas de água contidas em seus solos profundos.
Em 1944 Ferri elaborou e defendeu a primeira tese de documento no 
campo da Botânica, no Brasil, versando sobre a Transpiração de Plantas 
Permanentes dos Cerrados, tese essa de cunho eminentemente ecológico-
experimental. Daí em diante, expandiram-se muito as pesquisas ecológicas 
entre nós, especialmente no referido Departamento, onde inúmeras teses de 
mestrado, doutoramento livre-docência e cátedra foram elaboradas sobre a 
ecologia de cerrados (Ferri, Rachid, colaboradores e discípulos), caatingas 
nordestinas (Ferri), caatingas do Alto Rio Negro, no Amazonas (Ferri), mata 
pluvial tropical (Coutinho), dunas (Andrade), manguezais (Lambert); mata 
de Araucária, no Rio Grande do Sul (Backes); a vegetação do Vale do Itajai, 
Santa Catarina (Klein).
Esse capítulo apresentou as noções gerais sobre o surgimento da Eco-
logia como ciência que se preocupa com o estudo do meio ambiente, desde 
sua origem até as subdivisões mais recentes. Em comparação com outras 
ciências correlatas podemos afirmar que ela é uma ciência jovem que pas-
sou a se desenvolver rapidamente com o aumento da população humana e 
o aumento dos problemas ambientais que preocupam hoje a humanidade, 
como as mudanças climáticas e o aquecimento global com todas suas re-
percussões. A Ecologia interage com a maioria das áreas de conhecimento, 
visto que o meio ambiente é de interesse difuso pelo fato de todos os seres vi-
vos precisarem de um determinado habitat com pretensão de uso diferente, 
daí a necessidade de analisar a Ecologia e sua interfase com os problemas 
modernos. Neste capitulo também é abordado o surgimento de movimentos 
e organizações ambientalistas que militam em prol da conservação da na-
tureza, a preservação da biodiversidade e os impactos que são causados nos 
ecossistemas em conseqüência das ações de degradação. Também é versado 
superficialmente o desenvolvimento da ecologia no Brasil.
25FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
1. Explique como surgiu o vocábulo “Ecologia”.
2. Procure em cinco dicionários de autores diferentes a definição para a 
palavra Ecologia.
3.Descreva de forma sucinta o histórico da Ecologia.
4. Como surgiram os movimentos ecologistas no mundo?
5. Explique cinco maneiras de como a Ecologia interage com outras ciên-
cias correlatas.
6. Por que podemos dizer que a Ecologia é uma ciência multidiscplinar?
A ecologia acústica
Apreciar os sons da natureza é algo comum no ser humano desde tem-
pos mais remotos, porém, apenas no final dos anos 60 surgiu o primeiro pro-
jeto que se tem noticia com finalidade específica de estudar o meio ambiente 
sonoro, o World Soundscape Project (WSP), como foi chamado, foi formado 
por pesquisadores da Simom Fraser University. Assim surgiu o conceito da 
Ecologia Acústica e das Paisagens Sonoras. 
A ecologia acústica seria o estudo da relação entre os organismos vivos 
e o seu ambiente sônico (paisagem sonora ou soundscape), tendo como prin-
cipais atributos, chamar a atenção para os desequilíbrios desta relação, otimi-
zar a qualidade acústica sempre que possível, manter e proteger as paisagens 
sonoras acusticamente balanceadas onde quer que as mesmas existam.
O profissional que milita nesta área se preocupa em auxiliar na áudio-
preservação dos ambientes naturais ameaçados, registrando a identidade eco 
acústica dos mais variados ecossistemas, o ambiente sônico de cada habitat, 
através do registro digital da musicalidade da natureza e utilizá-la nos mais 
diversos espaços com a finalidade de se criar uma atmosfera sônica mais 
saudável, harmoniosa e equilibrada; auxiliando na purificação auditiva contra 
as estressantes arritmias sonoro-urbanas. Dessa forma, os sons ambientais 
propiciam uma maior sensibilização e interiorização de conceitos e valores na-
turalísticos essenciais; promovendo aos ouvintes, um maior interesse e cons-
cientização ecológica quanto às questões ambientais.
