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CCE1597 – Mecânica dos Solos Aula 03a – Classificação dos solos Prof. Antonio Sérgio A. do Nascimento Conteúdos 1 - A ciência da Mecânica dos Solos 1.1. Histórico e evolução 1.2. A Mecânica dos Solos no Brasil 2 - Características Gerais 2.1. Origem, formação, tipos, química e mineralogia dos solos 2.2. Solos residuais e sedimentares 3 - Propriedades e índices dos solos 3.1. Índices físicos 3.2. Granulometria 3.3. Estados de consistência 3.4. Ensaios de laboratório 4 - Estrutura dos solos 4.1. Solos finos e solos granulares 4.2 Amolgamento e sensibilidade das argilas 4.3 Tixotropia 5 - Classificação dos solos 5.1. Genética 5.2. Granulométrica 5.3 MCT/MCV (solos tropicais) 6 - Compactação e CBR 6.1 Ensaios de laboratório 6.2 Energias de compactação 6.3 Controle de compactação no campo 6.4 Equipamentos de compactação 7 - Capilaridade e permeabilidade dos solos 7.1 Tensão Capilar 7.2 Percolação de água, redes de fluxo, gradiente hidráulico 7.3 filtros de proteção em obras de terra 7.4 Ensaios de laboratório 8 - Introdução ao estudo de tensões no solo 8.1 Tensões principais, círculo de Mohr 8.2 Principio das tensões efetivas 8.3 Distribuição de tensões no solo 8.4 Tensões geostáticas e acréscimo de tensões 8.5 Teoria de Boussinesq 9 - Estabilização dos solos 9.1. Granulométrica, com cimento, cal e outros produtos químicos 9.2. Ensaios de laboratório 10 - Investigação geotécnica 10.1 Amostragem, prospecção e sondagens 10.2 Perfis geotécnicos 11 - Resistência ao cisalhamento dos solos 11.1 Resistência dos solos arenosos e dos solos argilosos 11.2 Critérios de ruptura 11.3 Parâmetros de resistência 12 - Compressibilidade e adensamento dos solos 12.1 Teoria do adensamento dos solos 12.2 Solos compressíveis, parâmetros de compressibilidade 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 2 Bibliografia 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 3 CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: LTC, 2003. Vol. 1, 2 e 3. PINTO, Carlos de Sousa. Curso básico de mecânica dos. 3. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2006. MASSAD, Faiçal. Mecânica dos solos experimental. São Paulo: Oficina de Textos, 2016 Formação dos solos • Os solos são formados por partículas sólidas, incluindo vazios ou poros. • Os espaços vazios podem ser preenchidos com ar ou água ou ambos. 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 4 (A) O solo está seco em estufa, isto é, há somente ar nos vazios. (B) O solo está saturado, isto é, os vazios estão cheios de água. (C) O solo está parcialmente saturado, isto é, os vazios estão parcialmente preenchidos com água. Fonte: Introdução à Mecânica dos Solos, Bodó, Béla; Jones, Colin - Rio de Janeiro: LTC, 2017 Equações da estrutura dos solos Equações da amostra: ❑Volume total: 𝑽 = 𝑽𝑺 + 𝑽𝑽 ❑Volume de vazios: 𝑽𝑽 = 𝑽𝒘 + 𝑽𝒂 (parcialmente saturada) ❑𝑽 = 𝑽𝑺 + 𝑽𝒘 + 𝑽𝒂 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 5 • V = Volume total da amostra • Vv = Volume de vazios na amostra • Vs = Volume dos sólidos na amostra • Vw = Volume da água na amostra • Va = Volume do ar na amostra Fonte: Introdução à Mecânica dos Solos, Bodó, Béla; Jones, Colin - Rio de Janeiro: LTC, 2017 Tipos de estrutura a) Estrutura granular simples – é característica das areias e pedregulhos, predominando as forças da gravidade na disposição das partículas, que se apoiam diretamente umas sobre as outras. b) Estrutura alveolar ou em favo de abelha – é o tipo de estrutura comum nos siltes mais finos e em algumas areias. Quando um grão cai sobre o sedimento já formado, devido à predominância da atração molecular sobre o seu peso, ele ficará na posição em que se der o primeiro contato, dispondo-se assim em forma de arcos. c) Estrutura floculenta – nesse tipo de estrutura, que só é possível em solos de partículas todas muito pequenas, ao se sedimentarem, dispõem-se em arcos, que formam outros arcos, em uma estrutura de dupla. d) Estrutura em esqueleto (do inglês skeleton structure) – nos solos onde, além de grãos finos, há grãos mais grossos, estes se dispõem de maneira tal a formar um esqueleto, cujos interstícios são parcialmente ocupados por uma estrutura de grãos mais finos (estruturas das argilas marinhas). 