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PRÁTICA DA CIRURGIA ROBÓTICA: TÓPICOS ESPECIAIS A IMPORTÂNCIA DA SIMULAÇÃO REALÍSTICA NO APRENDIZADO Simulação realística resulta na criação de cenários diferenciados que possibilitam o aprendizado do enfermeiro, diante de técnicas e formas de abordagem distintas, como: imagens, vídeos e diversas demonstrações do cenário que compõe o ato que envolve todas as etapas do processo cirúrgico. Para isso, é necessário que o profissional que aplica a dinâmica de ensino seja capacitado (MARCOMINI et al., 2017). A ideia de simulação é criar um ambiente muito próximo ao da realidade do profissional que está se capacitando, em que ele possa vivenciar a experiência que irá ter em seu dia a dia profissional. Esse ambiente de simulação e aprendizado contínuo e intenso é preconizado por meio de vários tipos de avaliações a fim de verificar a performance do aluno (MARCOMINI et al., 2017). As Instituições de Ensino Superior têm buscado substituir seus métodos de ensino tradicionais, trazendo a realidade mais próxima do acadêmico, desta maneira, o emprego de metodologias ativas como a simulação, é fundamental para se obter resultados significativos de aprendizado, especialmente nas áreas da saúde. (MARCOMINI et al., 2017) Considerada um processo de educação cognitiva e comportamental, a simulação realística proporciona a possibilidade de o indivíduo assimilar as informações e obter ganhos no seu processo de aprendizagem. Sabe-se que o ambiente de saúde está cada vez mais complexo e em constante mudança. Com isso, nos últimos anos, simulações realísticas foram implantadas dentro das instituições de saúde com a finalidade de proporcionar melhorias no desempenho do profissional. Em particular, a simulação realística com os profissionais possibilita reproduzir uma experiência que mimetiza uma situação real, visando alcançar aprendizagem transformadora. (FAILLA; MACAULEY, 2014) Ademais, é considerada uma metodologia ativa de ensino, sendo considerada diferente de outras técnicas em que o conhecimento é adquirido apenas pela leitura ou ao ouvir uma pessoa falando sobre determinado assunto. Nos treinamentos de simulação, é necessário que haja interação, imersão, desenvolvimento de raciocínio em um cenário idêntico ao que ocorre na realidade do profissional de saúde. Para que o treinamento seja eficiente, é fundamental que o orientador do processo seja um mediador, com a participação coletiva. (NEIL, 2009) Elaborada a partir do referencial teórico da Taxonomia de Bloom, a simulação realística é proposta em três domínios principais: cognitivo, afetivo e psicomotor. O domínio cognitivo envolve a aquisição de novos saberes, sendo útil para resolução de problemas diários. O domínio afetivo envolve os sentimentos, ou seja, o emocional do participante. Por fim, o domínio psicomotor está relacionado ao domínio de manipulação, articulação e naturalização do fenômeno estudado, envolvendo habilidades físicas. (HANSHAW; DICKERSON, 2020) Para a execução da simulação realística, é necessário seguir estas etapas: » pré-simulação; » simulação; » debriefing. As etapas permitem discussões reflexivas (debriefing) sobre a situação ocorrida; sobre a aprendizagem e as decisões tomadas; estimula o pensamento crítico e reflexivo do participante e consolida os saberes. Assim, proporciona aos participantes a oportunidade de desenvolver habilidades diversas e competências necessárias em ambiente controlado e protegido, permite erros e crescimento profissional, sem colocar em risco a segurança do paciente. Com o objetivo de evitar riscos e danos aos pacientes e aos profissionais de saúde, a simulação realística oferece oportunidade de inserção em um ambiente próximo do real, de forma segura e controlada. Considerada uma estratégia eficaz de ensino e aprendizagem, pois permite a vivência prévia da prática, o que possibilita a reflexão acerca do papel do profissional em diferentes contextos. (JANICAS; NARCHI, 2019) A cirurgia robótica é uma nova área de atuação para a área da enfermagem e o profissional médico, pois, desde 2008, com a primeira cirurgia realizada em determinado hospital do Brasil, após alguns meses da aquisição e treinamento rigoroso de toda uma equipe, o robô norte-americano Da Vinci, que apresenta imagens tridimensionais, recursos minimamente invasivos, possibilitando, assim, a realização de procedimentos cirúrgicos precisos. Inserir uma nova técnica no ambiente de trabalho requer muito esforço de toda a equipe; em vista disso, um