Fonte: http://ecoterrabrasil.com.br/paisagesn-
sonoras; http://www.playnature.com.
26 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Leitura
Artigo
•	 CAVALCANTI, R. B. Ecologia teórica e conservação biológica. In: 
Atas do Encontro de Ecologia Evolutiva, Universidade Estadual 
Paulista, Rio Claro, maio 1989. Anais... Rio Claro: Academia de Ci-
ências de São Paulo. 1990. p. 18-25.
Sites
•	 http://www.cartadaterra.com.br/
BEGON, M.; HARPER, J. L.; TOWSEND, C. R. Ecology. 4 ed. Oxford: Bla-
ckwell Science, 2004.
DAJOZ, R. Princípios de ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
FELDMANN, F. Guia da ecologia para entender e viver melhor a relação 
homem-natureza. São Paulo: Guias Abril, Editora Abril. 1982.
PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: 
Gráfica e Editora Midiograf, 2001.
Capítulo
Objetivos:
• Aprimorar conceitos relacionados com a distribuição dos seres vivos em função 
dos parâmetros climáticos, hídricos e edáficos.
• Mostrar como o clima influencia a ocupação dos espaços físicos nos ecossistemas;
• Determinar como atuam e como são expressos os fatores ecológicos.
• Discorrer sobre as ações relacionadas com o solo e sua formação na ocorrência das 
diversas formas de vida presentes num ecossistema.
Fatores ecológicos
2
29FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Fator ecológico é todo elemento do ambiente susceptível a agir direta-
mente sobre os seres vivos, pelo menos em uma das fases de seu ciclo de 
desenvolvimento e eles atuam eliminando certas espécies dos territórios, e 
conseqüentemente, intervindo na distribuição geográfica dos mesmos; mo-
dificam as taxas de fecundidade e de mortalidade; atuam sobre os ciclos 
de desenvolvimento; provocam migrações, agindo na densidade das popu-
lações; favorecem o aparecimento de modificações adaptativas (hibernação, 
reações fotoperiódicas etc.).
Os fatores ecológicos podem ser divididos em dois grupos: o dos que 
compõem o ambiente físico (Fatores abióticos) e o dos que integram o am-
biente biológico (Fatores bióticos).
a) Fatores abióticos: integrados pelos fatores físicos, tais como lu-
minosidade, temperatura, pressão atmosférica, ventos, umidade e 
pluviosidade, e pelos fatores químicos como quantidade relativa 
dos diversos elementos químicos presentes na água e no solo.
b) Fatores bióticos: representados pelos seres vivos e suas intera-
ções intraespecíficas de predação, competição, parasitismo, entre 
outros; assim como dos fatores alimentares.
Fatores abióticos: climáticos e hídricos
Devem ser considerados três grandes conjuntos de fatores: a) os fato-
res climáticos (pluviosidade, temperatura, umidade atmosférica, ventos, 
luz); b) os fatores hídricos, representados máxime pela composição quími-
ca da água; e c) os	fatores	edáficos	(Capítulo 3), isto é, ligados aos solos 
(textura, estrutura, composição química, pH, umidade, capacidade de re-
tenção da água, permeabilidade).
Fatores climáticos
• Clima
Clima é o conjunto de estados da atmosfera próprios de um lugar 
que, em contato com as massas continentais ou oceânicas, provocam fe-
nômenos como aridez, umidade e precipitação. Portanto, é o ramo da Ge-
ografia física que trata dos climas da Terra, analisando-os quer do ponto 
de vista estático, quer através de suas principais manifestações, tais como 
as condições de tempo.
Climatologia é a ciência que descreve os climas e traça sua formação; 
proporcionando dados para as ciências aplicadas como a Meteorologia. O 
clima de uma região é determinado por variáveis como temperatura, dire-
O pluviômetro é um apa-
relho utilizado na mete-
orologia para medir, ge-
ralmente, em milímetros 
(mm), a quantidade de 
chuva durante um deter-
minado tempo e local.