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 6 (b) (C) (d) Amolgamento e Sensibilidade ❑ É a operação de destruição da estrutura do solo, com a consequente perda da sua resistência. ❑ O “grau de sensibilidade” ou “sensibilidade” de um solo é expresso: 𝐺𝑠 = 𝑅𝑐 𝑅´𝑐 • Rc - resistência à compressão simples de uma amostra indeformada • R′c resistência da mesma amostra depois de amolgada com teor de umidade constante 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 7 ❑ Skempton - argilas se classificam em: ✓ insensíveis, se Gs < 1 ✓ baixa sensibilidade, se 1 < Gs < 2 ✓ média sensibilidade, se 2 < Gs < 4 ✓ sensíveis, se 4 < Gs < 8 ✓ extrassensíveis, se Gs > 8 ❑ A sensibilidade das argilas é uma característica de grande importância, pois indica que, se a argila se romper, sua resistência após a ruptura é bem menor. ❑ Quanto mais complexas as estruturas, menos estáveis elas são e, uma vez destruídas, não poderão mais ser recompostas. ❑ O amolgamento dos solos argilosos é também o responsável pela formação da lama que aparece no fundo das cavas de fundação, em consequência das repetidas pisadas dos operários e da ação intermitente do sol e da chuva. Amolgamento e Sensibilidade 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 8 ❑ Exemplo - solo argiloso orgânico das baixadas litorâneas brasileiras - sensibilidade com grande influência e com baixa resistência, sua capacidade de suporte é limitada. ❑ Exemplo típico - argila do México - formada por uma fina cinza vulcânica que lentamente se depositou em um lago de água doce. ❑ Apesar de sua complicada estrutura, que lhe permite chegar a ter 400% de umidade, em que cerca de 90% do volume total é ocupado por água, mesmo assim, no seu estado natural, apresenta uma relativa resistência. ❑ Amolgada a estrutura, o solo perde toda a sua resistência e transforma-se em nada mais que um pouco de água suja. Tixotropia ❑A tixotropia é uma propriedade muito relacionada com a estrutura das argilas. ❑É a recuperação, com o tempo, da resistência perdida com o amolgamento do solo. ❑Se o seu teor de umidade mantém-se inalterado, ele ganha parte ou a maior parte de sua resistência com o tempo. ❑Um exemplo de argila com propriedades tixotrópicas é a bentonita, argila do grupo das montmorilonitas, muito usada para evitar desmoronamento das paredes em furos escavados em solos e se expande com o aumento do teor de umidade. 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 9 Classificação dos solos • Já estudamos algumas classificações de solos: • a classificação geológica que se baseia na sua origem e formação (solos residuais, sedimentares e orgânicos) • a granulométrica que tem por base o tamanho das partículas (pedregulho, areia, silte e argila) • São insuficientes para dar uma boa ideia do comportamento mecânico e hidráulico dos solos, que deve ser o objetivo de uma classificação geotécnica. • A utilização somente das classificações geológicas e geotécnicas para conhecimento da distribuição e propriedades dos solos tem justificativa apenas nas fases preliminares de estudos e projeto. • Uma boa classificação já aponta, preliminarmente, as prováveis propriedades de um solo para ser usado como material para um aterro compactado, mas não dispensa ensaios de compactação para se obter parâmetros específicos do solo em estudo para seu melhor aproveitamento geotécnico. • Sistemas de classificações mais usados na geotecnia brasileira e mundial. 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 10 Sistemas de classificação de solos • Diagramas trilineares • Sistema unificados de classificaçãode solos (SUCS) • Classificação MCT/MVC 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 11 Aparelho de compactação Mini-MCV Diagramas trilineares • Diagramas Trilineares ou Triangulares são muito usados pelos agrônomos. • Há diferentes propostas de Diagramas Trilineares • Diagrama do MIT (Massachussets Institute of Technology) • Pelos lados de um triângulo equilátero convenientemente dividido, entra-se com as percentagens de areia, silte e argila do solo, conforme mostra a chave • Em função da região que se encontra o ponto de convergência dessas entradas, lê- se a denominação do solo. • Os Diagramas Trilineares não consideram a percentagem de pedregulho. • Se esta percentagem for grande, os diagramas não podem ser aplicados. • Se for pequena, deve ser retirada da percentagem total e novas percentagens de areia, silte e argila deverão ser calculadas • Cada vez menos usados em geotecnia porque, além de não considerarem os pedregulhos e a matéria orgânica que possam estar presentes, não levam em conta a plasticidade. 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 12 Sistema unificado de classificação dos solos – SUCS - USCS ❑ Proposto por Casagrande em 1948 ❑ Padronizado pela ASTM D2487 com o nome de Unified Soil Classification System (USCS) ❑ É o mais usado na geotecnia mundial ❑ Critérios: ❑ Granulometria ❑ Carta de Plasticidade (CP) ❑ Sistema de coordenadas onde nas abcissas está o Limite de Liquidez (LL), e nas ordenadas o Índice de Plasticidade (IP), que permite que se leve em conta as características de plasticidade do solo, ou da fração fina, na classificação. ❑ A metodologia de classificação no SUCS é de opções sucessivas, seguindo-se uma tabela 5.1 da esquerda para a direita e de cima para baixo. As opções para a classificação previstas na tabela são mostradas a seguir: 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 13 ❑ A Carta de Plasticidade considera que os solos situados acima da linha A, são definidos pela equação IP = 0,73 (LL - 20), são solos argilosos. ❑ Os solos situados abaixo da linha A são solos siltosos. ❑ Solos situados à esquerda