treinamento com pessoas que tenham alta performance é indispensável. A prática de cada técnica, entretanto, está relacionada a inúmeros desafios como a limitação de tempo, dificuldade de repetição das atividades e impossibilidade de erros, além da necessidade do momento da simulação para o enfermeiro, é importante encontrar alternativas ao uso de modelos diferenciados de materiais, e como mostram novos estudos, é essencial que cada vez mais tenha simulações na área da saúde para o desenvolvimento. A sala de cirurgia não é ambiente ideal para treinamento de habilidades básicas, devido à natureza dos procedimentos minimamente invasivos, por questões éticas e pela repercussão no aumento do tempo cirúrgico. Com isso, novas ferramentas como a simulação realística facilitam a capacitação fora do bloco cirúrgico. Figura 25. Simulador realístico de cirurgia robótica. Fonte: https://urocirurgia.com.br/wp-content/uploads/2019/07/11-07_DrPedro_BLOG.jpg. Com o avanço da tecnologia nesse contexto de simulações realísticas, a partir de softwares, surgiram também os simuladores para alguns tipos de cirurgias em que vão permitir a substituição do encontro com pacientes reais por tecnologias que replicam o ambiente clínico, permitindo que o enfermeiro realize todo o atendimento desde o início juntamente a equipe cirúrgica, desenvolvendo habilidades visando à segurança, qualidade e tecnologia. Figura 26. Simulação realística – sala cirúrgica robótica. Fonte: https://eephcfmusp.org.br/portal/online/wp-content/uploads/sites/2/2019/09/a-simulacao-virtual-na-saude-veio- para-ficar.jpeg. A segurança do paciente e a eficiência do procedimento podem ser comprometidas se o profissional de saúde não for capacitado quanto aos cuidados na utilização de robôs para os procedimentos, ou caso não tenha conhecimento técnico/científico da tecnologia. Com isso, é de suma importância que as instituições de saúde ofereçam um programa de treinamento para os profissionais de saúde, incluindo enfermeiros perioperatórios envolvidos em cirurgias robóticas, possibilitando o desenvolvimento de competência e habilidade, redução de complicações, promoção de resultados satisfatórios para a assistência prestada e melhora nos indicadores de qualidade da instituição. O enfermeiro do século XXI tem como desafio a diversidade tecnológica, que exige aperfeiçoamento para as novas demandas. O trabalho intenso do enfermeiro que está na liderança do centro cirúrgico deve priorizar todo tipo de intervenções, o desempenho segundo riscos e a vulnerabilidade e particularidades dos pacientes sob seu cuidado em cada patologia, de forma a garantir a segurança no processo dos produtos de saúde. O centro cirúrgico é uma unidade complexa, singular e com rotinas próprias, que contém salas específicas que abordam diversos procedimentos e diferentes intervenções invasivas e apresentam disponibilidade de materiais diversos com alta precisão, que necessita de um profissional enfermeiro habilitado para a demanda, e na cirurgia robótica não é algo diferenciado; por conseguinte, o enfermeiro com essas rotinas é peça-chave na equipe, sendo responsável por planejar, gerenciar/liderar, realizar o controle de todos os processos e coordená-los, educar e pesquisar, necessitando de embasamento técnico e científico, sendo notórias as habilidades nas relações humanas humanizada. Figura 27. Enfermeiro gerente – cirurgia robótica. Fonte: https://cdn.openpr.com/T/4/T413160326_g.jpg.Com o aumento da utilização da tecnologia no Brasil, é imprescindível que os profissionais de enfermagem se atualizem quanto ao desenvolvimento de novas habilidades, destreza, aperfeiçoamento progressivo e contínuo na especialidade de procedimentos cirúrgicos da robótica. Figura 28. Materiais de cirurgia robótica. Fonte: https://blue-images-isi.imgix.net/en-us/-/media/ISI/Intuitive/Card/Davinci-Systems/davinci-xi-surgical- system.png?q=100&w=541&h=600&auto=compress%2Cformat&fit=crop&crop=entropy&s=28e0ca06aef48faa1730051e 9c3152e1. A simulação é uma ferramenta capaz de favorecer a retenção do conhecimento com o desenvolvimento de raciocínio clínico, segurança e precisão nas habilidades. Em toda simulação há muitas vantagens, e uma delas é permitir que os alunos desenvolvam habilidades de pensamento crítico e analisem suas próprias ações. Todo o sistema da robótica permitiu ao enfermeiro perioperatório a oportunidade de adaptar sua prática, pensar criativamente e desenvolver práticas clínicas eficazes e seguras para o cuidado de seu paciente. (YAMANE et