O relevo exerce uma fun-
ção ponderável na distri-
buição da precipitação, 
provocando as chuvas 
orográficas ou ilhas de 
umidade. No Ceará, pode-
-se observar os enclaves 
de altitude que se erguem 
no meio da Caatinga: Ser-
ra da Meruoca, Serra de 
Baturité, Serra da Ibiapa-
ba, Chapada do Araripe , 
Chapada do Apodi, entre 
outros.
30 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
ção e velocidade dos ventos, pressão atmosférica, umidade, latitude, altitu-
de, pluviosidade e insolação.
A climatologia divide-se em diversos ramos, segundo suas aplicações 
práticas. A Climatologia aeronáutica se aplica à determinação de rotas de 
navegação aérea e à escolha dos lugares adequados à construção de aero-
portos. A Climatologia marítima serve a finalidades análogas. Os estudos 
climatológicos agrícolas visam estabelecer as melhores relações entre o 
clima e as atividades de plantio e colheita. A Bioclimatologia analisa a 
relação entre elementos climáticos e fenômenos biológicos e inclui a Biocli-
matologia humana. Esta se subdivide em ramos como a Climopatologia, 
que estuda a relação entre o clima e as doenças, e a Climototerapia, que se 
ocupa da influência das variações climáticas na cura ou erradicação de en-
fermidades. A Climatologia urbana investiga o microclima das cidades e a 
influência exercida sobre o clima pela contaminação atmosférica produzida 
por grandes núcleos populacionais.
Entre os fatores que mais influenciam na classificação do clima, 
exemplifica-se: a pluviosidade e a temperatura. Estes dois fatores afetam, 
principalmente, os sentidos e enseja ao homem ter uma idéia rápida e con-
dutiva na formação de opinião a respeito de um clima.
O Brasil apresenta várias regiões climáticas (Figura 2.1).
Figura 2.1 Clima brasileiro. Fonte: www.brasil.gov.br.
• Pluviosidade
A pluviosidade é a quantidade de chuva que cai numa determinada 
área ou região em um determinado lapso de tempo, medida em milímetro 
(mm). A pluviosidade é um parâmetro extremamente importante, pois pos-
sibilita quantificar o volume de água disponível em um determinado local.
No Nordeste brasileiro é grande a correlação entre o bioma Caatinga 
e o clima, ao qual se deve atribuir à maior parte das características deste 
ambiente. Em quase toda a área da Caatinga está presente o clima quente e 
semiárido (Bsh na classificação de Köppen). Na Caatinga chove pouco, geral-
mente não mais do que 3 ou 4 meses por ano e, mesmo assim, com bastante 
31FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
irregularidade. A pluviometria média oscila entre350 e 800 mm/ano, sendo 
menor em algumas áreas específicas. Uma particularidade quanto às chuvas 
é que às vezes é possível cair num só dia, chuvas violentas, de até 150 mm.
Experimente
Pluviômetro caseiro
Material:
•	Garrafa PET de 2 litros;
•	Tesoura;
•	Régua;
•	Haste de madeira;
•	Fita adesiva;
•	Mamadeira (ou recipiente similar que marque a quantidade de líquido 
em mililitros-ml);
Preparo
•	Corte a garrafa PET no sentido transversal a uma altura de 20cm, 
formando um recipiente;
•	Prenda a garrafa a uma haste de madeira com fita adesiva; fixando 
a haste no solo;
Pronto! Já está criado o seu pluviômetro caseiro simples e eficiente.
Após a chuva despeje a água do pluviômetro caseiro em copo de medi-
da (ex: mamadeira) para medir a quantidade de água de chuva precipitada, 
em mililitros (ml). Depois, divida a quantidade de água (ml), pela área da 
boca do pluviômetro caseiro, multiplicado por 1.000 (mil). Assim você terá a 
quantidade de chuva precipitada, em mm (milímetros).
CÁLCULOS: Área da abertura do pluviômetro: PI x R² ou (PI x D²) / 4; 
onde PI=3,14, R=raio D=diâmetro.
