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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
CENTRO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
CURSO
nome do(s) autor(es) em ordem alfabética - RA
HISTORICIDADE DO DIREITO A POSSE DE TERRAS PELOS POVOS INDÍGENAS
CIDADE
2022
nome do(s) autor(es) em ordem alfabética - RA
HISTORICIDADE DO DIREITO A POSSE DE TERRAS PELOS POVOS INDÍGENAS
Trabalho apresentado à Universidade ANHANGUERA, como requisito parcial para a obtenção de média semestral nas disciplinas norteadoras do semestre letivo.
Tutor (a): XXXXXXXXX
CIDADE
2022
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	3
2	DESENVOLVIMENTO	4
3	CONCLUSÃO	7
REFERÊNCIAS	8
	
	
INTRODUÇÃO
A questão territorial indígena sempre foi alvo de acirrados debates, que se intensificaram ainda mais com o atual momento de bipolarização política. Existe uma divisão em torno da temática: um grupo acredita que tal fato ameaça o direito à propriedade e o desenvolvimento do país, atrapalhando o estabelecimento de formas liberais de governo; já um segundo grupo pontua que as terras indígenas são uma conquista constitucional desses povos, devendo esse direito ser respeitado.
Tal disputa política e ideológica pode reverberar no aumento das lutas pelo domínio da terra em diferentes regiões do Brasil, ampliando o ambiente de vulnerabilidade social das comunidades indígenas. Diversos conflitos fundiários já foram observados pelo país, envolvendo indígenas, grileiros, fazendeiros e garimpeiros. Diversos meios de comunicação de massa têm divulgado nos últimos anos vários casos em que lideranças indígenas foram assassinadas, além de enfrentarem diversos problemas relacionados à saúde em decorrência da invasão ou falta de reconhecimento de suas terras. 
Dentre os casos mais recentes, tem-se o caso do assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Diante do exposto, pode-se destacar a importância de elucidar os direitos indígenas a terra e abordar como esse grupo social é negligenciado, tendo seus direitos violados desde o período pré-colonial. Portanto, o objetivo desta produção é discutir a historicidade do direito a posse de terra pelos povos indígenas. 
DESENVOLVIMENTO
Para compreender a realidade indígena contemporânea, é necessário o exercício de retomada dos processos históricos e sociais que construíram e constroem a contemporaneidade. É de extrema relevância resgatar o passado colonial para que possamos compreender a realidade atual e reconhecer os elementos constitutivos da formação social brasileira. 
Assim, desde o então “descobrimento” do Brasil, iniciou-se, por meio de ações dos colonizadores portugueses, um processo de expropriação da terra e destruição e/ou tentativa de adestramento dos povos indígenas originários. Tais ações se consubstanciavam ainda, na colonialidade do poder, que segundo Quijano (2009, p.73 apud BRIGHENTI, 2015): 
é um dos elementos constitutivos e específicos de um padrão mundial de poder capitalista. Se funda na imposição de uma classificação racial/étnica da população do mundo como pedra angular daquele padrão de poder, e opera em cada um dos planos, âmbitos e dimensões, materiais e subjetivas, da existência cotidiana e da escala social. 
Trazendo esse conceito para a realidade brasileira, pode-se afirmar que os europeus estabeleceram e fixaram uma hierarquia racializada, se colocando enquanto um povo civilizado, outorgado a si uma noção de superioridade, enquanto os povos indígenas eram vistos como primitivos, irracionais, “inferiores”. Assim, a colonialidade do poder ocorreu por essa colonialidade do ser (humanização e desumanização) e colonialidade do saber (racional e irracional) (BRIGHENTI, 2015). 
Assim, historicamente os povos indígenas foram (e ainda são) permeados por situações de cerceamento de direitos e/ou mesmo a “tentativa” de seu extermínio. Silva (2018) elucida que os povos indígenas sofreram constantes ameaças, sejam por motivações biológicas e/ou sociais. Acerca da questão social, a autora destaca que ocorreu a usurpação das terras coletivas e uma série de horrores e opressão, sendo parte constitutiva da história da luta pelos direitos a terra pelos povos indígenas: sua terra foi tomada. 
Silva (2018) também apresenta elementos que ratificam a tese de que as raízes da questão social brasileira estão presentes desde o período colonial brasileiro, tal situação é evidenciada nas razões que impulsionavam os colonizadores ao processo de expropriação das terras e de seus habitantes, pois possuíam finalidades mercantis de enriquecimento da colônia e a desapropriação da matéria-prima e riquezas brasileiras. É importante reconhecer, porém, que ocorreram processos de resistência indígena, não se identificando apenas como meras vítimas desse processo, mas também como sujeitos que resistiram, fugiam, e negavam-se aos trabalhos penosos. 
Nesse contexto, Silva (2018) sinaliza que os/as indígenas possuem um histórico de formação social e econômica diretamente vinculada às refrações de uma questão social latente, implica relacionar que em nome da construção, manutenção e riqueza da colônia (subsidiados, ainda, pelo processo de racialização) ocorreram intensos processos de expropriação dos recursos naturais. Desse modo, a história dos indígenas no Brasil, a partir da colonização, é marcada disputas pelas terras e, principalmente, nas reinteradas tentativas dos europeus de modificar o modo de vida dos/as indígenas, visando transformá-los em produtores de mercadorias, admitindo o modo de vida que se estabelecia na Europa. 