da linha B, cuja equação é LL = 50, são de baixa plasticidade ❑ Solos situados à direita da linha B são de média a alta plasticidade. Carta de Plasticidade Sistema unificado de classificação dos solos – SUCS - USCS A metodologia de classificação no SUCS é de opções sucessivas, seguindo-se a tabela ao lado 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 14 D – coeficiente de não uniformidade Cc – coeficiente de curvatura Sistema unificado de classificação dos solos – SUCS - USCS • Alterações propostas por Berberian 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 15 Classificação MCT/MVC ❑ MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) ❑ Nogami e Villibor (1981) propuseram uma nova classificação considerando as limitações das classificações de solos convencionais em relação aos solos tropicais ❑ Determina as propriedades mecânicas e hidráulicas de solos tropicais compactados para fins de obras viárias, que utiliza corpos de prova de dimensões reduzidas. ❑ Metodologia da classificação envolve ensaios de compactação com corpos de prova de 50 mm de diâmetro, denominados de Mini-MCV e ensaios de Perda de massa por imersão. ❑ Através dos ensaios é possível classificar os solos em um dos sete grupos, podendo-se com isto prever as propriedades mecânicas e hidráulicas dos mesmos, compactados para fins de obras viárias. ❑ Após a realização dos ensaios, os solos podem ser classificados em um dos sete grupos da classificação MCT. ❑ Solos tropicais em duas grandes classes quanto ao comportamento: lateríticos e não lateríticos, (L e N). 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 16 ❑ Essas duas classes se subdividem em grupos, de acordo com seu comportamento, designados pelas suas características granulométricas: ❑ LG’ - argilas lateríticas e argilas lateríticas arenosas ❑ LA’ - areias argilosas lateríticas ❑ LA - areias com pouca argila laterítica ❑ NG’ - argilas, argilas siltosas e argilas arenosas não lateríticas ❑ NS’ - siltes caulínicos e micáceos, siltes arenosos e siltes argilosos não lateríticos ❑ NA’ - areias siltosas e areias argilosas não lateríticas ❑ NA - areias siltosas com siltes quartzosos e siltes argilosos não lateríticos Exercício 1 Classificar o seguinte solo pelo sistema Unificado de classificação de solos (SUCS) • Porcentagem de solo passante na peneira No 200 (% P#200)= 94% • LL = 58% • IP = 30% 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 17 ✓ A Carta de Plasticidade considera que os solos situados acima da linha A: IP = 0,73 (LL - 20), são solos argilosos. ✓ Os solos situados abaixo da linha A são solos siltosos. ✓ Solos situados à esquerda da linha B, são de baixa plasticidade: LL = 50 ✓ Solos situados à direita da linha B são de média a alta plasticidade. Exercício 2 Classificar o seguinte solo pelo sistema Unificado de classificação de solos (SUCS) • Porcentagem de solo passante na peneira No 200 (% P#200)= 40% • Solo possui 5% de pedregulho e 55% de areia • LL = 30% • IP = 20% 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 19 ✓ A Carta de Plasticidade considera que os solos situados acima da linha A: IP = 0,73 (LL - 20), são solos argilosos. ✓ Os solos situados abaixo da linha A são solos siltosos. ✓ Solos situados à esquerda da linha B, são de baixa plasticidade: LL = 50 ✓ Solos situados à direita da linha B são de média a alta plasticidade. Exercício 3 Classificar o seguinte solo pelo sistema Unificado de classificação de solos (SUCS) • Porcentagem de solo passante na peneira No 200 (% P#200)= 38% • Solo possui 13% de areia e 87% de pedregulhos • LL = 65% • IP = 25% 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 21 ✓ A Carta de Plasticidade considera que os solos situados acima da linha A: IP = 0,73 (LL - 20), são solos argilosos. ✓ Os solos situados abaixo da linha A são solos siltosos. ✓ Solos situados à esquerda da linha B, são de baixa plasticidade: LL = 50 ✓ Solos situados à direita da linha B são de média a alta plasticidade. Exercício 4 Classificar o seguinte solo pelo sistema Unificado de classificação de solos (SUCS) • LL = 10% • IP = NP (Não plástico) • Curva granulométrica do solo 12 de março de 2021 CCE1597- Mecânica dos Solos 23 A ABNT NBR 6502 (1995) – Rochas e solos, define a diferença entre as várias frações de solo (argila, silte, areia, pedregulho, etc.) em função do diâmetro de seus grãos: • Argila: solo de granulação fina constituído por partículas com dimensões menores que 0,002 mm, apresentando coesão e plasticidade; • Silte: solo que apresenta baixa ou nenhuma plasticidade, e que exibe baixa resistência quando seco ao ar. É formado por partículas com diâmetros compreendidos entre 0,002 mm e 0,06 mm; • Areia: solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas com diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm; • Pedregulho: solos formados por minerais ou partículas de rocha, com diâmetro compreendido entre 2,0 mm e 60 mm.
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