Exemplo:
Diâmetro do PET= 0,10 m -- (3,14 x 0,01) / 4 = 0,00785 X 1000= 7,85;
ou
Raio do PET = 0.05 m -- 3,14 x 0,0025 = 0,00785 x 1000 = 7,85.
Quantidade de chuva=120 ml -- 120 / 7,85 = 15,28 mm.
OBSERVAÇÃO: Procure colocar o seu pluviômetro caseiro em um local 
aberto, distante de goteiras. Faça a medição em um período chuvoso.
As estações secas, que se fazem sentir pela intensidade e duração irre-
gular, não raro se prolongam por vários meses, tornando a região, uma ver-
dadeira estufa climática. A temperatura média do ar é de 27o C e de grande 
regularidade, com exceção das áreas litorâneas e com altitudes superiores 
a 300m, onde ocorrem os ventos alísios (os quais amenizam o clima). Os 
ventos são bastante regulares (o ano todo) e a umidade relativa do ar fica em 
torno de 70%. A insolação normal é de 2.800 horas/ano o que favorece as 
altas taxas de evaporação que se situam entre 1.500 e perto de 3.000 mm/
ano. As taxas de evapotranspiração potencial variam entre 1.300 e 1.900 
mm/ano. Isso significa que as taxas de evaporação ou evapotranspiração 
potencial anual são superiores as quantidades de chuvas anuais o que pro-
voca um déficit hídrico regional em torno de 1.000 mm, que é o principal 
fator limitante ao crescimento da vegetação.
Neste sentido, quanto à precipitação, o Nordeste pode ter o ano divi-
dido em quatro trimestres: o primeiro, de novembro a janeiro, com chuvas 
32 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
no oeste da Bahia; o segundo, de fevereiro a abril, com chuvas no norte da 
região Nordeste, onde caem 70% das chuvas do Ceará; o terceiro, de maio 
a julho, com a precipitação no litoral do Rio Grande do Norte, Alagoas, Ser-
gipe e Bahia; finalmente o quarto trimestre que é o mais seco, com apenas 
1% de chuva, pouca precipitação no oeste da Bahia.
Evapotranspiração: o termo é empregado para designar a transferên-
cia de vapor de água para a atmosfera a partir de um solo com vegetação. 
A evapotranspiração representa, portanto, duas contribuições distintas: a 
evaporação da água contida no solo e a transpiração, resultante da ativida-
de biológica da comunidade vegetal presente.
Evapotranspiração potencial: o termo traduz a máxima quantidade 
de água capaz de ser transferida para a atmosfera, em uma extensa área 
inteiramente vegetada, com plantas em pleno vigor vegetativo e recobrindo 
inteiramente o solo que, por sua vez, deve possuir água suficiente para não 
causar limitação hídrica sobre algumas espécies de vegetal.
A Figura 2.2 mostra a distribuição espacial da precipitação no Nor-
deste brasileiro no primeiro quadrimestre do ano, por intermédio do sis-
tema de isoietas. Esse método é o mais preciso de todos, pois independe 
das características de topografia do terreno e das precipitações. Os pontos 
de mesma precipitação estabelecem as curvas que serão utilizadas para a 
estimativa do valor médio da altura pluviométrica em qualquer ponto. O 
produto desse valor médio, pela área correspondida, entre as isoietas, pos-
sibilita a estimativa do volume precipitado naquela superfície. A soma dos 
volumes parciais dividido pela área total resulta no valor ponderado médio 
da altura de água precipitada. O método das isoietas é mais utilizado para 
grandes superfícies. 
As chuvas mal distribuídas e muito intensas provocam enchentes, 
causando grandes escoamentos superficiais e, consequentemente, acentu-
ando a erosão dos solos. Em diferentes anos pode-se ter o mesmo valor de 
precipitação, porém com distribuições irregulares, provocando anos melho-
res ou piores nas condições de aridez.