al. 2019) Atualmente, simuladores de alta tecnologia podem reproduzir aspectos fisiológicos da resposta humana às doenças, o que possibilita a transição do conhecimento teórico do participante para a prática clínica. Ademais, a simulação de alta fidelidade permite que os envolvidos sejam expostos a todos os tipos de cenários, inclusive em situações-problema que não acontecem rotineiramente. Entre os benefícios da simulação de alta fidelidade está o favorecimento de aspectos relacionados à segurança, uma vez que propicia um ambiente em que o erro não causa evento adverso ao paciente, sendo, assim, considerada uma ferramenta para aprimorar o processo de ensino-aprendizagem. (KADDOURA et al., 2015) Figura 29. Diferenças das incisões entre a cirurgia convencional e a cirurgia cardíaca minimamente invasiva. Fonte: https://cardiacsurgery.ucsf.edu/media/10873994/surgical-access_final_799x370.jpg. Os enfermeiros que trabalham em centro cirúrgico e têm como objetivo trabalhar com cirurgia robótica devem se qualificar; porém, o acesso à cirurgia robótica no Brasil é limitado, tanto na saúde pública quanto na suplementar. Em rede particular, a técnica é oferecida nos grandes centros. O treinamento dos profissionais não apenas o enfermeiro, e o custo do maquinário e de seu uso são as grandes barreiras para a ampliação da tecnologia robótica. Poucos estudos relatam como executar o treinamento de seus enfermeiros para a cirurgia robótica. Em muitas instituições de saúde, os enfermeiros sem conhecimento dessa tecnologia são inseridos no processo de forma gradativa, em acompanhamento de um profissional experiente para posteriormente atuar na área. A especialização para o enfermeiro em cirurgia robótica visa capacitar o profissional para atuar em cirurgias robóticas, desde a estruturação de um serviço até a operação de um centro cirúrgico que possua este tipo de sistema robótico, até aos aspectos que norteadores da assistência a ser prestada em si, realizando as facetas de tomada de decisão. O planejamento do processo de enfermagem, bem como, a operacionalização do plano de assistência em procedimentos robóticos, requer do enfermeiro atitudes críticos-reflexivas, em situações relevantes na prática clínica que envolva o uso da tecnologia em questão. O enfermeiro tem como papel fundamental em todo o processo da cirurgia robótica assegurar a assistência ao cliente, de forma que os protocolos do setor de intervenções cirúrgicas de pequeno, médio e grande portes da instituição sejam colocados em prática em todos os seus passos, e dentro da assistência ao cliente ter a visão ampla das possíveis melhorias, corroborando para a segurança do paciente. (SARMANIAN, 2015) Ao oferecer um processo de aprendizado ou programa de treinamento para os enfermeiros envolvidos com o meio cirúrgico e já em especial com a cirurgia robótica, os hospitais proporcionam competência à prática profissional, diminuindo riscos e promovendo resultados positivos para a assistência de enfermagem. Uma simulação clínica torna- se uma ferramenta importante no processo de aprendizagem da educação em enfermagem como uma alternativa viável para a prática com pacientes. Vale lembrar que a simulação não substitui a prática clínica real, porém é um instrumento excelente para a criação de realismo antes de o aprendiz realizar o atendimento ao paciente. A simulação vai ao encontro de um grande incentivo à aprendizagem ativa, estimulando cada aluno. (SARMANIAN, 2015) O avanço tecnológico e a expansão da cirurgia robótica requerem profissionais altamente capacitados para garantir a segurança do paciente e a efetividade no procedimento realizado. Assim, esse avanço tecnológico e a geração de novos profissionais capacitados resultam em mudanças significativas na prática assistencial. Estratégias educacionais eficazes devem ser cooperativas, colaborativas e atraentes para captar e manter a atenção das novas gerações de profissionais enfermeiros perioperatórios. (SOUSA; BISPO; CUNHA, 2016) Figura 30. Treinamento da equipe em cirurgia robótica. Fonte: http://www.santaisabel.com.br/upl/uploads/console_e_rob%C3%B4_cirurgi%C3%A3o.jpg. A implantação de metodologias ativas no ensino-aprendizagem em cursos da área da saúde tem se mostrado essencial, visto que proporciona condições de aprendizagem sem oferecer riscos ao paciente e ao próprio estudante. A simulação realística atua na formação de profissionais mais críticos e preparados para a atuação real, fatores imprescindíveis na cirurgia robótica. (MARCOMINI et al., 2017)