Assim sendo, o processo de formação social do Brasil para os povos indígenas, no qual, colonizadores ao chegarem não só dominaram as terras, mas também, perseguiram, assassinaram e domesticaram os/as nativos/as, não sem resistência. Estas elaborações sociais corroboram para a percepção de que a constituição das raízes coloniais escravistas colocaram os/as indígenas como alvo da perda de seus direitos (SILVA, 2018).
Foi somente na segunda metade do século XX que esse direito, negado até então, começou a ser discutido. O marco histórico que sinaliza a possibilidade de melhoria nas condições de vida dos povos indígenas o Brasil foi a Constituição Federal de 1988. A década de 1980 foi marcada pela efervescência política de variadas organizações políticas, partidos, centrais sindicais, movimentos sociais, com a participação de diversos segmentos populacionais reivindicando, direitos e a constituição de um país democrático. 
Quando aos direitos indígenas, a Constituição estabeleceu que: 
São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens (BRASIL, 1988, p. 146).
Mesmo com esse avanço em termos legais é inegável a discrepância entre o legal e o real na sociedade brasileira. Na materialidade da vida social inúmeros segmentos e sujeitos, como exemplo, os povos indígenas, enfrentam as velhas e as novas formas de discriminação, violência e cerceamento de direitos. Consoante a isto, Silva (2018) afirma que muitas vezes não é possível aos povos indígenas desfrutar do direito de ocupação, esbarrando na demora no processo de reconhecimento das terras, além da criação de “terras de papel”, que continuam ocupadas por terceiros.
Nesse sentindo, alimenta-se os constantes conflito entre os grupos indígenas e invasores, sendo o Estado omisso no seu papel de garantia de um direito constitucional. Nunca é demais repetir que o princípio da Dignidade da Pessoa Humana (artigo 1º, III, da Constituição Federal) é mais um incentivo para que isso aconteça, pois com suas terras demarcadas, os índios têm suas dignidades respeitadas e são enxergados como sujeitos de direitos aptos a terem seu espaço e se espiritualizarem com o ambiente. 
Desse modo, os indígenas são detentores das prerrogativasde exigir todos os cumprimentos relacionados aos direitos fundamentais. Logo, são merecedores do direito à saúde, integridade física e a terra. Apesar disso, a ineficácia da demarcação efetiva das terras disputas por território entre índios e fazendeiros ocasiona a morte de vários nativos ou lhes compromete à saúde de forma muito severa, ressoando o que ocorria ainda no período Colonial. 
Em síntese, denota-se que há um esforço legislativo para fazer com que os indígenas tenham seu espaço físico delimitado e bem respeitado a fim de evitar invasões e mortes deles. Em termos práticos, ainda há muito o que avançar, principalmente para assegurar esse direito a que tem sido violado há mais de 500 anos. 
CONCLUSÃO
Por meio desta produção, foi possível observar que os índios são destinatários dos direitos fundamentais e de políticas públicas. Os povos indígenas passaram por muitas privações e foram explorados, além de serem vistos como seres inferiores, estando sujeitos a inúmeras violências práticas pelos colonizadores.
Observou-se que a formação da sociedade brasileira impulsionou situações de subalternidade étnica e expropriação dos povos indígenas, tais construções se reeditam na contemporaneidade, com novas roupagens, mas com o mesmo cerne de exploração e aquisição dos seus bens, recursos naturais e, por vezes, sua força de trabalho. 
Estes sujeitos sociais não vivenciaram/vivenciam estas “imposições” sem resistência e após anos de lutas e resistência, a constituição de 1988, “inova” ao imprimir em seu texto o direito destas populações ao usufruto de suas terras e ao gozo de suas expressões culturalmente diferenciadas. Tal avanço constitucional não se efetiva sem, contudo, haver lutas e embates. 
Convém evidenciar que estas construções sociais, históricas, econômicas e culturais corroboram para estigmatização e elaboração de um imaginário social que os idealiza. Ao longo da história os povos indígenas encontraram-se subjugados às refrações da questão social, suscitando assim políticas sociais públicas que venham a agir adequadamente sobre as suas principais demandas, sendo o território uma requisição crucial para estas comunidades.
Portanto, conclui-se que os indígenas possuem direito aposse de terra e é fundamental que sejam desenvolvidas mais políticas públicas que de fato assegurem esse direito. Logo, investir em políticas de proteção social básica para proporcionar essa garantia deve ser uma prioridade na sociedade brasileira. 
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 2007.
BRIGHENTI, Clovis Antonio. Colonialidade do poder e a violência contra os povos indígenas. PerCursos, v. 16, n. 32, p. 103-120, 2015. Disponível em: https://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724616322015103/pdf_33. 
SILVA, Elizângela Cardoso de Araújo. Povos indígenas e o direito à terra na realidade brasileira. Serviço social & sociedade, p. 480-500, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/rX5FhPH8hjdLS5P3536xgxf/?format=html.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDERP
 
CENTRO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
 
CURSO
 
 
HISTORICIDADE DO DIREITO A POSSE DE TERRAS 
PELOS POVOS INDÍGENAS
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIDADE 
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