Existem as chamadas chuvas orográficas, sendo aquelas que se for-
mam por efeito topográfico. O processo resume-se no seguinte: quando uma 
massa de ar quente e úmida, em seu deslocamento encontra-se com uma 
montanha, aquela mesma massa de ar é forçada a se elevar. Esta ascensão 
resulta em nuvens do tipo cúmulos que ocasionam as chuvas nas zonas 
serranas. Este processo de precipitação é muito comum na região litorânea 
e nas zonas serranas do Nordeste, como na Chapada do Araripe, Serra da 
Ibiapaba, Maranguape, Baturité entre outras. Este tipo de chuva promove 
geralmente nas zonas serranas a ocorrência de determinadas formações flo-
rísticas que promovem a sua vez o apare-
cimento de espécies endêmicas, que não 
caracterizam a região (Figura 2.3).
Figura 2.2 Precipitação pluviométrica no NE 
brasileiro. A escala da direita (cores no mapa) 
representa o percentual de contribuição do qua-
drimestre em relação ao total anual. 
Fonte: GOOGLE (2011).
Déficit hídrico designa 
uma situação na qual as 
precipitações exibem valo-
res inferiores aos da eva-
poração e a transpiração 
das plantas.
33FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Figura 2.3 Aspecto da Serra da Ibiapaba (Ceará) apresentando vegetação característica da 
Mata Atlântica.
Em Ecologia, o objeto de uma classificação climática é definir em termos 
de: temperatura; umidade relativa do ar e suas distribuições estacionais; e os 
limites dos diferentes tipos climáticos que ocorrem na superfície do globo.
Existem vários sistemas de classificação do clima, cuja nomenclatu-
ra varia conforme o autor e conforme o tipo de elemento climático consi-
derado. A classificação mais utilizada, atualmente, é a Classificação Cli-
mática de Köppen.
Wladimir Peter Köppen ao estabelecer sua classificação climática fez 
significante avanço quando identificou as regiões de clima da Terra através 
do estudo da vegetação, associando depois, valores numéricos de tempera-
tura e precipitação a essas regiões. Com base nas zonas térmicas são esta-
belecidos os seguintes tipos de clima: tropicais, subtropicais, temperados, 
frio e polar. Esta classificação destaca-se por ser de uso frequente no Brasil 
e ter aplicação à Biologia. Descreve-se:
a) Zona tropical: com temperatura média mensal sempre superior a 
20ºC, e com dupla oscilação anual. Isto é, não existem estações;
b) Zona subtropical: com temperatura média mensal em pelo menos 
um mês, e no máximo oito, inferior a 20º C. Não há inverno. A flu-
tuação térmica apresenta um só máximo e a latitude bem como as 
distâncias do mar, têm grande influência sobre os valores térmicos;
c) Zona temperada: nesta existem as quatro estações do ano e, po-
dem ser subdivididas duas subzonas, nas quais existem pelo me-
nos 08 meses com temperaturas inferiores a 20º; 
c1) Subzona cálida: com verão tropical de três meses, e temperatura 
superior a 20ºC;
c2) Subzona fria: com inverno marcado;
d) Zona fria: sem verão. Existem somente quatro meses com tempera-
turas médias superiores a 10ºC;
e) Zona polar: nesta, durante todo o ano as temperaturas são inferio-
res a 10ºC. Não existem estações.
Em sua classificação Köeppen designa com letras maiúsculas as zo-
nas climáticas principais, compreendendo desde a letra “A”, até a “F”, e com 
minúsculas as subdivisões. Ademais, emprega também as letras maiúscu-
las S, W, H, e T, para representar: S= climas de estepes; W = climas desér-
ticos; H = climas de altura; e T = temperatura do mês mais cálido entre 0ºC 
e 10ºC (Figura 2.4 e Tabela 2.1).
Wladimir Peter Köppen
Geógrafo, meteorólogo, 
climatólogo e botânico 
alemão. Foi considera-
do precursor da ciência 
meteorológica moderna, 
suas descobertas influen-
ciaram profundamente os 
rumos das ciências da at-
mosfera.
Köppen, W. P. Fonte: 
GOOGLE, 2011.
34 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
 
Figura 2.4 Zonas climáticas do Brasil. Fonte: MIZUGUCHI et al. (1982).
Tabela	2.1	Classificação	climática	de	Köppen	aplicada	ao	Brasil.	 
Fonte: Koeppen-geiger.vu-wien.ac.at
A climatologia baseia-se principalmente em médias, quando conside-
ra os diversos fatores do clima. Mas, isso só não satisfaz, pois um período 
apenas, extremamente frio, ou muito seco, basta para restringir ou mesmo 
eliminar certas espécies e os mínimos dos componentes climáticos.
Na região amazônica, por exemplo, prevalecem temperaturas elevadas 
como no Nordeste, mas na Amazônia predominam altas temperaturas alia-
das à grande pluviosidade e à umidade atmosférica constantemente. Tudo 
isso, condiciona a existência das florestas amazônicas que são exuberantes 
e ricas em espécies de folhas perenes. O Nordeste, com exceção de uma 
estreita faixa úmida próxima do litoral, caracteriza-se por temperaturas 
elevadas, baixa pluviosidade (vários meses seguidos de estiagem), e baixa 
umidade atmosférica. Este conjunto de fatores exclui a floresta do tipo que 
se constata na Amazônia, e propicia a existência de diversos tipos de vege-
tação, inclusive da floresta baixa, rala e espinhenta, de folhas caducas, isto 
é, da Caatinga arbórea.
O clima pode agir direta-
mente ou indiretamente 
sobre outros aspectos na-
turais. Por exemplo: dire-
tamente sobre os vegetais; 
indiretamente sobre a mo-
dificação do solo.
Folha perene ou pereni-
fólia é um atributo à fo-
lhagem das plantas que 
mantém as suas folhas 
durante todo o ano.
Fotoperíodo é o intervalo 
de tempo decorrido entre 
o nascimento e o ocaso 
do Sol. Também chama-
do de duração efetiva do 
dia, o fotoperíodo depen-
de da latitude local e da 
inclinação do Sol na data 
considerada. Sazonalida-
de refere-se aos períodos 
climáticos durante o ano 
(estação climática).
35FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Os diversos componentes do clima não têm o mesmo papel em todas 
as partes. Nas regiões temperadas e frias, geralmente, é a temperatura o 
fator condicionante da vegetação. Nas regiões tropicais, no entanto, é a umi-
dade (em estreita dependência da pluviosidade) que limita e condiciona a 
vegetação. Isso é valido no primeiro (temperatura) e no segundo caso (umi-
dade), tanto no que concerne à área de distribuição das espécies individuais 
quanto no que respeita à distribuição dos grandes tipos de vegetação. As 
condições climáticas e edáficas associadas às bacias hidrográficas e ao re-
levo do terreno constituem barreiras ecológicas e geográficas à distribuição 
de animais e plantas sobre o território brasileiro.
• Temperatura
As variações de temperatura na superfície terrestre são, principalmente, 
resultado do efeito da latitude e da altitude ou da influência das grandes mas-
sas continentais. A temperatura, na dependência da latitude, varia segundo 
as estações do ano e durante o dia e a noite (a sazonalidade e o fotoperíodo). 
Além disso, são levados em consideração, os efeitos microclimáticos das con-
dições locais - relacionadas com a geologia, a topografia e o relevo. Em am-
biente marinho e no solo ocorrem os efeitos da profundidade; no solo, ocorre o 
aumento da temperatura com a profundidade e, de modo oposto nos oceanos 
tem-se uma diminuição de temperatura com o aumento da profundidade.
A maior parte dos seres vivos, que se conhece, ocorre no intervalo em 
que a água é líquida (acima de 0 ºC). Nos casos extremos, as cianobactérias 
podem suportar temperaturas de até 75 ºC, podendo ocorrer também em 
fontes termais bem próximas do ponto de ebulição. Algumas bactérias con-
seguem viver em temperaturas antárticas menores de –60 ºC.
 A temperatura tem efeito oposto nos processos vitais. Se por um lado, 
aumenta a energia cinética das moléculas acelerando os processos vitais, por 
outro, temperaturas elevadas tornam as proteínas e enzimas instáveis. A par-
tir de um determinado limiar estas passam a não funcionar e a perder sua 
estrutura (desnaturação proteica). Todos os organismos possuem pontos óti-
mos de funcionamento no que diz respeito à temperatura (Figuras 2.5 e 2.6). 
O nível de energia necessária para os processos internos das células 
depende de um limiar de temperatura ideal para que os organismos fun-
cionem. A sobrevivência de um organismo necessita de condições ideais 
de temperatura.
Diferentes organismos desenvolveram adaptações para sobreviver tanto 
em regiões com frio extremo (regiões polares), como em regiões de calor (áreas 
próximas a vulcões) e em áreas de grandes variações diárias de temperaturas 
(como desertos, onde faz muito frio à noite e muito calor durante o dia).
Figura 2.5 Relação de vetores da doença de 
Chagas e temperatura. 
Fonte: MIZUGUCHI et al. (1982).
Devido ao aquecimento 
global e outros motivos, 
alguns cientistas prevêem 
que, até o ano de 2100, 
a temperatura média da 
Terra pode subir em até 3 
ºC. Isso proporcionará um 
desequilíbrio global entre 
as ações físicas, químicas 
e biológicas da biosfera.
O clima mesotérmico não 
apresenta estação seca e 
depende da Massa Polar 
Atlântica (inverno e outo-
no) e da Massa Tropical 
Atlântica (verão e prima-
vera) para as mudanças 
de estação e temperatura. 
Apresentam temperaturas 
médias que variam entre 
-3 ºC e +18 ºC.
36 FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Figura 2.6 Distribuição dos insetos em função da temperatura. Triatoma infestans	(▬▬),	
(clima mesotérmico). Anopheles darlini (–– - ––) e Anopheles aquasalis (––●––●––) em fun-
ção da tempertura. Fonte: MIZUGUCHI et al. (1982).
Os animais possuem duas estratégias principais para evitar os pro-
blemas fisiológicos relacionados com a temperatura. (Figuras 2.7 e 2.8). Um 
grupo de animais regula sua temperatura adquirindo calor diretamente da 
radiação solar e, perdendo-o pela evaporação da água ou procurando locais 
onde possa ocorrer perda de calor por condução para o ambiente, ficando 
longe de fontes de radiação solares. Estes animais são denominados ecto-
térmicos e sua temperatura interna depende de processos de captação ou 
perda de calor para o ambiente. Já os organismos endotérmicos produzem 
calor metabólico interno, mantendo suas temperaturas corporais relativa-
mente constantes (geralmente entre 35 a 40 ºC).
Figura 2.7 Relação entre atividade e temperatura de organismos euritérmicos e estenotér-
micos. Fonte: BONILLA; PORTO (2001).
Os organismos euritérmi-
cos são aqueles que resis-
tem grandes amplitudes 
de térmicas. Já os esteno-
térmicos são organismos 
que resistem poucas va-
riações extremas de tem-
peratura (Ex: urso polar).
Outros autores utilizam 
os termos homeotérmicos 
(mantém a temperatura 
corporal constante) e peci-
lotérmicos (alteram a tem-
peratura em relação à do 
ambiente). Esta classifi-
cação teve dificuldades de 
aceitação, pois os peixes 
(classificados anterior-
mente como pecilotérmi-
cos) que habitam grandes 
profundidades, nos oce-
anos, quase não alteram 
sua temperatura corporal 
– já que a temperatura 
das águas oceânicas, nes-
sas condições, não sofre 
mudanças significativas.
37FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA
Figura 2.8 Relação entre temperatura e atividade de vôo de lepidóptera Amphipyra trago-
pogonis - Dreux (1974). Fonte: http://www.latvijasdaba.lv/
Um exemplo de como a variação de temperatura afeta os organismos 
pode ser dado através da Lei de Allen (Figuras 2.9 e 2.10) - a pressão seleti-
va (para que as perdas de calor fossem minimizadas) faz com que, mamífe-
ros de clima mais frio tenham as extremidades menores do que aqueles que 
habitam climas mais quentes. Além disso, fez também com que mamíferos 
de extensa distribuição

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